0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
CAROLINA VIEIRA BEZERRA
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS
PROPRIEDADES FUNCIONAIS TECNOLÓGICAS DA
FARINHA DE BANANA VERDE OBTIDAS POR
SECAGEM EM LEITO DE JORRO
BELÉM
2010
1
CAROLINA VIEIRA BEZERRA
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS
PROPRIEDADES FUNCIONAIS TECNOLÓGICAS DA
FARINHA DE BANANA VERDE OBTIDAS POR
SECAGEM EM LEITO DE JORRO
BELÉM
2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade
Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau
de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Profª. Drª.Luiza Helena Meller da Silva (Orientadora)
Prof. Dr. Antônio M.C. Rodrigues (Co-Orientador)
2
CAROLINA VIEIRA BEZERRA
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS TECNOLÓGICAS DA
FARINHA DE BANANA VERDE OBTIDAS POR SECAGEM EM LEITO DE JORRO
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________
Profª. Drª. Luiza Helena Meller (Orientadora)
FEA/ITEC/UFPA
_________________________________________
Prof. Dr. Antônio M. C. Rodrigues
FEA/ITEC/UFPA – Co-Orientador
________________________________________
Profª. Drª. Edna Regina Amante
CAL/UFSC- Membro
_______________________________________
Prof. Dr. Rosinelson da Silva Pena
FEA/ITEC/UFPA – Membro
__________________________________________
Profª. Drª. Alessandra Santos Lopes
FEA/ITEC/UFPA/ Suplente
BELÉM
2010
4
AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal do Pará e ao Programa de Pós Graduação em Ciência e
Tecnologia de Alimentos pela oportunidade de realização deste trabalho.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão da bolsa de estudo.
A CAPES pela participação no projeto PROCAD – NF.
A Profª Drª Luiza Helena Meller da Silva e ao Prof. Dr. Antônio Manoel Rodrigues da
Cruz, orientadora e co-orientador deste trabalho, pela disponibilidade, confiança e paciência.
Aos professores Dr. Rosinelson da Silva Pena e a Drª. Alessandra Santos Lopes pela
várias cooperações e orientações neste trabalho.
Meus agradecimentos aos professores: Vânia Barriga e Claudio Neri Lamarão
(Instituto de Geociência – Faculdade de Geologia – UFPa), Carlos Emmerson Ferreira da
Costa ( Química – UFPa), Alcilene Fritz e Edna Amante (UFSC), pela viabilização de
análises realizadas neste trabalho.
Aos meus pais e ao meu irmão pelo apoio, conversas de incentivo e carinho. Ao meu
namorado pelo companheirismo. A Elaine e Marcelo pela sempre torcida em meus projetos
pessoais, aos meus sobrinhos (Samara, Fabiana e Fábio Victor) pelos muitos momentos de
descontração e relaxamento.
Ao Saulo e Sr. Mário pelos auxílios nas atividades desenvolvidas nos laboratórios.
Aos amigos, Carol, Taiana, Hugo, Thais Souza, Marco Antônio, Beth, Welington,
Rebeca e Milena, por terem me ajudado a seguir essa etapa, podendo dizer que esses dois
anos valeram a pena pelo conhecimento adquirido e também por essas amizades construídas.
Em especial as ´´queridinhas´´ Thais Franco e Lidiane Pimenta pelo apoio, amizade,
por terem cedido seus ouvidos para minhas lamentações, reclamações, desabafo, sempre com
palavras de encorajamento e otimismo. Valeu mesmo!
5
NOMENCLATURA
FAM – Free amylose
LAM – Lipid amylose
DP – Grau de polimerização
FFA – Free fat acids
LPL – Lisofosfolipídio
DSC – Differential scanining calorimetry
RVA – Rapid viscoanalyser
AR – Amido resistente
AT – Amido total
AD – Amido disponível
AGCC – Ácido graxo de cadeia curta
PI – Poder de inchamento
IS – Indice de solubilidade
SC – Sem casca
CC – Com casca
MEV – Microscopia eletrônica de varredura
b.s – Base seca
IDR – Ingestão diária recomendada
XEQ – Umidade de equilíbrio
Qmj – Vazão de jorro mínima
Vji – Vazão de jorro incipiente
Hmáx - Altura máxima de jorro estável
Vmáx – Velocidade máxima de jorro
∆Pmáx – Quedra de pressão máxima
∆Pje – Queda de pressão de jorro estável
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 16 2
OBJETIVO GERAL............................................................................................
18
2.1
OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................
18
3
REVISÃO DA LITERATURA............................................................................
19
3.1
A BANANA...........................................................................................................
19
3.2
CULTIVAR NANICÃO ( Musa acuminata Cavendish. L)...................................
21
3.3
MATURAÇÃO E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL.............................................
22
3.4
AMIDO.....................................................................................................................
24
3.4.1
Amilose.....................................................................................................................
24
3.4.2
Amilopectina.............................................................................................................
26
3.4.3
Componentes secundários associados aos amidos ..............................................
28
3.4.4
Estrutura interna e cristalinidade..........................................................................
28
3.4.5
Propriedades funcionais dos amidos.....................................................................
29
3.4.5.1
Gelatinização.............................................................................................................
29
3.4.5.2
Viscosidade de pasta.................................................................................................
31
3.4.5.3
Poder de inchamento e solubilidade dos grânulos.....................................................
32
3.4.5.4
Retrogradação............................................................................................................
32
3.5
AMIDO RESISTENTE.............................................................................................
33
3.6
FARINHA DE BANANA VERDE.........................................................................
35
3.7
SECAGEM EM LEITO DE JORRO........................................................................
36
3.7.1
Caracteristicas fluidodinâmicas do regime de jorro............................................
37
3.7.2
Secagem de pastas em leito de jorro.......................................................................
40
3.7.3
Material inerte..........................................................................................................
41
7
4
MATERIAL E MÉTODO.......................................................................................
43 4.1
MATÉRIA – PRIMA.................................................................................................
43
4.2
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA.................................................................................
43
4.3
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL...............................................................................
44
4.4
CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLOGICA.........................................................
47
4.5
PREPARO DA MATÉRIA PRIMA PARA SECAGEM..........................................
47
4.6
SECAGEM EM LEITO DE JORRO.........................................................................
48
4.7
PROPRIEDADES FUNCIONAIS............................................................................
52
4.8
DETERMINAÇÃO DO VALOR CALÓRICO DAS FARINHAS........................
53
4.9
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DAS FARINHAS.................................
53
4.10
ISOTERMAS DE SORÇÃO.....................................................................................
53
4.11
ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................................
54
5
RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................
55
5.1
ESTÁDIO DE MATURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA MATÉRIA PRIMA......................................................................................................................
55
5.2 COMPOSIÇÃO CENTESIMA DA BANANA NANICÃO..................................... 56 5.3
CARACTERISTICA DA SECAGEM.....................................................................
57
5.4
CARACTERISTICAS FISICAS DAS FARINHAS.............................................
59
5.5 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DAS FARINHAS SELECIONADAS ............. 73
5.6
CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS SELECIONADAS......................................................................................................
74 5.7
ISOTERMA DE SORÇÃO DAS FARINHAS SELECIONADAS.........................
75
6
CONCLUSÃO...........................................................................................................
78
REFERENCIAS........................................................................................................
78
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Bananas da variedade Nanicão........................................................................
21
Figura 2
Estrutura da amilose (polímero linear composto por D-glicose unidas em α- (1,4)).................................................................................................................
25 Figura 3
Estrutura da amilopectina (polímero ramificado composto por D-glicose unidas em α- (1,4) e α- (1,6))...........................................................................
26 Figura 4
Classificação das cadeias da amilopectina em tipo A, B e C...........................
28
Figura 5
Estrutura interna do grânulo de amido com a visualização dos anéis de crescimento esquematicamente (A) e por microscopia eletrônica de varredura (b).....................................................................................................
29 Figura 6
Esquema representativo da gelatinização do amido........................................
30
Figura 7
Esquema de funcionamento interno do leito de jorro......................................
38
Figura 8
Curva característica da queda de pressão no leito de jorro em função da velocidade.........................................................................................................
39 Figura 9
Banana tipo AAA Nanicão cortadas em rodelas..............................................
48
Figura 10
Esquema ilustrativo do secador tipo jorro........................................................
49
Figura 11
Sistema de coleta das farinhas..........................................................................
50
Figura 12
Distribuição granulométrica das farinhas de banana verde com casca e sem casca..................................................................................................................
60 Figura 13
Rendimento das farinhas de banana verde com casca e sem casca obtidas em secador leito de jorro..................................................................................
61 Figura 14
Correlação entre solubilidade e poder de inchamento em água.......................
64
Figura 15
Correlação entre solubilidade e quantidade de amido disponível....................
65
Figura 16
Curva de viscosidade das farinhas com casca e sem casca obtidas nas diferentes condições de secagem......................................................................
66 Figura 17
Microscopia eletrônica dos grânulos de amido de farinha de banana verde....
71
Figura 18
Microscopia óptica dos grânulos de amido das farinhas de banana verde.................................................................................................................
72
9
Figura 18 Isoterma de sorção da farinha de banana verde sem casca ajustada ao modelo de BET completo.................................................................................
76
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Produtividade média dos cinco maiores produtores de banana no mundo......
19
Tabela 2
Composição centesimal da polpa e casca de banana verde (Pavocan)............
23
Tabela 3
Escala de maturação da banana segundo teores de amido e açúcares solúveis.............................................................................................................
24 Tabela 4
Ensaios de secagem ..........................................................................................
51
Tabela 5
Valores de sólidos solúveis de banana ao longo da maturação........................
55
Tabela 6
Valores médios de sólidos solúveis e parâmetros físicos das bananas Nanicão.............................................................................................................
56 Tabela 7
Composição centesimal das amostras de banana com casca e sem casca........
57
Tabela 8
Vazão de alimentação e tempo total de secagem das amostras de banana com casca e sem casca...............................................................................................
58 Tabela 9
Valores de cor instrumental das farinhas de banana verde com casca e sem casca nas diferentes condições de secagem......................................................
59 Tabela 9
Distribuição granulométrica das farinhas de banana verde com casca e sem casca..................................................................................................................
54 Tabela 10
Valores de solubilidade e poder de inchamento das farinhas de banana verde com casca e sem casca a 27 ºC...............................................................
62 Tabela 11
Valores de solubilidade das farinhas de banana verde obtidas nas diferentes condições de secagem........................................................................................
64 Tabela 12
Valores de poder de inchamento das farinhas de banana verde obtidas nas diferentes condições de secagem.......................................................................
64 Tabela 13
Valores de umidade e atividade de água das farinhas nas diferentes condições de secagem.......................................................................................
68 Tabela 14
Valores de amido total, amido disponível e amido resistente das farinhas......
69
Tabela 15
Conteúdo de amido resistente nas polpas e nas farinhas de banana verde.......
70
Tabela 16
Composição centesimal das farinhas de banana verde com casca e sem casca...................................................................................................................
73 Tabela 17
Composição de macronutrientes X percentual de Ingestão Diária Recomendada para adultos................................................................................
74
11
Tabela 18
Valores médios de coliformes a 45°C, Bacilus cereus e Salmonela sp nas farinhas de banana verde com casca e sem casca..............................................
74 Tabela 19
Dados de isoterma de sorção das farinhas de banana verde sem casca.............
75
Tabela 20
Parâmetros de BET completo para farinhas de banana verde sem casca..........
76
12
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS TECNOLÓGICAS DA FARINHA DE BANANA VERDE OBTIDAS POR SECAGEM
EM LEITO DE JORRO
Carolina Vieira Bezerra
RESUMO
A banana representa a quarta cultura agrícola mais importante, sendo a produção brasileira a quarta
maior, porém com pouca expressividade, seus índices de desperdícios são considerados altos representando
perda econômica para o País. A farinha de banana, principal subproduto da banana verde, é uma das formas
mais comuns de sua preservação . Assim como as polpas, sua casca também tem sido bastante utilizada
como estratégia de agregação de valor a mesma, se destaca devido à grande variedade de vitaminas e
minerais presentes em sua casca e polpa, assim como pelo seu alto conteúdo de amido/ amido resistente. As
técnicas empregadas para o processamento de farinha têm como fundamento básico os princípios da
secagem. A secagem em leito de jorro vem sendo apresentada na literatura, como uma ótima alternativa
para a secagem de pastas e suspensões, produzindo produtos em pó com alta qualidade e com baixo custo.
E bastante utilizada na desidratação de materiais termo sensível como os farmacêuticos e alimentícios. Este
trabalho teve como objetivo caracterizar as farinhas de banana verde com casca e sem casca obtidas através
da secagem em leito de jorro, sendo avaliados as propriedades funcionais (viscosidade, poder de
inchamento e solubilidade), as características físicas, químicas, microbiológicas e morfológicas assim como
seu comportamento hidroscópico ( isoterma de sorção). Com os resultados obtidos foi verificado que as
farinhas com casca e sem as casca apresentaram comportamento viscográfico bastante semelhante
apresentando em geral viscosidade máxima elevada, resistência dos grânulos a ação mecânica e alta
tendência a retrogradação, assim como valores aproximados de poder de inchamento e solubilidade,
apresentando baixa solubilidade a frio e alta solubilidade a quente. As faixas das variáveis utilizadas no
processo de secagem (altura do leito – 12 cm e 15 cm e temperatura – 80 °C e 90 °C) não tiveram
correlação com os dados obtidos de solubilidade e poder de inchamento, inferindo que as mesmas não
influenciaram nessas propriedades. As farinhas obtidas não sofreram gelatinização, seus grânulos de amido
variaram de 70 a 110µm, com características morfológicas achatados e alongados. Apresentaram isoterma
de sorção do tipo II e III, respectivamente, sendo o modelo BET completo o que melhor se ajustou aos
dados, obtendo-se valores de monocamada de adsorção de 5,78 e 4,34 respectivamente e de dessorção de
4,85 e 4,14 recpectivamente.
PALAVRA – CHAVE: AMIDO, AMIDO RESISTENTE, LEITO DE JORRO, BANANA
13
CHARACTERIZATION AND EVALUATION OF THE FUNCTIONAL PROPERTIES OF TECHNOLOGY GREEN BANANA FLOUR OBTAINED BY
DRYING IN SPOUTED BED
Carolina Vieira Bezerra
ABSTRACT
The banana is the fourth most important crop, with production in Brazil's fourth largest, but with little expression, their rates of wastes are
considered high representing economic loss for the country banana flour, the main byproduct of the green banana is a the most common forms of
preservation. Like the pulp, the bark has also been widely used as a strategy to add value to it, stands out due to the wide variety of vitamins and
minerals present in your skin and pulp, as well as its high content of starch or resistant starch. The techniques used for processing flour are based on
the basic principles of drying. The drying in spouted bed has been presented in the literature as a great alternative for the drying of pastes and
suspensions, producing powdered products with high quality and low cost. And widely used in the dehydration of the term sensitive materials such as
pharmaceuticals and foods. This study aimed to characterize the green banana flour shell and shelled obtained by drying in spouted bed, and evaluated
the functional properties (viscosity, swelling power and solubility), the physical, chemical, microbiological and morphological as well as hydroscopic
behavior (sorption isotherm). With these results it was found that the flour with husk and without husk viscographic behaved quite similar showing in
general higher maximum viscosity, resistance of granules to mechanical action and tendency to retrogradation, as well as approximate values of
swelling power and solubility, has low solubility and high solubility in cold to warm. The tracks of the variables used in the drying process (bed
height - 12 cm and 15 cm and temperature - 80 ° C and 90 ° C) were not correlated with data obtained from solubility and swelling power, inferring
that they did not influence these properties. The flour obtained did not undergo gelatinization, their starch granules ranged from 70 to 110µm, with
flattened and elongated morphology. Sorption isotherm showed type II and III, respectively, the BET model complete the best fit to the data,
obtaining values of monolayer adsorption of 5.78 and 4.34 respectively and 4.85 and desorption 4.14 recpectivamente.
KEY – WORDS: STARCH, RESISTANCE STARCH, SPOUTED BED, BANANA
14
1. INTRODUÇÃO Um dos aspectos do desenvolvimento brasileiro, devido à característica fundamentalmente
agrícola do País, está relacionado com o desenvolvimento dos seus setores agroindustriais. A
exemplo dos complexos canavieiros e cítricos, outros setores de importância sócio-econômica têm
sido explorados, com uma visão integralizada com o intuito de trazer aos produtos agrícolas maior
valor agregado, evitando desperdício de alimentos, aumentando a renda dos produtores e trazendo
matérias-primas alimentícias alternativas e nutritivas (BORGES, 2003).
