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Impressão gerada em 20/10/2010
Publicado em nosso site em 11/03/2009
CIDE - Remessas ao exterior - Roteiro deProcedimentosRoteiro - Federal - 2009/4138
Sumário
Introdução
I. Pressupostos constitucionais
II. Instituição
III. Incidência da contribuição
III.1 Licença de uso ou de direitos de comercialização ou
distribuição de programa de computador
III.2 Serviços técnicos realizados em chamadas de longa
distância internacionais ou nacionais
IV. Alíquota da contribuição, prazo e código de recolhimento
V. Crédito incidente sobre a CIDE/Remesses ao Exterior
V.1 Determinação do crédito
V.2 Utilização do crédito
V.3 Exemplo
VI. Alíquotas do imposto de renda na fonte
VI.1 Serviços técnicos e de assistência técnica e royalties de
qualquer natureza
VI.2 Serviços de assistência administrativa e semelhantes
VII. Administração e a fiscalização da CIDE/Remessas
VIII. Questão polêmicas e atuais
VIII.1 Ausência de Lei Complementar
VIII.2 Contratos de prestação de assistência e de serviços
sem transferência de tecnologia
VIII.3 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico
da Indústria de Semicondutores (PADIS)
VIII.4 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico
da Indústria de Equipamentos para TV Digital (PATVD)
VIII.5 Decisões em processo de consulta
Introdução
A Lei nº 10.168/2000 instituiu o Programa de Estímulo à
Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação,
cujo objetivo principal é estimular o desenvolvimento
tecnológico brasileiro. Para fins atendimento a este
Programa, com respaldo na Carta Magna, foi instituída a
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico -
CIDE/Remessas ao Exterior, também conhecida como
"CIDE - Royalties".
Neste Roteiro serão analisadas as regras gerais aplicáveis na
cobrança desta contribuição.
I. Pressupostos constitucionais
A instituição de qualquer espécie tributária em nosso
ordenamento jurídico depende de previsão constitucional.
Nesse sentido, o artigo 149 da Carta Magna prevê que
compete exclusivamente à União instituir contribuições de
intervenção no domínio econômico.
Cabe observar que a Emenda Constitucional nº 33 de 2001,
ao introduzir alterações à Constituição Federal, especificou
alguns traços a serem observados por ocasião da instituição
da CIDE, sigla pela qual ficou conhecida a Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico. São elas:
a) necessidade de lei para exigir ou aumentar a contribuição
(princípio da legalidade);
b) vedação a instituição de tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente
(princípio da isonomia);
c) impossibilidade de incidir sobre as receitas decorrentes de
exportação;
d) incidência sobre a importação de produtos estrangeiros ou
serviços;
e) possibilidade de aplicação de alíquotas:
e.1) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta
ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor
aduaneiro;
e.2) específica, tendo por base a unidade de medida adotada;
f) equiparação da pessoa natural destinatária das operações
de importação a pessoa jurídica;
g) competência para lei definir as hipóteses em que as
contribuições incidirão uma única vez (incidência
monofásica).
Fundamentação: Art. 149, "caput" e §§ 2º, 3º e 4º, da
Constituição Federal.
II. Instituição
Por meio da Lei nº 10.168, de 29.12.2000, foi instituído o
"Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa
para o Apoio à Inovação", cujo objetivo principal é estimular
o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante
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programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa
entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo.
Para atender a este Programa e com base nos pressupostos
constitucionais previstos no tópico anterior, foi instituída
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico -
CIDE/Remessas ao Exterior, devida pela pessoa jurídica
detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos
tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que
impliquem transferência de tecnologia, firmados com
residentes ou domiciliados no exterior.
Nota: Consideram-se contratos de transferência de tecnologia os
relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os
de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência
técnica.
A contribuição será recolhida ao Tesouro Nacional e
destinada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico FNDCT, criado pelo Decreto-Lei nº 719/69, e
restabelecido pela Lei nº 8.172/91.
