Construção de um Meio Casco, passo a passo (Octávio Oliveira) Para exemplificar a metodologia seguida, ocorreu-me voltar a construir o 3º modelo da esquerda (contando de cima para baixo, ver foto 1. .
Foto 1
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Trata-se do ½ casco do famoso Nan, obra-prima do arquitecto William Fife que o terminou em 1896. Este veleiro devido à utilização de novos materiais e acompanhando o progresso galopante da arquitectura naval da época, “conseguiu”chegar até aos nossos dias. Adquirido e restaurado por um antiquário de artefactos náuticos, Philipp Menhinicke que o “descobriu”em 1998…graças à Internet! Coincidência ou destino esta preciosidade já tinha pertencido ao seu Avô… Em Agosto de 2001 com mais de 100 anos de existência, completamente renovado navegou para a ilha de Cowes a fim de participar no jubileu da Copa da América! Um fenómeno de resistência e elegância com os seus 19,25 metros de comprimento e mais de 310 metros quadrados de velas … Foto 2: A minha réplica vai começar … .
Foto 2
Ampliei os planos (num centro de fotocópias) para que o modelo passa-se a ter 60 cms de comprimento, ver foto 3. .
Foto 3
Fotos 4 e 5: Obtenção dos moldes em cartolina. .
Foto 4
Foto 5
Foto 6: Espessura das peças 1 a 4 com 9mm e a 5 de 14,5mm. .
Foto 6
Como estas medidas não existem em MDF optei por 3 “réguas” de 70cms x 15cm x10mm e uma outra com 3mm de espessura para que o leme fizesse parte integrante do conjunto. Foto 7: Fixei os moldes e marquei o seu contorno. .
Foto 7
Em seguida o corte com uma serra tico tico, tendo o cuidado de exceder a marcação 1 a 2mm por uma questão de segurança, ver foto 8. .
Foto 8
A foto 9 mostra a parte mais larga da metade do convés com 5,4 cms. .
Foto 9
Na foto 10, a peça 0/5 com o contorno do leme tem a espessura de 3mm como já tínhamos dito, as restantes tem 10mm, portanto mais 1 mm do que o requerido, … total 5,3 cms …quase o que se pretende, então adicionei uma outra (5/5) com 5mm de espessura há já existente de 10mm. Foi o ajuste possível sem recorrer a ferramentas dispendiosas ou ao auxílio de profissionais. .
Foto 10
Foto 11: Conjunto, provisório sem a peça que tem o leme, já dá uma ideia do nosso projecto.
Foto 11
Foto 12: O contorno equivalente ao convés indicado por setas irá ser ajustado em todas as peças. (grosa de meia cana para madeira) A serra eléctrica tico tico,é pouca precisa, cortaram-se as silhuetas com uma margem excedente de 1 a 2mm. Durante a fase de acerto à grosa haverá cuidado essencialmente com a extremidade das peças para não as quebrar. .
Foto 12
Foto 13: Com o plano de linhas longitudinais marca-se a distância entre elas, nas peças já cortadas e empilhadas. .
Foto 13
Na foto 14, nota-se à parte as 2 peças 5/5de espessuras diferentes em fase de colagem. .
Foto 14
Foto 15: As peças 1/5, 2/5, 3/5, 4/5 assinaladas a negro na extremidade em direcção á proa tem um contorno interior numerado a vermelho onde irão ser coladas as assim identificadas. .
Foto 15
Foto 16: Aplicam-se pelo menos 3 demãos, com um intervalo de 24h cada, de uma velatura acrílica escura (neste caso cor de tijolo), no reverso das peças 2/5, 3/5, 4/5 e 5/5. .
Foto 16
Foto 17: Exemplo: modelo do Endeavour. Este estratagema dará visibilidade às linhas longitudinais em relação ao conjunto depois de envernizado. .
Foto 17
As fotos 18, 19, 20, 21, 22 mostram a justa posição para a colagem peça a peça. .
Foto 18
Foto 19
Foto 20
Foto 21
Foto 22
. Fotos 23, 24:Exemplo das primeiras, usar cola branca extra, deixando secar pelo menos 1 hora antes de acrescentar outra, porque “patinam” não permitindo uni-las todas numa só operação.
Foto 23
Foto 24
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Foto 25: Conjunto completo, mesmo com tempo seco deve-se aguardar cerca de 24 horas mantendo os grampos de aperto. .
Foto 25
Fotos 26, 27 na parte de traz do ½ casco (ainda por esculpir) o molde com as linhas verticais que correspondem à posição dos diversos contornos do plano transversal. .
Foto 26
Foto 27
Foto 28: Molde da metade longitudinal do convés. .
Foto 28
Na foto 29 os dois moldes colados (cola para papel) para permitirem os primeiros ajustes. .
Foto 29
Foto 30: O molde do convés permite o corte do seu contorno. .
Foto 30
Foto 31: Com uma faca Xato apara-se o contorno. .
Foto 31
Seguidamente com uma pequena polaina desbasta-se com mais precisão, ver foto 32. .
Foto 32
Foto 33: Ao centro o plano transversal das cavernas mostra do lado direito começando pela proa da 1 a 7 tendo escolhido uma cartolina de cor amarela para melhor exemplificar. Do lado esquerdo temos da 8 até a 14 de outra tonalidade não considerando de momento o painel da popa (15). As cavernas são recortadas de modo que a parte vazia é que servirá de guia. .
