Guia Prático Para tomada de decisão em GruPo
Osmar Mendes
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Melhor DeCiDir
[2]
osmar mendes
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isBN: 978-85-320-0199-3
1a Edição: 19892a Edição: 2009 (versão eletrônica)
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suMário
introdução ...................................................................................... 4
Consulta Bahá’í, ou tomada de decisão grupal .............................. 6
A reunião de consulta ..................................................................... 9
As cinco etapas da Consulta ........................................................... 10
i – Concordar sobre os fatos ............................................... 10
ii – Concordar sobre os princípios envolvidos .................... 11
iii – Criatividade participativa integral ............................... 12
iV – Formulação da moção e votação respectiva ................ 13
V–Definiçãodaação......................................................... 14
Exemplo de uma consulta .............................................................. 15
Os requisitos básicos ...................................................................... 19
As condições essenciais ao bom êxito ........................................... 21
Aceitação da decisão do grupo....................................................... 24
resumo ........................................................................................... 26
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osmar mendes
“A consulta confere maior consciência e transforma conjeturas em certezas. É uma luz brilhante que, num mundo escuro, ilumina e guia o caminho. Para tudo existe e continuará a existir um estágio de perfeição e maturidade. A maturidade do dom do entendimento é manifesta através da consulta.”
Bahá’u’lláh
INTRODUÇÃO
Bahá’u’lláh, o Fundador da Fé Bahá’í (1817 / 1892), trouxe, com sua revelação no século
passado, muitos ensinamentos novos para ajudar a humanidade a resolver seus problemas.
Problemas individuais e problemas coletivos.
Ele foi mais um Mensageiro divino que se revelou à humanidade, como Muhammad,
Cristo, Moisés, Buda, Zoroastro e Krishna no passado. Como todos esses seres raros, que
fundaram novas religiões, as quais se desenvolveram e se espalharam amplamente, com
milhões de seguidores através dos séculos, Bahá’u’lláh também inspirou, e continua inspirando,
milhões e milhões de almas, e hoje sua Fé é, conforme o livro do Ano da Enciclopédia
Britânica, 1987, a segunda religião mais espalhada no mundo depois do cristianismo. As
estatísticas revelam existirem bahá’ís (os seguidores da Fé Bahá’í) em todos os continentes,
em cerca de 220 países e territórios livres do mundo, num total de 118.000 localidades.
seus ensinamentos não são apenas de ordem espiritual e mística. Bahá’u’lláh revelou
princípios universalistas para a solução dos problemas sociais, que são subsídios vitais para
que a espécie humana alcance uma era de verdadeira maturidade, para a paz e a fraternidade,
para o progresso e a justiça social, para todos os povos, no mundo inteiro. Os bahá’ís trabalham
para que a humanidade se desperte integralmente para a realidade de que “A Terra é um só
país,eossereshumanos,seuscidadãos”–frasefamosadeBahá’u’lláhqueéumaafirmativa
da unidade humana.
A Ordem Mundial de Bahá’u’lláh é um dos temas mais fascinantes de nossa época,
umdesafioparaosestudiosos,umaesperançaparaaquelesquealmejamumanovavidano
planeta, uma certeza para aqueles que já estão trabalhando para sua concretização e que,
pouco a pouco, veem a realização de tão elevado e nobre ideal.
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Um dos ensinamentos práticos que tem sido muito testado e que, felizmente, tem se
mostradoeficazemsuaaplicação,éodaCONSULTABAHÁ’Í.
Trata-se de algo que pode ser aplicado em qualquer nível de ação e para qualquer
grupo de pessoas – na tomada de decisões.
Consultar para melhor decidir–éumaafirmativaquesebaseiaemorientações
dadas por um ser divino, um Mensageiro de deus, um iluminado. Questão de fé, para os que
creem.
E às pessoas que ainda não conhecem a revelação de Bahá’u’lláh pedimos que, sem
preconceito e considerando a consulta bahá’í como uma nova técnica que lhes está sendo
apresentada, analisem o trabalho imparcialmente e, ao mesmo tempo, coloquem em prática
suas recomendações.
Não há porque se preocupar com a “árvore”, sua aparência, ou procedência, ou mesmo
com sua “família botânica” É mais prático – e este é o nosso objetivo – provar logo do sabor
de seus “frutos”, pois quando o fruto é bom a árvore de onde ele procede certamente também
o será.
Assim, pedimos que nos concentremos na leitura, na análise e na prática deste “fruto”
chamado CONsUlTA BAhá’í.
É o convite que lhe fazemos.
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osmar mendes
CONSULTA BAHÁ’Í ou
PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO EM GRUPO
UmadascaracterísticasdaVERDADE,comoumfatocientíficoporexemplo,ésua
universalidade, ou seja, o fato se repete com os mesmos resultados qualquer que seja a pes-
soa que dele trate, em qualquer parte do mundo, - contanto que sejam idênticas as condições
essenciais.
Na consulta bahá’í existem também algumas condições que são vitais para o sucesso
do processo como um todo.
Em primeiro lugar, os OBJETiVOs.
1. A consulta é feita para levar a uma tomada de decisão em grupo.
Emqualquerconsulta,afinalidadeéchegar-seaumadecisão,queseráaopinião
consensual do grupo.
Portanto, consultar, segundo a orientação bahá’í, não é “bater-papo”, “trocas ideias”,
“relatar experiências pessoais”, “mostrar conhecimentos”, “entretenimento verbal”. Tudo isso
pode fazer parte da consulta, mas um ponto vital, condição “sine-qua-non” da mesma, é que
ogrupo,apriori,concordaqueaofinalumaDECISÃOterádesertomada.
2. A consulta é utilizada para uma finalidade bem definida, aprovada a priori pelo gru-
po:
chegar a um consenso da VErdAdE existente em determinado assunto, ou a.
chegar a uma conclusão sobre uma tomada de decisão que represente os melhores b.
interesses:
do próprio grupo, quando é assunto de seu exclusivo interesse;1.
de toda a coletividade, quando se trata de assunto que afete a terceiros, 2.
além do grupo.