Cultivada de Norte a Sul do Brasil, a banana é um das frutas mais consumidas do mundo.
Representa a quarta cultura agrícola mais importante, depois do arroz, trigo e milho, tendo uma
importância social já que é uma fonte barata de energia, minerais e vitaminas. O Brasil esta entre os
cinco maiores produtos de banana do mundo, porém com pouca expressividade no mercado
mundial, seus índices de desperdícios são considerados altos representando perda econômica para o
País (ARRUDA et al. 2008).
A farinha de banana, principal subproduto da banana verde, é uma das formas mais comuns de
preservação da banana. Assim como as polpas, sua casca também tem sido bastante utilizada como estratégia
de agregação de valor a mesma. Sob o ponto de vista tecnológico e comercial vem ganhando destaque
devido à grande variedade de vitaminas e minerais presentes em sua casca e polpa, assim como pelo seu alto
conteúdo de amido/ amido resistente, podendo servir de ingredientes na elaboração de novos produtos como
biscoitos, bolos, mingau, pães, sorvetes, produtos dietéticos, dentre outros, se mostrando como um
empreendimento bastante promissor (NETO, 1998; LIMA; NEBRA; QUEIROZ, 2000; BORGES, 2003).
As farinhas de banana verde apresentam, em média, 65 % de amido em sua constituição, valor não
muito diferente quando comparado com os da farinha de trigo (65 % a 72 %), segundo a Comissão Nacional
de Normas e Padrões para Alimentos (BRASIL, 1978). Dependendo de suas propriedades funcionais, que
estão diretamente relacionadas com a estrutura do amido, podem ser utilizadas como substitutos parciais da
farinha de trigo, tradicionalmente utilizadas na elaboração de muitos produtos, ou substituto integral, sendo
uma alternativa utilizada para elaboração de produtos para pacientes celíacos, por exemplo, já que não possui
glúten em sua constituição (DEMIATE; CEREDA, 2000).
Dentre as principais variáveis que influenciam na morfologia dos amidos tem-se a temperatura e a
umidade como as mais significativas. O emprego de temperaturas elevadas na secagem, para obtenção de
farinhas pode, dependendo das características do processo, afetar a estrutura inicial do amido e
conseqüentemente suas propriedades funcionais (LOBO; SILVA, 2003; SALGADO et al. 2005). Avaliar as
variáveis do processo de secagem e sua influência sobre a estrutura do amido, conhecendo seus efeitos é
15
importante, não só pelas variáveis físicas envolvidas, mas também como um indicativo de uso diferenciado
das farinhas obtidas em estratégias específicas.
A secagem em leito de jorro vem sendo apresentada na literatura, como uma ótima alternativa para a
secagem de pastas e suspensões, produzindo produtos em pó com alta qualidade e com baixo custo. E
bastante utilizada na desidratação de materiais termo sensível como os farmacêuticos e alimentícios e quando
comparado com outros processos de secagem destaca-se por apresentar uma alta taxa de transferência de
massa e calor e curto tempo de residência da amostra no leito.
16
2 OBJETIVO GERAL
Avaliar as propriedades funcionais tecnológicas das farinhas de banana verde com casca e sem casca,
obtidas pelo processo de secagem em leito de jorro.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Estudar a influência das variáveis de secagem temperatura e altura de leito sobre as
propriedades funcionais (poder de inchamento, solubilidade e viscosidade) das farinhas;
b) Caracterização microbiológica, física e físico química das farinhas
c) Estudar o comportamento higroscópico das farinhas
d) Caracterização morfológica das farinhas
17
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. A BANANA
A banana ocupa lugar de destaque dentro do conjunto de todos os vegetais úteis ao homem,
principalmente pelo grande valor econômico de alguns cultivares. A maioria originou-se no
continente Asiático, evoluindo a partir das espécies diplóides selvagens Musa acuminata Colla e
Musa balbisiana Colla, razão pela qual as plantas geradas apresentam características das duas
espécies. Pertencem a classe Monocotyledoneae, da ordem Scimitales, família Musaceae e
subfamília Musoideae com dois gêneros, Musa, onde se encontram os frutos comestíveis e de
interesse tecnológico e Ensete com frutos ornamentais (ALVES, 1999).
Estão agrupadas em três níveis cromossômicos distintos: diplóide, triplóide e tetraplóide,
respectivamente com dois, três e quatro múltiplos do número básico ou genoma de 11, de modo que
cada cultivar deve conter combinações variadas dos genomas completos das espécies parentais.
Esses genomas são definidos pelas letras A (M. acuminata) e B (M. balbisiana), de cujas
combinações resultam os grupos conhecidos AA, BB, AB, AAA, AAB, ABB, AAAA, AAAB,
AABB, ABBB (MANICA, 1997; VIVIANE, 2006).
Existem mais de 150 variedades de bananeiras, porém são poucas as que atendem o mercado,
no que se refere ao potencial agronômico, alta produtividade, qualidade de fruto, tolerância a
pragas, doenças e porte adequado. Dentre todos os cultivares, destacam-se em nível de produção e
comercialização: Grande Naine, Nanicão, Nanica, Branca, Maçã e Mysore (CRUZ; COSTA, 2007).
A distribuição da produção mostra que a oferta mundial se concentra em reduzido grupo de países da
Ásia e da América Latina. Os principais países produtores são, respectivamente, Índia, China, Filipinas,
Brasil, Equador (Tabela 1), que respondem por 51% da produção mundial (ARRUDA et al. 2008).
Tabela 1 Produtividade média dos cinco maiores produtores de banana no mundo.
PAIS PRODUÇÃO (Tonelada)
Índia 217.664,00
China 80.387,29
Filipinas 74.840,29
Brasil 70.956,50
Equador 60.023,02
18
Fonte: IBGE (2009)
O alto volume de exportação da banana é justificado por algumas características peculiares ao cultivar,
tais como: grande rendimento por hectare, obtendo uma produção de 75 a 100 toneladas de fruta por hectare,
em regiões tropicais; apresentar um ciclo relativamente curto, podendo um cacho ser colhido, em regiões
tropicais, em 12 a 14 meses após o plantio das mudas; pela facilidade de propagação, permitindo a obtenção
de grande quantidade de mudas em pouco tempo e pela produção contínua, podendo ser produzida o ano
todo (MANICA, 1997).
De algo em torno de 20 milhões de toneladas, em 1961, a produção mundial de banana aumentou de
36 milhões de toneladas em 1980 para 58 milhões de toneladas em 1998, chegando aos 58,5 milhões no ano
de 2005. Esse extraordinário aumento foi motivado por melhores práticas de produção e novas variedades de
plantas resistentes a pragas. Outro fator que motivou esse incremento na produção foi o desenvolvimento do
transporte marítimo refrigerado que reduziu, significativamente, as perdas causadas por maturação
antecipada (MANICA, 1998; CRUZ; COSTA 2007).
No Brasil, a banana é cultivada desde a faixa litorânea até os planaltos do interior. Apresenta
características peculiares que a diferencia das outras regiões produtoras do mundo, tanto em relação à
diversidade climática em que é explorada quanto ao uso de cultivares, forma de comercialização e exigências
do mercado consumidor. Os cultivos são geralmente de formatos tradicionais, com baixos índices de
capitalização e baixo nível de tecnologia, o que pode justificar a inexpressividade mundial do Brasil
(FIOVARANÇO, 2003).
Uma pequena parcela da produção nacional é canalizada para a exportação, tendo como destinos
majoritários Argentina e Uruguai, representando, no ano de 2008 o volume monetário na ordem de 44
milhões de dólares (CASER, 2008). Segundo a Secretaria do Comércio Exterior (SECEX, 2002), as
exigências de qualidade para o MERCOSUL são muito menores quando comparadas as norte-americanas e
européias.
As principais regiões produtoras de banana são Nordeste, representado pelo Estado da Bahia, Sudeste,
representado pelo Estado de São Paulo, e Norte, representado pelo Estado do Pará (IBGE, 2007).
O Estado do Pará destaca-se na produção de frutas tropicais na forma artesanal, ou seja, produção para
consumo próprio. Esse tipo de atividade não chega a representar uma opção produtiva que permita ao Estado
ganhar uma posição de importância comercial dentro do mercado internacional (SANTANA; AMIN, 2002).
Cinco municípios destacam-se em produtividade no Estado: Novo Repartimento, Ulianópolis, Rurópolis,
Itupiranga e Anapu (IBGE, 2006).
Devido aos elevados custos com o transporte e a dificuldade de acesso dos municípios produtores em
relação à capital, grande parte da produção do Estado é escoada para outros Estados, tais como: Amazonas,
19
Amapá, Maranhão e Goiás. Com isso a produção regional não atinge o seu maior centro consumidor, a
capital Belém, que é dotada de infra-estrutura básica de comercialização, o Centro de Abastecimento
(CEASA), onde os preços podem ser mais compensadores para o produtor, gerando maior nível de utilização
da mão de obra local (ALENCAR et al. 1995).
2.2. CULTIVAR NANICÃO (Musa acuminata Cavendish L)
O cultivar Nanicão (Figura 1) é um mutante do cultivar Nanica, surgido na baixada Santista há mais de
60 anos. Mutações ocorreram com relativa freqüência, sendo estimado para o caso das bananeiras, o
aparecimento de um novo mutante a cada ano, em uma população de um milhão de plantas. O cultivar
Nanicão é caracterizado como triplóide de Musa acuminata (AAA), do subgrupo Cavendish (MANICA,
1997).
É uma planta de porte médio, com 2,3 a 3,3 metros de altura, produz cachos muito grandes que pesam
de 23 a 45 kilogramas. Forma de 8 a 15 pencas, tendo em cada uma de 12 a 31 frutos, pesando de 95 a 260
gramas cada. Seu comprimento varia de 16 a 25 centímetros e o diâmetro de 3,6 a 4,8 centímetros. Sua casca
é de espessura média, de cor verde tendendo para a amarela quando começa a amadurecer e solta com
facilidade quando o fruto está maduro. O sabor da polpa é muito agradável, com grande aceitação dos frutos
no mercado (MANICA, 1998; RANGEL et al. 1998).
Figura 1 Bananas da variedade Nanicão.
Fonte: Campos; Veras (2008).
Em muitos casos, a banana Nanicão substitui a Nanica, devido apresentar melhor conformação de
cachos e de frutos, maior resistência à seca, maior resposta a adubação e maior valor por cacho. A banana
Nanicão também se destaca pela peculiaridade no tempo de maturação. Após a retirada do fruto verde, o
mesmo pode levar de 12 a 15 dias para atingir a senescência (NASCIMENTO JÚNIOR et al. 2008)
20
3.3 MATURAÇÃO E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA BANANA
A maturação é o resultado de mudanças complexas que ocorrem no fruto, caracterizada
principalmente pelo aumento na concentração de açúcares, solubilização de substâncias pécticas,
degradação de pigmentos, aumento na concentração de ácidos, variações nos níveis de enzimas,
minerais e vitaminas e mudanças na permeabilidade dos tecidos. Nas bananas essas alterações são
bem definidas, já que se trata de uma fruta climatérica (IZIDORO, 2007).
Ao longo da maturação observa-se a mudança de coloração da casca das bananas tendendo totalmente
ao amarelo quando madura, justificada pela destruição da clorofila por ação enzimática, fazendo com que a
xantofila e o caroteno tornem-se cada vez mais evidentes com o processo de maturação (LUCCAS, 1996).
A clorofila quando degradada forma compostos chamados de feofitinas que apresentam coloração
marrom castanho, a degradação é intensificada quando é exposta a temperaturas elevadas, a baixo pH e ao
oxigênio (MALHEIROS, 2007). Para o caso da degradação pelo pH, o íon hidrogênio tem a capacidade de
remover facilmente o átomo de magnésio central e substituí-lo por hidrogênio, transformando
irreversivelmente a clorofila em feofitina. Por exposição à temperatura a clorofila sofre isomerização
formando feofitina e feoforbídeo, já caso de exposição ao oxigênio a clorofila é oxidada formando,
geralmente, as clorinas e rodinas pigmentos, responsáveis pela coloração parda (MALHEIROS, 2007).
A adstringência nas bananas verdes, causada pela presença de taninos livres, diminui por completo
quando totalmente maduras, já que ao longo da maturação os taninos combinam-se com os açúcares ou
entram no metabolismo da respiração (MANICA, 1997).
Observa-se, também, um aumento discreto na umidade da polpa devido às transformações que os
carboidratos sofrem. Em geral, o conteúdo de umidade da polpa de banana verde é, em média, 70 % e se
eleva para 75 % quando completamente madura (HOFSETZ, 2003).
O aroma característico da banana também se intensifica com a maturação, sendo produzido, durante
essa fase, substâncias voláteis importantes para o aroma, tais como: ésteres, alcoóis, aldeídos, cetonas,
aminas e fenóis, sendo os ésteres o grupo de substâncias voláteis mais importantes que contribuem para o
odor característico da fruta (NASCIMENTO JÚNIOR et al. 2008).
Sua polpa quando madura tem boa aceitação. É composta principalmente por carboidratos sob forma
de sacarose, responsáveis pelo sabor adocicado da fruta. Possui baixos teores de proteínas e lipídios e uma
ampla escala de diferentes minerais, dando-se destaque ao potássio (Tabela 2).
Assim como a polpa, as cascas de bananas são nutritivas (Tabela 2) e podem ser utilizadas como
estratégia de aproveitamento integral de alimentos, como parte integrante de produtos para melhorar a
qualidade nutricional dos mesmos e reduzir os desperdícios (GONDIM et al. 2005).
21
Tabela 2 Composição centesimal de polpa e casca de banana verde (Pavocan)
Polpa Casca
Umidade (%) 69,89 88,75
Lipídios (g) 0,072 0,66
Proteínas (g) 1,95 1,03
Fibras (g) 1,084 1,64
Carboidratos (g) 26,304 6,95
Cálcio (mg) 39,58 66,17
Ferro (mg) 1,18 1,16
Sódio (mg) 61,78 41,86
Magnésio (mg 48,57 22,63
Zinco (mg) 0,53 0,84
Alumínio (mg) 6,39 7,40
Potássio (mg) 219,66 335,06
Fonte: Medeiros et al. (2005).
A alteração mais perceptível que ocorre na banana durante a maturação é a transformação do amido
em açúcares. A banana verde possui alto teor de amido que durante a maturação é convertido em açúcares
pela ação enzimática (Tabela 3). Ocorre uma diminuição dos carboidratos totais devido a utilização no
processo de respiração. Os sólidos totais apresentam uma pequena redução a medida que a fruta amadurece,
o que se atribui a uma absorção de água pela polpa. No entanto, os sólidos solúveis aumentam rapidamente,
devido a degradação do amido em açúcares solúveis (ASOAKA et al. 1991, HOFSETZ, 2003,).
22
Tabela 3 Escala de maturação da banana, segundo aspectos e teores de amido e açúcares.
Estágio de
Maturação
Aspecto da fruta Amido (%) Açúcares
redutores (%)
Sacarose (%)
1 Fruta totalmente verde 61,7 0,2 1,2
2 Verde 58,5 1,3 6
3 Verde com traços amarelos 42,4 10,8 18,4
4 Mais verde que amarelo 39,8 11,5 21,4
5 Mais amarelo que verde 37,6 12,4 27,9
6 Amarelo com as pontas verdes 9,7 15 53,1
7 Todo amarelo 6,3 31,2 51,9
8 Amarelo com traços marrons 2,6 33,6 53,2
Fonte: Izidoro (2007).
3.4 AMIDO
O amido apresenta grande importância industrial e nutricional. Encontra-se amplamente distribuído
em diversas espécies de vegetais, sendo abundante em: grãos de cereais, raízes e tubérculos. É a fonte mais
importante de carboidratos na alimentação humana, representando 80% - 90% de todos os polissacarídeos da
dieta, e o principal responsável pelas propriedades tecnológicas que caracterizam grande parte dos produtos
processados (WALTER, 2005).
Representa a maior reserva de polissacarídeos de frutas ainda no estádio verde e, provavelmente, é o
segundo carboidrato mais abundante na natureza, depois da celulose. Sua formação ocorre devido a atividade
combinatória de algumas enzimas, que catalisam a síntese de polímeros, utilizando como material básico a
glicose produzida na fotossíntese e pode ser dividida em três etapas. A primeira etapa resultando na
conversão da glicose em glicose – 1 fosfato, a segunda na conversão da glicose – 1 – fosfato em adenosina
difosfato glicose (ADPG) e por fim a conversão da ADPG em cadeias glucanas, formadas por estruturas de
amilose e amilopectina (FRANCO et al. 2002).