Nota: A Lei nº 10.332/2001, em seu artigo 1º, estabeleceu a forma
de partilha dos recursos arrecadados com a
CIDE/Remessas ao exterior.
Posteriormente, por meio da Emenda Constitucional nº 44,
de 30.06.2004, foi estabelecido que a União entregará, do
produto da arrecadação da CIDE, 29% para os Estados e o
Distrito Federal, distribuído na forma da lei, observada a
destinação da contribuição. Para atender esse objetivo, foi
publicada a Medida Provisória nº 161/2004, convertida na
Lei nº 10.866/2004.
Fundamentação: Arts. 2º, "caput" e § 1º, e 4º da Lei nº
10.168/2000.
III. Incidência da contribuição
A CIDE/Remessas ao Exterior incide desde 1º de janeiro de
2001, sobre os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou
domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente
de licença de uso ou aquisição de conhecimentos
tecnológicos e transferência de tecnologia.
A partir de 1º de janeiro de 2002, a CIDE/Remessas ao
Exterior também passou a ser devida pelas pessoas jurídicas
signatárias de contratos que tenham por objeto serviços
técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a
serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior,
bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem,
entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer
título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior,
incidindo sobre os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos, a cada mês, a título de
remuneração decorrente das obrigações.
Observa-se que a incidência da CIDE sobre royalties é
ampla, pois não houve nenhuma limitação por meio da Lei nº
10.168/2002 ("royalties, a qualquer título"). O Decreto nº
4.195/2002, entretanto, ao regulamentar a matéria, restringiu
a incidência da contribuição, conforme se comprova no
dispositivo abaixo transcrito:"Art. 10. A contribuição de que trata o art. 2º da Lei nº 10.168,
de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas,
entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a
residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou
remuneração, previstos nos respectivos contratos, que
tenham por objeto:
I - fornecimento de tecnologia;
II - prestação de assistência técnica:
a) serviços de assistência técnica;
b) serviços técnicos especializados;
III - serviços técnicos e de assistência administrativa e
semelhantes;
IV - cessão e licença de uso de marcas; e
V - cessão e licença de exploração de patentes."
Fundamentação: Art. 2º, "caput" e §§ 2º e 3º, da Lei nº
10.168/2000.
III.1 Licença de uso ou de direitos de comercialização ou
distribuição de programa de computador
Por meio da alteração promovida pela Lei nº 11.452, de
27.02.2007, foi estabelecido que a CIDE/Remessas ao
Exterior não incide sobre a remuneração pela licença de uso
ou de direitos de comercialização ou distribuição de
programa de computador, salvo quando envolverem a
transferência da correspondente tecnologia.
Esse não era o posicionamento adotado pela Receita Federal
até então, que diversas vezes se manifestou pela incidência
da contribuição, como se observa, por exemplo, nas Soluções
de Consulta nºs 1/2006 (Cosit) e 91/2002 (SRRF / 8ª RF).
Fundamentação: Art. 2º, § 1º-A, da Lei nº 10.168/2000.
III.2 Serviços técnicos realizados em chamadas de longa
distância internacionais ou nacionais
Conforme o Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 25, de 13
de outubro de 2004, as disposições do Regulamento de
Melbourne, trazidas pelo Tratado de Melbourne, celebrado
em 09 de dezembro de 1988, não foram legitimamente
incorporadas ao Direito Brasileiro.
Dessa forma, é devida a CIDE sobre o total dos valores
pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos às
empresas de telecomunicações domiciliadas no exterior, a
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título de pagamento pela contraprestação de serviços técnicos
realizados em chamadas de longa distância internacional,
iniciadas no Brasil, ou a chamadas de longa distância
nacional, em que haja a utilização de redes de propriedade de
empresas congêneres, domiciliadas no exterior.
A base de cálculo será o valor total da operação, ainda que
não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e
não apenas o saldo líquido resultante de encontro de contas
envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador
dos serviços.
