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  • CORREIO DA MANHA, Sexta-feira, 14 de outubro de 1968 J. Caderno

    PERSONALISMO

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    O presidente Castelo Bran-co no quis escolher o cami-nho da pacificao, que pro-piciaria a redcmocratizaogradativa do Pais. Preferiudesencadear uma crise que vi-sa desmoralizao do Con-gresso Nacional. Chegou aponto de tratar os seus corre-ligionrios que presidem oSenado e a Cmara, srs. Aurode Moura Andrade e AdautoCardoso (sobretudo este lti-mo), como se no mereces-sem, da sua parte, qualquerconsiderao. Mas ningumpode enganar-se. O presiden-te no tem como alvos prin-cipais os presidentes do Sena-do e da Cmara. Quer reduziro Congresso, definitivamente, expresso mai* simples.Tanto isso verdade que opresidente agiu, com extremafrieza e com inegvel clculo,trinta dias antes das eleiesde novembro, para a renova-o do Congresso. Se, porpor omisso dos membros doCongresso, tanto do MDBquanto da ARENA, o PoderLegislativo no resistir ao as-salto frontal, Senado e Cama-ra transformar-se-o em me-ras reparties encarregadasde chancelar os atos governa-mentais.

    O presidente poder, atmesmo, suspender as eleiesde novembro, decretar o re-cesso do Congresso, outorgara sua Constituio de algibei-ra isso se no achar maiscmodo governar com umCongresso prorrogado e desfi-gurado, em que os seus cor-rsligionrios mais servis fa-ro todos os paneis possveise imaginveis para no per-deram a prerrogativa deaphudir o Governo. Nestemomento, alguns setores daOposio j perceberam a im-portncia de organizar-se umaresistncia no Congresso. Masmuitos membros do MDB, apretexto de continuarem assuas respectivas campanhaseleitorais, reforam a posi-o da maioria dos parlamen-tares da ARENA, que procuraalhear-se aos acontecimentos.

    H um esquema de provo-cao que comea a atuar, pa-raMamente a"o do mar-ch?l Castelo Brnnco. Ontem,um coronel do Exrcito, queparsa o tempo fazendo poli-tica, divulgou a lista dos in-

    diciados no inqurito policial-militar sobre o Partido Comu-nista, que presidiu. Trata-sedo notrio coronel Ferdinan-do de Carvalho, que arrolounomes de pessoas mortas aolado de dirigentes comunis-tas, de ex-comunistas, deindivduos que nunca fo-ram comunistas, e de per-sonalidades que le acusade por este ou aqu-le processo contribu-rem para ajudar o PartidoComunista. Nessa lista, o co-ronel incluiu o nome do sr.Negro de Lima, governadorda Guanabara, e de algunsdos seus auxiliares. Aprovei-tou o clima criado pelo pr-prio presidente da Repblicaao reiniciar o processo dascassaes de mandatos e dedireitos polticos e quando asfontes governamentais desen-cadeiam uma campanha de in-timidao das foras oposicio-nistas e dissidentes do movi-mento de 31 de maro, avi-sando que vai haver mais deuma centena de cassaes,alm de impugnaes de can-didaturas. A divulgao dessamonstruosa lista de indiciados mais um ato de guerra psi-colgica do que outra coisaqualquer. O coronel em qus-to pertence a uma mino-ria de militares com maniade perseguir adversrios reaisou imaginrios. At recente-mente, essa minoria no ti-nha condies para exibir-see reconquistar a notoriedadeperdida. Agora, porm, oexemplo veio de cima. paraque todos os demais ressenti-dos o sigam.