3.4.1 Amilo
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25
Dependendo da característica estrutural da amilopectina, têm-se grânulos com estruturas cristalinas
diferenciadas, que proporcionam padrões específicos de difração de raio-X, sendo classificados como tipos
A, B ou C (FRANCO et al. 2002).
A amilopectina do tipo A é composta por uma cadeia não redutora de glicose, unida por ligações α -
(1,4) sem ramificações, sendo unida a uma cadeia tipo B, através de ligações α- (1,6). As cadeias do tipo B
são compostas por glicose ligadas em α-(1,4) e α-(1,6), contendo uma ou várias cadeias do tipo A e podem
conter cadeias tipo B, unidas através de um grupo hidroxila primário. Já a cadeia C é a única em uma
molécula de amilopectina, sendo composta por ligações α-1,4 e α-1,6, com grupamento terminal redutor
(Figura 4) (ELIASSON, 2004).
A amilopectina tipo A ocorre na maioria dos cereais (milho, arroz, trigo, aveia) e é descrita como uma
unidade celular monocíclica condensada e cristalina, onde 12 resíduos de glicose de duas cadeias no sentido
anti-horário abrigam quatro moléculas de água entre as hélices. Já a estrutura de padrão B (tubérculos, arroz
com alto teor de amilose e amido retrogradado) é mais claramente definida, sendo composta por uma
unidade básica de cadeias que são empacotadas em um arranjo hexagonal, onde a unidade celular tem duas
hélices no sentido anti-horário, alinhadas e arranjadas em paralelo. Esta estrutura contém 36 moléculas de
água para cada 12 resíduos de glicose, sendo que a metade desta água é fortemente ligada as duplas hélices e
a outra é concentrada em um eixo parafuso. Além de serem considerados mais ricos em amilose, estes tipos
de amido apresentam formatos e tamanhos semelhantes, e são resistentes a hidrólise, tanto enzimática quanto
ácida. A cristalinidade tipo C é uma estrutura intermediária entre os modelos A e B (ELIASSON, 2004).
Figura 4 Classificação das cadeias da amilopectina em tipo A, B e C.
Fonte: Denardin (2008).
Cadeia A
Cadeia B
Cadeia C Grupo terminal redutor
26
3.4.3 Componentes secundários associados aos amidos
Embora a composição monomérica do amido seja fundamentalmente constituída por glicose, vários
constituintes minoritários que afetam suas propriedades podem estar presentes, associados ou como
contaminantes. Os grânulos de amido podem conter lipídios integrais na forma de lisofosfolipídios
(Lisofosfolipid - LPL) e ácidos graxos livres (Free Fat Acids - FFA), que são positivamente relacionados a
fração amilose. Os LPL podem compor entre 0,5 % e 2 % do peso do amido. Nos amidos com elevado teor
de amilose, estes lipídios formam complexos helicoidais com amilose, sendo insolúveis em água e
apresentam temperaturas de dissociação acima de 93 °C. (DENARDIN, 2008).
Ainda pode-se ter proteínas presentes na estrutura do amido, principalmente, proteínas de
armazenamento ou resíduos de enzimas de síntese ou degradação de amido, podendo tornar-se ativas se
expostas a certas condições, influenciando na funcionalidade do amido. O amido também contém
quantidades relativamente pequenas de minerais, que apresentam pouca funcionalidade, com exceção do
fósforo, o qual pode estar presente sob 3 formas: mono-ésteres de fosfato, fosfolipídios e fosfatos
inorgânicos. Mono-ésteres de fosfato estão seletivamente ligados a regiões específicas dentro das moléculas
de amilopectina (LAJOLO; MENEZES, 2006).
Segundo Teixeira (1998) os amidos de banana possuem aproximadamente 0,10 % de proteínas, 0,58
% de lipídios, 0,06 % de fibras e 0,04 % de minerais.
3.4.4. Estrutura interna e cristalinidade
Após a síntese dos polímeros de amilose e amilopectina os grânulos de amido são formados. Sua
funcionalidade assim como sua organização física na estrutura granular é atribuída exclusivamente a estes
dois polímeros. A medida que a planta produz esses polímeros, eles se depositam em camadas sucessivas,
também chamadas de anéis de crescimento, ao redor de um ponto central, “hilum”, para gerar um grânulo
compacto, composto por regiões cristalinas (formadas pelas ramificações da estrutura de amilopectina,
extremamente compactas e resistentes a hidrólise) e por regiões amorfas (Figura 5). A primeira camada de
crescimento esta no centro (hilum), contém grandes proporções de terminais redutores dos constituintes do
amido (amilose e amilopectina), sendo normalmente menos organizado que o resto do grânulo. Os terminais
não redutores da amilose e amilopectina irradiam para a superfície do grânulo, permitindo a adição de mais
resíduos de glicose para aumentar as cadeias de amilopectina (FRANCO et al. 2002; GONÇALVES, 2007;
DENARDIN, 2008).
27
Figura 5 Estrutura interna do grânulo de amido com a visualização dos anéis de crescimento
esquematicamente (a) e por microscopia eletrônica de varredura (b).
Fonte: Eliasson (2004).
3.4.5 Propriedades Funcionais dos amidos
O grânulo de amido é constituído principalmente por longas cadeias de glicose interligadas e envoltas
sobre si mesmas. Essas cadeias apresentam diferentes graus de hidratação e estão compactadas em estruturas
caracterizadas como grânulos. As reações hidrotérmicas tratam da relação dos grânulos de amido com a água
e as variações de temperatura na faixa de 30 ˚C a 200 ˚C, provocando profundas alterações estruturais e
evidenciando muitas propriedades funcionais de interesse industrial (FRANCO et al. 2002).
3.4.5.1Gelatinização
O aquecimento de suspensões de amido, em excesso de água (>60 %), causa uma transição
irreversível denominada de gelanitização. Nessa condição as moléculas de amido vibram intensamente,
rompendo ligações de hidrogênio intermoleculares, permitindo assim que a água penetre solubilizando as
moléculas de amilose e amilopectina, induzindo a gradual perda da integridade granular (perda da
birrefringência), com fusão dos cristais, gerando uma pasta viscosa (Figura 6) (FRANCO et al. 2002;
CAMPOS; VERAS, 2008;).
a b
28
Figura 6 Esquema representativo da gelatinização do amido
Fonte: Collares, Menezes (2007).
Observações microscópicas revelam que a desorganização pelo tratamento térmico dos grânulos de
amido envolve diversos estágios durante o aquecimento, onde cada grânulo apresenta sua cinética própria.
Em condições de umidade intermediária há quantidade insuficiente de água livre e ocorre apenas uma
desorganização parcial. Em cada grânulo, é a região central que se desorganiza primeiro, sendo, portanto a
mais sensível ao aquecimento, justificado pela menor organização da rede interior dos grânulos, facilitando
desta forma o inchamento do mesmo (FRANCO et al. 2002).
Em decorrência da fragilidade das ligações de hidrogênio, a região amorfa hidrata-se inicialmente e é
mais lábil ao tratamento à quente do que a região cristalina. A desestabilização e expansão da região amorfa
durante o aquecimento de uma suspensão de amido facilita a posterior desestabilização da região cristalina
por tirar moléculas das mesmas, conforme a temperatura se eleva. Sob baixas temperaturas de aquecimento,
a gelatinização ocorre primeiramente nas regiões amorfas; sob aquecimento continuado, eventualmente todas
as regiões amorfas são desestabilizadas e as regiões cristalinas começam a gelatinizar. A extensão desse
processo, entretanto, depende da temperatura. Amidos que contem amilopectina com maiores proporções de
cadeias ramificadas longas apresentam maiores temperaturas de gelatinização e mudanças de entalpia, já que
essas cadeias produziriam maior número de cristais em dupla hélice que requerem maiores temperaturas para
se dissociar (ANDERSON, 1969; LAJOLO; MENEZES, 2006).
As propriedades de pasta dos amidos também são afetadas pela distribuição do comprimento
de cadeias da amilopectina e pelo teor de amilose. O aumento no teor de amilose, juntamente com
lipídios e fosfolipídios, acarretam um sensível aumento na temperatura de empastamento dos
amidos e diminuição do pico de viscosidade. Os lipídios da superfície inibem o movimento de água
29
dentro dos grânulos e os lipídios internos, complexados com a amilose, reduzem o inchamento e a
lixiviação da amilose, reduzindo a viscosidade de pasta dos amidos (FRANCO et al. 2002).
As características de visco - elasticidade determinam a potencialidade de uso dos amidos. O
amido de cereais caracteriza-se por ser mais consistente, pouco viscoso e de coloração opaca, com
aplicação para confecção de pudins e sobremesas prontas (PEREIRA; LEONEL, 2009).
3.4.5.2 Viscosidade de pasta
A viscosidade é uma das propriedades mais importantes dos produtos amiláceos. As curvas de
viscosidade obtidas representam o seu comportamento durante o aquecimento e permitem avaliar as
características das pastas formadas, devido ás modificações estruturais das moléculas de amido e a
tendência a retrogradação durante o resfriamento (SEBIO, 1996).
As alterações que ocorrem nos grânulos de amido durante o processo de gelatinização e
retrogradação são os fatores determinantes do comportamento de pastas desse amido, os quais tem
sido determinado principalmente pela mudança de viscosidade durante o aquecimento e
resfriamento de dispersões de produtos amiláceos, usando equipamentos como viscoamilógrafo
Brabender e mais recentemente o viscoanalisador rápido (Rapid Viscoanalyser - RVA) (PEREIRA,
LEONEL, 2009).
O RVA é um instrumento bastante utilizado para a construção das curvas de viscosidade, que
vem substituir as análises realizadas no tradicional viscoamilógrafo Brabender, pois fornece
resultados em tempo menor, utilizando menor quantidade de amostra, além de apresentam
repetibilidade de seus resultados mais confiáveis (WRIGLEY et al. 1996).
Os resultados na forma de curva indicam dados sobre: temperatura de formação de pasta,
resistência mecânica dos grânulos inchados á ação mecânica; viscosidade máxima e temperatura em
que ocorre, e ainda a influência do resfriamento sobre a viscosidade (CEREDA, 2002).
3.4.5.3 Poder de inchamento e solubilidade dos grânulos
O poder de inchamento é uma medida da capacidade de hidratação dos grânulos. A determinação é
feita pelo peso do grânulo de amido intumescido e a água oclusa, propriedade importante já que a qualidade
de um alimento amiláceo está frequentemente associada com a retenção de água pelos grânulos de amidos
expandidos. A conseqüência direta do intumescimento é o aumento da solubilidade, claridade e viscosidade
da pasta de amido (FRANCO et al. 2002).
30
Amidos de diferentes fontes botânicas apresentam distintos poderes de inchamento e solubilidade dos
grânulos. Amidos ricos em amilose mostram inchamento e solubilidade restritos, mesmo após um período
prolongado de aquecimento. A presença de substâncias acompanhadas do amido, como lipídios, pode
restringir a expansão e solubilização do mesmo (RICKARD; ASOAKA; BLANSHARD, 1991).
O poder de inchamento e a solubilidade variam de acordo com a fonte botânica do amido e fornecem
evidências da interação entre as cadeias de amido dentro dos domínios amorfos e cristalinos. A extensão
dessas interações é influenciada pela proporção amilose:amilopectina e pelas características destas
moléculas, como distribuição e peso molecular, grau e comprimento de ramificações e conformação
(DENANDIN, 2008).
Os parâmetros relacionados à solubilidade e o inchamento são os índices de solubilidade em água e
índice de absorção é água (CARVALHO et al. 2002).
3.4.5.4 Retrogradação
Quando o amido gelatinizado é resfriado, ele pode sofrer um fenômeno denominado de retrogradação.
Com o passar do tempo as moléculas de amido vão perdendo energia e as ligações de hidrogênio tornam-se
mais fortes, assim, as cadeias reassociam-se em um estado mais ordenado. Essa reassociação culmina com a
formação de simples e duplas hélices, resultando no enrredamento ou formação de junção entre as moléculas,
formando áreas cristalinas com liberação de água (sinerése). Como a área cristalina altera o índice de
refração, o gel vai se tornando mais opaco a medida que a retrogradação se processa (DENARDIN, 2008).
O amido, em certas condições, após o cozimento em água, sofre dextrinização e hidrólise parcial, mas
posteriormente sofre polimerização, transformando-se em um produto insolúvel e inatacável pelas amilases.
O nome retrogradação é dado porque o amido volta a sua condição de insolubilidade em água fria e é
freqüente encontrado em pastas de amido envelhecidas (FRANCO et al. 2002).
A retrogradação é um fenômeno complexo e depende de fatores como: temperatura, tempo de
armazenamento, pH, fonte do amido, presença de componentes não amiláceos (lipídios, eletrólitos e
açúcares) e condições de processamento. Sabe-se, por exemplo, que a repetição de ciclos de congelamento-
degelo acelera drasticamente a retrogradação e sinerese (DENARDIN, 2008).
É interessante ressaltar que a retrogradação da amilose e da amilopectina são cineticamente diferentes.
A amilose retrogada mais rápido, tendo forte tendência a reassociar-se através da formação de ligações de
hidrogênio com outras moléculas de amilose adjacentes, formando estruturas cristalinas de duplas hélices
quando a solução vai perdendo calor (VANDEPUTTE et al. 2003).
31
3.5 AMIDO RESISTENTE
O amido é classificado em função da sua estrutura físico-química e susceptibilidade a hidrólise
enzimática. De acordo com a velocidade com o qual o alimento é digerido in vivo, o amido classificado em:
rapidamente digerível, quando ao ser submetido a incubação com amilase pancreática converte-se em glicose
em 20 minutos; lentamente digerível, se, nessas condições é a conversão ocorre em 120 minutos e amido
resistente (AR), aqueles que resistem a ação das enzimas digestivas (LOBO; SILVA, 2003).
O amido resistente é constituído por compostos bastantes heterogêneos, sendo classificados em quatro
tipos diferentes. O amido resistente tipo 1, são grânulos fisicamente inacessíveis, encapsulados na matriz do
alimento, presente em sementes e leguminosas parcialmente trituradas. O amido resistente tipo 2, presente
especialmente na banana verde, refere-se aos grânulos de amidos nativos, encontrados no interior da célula
vegetal, apresentando lenta digestibilidade devido as características intrínsecas da estrutura cristalina dos
seus grânulos. O amido resistente tipo 3 consiste em polímeros de amido retrogradado, produzidos quando o
amido é resfriado após gelatinização e o amido resistente tipo 4 representado por um amido quimicamente
modificado que é incorporado na formulação de alimentos (BROUNS; KETTLITZ; ARRIGONI, 2002;
SALGADO; FARO; LIVEIRA, 2005).
O amido resistente do tipo 3 é o mais comum e, do ponto de vista tecnológico, o mais importante,
visto que sua formação é decorrente do processamento. O conteúdo de amilose, a temperatura, a forma física
do alimento, o grau de gelatinização, o resfriamento e o armazenamento, são fatores que afetam o conteúdo
de amido resistente do tipo 3 (WALTER, 2005).
Após a gelatinização, com o passar do tempo e com a diminuição da temperatura (resfriamento e
congelamento, principalmente) as cadeias de amido tendem a interagir mais fortemente entre si, obrigando a
saída de água e determinando, assim, a sinerése. Os polímeros de amilopectina retrogradados, limitados pelas
suas estruturas ramificadas, são menos firmemente ligados do que os de amilose retrogradada, o que confere
a esta maior resistência a hidrólise enzimática (LOBO; SILVA, 2003). Portanto, grânulos que contêm maior
conteúdo de amilose possuem um maior rendimento de amido resistente, assim como foi verificado por
Eerlingen et al. (1993) que, quanto maior o tamanho da cadeia de amilose, maior o rendimento do amido
resistente.
Um outro fator que deve ser levado em consideração com relação a formação de amido resistente é a
sua interação com outros nutrientes presentes no alimento. Escarpa et al. (1997), estudando a ação de alguns
componentes dos alimentos, dentre eles proteínas, açúcares, lipídios, fibras insolúveis e potássio, no
rendimento de amido resistente, evidenciaram que todos os componentes estados reduziram esse rendimento.
