UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO DE JORNALISMO
RICARLA DA SILVA NOBRE
Podcast Papo de Jornal: Uma abordagem sobre o trabalho do jornalista em Natal
Natal
2020
RICARLA DA SILVA NOBRE
Podcast Papo de Jornal: Uma abordagem sobre o trabalho do jornalista em Natal
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
em cumprimento parcial às exigências do Departamento
de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, para obtenção do diploma de bacharel em
Jornalismo.
Orientação: Prof. Dr. Hélcio Pacheco de Medeiros
Natal
2020
RICARLA DA SILVA NOBRE
Podcast Papo de Jornal: Uma abordagem sobre o trabalho do jornalista em Natal
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em cumprimento parcial às
exigências do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para obtenção do diploma de bacharel em Jornalismo.
Aprovado em: ___/___/___.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Dr. Hélcio Pacheco de Medeiros Orientador (UFRN)
_______________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Lopes Gomes Parecerista
(UFRN)
_______________________________________________________
Profª. Dr. Lívia Cirne de Azevedo Pereira Parecerista (UFRN)
AGRADECIMENTOS
Chegar até aqui remonta uma grande e árdua jornada. Em meio à pandemia se fizeram
presentes instabilidades, perdas, medo e insegurança, mas apesar de tudo, recebi o incentivo e
suporte de muitas pessoas para seguir desenvolvendo este trabalho. Deixo registrado meus
agradecimentos aos meus pais Ricardo Nobre e Gorete Nobre, que me apoiaram desde o
início da graduação a aprender sobre o jornalismo, um amor presente desde a minha infância;
ao meu parceiro/dupla de TCC, e amigo, que foi compreensivo e caminhou comigo,
compartilhando inseguranças, dificuldades e dicas, João Mário Costa; a toda a minha família,
tias, tios, avós, e amigos, que durante o processo oraram e acreditaram que daria tudo certo.
E, acima de tudo, a Deus - que consolou meu coração e me ajudou a lidar com a dor da perda,
angústia e sofrimento -, em meio a todo esse processo. E ainda, deixo meu reconhecimento
pela compreensão do prof. Dr. Hélcio Pacheco, nosso orientador, que na realização do
trabalho nos agraciou com sua tranquilidade e calma na orientação intelectual; ao apoio de
Davi Severiano, que cooperou indicando nomes de profissionais da área para colaborar com
nosso projeto; a Robério Colaço, pelas diversas vezes que me acalmou nas preocupações com
prazos curtos e acreditou que teríamos um resultado satisfatório ao final; e, também, aos
convidados do podcast pela sua rica colaboração e disponibilidade. Por fim, coloco o meu
muito obrigada a todos que contribuíram de alguma forma com a realização e execução deste
projeto, nascido da junção do amor pelo jornalismo, com a confiança no potencial
transformador de cada profissional, juntamente à esperança de dias melhores para o mercado
de trabalho jornalístico-potiguar. Assim, se concretiza a finalização de mais uma etapa da
minha vida, conquistada por meio de esforço, persistência e desejo de transformar realidades.
Seguirei trabalhando, estudando e buscando o que me dá combustível para acreditar que, um
dia, viveremos em um mundo mais justo e melhor.
“Lutem e lutem novamente, até cordeiros virarem leões”.
Robin Hood
RESUMO
Este trabalho fará uma abordagem sobre a precarização do trabalho do jornalista, por
meio da realização do programa “Papo de Jornal” no formato de podcast, como projeto
experimental. Considerando-se as mudanças tecnológicas e o estabelecimento de novas
dinâmicas de trabalho e seus impactos na atuação profissional, serão apresentadas
informações que demonstram as consequências destas, para a debilitação da prática
jornalística, à luz de teóricos da comunicação. A escolha do formato de podcast se deu devido
sua produção e difusão de conteúdo ser simples, informal e acessível. No “Papo de Jornal”,
serão recebidos convidados (especialistas, jornalistas e estudantes) por meio da plataforma
digital Google Meeting, para debater temáticas pertinentes à discussão; serão 5 episódios de
50 minutos de duração, cada. Através do debate, espera-se encorajar questionamentos, o
combate às injustiças, explorações, e outros fatores de decadência que permeiam a profissão,
na conjuntura atual.
Palavras-Chave: Podcast. Jornalismo. Trabalho. Precarização.
ABSTRACT
This piece of work will present an approach on the precariousness of the journalistic
working routine, through the realization of the program “Papo de Jornal” in podcast format,
as an experimental project. Considering the technological changes and the establishment of
new work dynamics and their impacts on professional performance, information will be
presented to demonstrate the consequences of these, for the deterioration of journalistic
practice, according to theoretical communication. The podcast format was selected taking into
account its production and dissemination of content in a simple, informal and accessible way.
“Papo de Jornal” will receive guests (specialists, journalists and students) on the digital
platform Google Meeting, to discuss topics relevant to the subject; in 5 episodes of 50
minutes, each. Through the debate, it is hoped to stimulate big questions, discourage
injustices, exploitations and other factors of decay, permeating the profession nowadays.
Keywords : Podcast. Journalism. Work. Precariousness.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
5G Padrão de tecnologia de quinta geração
ABPod Associação Brasileira de Podcasters
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COVID-19 Corona Virus Disease
CNN BRASIL Cabo News Network Brasil
Enem Exame Nacional do Ensino Médio
FENAJ Federação Nacional dos Jornalistas
IAB Interactive Advertising Bureau
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituições de Ensino Superior
Ibope Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
LDB Lei de Diretrizes e Bases
MEC Ministério da Educação
OMS Organização Mundial da Saúde
PC Personal Computer
PodCon Conferência Brasileira de Podcast
RCS Radio Computing Services
RSS Really Simple Syndication
SINDJORN Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte
SISU Sistema de Seleção Unificada
STF Supremo Tribunal Federal
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UnB Universidade de Brasília
UOL Universo Online
USB Universal Serial Bus
USP Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO …....………………………………………………………………………... 11
1. PODCAST: UM NOVO FORMATO NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS… ....…… 12
1.1 Linha do tempo e criação do termo ………………………………………………….…... 12
1.2 Podcast no Brasil……………………….... ……………………………………………… 14
1.3 Números no Brasil e no mundo………….... …………………………………………….. 17
1.4 Cadeia de produção básica do Podcast ………….... ……………………………………... 18
1.5 Monetização do Podcasting ………….... ……………………………………………….... 21
2. RADIOJORNALISMO E INTERNET = PODCAST....……………………..………..23
2.1 Breve introdução ao jornalismo…………………………………....……………………..25
2.2 Prestígio, credibilidade e transparência no jornalismo…………………………………...27
2.3 Jornalismo em tempos de pandemia e o home office…………………...………………..29
2.4 Implicações e período pós-pandemia…………………………………………………….32
2.5 Redução na qualidade do trabalho jornalístico e do prestígio social……………………..34
2.6 Danos físicos e psicológicos: o jornalista descartável....….……………………………...41
2.7 Jornalismo no Rio Grande do Norte, breve contextualização histórica…………………..42
2.7.1 Cenário potiguar atualmente…………………………………………………………....44
2.8 Destaque de Decretos e Código de ética pertinentes ao tema do trabalho……………......45
2.9 Faculdades de jornalismo e seu papel…………………………………………………….49
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO - PODCAST PAPO DE JORNAL .……………....53
3.1. Processo de desenvolvimento do produto………………………………………………..54
CONCLUSÃO…………....…………………………………...……………………………..61
REFERÊNCIAS………..……………………………………………………....……………63
APÊNDICES…………………..…………………………………………………………….68
ANEXOS……………………………………………………………………………………..77
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, GRÁFICOS E TABELAS
Figura 1 - Agregadores mais ouvidos no Brasil……………………………...……………...16
Figura 2 - Podcasts mais ouvidos no segmento de Educação………………………………..18
Figura 3 - Número de jornalistas sindicalizados no RN……………………………………....38
Figura 4 - Identidade visual do podcast Papo de Jornal……………………………………..55
Figura 5 - Prints de tela da primeira tentativa de gravação - Anchor………………………..58
Figura 6 - Segunda tentativa de gravação - Google Meets…………………………………..59
INTRODUÇÃO
Com o advento das novas tecnologias, cada dia mais presente no mundo globalizado,
juntamente às transformações no mundo do trabalho, o jornalista viu sua rotina laboral ser
alterada. Na era da convergência midiática, o jornalismo passa por uma nova fase onde a
tecnologia direciona seu ritmo e sua lógica às relações de trabalho. Agora, o profissional na
era digital, busca cada vez mais se qualificar para atender às demandas multitarefas: apurar,
escrever, editar, fotografar, diagramar, e outras atividades; levando consigo o temido deadline
em tais ações.
É possível notar por trás do espectro da ‘glamourização’, a realidade de que os
jornalistas convivem com baixos salários e subempregos, sobrecarregados com violências
trabalhistas e desrespeito às legislações laborais (FILHO, 2009). Essa realidade traz, em
muitos casos, consequências psicológicas, sociais e éticas à classe trabalhadora em questão.
No cenário norte-rio-grandense, os profissionais da área recebem um dos menores pisos
salariais do país, de acordo com dados da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
A motivação do nosso trabalho é trazer luz a essas questões, fazendo uso do formato
radiofônico de podcast, através do projeto experimental Papo de Jornal. O podcast vem
ganhando bastante espaço nos últimos anos, suas principais características são a
disponibilidade e o acesso sob demanda - devido a sua transmissão ser feita via internet,
gratuitamente, e o usuário poder baixar e ouvir quando quiser. Explorar configurações como
esta se adequa aos nossos objetivos de promover debate e reflexão sobre a realidade laboral e
outras questões abrangentes. Compreender o impacto dessas transformações na realidade dos
profissionais locais é importante para entender como isso afeta socialmente a imagem e as
novas relações de trabalho, de futuros profissionais da área.
Serão contextualizados questionamentos e constatações sobre a realidade laboral do
jornalista com base em teóricos, em três capítulos. O primeiro abordará o Podcast, seus
conceitos, trajetória e importância no cenário nacional e mundial; o segundo trará concepções
sobre o trabalho, inserido no contexto do jornalismo, sua realidade no contexto geral e
estadual; e o terceiro apresentará ao nosso projeto como proposta de intervenção, combate à
problemática apresentada e seu processo de produção.
11
1. PODCAST: UM NOVO FORMATO NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS
O aumento do consumo e produção de mídia na internet nos últimos anos,
principalmente durante a pandemia, torna a popularização desse segmento cada vez mais
notável. Entre as produções em ascensão na web, os arquivos de áudio se destacam por
apresentarem possibilidades de acesso, praticidade e consumo de conteúdo sob demanda, ao
usuário; (ficando disponível na internet para download e permitindo o acesso ao conteúdo
quando se quiser). Estes arquivos podem ser chamados de podcasts e são resultantes da
cibercultura , definida por Pierre Lévy (1999) como “o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”.
Podcasting é uma forma de publicação de programas e arquivos de áudio feitos sob
demanda e, disponibilizados para download e streaming, on-line. Esse formato também é
caracterizado pela junção do arquivo de áudio - que compõe o podcast -, e um arquivo de
texto que auxilia em sua divulgação sempre que é lançado na internet, conhecido como feed .
O podcast é uma plataforma comunicacional bidirecional. Isso significa que podcasting é processo midiático altamente interativo que preza pela produção e divulgação de conteúdo com cunho colaborativo. Em sua técnica, leva como parte primordial o feedback do ouvinte, numa relação muito mais próxima do que pode ser observado em mídias tradicionais, como rádio e TV (NASCIMENTO; BECATE, 2019, p. 6 apud FREIRE, 2014, p. 44).
As principais diferenças entre esse tipo de publicação e os formatos radiofônicos
tradicionais são: sua produção independente, a não-veiculação em tempo real, o fato de que a
narrativa do podcast é caracterizada por uma linguagem mais informal e uma estruturação
narrativa voltada para o gênero de conversa. Além disso, a programação do podcast não fica
limitada a grade horária e é disponibilizada de forma gratuita, podendo ser acessada em
muitas plataformas no modo off-line.
1.1. Linha do tempo e criação do termo
A trajetória precursora do podcast começa bem antes da criação do seu termo em
2004; desde a década de 1980, nos Estados Unidos, já existia o serviço de Radio Computing
12
Services (RCS), que essencialmente, fornecia um serviço de música e conversação para
emissoras de rádio de forma digital. Esse serviço era bastante restrito e dificultava a
democratização da produção e difusão de conteúdo, mas já representa inovação por inserir a
mídia auditiva digitalmente.