Fundamentação: ADI SRF nº 25/ 2004
IV. Alíquota da contribuição, prazo e código derecolhimento
A alíquota da contribuição é de 10% (dez por cento) e o
pagamento será efetuado até o último dia útil da quinzena
subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador.
O pagamento deverá ser realizado por intermédio de DARF,
utilizando-se o código 8741.
Nota: Ver subtópicos VIII.2 e VIII.3 acerca da redução a 0 (zero)
da alíquota nos programas PADIS e PATVD.
Fundamentação: Art. 2º, §§ 4º e 5º, da Lei nº 10.168/2000.
V. Crédito incidente sobre a CIDE/Remessas aoExterior
É concedido crédito incidente sobre a CIDE/Remessas ao
Exterior, aplicável às importâncias pagas, creditadas,
entregues, empregadas ou remetidas para o exterior a título
de royalties referentes a contratos de exploração de patentes
e de uso de marcas.
Fundamentação: Art. 4º, "caput", da Medida Provisória nº
2.159-70/2001.
V.1 Determinação do crédito
O crédito será determinado com base na contribuição devida,
incidente sobre pagamentos, créditos, entregas, emprego ou
remessa ao exterior a título de royalties referentes a contratos
de exploração de patentes e de uso de marcas, mediante
utilização dos seguintes percentuais:
a) 100% (cem por cento), relativamente aos períodos de
apuração encerrados a partir de 1º de janeiro de 2001 até 31
de dezembro de 2003;
Nota: Até 25.02.2001, véspera da publicação da Medida
Provisória nº 2.062-63/2001, o direito ao crédito decorrente
do recolhimento da CIDE estava limitado em 50% (cinqüenta
por cento). Assim, apenas metade da contribuição paga
referente a este período poderia ser compensada (Art. 3º, §
5º, da Medida Provisória nº 2.062-62/2001.
b) 70% (setenta por cento), relativamente aos períodos de
apuração encerrados a partir de 1º de janeiro de 2004 até 31
de dezembro de 2008;
c) 30% (trinta por cento), relativamente aos períodos de
apuração encerrados a partir de 1º de janeiro de 2009 até 31
de dezembro de 2013;
Salvo futura alteração na legislação, a partir de 1º de janeiro
de 2014 será vedado o desconto de crédito sobre a
contribuição devida.
Fundamentação: Art. 4º, § 1º, da Medida Provisória nº
2.159-70/2001.
V.2 Utilização do crédito
O crédito sobre a mencionada contribuição será utilizado,
exclusivamente, para fins de dedução da contribuição
incidente em operações posteriores, relativas a royalties
referentes a contratos de exploração de patentes e de uso de
marcas, durante o período de realização do Programa.
Nota: Até a edição da Medida Provisória nº 2.062-62/2001,
constava do inciso III do parágrafo 5º do artigo 3º da referida
Medida Provisória que o crédito somente seria concedido à
empresa que assumisse o compromisso de realizar, durante
a execução do Programa, dispêndios com pesquisa no País
em montante equivalente a, no mínimo, duas vezes e meia
do valor do crédito. Atualmente não há mais tal exigência.
Fundamentação: Art. 4º, § 1º, II, da Medida Provisória nº
2.159-70/2001.
V.3 Exemplo
Considerando que uma pessoa jurídica, em janeiro de 2009,
realize o pagamento de royalties referentes a contrato de
exploração de patentes a beneficiários do exterior, no valor
de R$ 100.000,00, teremos:
A) Cálculo da contribuição devida
A contribuição devida será determinada mediante aplicação
da alíquota de 10% sobre o total das remessas, ou seja:
R$ 100.000,00 x 10% = R$ 10.000,00
B) Cálculo do crédito
No período em questão, o crédito da contribuição
corresponde a 30% do valor da contribuição devida. Dessa
forma, teremos:
R$ 10.000,00 x 30% = R$ 3.000,00
O crédito de R$ 3.000,00 poderá ser utilizado para abater a
CIDE devida em remessas posteriores de royalties.