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Exemplo:
Um grupo de estudante se reúne para consultar sobre um tema escolar e o ob-a.
jetivo é descobrir a verdade. O método será aplicado para que todos cheguem
a uma conclusão de que tais e tais pontos consultados representam a “verdade”
encontrada.
Um grupo está enfrentando um problema de seu interesse direto.b.
Moram num mesmo bairro e há um grande buraco na rua, feito pelas chu-1.
vas. Têm de decidir o que fazer para desimpedir a rua, uma vez que não
podem sair de cada com seus carros.
Ou
Um grupo de técnicos, na Prefeitura, foi solicitado para urgentemente re-2.
solver o problema do conserto da rua onde o buraco existe. Não há verba
para as obras e os moradores estão, inclusive, reclamando publicamente
com a presença da imprensa.
3. A consulta é de aplicação universal, isto é, tanto pode ser usada na família, para resolver
problemasgeraisdamesma,comoparacasosmaisespecíficos,assuntosentreesposos,ou
entreospaiseumdosfilhos,ouaindaentreirmãosouparentes.Etambémnoâmbitode
empresas e instituições, quaisquer que sejam, órgãos do governo, clubes, escolas, indústrias,
comunidades de bairros, etc.
Na Fé Bahá’í, a consulta é aplicada em todas as suas reuniões administrativas e em
todos os níveis de sua vida comunitária.
O método da consulta para ser completo e trazer os resultados esperados consiste de
5 passos práticos, que são os seguintes:
I – Concordar com os fatos
II – Concordar sobre os princípios envolvidos
III – Criatividade participativa integral
IV – Formulação da moção e votação respectiva para sua aprovação
V – Definição da ação a ser tomada
No aspecto teórico, que seria de preparação interna para cada participante alcançar o
ponto ideal, psicológico, para a consulta, existem:
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osmar mendes
I - os requisitos básicos:
Pureza de motivo1.
Espírito radiante2.
Desprendimento pessoal3.
Humildade4.
Paciência e resignação em dificuldades5.
II – as condições essenciais ao bom êxito, que são:
1a condição: Amor e harmonia entre os participantes
2a condição: Voltar-se para Deus, pedindo auxílio e inspiração,
3a condição: A forma de expressar seus pontos de vistas:
com cortesia,a.
com dignidade,b.
cautela,c.
moderação,d.
atitude devocional,e.
não insistir para impor suas próprias ideias,f.
aceitar a decisão da maioria e defendê-la como se fosse sua g.
própria.
A seguir, serão analisados, um a um, todos os itens acima.
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A REUNIÃO DE CONSULTA
É necessário organizar com antecedência a reunião, convidando todos os seus integran-
tes previstos, que deverão ser informados dos assuntos a serem tratados, dia, local e hora.
há reuniões mais simples, com pequeno número de participantes, e há as maiores,
mais numerosas em integrantes. Quanto mais numeroso o grupo mais complexa se torna a
condução dos trabalhos. sempre, porém, deve haver uma pessoa para COOrdENAr a reu-
nião e outra para sECrETAriAr, anotando as decisões tomadas.
No decorrer das explanações do livro, os leitores tomarão conhecimento das funções
de um e de outro. desde logo deve ser esclarecido que uma coordenação na reunião de con-
sultaévitalparaacorretaeeficienteconduçãodostrabalhos.Eumbomsecretárioanotade
forma imparcial as moções aprovadas, registrando de forma completa as decisões que foram
aprovadas, as quais representam o consenso do grupo e nunca aquilo que ele pessoalmente,
julga melhor anotar.
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osmar mendes
AS CINCO ETAPAS DA CONSULTA
I - CONCORDAR SOBRE OS FATOS
Este primeiro passo consiste na busca dos fatos e na concordância de que realmente
o grupo tem conhecimento dos fatos relacionados ao assunto em consulta.
há um perigo muito grande em se confundir “opinião” com “fato” ou “informação de
ouvir dizer” com “testemunhos pessoais”.
“Opinião”, ou pontos de vistas, é algo que poderá ocorrer no iii estágio da consulta.
Não aqui, quando se está iniciando a consulta. há que se evitar qualquer colocação emocio-
nal ou sentimental, como preconceitos, desejos pessoais, simpatias ou antipatias por coisas,
pessoais ou situações.
As informações, para ajudar a compreensão de todos os fatos pertinentes ao assunto,
devem ser as mais fatuais possíveis, pois há grande perigo em se aceitar como fato uma in-
formação de terceiros que, muitas vezes, quando bem investigada, não tem procedência.
Quanto mais dados informativos sobre o assunto, melhor.
Quanto mais fatos concretos, prováveis, mais claro se torna o assunto a ser tratado;
mais completo ele será, pois qualquer assunto, com meias informações, só leva a meias so-
luções.
Portanto, não deve haver pressa, neste primeiro passo. Cada um dos participantes
devechegaraopontodeficarsatisfeitocomasinformaçõesapresentadassobreoassuntoem
consulta. devem até perguntar:
sabemos tudo o que deveríamos saber sobre o assunto?•
Que fatos adicionais poderíamos ainda buscar saber?•
Estamos satisfeitos com o nível de informações?•
É importante que, antes da reunião, especialmente as pessoas que convocam a consulta,
seu presidente ou coordenador, o secretário do grupo, ou a pessoa que servirá como relator,
procurem reunir todos os dados possíveis atinentes ao assunto a ser tratado, para ganhar tempo
durante a consulta e evitar que, eventualmente, a reunião tenha de ser suspensa até alguém
ir buscar documentos ou telefonar a esta ou aquela pessoa para obter informações precisas
sobre determinados aspectos do assunto.