Em 1993, o profissional de tecnologia americano, Carl Malamud, criou um talk show
inovador chamado de The Internet Talk Show . O programa não era divulgado por rádio, mas
em arquivos de computador; era preciso instalar o arquivo em um PC e organizar uma forma
de ouvi-lo, apesar da tecnologia limitada da época. Nesse período, não era popular o uso de
tocadores de música/áudio, até porque o “kit multimídia” viria a se difundir muito tempo
depois (no Brasil, aconteceu na segunda metade dos anos 90). Mesmo assim, Malamund já
explicava a seus ouvintes que a grande vantagem das suas produções era a possibilidade de
ouvir quando se fosse possível/viável. Essa experiência pode ser considerada como uma das
mais próximas, em teor off-line, do que conhecemos hoje como podcast.
Em 2001 com o lançamento do ipod , a ideia de publicar um arquivo no formato MP3
e lançá-lo via Really Simple Syndication ( RSS ) em tempo real e em players de áudio, atraiu
olhares, trazendo novas oportunidades de mercado e serviços.
O RSS é uma maneira de relacionar o conteúdo de um blog de forma que seja entendido pelos agregadores de conteúdo. Isso é possibilitado através dos chamados “feeds”, que trazem o conteúdo do blog codificado de maneira que esses programas compreendam e possam apresentar as atualizações automaticamente para os usuários que cadastraram o feed de seus blog preferidos. Com isso, o usuário recebe cada novo conteúdo automaticamente, não precisando mais visitar cada site para ver se já foi atualizado (LUIZ; ASSIS, 2010, p. 2).
Mas foi só em 2004, que a criação do termo “podcast” surgiu. Ele é atribuído ao
jornalista Ben Hammesley, que sugeriu a nomenclatura em um artigo que escreveu para o
jornal britânico The Guardian . Segundo Fernandes (2017, p. 5), a etimologia do termo vem da
junção do prefixo “ pod ”, referente ao nome do aparelho de mídias digitais iPod - produzido
pela empresa multinacional de tecnologia, Apple -; e o sufixo “ cast ”, oriundo da palavra
broadcast, que pode ser traduzida como “transmissão” relacionada a um grande tráfego de
13
informações. O termo começou a ser pesquisado em 2004, mas só em 2006 teve seu ápice de
notoriedade pelo mundo (informações da ferramenta de pesquisa ‘Google Trends’).
1.2. Podcast no Brasil
No Brasil, a onda de popularização dos podcasts (em 2006) acompanhou a dos
Estados Unidos, que foi quando a Apple lançou o podcast no itunes (leitor de multimédia) ,
em âmbito mundial. Segundo artigo publicado na Associação Brasileira de Podcasters
( ABPod ), o primeiro podcast criado no país foi o “Digital Minds”, lançado por Danilo
Medeiros, em 21 de outubro de 2004, como parte do blog de mesmo nome. Vale ressaltar que,
ele não foi o primeiro a disponibilizar arquivos de áudio para download, mas o pioneiro ao
fazê-lo através de podcasting. Em 15 de novembro do mesmo ano, surgiu o ‘Podcast do Gui
Leite’, seguido pelo ‘Perhappiness’ de Rodrigo Stulzer e, o ‘Código Livre’ de Ricardo
Macari.
Em 2005 foi realizada a primeira edição da Conferência Brasileira de Podcast
( PodCon Brasil) em Curitiba/PR, que foi o primeiro evento dedicado exclusivamente ao
assunto. E, durante a realização desse evento, foi organizada a ABPod, que hoje realiza uma
das maiores pesquisas nacionais, a “Podpesquisa”, para coletar dados sobre a comunidade
ouvinte de podcasts no país - que é também chamada de podosfera brasileira. De 2005 a
2006, ocorreu o fenômeno do “ podfade ” (cujo conceito está relacionado à interrupção desse
tipo de produção de conteúdo radiofônico); esse fenômeno marcou o fim de vários podcasts
no Brasil e no mundo, adiando a organização de premiações, eventos e projetos na área.
A retomada dos podcasts para os holofotes se deu em 2008 com a realização de
premiações como o “Prêmio iBest” (voltado para internet) e o “Prêmio podcast”, que marcou
a inclusão da categoria nesses tipos de premiação de voto popular. Esse evento destacou
podcasts como o “Nerdcast” e o “Rapaduracast” em termos de visibilidade e como um marco
para nova geração de podcasters (produtores de conteúdo no formato de podcast), no Brasil.
A princípio, as produções continham muitas características norte-americanas, como pouca ou
nenhuma edição, se assemelhando ao formato de rádio ao vivo. Após o período de podfad e, as
14
inovações chegaram a esse universo com atributos como: linguagem jovial/informal, técnica,
humor, mixagem de som, efeitos sonoros e outras ferramentas, aplicadas para valorizar a
narrativa dos locutores.
Recentemente, foram realizadas diversas pesquisas que apontam um grande
crescimento no interesse em ouvir podcasts no Brasil e no mundo. Em 2016, já haviam mais
de 1.400 podcasts ativos no Brasil, segundo pesquisa realizada pela empresa americana de
comunidade e diretório de podcast, Blubrry. Agora, em 2020, o serviço de streaming Deezer
realizou uma outra pesquisa (divulgada com exclusividade para o conteúdo de tecnologia do
site UOL), que avaliou entre seus usuários a força do podcast no Brasil, ratificando um
crescimento notável; o consumo de conteúdo de podcasts no país aumentou em 177% nos
últimos doze meses.
Entre os mais ouvidos estão o ‘Nerdcast’, ‘GugaCast’ e ‘Mamilos’, ocupando a
posição de primeiro, segundo e terceiro lugar no ranking nacional, respectivamente; segundo
dados apresentados pela pesquisa (nacional e anual) “Podpesquisa”, organizada em 2019 pela
Associação Brasileira de Podcasters (ABPod). A mesma pesquisa recebeu mais de 16.713
respostas, onde foi avaliado o perfil do ouvinte de podcast brasileiro. A maioria dos usuários
estão situados na região sudeste, mas a região nordeste apresentou um crescimento no número
de respostas, com destaque ao estado do Ceará: com participação que varia de 5 a 9,9%. No
Rio Grande do Norte, a participação na pesquisa ficou de 1 a 2,9%.
Entre os serviços e plataformas mais utilizadas para ouvir podcast, ainda segundo a
pesquisa da ABPod (2019), o ‘Spotify’ (serviço de streaming desenvolvido na Suécia, que
atualmente é o mais popular e utilizado no mundo) lidera com mais de 45%, seguido pelo
‘Podcast Addict’ (aplicativo gratuito e disponível para dispositivos Android) e ‘Google
Podcasts’ (agregador de podcasts desenvolvido pela Google em 2018).
15
FIGURA 1 - AGREGADORES MAIS OUVIDOS NO BRASIL (DADOS DA PODPESQUISA, 2019)
Fonte: Autoria própria (2020)
A pesquisa igualmente aponta que a maior parte dos ouvintes dessa mídia tem um
grau de escolaridade de ensino superior ‘concluído’ ou ‘em andamento’, podendo ser
considerado um público jovem-acadêmico, devido a média de faixa etária ser de 28 anos.
Atualmente, o Brasil ganha cada vez mais força e destaque como consumidor de
conteúdo de podcast. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
(Ibope), 40% dos usuários brasileiros de internet são também ouvintes de podcast, ou seja,
estamos falando de cerca de 50 milhões de utilizadores. Outra pesquisa que reafirma o papel
importante dos brasileiros no mundo dos podcasts é a “Podcasts States Soundbites” (2019),
realizada pela empresa Blubrry Podcasting - citada anteriormente. O país é apontado como o
segundo maior consumidor mundial de podcasts, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Em 2020, com a pandemia, não houve queda no aspecto relacionado ao consumo -
muito pelo contrário. Em abril, a pesquisa da Global Web Index (empresa internacional de
pesquisa e mercado), relatou aumento no consumo de podcasts globalmente, durante a
quarentena, em 18%; sendo 24% somente entre os millennials (pessoas nascidas entre os anos
80 e 95).
16
Além destas pesquisas, as duas maiores plataformas de streaming do Brasil
publicaram relatórios, feitos entre seus ouvintes, atestando esse aumento: no Spotify o
consumo por podcasts dobrou no segundo trimestre de 2020. Já no Deezer, o crescimento foi
de 67% entre janeiro e setembro do ano passado. Entre os motivos que justificam a ampliação
da podosfera, mesmo em tempos de pandemia, está a quebra de padrões de comportamento,
com picos de audiência difusos, devido às novas dinâmicas de trabalho, principalmente,
instituídas pelo home office e isolamento social.
Grandes empresas e figuras públicas estão cada vez mais atentas no mundo todo, e
começaram a investir na criação de conteúdos nesse formato. A Tinder, começou a falar de
relacionamentos, a MasterCard já tem podcast falando sobre finanças e, aqui no Brasil,
diversas redes de supermercados como a Açaí, também investem no formato, falando sobre
empreendedorismo. Ainda no contexto nacional, grandes grupos de comunicação como o
Globo (atualmente com 16 programas) não ficaram de fora, e já marcam presença em diversas
plataformas de podcasts. Celebridades e influencers globais também entram na equação,
como a ex-primeira dama dos Estados Unidos, Michelle Obama ( The Michelle Obama
Podcast ) e a socialite Kim Kardashian, que já fechou acordo com o Spotify em abril de 2020
para apresentar um programa falando sobre o sistema penal.
1.3. Números no Brasil e no mundo
Apesar de ter sido um dos países com maior número de infectados durante a pandemia
do Covid-19, o Brasil lidera a lista de países com maior crescimento na produção de podcasts
do mundo. Segundo pesquisa realizada em 2020, intitulada State of the podcast Universe ,
publicada pela Voxnest (empresa americana de dados da indústria de podcasts); o país lidera o
top 3 no ranking de criação, seguido pelo Reino Unido e Canadá.
A mesma pesquisa aponta que o Brasil está entre os 5 países com o maior crescimento
no número de novos ouvintes nos 5 primeiros meses de 2020 ; ficando atrás da Turquia, Índia,
Colômbia e Argentina. Além disso, a referida pesquisa aponta um crescimento da procura por
podcasts na língua portuguesa em 103%.
No Brasil, durante o primeiro bimestre de 2020, as categorias de ‘Educação’, ‘Arte’ e
‘Sociedade e Cultura’, lideram as mais ouvidas no Spotify, plataforma mais utilizada para 17
ouvir podcasts no Brasil, também, segundo a pesquisa “The State of The podcast Universe”,
da Voxnest, 2020. Os programas com maior quantidade de ouvintes no segmento de educação
são, respectivamente: PrimoCast, Mamilos e Inglês do Zero, conforme a figura 2:
FIGURA 2 - PODCASTS MAIS OUVIDOS NO SEGMENTO DE EDUCAÇÃO
Print screen do Spotify. Acesso em: 23/09/2020
De acordo com o artigo “ Podcast stats soundbite: Brazil in bloom ”, publicado no
portal “Blubbry podcasting”, as empresas e produtores desse tipo de conteúdo, devem investir
na produção de podcasts em português. A recomendação chega após análise dos números de
crescimento no país; em 2009, o número de downloads não chegava nem no top 10 mundial.
Já em 2012, tudo mudou com crescimento em mais de 70%, totalizando esse aumento, na
quantidade de downloads em 127%, na última década. O artigo afirma que o Brasil, agora, é o
segundo maior mercado de podcast em downloads do mundo, e possui previsões de
crescimento exponenciais.
1.4. Cadeia de produção básica do Podcast
18
Um dos principais incentivos para se investir no mundo de podcasts é a possibilidade
de um processo de criação e produção simples e democrático. Essa realidade incentivou
muitos ouvintes a se tornarem podcasters desde o início da popularização desse formato
radiofônico. Para se criar e publicar um podcast existem 7 passos básicos: definição de tema,
participantes, conteúdo, equipamento, edição, publicação e divulgação (LOPES, 2005).
Esse processo - desde a criação até a divulgação -, permite um planejamento de forma
independente e livre. No entanto, é recomendado analisar dados de pesquisas para definir o
público que ouve e consome esse tipo de conteúdo. Tais pesquisas possuem informações
relacionadas a faixa etária, gênero, grau de escolaridade e orientação sexual; dados que
podem (e devem) influenciar na definição da linha editorial, propósito e outros aspectos
relevantes para a implementação de uma podosfera de qualidade.