VI. Alíquotas do imposto de renda na fonte
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VI.1 Serviços técnicos e de assistência técnica e
royalties de qualquer natureza
A partir de 1º de janeiro de 2001, com o início da cobrança
da CIDE/Remessas ao Exterior, a alíquota do imposto de
renda incidente na fonte sobre as importâncias pagas,
creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ao exterior, a
título de remuneração de serviços técnicos e de assistência
técnica, e a título de royalties, de qualquer natureza, foi
reduzida para 15% (quinze por cento).
Fundamentação: Art. 3º da Medida Provisória nº
2.159-70/2001.
VI.2 Serviços de assistência administrativa e
semelhantes
A partir de 1º de janeiro de 2002, iniciada a cobrança da
CIDE/Remessas ao Exterior sobre serviços de assistência
administrativa e semelhantes, a alíquota do imposto de renda
na fonte incidente sobre as importâncias pagas, creditadas,
entregues, empregadas ou remetidas ao exterior a esses
títulos, também foi reduzida para 15% (quinze por cento).
Fundamentação: Art. 2º-A da Lei nº 10.168/2000.
VII. Administração e a fiscalização daCIDE/Remessas
Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a
administração e a fiscalização da CIDE/Remessas, que
sujeita-se às normas relativas ao processo administrativo
fiscal de determinação e exigência de créditos tributários
federais, previstas no Decreto nº 70.235/72, e alterações
posteriores, bem como, subsidiariamente e no que couber, às
disposições da legislação do imposto de renda, especialmente
quanto a penalidades e demais acréscimos aplicáveis.
Fundamentação: Art. 3º da Lei nº 10.168/2000.
VIII. Questão polêmicas e atuais
VIII.1 Ausência de Lei Complementar
Na instituição da CIDE, também deve ser observado o
disposto no artigo 146, III, da Constituição Federal, que
prevê a necessidade de lei complementar para estabelecer
normas gerais em matéria tributária. Diante disso, alguns
doutrinadores defendem a necessidade de lei complementar
para instituição da CIDE, sob pena de sua
inconstitucionalidade.
Outros, como Hugo de Brito Machado Segundo, Helenilson
Cunha Pontes e Ricardo Mariz de Oliveira, entendem que
essa lei complementar é necessária somente para definir os
critérios gerais que devem nortear a instituição dessa
contribuição, ou seja, traçar o seu perfil tributário.
Para essas duas correntes, as atuais leis que instituíram
contribuições de intervenção no domínio econômico, como é
o caso da Lei nº 10.168, são inconstitucionais, haja vista a
ausência de lei complementar, seja para instituí-las ou para
lhes traçar as normas gerais.
Há de se observar, no entanto, que há ainda uma terceira
corrente, para o qual o Código Tributário Nacional (Lei nº
5.172/1966), elevado à categoria de Lei Complementar pelo
artigo 7º do Ato Complementar nº 36 de 13.03.1967, é
suficiente para atender ao presente requisito, o que tornaria
constitucional a cobrança da contribuição por lei ordinária.
Essa é a posição, inclusive, do Supremo Tribunal Federal,
que em diversos acórdãos julgou constitucional as atuais
contribuições interventivas, como se observa, por exemplo,
no RE-AgR 451915, cuja ementa é parcialmente transcrita a
seguir:"As contribuições do art. 149, C.F. - contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse de
categorias profissionais ou econômicas - posto estarem
sujeitas à lei complementar do art. 146, III, C.F., isto não quer
dizer que deverão ser instituídas por lei complementar. A
contribuição social do art. 195, § 4º, C.F., decorrente de
"outras fontes", é que, para a sua instituição, será observada
a técnica da competência residual da União: C.F., art. 154, I,
ex vi do disposto no art. 195, § 4º. A contribuição não é
imposto. Por isso, não se exige que a lei complementar
defina a sua hipótese de incidência, a base imponível e
contribuintes: C.F., art. 146, III, a."
Fundamentação: Art. 149 da Constituição Federal.