Quantomelhorpreparadaforareunião,maiseficienteelaserá.
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II – CONCORDAR SOBRE OS PRINCÍPIOS ENVOLVIDOS
Tendo em vista buscar a consulta a solução de problemas para benefício de um grupo,
em alguns casos dos próprios participantes, como no caso de uma consulta em família, ou,
como ocorre na maioria dos casos, em benefício de terceiros,
É necessário buscar um ponto de referência, suprapessoal, pelo qual pautar o senso
de justiça e a legitimidade da decisão tomada.
isso ocorre quando a decisão é tomada em função dos PriNCíPiOs ENVOlVidOs
no assunto tratado, e nunca em razão das pessoas ou dos fatos em si.
Osprincípiossãofixos,autoritativos,acimadeinteressespessoais.Sãoasnormas
gerais pré-estabelecidas, as diretrizes básicas, a lei e sua jurisprudência.
Podem ser espirituais, legais, morais, administrativos, ou ainda normativos por tra-
dição.
Os Estatutos de uma sociedade, a Constituição de um estado ou nação, os livros sa-
grados de uma religião, as normas morais da família, os procedimentos legais em empresas
ouclubes,sãoexemplosdefontesoficiaisquedefinemoquechamamosde“princípios”.
Assim, depois do grupo ter concordado sobre os FATOs atinentes ao assunto consul-
tado, deve, agora, concordar sobre os princípios envolvidos.
Em especial, o relator do assunto apresentado, ou mesmo qualquer outro integrante do
grupo, deve prover informações e comprovações dos princípios dentro dos quais se encaixa
o assunto tratado.
Conscientes todos os participantes de que é este ou aquele o princípio, ou mesmo mais
de um os envolvidos no assunto, a consulta passará a ser feita em função dos mesmos a sua
aplicação no caso em pauta.
há que se esclarecer não se tratar de uma “desumanização” do assunto. se o mesmo
envolve pessoas, o fato de se tratar de um ser humano encontra guarida, certamente, em algum
dos princípios que regem o campo de atividade no qual se encaixa o assunto tratado. Mas,
o direcionamento da consulta não será motivado pelas pessoas envolvidas, ou porque seria
difícil tratar com elas se a decisão tomada não for de seu interesse.
Em casos pessoais, as decisões devem basear-se sempre nos princípios, por mais
“influentes”ou“importantes”quepossamseraspessoasenvolvidas.
Em casos não-pessoais, a aplicação dos princípios não cria problemas de relaciona-
mento humano, que poderia afetar a decisão do grupo, para não “ferir” ninguém. A desper-
sonalização na tomada de decisões é fator imprescindível para chegar-se “à verdade” e ou
para“tomar-seadecisãomaisjustaeeficaz.”
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osmar mendes
III – CRIATIVIDADE PARTICIPATIVA INTEGRAL
Este é o passo criativo cem por cento e durante o qual cada participante tem o direito
de expressar livremente suas ideias. O coordenador organiza a ordem dos pronunciamentos
e procura manter a concentração dos mesmos no assunto em consulta. Nem sempre todos
desejam falar. Os que têm algo a dizer pedem a palavra, o coordenador anota e por ordem
de solicitação os participantes expressam seus pareceres. Outro procedimento, normalmente
quando o assunto exige mais criatividade e é importante que todos expressem suas ideias, é
dar a palavra a todos, um por um, dando uma, duas ou três rodadas completas de opiniões,
até que a maioria concorde que o assunto está realmente esgotado, nada mais havendo a
acrescentar para a tomada de decisão.
Algumas vezes ocorre que a consulta tende a se acalorar, transformando-se num ver-
dadeiro debate entre duas ou mais pessoas. Ou alguém pode tentar “dominar” a consulta com
seus pontos de vistas, insistindo demasiado em sua própria opinião. O papel do coordenador
é vital neste estágio da consulta. deve manter-se sempre imparcial, dar a todos oportunida-
des iguais e evitar qualquer extremo de excessiva participação ou alienação. Alguns pensam
maisrápidoeficamansiososdechegarlogoàsolução.Outrospensammaisdemoradamente
e retardam o ritmo dos pronunciamentos. há que se ter paciência em ambos os casos. O co-
ordenador deve manter o equilíbrio geral.
Em caso de alguma dúvida, ou ponto polêmico, o coordenador interrompe a ordem
dospronunciamentoseprocuraesclareceradúvidaouharmonizaropontoemconflito.
À cada rodada, o coordenador deve fazer um resumo dos pontos levantados e tentar
expressaroconsensodogrupoatéaqueleponto.Eassimatéarodadafinal.
É imprescindível que a consulta caminhe passo a passo, mas cada um deles claramente
definidoeaprovadopelogrupo,semdúvidasouconstrangimentodequemquerqueseja.A
atenção do coordenador é vital para isso.
Conforme o grupo, e com a repetição das reuniões, cria-se normalmente um acordo
tácito de procedimento, havendo elasticidade na forma da condução da consulta – nesta fase
– mas sempre dentro dos princípios gerais da consulta como um todo.
Nesta fase pode ocorrer também o tipo de reunião conhecido como “brainstorming”,
na qual cada um busca dar contribuições criativas ao assunto sem se importar sobre sua
aprovação ou se é uma ideia pouco prática ou muito custosa. O objetivo é criar, apresentar
algo novo, mas sempre com vistas à solução do problema proposto. Cabe ao coordenador
anotartudo,estratificarosconceitose,nummomentooportuno,aofinaldeumarodadapor
exemplo, resumir o que foi tratado, destacando os pontos principais como subsídios do grupo
para a solução do problema.
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IV – FORMULAÇÃO DA MOÇÃO E VOTAÇÃO RESPECTIVA
Esgotados os debates, a troca de ideias e a apresentação de sugestões, o coordenador
parte para o quarto passo do processo da consulta, que é a formulação de uma moção e
respectiva votação.