Foto 33
Foto 34: Palavras para quê? A foto é bem explícita. .
Foto 34
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Foto 35: Mostra parte das ferramentas a serem utilizadas e o ajuste do convés já efectuado. .
Foto 35
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Foto 36: A pedra de esmeril e óleo poderão servir para repor o gume dos formões a utilizar. A pequena chave de fenda foi afiada tornando-se muito útil para abrir sulcos nas marcas das futuras cavernas. .
Foto 36
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Fotos 37 e 38: Aleatoriamente a caverna 8 foi o início de esculpir o nosso modelo. .
Foto 37
Foto 38
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Foto 39: Alternadamente abriram-se sulcos na estrutura de acordo com os moldes utilizando as ferramentas mostradas. .
Foto 39
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Fotos 40 a 43: Na execução do corte, há que lembrar que o produto final será envernizado não permitindo erros que não poderiam ser corrigidos a betume. .
Foto 40
Foto 41
Foto 42
Foto 43
Foto 44: As grosas para madeira vão melhorar imenso o trabalho já conseguido. .
Foto 44
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Foto 45: Altura para se colar a peça 05 de 3mm que tem o leme delineado. .
Foto 45
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Foto 46: Notam-se as linhas longitudinais permitidas pela velatura aplicada logo no início e o plano para comparação. .
Foto 46
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Foto 47: É o momento de com o molde da peça 15 e uma grosa de meia cana ajustarmos a extremidade do ½ painel de popa. .
Foto 47
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Foto 48: Corta-se o leme em MDF de 3mm que irá posteriormente ser colado sobre a peça 05. .
Foto 48
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Foto 49: A partir deste momento irei utilizar tapa poros muito liquefeito para dar dureza ao MDF e lixa de 80 ou 100 (grão) passando sucessivamente para média e fina chegando até ao número 600…! Irei também dando camadas sobre camadas de tapa poros. .
Foto 49
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Foto 50: Mostra a primeira aplicação ainda húmida. .
Foto 50
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O modelo depois de seco fica muito mais claro e o facto de continuar a aplicar tapa poros não o escurece consegue-se sim uma dureza desejável que permite um bom polimento antes de aplicar 2 ou três demãos de verniz sintético de cor como acabamento final. O modelo depois de seco fica muito mais claro e o facto de continuar a aplicar tapa poros não o escurece consegue-se sim uma dureza desejável que permite um bom polimento antes de aplicar 2 ou três demãos de verniz sintético de cor como acabamento final. Foto 51: Cola-se com cola de contacto um pedaço de folheado (escolhi faia) um pouco maior que a silhueta do convés.
Foto 51
Foto 52: Com uma pequena tesoura recorta-se o folheado já colado, o mais próximo da periferia do ½ Casco
Foto 52
Foto 53 Com um X acto melhora-se o corte feito previamente na foto 52:
Foto 53
. Foto 54: Com uma pequena lima paralela para corte de metais aperfeiçoa-se o folheado colado ao convés.
Foto 54 Foto 55:O modelo em cima de um pequeno banco com tudo o que foi necessário nesta fase final.
Foto 55
Foto 56: Caso optemos por colocar na parede o Meio Casco sem placa de fundo, pinta-se a parte de traz para protecção e aparafusa-se sensivelmente ao meio um gancho de suporte tendo o cuidado em ficar oculto de modo a não se ver o prego ou escápula que o vai suspender.
Foto 56
Foto 57: O nosso Nan já está colocado numa parede vendo-se em baixo na quilha a pequena placa com o nome.
Foto 57
Foto 58: Se por opção ou gosto pretendermos colocá-lo numa placa de fundo, começa-se por fazer um contorno em cartolina que depois é recortado.
Foto 58
Fotos 59, 60 e 61: Marcam-se 2 pontos na silhueta aqui mostrados nas extremidades de um traço. Como esta silhueta servirá para fazer 2 furos no Meio Casco terá que se ter em linha de conta a espessura da madeira para não furar o modelo de lado a lado…inutilizando o nosso modelo.
Foto 59
Foto 60
Foto 61
Foto 62: É altura de com o mesmo molde marcar a placa de fundo, neste caso uma simples prateleira com bom acabamento a carvalho (revestimento a melamina) serviu muito bem. Podem ver-se igualmente as ferragens bem como as ferramentas ainda a utilizar.
Foto 62
Foto 63: E o nosso modelo está pronto a decorar um local na nossa casa, podendo ficar montado numa parede como já vimos anteriormente ou numa estante com o auxilio de uma peanha.
Foto 63
Foto 64: A imaginação não tem limites, poderá montar-se nos modelos os mastros mostrando-os estilhaçados, evita-se uma placa de fundo larga e inestética…ficando-se a saber quantos possui o veleiro… também infra-estruturas e outros equipamentos podem ser aplicados, aproximando-se neste caso de uma meia maqueta
Foto 64
Chegamos pois ao fim da nossa secção. Tenho a acrescentar que este “hobby” com os seus laivos artísticos torna-se obsessivo para quem o pratica.