    Em tudo isso h um aspec-to a considerar. At anteon-tem, os deputados que foramcassados serviam, pelo menosno plano das hipteses, paraescolher o presidente da Re-pblica, para votar a reformaconstitucional e para tomaroutras providncias. Se novotaram no marechal Cos-ta e Silva foi porque noquiseram. De repente, fo-ram cassados, dois anos emeio depois de terem si-do ameaados de cassao.Por outro lado, o presidenteCastelo Branco, desta vez, nopode dizer que foi forado acassar mandatos, nem acusara chamada linha aura ou omarechal Costa e Silva. le

    prprio que resolveu efe-tuar tais cassaes, que pare-cem um fato decisivo para areabertura de uma crise queningum a no ser um pe-queno nmero de auxiliaresdo Governo desejava. Igno-ra-se o critrio adotado paratais cassaes. E o que pior ignoram-se os verda-deiros objetivos do Governo,ao desencadear essa crise in-conveniente, sob todos os as-pectos, para o Pas. Dizemos porta-vozes governamen-tais que o presidente est de-monstrando que no abrirmo de qualquer parcela desua autoridade e que entrega-r ao seu sucessor uma casarevolucionria bem arruma-da. Mas, na medida em quese intensifica no a autorida-de do Governo, mas o auto-ritarismo presidencial, maisremotas se tornam as possi-bilidades de arrumao dessacasa j desarrumada pornatureza, pois revoluciona-ria (ou contra-revolucion-ria) por origem. Governa-o presidente Castelo Brancodentro da tcnica do golpe deEstado permanente, s faltan-do mandar uma espcie deguarda vermelha s ruas, pa-ra quebrar vitrinas, monu-mentos e cabeas. Por en-quanto, limitou-se a quebraro mnimo de decoro que deviaexistir nas relaes do Exe-cutivo com o Legislativo, mes-mo sob o regime de exceoem que vive o Brasil.

    * * *

    Neste instante, prevalecemo personalismo e o subjetivis-mo, com a Nao inteira espera do ltimo caprichopresidencial. Preparam-se aslistas de cassaes, divulgam-se os rumores e as verses,espalham-se as ameaas. E oPas transforma-se, aos olhosdo mundo inteiro, noutra Na-o sob regime ditatorial, nadependncia das paixes deum homem, dos interesses deum homem, da solido dessemesmo homem.

    Mais uma vez, o Congressofoi ferido e o processo elei-toral tumultuado. Os depu-tados em campanha tm, ago-ra, algo mais importante a fa-zer: dar nmero Cmarapara que ela encontre na so-lidariedade as foras para de-fender suas prerrogativas.

    PATENTESAssociaes d?, classe dos homens de indstria

    vm reclamando, i 3cde fins da dcada de 1940, cen-tra monoplio qu., cm grande nmero de casos, seexe -ce indevidanr ite no campo da tecnologia. Por.-,lt i de conhecimento exato do prazo de vigncia le-gal de cartas-palntes, relativas a mtodos e pro-cos: os produtivos, e.s empresas e a Nao tm pagodesnecessariamente somas incalculveis a. seus pre-bnsos possuidores: originais.

    :se obstcul > disseminao do conhecimentotecnolgico, que tiera a produo Interna e logo aseguir pesa sobre a receita cambial do Pais acabace encontrar o se.i fim lgico. O ministro da Inds-tria e do Comrcio determinou a divulgao da lisadas patentes de inveno, modelos de utilidade, de-s;n.io ou modelo industrial, cujos prazos de vignciahajam expirado. A partir de 1951 ser feito levan-tamento dos patc:..es extintas ou que venham a ex-pir.r, cando--e ciincia ao Banco Central para efeitode controle do pagr.rnento de royalties pelo uso depatentes estrangeiras.

    A medida concretiza uma aspirao da indstria.Em alguns setores importantes desembaraa o campo atividade criadora dos tcnicos brasileiros, muitasvezes inibidos ou impedidos de inovar por motivosalheios sua capacidade inventiva. Veio a providn-cia na forma de Ordem de Servio do titular daquelaPasta, o que demonstra a pouca exatido do conceitode rigidez da administrao pblica. Demonstra o atoque possvel agir de modo conseqente, em ter-renos aparentemente intocveis, sem o receio de con-seqncias outras que no o beneficio da coletividade.