A moção é o texto da decisão.
Pode ser formulado pelo coordenador, ou por qualquer outro membro do grupo. ide-
almente seria o coordenador, mas ocorre muitas vezes que outro integrante do grupo, que
também acompanhou com atenção a consulta e está “bem por dentro” do assunto tratado,
tenha mais facilidade para formular o texto da moção.
Todas as moções devem ser secundadas, isto é, alguém deve dizer que “secunda a
moção”,oquesignificaqueachoucompletasuaformulação.Hácasosemqueamoçãodeve
ter seu texto expresso palavra por palavra, para aprovação imediata do grupo. de um modo
geral, o secretário lê o que anotou, muitas vezes apenas o conceito e os aspectos essenciais da
moção formulada, e posteriormente, quando redige formalmente a ata da reunião, completa
otextodetalhadamente.Normalmente,deve-sedarasjustificativasparaadecisãotomada,
como preâmbulo da moção.
Antes de dar o assunto como encerrado, o coordenador deve perguntar se todos estão
satisfeitos com os dados anotados, ou com o texto completo da moção. se alguém tiver algo
aacrescentar,ouamodificar,consulta-searespeitoeanovaformulaçãodamoção,corrigida,
ampliada,oureduzida,ésubmetidaàaprovaçãofinaldogrupo.
A aprovação ocorre de duas maneiras:
Por unanimidade, com o consenso do grupo, ou•
Por voto da maioria•
Todos têm votos iguais, um por pessoa. Ganha a maioria simples. se forem 9 os inte-
grantes do grupo, 5 votos dão ganho à moção. No caso de empate, por exemplo, se forem 10
pessoas consultando e 5 votam a favor, a moção não passou. Por isso, abster-se numa votação
dessa natureza é o mesmo que votar contra.
O ideal numa consulta é atingir-se sempre a unanimidade, pois não se trata de “uns
ganharem e outros perderem”. O objetivo é sempre o interesse maior do grupo ou de terceiros
sobre os quais o grupo está consultando. há casos em que o coordenador pergunta àquele ou
àqueles que não votaram a favor da moção se gostariam de ter mais esclarecimentos sobre o
assunto votado, ou se alguma ideia que tinham não foi considerada. Pode ocorrer que, pela
pressa, omite-se uma ideia ou sugestão de um dos participantes, a qual, uma vez reconsiderada,
mostra-se ser muito útil para a solução do problema. Justiça, imparcialidade, participação de
todos – são ingredientes imprescindíveis para uma correta tomada de decisão.
Uma vez aprovada, a moção passa a ser a decisão do grupo. deve-se até “esquecer” de
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osmar mendes
quem veio a ideia inicial, ou quem votou a favor ou contra quando da aprovação da moção,
se a mesma não tiver sido tomada por unanimidade. A decisão deve representar a unidade do
grupo, em pensamento e ação.
Umaimagemquefixariabemesteaspectoseriaadequeogrupoemconsultaas-
semelha-se a um grupo que fosse preparar um bolo, para cuja composição os participantes
estariam oferecendo os ingredientes, como o trigo, o fermento, os ovos, a manteiga ou o sal.
depois de pronto, o bolo é o resultado da contribuição de todos, e todos os ingredientes são
importantesparaaunidadefinal.
O secretáriodogrupoanotao textodamoçãoaprovada,parafinsde registro em
ata e para posterior acompanhamento da ação respectiva. A ata formal é imprescindível em
reuniões de empresas e instituições, a qual deverá ser lida na próxima reunião do grupo para
confirmaçãodefinitiva.Algumasorganizaçõestêmcomoprocedimentoregularquetodosos
integrantes da reunião de consulta recebam cópia da ata logo que a mesma seja formalmente
redigida pelo secretário, o que ocorre num prazo médio de uma semana normalmente.
V – DEFINIÇÃO DA AÇÃO
Todadecisãodevesercomplementadaporumaação.EparaquetalAÇÃOsejaa
maiseficazpossível,háquesedefinirosseguintespontos:
O QUE1. deveráserfeito.(praticamenteéoqueamoçãodefine).
QUEM2. ofará.(ogrupodevedecidir,seamoçãonãoincluiadefiniçãodequem
deverá encarregar-se da execução da ação aprovada).
COMO 3 seráfeito.(definiçãodaestratégiaoudasdiretrizesdeação,poisosde-
talhes devem ser tratados por QUEM irá executar a ação).
EM QUE TEMPO.4 (parafinsdeacompanhamentodaação,háquesedefinir
também em que prazo de tempo o grupo quer ver a ação realizada, podendo
darprazosintermediárioseumprazofinal).
ONDE5 .(hácasosemquesedevedefinirolocal,oulocais,ondeaaçãodeverá
ser implementada).
COM QUE RECURSOS6 ,(devemserclaramentedefinidososrecursosfinanceiros
e de materiais, se necessários).
Importantedefinir,ainda,QUEMdogrupofaráoacompanhamentodaação.
Emumapróximareuniãoumrelatóriofinaldeveráserapresentadopelapessoaen-
carregada de fazer o acompanhamento, para o assunto poder ser dado como ENCErrAdO,
ouparaquesejanovamentetratado,comrelaçãoacorreçõesquesefizeremnecessáriase
tomadadenovasaçõespara“apressar”ou“darnovossubsídios”àAÇÃO–atéasuacon-
clusãodefinitiva.
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EXEMPLO DE UMA CONSULTA
A diretoria de um clube social reúne-se mensalmente para decidir sobre assuntos de
interesse da sua instituição. são nove pessoas. O secretário, em consulta com o coordenador,
prepara a agenda da reunião, incluindo os assuntos que precisam ser levados ao conhecimento
de toda a diretoria e alguns deles tratados para a tomada de decisões.
Um assunto para consulta é a BiBliOTECA dO ClUBE.