VIII.2 Contratos de prestação de assistência e de
serviços sem transferência de tecnologia
Por meio do Ato Declaratório Normativo nº 1, de
05.01.2000, foi estabelecido que se consideram contratos de
prestação de assistência técnica e de serviços técnicos sem
transferência de tecnologia aqueles não sujeitos à averbação
ou registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial -
INPI e Banco Central do Brasil.
Essas remessas, por não configurarem como transferência de
tecnologia, não deveriam se sujeitar à CIDE/Remessa ao
exterior.
Este não tem sido, no entanto, o entendimento da Secretaria
da Receita Federal do Brasil, que em diversas ocasiões se
manifestou pela incidência da CIDE sobre as remunerações
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de serviços técnicos, ainda que na ausência de transferência
de tecnologia. Podemos constatar esse entendimento nas
seguintes Soluções de Consulta:"Ementa: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO
DOMÍNIO ECONÔMICO - Serviços Técnicos. A partir de 1º
de janeiro de 2002, os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos por pessoa jurídica sediada no
País a residentes ou domiciliados no exterior a título de
remuneração de serviços de treinamento e de manutenção
de fornecedor, estão sujeitos à incidência da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico, à alíquota de 10% (dez
por cento), ainda que os contratos firmados não estejam
averbados no Instituto Nacional da Propriedade
Industrial-INPI e registrados no Banco Central do
Brasil-Bacen." (Processo de Consulta nº 81/02 - SRRF / 8ª
Região Fiscal)
"Ementa: SERVIÇOS TÉCNICOS. A partir de primeiro de
janeiro de 2001, os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos por pessoa jurídica sediada no
País a residentes ou domiciliados no exterior, em pagamento
de serviços prestados, com ou sem transferência de
tecnologia, estão sujeitos ao pagamento da CIDE, à alíquota
de 10% (dez por cento). Mencionada contribuição é encargo
da pessoa jurídica remetente e incide sobre a base de
cálculo sem reajustamento." (Processo de Consulta nº
102/01 - SRRF / 6ª Região Fiscal)
"Ementa: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO
DOMÍNIO ECONÔMICO - Serviços Técnicos. A partir de 1º
de janeiro de 2002, os valores pagos, creditados, entregues,
empregados ou remetidos por pessoa jurídica sediada no
País a residentes ou domiciliados no exterior pela
contratação de serviços técnicos, pela matriz, para
atualização de sistemas de informação, estão sujeitos ao
pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico, à alíquota de dez por cento, ainda que remetidos
à matriz a título de reembolso de despesas." (Processo de
Consulta nº 53/02 - SRRF / 8ª Região Fiscal)
"Ementa: CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico. A partir de 1º de janeiro de 2002, a remuneração
pela prestação de serviços de advocacia paga, creditada,
entregue, empregada ou remetida ao exterior, está sujeita ao
pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (Cide), instituída pela Lei nº 10.168, de 29 de
dezembro de 2000, por caracterizar "serviços técnicos
especializados". (Processo de Consulta nº 320/06 - SRRF /
8ª RF - Aduaneira)
"Ementa: REMESSAS AO EXTERIOR - Prestação de
Serviços. INCIDÊNCIA/ ALÍQUOTA A prestação contínua de
serviços de consultoria e assessoria nas áreas de marketing,
administrativa, jurídica, trabalhista, de transporte e financeira,
caracteriza assistência administrativa e semelhante de que
trata o § 2º do art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000. Assim
sendo, a partir de 1º de janeiro de 2002 (vigência da Lei nº
10.332, de 2001), com a cobrança da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide), a remuneração
pela prestação de tais serviços passou a ser tributada pelo
imposto de renda à alíquota de 15% (quinze por cento)."