A definição dos participantes evidencia sua importância, considerando que a maior
parte dos consumidores de podcasts têm um grau de escolaridade alto e se interessam por
assuntos que envolvem política, ciência, cultura e carreira (PodPesquisa, 2019). Por isso,
destaca-se a importância de trazer especialistas, pesquisadores e pessoas com embasamento
para agregar nas pautas de cada episódio.
Apesar da definição de podcast permear também em torno de uma conversa informal,
é importante pensar em um roteiro - nem que seja só com tópicos, dados e autores para
referenciação durante o programa. Principalmente, considerando que os podcasts
educacionais (como o Mamilos) estão entre os mais pesquisados e ouvidos (conforme a figura
2).
A praticidade é outro ponto relevante desse tipo de produção: é possível gravar a um
podcast utilizando o microfone do próprio smartphone ou a um aparelho que possua entrada
USB . Em tempos de pandemia, muita gente passou a produzir esse tipo de conteúdo em casa
e com equipamentos simples. Também existem aplicativos como o Audacity, que ajudam a
gravar, editar e exportar diversos tipos de arquivos em áudio. O principal, em termos de
gravação, é buscar um local mais tranquilo e com o mínimo de barulhos/ruídos externos
possível.
19
A edição também tem um papel muito importante na produção de conteúdo de
audiocast 1 . Existem diversos softwares e aplicativos que democratizam o uso dessas
ferramentas. A princípio, a ideia de editar um podcast é fazer o mínimo possível de cortes e
não fazer alterações no volume do áudio, para que fique simples e informal. Estas
características eram mais comuns no início da popularização do podcast. Hoje em dia, é muito
comum ver programas que fazem uso de diversas técnicas como sons, trilha sonora, efeitos,
vinhetas e vírgulas sonoras, para deixar as produções mais interativas e manter o interesse da
audiência.
Já para realizar publicações, existem várias plataformas e agregadores de áudios
gratuitos; entre os mais utilizados no Brasil estão o Spotify, Google Podcasts, SoundCloud e
Deezer. Cada um deles possui seus próprios requisitos para publicação de conteúdo, no
entanto todos são acessíveis e buscam democratizar e simplificar, tanto o acesso aos podcasts,
quanto a produção e publicação. No Spotify, por exemplo, não é obrigatório ser assinante para
publicar um podcast, e a própria plataforma recomenda hospedeiros gratuitos e compatíveis
como: Anchor, Audioboom e Backtracks. No Google Podcasts a lógica é a mesma, você
importa os arquivos de um endereço web (como Wordpress), e ele importa automaticamente o
seu feed de publicações para a plataforma.
Quando se fala na divulgação dos podcasts , é comum encontrar presença digital em
blogs, redes sociais e YouTube. Programas como o “Bom dia, Obvious”, marcam presença
nestes 3 tipos de mídia. No instagram, por exemplo, eles tem mais de 563 mil seguidores
(acesso em: 14, nov 2020), onde divulgam no feed os temas que serão abordados em cada
episódio e chamam a audiência com provocações e problematizações.
A influência nas redes sociais permite, principalmente, a interação e troca com os
ouvintes. Por lá eles registram sugestões, comentários e compartilham vivências com os
seguidores, trazendo esse feedback para a gravação dos programas de podcast,
posteriormente.
O podcaster , além de sua posição privilegiada, dispõe do recurso de apagar entradas na janela de comentários. No entanto, quer-se ratificar que através do espaço para a intervenção de qualquer interagente, para o debate sobre os programas e temas relacionados, o processo midiático dialógico se concretiza. Ultrapassa-se a
1 Sinônimo de podcast, termo não-atrelado ao ipod (media player portátil da empresa de tecnologia Apple) 20
tradicional distância entre produtores e audiência. Os primeiros perdem a proteção daquela barreira, já que toda fala pode ser debatida no blog. Através dessa interação mais próxima, a influência recíproca repercute nos programas seguintes. Assim, os programas podem refletir cada vez mais os interesses dos assinantes. Nos podcasts , com características de micromídia, os produtores podem conhecer mais intimamente sua audiência. Trata-se de uma situação que diferencia os podcasts dos programas tradicionais de rádio, que se pautam por pesquisas e interesses de marketing, buscando ampliar o número de ouvintes/consumidores a partir da avaliação do gosto médio desse público (PRIMO, 2005. p. 19).
A maioria das produções atuais costuma reservar um tempo para ler, responder e
interagir com os ouvintes; não há mais afastamento entre os criadores e a audiência.
1.5. Monetização do Podcasting
Com o crescimento exponencial no consumo e produção de podcasts, e o cenário
mercadológico cada vez mais promissor no Brasil e no mundo, muitos produtores de
conteúdo passam de “podcasters-como-hobby” para dedicação exclusiva a seus programas.
Atualmente, é possível ganhar dinheiro com podcasts, principalmente agora que a publicidade
e diversas empresas estão investindo nesse nicho.
Existem várias formas de monetizar neste mercado. Pode ser através de loja externa,
vendendo produtos personalizados (como o NerdCast, com a Nerdstore), ou através de um
clube de assinaturas com os ouvintes em plataformas de financiamento coletivo, como
Catarse, Kickante. (um exemplo é o Mamilos, que oferece serviços exclusivos, como
newsletter para assinantes e colaboradores).
Também é possível ganhar através da publicidade. Segundo dados da ABPod (2019),
63% dos ouvintes compraram um produto, ou serviço, anunciado nesse tipo de conteúdo.
Além disso, é possível oferecer cursos on-line (presenciais ou à distância), palestras e outros
eventos de extensão, para o público ouvinte. O principal, para esses criadores de conteúdo, é
focar em parcerias com empresas que façam sentido para seu tipo de programa, podendo-se
investir em edições colaborativas e conseguir descontos especiais para a audiência, etc. Tudo,
dosando também a quantidade de anúncios para não extrapolar o limite e incomodar o
público.
21
A chegada pioneira do Spreaker 2 (plataforma de gestão e produção de podcasts) ao
Brasil, em 2019, também marca um grande momento para quem deseja monetizar seus
podcasts. A plataforma pertence ao grupo Voxnest (empresa de tecnologia da área que busca
aumentar o engajamento da podosfera). Antes de chegar ao país, a Speaker já havia sido
implementada na Espanha, Alemanha, Reino Unido, e outros. A partir da adesão do
programa, cada episódio passa a receber inserções comerciais dinâmicas - que variam
conforme o perfil e localização do ouvinte. Nos Estados Unidos, segundo o relatório de junho
de 2019, feito pela empresa de mídia e marketing, Interactive Advertising Bureau ( IAB ), as
inserções dinâmicas correspondem a 48,8% do sistema de anúncios em podcasts , e esperam
faturar mais de 1 bilhão até 2021.
No Brasil, as expectativas são grandes. Segundo Tonia Maffeo, diretora de marketing
da Voxnest, em entrevista a ABPod (2019) , a decisão de inclusão do programa no país se deve
ao grande crescimento desse formato no mercado nacional:
Hoje o Brasil é um dos mercados em que os podcasts mais crescem, onde tanto podcasts amadores quanto profissionais têm um bom nível de qualidade. Nós estamos muito felizes em sermos a primeira plataforma de áudio no Brasil a possibilitar que produtores de conteúdo de todos os níveis recebam pelo trabalho incrível que estão fazendo (MAFFEO, 2019).
Ou seja, o país já é palco de inovações e investimentos tecnológicos, apresentando um
quadro positivo nessa área e chamando a atenção de investidores e empresas internacionais, já
consolidadas no mercado.
2 Disponível em: https://try.spreaker.com/comece-ja-o-seu-podcast/
22
2. RADIOJORNALISMO E INTERNET = PODCAST
Na década de 60, com a chegada dos rádios portáteis para o mercado, a linguagem
radiofônica-jornalística passa a ter novas possibilidades, com a opção de se consumir
conteúdo de forma simultânea à realização de atividades, dentro e fora de casa. A
programação das rádios passa a incluir informações de trânsito, mudanças climáticas e outras,
para auxiliar a vida dos ouvintes.
Desde a democratização da portabilidade de aparelhos celulares e das inovações
tecnológicas nesse nicho, a dinâmica de trabalho do jornalista também foi se adaptando aos
novos formatos. Nos anos 90, a crescente utilização de celular e internet trouxe praticidade e
dinamicidade como uma exigência às práticas jornalísticas, incluindo linguagem, produção e
recepção de informação.
Não é estranho ao jornalismo, ou ao seu processo criativo, conviver ou ser afetado pelo surgimento de modelos diferenciados para a elaboração, composição e apresentação de seus conteúdos. A tecnologia sempre foi um agente importante para desencadear essas mudanças, levando ao aprimoramento de técnicas jornalísticas, dos produtos disponibilizados para a apuração e da forma como as informações chegam à jornalista (FERNANDES, 2007, p. 4)
Depois dos anos 2000, com a popularização da internet em termos de rádio, houve uma
grande comemoração pelo ouvinte poder consumir conteúdo de qualquer lugar do mundo e,
desta forma, interagir com outras formas de linguagem e cultura.
Caminha-se para o fim da irradiação e sua substituição pela navegação na rede. A concorrência vai se desenvolver entre as rádios individuais, do bairro, da cidade, do país, do continente ou do mundo. A nova tecnologia iguala todas as emissoras, não importa onde estejam, uma vez que tecnicamente estão todas igualmente preparadas. Caem as fronteiras nacionais e globaliza-se o rádio. Com o simples clicar do mouse, é possível ouvir uma rádio de Nova York, Manila, Zagreb ou da Rocinha. É um mundo novo que se escancara diante do ouvinte-internauta, sem barreiras, sem possibilidade de cerceamento (BARREIRO; LIMA, 2006, p. 18-19 apud VAISBIH, 2001, p. 35-36).
Com a junção de rádio e internet, os serviços de streaming como podcasting, entram
em cena. Segundo Vaisbih (2006, p. 20 -22), esse formato se apresenta, no radiojornalismo,
como mais uma renovação da linguagem; que exibe a “segmentação” como uma das
principais marcas desse tipo de serviço: “o ouvinte pode escolher qual tipo de informação vai
“baixar” para o seu aparelho: política nacional, política internacional, [...] ou o que mais
estiver ao alcance da imaginação”.
23
Apesar do podcast ter nascido da cibercultura e ser considerado uma espécie de
evolução da rádio, existem diferenças primordiais entre esses dois tipos de produção: um é
feito sob demanda - e não pode ser feito ao vivo -, diferentemente do outro. A produção de
conteúdo on demand permite maior liberdade criativa e dá força a democratização das
informações. Além disso, oferece abertura para uma forma de fazer jornalismo mais voltado
para narrativas pessoais e humanizadas. Das semelhanças entre os dois formatos, se destacam
o uso de vinhetas de som, transições musicais e efeitos sonoros (incluindo pausas), utilizados
em ambos, como técnicas para dinamizar o produto final.
A facilidade para se criar e elaborar conteúdo de podcast, muitas vezes, incentiva o
ouvinte a produzir sobre temas variados, como: política, educação, feminismo, entre outros.
Geralmente, as temáticas se diferenciam muito das abordadas em mídias tradicionais e, pelas
características do formato, acabam dando voz a pessoas e setores outrora deixados de fora das
narrativas midiáticas. Desta forma, o alcance a e a produção de conteúdo pode ser mais
acessível e representativa, sendo feita em âmbito de comunidades, cidades, bairros e outros.
Uma das maiores características que permeiam as produções jornalísticas nesse
formato, são: comunicação não-violenta, empatia e a participação de intelectuais,
profissionais e demais convidados com embasamento para debater as pautas selecionadas.
Além disso, na maioria dos programas, as escolhas dos temas possuem grande influência dos
ouvintes através de interação via blog, redes sociais e e-mails; o que caracteriza uma grande
ferramenta de interação com o conteúdo jornalístico.
Fazer jornalismo por esse meio, pode ser considerado uma forma válida e ética, caso
esteja em conformidade com os princípios de propagação de informações, e permitindo a
construção de conhecimento, como previsto no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiro. No
entanto, é importante frisar que nem tudo que apresenta informação na podosfera pode ser
considerado de cunho jornalístico, sua diferenciação está representada na definição de linha
editorial, embasamento científico, responsabilidade na apuração e feedback, além de
transparência em relação às fontes e informações prestadas; como afirma Vaisbih, (2006, p.
23) “Se não for analítico, o podcast jornalístico não tem razão de existir”.
As produções radiofônicas, no formato de podcast, fazem parte da ampla gama de
ferramentas exploradas e incorporadas às rotinas de trabalho do jornalista devido ao 24
surgimento de novas tecnologias. Esses upgrades tecnológicos modificam não só a rotina,
mas também a dinâmica, o mercado e outras facetas laborais que abrangem esse universo. As
consequências dessas modificações são diversas e têm impactos extremamente relevantes na
sociedade, visto que, o papel social do jornalista atua também, na construção desta.