O coordenador, normalmente, evita antecipar suas opiniões sobre o assunto em con-
sulta, embora possa sempre esclarecer um ou outro ponto, quando achar pertinente. Mas sua
palavra pessoal na consulta tem o mesmo “peso” que a de qualquer outro membro do grupo
e ele também deve esperar a sua vez para falar.
Cada pessoa pede a palavra e tem o direito de falar, objetivamente, sobre o aspecto
do assunto em pauta. há que buscar ser concisa, clara e ater-se ao ponto tratado. Ninguém
deve cortar a palavra de outro, esperando com paciência a sua vez de falar.
O PRIMEIRO PASSO: Concordar sobre os fatos
O coordenador pede ao secretário para apresentar o problema para consulta.
O secretário diz que muitos sócios têm reclamado que a biblioteca há meses não
compra novos livros, que também não há muitas revistas para lerem, especialmente revistas
em inglês, e que a senhora que cuida da biblioteca à tarde, conversa muito alto e fala demais,
atrapalhando aqueles que querem ler em silêncio, bem sossegados, como normalmente ocorre
em bibliotecas públicas.
O coordenador pergunta se alguém mais tem fatos ou informações a apresentar sobre
o assunto. Um dos diretores diz:
—É,realmente,eutambémachoqueabibliotecapoderiasermelhorada.Meusfilhos,por
exemplo,gostariamdelerrevistasinfantisenuncaencontramtaisrevistas.Afinal,nossos
filhosdeveriamterdireitosespeciais.Somosdiretores.
Aqui, cabe um esclarecimento do coordenador:
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osmar mendes
— Caro amigo diretor. devo lembrar-lhe que nossa consulta é para tomarmos decisões em
benefíciodetodoocorpoassociativoenãoapenasde“nossosfilhos”.Osfilhosdetodosos
sócios têm os mesmos direitos que os nossos. Outros jovens, e os adultos também. Portanto,
vamos nos ater aos interesses gerais do clube e não a interesses pessoais. Por favor!
Embora não goste muito da advertência, o diretor em questão, entendendo o espírito
da consulta, agradece ao coordenador, dizendo:
— Tudo bem.
Outro diretor pede a palavra e diz que o problema maior é a falta de verba:
— lembrem-se todos que reduzimos nossas verbas em 30%, diante das rendas do clube, que
não estão dando para cobrir todas as despesas.
O coordenador, então, sugere que, inicialmente, seja tratado este aspecto da consulta
– o FiNANCEirO. Todos concordam.
Aconsultaédirigidaparaasoluçãodosaspectosfinanceirosdoclube,comrelação
às despesas da biblioteca.
O SEGUNDO PASSO: Concordar sobre os princípios
A diretoria concordou que um dos aspectos do problema é a falta de verba e aprovou
consultarsobreesteitem,especificamente.
O coordenador pergunta qual é o princípio envolvido neste problema.
Váriosdiretoresmanifestamseuparecereocoordenador,aofinaldealgunsminutos,
resume o que acha ser o consenso do grupo:
Os estatutos dizem que os associados têm direito a uma biblioteca cultural e •
de entretenimento;
O orçamento anual previa uma verba para compra de livros e outros materiais •
para a biblioteca, verba essa que foi cortada em 30% no último semestre.
A diretoria tem o dever de prover soluções no interesse social.•
Todos concordaram serem estes três, os princípios sobre os quais deveriam consultar
para buscar solucionar o problema.
O TERCEIRO PASSO: Criatividade participativa integral
Bemdefinidososprincípios,o terceiropassoficamais fácildeser tratado.Neste
exemplo, não há necessidade de muita criatividade, pois o problema é de simples solução.
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O coordenador oferece a palavra a quem dela quiser fazer uso.
O diretor social diz que realmente a diretoria deve aprovar uma verba extra para a
compra de livros e revistas. E deu uma ideia criativa, a qual, sem mais debates, foi aprovada
unanimamente – a de se colocar uma folha em branco à disposição dos frequentadores da
biblioteca, na qual escreveriam suas sugestões sobre que tipos de livros e de revistas gostariam
que fossem compradas.
Aprovado também anunciar tal ideia no Noticioso Mensal do clube recomendando
que os associados escrevam para a diretoria, com suas sugestões.
O tesoureiro pediu a palavra e disse que o clube poderia dotar uma verba extra de
$200,00 para o próximo mês, cortando outros itens que poderiam ser adiados, como a com-
pra de um tapete para o hall de entrada da sede social.
Aberto o debate, ninguém objetou tal recomendação do tesoureiro, sendo aprovada
por consenso.
O QUARTO PASSO: Formulação da moção e votação respectiva
O coordenador perguntou se todos estavam satisfeitos, para ele poder formular a
moção respectiva. Ninguém contra, diz que este primeiro ponto da consulta sobre a biblioteca
–aquestãofinanceira–seriaresolvidocomadotaçãodeumaverbaextrade$200,00para
a compra de livros e revistas. Porém, tal compra dependerá das recomendações dos sócios
sobrequetiposdelivrosederevistasoquadrosocialmaisdeseja.Definidoesteaspecto,a
compra poderá ser feita.
O QUINTO PASSO: Definição da ação
Aprovadaamoção,ogrupotratadacomplementaçãodamesma,definindoasações
decorrentes da decisão:
1 – O que deverá ser feito?
informar aos sócios sobre suas recomendações com relação aos tipos de livros e revistas •
que desejam que o clube compre.
o tesoureiro deverá anotar a dotação da verba de $200,00.•
2 – Quem o fará?
o diretor-social fará a comunicação aos sócios.•
o tesoureiro do clube.•
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osmar mendes
3 – Como fazê-lo? Através dos procedimentos normais do clube.
4 – Em que tempo?
A diretoria aprovou que as recomendações dos associados serão recebidas até um
máximo de 30 dias, e nos 30 dias seguintes serão comprados os livros e revistas (pela
bibliotecária).