    Nos ltimos vinte anos, projetos de lei regulandoo uso de patentes estrangeiras foram apresentadosao Congresso e se perderam em suas gavetas. De-nnclas foram submetidas a organismos internacio-nais, inclusive as Naes Unidas. Movimentos de em-presrios esgotaram-se no esquecimento Intencionalda questo. Agora, uma simples Ordem de Servioresolve o problema.

    TTI CA

    Um porta-voz palaciano expli-cou ontem as cassaes como"ataque do Governo em defesada revoluo".

    APE OS

    No lanamento da nova sriede Obrigaes do Tesouro, o mi-nistro da Fazenda fz um apeloaos subscritores j ira que rom-1 rem esses papis por interesse ep;,l iotismo. Por interesse por-(!Ui ;'e trata de ama aplicaorenvel e por p

    ' riotismn por-que se destinam recuperaom. meira do Pai

    " as, como com ,ar esses tltu-los, quando no mesmo pronun-ciaicnto o s:r. Otvio Bulhesafiima r|iie os c suiridores jtm a sua renda quase que In-te: imenlc con.p .metida c ascm iryas se debai m com o pro-hiena da queda i-\ vendas?

    I or certo que o recurso docn"):v-timo pbli > volur.irlo o mais justo e a-ertado para ata 'a dn rr ;r ;",' das fi-nanas nacionais. Mas paraissu preciso que pblico eempresas tenham rendas epoupanas disponveis para essafinalidade. Mas dessas rendas jr-e encarregou de sua compressoa. polticas salarial, tributria e

    creditlcla. Portanto, por mais In-tersse e patriotismo que tenham,as empresas e o pblico ficamsem condies de responder aoapelo do ministro da Fazenda.

    MINISTRO

    Comentou-se muito, em todosos crculos polticos, o fato deque aparentemente nem o pre-sidente da Cmara nem o ma-rechal Costa e Silva tinham co-nhetimento prvio das cassaesde mandatos. Desse modo, pormeio desses comentrios, e:ca-pou reprovao geral o minis-tro da Justia, que h 24 horasdeclarara no existir processo decassao em cima da mesa domarechal Castelo Branco.?i

    ABASTECIMENTO

    Depois de importar carne ar-tentina, leite em p dinamarquse feijo mexicano, a COBAL es-tuda agora a compra no exteriorde sorgo e milho para alimenta-o de aves e animais.

    A importao de sorgo e ml-lho visa a complementar a es-ras-ez desse ltimo cereal, doqual exportamos, em fins de 1965e rono desse ano, cerca de 2G0mil toneladas. No para a o ir-racionalrmo da nossa polticade abastecimento. Vendemos omilho a US$ 53 a tonelada, quan-

    do o preo do saco do produto,para o mercado interno, oscila-va em torno de Cr? G.500. Com aescassez j anda ern torno de CrS9.500 e o milho importado custa-r ao consumidor cerca de Cr$11.000 por saco.

    Em resumo, a inexistncia de"oujfer stocks para regular oconsumo c o preo de artigosbsicos leva-nos a essa curi-sa posio: exportamos desorde-nadamente e, premidos pela ine-xistncia de uma poltica deabastecimento, importamos apreos sempre mais caros.

    ULICO

    Antes mesmo do conhecimen-to dos presidentes da Cmara edo Senado, o sr. Arnaldo Cer-deira j est de posse do textode reforma constitucional e tro-veja ameaas de um perodo cas-satrio que ir alm do delimita-do pelo AI-2.