Os lipídios exercem uma importante influencia sobre a gelatinização e retrogradação dos amidos. O
mecanismo de interação entre a amilose e os lipídios é atribuído a formação de associações por inclusão dos
32
lipídios no interior da cadeia de amilose. Este complexo compete com a cristalização da amilose, deixando
menor quantidade desse polissacarídeo livre para a formação de ligações de hidrogênio com outras cadeias
de amilose, reduzindo a formação de amidos resistentes tipo 3 (ESCARPA et al. 1997).
3.5.1 Amido resistente e seus benefícios a saúde
Os amidos resistentes têm sido intensamente estudados nos últimos anos devido aos potenciais
benefícios à saúde humana. Como não é digerido no intestino grosso, pode servir de substrato para o
crescimento de microrganismos atuando como um agente prebiótico (HARALAMPU, 2000).
O amido não digerido ao chegar ao cólon é utilizado como substrato de fermentação por diversas
bactérias intestinais, especialmente as anaeróbias estritas, que constituem 99 % da microbiota intestinal
humana; razão pela qual é considerado um prebiótico. Os produtos dessa fermentação são os ácidos graxos
de cadeia curta (AGCC), acético, propriônico e butírico e gases como hidrogênio, dióxido de carbono e
metano, dos quais cerca de 20 % são excretados pela respiração (SALGADO et al. 2005). A maioria desses
compostos age na prevenção de doenças inflamatórias do intestino, auxiliam na manutenção da integridade
do epitélio intestinal e diminuem o risco de câncer de cólon. Aproximadamente 59 % do amido fermentado é
recuperado como ácidos graxos de cadeia curta na proporção molar de 50:22:29, para acetato, proprionato e
butirato, respectivamente (WALTER; SILVA; EMANUELLI, 2005).
O teor de amido resistente da banana varia de 25 % a 33 %, na farinha da polpa de diversos cultivares.
A presença de amido resistente na elaboração de produtos é de interesse tanto para a indústria de alimentos
como para o consumidor. O amido resistente pode ser utilizado na elaboração de produtos com reduzido teor
de lipídios e como fonte de fibra alimentar (IZIDORO, 2007).
3.6 FARINHA DE BANANA VERDE
Segundo Borges (2003), dos 700 milhões de cachos de banana produzidos, aproximadamente 270
milhões foram desperdiçados sob formas diversas (na produção e por razões climáticas, na colheita, nas
embalagens de madeira, no transporte), podendo chegar em algumas regiões em até 50% da produção.
Diante deste cenário cresce o interesse pelo processamento da banana. Atualmente, têm-se no mercado
diversos produtos oriundos do processamento da banana, tais como: doce, licor, sucos, purês, banana passas,
banana em calda, banana chips, banana em flocos e farinha de banana verde ou madura.
Farinha é o produto obtido pela moagem da parte comestível de vegetais, podendo sofrer previamente
processos tecnológicos adequados, sendo seu produto designado pelo termo “farinha” seguido pelo nome do
vegetal de origem (BRASIL, 1978).
33
Podem ser classificadas em farinhas simples e farinhas mistas. A farinha simples é obtida a partir da
moagem ou raladura dos grãos, rizomas, frutos ou tubérculos de uma só espécie e farinha mista é obtida pela
mistura de farinhas de diferentes espécies vegetais (CRUZ; COSTA, 2007).
As bananas verdes são mais utilizadas para a obtenção das farinhas do que as maduras devido às
possíveis reações de oxidação, inversão de açúcares e a consequente caramelização e reação de Mailard
(BORGES, 2007).
A farinha de banana verde constitui produto obtido pelo processo de secagem da polpa da banana
verde ou semi-verde, cujo sabor deve ser suave, sem amargor ou adstringência, apresentando cor branca ou
ligeiramente amarelada e odor característico. Deve conter de 70 a 80 % de carboidratos e um teor de
umidade de até 8%. Podem ser produzidas praticamente de todas as variedades frutíferas, mas geralmente é
obtida de bananas do subgrupo Cavendish (NETO, 1998; BORGES, 2003).
É uma das formas encontradas para preservação das bananas, servindo como ingredientes na
elaboração de novos produtos como biscoitos, mingaus, sorvetes, pães, bolo, misturas com cacau, produtos
dietéticos, dentre outros. Dependendo do processamento, é retirada ou não a casca, e as fatias são submetidas
à métodos químicos ou térmicos para inativação das polifenolxidases (CAMPOS; VERAS, 2008).
Tem a vantagem de não possuir glúten podendo ser utilizada na formulação de produtos para grupos
da população que necessitam de uma dieta onde esta proteína esteja ausente, como é o caso de pacientes
celíacos (MIRANDA; OLIVEIRA, 2007).
Segundo Campos e Veras (2008) a farinha de banana verde com casca apresenta, em média, para cada
100 g de produto: 7,72 % de umidade, 4,07 g de proteínas, 1,36 g de lipídios, 73,01 g de amido e 13,44 g de
fibras.
A farinha de banana verde é destinada geralmente à alimentação infantil, como fonte energética e de
excelentes propriedades medicinais, principalmente no caso de infecções gastrointestinais (MARTIN et al.
1988).
As técnicas empregadas para o processamento de farinha têm como fundamento básico os princípios
da secagem. Inúmeros métodos de secagem de bananas são relatados na literatura tais como: liofilização
(SANTOS; LAJOLO; MENEZES, 2001), estufa a vácuo (NOGUEIRA, 1991), estufa com ar forçado
(LUCCAS, 1996).
34
3.7. SECAGEM EM LEITO DE JORRO
A operação de secagem é definida como um processo de remoção de umidade de um sólido, através da
evaporação da água presente no mesmo, pelo fornecimento de calor. A utilização de corrente de ar é o meio
mais comum para transferir calor ao material, servindo também como veículo no transporte de vapor úmido,
e a convecção é o principal mecanismo envolvido. Existem vários tipos de secadores, de acordo com as
características do alimento, a facilidade de processamento, quantidade, Estado e condições do produto,
fatores de origem econômica e principalmente a forma que se deseja dar ao produto. Além do baixo custo de
instalação e facilidade de operação do secador, o ar quente mostra-se o mais adequado agente de secagem
para frutas (EVAGELISTA, 1994; LUCCAS, 1996). Entre os equipamentos que utilizam esse princípio de
secagem pode-se citar os secadores tipo leito de jorro.
Desde seu surgimento, o leito de jorro tem sido objeto de pesquisa em um grande número de países.
Suas aplicações envolvem diversas áreas e como exemplo de aplicação industrial do leito de jorro pode-se
citar a secagem de materiais granulares, secagem de suspensões e soluções, recobrimento de comprimidos,
entre outros (LIMA, 1995).
O leito de jorro é uma técnica de contato líquido-gás que devido a sua grande flexibilidade de
operação tornou-se útil e competitivo para a secagem de grãos, com a utilização de material inerte seu uso
ampliou-se para a secagem de produtos úmidos como as pastas e sólidos em suspensão (CORREIA, 1996).
É apresentado na literatura, como uma ótima alternativa para a secagem de pastas e suspensões,
produzindo produtos em pó de alta qualidade e de baixo custo. O mesmo vem sendo bastante utilizado na
desidratação de materiais termo sensíveis como os farmacêuticos e alimentícios (HUFENÜSSLER;
KACHAM, 1985; RÉ; FREIRE, 1986; GUBULIN; FREIRE, 1989). Comparado com outras técnicas de
secagem, os secadores de leito de jorro apresentam algumas vantagens, como, o curto tempo de residência do
produto no leito, altas taxas de transferência de massa e calor e um bom controle da temperatura do leito
(RODRIGUES, 2000).
3.7.1 Características fluidodinâmicas do regime de jorro
O leito de jorro convencional é constituído por uma câmara de secagem cilíndrica conectada a uma
base cônica, a qual possui em sua extremidade inferior um orifício de reduzida dimensão, através do qual o
fluido de jorro é alimentado ao sistema. O regime de jorro é estabelecido pela entrada de um jato de fluido
em um leito de sólidos particulados. O menor diâmetro dos sólidos é recomendável para garantir um sistema
fluidodinâmico estável. Após a entrada do fluido, normalmente constituído por ar, observa-se a aceleração
ascendente das partículas sólidas com a formação de um canal central diluído, onde as mesmas apresentam
35
elevada velocidade. Essa região é denominada região do jorro. Ao redor do canal central, verifica-se a
presença de um leito denso de partículas, que se deslocam contra um fluxo ascendente de ar. A região que
compreende esse leito deslizante de partículas recebe a denominação de ânulo e ou região anular. A
desaceleração das partículas provenientes da região de jorro ocorre após as mesmas atingirem a superfície do
leito (região da fonte) e resulta em sua queda na região anular. Por fim essas partículas descrevem uma
trajetória anular de volta para a região do jorro, seja após atingirem a base do leito (próximo ao orifício de
entrada de ar), seja através do fluxo cruzado (na interface jorro-ânulo) (Figura 7) (DIAS et al. 2000;
MARRETO, 2006).
Todo regime de leito de jorro sempre descreve um movimento cíclico e razoavelmente ordenado das
partículas. A intensa mistura que ocorre no leito de jorro, produz um alto grau de contato entre fluido e a
partícula e altas taxas de circulação de sólidos (CORREIA, 1996).
Figura 7 Esquema de funcionamento interno do leito de jorro
Fonte: Lima (1995).
36
Todo o comportamento característico do jorro, só se iniciará quando houver a ruptura inicial do
sistema. Inicialmente em baixas vazões de ar, o leito se comporta como um leito fixo, onde o ar passa
através do sistema sem pertubá-lo e a queda de pressão aumenta com a vazão do ar, praticamente de forma
linear (0A) (Figura 8). Aumentando a vazão de ar, as partículas situadas na proximidade do orifício de
entrada de ar são deslocadas, formando uma cavidade acima dessa região. As partículas deslocadas são
comprimidas contra as partículas acima, formando um arco compacto que oferece resistência ao escoamento
do ar e consequentemente, a queda de pressão aumenta até atingir um valor máximo, denominado de queda
de pressão máxima (∆Pmáx). É a queda de pressão que antecede o estabelecimento do jorro (AB) (Figura 8).
O aumento crescente da vazão do ar produz o afloramento do jorro causando uma diminuição brusca da
queda de pressão BC (Figura 8), até atingir uma situação estável, denominada de queda de pressão de jorro
estável (∆Pje). Qualquer aumento, a partir desse ponto da vazão de ar provocará um aumento da fonte do
jorro, sem alteração da queda de pressão (LIMA, 2004).
No sentido inverso da curva, ou seja, para vazões decrescentes do ar, a queda de pressão permanece
constante até uma determinada vazão, conhecida como vazão de jorro mínima (Qmj). Diminuindo ainda
mais a vazão, a queda de pressão segue o comportamento observado no sentido de vazões crescentes, porém
com valores menores, pois o leito não se encontra empacotado como anteriormente, não havendo ruptura do
mesmo. A vazão do jorro mínima é a menor vazão de ar na qual existe jorro, sendo este parâmetro
fortemente influenciado por fatores geométricos do sistema e por propriedades físicas do ar e das partículas
(LIMA, 2004; FERNANDES, 2005).
Figura 8 Curva característica da queda de pressão no leito de jorro em função da velocidade do ar.
Fonte: Adaptado Lima (2004); Fernandes (2005).
0
AB
C
37
Os parâmetros de maior importância no estudo dos regimes de jorro são: a velocidade mínima de jorro
(Vmj), a altura máxima de jorro estável (Hmax) e a perda de carga em função da velocidade de ar (∆p). A
velocidade mínima do fluido, necessária para manutenção do regime de jorro é função das propriedades dos
sólidos, da geometria do leito e do próprio fluido. Para um determinado material, por exemplo, os valores de
Vmj diminuem com o aumento do diâmetro da câmara de secagem e com a diminuição da altura do leito fixo
de sólidos. Similarmente, a velocidade de jorro incipiente (Vji) representa a velocidade de fluido necessária,
não para manter, mas para iniciar o regime. Os valores de Vji são sempre mais elevados em relação aos de
Vmj, devido a demanda energética adicional para dar início ao regime de jorro. No outro extremo , existe um
limite superior, ou um valor máximo de velocidade mínima de jorro (Vmax), para qual o leito de sólidos
sofre a transição do regime de jorro para regimes de fluidização, como os de leito borbulhante ou pistonados.
De forma similar ao discutido para Vmj, observa-se a existência de uma altura máxima de partículas inertes,
acima da qual não é possível observar a ocorrência do regime de jorro e sim uma fluidização de má
qualidade (MARRETO, 2006).
Um outro parâmetro fluidodinâmico de grande importância no estudo dos regimes de jorro é a perda
de carga ou queda de pressão no leito em função da velocidade de ar (∆P). De forma similar ao verificado
para velocidade superficial do ar, existe um pico máximo de queda de pressão (∆Pmax), gerada pela elevada
demanda energética necessária para estabelecer o regime de jorro (PASSOS et al. 1997).
Em função das vantagens de sua dinâmica, diversas operações podem ser realizadas em leito de jorro.
A agitação de sólidos, juntamente com o contato efetivo gás- sólido é favorável a secagem, aquecimento e
resfriamento de sólidos granulares, além da possibilidade da limpeza de gases. O movimento cíclico regular
dos sólidos favorece o recobrimento e a granulação, sendo o atrito provocado pelas colisões um mecanismo
importante na secagem de suspensões e soluções em partículas inertes. A grande vantagem de secadores em
leito de jorro em relação aos secadores convencionais é a obtenção de uma elevada diferença de temperatura
entre o ar e o leito (LIMA, 1995).
3.7.2 Secagem de pastas em leito de jorro
O termo pasta é definido como sendo um sistema onde partículas sólidas ou coloidas estão dispersão
em um meio líquido, podendo se apresentar sob diversas formas físicas, tais como: soluções, suspensões e
tortas de filtração (MEDEIROS, 2001).
A secagem de pastas pelo emprego da técnica de jorro envolve necessariamente a utilização de um
leito de partículas inertes, e resulta na obtenção de um pó finamente disperso (< 10 microns), até partículas
com 5 milímetros ou mais de diâmetro. A operação inicia com a alimentação da pasta ao leito, por
nebulização ou por gotejamento da amostra. Em seguida observa-se o espalhamento do material sobre a
superfície das partículas inertes com a consequente formação de um filme líquido sobre as mesmas. No
38
decorrer de sua movimentação cíclica no interior do leito, as partículas entram em contato com a fonte
gasosa aquecida e os fenômenos de transferência de calor e massa ocorrem, levando à secagem e a formação
de um filme seco. Por fim, após atingir um certo grau de umidade residual, determinado pelas propriedades
mecânicas da pasta, e devido a ocorrência de colisões entre as partículas, o filme seco formado é removido
da superfície inerte e transportado pelo ar para fora da câmara de secagem, sendo posteriormente coletado
por um dispositivo apropriado (MARRETO, 2006).
O processo cíclico de deposição, secagem e destruição da película procede continuamente, sempre que
a temperatura do leito a uma dada vazão de alimentação da suspensão for mantida a um nível
suficientemente alto e o movimento do jorro não for comprometido pela aglomeração destas partículas. A
taxa de remoção da película deve ser sempre maior ou igual a taxa de alimentação da suspensão
(MEDEIROS, 2001).
É importante relatar para a secagem em leito de jorro o fenômeno de granulação, ou seja, a deposição
das pastas e suspensões de secagem na superfície do material inerte que é dependente de vários fatores tais
como vazões de alimentação, vazões de ar, propriedades do material e localização da alimentação
(MEDEIROS, 2001).
Nos experimentos realizados por Baret e Fane (1990) foi observado que o acumulo no interior do leito
aumenta com a vazão de alimentação; diminui com o aumento da vazão de ar e da temperatura de secagem e
que uma textura rugosa do pasta ou suspensão a ser seca provoca a formação de uma película irregular com
secagem não uniforme, a massa da partícula influencia na energia de colisão requerida para quebrar as
partículas.
O tempo de residência da pasta no interior da câmara de secagem depende de suas propriedades, mas
consta na literatura tempos médios de residência da ordem de minutos; expondo menos o material a ação do
calor quando comparados por exemplo, com leitos fixos.
A literatura relata a secagem de pastas em leito de jorro com sucesso, enfatizando a qualidade
comercial dos produtos secos pelo jorro, quando comparados com a secagem pelo método mais comumente
empregado, o spray drying (MARRETO, 2006).