(Processo de Consulta nº 346/06 - SRRF / 8ª Região Fiscal)
Verifica-se, ainda, a existência de Soluções de Consulta que
dispõem que a CIDE não incide em relação aos serviços cuja
execução não dependa de conhecimentos técnicos
especializados, como se observa abaixo: "INCIDÊNCIA - Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico-Cide. O fato gerador da Cide é o pagamento,
crédito, entrega, emprego ou remessa a título de royalties de
qualquer natureza, bem como a remuneração pela
contraprestação de serviços técnicos e de assistência
administrativa e semelhantes prestados por residentes ou
domiciliados no exterior. Não constitui, portanto, fato gerador
da referida contribuição, os valores pagos, creditados,
entregues, empregados ou remetidos pela remuneração de
serviços, para cuja execução não dependa de
conhecimentos técnicos especializados." (Processo de
Consulta nº 142/04 - SRRF / 8ª Região Fiscal)
"EMENTA: INCIDÊNCIA - Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico-Cide. O fato gerador da Cide é o
pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa a título de
royalties de qualquer natureza, bem como a remuneração
pela contraprestação de serviços técnicos e de assistência
administrativa e semelhantes prestados por residentes ou
domiciliados no exterior. Não constitui, portanto, fato gerador
da referida contribuição, os valores pagos, creditados,
entregues, empregados ou remetidos pela remuneração de
serviços, para cuja execução não dependa de
conhecimentos técnicos especializados." (Processo de
Consulta nº 196/03 - SRRF / 8ª Região Fiscal)
Do exposto, observa-se que a matéria não encontra-se
totalmente pacificada pela Receita Federal. Dessa forma,
cabe ao contribuinte, na hipótese de entender pela
não-incidência da contribuição, ingressar com consulta
formal ao fisco nesse sentido, ou mesmo discutir
judicialmente a matéria.
Fundamentação: Ato Declaratório Normativo nº 1, de
05.01.2000 e Art. 2º da Lei nº 10.168/2000.
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VIII.3 Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS)
A Medida Provisória nº 352/2007, convertida na Lei nº
11.484/2007, instituiu o Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
Semicondutores (PADIS).
Entre os benefícios deste programa, foi reduzida a 0 (zero) a
alíquota da CIDE/Remessas ao Exterior, nas remessas
destinadas ao exterior para pagamento de contratos relativos
à exploração de patentes ou de uso de marcas e de
fornecimento de tecnologia e prestação de assistência
técnica, quando efetuadas por pessoa jurídica beneficiária do
PADIS, observadas as regras do programa.
Fundamentação: Art. 3º, § 3º, da Lei nº 11.484/2007.
VIII.4 Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Equipamentos para TV
Digital (PATVD)
A Medida Provisória nº 352/2007, convertida na Lei nº
11.484/2007, instituiu o Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos
para TV Digital (PATVD).
Entre os benefícios deste programa, foi reduzida a 0 (zero) a
alíquota da CIDE/Remessas ao Exterior, nas remessas
destinadas ao exterior para pagamento de contratos relativos
à exploração de patentes ou de uso de marcas e de
fornecimento de tecnologia e prestação de assistência
técnica, quando efetuadas por pessoa jurídica beneficiária do
PATVD, observadas as regras do programa.
Fundamentação: Art. 14, § 3º, da Lei nº 11.484/2007.
VIII.5 Decisões em processo de consulta
Neste subtópico foram transcritas algumas Soluções de
Consulta que tratam da incidência da CIDE/Remessas ao
exterior, especificamente em relação ao seu aspecto material.
Será possível notar nessas soluções, inclusive,
posicionamentos contrários em relação ao mesmo assunto, o
que demonstra a dificuldade em relação à materialidade desta
contribuição.