    O sr. Arnaldo Cerdeira. antes,era ulico do sr. Ademar de Bar-ros. Quando este ltimo entravano ostracismo, o sr. Cerdeira,progressivamente, foi-se toman-do ulico do marechal CasteloBranco. E essa opo do mar-chal Castelo Branco, logo pelo sr.Cerdeira, demonstra tambm aestranha vocao de estimulosos ulicos.

    O modo pelo qual o ma-rechal Castelo Branco vol-tou a desferir os golpescassatrios chega a dar aimpresso de um exercciogratuito de violncia. Ofato que, mais uma veze at certo ponto inespera-damente, dez pessoas tive-ram os seus direitos poli-ticos suspensos por dezanos e/ou seus mandatoscassados. E mais umavez essas pseudopuni-es emergem sem que asvitimas exeram o direitode defesa, sem que se duma satisfao ao pblico arespeito dos motivos quelevaram o presidente daRepblica a concretizaraquelas medidas.

    Seria uma fria exibiode poder? Ou mais umlance de coao sobre aoposio, hoje, j toemasculada? difcil di-zer, de "plano, quando oprprio Governo nem se-quer fornece uma explica-o generalizante a respei-to do crime de cada cassa-do, ou de sua qualificaoem um desses dois termos,que, hoje, tombaram noanedotrio popular: cor-rupto ou subversivo.

    De qualquer forma, huma constatao' que seimpe, evidenciando umacontradio inarredvel: omovimento de 31 de maro,desfechado em nome dademocracia ameaada, foiconsumado para evitar apossibilidade de o sr. JooGoulart fazer algumas coi-sas, que, h mais de doisanos, o marechal CasteloBranco vem exatamentefazendo. O resto umaquesto de forma.

    Os cassados sem en-trar no mrito de serem ouno culpados pelos crimesa eles imputados, crimesesses jurdica e processual-mente desconhecidos pelamaioria do Pais se sen-tem evidentemente confor-tados pelo fato de que, nos o instituto das cassaesinexiste mediante outor-ga da Nao, como tam-bm pelo fato de que nooi a mesma Nao quemnomeou os cassadores. Mui-

    Crise & Cassaes

    tos at passam a ganhara simpatia popular. Trata-se de outra verdade inar-redvel.

    Por outro lado, ningumignora que, alm do discri-cionarismo imposto pelasarmas ao Pas, o Governomaneja poltica e eleitoral-mente com o dispositivocassatrio. s lembrarque esperou mais de doisanos para cassar o sr. Ade-mar de Barros, isto ,quando este ltimo passoua tomar uma atitude deoposio frontal ao Planai-to. s lembrar o ?scn-dalo que foram as cassa-es em cima da hora dedeputados da Assembliagacha, com o mero obje-tivo de evitar a vitria dacandidatura Cirne Lima eimpor a nomeao do sr.Perachi Barcellos. E, ago-ra, pouco antes das eleiespara o Legislativo, o Go-vrno corta novas cabe-as polticas, enfraquecen-do ainda mais esse fantas-ma de oposio que oMDB, e desmoralizando opresidente da Cmara Fe-deral, que garantira, coma sua palavra, a palavra dopresidente da Repblica deque no seriam cassadosquaisquer parlamentares.

    Afinal de contas, o ma-rechal Castelo Branco, emseu discurso de Campinas,no fizera a previso de quea ARENA haveria da obteruma vitria tleitoral? Ento,que saia a vitria, "na leiou na marra" como dizia osr. Brizola. Mas foi exata-mente para evilar uma op-o to primitiva como es-ta, entre a le' e a marra,que o sr. Brizola foi vareja-do para longe.