2.1. Breve introdução ao jornalismo
O jornalismo é uma atividade profissional que está em constante mudança. Esta
atividade decorre da evolução da sociedade e começou, como conhecemos hoje, cerca de 50
anos após o surgimento da imprensa - quando a burguesia utilizou periódicos para difundir
seu projeto de poder contra a nobreza e a aristocracia européia (onde pode se relacionar a
noção de contrapoder da profissão até os dias atuais). Desde então, o que pauta o jornalismo
são algumas características marcantes como: o compromisso com a veracidade dos fatos, com
a população, e regido pela ética: “O jornalismo é atividade de natureza técnica caracterizada
por compromisso ético peculiar” (LAGE, 2014. p. 21).
De meados de 1930 para os dias atuais, - passando pela primeira legislação da
profissão em 1938, a primeira oferta de graduação universitária em 1947, e o exercício da
profissão de forma legal, em 1969 -; é possível notar a transição de uma prática profissional
mais literária e política, para um modelo mais voltado a vias comerciais (molde chamado de
“segundo jornalismo” por MARCONDES, 2009). Nesse período, ao ganhar credibilidade e
função social, entra em cena um profissional especializado na divulgação de produções
noticiosas dentro da lógica de mercado - ou seja, visando lucro.
O papel do jornalista, na contemporaneidade, transita entre selecionar o que é
relevante para o público/sociedade, passar informações de forma organizada (e atraente) -
visto que, nos dias atuais, com a rapidez de transmissão e recepção de informações, as
pessoas lêem notícias cada vez mais rápido. Além disso, ser comprometido com a verdade,
apurando e mantendo originalmente às informações de suas fontes; e trabalhar com a
pluralidade de versões, buscando a impessoalidade, também fazem parte desse papel. E ainda,
os profissionais que atuam como jornalistas devem fazer, constantemente, uma espécie de
malabarismo entre o interesse de suas fontes, o veículo de imprensa para o qual trabalha e o
público (analisando e estabelecendo critérios de noticiabilidade); simultaneamente, 25
considerando cuidar de questões éticas e eventuais prejuízos a pessoas, instituições e outros
que possam ser afetados pelos materiais veiculados.
A relação de multiplicidade com o jornalista não se encerra apenas no seu papel ou
responsabilidade social, mas se estende, também, à sua rotina de trabalho. No que diz respeito
ao trabalho em si, existem diversos pensadores que estabelecem relação moral entre o homem
e o labor, de forma inconsistente: O trabalho precário é uma característica contemporânea da atividade que o homem exerce desde os primórdios e que sempre esteve ligada à punição e torturas. Como lembra Antunes (2005, p. 11), “desde o mundo antigo e sua filosofia o trabalho vem sendo compreendido como expressão de vida e degradação, criação e infelicidade, atividade vital e escravidão, felicidade social e servidão” (BERTOLINI, 2017. p. 215 apud ANTUNES, 2005. p. 11).
Pensar o jornalismo, nesse recorte de trabalho, nos leva à observância de vários
problemas: o profissional multitarefas tem sua rotina alterada para abranger a novas técnicas e
recursos tecnológicos de forma constante, visto que, as novas tecnologias surgem com um
intervalo de tempo cada vez menor. E, além disso, têm sua força de trabalho, dentro e fora das
redações, modificada; fatos que geram consequências à classe e à coletividade - considerando
que, os meios de comunicação “editam o mundo” e são responsáveis por estabelecer os temas
que a sociedade vai discutir (SIMIS, A. et al, 2014. p. 40).
Com o wi-fi, os smartphones e outras ferramentas da tecnologia, quase todo mundo se
sente à vontade para produzir conteúdo com teor noticioso, seja sobre política, saúde, fofocas,
celebridades e outras temáticas. A troca de informação rápida exige do profissional a mesma
velocidade para escrever, fotografar, apurar, revisar e divulgar uma matéria. O diferencial do
jornalista fica, principalmente, em manter como prioridade a apuração e compromisso com a
verdade no meio desse processo (fatores prejudicados pelas limitações de tempo e aumento do
trabalho/atribuições).
‘Eles [jornalistas] dispõem de menos tempo para conduzir suas pesquisas e para escrevê-las; eles produzem informações mais superficiais [...] A intensificação do trabalho é o dado mais evidente desta aumentada precarização dos jornalistas [...]’ (MARCONDES, 2009. p.73 apud CHARON, 1993 p. 175, 232).
Pensar nisso nos leva a crer que as novas tecnologias, muitas vezes, ao invés de
ajudar, podem exacerbar a exploração do profissional, aumentando o espaço de controle sobre
o tempo de vida do jornalista. Essa circunstância é evidenciada devido a mercantilização dos 26
produtos jornalísticos junto à exigência de um profissional polivalente; que acaba tendo sua
jornada de trabalho ampliada e desenvolvendo uma rotina exaustiva. Tal condição, pode
culminar numa fragmentação dos envolvidos de forma psicológica e física.
2.2. Prestígio, credibilidade e transparência no jornalismo
Desde o seu surgimento, a dinâmica de trabalho geral do jornalismo passa por diversas
características dominantes pelos séculos, como: a fase publicista, nos séculos XVII e XVIII,
educador e sensacionalista, no século XIX e, por último, “jornalista-testemunho”, no século
XX (LAGE, 2011. p. 5). Desta forma, com o passar do tempo, as informações e o trabalho da
imprensa, passa a ser cada vez mais indispensável na rotina das pessoas. Com o surgimento
de avanços tecnológicos, neste contexto, o jornalista naturalmente se adapta às formas de
criação e compartilhamento de informações na sua rotina de trabalho.
Entre as tecnologias incorporadas mais recentemente está o uso do smartphone na
cadeia de construção de matérias. O jornalista pode gravar sua fonte, fotografar, redigir,
revisar e publicar, fazendo uso unicamente desta ferramenta tecnológica. Mas, com as
possibilidades tão numerosas vem o excesso, principalmente com o advento das redes sociais,
onde a informação é transmitida de maneira ágil, simplificada e massiva. Os usuários e
produtores de conteúdo noticioso dessas redes (que em sua maioria fazem uso de
smartphones ), preferem ler textos mais curtos e sucintos - até pelo grande tráfego de
informações com que têm contato diariamente.
Essa superfluidade de conteúdo nas redes sociais, encabeçada através da
democratização do acesso ao telefone inteligente , pode ser sobrepujada com a chegada do 5G
(quinta geração) ao Brasil. O 5G, resumidamente, é uma tecnologia que permitirá o envio e
recebimento de informações de maneira mais rápida e dinâmica.
Toda essa tecnologia a disposição irá propiciar uma revolução nos meios de comunicações e os serviços convergentes [...] a disponibilidade dos recursos ao alcance de qualquer indivíduo que tenha em suas mão um dispositivo 5G, poderá controlar sua casa: geladeira, câmeras, fechaduras, lâmpadas, máquinas diversas; no seu escritório uma gama de equipamentos; no seu carro que irá apresentar condições de autônomo, entre outros dispositivos que tenha conectividade (MARTINS, 2016. p. 25-26).
27
Com isso, a demanda por informações e notícias acontecerá de forma ainda mais
rápida, exigindo mais do profissional-multitarefas, e podendo influenciar em grau superior
conceitos, que hoje já estão em transformação. Como exemplos: a impessoalidade - que está
mais escassa, predominantemente, em veículos de mídia não-tradicionais como redes sociais e
blogs. E ainda, que substitui ao conceito sobrelevado de “imparcialidade”; aliás,
desconstrói-se, no presente, à definição de imparcialidade, pois ela demonstra-se
humanamente irrealizável, considerando-se que todo veículo/repórter é regido por um viés.
Retomando à impessoalidade, observa-se uma exigência menos frequente, em especial nas
editorias políticas, porque a sociedade polarizada passa a exigir um posicionamento, seja
pessoal ou profissional (que, logo, são associados a um só), por parte do jornalista. Sobretudo
em redes sociais, o referido quadro é evidenciado considerando-se o compartilhamento de
opinião como a essência de sua concepção.
Outro conceito da área, em transformação por influência tecnológica, é o “furo
jornalístico” - jargão para informação publicada em um veículo antes dos demais. Na
atualidade, o furo se torna cada dia mais raro, sobretudo com a popularização do acesso e
difusão de conteúdo onde “qualquer um pode ser jornalista” (MARCONDES, 2009. p. 74).
Com a democratização das tecnologias, antes do jornalista chegar até o acontecimento já
existe grande probabilidade de alguém ter fotografado, filmado e produzido algum texto para
gerar conteúdo noticioso, difundindo-o logo em seguida em blogs ou redes sociais.
Como consequência disso, surgem diversos questionamentos abrangendo incertezas
que incorporam o trabalho, a credibilidade e prestígio social da profissão:
Até que ponto notícias produzidas em ritmo de alta velocidade ainda são confiáveis? Em que medida pode-se depositar a mesma credibilidade que se tinha em relação aos antigos jornais, historicamente constituídos, socialmente muito mais enraizados, ao noticiário da net? Será que o público está em condições, tem filtros e mesmo interesse para fazer uma seleção apurada das notícias que recebe? ( Ibid .: p. 131)
Quando se questiona a credibilidade jornalística, particularmente na web, vêm à tona
questões relativas a notícias falsas ( fake news ) e a estarmos vivendo na era da pós-verdade 3 ;
3 Eleita a palavra do ano em 2016, pelo dicionário de Oxford - cuja definição é: “ um adjetivo relacionado a circunstâncias em que os fatos influenciam menos a opinião pública do que apelos à emoção ou às crenças pessoais”.
28
como também, ao fact checking , - que é a checagem de fatos e dados para classificar material
noticioso em verídico ou falso.
No universo da construção de credibilidade, a falta de transparência em relação ao
viés e linha editorial, de diversos veículos de comunicação (inclusive os grandes), é um fator
que pesa. Ricardo Caufman, em entrevista ao podcast Mamilos, cita um exemplo
“bem-definido” do que é notícia, pela jornalista Olga Curado: “notícia é tudo aquilo que é
imoral, ilegal, controverso, patético ou inédito”. O entrevistado também faz uma constatação
sobre o valor-notícia dentro destas categorias: para ele, não é possível ‘esconder’ ou ‘ocultar’
alguma informação que tenha essas características (citadas por Olga), sobretudo por causa das
redes sociais como um espaço heterogêneo, incontrolável e alternativo.
Os veículos de comunicação, somente, não podem controlar e definir o que é
noticiável, como era feito antigamente. Agora, esse trabalho é influenciado juntamente com o
que é falado nas redes sociais. A falta de transparência e posicionamento sobre o viés
(político) do veículo, tem causado revolta popular e boicote a muitos destes, geralmente
encabeçados nas mesmas redes sociais. A credibilidade, hoje em dia, não se compreende só
em falar a verdade ou publicar dados verídicos, mas na honestidade do veículo para com
quem participa do seu público ou não; pois, gradativamente, a relação do senso crítico na
seleção e divulgação de notícias, com o viés e linha editorial dos veículos, se mostra uma
discussão mais relevante e debatida entre a população. Em uma sociedade extremamente
polarizada politicamente, as pessoas querem se informar “nos dois lados” e, para isso, não
acatam mais um veículo sem clareza e sinceridade no seu posicionamento, ou, que se diz ‘A’
com viés de ‘B’, e vice-versa.
2.3. Jornalismo em tempos de pandemia e o home office
Em 2020, o trabalho, prestígio e a credibilidade do jornalista, socialmente, passou por
mais uma fase de mudança com a pandemia do Coronavírus (Covid-19). Para se adaptar às
condições de isolamento social, e outras medidas, adotadas por diversos países e
recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS); houveram transformações e
adaptações nas dinâmicas, interações, e outros aspectos do trabalho jornalístico.
29
As transformações e desafios, trazidos pelo cenário pandêmico, fizeram com que
profissionais de várias áreas explorassem às novas tecnologias e dinâmicas laborais na sua
rotina. No caso dos jornalistas, uma das principais mudanças ocorre relacionada à precedente
dinâmica nas redações - agora, com a ausência do contato pessoal e conversa como centro de
sua atuação. Nesse cenário, o jornalismo digital ganha espaço durante a quarentena (período
de isolamento/reclusão social; medida restritiva para diminuir a propagação do vírus);
comentaristas passam a criar canais no YouTube, realizar lives, explorar recursos e redes
sociais para difundir informação. O Covid-19 entrou em cena forçando grandes alterações e
trazendo consigo problemáticas - que possuem faces, majoritariamente, negativas.
Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), 75% dos jornalistas
brasileiros passaram a trabalhar em home office (trabalho em casa) desde o início da
pandemia. A possibilidade de contágio altera a rotina de trabalho não só dos profissionais que
passaram a atuar em casa, mas dos outros 25% que permaneceram em campo. Os primeiros,
como dito anteriormente, passam a não ter a dinâmica e socialização com os colegas nas
redações; e, agora, em casa, perdem a delimitação do espaço pessoal e profissional, passando
a ampliar as horas de trabalho, antes já exaustivas. No entanto, segundo Andiara Petrelli,
integrante do grupo RBS de mídia brasileiro, em entrevista ao portal de notícias Press Portal,
notou-se que a produtividade dos jornalistas aumentou, e que, “muitos se sentem mais
seguros e motivados por terem rotinas mais flexíveis”. Para ela, esse modelo ‘pode funcionar
para o jornalismo’.
Em contraposição, pesquisadores como Roseli Figaro, doutora e coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo
(USP), afirmam que o home office não é bom para o jornalismo. Ela, que coordenou a
pesquisa “Como trabalham os comunicadores em tempos de pandemia da Covid-19”,
desenvolvida pelo Centro de Pesquisa Comunicação & Trabalho, credenciado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); apresentou dados relevantes
para embasar sua afirmação. Na referida pesquisa, foram entrevistados 557 profissionais,
onde 70% confirmaram o aumento do ritmo de trabalho durante a pandemia e, 55%
afirmaram se sentir mais pressionados nessa nova dinâmica de trabalho.
30
Assim como Roseli, para complementar a teoria de que a pandemia e o home office de
fato não são bons para o jornalista, o doutor em comunicação Fábio Pereira, da Universidade
de Brasília (UnB), reafirma problemáticas dessa dinâmica de trabalho; destacando-se à
dificuldade de se “desconectar” do trabalho e a perda da redação como espaço de socialização
e trocas profissionais.
Tal como os mencionados doutores, mas fora do acontecimento pandêmico, Souza
(2017), destaca as consequências da dinâmica do isolamento com o trabalho jornalístico:
Impossível fugir do conceito de alienação, pois os jornalistas, já isolados, instrumentalizados, individualizados, em contraste com a competição e concorrência (enquanto produtos de valor de troca) são reduzidos a fragmentos em uma divisão de trabalho cada vez mais corrosiva (SOUZA, 2017. p. 143)
Relacionando às problemáticas citadas, com o cenário da pandemia/quarentena
(isolamento social e o trabalho em casa); há uma mescla de atividades domésticas, como
produção e entretenimento, e outros fatores que podem gerar consequências na subjetividade
e na saúde mental do indivíduo “cujo maior sintoma é o estresse” ( Ibid .: 143). Esta resposta
física, apontada como consequência, sob circunstâncias de “isolamento profissional” (em
home office ou trabalho freelance), pode ser relacionada com as mesmas implicações no
contexto pandêmico.
Quanto aos jornalistas que permaneceram atuando em campo, foram feitas várias
recomendações pela OMS, como: usar luvas, máscaras, manter o distanciamento social, uso
de microfones diferenciados para o repórter e para o entrevistado. E claro, continuar
informando a população com responsabilidade e empatia para auxiliar na manutenção da
democracia e combater a desinformação; o que reforça a importância do papel dos
profissionais dentro e fora de casa.
Em tempos de pandemia, segundo o professor Luciano Malluly, em artigo escrito para
o jornal da USP, o jornalista tem sua responsabilidade social destacada, não só no combate às
notícias falsas, mas ao que ele chama de “achismo como notícia” quando se refere a receitas
milagrosas e outras falácias amplamente divulgadas, acerca do vírus e suas implicações.
Nesse recorte, a Fundação Oswaldo Cruz, realizou um estudo com conteúdos captados entre
17 de março de 10 de abril, que revelou que 65% das fake news envolviam curas milagrosas e
31
não-científicas sobre o Coronavírus. Essa desinformação, principalmente no contexto
pandêmico, teve grandes encadeamentos.
Segundo a empresa especializada em pesquisas digitais, Mindminers, entre os canais
mais utilizados para disseminar informação estão: as redes sociais com 66%, seguida pelos
portais de notícias com 65% e a TV com 54%. Nas redes sociais, o WhatsApp (aplicativo
multiplataforma de mensagens instantâneas) domina o pódio como sendo o principal meio de
disseminação de notícias falsas; 63% dos respondentes do levantamento afirmam receber
diariamente notícias falsas. A “Pesquisa sobre o Fake News”, foi realizada entre 25-29 de
abril de 2019 e teve mil respondentes no painel da Mindminers.
Essa conjuntura (do compartilhamento de fake news, durante a pandemia) também
inclui a polarização de opiniões sobre o uso de medicamentos como a cloroquina no Brasil e
nos Estados Unidos, que apoiados pelos seus respectivos presidentes - antes de quaisquer
comprovações científicas de eficácia -, levou muitas pessoas a se automedicarem e
desenvolverem reações e complicações, posteriormente ao uso sem acompanhamento médico.
Pela grande circulação e aprovação social de informações não-científicas, a imprensa
detém um papel fundamental de evidenciar, seja por meio de grandes ou pequenos veículos de
comunicação; notícias, dados e entrevistas, com cientistas e especialistas, para falar sobre a
pandemia de forma bem apurada, embasada e com credibilidade. Algumas redes sociais já
exercem parceria com agências de checagem de fatos (como a Lupa) implementando
ferramentas de verificação e alertas de conteúdo falso; mas para combater de fato esse quadro,
é preciso compreender a disseminação e o recebimento de notícias como uma via de mão
dupla. Nesta via-dupla, a população deve se conscientizar e se apropriar de ferramentas de
filtragem e checagem de conteúdo, além de desenvolver métodos que identifiquem
características predominantes de notícias falsas (como apelo à emoção e sensacionalismo); e
na outra-mão, os profissionais se comprometerem, crescentemente, com a difusão ética e com
a prestação de serviços (como o fact checking ) à população.
2.4. Implicações e período pós-pandemia
O Covid-19 trouxe outras consequências negativas para a classe de jornalistas;
estamos falando de 21% de demissões e 28,8% de redução de salário, segundo dados da 32
FENAJ, que vão complementando aos poucos o cenário decadente da profissão. O alto
número de profissionais em home office apresenta grande contribuição para essa conjuntura,
principalmente para o período pós-pandemia - uma vez que tal modelo de trabalho pode ser
mantido e usado como justificativa para “reduzir custos”, por parte dos grupos de
comunicação - que, já com orçamento limitado, contratam cada vez menos profissionais para
atuar em suas redações, em decorrência.
O doutor Fábio Pereira, mencionado anteriormente (no item 2.3.), destaca também, a
“sedentarização do jornalismo” no contexto pandêmico, considerando que o profissional em
home office pode passar a produzir muito, mas não tem contato pessoal e acaba se habituando
a realizar entrevistas exclusivamente via e-mail, ligação, e etc. Meios que, para ele,
configuram um material jornalístico mais superficial e mais dependente das fontes. Ainda
segundo o doutor, essa “sedentarização” contribui para a redução de pessoal, (e sobrecarga de
trabalho dos remanescentes, como sequela), sob a justificativa de corte de recursos por não
exigir deslocamento e etc.
O jornalismo já apresentava precariedade na apuração dos relatos de suas fontes,
devido, principalmente, às novas tecnologias e a redução do tempo para produzi-las (SOUZA,
2017). Essa situação se evidencia no período pandêmico por deixar o jornalista ainda mais
submetido à tecnologia e às suas fontes, ao realizar entrevistas e outras atividades, on-line,
por causa do isolamento; e ainda, levando em consideração o aumento da carga horária de
trabalho como efeito do profissional não conseguir se desligar, misturando-se às dinâmicas de
trabalho e domésticas.
A internet, ao aproximar espaços e dinamizar o tempo, reconfigurou a relação do jornalista com as fontes bem como seu papel enquanto mediador de informações. Nessa volatilidade e cooperação fluída entre diversos agentes, o jornalista se desprende de sua tarefa mais premente de apurar com qualidade a matéria-prima de suas notícias. Cotidianamente atropelado pelo trabalho, já que é acessível 24h, o jornalista não desliga nunca (SOUZA, 2017. p.142).
A redução do tempo para escrever uma matéria, somada ao home office (ainda no
recorte da pandemia) e ao desempenho multitarefas do profissional, justifica a situação de
exaustão mental em que muitos profissionais se encontram. No episódio #178 do podcast
Mamilos, o convidado Ricardo Caufman reafirma essa situação comparando o número de
profissionais que antes compunham uma redação. Segundo ele, “antigamente antes de se
33
publicar uma notícia, a mesma passava por 10 profissionais dentro da redação, hoje em dia,
um profissional fica responsável por tudo”.
Pensando no cenário pós-pandemia, essa situação pode incentivar à adesão desses
modelos de trabalho (principalmente o home office). O jornalismo de fato, se faz nas ruas.
Não se pode prever ao certo como será o cenário depois do Covid-19, mas espera-se (de
maneira otimista) o retorno dos profissionais às ruas e a não aquiescência , por parte dos
grupos de comunicação, a modelos de trabalho como o home office - que apresentam mais
facetas negativas do que positivas, para a classe.
De forma favorável, ao observar o jornalismo em tempos de pandemia, nota-se a
continuidade na exploração de ferramentas digitais para o exercício da profissão, como as
lives, que segundo pesquisa realizada pelo grupo Mindminers (a pedido da CNN Brasil
Business, em abril de 2020), apresentaram um aumento de demanda e permanecerão em alta
no contexto pós-pandêmico: 76% dos brasileiros pretendem continuar utilizando esses
recursos.
Outro fator favorável que se destaca deste tempo de transformações nos hábitos e
comportamentos sociais, é a presença de um fortalecimento recente no âmbito profissional: o
aumento da credibilidade. Pesquisas como a realizada pelo Instituto de Pesquisas do grupo
Folha, Datafolha, entre os dias 18-19 de março de 2020, levantam dados de que a população
do Brasil demonstra um alto índice de confiabilidade nas informações prestadas pela
imprensa. As TV’s e os jornais impressos são vistos pelos brasileiros como meios confiáveis
para coletar e transmitir informações sobre o Covid. O levantamento questionou se as pessoas
‘confiavam totalmente’, ‘parcialmente’ ou ‘não confiavam’ em determinado meio para se
atualizar: a TV (vista como confiável por 61% dos participantes) lidera o ranking de
credibilidade, seguida pelos jornais impressos (56%) e programas jornalísticos de rádio
(50%). Esses dados demonstram esperança para o fortalecimento e aumento do prestígio
social do jornalismo (que estava em queda, principalmente, entre os apoiadores do atual
governo). Com o trabalho jornalístico classificado como a principal fonte de credibilidade em
meio a uma situação tão delicada, se evidencia a importância da função desempenhada por
estes, no domínio social.
2.5. Redução na qualidade do trabalho jornalístico e do prestígio social 34
Levando em consideração as mudanças laborais impostas pela pandemia e
ressignificadas pelos avanços tecnológicos, a realidade nas etapas produtivas da notícia se
mostram precárias. A redução na qualidade do trabalho jornalístico (pelos fatores já expostos)
e do prestígio social, aparecem em destaque na atualidade; trazendo consequências
extremamente relevantes ao debate social. É preciso valorizar e entender a importância e
responsabilidade do profissional que dissemina e produz conteúdo noticioso, à sociedade.
O jornalista desempenha um encargo extremamente importante, seja de ‘contrapoder’,
ou de trazer ao debate social os temas mais relevantes. Uma vez que é vítima de uma
exploração agravante, de um quadro que exige um perfil multitarefas (sem preparo, ou sequer
a exigência de um diploma, como será mostrado posteriormente); somado a uma rotina de
trabalho exaustiva, baixos salários, desunião de classe e desprestígio social; o jornalista
demonstra um perfil afetado por danos dessa exploração psicológica-trabalhista, que intervém
na qualidade do conteúdo produzido. Isso parece óbvio, mas aparentemente não está claro aos
grandes grupos de comunicação-capitalistas, que parecem estar vendados aos direitos e
concessões de trabalho justas. Como também, à sociedade que vocifera a não-existência de
“um jornalismo como o de antigamente”, ou descreve a imprensa como “imprensa marrom”
e/ou “decadente”. Como chegamos onde estamos? E o que contribui majoritariamente para
isso?