3.7.3 Material inerte
Todo o comportamento dinâmico do leito de jorro é determinado pela circulação/recirculação do
material inerte utilizado no interior do cone. Este material pode ser de poliestireno, vidro, óxido de alumínio,
agalite, borracha de sílica, permulite, óxido de zircônio, polietileno e polipropolieno. O tipo de inerte deve
ser escolhido de tal modo que as partículas possuam uma resistência térmica adequada, sejam resistentes ao
atrito e depende, também, do tipo de material a ser seco (CORREIA, 1996).
39
No uso do leito de jorro contendo partículas inertes, o material úmido é introduzido no leito, as
partículas ficam recobertas e, a medida que secam, as colisões entre elas permitem que o sólido se separe do
material inerte e seja arrastado pelo fluido para fora da células, onde é coletado (CORREIA, 1996).
O movimento de recirculação de partículas inertes no leito de jorro oferece vantagens no caso da
alimentação de suspensões relativamente viscosas, materiais pastosos de alta umidade e eventualmente
aderentes ou no caso de taxas de alimentação relativamente elevadas. O material inerte atua como agente de
desagregação e distribuição do material que esta sendo seco, além de contribuir para a transferência de calor.
Deve ser observado para que a taxa de alimentação do material úmido não exceda um determinado valor,
para dada massa de inerte, pois o material molhado causará abrupto crescimento na taxa de aglomeração e
formação de grânulos, os quais provocarão o aparecimento de blocos no leito, influenciando no processo de
secagem (CORREIA, 1996).
40
4 MATERIAS E MÉTODOS
4.1 MATÉRIA PRIMA
Foi utilizada banana do tipo AAA, Nanicão, adquirida no galpão 01 box 18-19 (Fruteira Silva) da
Central de Abastecimento do Estado (CEASA/ PA), em estádio verde.
A matéria prima foi transportada até o laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos da
Universidade Federal do Pará, onde passou por processo de higienização em água clorada a 150 ppm por 15
minutos (BORGES, 2007), seguida de lavagem em água corrente, e posterior armazenamento em
temperatura ambiente (25 a 28 ˚C) até o momento de sua utilização, não ultrapassando 2 dias após coleta.
4.1.1 Determinação do estádio de maturação
4.1.1.1 Cinética de maturação
As bananas da espécie Nanicão foram adquiridas totalmente verdes, antes de serem
encaminhadas para as estufas de tratamento com etileno, e acondicionadas em temperatura
controlada (25 a 28 ˚C) até atingir seu estádio final de maturação (coloração totalmente amarela
com grandes traços marrons). Diariamente, retirava-se 3 unidades de bananas para determinação de
sólidos solúveis. Com os dados de sólidos solúveis, coletados durante os 16 dias de armazenamento,
elaborou-se uma tabela base para utilização na definição do estádio de maturação das bananas
coletadas durante todos os ensaios.
O estádio de maturação das bananas (estádio 1 – totalmente verdes) determinado por leitura
direta a 20 ºC, em refratômetro digital de bancada da marca INSTRUTHERM modelo RTD-45, em
triplicata, de acordo com o método nº 932.12 da AOAC (1997).
4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA
4.2.1 Análise biométrica
Para realização da caracterização física foram feitas medidas de peso, comprimento e diâmetro com
auxílio de uma balança analítica e um paquímetro da marca Vonder. Adotou-se como comprimento a medida
entre as extremidades, e para o diâmetro o ponto central do fruto.
4.2.2 Cor instrumental das farinhas
41
A análise de cor foi realizada em colorímetro MINOLTA CR310, em triplicata, operando no sistema
CIE (L*, a*, b*), sendo as coordenadas de cromaticidade: L* para luminosidade, a* para intensidade da cor
vermelha e b* para intensidade da cor amarela.
4.2.3 Granulometria
A avaliação de tamanho das partículas das farinhas foi feita segundo a AOAC (1997) com auxilio de
equipamento vibratório da marca Bertel 1713 em peneiras com granulometrias: 35, 48, 60, 80, 100 e 200
Mesh. Utilizou-se 100 g de farinha, que foram inseridos no conjunto de peneiras. O teste foi realizado por 15
minutos com vibração em nível 06. As frações de cada peneira foram pesadas, para calcular as percentagens
e farinha, em cada faixa de granulometria.
4.2.4 Atividade de água
A atividade de água foi determinada, em triplicata, por leitura direta, em termohigrômetro
digital, com controle interno de temperatura (≅ 25 °C), da marca Decagon, Aqualab Séries 3TE
modelo TE 8063.
4.3 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL
Após a etapa de higienização as amostras foram preparadas para serem utilizadas no processo de
secagem. Em cada condição de secagem foram separados parte dos frutos in natura e divididos em dois
lotes: com casca e sem casca armazenados em freezer, para posterior realização das análises de
caracterização físico química. Ao final dos sete ensaios de secagem juntou-se as sete amostras armazenadas
em freezer e realizou-se uma homogeneização para a caracterização físico química da mesma. As mesmas
análises também foram realizadas nas farinhas obtidas no processo de secagem. Todas as análises foram
realizadas em triplicata.
42
4.3.1 Umidade
A umidade das amostras de banana trituradas e das farinhas foi determinada pelo método
gravimétrico, em estufa a vácuo da marca FABBE, Modelo 110, a 50 °C respectivamente, até peso
constante, de acordo com a AOAC (1997), método nº 925.10.
4.3.2 Proteína
O teor de proteínas totais foi determinado pelo método de Kjeldahl, em digestor da marca
Tecnal, modelo TE 10018 e destilador da marca Marconi, modelo MA 036, com fator de
correspondência nitrogênio-proteína de 6,25; de acordo com a AOAC (1997), método nº 920.87.
4.3.3 Lipídios
O teor de lipídeos totais foi determinado por extração com éter de petróleo, em aparelho do
tipo Soxhlet da marca QUIMIS, modelo Q 214M2, de acordo com a AOAC (1997), método nº
922.06.
4.3.4 Resíduo mineral fixo
O resíduo mineral fixo ou cinzas foi determinado pelo método gravimétrico, por incineração
em forno mufla da marca FORNITEC, modelo 2017, a 550 ºC, até peso constante, de acordo com a
AOAC (1997), método nº 923.03
4.3.5 Fibras
O teor de fibras insolúveis e totais, foi determinado pelo método enzimático/gravimétrico
utilizando as enzimas α-amilase termo resistente, protease e amilo-glucosidase, de acordo com a
AOAC (1997), método nº 985.29. O teor de fibras alimentares solúveis foi determinado por
diferença.
43
4.3.6 Carboidratos
Determinado por diferença, segundo Resolução RDC n° 360, de 23 de Dezembro de 2003
(BRASIL, 2003).
4.3.7 Amido total
Para determinação de amido total as bananas foram previamente liofilizadas. O teor de amido
foi determinado por hidrólise ácida, em microondas, de acordo com Cereda et al. (2004).
4.3.8 Amido resistente
Para a determinação de amido resistente as amostras de banana trituradas foram previamente
liofilizadas. Utilizou-se a AACC (1983), método n° 76-30A, com adaptações. Triplicatas de 100 mg
de amostra foram analisadas em tubos Falcon. As amostras foram pré lavadas duas vezes com 8 mL
de etanol 80 % (v/v), centrifugados (3000 rpm) por 10 minutos. Aos resíduos foram adicionados 4
mL de tampão trismaleato/ NaOH 0,1 M (pH = 6) contendo azida sódica 0,02 %, amiloglucosidase
(4U/mL Sigma A 7255), α-amilase (300U/mL, Sigma A-3176) e pepsina (500U/mL, Sigma P-
7012). Os tubos contendo os resíduos em solução foram agitados, tampados e incubados a 37°C por
16 horas sob agitação. Após a incubação, foram adicionados 8 mL de etanol a 99 % e os tubos
foram agitados e centrifugados (3000 rpm) por 10 minutos, sem tampa. A lavagem com etanol foi
repetida mais uma vez. Nos tubos contendo os resíduos, parcialmente submersos em banho de gelo
e sob agitação magnética com barras magnéticas, foram adicionados 3 mL de KOH a 2 M,
mantendo agitação. Após 20 minutos, foram adicionados 10 mL de tampão NaAc/ HAc - tampão
acetato de sódio- ácido acético glacial - 1,2 M (pH = 3,8), quando a agitação magnética foi cessada.
Imediatamente foram adicionados 0,1 mL de amiloglucosidase (3200U/mL de tampão NaAc/HAc -,
pH = 4,75), os tubos foram agitados, tampados e incubados em banho sob agitação a 50 °C por 30
minutos. Após a incubação, os tubos tiveram o volume de solução completado a 20 mL com água
destilada e então foram centrifugados (3000 rpm) por 10 minutos. Os tubos foram levados para
leitura em espectofotômetro.
44
4.3.9 Amido disponível
Determinado por diferenças dos valores de amido total e amido resistente
4.4 CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA
Foram realizadas contagem de bolores e leveduras, Bacillus cereus, Coliformes a 45˚C,
Staphylococcus aureus e Salmonella spp descritas na RDC 12 de 2001 (BRASIL, 2001), segundo
metodologia descrita no Compendium of Methods of the Microbiological Examination of Foods (APHA,
2001).
4.5 PREPARO DA MATÉRIA PRIMA PARA A SECAGEM
Após a etapa de higienização, as bananas foram divididas em dois lotes, um que foi utilizado
integralmente (com casca) e outro que foi descascado. Os dois lotes de banana, com casca e sem casca,
foram cortadas em rodelas de aproximadamente 2 cm de espessura e submetidas a tratamento químico
utilizando solução de ácido cítrico (0,8 %) por 15 minutos (Figura 9), condições estas baseadas em estudo
de otimização feito por Campos e Veras (2008) . As rodelas foram colocadas em recipiente perfurado
(peneira) para drenagem do excesso de água. Em seguida, foram trituradas em liquidificador em velocidade
máxima. Houve a necessidade de adicionar água para facilitar a operação, a qual foi estabelecida mediante
testes avaliando a quantidade de água mínima necessária para que a bomba peristáltica, equipamento
responsável pelo bombeamento das amostras até a câmara de secagem, conseguisse transportar o material
com facilidade. Foram estabelecidos as quantidades padrões de 50 mL para cada kg de amostras de banana
sem casca e 100 mL para cada kg de amostras de banana com casca (Figura 9).
45
Figura 9 Bananas tipo AAA Nanicão cortadas em rodelas sem casca (A) e com casca (B) e suas
respectivas amostras trituradas (a , b)
4.6 SECAGEM EM LEITO DE JORRO
4.6.1 Câmara de secagem
A câmara de secagem utilizada, ilustrada na Figura 10, é constituída de uma base cônica em aço
inoxidável, com 0,2 cm de espessura, com ângulo incluso de 60º, diâmetro de orifício de entrada de 4,26 cm
e diâmetro superior de 30 cm. Acoplado à base cônica havia uma coluna cilíndrica de vidro com 0,4 cm de
espessura, 30 cm de diâmetro e 40 cm de altura. A parte superior do secador é formada por outro cone em
inoxidável, com ângulo de 45º, dotada de um orifício com 3 cm de diâmetro, por onde foi introduzida a
mangueira que conduziu as amostras de banana trituradas. Na entrada da base cônica inferior tem-se uma tela
metálica para sustentar e evitar a queda das partículas inertes em repouso. Os controles de pressão e
temperatura foram colocados próximos a entrada e saída do ar e na base cônica inferior.
4.6.2 Equipamentos periféricos
Como equipamentos periféricos têm-se:
- Soprador centrífugo, marca Ibran, acionado por um motor trifásico Eberle, com potência de 7,5 Hp.
- Aquecedor elétrico composto de um conjunto de seis resistências no formato cônico, refratário de
porcelana, da marca Lorenzetti, com entrada de 0 a 220 volts, dispostas em paralelo em uma caixa metálica
revestida externamente por madeira, fornecendo potência máxima de 4000 Watts. As resistências foram
ligadas a um indicador e controlador de temperatura, modelo CDC 99 da marca Contemp, o qual permite o
ajuste da potência dissipada pela resistência e consequentemente o ajuste fino da temperatura do ar através
de um termopar tipo T (Cobre/Constantan), localizado na saída do sistema de aquecimento.
a BA b
46
Figura 10 Esquema ilustrativo secador tipo jorro. Soprador de ar (1); Aquecedor elétrico (2); Controlador de
corrente elétrica (3); Válvula gaveta (4), Ponto de tomada da velocidade do ar (5); Bomba peristáltica (6);
Leito de jorro (7); Termopar (8); Ciclone (9); Psicrômetro (10).
4.6.3 Material inerte
O material inerte utilizado na secagem foi constituído de polipropileno, com densidade de 905 kg/m3,
esfericidade de 0,85 e diâmetro médio de 0,36 cm.
4.6.4 Condições operacionais de secagem
A determinação das condições operacionais de secagem foi baseada na característica da matéria
prima, com o objetivo de trabalhar com faixa de temperatura correspondente à gelatinização do amido e nas
limitações oferecidas pelo secador, sendo avaliado a altura máxima de material inerte que poderia ser
utilizada, estabelecendo para a altura de leito os valores de 12 cm e 15 cm e temperaturas de 80 °C e 90 °C.
4.6.5 Curvas de fluidodinâmica
Para se obter valores de vazão de jorro mínima, foram construídas as curvas de fluidodinâmica para
cada carga de material inerte utilizada (12 cm e 15 cm). Inicialmente o leito foi alimentado com as massas
especificas de material inerte. Em seguida o soprador foi acionado e a vazão de ar aumentada sucessivas
vezes, determinando-se a cada aumento, a correspondente diferença de pressão entre a entrada e a saída do
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
47
leito, por meio de um manômetro diferencial tipo tubo em U. A vazão foi aumentada até que a queda de
pressão no leito atingisse valores aproximadamente constantes. Iniciou-se, então, o processo inverso,
reduzindo-se a vazão de ar e determinando-se a queda de pressão no leito.
4.6.6 Sistema de alimentação das amostras trituradas
As amostras de banana, armazenadas em copo Becker, foram conduzidas até a câmara de secagem
com auxílio de um ducto de silicone, acoplado a uma bomba dosadora peristáltica da marca Milan modelo
201 série 1705. As biomassas eram gotejadas na região correspondente a fonte do leito.
4.6.7 Sistema de coleta das farinhas de banana
Para o recolhimento das farinhas foi utilizado um Kitassato, seguramente vedado, acoplado na base do
ciclone (Figura 11). Todo o material recolhido após a secagem foi pesado e armazenado em recipientes de
poliestireno a temperatura ambiente (25 a 28 ˚C).
Figura 11 Sistema de coleta das farinhas de banana
4.6.8 Ensaios de secagem
Os ensaios de secagem foram realizados de acordo com a metodologia a seguir:
Inicialmente efetuou-se o pré – aquecimento do sistema com o material inerte. Atingida a temperatura
de trabalho, procedeu-se a alimentação das amostras trituradas de banana verde, acompanhando-se o
processo através de medidas da temperatura do ar na entrada do secador. Ao final do ensaio, desligava-se o
soprador e descarregava-se o leito.
Pela combinação das 4 variáveis selecionadas (12 e 15 cm/ 80 e 90 °C) foi realizado 8 ensaios de
secagem, sendo 4 ensaios utilizando-se as amostras de banana com casca (cc) e 4 utilizando-se as amostras
de banana sem casca (sc) (Tabela 4)
48
Tabela 4 Ensaios de secagem
Ensaio Amostra Temperatura (ºC) Altura material inerte (cm)
1
Com casca
80 12
2 80 15
3 90 12
4 90 15
5
Sem casca
80 12
6 80 15
7 90 12
8 90 15
4.6.9 Rendimento do processo de secagem.
O rendimento foi calculado baseado na formula abaixo:
4.7 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DAS FARINHAS
4.7.1 Viscosidade
A determinação de propriedades de pasta foi feita em equipamento Rapid Visco Analyser (RVA),
marca Newport Scientific. Foi pesado 3,5 g de amostra e adicionado 25 ml de água destilada a essa amostra,
posteiormente foram submetidas a temperatura de 50 °C por 1 minuto e depois aquecidas a 95 °C em uma
taxa de 6 °C/minuto permanecendo nessa temperatura por 5 minutos. Em seguida resfriou-se as amostras até
50 °C a uma taxa de 6 °C/minuto. Nessa análise foram obtidos os valores de temperatura de pasta,
viscosidade máxima, mínima e final, quebra de viscosidade (diferença entre viscosidade máxima e mínima) e
tendência a retrogradação (diferença entre viscosidade final e mínima)..