    E j que o presidenteaprecia tanto o aspecto for-mal das coisas, serin Inte-ressante mostrar como, amdio ou a lon"o pra?o. s-te formalis.no poder der-reter-se integralmente Poiso vcio de origem de taldiscricionarismo ser ca-

    Jos Lino Grnewald .paz de reverter em benef-cio daqueles cassados que,tendo crimes provados emseu dossier (e, aqui, fala-inos preferencialmente emcrimes de corrupo, pois asubverso comporta inme-ras latitudes subjetivas),em lugar de serem punidosmediante julgamento daJustia comum, podero,amanh, quando os temposmudarem, surgir diantedo povo exibindo as suasrespectivas carteiras decassados, com vistas a pol-pudos dividendos eleitorais.E ser uma prova de queo discricionarismo institu-clonalizado no traduz omelhor rendio para osmaus costumes polticos eadministrativos.

    Resta examinar o aspec-to essencialmente poltico,Isto , amoral, que possaser extrado dessa exibiode fora punitiva. E, aqui,cabe reconhecer que o ma-rechal Castelo Branco, emum ano, conseguiu car umareviravolta no controle m-ximo das rdeas do poder.Parece at que pretendeuprovar ar.tiga e hoje apa-rentemente esvaziada linhadura que le prprio, coma sua mansa e metdicaqueima de etapas, era o au-tntico linha dura. Basta,para isso, lembrar que, hcerca de um ano, em outu-bro de 1965, com o resul-tado das eleies diretaspara governadores, especi-almente na Guanabara eMinas Gerais, o cnefe doGoverno balanou com umacrise militar, no fim daqual projetou-se o mar-chal Costa e Silva como umdos fiadores do mesmo Go-vrno. E, em decorrnciadessa crise do inconfor-mismo com a posso de ai-guns dos eleitos, e que omarechal Castelo Brancose viu obrigado a baixar oAI-2. Mas este AI-2, emsuas mos, com o correr dotempo, foi-se virande comoum boomerang cortra ai-guns daqueles que o pres-sionaram.

    No decorrer dessa recom-posio de rdeas, o presi-dente da Repblica teve deaceitar a imposio da can-didatura Costa e Silva. Nohavia recursos polticos oumilitares para evit-la muito menos aquele expe-diente ormalista de sub-meter, no um, mas cinconomes, apreciao daARENA, A verdade que,mal ou bem, enquanto eraministro da Guerra, o ma-rechal Costa e Silva fala-va muito. Depois, com otempo, e medida em quechegavam prenncios decrises ou impasses, passoua incrementar paulatina-mente o silncio ttico. Osilncio, pelo menos, impe-de a existncia de pretex-tos para ser ferido. Mas,por outro lado, conduz aoesvaziamento. Hoje, isso i-ca indubitvel. Entre opresidente recm-nomeadoe o presidente em presu-mvel fim de mandato, apresena poltica deste l-timo muito mais incisi-va. Especula-se, inclusive,com a informao de queo marechal Costa e Silva,juntamente com o sr.Adauto Cardoso, foi umdos mais surpreendidos comas recentes cassaes. Mes-mo porque, no herdar oinstrumento cassatrio naforma do AI-2, se queainda ir herdar algumacoisa. Mas, enfii sendo ouno verdicos os fatos, tra-ta-se to-smente de lutae partilha entre dois mili-tari... pelo poder coisa

    . no diz respeito aoap '.oramento do regimeou dos costumes polticos.

    Neste tempo todo, o Go-\ _rno a; .nas funcionou po-llticamente no sentido deconsagrar aquilo que j es-tava latente: a dualidecientre poder civil e militar.Deu proeminncia a esteltimo e mais nada. E,. - isso me?a. j:.. davloi./icia das cassaes in-

    .._aais, vai cas. . umacoisa muito mn'. importar-te: a esperana coletiva deque alguma coisa se renvc.;se neste Pais .ue no

    isse a renovao da ve-

    lhice.

    1 $f A

    S uma perguntinha, chefe: como ler a lista toda dos indiciados em apenasmeia hora da Voz do Brasil?