5 – Onde?
A bibliotecária deverá contatar as livrarias que normalmente dão um bom desconto
nas compras.
6 – Com que recursos?
A verba de $200,00 deverá ser utilizada da melhor forma possível, tentando-se
obter descontos, os maiores possíveis, para pagamento à vista.
Esta foi apenas uma parte da consulta total, na qual tratou-se do aspecto financeiro
do problema da biblioteca e de cuja consulta resultou também numa medida bem democrática
e popular sobre a questão do tipo de livros e de revistas a serem adquiridos.
havia, ainda, o problema da bibliotecária, que conversa muito e em voz alta para um
local de silêncio como uma biblioteca pública.
O coordenador menciona esse fato e pergunta quais são os princípios envolvidos no
assunto. O diretor social esclarece que o regulamento da biblioteca esclarece que as pessoas
devem manter silêncio e falar em voz baixa na biblioteca. só este ponto do regulamento
ésuficienteparachamaraatençãodabibliotecária.Umdosdiretoreslembraqueacitada
senhoraéfilhadeumdossóciosfundadoresdoclubeequenãodeveriammelindrá-la,pois
o pai poderia sentir-se ofendido.
O coordenador lembra que os princípios estão acima das personalidades, mas que,
obviamente, dever-se-ia falar com ela com toda a diplomacia, mas com energia.
Feita a moção, todos aprovaram que a bibliotecária deveria ser solicitada a mudar seus
modos de agir no trabalho, pelas razões expostas.
Odiretorsocialficouencarregadodessaação,comoqueencerrou-seareunião.
Este exemplo é de um problema muito simples, mas serviu para mostrar como a
consulta se desenvolve, passo a passo. há consultas bem mais complicadas, em assuntos
muito complexos, nem sempre de natureza material. Porém, para todos os assuntos o processo
é o mesmo e o exemplo acima é válido. A sub-divisão do problema em problemas menores,
ou em aspectos diferentes do mesmo, tratando-se um de cada vez e depois chegando-se ao
todo–completando-seaconsulta–éumatécnicamuitoeficaz.
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OS REQUISITOS BÁSICOS
Os cinco passos do processo da consulta são as condições técnicas e a sequência
naturalparamelhorconseguirumadecisãoeficaz.
Noentanto,semo“espírito”,semascondiçõespsicológicas,semasqualificações
pessoais ideais, todo o processo corre o risco de falhar. idealmente, cada integrante do grupo
deve esforçar-se para manifestar o que já lhe é intrínseco (qualidades internas) ou expressar,
mesmo com esforços pessoais, as seguintes atitudes mentais e espirituais:
1 – Pureza de motivos
sua participação no grupo, para consultar, não deve ser com interesses pessoais, nem
paratentarobstruirumasoluçãoqueseesperasejaútileamelhorparaafinalidadeprevista.
deve participar com pureza de motivos, para servir, para ajudar com sua presença, seus
conhecimentos e sua boa vontade em cooperar para o bem-comum.
2 – Espírito radiante
deve expressar-se positivamente diante do grupo, com entusiasmo e compreensão,
comalegriaeconfiança.Colocar-senoladobomdascoisaseassumirumaatitudepositiva,
sempre.
3 – Desprendimento pessoal
O desapego das coisas leva a uma condição de liberdade. Quanto mais apegado se
está a qualquer ideia ou hábito, menos livre se é. há que se reconhecer que cada ser humano,
por mais competente e estudioso que seja, sempre será incompleto e imperfeito. Perfeição e
infalibilidade pertencem unicamente ao Criador. Consultar desapaixonadamente e de forma
desprendida leva a pessoa mais próxima de um posicionamento pautado na justiça e na
equidade.
A humildade intelectual é um acervo dos mais valiosos num ser humano.
O desprendimento pessoal e a dependência espiritual de deus iluminam e ampliam
a mente e o coração, ampliam a visão interna e a intuição, ajudam muito no conhecimento e
na sabedoria, no domínio próprio e na conquista das verdadeiras riquezas humanas.
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osmar mendes
4 – Humildade
O grupo em consulta representa uma unidade coesa, cada integrante um elo importante,
mas num mesmo nível de igualdade. Atitudes e ações de superioridade prejudicam seriamente
a unidade do grupo, enquanto que a humanidade entre os participantes enaltece a todos e a
cada um e cria uma atmosfera de união e liberdade muito especial, que faz bem a todos. A
falta de humildade faz surgir os erros daninhos do egoísmo, acirra os ânimos e torna tensa a
reunião,tornando-aineficienteedesagradável.
5 – Paciência e resignação em dificuldades
Apesar de todos os cuidados que se possam ter, dos esforços pessoais para “acertar”
sempreedaobediênciaescritaaospassosdaconsulta,semprepodemocorrerdificuldades.
Afinal,sãosereshumanosqueestãoreunidos,comaindamuitasimperfeições,apesardaboa
vontade e intenção sincera que possam demonstrar.
Asdificuldades sãodevários tipos: pessoais, devido ao temperamento dapessoa
ou seu apego às próprias ideias; ou ainda pela seriedade do assunto em consulta, que pode
implicar no destino de vidas humanas, o que muitas vezes deixa os participantes por demais
preocupados com os resultados a que poderão chegar.
Ou, também, porque o grupo não tem os dados todos que precisaria ter para melhor
consultar, e a urgência exige uma tomada de decisão.
Em todas essas possibilidades, cada participante deverá ter muita paciência, consigo
mesmoecomseuscompanheirosdegrupo.Eresignar-sequandoasdificuldadesnãopodem
sersuperadas,ousãodificilmentesuperadas.Seperderemapaciênciaenãosouberemconter
o desespero, com certeza estragarão completamente a reunião. Em vez de luz, que é o que
sebuscaaofinaldaconsulta,oresultadoseráfrustraçãoeconfusão.Ogrupolamentar-se-á.