100(%) xmamateriapriteorsólido
farinhateorsólidoR =
49
4.7.2 Poder de inchamento e índice de solubilidade em água
O poder de inchamento e solubilidade foram determinados segundo metodologia descrita por Leach et
al. (1959). Em tubos de centrífuga, previamente tarados, foi colocado aproximadamente 1g da amostra (Pa) e
40 mL de água destilada. Os tubos com a suspensão foram deixados em temperatura constante de 25 °C, 50
°C, 70 °C e 90 °C por 30 minutos. Em seguida os tubos foram centrifugados a 2500rpm por 20 minutos. O
sobrenadante foi separado, seu volume medido (V) e uma alíquota de 10 mL retirada e colocada em placa de
Petri previamente tarada. Secou-se a amostra contida na placa em estufa a 65 °C por 12 horas e calculou-se o
resíduo por diferença de peso (R). O centrifugado foi pesado (C). O poder de inchamento (Pi) e o índice de
solubilidade (IS) foram calculados de acordo com as Equações 1 e 2, respectivamente.
PaCggPi =)/( (1)
100100(%) xPaRxVxIS = (2
4.8 DETERMINAÇÃO DO VALOR CALÓRICO DAS FARINHAS
O valor calórico foi calculado baseando-se em sua composição centesimal, utilizando os coeficientes
de Atwater (WATT; MERRILL, 1963), que considera 4kcal/g para proteínas e carboidratos e 9 kcal/g para
lipídios.
4.9 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DAS FARINHAS
4.9.1 Microscopia eletrônica de varredura
As amostras de farinha com casca e sem casca foram submetidas a análises de microscopia eletrônica
de varredura (MEV) em microscópio eletrônico de varredura modelo ZEISS DSM 940 A, do núcleo de
Geologia da Universidade Federal do Pará, utilizando amperagem de 80 mA e voltagem de 5Kv. A
montagem do suporte metálico foi feita com fita adesiva dupla face, finalizando com uma camada de ouro
metalizador BAL-TEC SCD 050 por 220 segundos.
50
4.9.2 Microscopia óptica
Para a microscopia óptica, as amostras foram misturadas à resina EPOXI GY-260 e ao catalisador
HY 837 e distribuídas em lâmina fosqueada. Posteriormente sua espessura foi diminuída em serratriz
debastadora (Modelo 14-16-Hillquist), usando o rebolo, finalizando com o polimento. As lâminas foram
visualizadas em microscópio óptico com luz polarizada Olympus SZH10, acoplado a uma câmera fotográfica
Olympus.
4.10 ISOTERMA DE SORÇÃO
Foram construídas isotermas de adsorção e dessorção de umidade a 25 °C. Na obtenção dos
dados de adsorção, amostras do produto, com massas de aproximadamente 1g, foram submetidas à
desidratação em dessecador com sílica-gel, sob vácuo. Após 24 horas, as amostras foram dispostas
em dessecador contendo água na base.
Para obtenção dos dados de dessorção, as amostras do produto, após o processo de adsorção,
foram submetidas à umidificação, em dessecador contendo água na base, na temperatura de trabalho
(25 °C), por 24 horas. As amostras, em seguida, foram transferidas para um dessecador contendo
sílica-gel. Nos dois casos o conjunto foi mantido em temperatura ambiente, a 25±1 °C, de onde
foram retiradas amostras, em duplicata e em tempos crescentes, para determinação da umidade, por
diferença de peso (pesagem), e da atividade de água, em higrômetro AQUALAB 3TE da Decagon.
Foram testados os modelos de BET, BET completo, BET linearizado e GAB
4.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foram realizadas análise de variância (ANOVA), teste de turkey e regressão linear utilizando
dos softwares Statistical 5.0 e Origin Lab.
51
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 ESTÁDIO DE MATURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA MATÉRIA PRIM
A Tabela 5 apresenta os valores médios de sólidos solúveis (Brix) determinados para as bananas
Nanicão in natura durante 16 dias de armazenamento a 27 ºC Esses valores foram utilizados como
referência para padronização do estádio de maturação das bananas utilizadas neste trabalho.
Tabela 5 Valores médios de sólidos solúveis (Brix) durante a maturação da banana Nanicão.
Dia °Brix Estádio de Maturação
1 2,0
1
2 2,8
3 4,0
4 4,9
5 5,0
2 6 5,0
7 6,6
8 6,7
3 9 6,7
10 7,3
11 7,4
4 12 17
13 17,2 5
14 18,8 6
15 22,50 7
52
16 23,4 8
A determinação dos sólidos solúveis permite predizer de uma maneira rápida e prática o grau de
maturação da matéria prima. Todas as bananas utilizadas nos ensaios de secagem apresentaram,
valores médios de sólidos solúveis de 4,28 (Tabela 6), dentro do intervalo do estádio 1 de maturação
(Tabela 5), garantindo a padronização das amostras utilizadas no processo de secagem. Os valores de
sólidos solúveis encontrados estão de acordo com os encontrados por Ditchfield e Tadini (2002),
trabalhando com banana Nanicão em estádio 1 de maturação (2002).
Tabela 6 Valores médios de sólidos solúveis e parâmetros físicos das bananas Nanicão.
Parâmetros
Sólidos Solúveis (° Brix)
4,28±0,02
Peso total (g/fruto)
258,5± 10,4
Peso sem casca (g/fruto)
Relação polpa/casca
Comprimento (cm)
181±7,33
2,33±0,005
18,7±0,6
Diâmetro (mm)
46,8±0,16
Valores médios de três repetições ± desvio padrão
As bananas Nanicão utilizadas apresentaram bom rendimento em polpa (2,33); valor este
superior quando comparado com outros cultivares, tais como Prata anã (1,61); Pavocan (1,87) e Prata
graúda (1,61) (JESUS et al. 2004). O rendimento em polpa é um parâmetro importante para a indústria
de produtos concentrados. Variedades com alto rendimento em polpa, apresentam maiores
rendimentos no processamento e produtos finais (CHITARRA; CHITARRA, 1990).
53
Para os parâmetros comprimento e diâmetro, os resultados encontrados estão de acordo com os
citados na literatura por Manica (1998) de acordo com esses parâmetros as bananas Nanicão foram
classificadas em tipo C, segundo as Normas para Classificação das bananas (CEAGESP, 2005).
5.2 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA BANANA NANICÃO
As composições centesimais da banana encontram-se na Tabela 7. Observa-se, para a amostra
com casca, diferenças significativas para as frações lipídios, cinzas e fibras, quando comparados com a
amostra de banana sem casca, comportamento também encontrado Medeiros et al. (2005), trabalhando
com a variedade Pavocan, em estádio verde. A utilização da casca das bananas como parte integrante
das farinhas pode ser uma estratégia de agregação de valor á mesma principalmente para as fibras
onde as diferenças foram mais significativas.
Tabela 7 Composição centesimal das amostras trituradas de banana com casca e sem casca.
CC – Amostra triturada banana com casca; SC – Amostra triturada banana sem casca Valores médios de três repetições com seu ± desvio padrão Letras diferentes entre colunas representam diferenças significativas a 95%.
As cascas dos frutos possuem conteúdos de minerais, e suas paredes celulares apresentam
elevados teores de fibras, principalmente insolúveis como a celulose e a hemicelulose, justificando a
sua maior presença quando comparado com as polpas dos frutos (PEREIRA, 2007).
Os teores de proteínas e lipídios da amostra de banana sem casca estão próximos aos
encontrados, por Pereira (2007), que foram de 4,76 g/100 g b.s e 0,38 g/100 g b.s, respectivamente.
Neste trabalho observou-se um elevado valor de carboidratos para as amostras, sendo mais de
70% do total correspondente a amido. Resultados semelhantes foram encontrados por Torres et al.
(2005) (91,70 g/100 g) em bananas tipo Nanicão, em estádio verde.
Componentes (g/100g) Banana verde
Com Casca Sem Casca Proteínas 4,85±0,16a 4,68±0,25a
Lipídios 0,87±0,05a 0,513±0,04b Cinzas 2,95±0,8a 2,52± 0,32b
Carboidrato 91,33±0,3a 92,32±0,23b Amido total 68,42±0,4a 78,43±0,11b Amido resistente 32,41±0,56 40,32±0,34 Fibra total 22,91±0,11 13,89±0,1
54
5.3 CARACTERISTICAS DA SECAGEM
O tempo de secagem das amostras de banana com casca e sem casca e suas taxas de alimentação
ao secador estão na Tabela 8.
Tabela 8 Vazão de alimentação e tempo total de secagem das amostras de banana com casca e
sem casca.
Amostra de Banana Com casca Sem casca
Vazão de alimentação (mL/s)
0,0625± 0,05a
0,0652±0,05a
Tempo de secagem (min) 76±7,94a 96±8,34b
Pelo menos uma letra igual entre linhas, não há diferença significativa a 95%
O sucesso na secagem de pastas e suspensões em leito de jorro está relacionado com o regime
de estabilidade garantido no leito. Essa estabilidade é garantida por parâmetros de geometria do jorro,
por propriedades do material inerte, pela velocidade de ar, pela vazão de alimentação e concentração
de pasta no leito (BACELOS, 2006).
Para a secagem de amostras de banana verde, considerando-se as alturas utilizadas, essa
estabilidade foi garantida utilizando-se vazões de ar entre as vazões mínimas (11,05x 10-3 m3/s) e
máximas (15,03x10-3 m3/s) de jorro.
Com as vazões de alimentação de 0,0625 mL/s para a amostra com casca e de 0,0652 mL/s para
a amostra sem casca, garantiu-se a ausência de saturação do leito, favorecendo assim sua estabilidade.
É importante ressaltar que a medida que as amostras de banana verde, com casca e sem cascas
eram alimentadas no do leito de jorro, a uma vazão constante, havia um acúmulo crescente do produto
seco na superfície do material inerte utilizado, porém esse acúmulo não representou saturação do leito
ou o seu colapso.
O tempo médio de secagem foi menor para a amostra de banana com casca, podendo ser
justificado pelo seu maior teor de fibras. As fibras possuem a característica de adsorver água por
capilaridade (adsorção física) preenchendo os espaços celulares internos; encontrando-se fracamente
ligada e sendo mais facilmente removida.
A velocidade de remoção da água por capilaridade é muito maior quando comparada com a
velocidade de remoção da água por difusão. Alimentos com menor higroscopicidade, em que o
movimento de líquidos é governado por força de capilaridade, costumam apresentar menor tempo de
secagem, quando comparados com alimentos higroscópicos nos quais o movimento do liquido se da
por difusão (BENDLIN, 2003).
55
Vale ressaltar, também, que os tempos médios de secagem das bananas em leito de jorro
encontrados nesse trabalho foram menores quando comparados com o tempo de secagem em leito fixo
para a mesma matéria prima encontrados por Borges (2003) (12 horas) e Pereira (2007) (36 horas).
O tempo de secagem é uma das condições importantes para a indústria de alimentos pois é um
parâmetro que reflete custos de produção, consumo de energia, tempo de tratamento, podendo
comprometer as características nutricionais e sensoriais do produto.
5.4 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS FARINHAS
5.4.1 Cor
Os valores dos parâmetros de cor das farinhas de banana, com casca e sem casca, encontram-se
apresentados na Tabela 9. A coordenada L* refere-se a luminosidade, coordenada a* refere-se a
cromaticidade verde (-)/ vermelho (+) e a coordenada b* a cromaticidade azul (-)/ amarelo (+).
Valores de L* mais próximos de 100 representam maior luminosidade e mais próximo de 0
representam menor luminosidade (PEREIRA; MINIM; CHAVES, 2007).
Tabela 9 Valores de cor instrumental das farinhas de banana verde, com casca e sem casca, nas
diferentes condições de secagem.
Ensaios de secagem Farinha com casca Farinha sem casca
Temperatura (°C)
Altura (cm)
L*
a*
b*
L*
80 12 97,2±0,37a - 0,53±0,09a + 3,89±0,04a 104,3±0,04a - 0,48±0,01a + 1,87±0,09a
80 15 96,6±0,02a - 0,38±0,09b + 1,86±0,12b 102,3±0,09b -1,47±0,08b + 1,37±0,08b
90 12 96,1±0,04a - 0,43±0,08c + 3,51±0,04c 98,9±0,21c - 0,50±0,05c + 0,19±0,07c
90 15 95,4±0,25b -0,32±0,23d +3,22±0,32d 97,5±0,12c -0,43±0,19d + 0,22±0,04d
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna, não há diferença significativa a 95%
Obteve-se farinhas mais escuras na secagem utilizando maiores temperaturas, fato observado
em ambas as farinhas. Este comportamento semelhante foi observado por Lima et al. (1995), quando
o aumento da temperatura escureceu o pó obtido de acerola, seriguela e cajá.
Nas farinhas de banana com casca esse comportamento foi mais significativo, comportamento
que pode ser atribuído a degradação da clorofila presente na casca das bananas.
A clorofila apresenta sensibilidade ao oxigênio, ao calor e ao pH, formando como produto de
sua degradação feofitina e feoforbídio, que possui cor característica verde-castanho (MALHEIROS,
2007).
b*a*
56
Todas as farinhas de banana obtidas neste trabalho, apresentaram coloração mais clara, quando
comparadas com a farinha de trigo branca, farinha integral e farinha de casca de banana obtidas por
Fernandes et al. (2008)
O atributo cor tem um impacto na avaliação e aquisição de produtos alimentícios, tanto para
consumidor o quanto para as indústrias de alimentos. Quanto mais branca maior sua aceitação e
interesse, já que quando incorporados como ingredientes na elaboração de algum produto provocará
ou provocará pouca alteração na cor final do mesmo (CASTILHO; FONTANARI; BATISTUTI,
2010).
Para as coordenadas a* e b*, em geral verificou-se a predominância da componente amarela
(b*) sobre a componente verde (a*), gerando farinhas com tendência a coloração amarela, mais escura
ou mais clara.
5.4.2 Granulometria
A distribuição granulométrica das farinhas obtidas nos ensaios de secagem encontram-se na
Figura 12.
Observa-se para ambas as farinhas que não houve uma uniformização no tamanho das
partículas, evidenciado pela retenção considerável de massa nas diversas peneiras. Esse
comportamento pode ser atribuído ao acúmulo crescente da matéria prima na superfície do material
inerte (granulação), gerando partículas com tamanhos diferenciados ao longo da secagem.
57
Figura12 Distribuição granulométrica das farinhas de banana verde com casca (cc) e sem casca
(sc).
Dentre as peneiras utilizadas, o maior percentual de massas retidas para as farinhas com casca
verificou-se nas peneiras de 35 mesh e 80 mesh. Na primeira peneira, provavelmente, ocorreu a
retenção de material fibroso proveniente da casca e na segunda peneira a farinha sem esse componente
. Já para as farinhas sem as cascas o maior percentual de massa retida foi observado na peneira de 80
mesh.
A granulometria das farinhas de banana verde obtidas neste trabalho foi menor quando
comparadas com a granulometria das farinhas de banana verde obtidas em leito fixo por Pereira
(2007), sendo o material retido na peneira de 30 mesh.
A secagem em leito de jorro, por produzir diretamento o pó, elimina a operação de moagem do
material seco e ainda gera tamanhos de partículas menores quando comparados com a secagem em
leito fixo, fato importante uma vez que diminui o tempo de processamento pela eliminação de uma
etapa.
As farinhas de banana verde obtidas neste trabalho apresentaram tamanho de partícula 1,3 vezes
maior, quando comparado com o tamanho das partículas das farinhas de trigo obtidas por Fernades et
al.(2008),
58
5.4.3 Rendimento
Os valores de rendimento das farinhas de banana verde com casca e sem casca encontram-se
ilustrados na Figura 13.
Para todos os ensaios de secagem o maior rendimento foi obtido nas farinhas com casca, sendo
justificada pelo maior conteúdo de água e sólidos.
Figura 13 Rendimento das farinhas de banana verde com casca e sem casca obtidas em secador
leito de jorro.
Analisando o rendimento por ensaio de secagem, observa-se maior rendimento para a secagem
realizada na temperatura de 90 °C com altura do leito de 15 cm. A temperatura elevada favorece a
transferência de massa e a altura do leito elevada aumenta a energia de colisão das partículas
favorecendo a retirada do material aderido a sua superfície.
O rendimento em leito de jorro, para a obtenção de farinha de banana, foi baixo quando
comparado, por exemplo, com o rendimento em leito fixo, sendo encontrado por Borges (2007)
valores de 74,50 %, segundo Pereira (2007).