Pesquisadores como Bulhões e Renault (2016. p. 168 apud Druck, 2011, p.37),
destacam seis tipos de precarização do trabalho no contexto brasileiro. Resumidamente, são: a
vulnerabilidade da forma de inserção e desigualdade social (não considerando apenas o índice
de desemprego, alta rotatividade nos empregos, mas também à informalidade); a
intensificação do trabalho (imposição de metas inalcançáveis, extensão da jornada de
trabalho, abuso de poder, etc); a insegurança (reforçada pela falta de treinamento/preparo,
disseminação de informações e a saúde no trabalho); a perda das identidades individuais e
coletivas (ocasionadas pelo isolamento e perda o enraizamento); seguida pela fragilização da
organização dos trabalhadores (baixa adesão à sindicatos e união de classe); e, por último, a
condenação e descarte do Direito do Trabalho (condições que colocam em xeque as leis
trabalhistas que visam à flexibilização do trabalho).
35
Existem diversos fatores pertinentes a esses apontamentos, mas vamos nos ater a três
elementos relacionados aos do parágrafo anterior, que parecem contribuir de maneira
marcante para a redução na qualidade do material produzido e do prestígio social, na
conjuntura jornalística. São eles, as inovações tecnológicas (em específico, redes sociais),
desunião de classe e o isolamento do profissional (questionando a atuação do jornalista
freelancer e do home office como objeto principal de desejo dos profissionais).
As inovações tecnológicas acontecem numa velocidade nunca vista antes. Com a
internet e a cibercultura, elas fornecem um espaço mais aberto e democrático para o debate
social. Por isso, quando fazemos a junção de tecnologia e debate social, as redes sociais logo
vêm à mente. Com a rapidez da troca de informações, essas redes se tornam as principais
plataformas por onde as pessoas buscam informações (lideram com 66% de preferência 4 ); e
somando à demanda e facilidade trazidas por estas, se torna possível a qualquer pessoa, com
acesso à internet, produzir e disseminar informações.
Para o trabalho do jornalista, esse fluxo de informações rápidas e contínuas trazem
algumas implicações: o meio exige agilidade na elaboração da notícia - requisito que muitas
vezes não é cumprido - pois, o redator publica informações iniciais e superficiais, apenas para
fazê-lo em primeira mão. (como exemplos existem notícias de casos de acidentes aéreos ou
morte de celebridades, onde publicam-se matérias contendo somente noções iniciais). Além
disso, o furo-jornalístico e a seleção de informações relevantes ao debate se torna cada vez
mais difícil de se estabelecer pela imprensa; os internautas levantam hashtags
(palavras-chaves ou termos associados a uma informação) de temas diversos e definem,
assim, o que terá mais participação popular e relevância on-line. Também exige-se adaptação
de linguagem, textos mais enxutos e com informações resumidas - as pessoas acabam lendo
menos matérias longas - característica que, a longo prazo, pode contribuir para a
sedentarização do jornalismo.
As redes sociais também dispõem de um aparato de controle muito forte: o
funcionamento dos algoritmos. Estes, “dominam as redes sociais e os ambientes virtuais”
(SOUZA, 2017. p. 138), e podem atrapalhar o trabalho do jornalista - principalmente do
4 Dados da “Pesquisa sobre o Fake News”, realizada entre 25-29 de abril de 2019 pela empresa Mindminers, especializada em pesquisas digitais.
36
ponto de vista ético e moral. Isto acontece ao se levar em consideração a pluralidade de
perspectivas sobre o mesmo assunto, como um dos pilares do compromisso jornalístico; na
compreensão de “dar voz” e trazer a notícia de forma bem-apurada e justa. Como os
algoritmos atrapalham? Simples, eles funcionam fazendo uma seleção e coletando
informações sobre os usuários para, em seguida, sugerir o consumo de conteúdo tendo como
base uma informação pré-selecionada - e supostamente - de interesse, para cada internauta (O
Dilema das Redes, Netflix, 2020). Desta forma, este conteúdo designado não oferece
pluralidade de vieses e perspectivas; auxiliando na formação de opiniões de massa no efeito
“bolha” - como sinônimo de preso, limitado. Aparatos tecnológicos, como este, incentivam à
formação de uma sociedade polarizada, sendo prejudiciais à democracia, e assim, aos
princípios que regem o jornalismo, seu trabalho e dever social.
Para além das inovações tecnológicas (no recorte das redes sociais), outro fator que
pesa na precarização do jornalismo é a desunião de classe . Dentro desse quadro, se evidencia
a baixa adesão a sindicatos, a desvalorização do valor-hora de trabalho e a falta de debate; que
auxiliam na manutenção da “glamourização” do trabalho dos jornalistas (interesse dos
grandes grupos exploradores-capitalistas).
O cenário de baixa participação de jornalistas nos sindicatos é alarmante e ratifica o
sério problema de desunião de classe que circunda a profissão. Em sua tese, Juliana Dantas,
afirma que no Brasil, atualmente, existem 31 sindicatos mais a Federação Nacional dos
Jornalistas (FENAJ), para reunir e congregar jornalistas, tratar de seus interesses, lutas e
reivindicações. Desde as primeiras regulamentações da profissão (de 1938-43), houveram
diversas mudanças e decretos que afetaram o seu exercício; no entanto, apesar da trajetória
histórica da classe, a desunião e falta de debate (fator que reflete na presença ínfima de
profissionais-sindicalistas), ainda é um dos aspectos mais relevantes para não-melhoria das
condições de trabalho. Juliana, destaca que a desunião de classe é “uma peculiaridade que nos
faz entender o porquê do jornalista ter tanta dificuldade de mudar sua realidade”. Na mesma
tese, ela também quantifica a queda no número de registros ativos de jornalistas
sindicalizados no Rio Grande do Norte:
37
FIGURA 3 - NÚMERO DE JORNALISTAS SINDICALIZADOS NO RN
Fonte: DANTAS, Juliana (2019, p. 106), destaque nosso.
Sendo os sindicatos uma ferramenta de debate e luta por direitos, a baixa relevância
atribuída a eles, reflete também nos problemas de baixos salários e discrepância no
valor-hora, que varia de acordo com a região/empresa onde se trabalha. Enquanto um
jornalista se recusa a trabalhar por um valor x (colocando x como um valor hipoteticamente
injusto à quantidade de horas trabalhadas); o outro, em seguida, aceita fazê-lo - o que justifica
a quantidade de jornalistas que trabalham em dois ou mais veículos, para manter um padrão
de renda compatível com seus modelos de vida.
O Brasil tem aproximadamente 145 mil jornalistas profissionais registrados (MICK; LIMA, 2013). Integrantes de um mercado muito competitivo e com discrepâncias entre as remunerações, os jornalistas sofrem as consequências do atual modelo de trabalho adotado pelo mercado brasileiro (BULHÕES; RENAULT, 2016. p.166 apud MICK;LIMA, 2013).
Outro fator - que abraça a desagregação de classe e a manutenção da desvalorização
profissional - é a colocação da crítica à realidade de baixos salários e horas de trabalho
exaustivas (no alto-falante público) como tabu (proibição) - não se fala nisso. Ora, o jornalista
possui, teoricamente, ferramentas para chamar à atenção da população local, comunidade e
outrem, às injustiças laborais que afligem a sua profissão mas, por quê não o faz? A
38
justificativa, que geralmente é acatada de forma inconsciente, é de que haveria prejuízo à
visão de glamour da classe e, à sua colocação num patamar intelectual na sociedade, de modo
a afetar negativamente os envolvidos. Como coloca Ciro Marcondes Filho (2009. p. 73-74)
apud Charon (1993. p. 238):
Acabar com os jornalistas? A chantagem: “Na conjuntura atual, o jornalista será, por exemplo, habilmente convocado a pensar um pouco sobre sua situação de emprego: prejudicar a imagem é aumentar as dificuldades e assim pôr em perigo o futuro dos assalariados” (CHARON, 1993. p.238).
É difícil, até mesmo para estagiários em jornalismo se posicionarem contra questões
trabalhistas precárias. Por exemplo, labutar acima de 5 horas (em desacordo com a FENAJ),
ganhar salários baixíssimos e exercer funções que vão além de sua preparação acadêmica, são
acatados e abafados. Por isso, nota-se uma necessidade de conscientização acerca da realidade
de mercado e da utilidade de se impor e valorizar, inclusive durante a graduação, como sendo
imprescindível.
Por último, e não menos relevante, falemos das consequências do isolamento
profissional , no recorte do home office e do modelo de trabalho freelancer, como fator que
influencia na redução da qualidade de material jornalístico. E ainda, como sendo objetos de
romantização e desejo por parte dos futuros profissionais da área, nos próximos capítulos.
Sobre o formato de home office, resgata-se a discussão do tópico (2.3.), desta vez,
com um novo fator pertinente: “o controle da subjetividade” (Souza, 2017). Vale reaver que,
considerando-se os problemas advindos já descritos (isolamento profissional, ausência de
troca entre profissionais, aumento da jornada de trabalho, e outros); o referido modelo de
trabalho têm influência direta na qualidade do material jornalístico. Apesar de não ser um
modelo novo, com seu início na década de 70, atualmente, com o período pandêmico, o
trabalho realizado em casa ganha crescentemente mais apoiadores e adeptos.
O controle da subjetividade entra em cena como mais uma consequência dessa forma
de expediente individualizado ( isolamento profissional ). Vale ressaltar que, o home office
também instiga aos padrões de contratação e remuneração inconsistentes, posto que, com o
trabalho em casa, existe um afastamento entre os profissionais; não há troca nem parâmetros
com a dinâmica que costuma existir nas redações, além da permuta e aprendizado dos mais
novos com os mais experientes na profissão. Isolado, o jornalista normaliza a realização de 39
mais atividades e o trabalho multitarefas, muitas vezes, excedendo a carga horária
pré-estabelecida.
Em depoimento dado à Figaro (2013), uma “jornalista que trabalha em casa” demonstra sonhar com o trabalho em uma redação e o registro em carteira, visto que seu horário de atuação profissional é ilimitado, com ritmo acelerado e horizonte sem perspectivas garantidas. Essa trabalhadora conseguiu compreender os malefícios em ser uma freelance, desfazendo o mito da liberdade individual do consumo e do prazer ampliado, o que é uma forma de controle de subjetividade desses profissionais (SOUZA, 2017. p. 142 apud FÍGARO, 2013).
A distanciação entre jornalistas, remonta o cenário de precariedade e desunião, o que
influencia na relação do empregador-contratado, que, sem união de classe, constrói uma
realidade menos favorável a reivindicações trabalhistas, como: a padronização do piso salarial
no país, horário de trabalho, e outras necessidades.
Nesse contexto de isolamento profissional, existe também o freelancer que, de forma
simplificada e ingênua, é o jornalista que escolhe sobre o que quer escrever; um profissional
(teoricamente) mais livre. Grande parte dos que buscam exercer seu trabalho dessa maneira, o
fazem sob o pretexto principal de mais “liberdade”, uma vez que o jornalista pode escolher
seu direcionamento. Tal justificativa é refutável, considerando-se que esse tipo de argumento
transita entre a ingenuidade e a falsa percepção em relação às particularidades do
funcionamento da web:
E mesmo os jornalistas que atuam fora do controle direto dos conglomerados e das empresas, orbitam sobre a influência central da indústria da consciência e, a cabo, dos algoritmos que dominam as redes sociais e ambientes virtuais. O jornalismo freelance, o empreendedorismo de jovens jornalistas e a precarização geral da profissão são, portanto, mecanismos ativos da crise do jornalismo ( Ibid .: 138).
Quando se fala em precarização, entende-se como “um conjunto de fatores relativos às
condições de trabalho que faz com que a prática profissional apresente dificuldades no seu
pleno exercício” (BULHÕES; RENAULT, 2016. p. 168). As dificuldades no jornalismo se
mostram presentes desde o princípio, mas agora, com as inovações tecnológicas, os novos
modelos de trabalho, desunião de classe, e outros; tornam os princípios, o prestígio social e a
qualidade do fazer jornalismo, instáveis. Assim, é possível atestar prejuízos sérios à várias
gerações de profissionais, fisicamente e psicologicamente. E ainda, com o serviço prestado
pela imprensa afetado desta maneira, os prejuízos vão a nível social.
40
2.6. Danos físicos e psicológicos: o jornalista descartável
Quando apresentamos os principais agentes no quadro de precarização do jornalismo,
é claro que esperam-se efeitos físicos e psicológicos. No entanto, apesar de alarmantes, tais
danos não demonstram ser frequentemente objetos de pesquisas.