    O jeito, tio mometio,

    ver a banda passar, can-tando coisas de amor. Poisde amor andamos todos

    precisados, em dose tal quenos alegre, nos reumanize,nos corrija, nos d pacin-cia e esperana, fora, ca-

    pacidade de entender, per-doar, ir para a frente. Amor

    que seja navio, casa, coisacintilante, que nos vacbiecontra o feio, o errado, otriste, o mau, o absurdo co mais que estamos viven-do ou presenciando.

    A orem, meus manos edesconhecidos meus, abrir a janela, abrir no,escancar-la, subir aoterrao como fz o velho

    que era fraco mas subiuassim mesmo, correr rua no rastro da menina-da, e ver e ouvir a banda

    que passa. Viva a msica,vira o sopro de amor quermisica c banda vm tra-zendo, Chico Buarque deHo!a?ida frente, e querestaura em ns hipoteca-dos palcios em runas,

    jardins pisoteados, cister-na secas, compensando-nos da confiana perdidanos homens e suas promes-sas, da perda de sonhos queo desamor puiu c Itrou, e

    que ao aora como o pa-let rodo de traa, a pele

    Imagem de amor

    A bandaC. D. A.

    escarifkada de onde fugiua beleza, o p no ar, na

    falta de ar.

    A felicidade geral com

    que foi recebida a passa-gem dessa banda to sim-

    pies, to brasileira e toantiga na sua tradio li-rica, que um rapaz de pou-co mais de vinte anos bo-tou na rva, alvoroandonovos e velhos, d bem aidia de como andvamosprecisando de amor. Poisa banda no vem entoandomarchas militares, dobra-dos de guerra, no convidaa matar o inimipo, ela notem inimigos, nem a feste-jar com uma pirmide decamlias e discursos asconquistas da v i o I ncia.Esta banda de amor, pre-fere rasgar coraes, nareceita do sbio maestroAuaclcto de Medeiros, fa-zendo penetrar neles o fogoque arde sem se ver, o con-tentamento descontente, ador que desatina sem doer,abrindo a ferida que di eno se sente, como expli-cov. um velho e imortal cs-

    pecialista portugus nessasmatrias cordiais.

    Men partido est toma-do, no sou da ARENAnem do MDB, sou dsse

    partido congregacional esuperior ds classificaesde emergncia, que encon-tra na banda o remdio, aangra, o roteiro, a soluo.le no obedece a clculosda convenincia moment-nea, no admite cassaesnem acomodaes paracvi-las, e principa7neteno um partido, mas odesejo, a vontade de tom-preender pelo amor, e deamar pela compreenso.

    Se uma banda sozinhafaz a cidade toda se en/ci-tar e provoca at o apare-cimento da lua cheia noce"u confuso c soturno, cri-vado de signoa ameaado-res, porque h uma be-leza generosa e solidriana banda, h uma Indica-o clara pura todos, osque tm responsabilidadede mandar e os que somandados, os que estocontando dinheiro e os que

    no o tm para contar emuito menos para gastar,os espertos e os zangados,os vingadores e os ressen-tidos, os ambiciosos e to-dos, mas todos os etecte-ras que eu poderia alinharaqui se dispusesse da p-pina inteira. Coisas de

    amor so finezas qne seoferecem a qualquer um

    que saiba cultiv-las e dis-tribui-Ias, comeando porquerer que elas floresam.E no se limitam ao jar-dinzinho particular de afe-tos que cobre a rea denossa vida particular,abrange terreno infinito,nas relaes humanas, nopas como entidade socialcarente de amor, no uni-verso-mundo onde a voz doPapa soa como uma trompalongnqua, chamando o ve-lho fraco, a mocinha feia, ohomem srio, o faroleiro.. todos que viram a banda

    passar, e por uns minutosse sentiram melhores. E seo que era doce acabou, de-

    pois que a banda pastou,que venha outra banda,Chico, e que nunca umabanda como essa deixe demustcaliza-r a alma da gen-te.

    BANCO BOAVISTA S. A.Uma completa organlzac-i

    bancria.?999