O baixo rendimento de determinados materiais em leito de jorro, representado pelo acumulo do
material no interior do leito, aderência nas paredes do secador é citado por vários autores (BARRET;
FANE; 1990; ALMEIDA, 1991; MOREIRA, 1991; SOUZA, 1992), e está relacionado com vários
parâmetros, como: a geometria do jorro, características da matéria prima, características do material
inerte, vazões de alimentação e condições operacionais de secagem. Portanto para se otimizar o
59
rendimento é necessário que se faça um estudo criterioso de todas as condições envolvidas no
processo de secagem (MEDEIROS, 2001).
5.4.4 Poder de inchamento e índice de solubilidade em água
Os valores de solubilidade em água e poder de inchamento das farinhas encontram-se
apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 Solubilidade e poder de inchamento das farinhas de banana verde com cascas e sem
casca a temperatura ambiente (25 a 27ºC).
ENSAIO FARINHA COM CASCA FARINHA SEM CASCA
Temperatura (ºC)
Altura (cm) Solubilidade (%)
Poder de inchamento
(g/g)
Solubilidade (%)
Poder de inchamento
(g/g)
80 12 1,22±0,08A, 2,99±0,04a 1,6±0,2a 2,89±0,04b
80 15 1,54±0,19a 3,28±0,04b 1,54±0,1b 3,24±0,04b
90 12 1,34±0,2c 2,88±0,04c 1,90±0,2c 2,72±0,03b
90 15 1,92±0,04d 3,20±0,d 1,33±0,2d 2,86±0,23a
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna, não há diferença significativa a 95%
O poder de inchamento e a solubilidade são bons parâmetros para avaliar a integridade do
grânulo de amido. A solubilidade está relacionada com a quantidade de sólidos solúveis na amostra
seca, permitindo verificar a severidade do tratamento em função da gelatinização, dextrinização e
conseqüente solubilização do amido. O poder de inchamento esta relacionado com a viscosidade de
pasta a frio, porque somente o grânulo de amido danificado absorve água a temperatura ambiente e
incha (LUSTOSA; LEONEL; MISCHAN, 2009).
Observa-se que a absorção em água para as farinhas com casca e sem casca variou de 2,88 a
3,28 % e de 2,72 % a 3,24 %, respectivamente. Os valores encontrados para a farinha sem casca e
com casca foram superiores aos encontrados por achados por Silva e Silva (2005), para farinha de
banana verde da variedade Nanicão, quando seca em leito fixo, que foi de 1,89 %. A justificativa
possível para essa diferença pode estar relacionada a característica do processo de secagem em leito de
jorro. A presença de material inerte no interior do leito promove colisões entre as partículas e a
amostra, essas colisões podem ter causado alguns danos, mesmo que pequenos, nos grânulos de
amido, fazendo com que estes grânulos absorvessem mais água quando comparados com as farinhas
obtidas em leito fixo.
60
Os valores de solubilidade das farinhas com casca e sem casca variou de 1,22 % a 1,92 % e de
1,33 % a 1,90 %; valores superiores quando comparados aos de Silva e Silva (2005) (0,601 %),
trabalhando com a mesma variedade de banana.
Analisando a influência da altura do material inerte e da temperatura sobre a solubilidade e
poder de inchamento das farinhas, verificou-se que não houve uma correlação bem definida entre
esses parâmetros.
Fazendo uma comparação dos valores obtidos para o poder de inchamento com valores para
farinhas de banana extrusadas, encontrados por Torres et al. (2005) (15,86 %), os valores foram
menores. Durante a extrusão, a estrutura do amido é totalmente ou parcialmente destruída. Isso faz
com que o produto absorva líquido rapidamente e forme uma pasta a temperatura ambiente (BORBA;
SARMENTO; LEONEL, 2005). Esse comportamento é diferente quando comparados com as farinhas
de banana obtidas em leito de jorro.
Avaliando a influência da temperatura sobre o poder de inchamento e sobre a solubilidade
(Tabela 11 e 12) observou-se, para ambas as farinhas, um aumento mais acentuado a partir de 70°C,
sugerindo o início da formação de pasta. Sendo o aumento para a solubilidade de 228 % quando a
temperatura foi aumentada de 50 °C para 70 °C de 277 % quando foi aumentada de 70 °C para 90
°C; já para o poder de inchamento esse aumento foi de 197 % quando o aumento foi de 50 °C para 70
°C e de 263 % quando a temperatura foi aumentada de 70 °C para 90 °C.
Tabela 11 Valores de solubilidade das farinhas de banana verde obtidas nas diferentes
condições de secagem.
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna, não há diferença significativa a 95%
SOLUBILIDADE (%) ENSAIO FARINHA COM CASCA FARINHA SEM CASCA
Temperatura (ºC)
Altura (cm)
50 °C 70 °C 90 °C 50 °C 70 °C 90 °C
80 12 2,35±0,06a 4,48±0,1b 14,66±0,3c 1,93±0,1A 5,36±0,4B 14,99±0,9C
80 15 2,62±0,12a 4,55±0,1b 13,24±0,19c 2,23±0,2B 4,67±0,3C 13,44±0,7A
90 12 2,59±0,05a 6,28±0,2b 16,31±0,07c 2,62±0,1C 6,30±0,1D 16,53±0,3B
90 15 2,07±0,08a 6,27±0,3b 15,66±0,2c 2,87±0,9E 5,77±0,3A 15,69±0,2D
61
Tabela 12 Valores de poder de inchamento das farinhas de banana verde obtidas nas diferentes
condições de secagem.
PODER DE INCHAMENTO (g/g)
ENSAIO FARINHA COM CASCA FARINHA SEM CASCA Temperatura
(ºC) Altura (cm)
50 °C 70 °C 90 °C 50 °C 70 °C 90 °C
80 12 2,77±0,07a 5,74±0,2b 14,02±0,18c 3,45±0,2A 6,31±0,4B 15,18±0,4C
80 15 3,44±0,15a 5,17±0,6b 13,68±0,3c 3,32±0,3B 7,66±0,5C 15,2±0,5A
90 12 3,28±0,04a 6,30±0,5b 17,45±0,3c 2,94±0,1C 6,08±0,2A 19,6±0,5B
90 15 2,96±0,04a 6,27±0,3b 16,79±0,2c 3,25±0,6D 6,48±0,3E 19,07±0,3F
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna, não há diferença significativa a 95%
A medida que aumenta a temperatura de suspensão da pasta de amido, a solubilidade e o poder
de inchamento aumentaram proporcionalmente e com uma alta correlação (figura 14), sendo esse
acréscimo mais acentuado entre as temperaturas de 70°C e 90°C, faixa de temperatura esta superior a
temperatura de gelatinização dos grânulos de amido de banana. Comportamento similar foi encontrado
por Silva e Silva (2004) e Zavareze et al. (2009).
Figura 14 Correlação entre solubilidade e poder de inchamento.
.
Quando a temperatura da suspensão de amido supera o limite da gelatinização, as ligações de
hidrogênio são rompidas, as moléculas de água se ligam aos grupos hidroxilas liberados e os grânulos
se expandem (ZAVAREZE et al. 2009).
2 4 6 8 10 12 140
2
4
6
8
10
12
14
16
SO
LUB
ILID
AD
E
PODER DE INCHAMENTO
r = 0,99451y = -1,71441 + 1,15861 x
62
As propriedades de poder de inchamento e solubilidade variam com a fonte de amido,
fornecendo evidências da interação entre as cadeias de amido (amilose e amilopectina). A extensão
destas interações é influenciada pela proporção de amilose:amilopectina e pelas características dessas
moléculas (distribuição e peso molecular, grau e comprimento de ramificações e conformação)
(DENARDIN; SILVA, 2008). Segundo Fernandes et al. (2007) a proporção de amilose: amilopectina
nos grânulos de amido fica em torno de 25% de amilose e 75% de amilopectina. D`Agostini et al.
(2008) encontraram teores de 22 % a 25 % de amilose para bananas verdes da variedade Nanicão.
Apesar da literatura não citar a correlação da quantidade de amido disponível com a
solubilidade, neste trabalho observou-se uma forte correlação. As farinhas que possuíram maior
variação de solubilidade foram as que apresentaram maiores quantidade de amido disponível (Figura
15).
Figura 15 Correlação entre solubilidade e quantidade de amido disponível.
5.4.5 Viscosidade
A viscosidade é uma das propriedades mais importantes em produtos amiláceos. Os dados de
viscosidade representam o comportamento durante aquecimento e permitem avaliar as características
das pastas formadas, devido as modificações estruturais das moléculas de amido e de outros
compostos e também a tendência a retrogradação durante o resfriamento (ASSIS et al. 2009).
Os valores de viscosidade das farinhas com casca e sem casca encontram-se na Figura 16.
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
13.0
13.5
14.0
14.5
15.0
15.5
16.0
16.5
SOLU
BIL
IDAD
E
AMIDO DISPONÍVEL
r = 0,97397y = 9,2849 + 0,18389 x
63
Figura 16 Curva de viscosidade (RVA) das farinhas com casca e sem casca obtidas nas
diferentes condições de secagem.
Na fase inicial de aquecimento é observado um aumento de viscosidade, em que os grânulos de
amido começam a intumescer e moléculas de baixo peso molecular e amilose começam a ser
lixiviadas do grânulo. Após o pico de viscosidade ocorre uma queda da mesma pelo rompimento e
solubilização de parte dos grânulos devido, ao aquecimento e a agitação mecânica. Na fase de
resfriamento os polímeros começam a se reassociar e novamente aumenta a viscosidade,
representando a tendência à retrogradação. De uma maneira geral, quando comparados com outras
fontes amiláceas, as farinhas de banana verde obtidas neste trabalho apresentam alta viscosidade de
pico (média de 3542 cp) e alta tendência a retrogradação (média de 4480 cp), evidenciando que o
amido da banana verde nas farinhas obtidas não apresenta uma organização tão coesa, com,
provavelmente, proporções maiores de amilose, gerando grânulos mais suceptíveis ao aquecimento.
Em média os grânulos iniciaram sua gelatinização a 83,7°C. Bertolini et al. (2010), trabalhando com
farinha de banana verde da espécie Nanicão, achou viscosidade máxima e mínima de 3612 cP e 4161
cP, respectivamente e temperatura de gelatinização de 76,2°C. Espinosa; Jane; Bello – Perez (2009)
encontraram valores de 2580 cP e 3885,6 cP para viscosidade minima e máxima de amidos de banana
da espécie “ macho” e temperatura de gelatinização de 75,2°C, atribuindo essa temperatura elevada de
gelatinização a maior proporção de cadeia longas de amilopectina ( DP > 37) e menores proporções
de cadeia curta (DP 6 -12).
Aquecimento (95ºC)
Resfriamento (50ºC)
64
Oliveira, Pereira e Reis (2006), trabalhando com farinha de batata encontraram viscosidades de
pico 2800 cP, viscosidade final de 6400 cp. Já Assis et al. (2009), trabalhando com farinha de trigo
encontraram viscosidade de pico de 2196 cP e viscosidade final de 2782 cp.
Exceto no ensaio 90 °C- 12 cm, observou-se que a viscosidade máxima, mínima e final das
farinhas com casca foram maiores quando comparada com a viscosidade das farinhas sem casca,
comportamento este que pode ser justificado pela maior presença de fibras, principalmente do tipo
insolúvel nas farinhas com casca.
A farinha 90 °C-12 cm, sem casca, foi a que apresentou maior viscosidade máxima e maior
tendência a retrogradação, sugerindo que seus grânulos de amido estavam mais suscetíveis ao
aquecimento prolongado, com formação de estrutura cristalina não tão coesa.
Pode-se inferir também que os géis formados após a gelatinização do amido, tanto das farinhas
com casca quanto das farinhas sem casca, apresentam resistência a ação mecânica evidenciada pela
diferença entre a viscosidade mínima e máxima no período de temperatura constante. Essa
característica é importante quando o objetivo é utilizar essa fonte amilácea como espessante, que exige
longo tempo de tratamento térmico sob agitação mecânica.
5.4.6 Umidade e atividade de água das farinhas de banana verde
Os valores de umidade das farinhas com casca e sem casca em cada ensaio encontram-se
ilustradas na Tabela 13.
Pode-se observar que tanto a temperatura quanto a altura do leito exerceram influências
significativas sobre os valores de umidade. Mantendo-se a temperatura constante e variando a altura
de 12 cm para 15 cm tem-se um valor de umidade menor, tendo este diferença estatisticamente
significativa. Assim, como quando se mantêm a altura do leito com variação da temperatura.
Comportamento semelhante foi encontrado por Rodrigues e Tobinaga (2001) aos estudarem a secagem
de suspensão de peixe em leito de jorro e por Silva (2007) ao trabalhar com resíduo de limão siciliano.
Tabela 13 Valores de umidade e atividade de água das farinhas nas diferentes condições de
secagem.
ENSAIO
T (ºC) Altura (cm)
FARINHA COM CASCA FARINHA SEM CASCA
Umidade (%) Atividade água Umidade (%) Atividade água
80 12 11,5±0,12a 0,52±0,007a 10,2±0,09A 0,45±0,002A
80 15 9,8±0,12b 0,45±0,003b 9,8±0,25b 0,43±0,001A
90 12 8,7±0,03c 0,36±0,008c 7,1±0,06C 0,3±0,003c
90 15 8,4±0,08 c 0,33±0,007c 6,9±0,08 C 0,28±0,008c
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna e entre colunas, não há diferença significativa a 95%
65
A elevação da temperatura proporciona um aumento da taxa de evaporação do material, uma
vez que sua energia cinética excede a força de coesão aplicada pela tensão superficial a superfície do
líquido. A medida que se aumenta a altura do leito, aumenta-se também a superfície de contato para a
secagem do material.
Observou-se, também, valores de umidade maiores para as farinhas com casca podendo ser
justificada pela adição de maior quantidade de água no momento da trituração, para obtenção da pasta
de secagem.
Verificou-se também que em todas as condições de secagem os valores de umidade obtidos
atendem ao do padrão ANVISA (BRASIL, 1978) que é de, no máximo, 15 %.
Os valores de atividade de água também seguiram o mesmo comportamento encontrado para a
umidade. Em todas as condições, a atividade de água se apresenta abaixo do valor que garante a
estabilidade microbiológica, que é de 0,6, (JAY; LOESSNER; GOLDEN, 2005) sendo os menores
valores encontrados nas condições 90 °C e 15 cm.
Neto et al. (2005) trabalhando com farinha de mandioca, acharam valores médios de atividade
de água de 0,4, já Munhoz et al. (2008) encontraram valores de atividade de água de farinhas polpas e
cascas de farinha de goiaba, secas em leito fixo, de 0,4 e 0,37, respectivamente.
A atividade de água tem sido considerada uma propriedade fundamental no controle da
qualidade dos alimentos uma vez que expressa o teor de água que se encontra no estado livre (NETO et
al. 2005).
5.4.7 Conteúdo de amido total, amido disponível e amido resistente nas farinhas
Os valores de amido total (AT), amido disponível (AD) e amido resistente (AR) nas farinhas de
banana Nanicão verde encontram-se ilustradas na Tabela 14.
ENSAIO FARINHA COM CASCA
T (º) Altura (cm) AT (%) AD (%) AR (%)
80 12
66,39±0,5f
31,32±0,08a,c
35,065±0,415a,c,d
Tabela 14 Valores de amido total, amido disponível e amido resistentes nas farinhas de banana com
a e sem casca
66
Pelo menos uma letra igual, não há diferenças significativas a 95 %.
Pelo menos uma letra igual na mesma coluna, não há diferenças significativas a 95%
Percebe-se que há uma variação nos conteúdos de amido total para as diferentes condições de
secagem, porém essa variação é atribuída a oscilação natural na matéria prima já que para cada ensaio
de secagem foram utilizados lotes de bananas diferentes, e que os valores encontrados são semelhantes
aos referenciados por Fasolin et al. (2007) (73,28 %), Borges (2007) (72,72 %) e Cadernette (2006)
(63,0 %).
Do total de amido nas farinhas de banana verde obtidas, a maioria está na forma de amido
resistente, com valores que se assemelham aos encontrados por Teixeira et al. (1998) (49,6 %).
Comparando os valores de amido resistente entre as farinhas, observam-se valores mais elevados nas
farinhas sem casca.