A saúde do jornalista é um tema corriqueiro em debates no âmbito dos sindicatos da classe, porém não frequente em pesquisas acadêmicas, salvas raras exceções, como é o caso das pesquisas de Aguiar (1996), Heloani (2003, 2006), Ribeiro (2001) e Reimberg (2015), ( Ibid ., p.170).
A maior parte das informações registradas vêm de sindicatos, os quais apresentam
informações sobre a saúde prejudicada dos profissionais, destacando: dores nas costas,
pescoço e articulações, seguidos de estresse, ansiedade, problemas de visão, dores nos braços,
pernas, dores de cabeça, depressão e palpitações.
As referidas decorrências físicas e psicológicas se relacionam como mais um efeito da
desunião de classe e da falta de reivindicações ao cumprimento dos direitos trabalhistas; e
ainda, abafadas pelos profissionais que, já em desvantagem (e desvalorizados pelos
empregadores, sociedade e por si), temem perder seus vínculos empregatícios e permanecer
em desamparo - bastando olhar ao redor, e fazer uma constatação de que seus colegas se
submetem, em sua maioria, à mesma situação, ou pior.
Permanecendo na esfera de desagregação, da ausência de garantias e descumprimento
de direitos, há mais um problema significativo: o contratempo do jornalista descartável . Esta
adversidade aflige, principalmente, aos mais antigos e conformados com as rotinas laborais.
Os mais novos, então, vendo os primeiros em consonância com a situação para manter seus
empregos, escolhem, muitas vezes, seguir seus exemplos, expandido o problema às novas
gerações.
‘A substituição de jornalistas veteranos por outros mais jovens é uma prática recorrente. O recém-formado é maleável e se adapta mais facilmente às normas político-editoriais assim como a salários mais baixos na escala profissional’ (SOUZA, 2017. p. 141 apud ADGGHIRNI, 2012. p. 76).
Essa realidade não está em conformidade com as normas que regem o jornalismo, isto
é um fato. E, desta forma, devem ser objeto de luta e resistência até que se tenham condições
41
de trabalho apropriadas, onde o profissional atuante receba um valor-trabalho que realmente
seja justo a ele e sua classe. Com a união, se faz a força.
2.7. Jornalismo no Rio Grande do Norte, breve contextualização histórica
No recorte estadual, a situação vigente não se difere do cenário já descrito nos
capítulos anteriores. Pelo contrário, nota-se uma grande conformidade e fragmentação por
parte da maioria dos profissionais presentes no mercado.
Para fazer uma contextualização histórica do jornalismo potiguar, existem poucas
informações esquadrinhadas. Sabe-se que a primeira faculdade da área foi concretizada em
1962, na então Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza que, em seguida, passou a fazer parte
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no ano de 1974.
Gustavo Sobral e Juliana Bulhões, no livro “Memórias do Jornalismo no Rio Grande
do Norte”, resgatam tal contextualização histórica da profissão através de relatos de
jornalistas atuantes no mercado, que protagonizaram os acontecimentos potiguares. As
memórias descritas no livro fazem um apanhado do funcionamento da sociedade e do trabalho
de jornalistas, antigamente, nos primeiros e mais relevantes veículos tradicionais da época.
Como exemplo, a Tribuna do Norte, (fundada em 1950 pelo jornalista Aluízio Alves) , - que é
até hoje um dos mais convencionais e respeitáveis veículos no estado -, também o Diário de
Natal, (instituído em 1939); e outros.
Ademais desses relatos apresentados no referido livro - romantizados, de certa forma,
pela paixão dos jornalistas por sua profissão e papel social -, há apanhados históricos que
demonstram a forte presença da influência política nas produções noticiosas, desde os
primeiros passos dos meios de comunicação norteriograndenses. Fazia-se, portanto,
apropriação do jornalismo para privilegiar interesses pessoais e políticos na esfera natalense,
por volta do século XIX para o XX.
A introdução do jornalismo ocorreu de forma a saciar interesses de particulares, pessoas como Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, que utilizava-se do jornal para expor seus interesses políticos (COSTA, 2005. p. 13).
As notícias chegavam às pessoas não só através dos jornais, mas por meio de
conferências que, eram reuniões, realizadas de tempos em tempos, onde um sujeito falava
42
sobre um determinado assunto, publicamente. Assim, o interesse da população para discussão
de notícias foi crescendo socialmente. No ano de 1832, a imprensa-norte-rio-grandense entra
em cena com a aparelhagem da primeira tipografia, por José Fernandes Carrilho e Urbana
Égide da Silva Costa de Albuquerque Gondim. Desta forma, Natal dava início à sua produção
publicista com o jornal "O Natalense", que teve sua primeira edição em 2 de setembro de
1832 ( Ibid .: 23).
O jornalismo no RN não teve apenas a influência política marcando sua história, mas
houve grande atuação religiosa durante o período da Primeira República; quando foram
inseridos alguns jornais voltados a públicos específicos. No contexto religioso, as produções
noticiosas católicas faziam oposição a tudo que pudesse contestar seus preceitos e, sobretudo,
ao protestantismo, que já existia. Um caso é o jornal "A Pátria", do Partido Católico,
(inaugurado em 1890), que se apresentou como defensor do bem e da fé católica, se isentando
de quaisquer outros “compromissos ocultos”, na época.
Seguindo mais adiante, para o primeiro grande marco nos jornais potiguares,
destaca-se uma notável transformação:
A década de 1920 marcou uma mudança nos jornais, com a melhoria na qualidade da impressão, e a diminuição do espaço destinado à política. A estrutura dos jornais desse período estava assim organizada: a primeira página mudou em relação à das edições da década de 1890, contendo agora um espaço batizado de "Telegramas", que trazia notícias de interesse ligados diretamente à população. Esse espaço era dividido em notícias do interior: tais como falecimento, chegada de pessoas ilustres à cidade, e do exterior: que versava sobre as notícias de diversas partes do mundo; nasce também uma parte intitulada "Vida Social", que trazia informes de aniversários, agradecimentos, falecimentos e também, condolências, etc ( Ibid .: 45).
Com essa modificação, começa-se a produzir um jornalismo mais voltado para o
leitor, incentivando-se à abertura de novos periódicos e empreendimentos na área. A mudança
foi descrita como um “crescimento vertiginoso” (COSTA, 2005, p.45): “Para que possamos
ter uma idéia [...] dessa nova imprensa do período podemos citar: "Aeroporto" (1915);
"Automóvel" (1915); "Alfinete" (1915); "Via - Láctea' (1915); [..]”.
O aumento da quantidade de jornais e o enfoque nos interesses do leitor foram grandes
marcos na história do jornalismo natalense, e na evolução destes, até o que conhecemos hoje.
Os critérios de noticiabilidade, desde então, deixam de ser majoritariamente voltados para
interesses de poder envolvendo políticos, religiosos e outros. Assim, atrelou-se ao noticiarista 43
a busca por se exercer um jornalismo mais democrático ao colocar o leitor/interesse público,
no âmago de suas produções.
2.7.1. Cenário potiguar atualmente
O levantamento da quantidade de profissionais do jornalismo no mercado potiguar, na
contemporaneidade, para esta pesquisa, se mostrou complexo. Essa constatação se dá devido
a baixa participação em sindicatos 5 , que se encontra cada vez menor, e à falta de controle
quantitativo, em decorrência. Além disso, o Sindicato dos Jornalistas exibe seu site oficial
(http://www.sindjorn.com.br/, acessado em: 02, nov. 2020) fora do ar, deixando o acesso a
informações atualizadas, temporariamente indisponível.
De acordo com a consulta realizada ao mesmo site por Bulhões (2014, p. 5), existiam
900 jornalistas sindicalizados em Natal e, aproximadamente, 2 mil no RN, entre profissionais
diplomados e não diplomados. Essas informações confirmam o que já foi dito no parágrafo
anterior: sabemos que esses números podem não-representar nem metade da quantidade de
profissionais do segmento realmente atuantes no mercado potiguar. E vale ressaltar que, com
base nessas informações (apesar de inexatas), a média de registros profissionais dos
jornalistas ativos no RN é menor que o nacional, assim como os índices potiguares de
sindicalização na área.
A relação da baixa sindicalização com o isolamento profissional, ratificam às
mudanças nos moldes de atuação do jornalista, e operam como agentes ativos na
inconsistência da profissão. Com esse fato, a maioria dos profissionais opta por exercer suas
atividades laborais em assessorias de comunicação, deixando o trabalho nas redações (como
era feito antigamente) bem abaixo na lista de prioridades; o motivo é simples, o salário.
A maior procura dos profissionais recém-inseridos no mercado se dá por trabalho em assessorias, por serem consideradas uma das fontes mais rentáveis da prática. [...] Outro ponto que deve ser considerado com relação à precarização da profissão diz respeito aos baixos salários, que, consequentemente, podem ser o motivo para a migração ou simultaneidade de trabalho junto às assessorias de imprensa (BULHÕES, 2014. p. 5)
De acordo com dados da FENAJ, o RN é um dos estados com o piso salarial do
jornalista mais baixo, variando em torno de R$ 1.643,20 (2018/2019). Em comparação com o
5 Cf. figura 3 desta obra 44
piso do Alagoas, na mesma região do país, por exemplo, onde se estabelece cerca de R$
3.565,27, ficando nítida uma discrepância considerável.
Os baixos salários, aqui no estado, levam o profissional a buscar ter mais de um
emprego e/ou fonte de renda, e incentiva assim, à naturalização da multiplicidade de funções
e trabalhos em vários veículos. Como também, a prática do jornalismo freelancer , do home
office e outros fatores já apresentados como âncoras no cenário de precarização.
No Rio Grande do Norte é mais comum se ter mais de um emprego, quando comparado à média do Brasil, [...] Enquanto no Brasil cerca de um terço dos profissionais da mídia ou fora da mídia possuem mais de um emprego, no Rio Grande do Norte esse número mais que duplica. [...] Os pontos elencados por eles que nos levam a essa crença foram: baixos salários, necessidade de ter mais de um emprego, jornadas intensas de trabalho, “queda” do diploma, falta de qualidade e profissionalismo no mercado, falta de reconhecimento profissional, exercício do jornalismo por profissionais não graduados e acúmulo de funções devido ao avanço da tecnologia (BULHÕES, 2014, p. 14 e seg .).
Diante das informações apresentadas, é possível compreender que, os jornalistas
potiguares têm mais de um emprego por causa dos baixos salários, e a busca pelos trabalhos
em assessorias se dá como consequência dessa realidade. Para mais, existe um abafamento
dessas problemáticas-precárias por parte dos profissionais operantes no mercado, que
sustentam o charme e a imagem romântica, abrangente ao ofício. “A maioria dos jornalistas
não pensa em deixar a profissão, devido à paixão pelo jornalismo e ao glamour associado a
esse profissional” ( Ibid .: 20).
Essa triste realidade não está em conformidade com o Código de Ética, decretos e
normas em que se baseiam os direitos da classe em questão. E as formas de lutar contra isso
vão se esvaindo de forma diretamente proporcional à queda do interesse e debate interno,
nesta camada social.
2.8. Destaque de Decretos e Código de ética pertinentes ao tema do trabalho
Ao acessar os decretos de Lei n º 910-38 e 5480-43, sobre condições de trabalho e o
curso de jornalismo, respectivamente; além do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros,
através do portal da Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ; vale destacar - objetivando
reflexão ao que já foi apontado nos capítulos anteriores -, o seguinte:
45
Do decreto relativo às condições de trabalho, nº 910-38, (publicado no Rio de Janeiro,
em 30 de novembro de 1938, 117º da Independência e 50º da República, pelo então
presidente, Getúlio Vargas):
Capítulo 1 - Dos estabelecimentos e pessoas
Art. 1º: Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca de informações até à redação de notícias e artigos e à organização, orientação e direção desse trabalho.
Capítulo 2 - Da duração do trabalho
Art. 3º: A duração normal do trabalho dos empregados compreendidos neste decreto-lei não deverá exceder de cinco horas, tanto de dia como à noite
Art. 4º Poderá a duração normal do trabalho ser elevada a sete horas, mediante acordo escrito, em que se estipule aumento de ordenado, correspondente ao excesso do tempo de trabalho, e em que se fixe um intervalo destinado a repouso ou a refeição.
Art. 5º As horas de serviço extraordinário, quer as prestadas em virtude de acordo, quer as que derivem das causas previstas no parágrafo único do artigo anterior, não poderão ser remuneradas com quantia inferior à que resultar do quociente da divisão da importância do salário mensal por 150 (cento e cincoenta), para os mensalistas, e do salário diário por 5 (cinco), para os diaristas, acrescida de, pelo menos, 25 % (vinte e cinco por cento).