Críticasgeneralizadas,acusaçõesmútuaseatémesmorancoresoumágoassurgirão.Enfim,
o caos.
Estescincorequisitosbásicossãovitais,reafirmamos.Compaciência,esforçoconstante
eaprimoramentopermanente,cadapessoaficarámaisaptaamelhorconsultareobteros
melhores resultados de suas reuniões.
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AS CONDIÇÕES ESSENCIAIS AO BOM ÊXITO
Finalmente, existem as condições essenciais ao bom êxito da consulta, que são três e
que incluem aspectos espirituais e práticos:
PRIMEIRA CONDIÇÃO: AMOR E HARMONIA ENTRE OS PARTICIPANTES
Nem sempre todos os membros reunidos em consulta têm simpatia, amor fraterno
e admiração uns pelos outros. são seres humanos, com qualidades e defeitos. Alguns se
conhecem há muitos anos e seu relacionamento pode ter levado a alguns desentendimentos
pessoais ou à defesa de ideias diferentes, até contraditórias, em alguns assuntos. socialmente,
podemterdificuldadesderelacionamento,porrazõesasmaisdiversaspossíveis.
Assim, quando os dois participam de uma reunião de consulta, há o perigo de ambos
utilizarem a oportunidade para deixar renascer suas diferenças e transparecer sua antipatia
mútua.
Contra tal atitude, que seria desastrosa para o bom andamento da consulta, é que
existe esta primeira condição. durante a reunião, todos os membros devem mostrar AMOr
e hArMONiA entre si. É o pequeno preço que cada um deve pagar para ajudar o grupo a
chegar a um bom resultado na consulta. Cada qual pode fazer um esforço pessoal e procurar
esquecer questões pessoais com outros participantes – em benefício do grupo e para o sucesso
finaldaconsulta.
A verdade é que não estão consultando sobre suas desavenças pessoais e sim sobre
algo que transcende suas personalidades.
idealmente, o coordenador deveria ter conhecimento dos problemas de relacionamento
pessoal entre os participantes, para estar atento e evitar que choques ou acirramentos, de uma
ou outra parte, prejudique o processo normal da consulta. Firmeza na condução da consulta
é muito importante.
Quando não há, ou não se revelam problemas pessoais de relacionamento ou de pontos
devistascontraditórios,acirrados,oamoreaharmoniafluemnormalmente,sentindotodos
que a atmosfera é realmente de unidade e de compreensão, todos dispostos a consultar com
total isenção de ânimos, imparcialmente, buscando sinceramente a melhor solução para o
assunto em consulta.
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osmar mendes
SEGUNDA CONDIÇÃO: VOLTAR-SE PARA DEUS, PEDINDO AUXÍLIO E
INSPIRAÇÃO
Deussignificafontedeinspiraçãosuperior.
Mesmo as pessoas que não acreditam num deus, creem nas forças da mente e em
seus próprios poderes supra-conscientes. há ainda os que creem em uma Força Cósmica
Infinita–independentedoconceitodeDeus,quenegamnosentidodeumDeuspessoal–da
qual provém a inspiração interna, principalmente para as criações artísticas, como a música,
poesia, pintura.
Para a finalidade da consulta, o importante é o aspecto prático dessa atitude de
dependência de “algo superior à própria pessoa”, ao qual recorre para receber a inspiração
devida,criativa,oportuna,eficaz.
A própria mente tem formas misteriosas de criar, que a maioria das pessoas já
experimentou e que chamam de inspirações do sub-consciente ou do “eu superior”. Não
importa o que a pessoa julgue ser a fonte de sua inspiração. Necessária é a atitude de superação
de suas próprias limitações e a busca de uma “luz espiritual”, algo superior a si mesma, o
impulso interno que leva àquele “click” mental ou inspiração que sempre ocorre quando se
tem uma boa ideia.
O reconhecimento de suas próprias limitações e a entrega de si mesmo, com humildade
intelectual,deformasinceraeconfiante,parareceberajudadeumafontesuperior,sãofatores
vitaisparaseterboasideias,queirãocolaborardeformacriativaeeficaznoprocessode
consulta.
Um esclarecimento, no entanto, deve ser ressaltado. há o perigo da pessoa julgar
ser a sua inspiração a única verídica, correta, e a melhor de todas as ideias apresentadas na
consulta, passando, por esta convicção que tem, a insistir demasiadamente em seu ponto de
vista.
Geralmente, com a consulta em grupo, cria-se um espírito coletivo de pensamento
edificilmenteumaideiaéaprovadacemporcentocomoéformuladapeloseuidealizador.
As contribuições de outros participantes normalmente enriquecem, completam, ampliam,
aperfeiçoam a ideia original. É uma experiência maravilhosa a consulta criativa, com humildade
de todos, sinceridade, franqueza e mente aberta.
O coordenador deve estar sempre atento para tornar a consulta um fruto da contribuição
de todos.
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TERCEIRA CONDIÇÃO: COMO MELHOR EXPRESSAR OS PONTOS DE VISTA
Aquiestãoasregrasfinaisdetodooprocesso.
sempre que alguém for expressar suas ideias, ou defender seus pontos de vista, em qualquer
estágio da consulta, deve fazê-lo com:
COrTEsiA,•
diGNidAdE,•
CAUTElA,•
MODERAÇÃO,•
ATiTUdE dEVOCiONAl•
O ato de se expressar, durante uma consulta, deve ser considerado como uma comunhão
de ideias, um intercâmbio de pensamentos e experiências, uma forma de ser útil a um ideal
–algorealmentedignificante.