Em que pese surtirem efeitos somente entre as partes, essas
ementas demonstram o entendimento do Fisco sobre o
assunto, bem assim servem de parâmetro para possível
indagação do próprio contribuinte à Secretaria da Receita
Federal do Brasil.Agente de logística
"Não ocorre a incidência da Cide sobre as importâncias
pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas pelo
exportador a agente de logística no exterior, a título de
despesas com documentação, desembaraço aduaneiro,
armazenagem, seguro e transporte de carga, necessárias à
entrega da mercadoria no local designado pelo importador
(contrato com cláusula DDU), por não caracterizar
remuneração de serviços técnicos, assistência técnica e
administrativa e royalties." (Processo de Consulta nº 31/06 -
8ª Região Fiscal)
Assistência administrativa contratados pela parceira
estrangeira
"As remessas de valores a empresa do mesmo grupo
econômico domiciliada no exterior, feitas a título de
reembolso de despesas decorrentes do benefício indireto,
em favor da empresa brasileira, da prestação de serviços de
assistência administrativa contratados pela parceira
estrangeira com terceiro no exterior, não se sujeitam à
incidência da contribuição instituída pela Lei no 10.168, de
2000, com as alterações da Lei no 10.332, de 2001, tanto
mais quando não existe qualquer contrato escrito firmado
pela pessoa jurídica brasileira a respeito." (Processo de
Consulta nº 50/05 - 9ª Região Fiscal)
Base de cálculo
"A base de cálculo da contribuição de intervenção no domínio
econômico, instituída pela Lei nº . 10.168, de 2.000, é o valor
total da operação contratada, sem quaisquer deduções (...)"
(Processo de Consulta nº 170/05 - SRRF / 7ª Região Fiscal)
"O IRRF incidente sobre os valores pagos, creditados,
entregues, empregados ou remetidos a empresa domiciliada
na França a título de remuneração por serviços técnicos
compõe a base de cálculo da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico, mesmo que a fonte pagadora brasileira
tenha assumido o ônus do imposto." (Processo de Consulta
nº 74/08 - SRRF / 6ª Região Fiscal)
"O Imposto de Renda Retido na Fonte incidente sobre os
valores pagos, creditados, entregues, empregados ou
remetidos a residentes ou domiciliados no exterior compõe a
base de cálculo da Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico ("Cide-Remessas"), instituída pelo art. 2º da Lei
nº 10.168, de 2000, nas hipóteses em que esta seja devida,
ainda que a fonte pagadora brasileira tenha assumido o ônus
do imposto." (Processo de Consulta nº 38/07 - SRRF / 4ª
Região Fiscal)
"A contribuição incide sobre as importâncias pagas,
creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada
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mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de
remuneração decorrente das obrigações contraídas. Quando
a empresa brasileira assume o ônus do imposto de renda
incidente na operação, está fazendo um pagamento adicional
ao seu fornecedor do exterior. Nesse caso, o valor que
servirá de base de cálculo da CIDE deveser reajustado."
(Processo de Consulta nº 44/06 - SRRF / 6ª Região Fiscal)
Cessão de marca
"A importância paga, creditada, entregue, empregada ou
remetida por pessoa jurídica com sede no Brasil à pessoa
jurídica domiciliada no exterior pela cessão (aquisição) de
marca de produto, não está sujeita à incidência da Cide, por
não caracterizar hipótese de incidência da referida
contribuição. Se o preço contratado englobar a aquisição da
marca e também a tecnologia usada na fabricação do
produto, mas tais valores forem segredados para efeito de
registro junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial -
INPI e pagamento, sobre o valor relativo ao fornecimento da
tecnologia ocorre a incidência da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico, por se tratar de hipótese
prevista no art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000." (Processo de
Consulta nº 239/07 - SRRF / 8ª Região Fiscal)
Direitos autorais
"A CIDE/Royalties, instituída pela Lei nº 10.168/2000, não
incide sobre a remessa ao exterior de pagamentos relativos a
exploração de direitos autorais, mesmo que sobre a
denominação de royalties, por força do comando
interpretativo do artigo 10 do Decreto nº 4.195/2002.
Não é possível a exigência da CIDE/Royalties sobre os
mesmos fatos que constituem hipótese de incidência da
CONDECINE, devendo, no caso de colidência, prevalecer a
incidência da CONDECINE, por ser mais específica."