80 15 55,61±0,27e 20,79±0,12b 34,825±0,155a,c
90 12
69,11±0,34a,c
36,44±1,22d
32,67±0,88a,c
90 15
68,42±0,12c
35,06±1,23e,f
33,35±1,10c
ENSAIO FARINHA SEM CASCA
T(º) Altura (cm) AT (%) AD (%) AR (%)
80 12
70,42±0,1a
28,38±0,27a
42,04±0,17b,e
80 15
66,4±0,3f
32,32±0,13c,e
34,07±0,4c
90 12
75,73±0,24b
37,49±0,34d
38,24±0,09d,e
90 15
78,43±0,23d
37,46±0,49d
40,97±0,73e
67
As farinhas de banana verde podem ser consideradas fontes de amido resistente, podendo ser
utilizadas como alimento com fins funcionais para prevenção ou redução do colesterol, constipação,
diverticulite, hemorróidas e mesmo câncer de cólon. A ingestão de amido resistente na Europa e
America Latina é reduzida (3 a 6 g/dia) se comparada ao consumo em outros continentes como a Ásia
(8-19 g/dia). Entretanto existe um enorme potencial para o aumento desse nutriente através de
alimentos e produtos com elevado teor de amido resistente, e a farinha de banana verde pode ser um
desses (CARDENETTE, 2006).
Como o conteúdo de amido resistente pode ser modificado por alguns tipos de processamento,
neste trabalho foi avaliado se o processo de secagem utilizado (leito de jorro) teve influência sobre
esses conteúdos de amido resistente. Os resultados encontram-se na Tabela 15.
Tabela 15 Conteúdo de amido resistente (%) nas polpas e nas farinhas de banana verde Nanicão
com casca e sem casca.
ENSAIO COM CASCA SEM CASCA T(ºC) Altura (cm) Polpa Farinha Polpa Farinha
80 12 35,625±0,17a 35,065±0,15a 42.38±0,51a 42,04±0,17a
80 15 35.16±0.4a 34.825±0,155a 35,6±0,43a 34,07±0,23a
90 12 32.96± 1,02a 32,67±0,88a 37,95±1,83a 38,245±0,09a
90 15 33,49±0,5a 33,35±1,10a 41,13±2,06a 40,97±0,73a
Pelo menos uma letra igual entre colunas, não há diferenças significativas a 95%
Apesar das polpas terem umidade elevada e serem submetidas a temperaturas de secagem
superiores a temperatura de gelatinização, condições favoráveis a mesma e formação de amido
resistente, não houve diferenças significativas entre os valores de amido resistente encontrados nas
polpas e nas farinhas. Este comportamento pode ser justificado pela característica de secagem em leito
de jorro, sendo o contato da matéria prima com a temperatura de secagem, bastante rápido, não
permitindo ocorrer gelatinização no tempo de contato.
Resultados diferentes foram encontrados por Tribess et al. (2008) ao avaliarem a formação de
amido resistente em farinhas de banana verde submetidas a diferentes condições de secagem em leito
fixo, mostrando que a questão tempo de contato pode ter sido determinante na secagem em leito de
jorro.
68
5.4.8 Microscopia eletrônica de varredura e microscopia óptica
A microscopia é uma importante ferramenta nos estudos das características dos grânulos de
amido, fornecendo informações sobre a origem dos grânulos, características de tamanho, diâmetro e
informações referentes a sua superfície. Pode ser utilizada para examinar os grânulos sujeitos ao
processamento analisando, morfologicamente, se este sofre alguma influência (BENINCA, 2008).
Na microscopia eletrônica se obtém informações com relação a forma e tamanho dos grânulos já
a microscopia óptica, sob luz polarizada, se obtém informações relativas a organização interna do
grânulos pela visualização ou não da cruz de malta (LACERDA, 2006).
As imagens da microscopia eletrônica dos grânulos de amido das farinhas obtidas encontram-se
na Figura 17.
Figura 17
Microscopia eletrônica de varredura dos grânulos de amido de farinha de banana verde (aumento de
2000x). A - Ensaio 80 °C sem casca; B- Ensaio 90 °C sem casca; C- 80 °C com casca e D – 90 °C com
casca.
Os grânulos de amido apresentaram forma e tamanhos diferenciados. Os grânulos grandes
tendem a ser achatados e mais alongados, enquanto os grânulos pequenos arredondados; esses valores
A B
69
estão de acordo com os encontrados por Izidoro et al. (2007). Na caracterização de amido de banana
Nanicão o tamanho variou de 70 a 110 µm.
Segundo Cereda (2001) os tamanhos dos grânulos de amido de mandioca variam de 4 a 35 µm;
já Sahai e Jackson (1996) encontraram diâmetro de amido de milho na faixa de 3 a 23 µm.
O tamanho e a forma dos grânulos de amido estão entre os fatores de importância na
determinação de uso potenciais do amido, por exemplo, grânulos pequenos (2 a 10 µm) podem ser
usados como substitutos de gordura, já grânulos grandes têm aplicação em filmes plásticos
biodegradáveis (LEONEL, 2007).
É provável que os grânulos menores estejam em processo de formação, já que os frutos foram
colhidos antes do começo da degradação do amido, que ocorre durante o amadurecimento do fruto.
A utilização das informações das características morfológicas dos grânulos de amido permite
identificar sua fonte, quando a matéria prima for desconhecida (banana, milho, mandioca) o que pode
ser utilizado como uma ferramenta, por exemplo, para identificação de possíveis fraudes, com mistura
de ingredientes não permitidos em um determinado produto.
As imagens obtidas na microscopia óptica encontram-se na Figura 18.
Figura 18 Imagens de microscopia óptica sob luz polarizada dos grânulos de amido das
farinhas de banana verde. A- Secagem a 80 °C com casca; B-Secagem a 90 °C com casca; C –
Secagem a 80 °C sem casca; D- Secagem a 90 °C sem casca.
A B
C D
70
Relacionando os dados de imagem obtidos na microscopia óptica com o processo de secagem
pode-se obter informações valiosas no que se refere ao conhecimento da influência do mesmo sobre o
grânulo de amido. Grânulos intactos, que não sofreram gelatinização durante o processo preservam
sua birrefringência (cruz de malta). Diante do exposto, pode-se afirmar que os amidos das farinhas
obtidas em todos os ensaios de secagem não sofreram desestruturação interna, ou seja, não sofreram
gelatinização o que pode ser confirmado pela birrefringência.
Fontes amiláceas que não sofreram gelatinização podem ser aplicadas principalmente como
espessantes de alimentos.
5.5 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DAS FARINHAS SELECIONADAS
A composição centesimal e o valor calórico das farinhas de banana verde com casca e sem
casca, encontram-se na Tabela 16.
Tabela 16 Composição Centesimal das farinhas de bananas verdes com casca e sem casca
Componentes (g/100 g) Farinha
Com casca Sem casca
Umidade 8,4±0,21a 6,9±0,18b
Proteínas 4,33 ± 0,084a 4,14 ± 0,078a
Lipídios 0,701 ± 0,001a 0,453 ± 0,009b
Cinzas 2,72 ± 0,08a 1,084 ± 0,06b
Carboidrato 83,94 ± 0,09a 86,92 ± 0,08b
Amido total 68,42 ± 0,51a 78,43 ± 1,83b
Fibra total
Fibra insolúvel
15,52±0,23
13,45±0,34
8,49±0,67
7,15±0,48
Fibra solúvel 2,07±0,26 1,34±0,32
Pelo menos uma letra igual entre linhas, não há diferenças significativas a 95%.
Os valores de proteínas e lipídios encontrados são semelhantes aos de Borges et al. (2009).
Embora sejam considerados baixos estes superam de muitas outras farinhas de tais como farinha de
71
batata (1,95 g/100 g); cenoura (3,62 g/100 g); mandioca (1,36 g/100 g) (FRANCO; DAIUTO;
DEMIATE, 2002).
Observou-se maiores teores de lipídios, cinzas e fibras e menores teores de carboidratos e amido
na farinha com casca. A utilização das cascas como parte integrante das farinhas ganha cada vez mais
espaço por agregar valor nutricional a mesma.
Observou-se nas farinhas, com casca e sem casca, uma elevada concentração de amido ( > 68 %
do total da fração glicídica).
As contribuições percentuais de macronutrientes e valor calórico das farinhas de bananas com
casca e sem casca, em relação as Ingestão Diária Recomendada (IDRs) se encontram na
Tabela 17. Os dados consideram os requerimentos nutricionais de um adulto.
Tabela 17 Composição de macronutrientes x Percentual da Ingestão Diária Recomendada
(IDRs) para adultos.
Componentes (g /100 g) Farinha
Com casca IDRs (%) Sem casca IDRs (%)
Proteínas 4,33 ± 0,084a 7,73 4,14 ± 0,078a 7,39
Lipídios 0,701 ± 0,001a 0,21 0,453 ± 0,009b 0,13
Carboidrato 83,94 ± 0,09a 64,56 86,92 ± 0,08b 66,86
Valor calórico (kcal/100 g) 359,39 ± 0,05a 14,37 368,31 ± 0,045b 14,73
Pelo menos uma letra igual entre linhas, não há diferenças significativas a 95%.
Observou-se que as farinhas podem ser consideradas como boa fonte de carboidrato já que
fornecem 64,56% das recomendações diárias de ingestão.
5.6 CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS SELECIONADAS
Os resultados para coliformes a 45°, Bacillus cereus e Salmonela spp e encontram-se ilustrados
na Tabela 18.
72
Tabela 18 Valores médios de coliformes a 45°, Bacillus cereus e Salmonela sp das farinhas de
banana verde com casca e sem casca.
Microorganismos Valores Médios Padrões da Anvisa
(RDC12)
FCC FSC
Coliformes a 45° (NMP/g) <3 <3 102 NMP/g
Bacillus cereus (UFC/g) < 3,0x102 <1,0x102 3,0x102 NMP/g
Salmonela sp (25g) ausência ausência Ausência /25g
FCC – farinha de banana com casca; FSC – farinha de banana sem casca.
Todos os parâmetros microbiológicos, tanto para a farinha com casca quanto para a farinha sem
casca, estão dentro do estabelecidos pela ANVISA (BRASIL, 2001) para farinha, confirmando que o
processo utilizado para a produção das farinhas foi satisfatório do ponto de vista de segurança
microbiológica.
5.7 ISOTERMA DE SORÇÃO DAS FARINHAS SELECIONADAS
Os dados experimentais obtidos de umidade de equilíbrio (Xeq) e atividade de água (Aw) na
temperatura de 25 °C para farinha de banana verde sem casca e com casca estão na Tabela 19.
73
Tabela 19 Dados de isoterma de sorção das farinhas de banana verde sem casca e com casca a
25 °C.
Adsorção Dessorção
Farinha sem casca Farinha com casca Farinha sem casca Farinha com casca
Aw
Xeq
Aw
Xeq
Aw
Xeq
Aw
Xeq
0,109 1,66 0,094 1,67 0,905 29,71 0,920 35,13
0,167 3,17 0,155 3,21 0,878 26,58 0,913 32,80
0,230 4,67 0,162 2,64 0,859 22,57 0,899 31,38
0,295 8,61 0,175 3,40 0,756 16,99 0,880 28,15
0,472 10,05 0,206 3,79 0,699 14,15 0,870 26,62
0,586 10,67 0,226 4,16 0,605 12,40 0,859 24,60
0,617 14,42 0,288 4,64 0,489 9,69 0,825 20,17
0,727 13,52 0,377 4,12 0,447 8,66 0,793 19,62
0,700 20,46 0,415 4,21 0,301 4,67 0,731 16,16
0,808 19,97 0,496 6,82 0,232 3,79 0,676 13,78
0,835 21,79 0,496 7,04 0,192 3,18 0,580 11,38
0,851 30,56 0,535 7,92 0,082 2,23 0,544 9,63
0,901 25,79 0,659 14,17 0,064 0,93 0,457 5,60
0,836 21,69 0,188 3,88
0,857 27,06
0,924 35,1
Aw: atividade de água; Xeq – Umidade de equilíbrio
Com base nos dados de adsorção, observou-se que a farinha de banana verde sem casca
e sem casca apresentarão níveis de atividade de água superiores a 0,6, quando tiveram
umidades superiores a 11 g H20/100 g b.s e 7 g H20/100 g b.s, respectivamente. Os valores de
atividade de água abaixo de 0,6 garantem a estabilidade microbiológica do alimento (JAY;
LOESSNER; GOLDEN, 2005).
74
Na Figura 17 têm-se as curvas de adsorção e dessorção obtidas através dos dados experimentais
ajustados ao modelo de BET completo. Observou-se um aumento da umidade de equilíbrio com o
aumento da atividade de água representada por uma curva exponencial demonstrando comportamento
típico de uma isoterma do tipo III para a farinha sem casca e tipo II para farinha com casca, segundo
classificação da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry, 1985), característicos de
alimentos ricos em carboidratos.
O modelo de BET completo foi o que apresentou melhor ajuste aos dados de equilíbrio na
modelagem da isoterma de sorção da farinha de banana verde sem casca e sem casca para a
temperatura de 25 °C (Tabela 20).
Tabela 20 Parâmetros de BET completo para a farinha de banana verde sem casca e
com casca.
Isoterma
Parâmetros
m0 c n R
Farinha sem casca Adsorção 5,78 6,58 10,63 0,94
Dessorção 4,85 6,81 14,11 0,99
Farinha com casca Adsorção 4,34 5,87 20,97 0,99
Dessorção 4,14 23,98 21,70 0,99
O modelo de BET completo descreveu com confiabilidade a isoterma em questão, fato este
evidenciado pelo valor elevado de R.
A monocamada determina o teor de umidade para uma armazenagem segura, na qual o material
apresenta estabilidade máxima, pois representa o limite de umidade na qual se iniciam
as reações químicas indesejáveis, além do favorecimento da elevação de consumo de energia,
75
para que se possa eliminar a quantidade residual de água no alimento (Silva, Silva, Pena, 2008).
Figura19 Isoterma de sorção de farinha de banana verde sem casca e com casca
ajustada ao modelo de BET completo.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0Aw
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Umida
de g
H20
/100
g b
.s
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0Aw
0
10
20
30
40
50
Umid
ade
g/10
0 g
b.s
Adsorção
Dessorção
Adsorção
Dessorção
Farinha sem casca Farinha com casca
76
5. CONCLUSÕES
As farinhas de banana verde obtidas neste trabalho apresentaram tamanhos médios de
partículas de 0,18mm.
Com relação a cor instrumental, as farinhas com casca apresentaram-se mais escuras do que as
farinhas sem casca.
As farinhas obtidas representam excelentes fontes de amido, principalmente amido resistente,
podendo ser utilizada como alimento funcional. A incorporação das cascas nas farinhas possibilitou à
agregação de valor nutricional a mesma, principalmente nos teores de fibras e cinzas.
O maior rendimento de farinha foi obtido no ensaio de maior altura de leito ( 15 cm) e maior
temperatura de secagem (90 °C).
As farinhas de banana verde de um modo geral apresentaram elevada viscosidade máxima,
resistência dos grânulos de amido a ação mecânica e alta tendência a retrogradação, características
interessantes para utilização desses produtos como espessantes.
As farinhas com casca e sem as casca apresentaram comportamento viscográfico bastante
semelhante, assim como valores aproximados de poder de inchamento e solubilidade, apresentando
baixa solubilidade a frio e alta solubilidade a quente.
As faixas das variáveis utilizadas no processo de secagem (altura do leito – 12 cm e 15 cm e
temperatura – 80 °C e 90 °C) não tiveram correlação com os dados obtidos de solubilidade e poder
de inchamento, inferindo que as mesmas não influenciaram nessas propriedades. O mesmo também
pode ser concluído para as viscosidades, atribuindo a suas alterações nas farinhas as proporções de
amilose: amilopectina dos seus grânulos.
Os conteúdos de amido resistente não sofreram alterações significativas, inferindo que as
variáveis de secagem não influenciaram nesses valores.
As farinhas obtidas não sofreram gelatinização, sendo esse comportamento comprovado pela
preservação da birrefrigência dos grânulos.
O tamanho dos grânulos de amido das farinhas de banana verde variou de 70 a 110µm, com
características morfológicas achatados e alongados.
As farinhas de banana verde sem casca e com casca apresentaram isoterma de sorção do tipo II
e III, respectivamente, sendo o modelo BET completo o que melhor se ajustou aos dados, obtendo-se
valores de monocamada de adsorção de 5,78 e 4,34 respectivamente e de dessorção de 4,85 e 4,14
recpectivamente.
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