Com tal atitude mental, mais fácil se torna expressar-se com:
cortesia • – a forma respeitosa de se dirigir ao próximo,
dignidade• – a seriedade que deve ser dada a todos os assuntos,
cautela • – o cuidado que se deve ter para não ferir ninguém com palavras ásperas
ou com atitudes depreciativas ou acintosas,
moderação• – o reconhecimento de que sua contribuição é apenas uma dentre
outras, e nunca a única mais importante, mais sábia, mais correta.
a • atitude devocionalsignificareverênciaehumildade,respeitoeseriedadepara
com os assuntos tratados e, em particular, para com a “fonte de sua inspiração
divina”, qualquer que ela seja.
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osmar mendes
ACEITAÇÃO DA DECISÃO DO GRUPO
Éocoroláriodaconsulta,mesmoqueadecisãofinalnãotenhasidoporunanimidade.
Todos os participantes, quando se encerra a reunião, são co-participes de todas as decisões
tomadas, mesmo que não tenham votado favoravelmente à moção aprovada.
A decisãofinal é a expressão da vontade do grupo comoum todo, omitindo-se
definitivamentequalquerreferênciaàpessoaqueteveaideiainicialouoautordamoção
aprovada.Todosdevemacataredefendercomosefossesuaprópriaaideiafinaldogrupo.Éa
provafinaldaunidade do grupa e da solidariedade das partes com relação ao todo. Ninguém
deve vangloriar-se de ter sido o autor da ideia ou criticar o grupo por não ter aprovado a sua
ideia.
Isso não é uma forma de totalitarismo?
É a pergunta que qualquer pessoa pode fazer, diante do que acima foi dito. Pode achar
também injusta tal forma de conceituação, pois a decisão aprovada pelo grupo pode não ser
aMELHORSOLUÇÃO,oualgumdosparticipantespodepensarmelhor,commaiscalma,
posteriormente, e achar que ele próprio deixou de contribuir devidamente para a consulta,
ou porque se distraiu mentalmente, ou teve de sair da sala para ir ao banheiro ou atender a
um telefonema. Julga ter uma ideia melhor, agora, ou que o grupo esqueceu-se de um ponto
muito importante na consulta.
O processo prevê solução para isso também.
Qualquer pessoa pode pedir reconsideração da moção em uma reunião posterior do
grupo, mas deverá apresentar argumentos que provem haver FATOS NOVOSquejustifiquem
reabrir o assunto.
E uma outra pessoa do grupo deverá “secundar” tal moção de reabertura do
assunto.
Querer que o grupo volte a tratar do assunto apenas porque pessoalmente não gostou
da decisão, ou porque não pode contribuir cem por cento como gostaria de tê-lo feito no
momentodaconsulta,nãosãojustificativasaceitáveis.DeveapresentarpelomenosumFATO
NOVO,importanteepertinenteàdecisãofinalaprovadacomomoção.
O assunto, se aprovado para reconsideração, entrará em consulta normal para tratar
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apenas dos aspectos que o fato novo provocou. dependendo da decisão, a reconsideração
poderá vir a alterar a moção anteriormente aprovada.
ÉevidentequemuitasvezesaAÇÃOdecorrentedamoçãojáterásidofeita,ouestará
em andamento quando da época da reconsideração da moção. Para evitar que isso ocorra, a
pessoa que pede a reabertura do assunto deve procurar fazê-lo no mais curto espaço de tempo
apóstomarconhecimentodaDECISÃOdogrupo.Claroquesomentecomrelaçãoàdecisão
que julga precisa de reconsideração urgente. Conforme a urgência e a importância do assunto,
uma reunião de emergência do grupo deve ser convocada.
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osmar mendes
RESUMO
Objetivos:
1 – A consulta é feita para levar a uma tomada de decisão grupal.
2–Aconsultaéutilizadaparaumafinalidadebemdefinida.
3 – A consulta é de aplicação Universal.
As 5 etapas práticas da consulta:
1- Concordar sobre os fatos
2 – Concordar sobre os princípios envolvidos
3 – Criatividade participativa integral
4 – Formulação da moção e votação respectiva para sua aprovação.
5–Definiçãodaaçãoasertomada
Os requisitos básicos para os que consultam:
1 – Pureza de motivo
2 – Espírito radiante
3 – desprendimento pessoal
4 – humildade
5–Paciênciaeresignaçãoemdificuldades
As condições essenciais ao bom êxito da consulta:
1a condição: - Amor e harmonia entre os participantes
2a condição: - Voltar-se para deus, pedindo auxílio e inspiração
3a condição: - A forma de expressar seus pontos de vista:
com cortesiaa.
dignidadeb.
cautelac.
moderaçãod.
atitude devocionale.
não insistir para impor suas próprias ideiasf.
aceitar a decisão da maioria e defendê-la como se fosse sua própria.g.
www.editorabahaibrasil.com.brISBN 978-8532001993
9 7 8 8 5 3 2 0 0 1 9 9 3
OsMAr MENdEs (1927-2008) trabalhou durante 30 anos
em publicidade e em comunicações, inicialmente em Curitiba,
Paraná, sua terra natal, e posteriormente, em são Paulo e no rio
de Janeiro, sendo que só na agência internacional de publicidade,
McCann-Erickson, trabalhou de 1959 a 1976.
Como tradutor de inglês, traduziu inúmeras obras para o nosso
idioma, publicadas pela Editora Bahá’í do Brasil.
Aposentou-se em 1980 para se dedicar exclusivamente aos
serviços da Comunidade Bahá’í, integrando por décadas o órgão
máximo da Administração da Fé no Brasil, a Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá’ís do
Brasil.
Estudioso profundo dos problemas sociais e da religião em geral, escolheu a Fé
Bahá’í como seu caminho espiritual, encontrando nos ensinamentos bahá’ís a solução para
seus problemas pessoais e a base, o conhecimento, as instituições e as ações práticas para
a melhoria do relacionamento humano, em paz e fraternidade, bem como do progresso e
cooperação, em amor e unidade, para a humanidade como um todo.
Osmar Mendes foi também o editor do jornal BAHÁ’Í BRASIL, órgão noticioso
oficialdacomunidadebahá’íbrasileira.