(Acórdão nº 301-34.753 - 3º CC / 1ª Câmara)
Know How
"Não ocorre o pagamento da Cide sobre o valor do Know
How cedido por empresa domiciliada no exterior para
integralização de capital (investimento) no Brasil, por não
caracterizar hipótese de incidência da referida contribuição."
(Processo de Consulta nº 178/06 - 8ª Região Fiscal)
"A remuneração periódica (royaltie) paga, creditada,
entregue, empregada ou remetida, a cada mês, a residente
ou domiciliado no exterior, pela licença de uso de marca,
associada à prestação de assistência técnica e à
transferência de know-how técnico e serviços de sistema,
bem como pelo direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio, no sistema de franquia, está
sujeita à incidência da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico, desde janeiro de 2001, quando de sua
instituição pela Lei nº 10.168/2000" (Processo de Consulta nº
249/02 - 7ª Região Fiscal)
Propaganda e publicidade
"A partir de 1º de janeiro de 2002, os valores pagos,
creditados, entregues, empregados ou remetidos ao exterior
a título de remuneração pela prestação de serviços de
propaganda e publicidade, estão sujeitos ao pagamento da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide),
instituída pela Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000, por
se tratar de 'serviços técnicos especializados'." (Processo de
Consulta nº 86/06 - 8ª Região Fiscal)
"Os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou
remetidos ao exterior a título de publicidade não estão
sujeitos ao pagamento da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico-Cide, instituída pela Lei nº 10.168, de
29.12.2000, por não constituir fato gerador de tal
contribuição." (Processo de Consulta nº 15/03 - 8ª Região
Fiscal)
"A incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico - CIDE abrange a remessa ao exterior em razão
de prestação de serviços de propaganda, divulgação e
promoção de destinos turísticos brasileiros, ainda que tais
remessas se dêem na forma de reembolso ou ressarcimento
a empresa do mesmo grupo, em virtude de celebração de
pacto de rateio." (Processo de Consulta nº 43/08 - SRRF / 4ª
Região Fiscal)
Registro/depósito no exterior de marcas, patentes e
desenhos industriais
"A partir de 01/01/2002, os valores pagos, creditados,
entregues, empregados ou remetidos por pessoa jurídica
sediada no País a residentes ou domiciliados no exterior, a
título de remuneração de serviços técnicos sem transferência
de tecnologia, entre os quais se enquadram os serviços
relativos ao registro/depósito no exterior de marcas, patentes
e desenhos industriais de propriedade de residentes ou
domiciliados no Brasil, passaram a estar sujeitos à incidência
da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico -
CIDE (Remessas para o Exterior), à alíquota de 10%."
(Processo de Consulta nº 122/05 - 7ª Região Fiscal)
Serviços de assessoria
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"A partir de 1º de janeiro de 2002, as importâncias pagas,
creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a
beneficiários residentes ou domiciliados no exterior a título de
remuneração pela prestação contínua de serviços de
assessoria gerencial e administrativa, planejamento,
orçamento, coordenação de contratação de pessoal,
assessoria diretiva, marketing e assessoria técnica e de
qualidade, estão sujeitas ao pagamento da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico (Cide) à alíquota de 10%
(dez por cento), por configurarem assistência administrativa e
semelhante de que trata o § 2º do art. 2º da Lei nº 10.168, de
2000 (com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 10.332, de
2001)." (Processo de Consulta nº 159/07 - SRRF / 8ª Região
Fiscal)
Utilização de "unidade tecnológica"
"Os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou
remetidos por fonte situada no País a pessoa jurídica
domiciliada no exterior, pela utilização de "unidade
tecnológica" nas áreas de telecomunicações e de
informática, caracterizam remuneração por serviços
prestados.Tais importâncias, por configurarem remuneração
de "serviços técnicos e de assistência técnica", sujeitam-se a
partir de 1º de janeiro de 2002 com a cobrança da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-Cide, ao
imposto de renda na fonte à alíquota de 15% (quinze por
cento)." (Processo de Consulta nº 164/03 - 3ª Região Fiscal)
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