Art. 7º A cada seis dias de trabalho efetivo corresponderá um dia de descanso obrigatório, que coincidirá com o domingo, salvo acordo escrito em contrário, no qual será expressamente estipulado o dia em que se deve verificar o descanso.
Art. 9º Será computado como de trabalho efetivo o tempo em que o empregado estiver à disposição do empregador.
Do decreto relativo ao curso de Jornalismo, nº 5480-43, (publicado no Rio de Janeiro,
13 de maio de 1943, 122º da Independência e 55º da República, pelo então presidente, Getúlio
Vargas):
Art. 2º O curso de jornalismo tem por finalidade ministrar conhecimentos que habilitem de um modo geral para a profissão de jornalista.
E, do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, disponibilizado em 07 de agosto de
2007, pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ):
Capítulo I - Do direito à informação
Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.
46
Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que: I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas; II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público; III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão; IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as nãogovernamentais, deve ser considerada uma obrigação social; V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.
Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista
Art. 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.
Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação.
Art. 5º É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte.
Art. 6º É dever do jornalista: I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos; II - divulgar os fatos e as informações de interesse público; III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão; IV - defender o livre exercício da profissão; V - valorizar, honrar e dignificar a profissão; VI - não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem trabalha; VII - combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercidas com o objetivo de controlar a informação; VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão; IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas; X - defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito; XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias; XII - respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria; XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente; XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Art. 7º O jornalista não pode: I - aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a carga horária legal ou tabela fixada por sua entidade de classe, nem contribuir ativa ou passivamente para a precarização das condições de trabalho; II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação; III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias; IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais; V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime; VI - realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a
47
elas relacionadas; VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas; VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado; IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais. Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista
Art. 8º O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a responsabilidade pela alteração será de seu autor.
Art 9º A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística.
Art. 10. A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.
Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações: I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica; II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes; III - obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;
Art. 12. O jornalista deve: I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas; II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público; III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar; IV - informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções; V - rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações; VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável; VII - defender a soberania nacional em seus aspectos político, econômico, social e cultural; VIII - preservar a língua e a cultura do Brasil, respeitando a diversidade e as identidades culturais; IX - manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho; X - prestar solidariedade aos colegas que sofrem perseguição ou agressão em conseqüência de sua atividade profissional. Capítulo IV - Das relações profissionais
Art. 13. A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções. Parágrafo único. Esta disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para que o jornalista deixe de ouvir pessoas com opiniões divergentes das suas.
Art. 14. O jornalista não deve: I - acumular funções jornalísticas ou obrigar outro profissional a fazê-lo, quando isso implicar substituição ou supressão de cargos na mesma empresa. Quando, por razões justificadas, vier a exercer mais de uma função na mesma empresa, o jornalista deve receber a remuneração correspondente ao trabalho extra; II - ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente; III - criar empecilho à legítima e democrática organização da categoria.
48
Com a observância das referências citadas, que regem à referida carreira, é possível
refletir e perceber que o quadro de deterioração do jornalismo se encontra agravado pelo
não-cumprimento dos artigos citados. E ainda, pela falta de denúncias, debate e luz às
injustiças e à necessidade de se falar sobre isso, no supracitado meio profissional.
O mesmo Código 6 prevê que é possível e recomendado fazer denúncias às
transgressões ao que foi estabelecido, e que elas “serão apuradas, apreciadas e julgadas pelas
comissões de ética dos sindicatos e, em segunda instância, pela Comissão Nacional de Ética”,
de acordo com o Art. 15.
2.9. Faculdades de jornalismo e seu papel
Qual a responsabilidade da formação universitária no contexto atual em que se
encontra o jornalismo e seus modelos laborais? A formação de aspirantes ao mencionado
serviço, conscientes e mais voltados à união de classe, pode ser um fator-chave para combater
os principais problemas desse cenário? A grade de disciplinas ofertadas no curso, precisa se
atualizar e preparar o profissional para as exigências do mercado e transformações
tecnológicas? Desde o seu surgimento, a formação universitária desempenha um papel crucial
para a transformação social; gerações de profissionais vão e vêm, e com elas mudanças e
debates necessários.
Em 1947 foi criada a primeira faculdade de comunicação do Brasil. Pioneira, a
Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, era localizada no estado de São Paulo e foi
implementada através do testamento do jornalista e então diretor-proprietário de um dos mais
modernos jornais da América Latina, “A Gazeta”. A criação do primeiro curso de jornalismo
do país se deu como um encaminhamento do projeto de Líbero, dividido em quatro instâncias
apontadas como a “fundação do jornalismo moderno” por Hime (2004, p. 1 et seq) .
À primeira das instâncias “coloca-se no âmbito das inquietações pessoais de uma
visão muito particular da profissão”; à segunda, foi atribuída a sintonia que tinha com os
jornalistas e os movimentos de classe; seguida pela terceira que, “ diz respeito à valorização
dos universitários como futura intelectualidade brasileira”; e à quarta instância que se
6 Disponível em: https://fenaj.org.br/legislacao-profissional/juridica/ 49
relaciona com a modernização e progresso. Empenhos de um projeto com objetivos
fundamentais no campo da profissão, até hoje.
Líbero tinha um pensamento político composto por seis princípios: progresso,
nacionalismo, regionalismo, coletividade, juventude e jornalismo enquanto função social.
Destacando-se o último tópico de sua concepção, o referido diretor - que também deixou um
legado significativo para o jornalismo -, acreditava que o papel das universidades era
imputado através da concretização da cultura para sustentar o progresso e a civilização local/
nacional.
No RN, como informado anteriormente na pesquisa, a primeira faculdade veio a surgir
na década de 60. Mesmo com toda essa trajetória e preocupação em instituir universidades
para formação profissional de qualidade, desde 1999 - com o Fórum Nacional de Professores
de Jornalismo, promovido pela FENAJ, em Campinas -; no Brasil, não é necessário ter um
currículo mínimo para os cursos da área de comunicação. Ficando livre às Instituições de
Ensino Superior (IES) a independência para organizar a estrutura curricular de cursos da área,
incluindo o de jornalismo.
No entanto, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) -
promulgada em sua última versão no ano de 1996 -, o curso de jornalismo deve ter, no
mínimo, as disciplinas de: Realidade Socioeconômica Brasileira, História da Comunicação,
História do Jornalismo, Técnica de Reportagem, Técnica de Redação, Diagramação,
Radiojornalismo, Telejornalismo, Jornal Laboratório, Projeto Experimental em Jornalismo; e
Ciberjornalismo.
Ainda no contexto nacional, houve em 2009, a derrubada da exigência do diploma
para exercer o ofício pelo Supremo Tribunal Federal (STF); no entanto, para ensinar ainda é
necessário ser jornalista de profissão. Apesar desse acontecimento, segundo dados do Censo
da Educação Superior (2018), realizado pelo Ministério da Educação (MEC), há no Brasil 341
cursos de jornalismo, 70 deles em instituições públicas e 271 em faculdades privadas, com
mais de 51 mil alunos matriculados e 9.110 formados, por ano, nessa área.
Entre os profissionais formados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2017, 42.332 estão atuantes no mercado (sendo 26.678 homens e 50
15.654 mulheres). A mencionada remoção da obrigatoriedade do diploma divide opiniões,
mas, é bastante criticada pela FENAJ e por pesquisadores e estudiosos da precariedade da
profissão. Segundo eles, tal remoção do diploma como pré-requisito é um dos fatores que
mais prejudicou a profissão, inclusive em demandas nos vestibulares universitários (com pico
de desinteresse entre 2009-2010).
O entusiasmo dos estudantes pelo curso de jornalismo não permaneceu em baixa, pelo
contrário, no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que é a principal forma de se
ingressar em universidades públicas no Brasil; a nota de corte do curso, para ingresso na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em específico, ficou em 648,50
(dados do último Sistema de Seleção Unificada, SISU, 2019). A nota confere uma das
maiores do segmento de humanas na UFRN. Na média nacional, a nota de corte para ingresso
no referido curso, em instituições federais, varia de 640 a 820, de acordo com o estado/região
do país.
Quem busca estudar jornalismo geralmente é movido pelas bases éticas, morais e mais
idealistas, que regem a profissão. Seja para dar voz aos menos privilegiados, ou para exercer
um papel de contra-poder, o que marca um interessado em estudar essa ocupação, geralmente,
é a inquietude e não-conformidade com a maioria dos mecanismos sociais; além do desejo de
passar informações de forma bem-apurada e responsável. Por isso, o papel das universidades
se torna tão necessário. Entrar nessas escolas para desenvolver senso crítico, colocando o
devido valor ao que se estuda, e consequentemente, aos futuros serviços prestados, podem
fazer toda a diferença na inserção do estudante no mercado de trabalho.
Para muitos, a incorporação ao mercado de trabalho é um choque: a visão idealista é
substituída pela realidade precária e capitalista de exploração-profissional, sob o pretexto de
redução de custos. Ademais, os baixos salários fazem com que a maioria dos trabalhadores
migrem para assessorias e outras formas de trabalho sem contratos trabalhistas formais,
tornando toda a situação ainda mais instável e gerando consequências psicológicas, muitas
vezes irreversíveis (como ansiedade, depressão e outras doenças).
Entre as principais críticas que permeiam essa realidade de mercado, majoritariamente
nos grandes grupos de comunicação que exploram os recém-formados, estão as de que “as
51
universidades investem demasiadamente em conteúdo teórico” e que “a formação
universitária deveria se adequar às rotinas de mercado”. Tais pareceres são equivocados e
atuam como ferramenta de propagação às práticas exploratórias e nocivas à profissão.
Filho (2009) questiona às críticas quanto ao ‘excesso de teoria’ na formação
acadêmica dos jornalistas: “como se teoria fosse algo estranho à formação universitária ou à
necessidade profissional” (p.67). O mesmo autor, inclusive, critica às práticas de mercado
indicadas como mais importantes do que a formação teórica, “iniciam adestramentos
intensivos no estilo e formato de seu jornal ou revista, estreitando ainda mais o campo de
conhecimento dos iniciantes” 7 .
A formação teórica se mostra extremamente necessária e certamente um diferencial
em qualquer prática profissional; com o jornalismo não é diferente.
O investimento intelectual no jornalista é o melhor lucro que donos de jornais e escolas podem ter a longo prazo: só lhes garantiria um aumento da qualidade e da formação profissional, tornaria o trabalho jornalístico desses profissionais mais respeitado (inclusive diante das hoje tão sofisticadas manobras de manipulação), consolidaria os bons profissionais no mercado e teria como resultado uma melhora na qualidade das notícias ( Ibid. : 67)
O papel das universidades no exercício intelectual e no incentivo ao desenvolvimento
de senso crítico, ético, moral, estético, além da formação de uma boa base intelectual;
conferem ao jornalista a possibilidade de desenvolver seus valores, julgamentos, resistência à
injustiças trabalhistas, desvalorização profissional e desunião de classe, para suportar e
combater à fragilidade que aflige a profissão. Além disso, fomenta a qualidade na escrita,
apuração e o compromisso com o serviço de informação prestado à sociedade.
7 FILHO, Ciro Marcondes. Ser Jornalista. São Paulo: Paulus, 2009. p.67 52
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO - PODCAST PAPO DE JORNAL
Diante da problemática apresentada e colocando à universidade como um dos
principais agentes para transformação da realidade laboral do jornalista, buscamos
compreender como profissionais da área, especialistas e comunicadores, que já possuem
experiência no mercado norte-riograndense, têm interagido com essa conjuntura. Eles a tem
ignorado? Ela é naturalizada aqui no estado? Há consciência de classe? Como essa
deterioração da profissão pode ser combatida? Qual a influência da formação universitária às
futuras gerações que vão desempenhar atividades trabalhistas? Partindo de perguntas como
estas, vamos conceber o programa de podcast “Papo de Jornal” para apresentar, também, às
expectativas e realidades que permeiam esse campo, além da função social e adaptação às
novas tecnologias, dinâmicas laborais, e outras temáticas pertinentes.
O público-alvo abrange a comunidade externa e interna ao domínio universitário, e
espera-se incentivar, por esse meio, reflexão, debate e transformações positivas ao contexto
atual. Nosso objetivo também é resgatar o jornalismo e seus pilares no patamar expressivo a
que ele pertence, através de críticas e reflexões, com ênfase em modelos laborais e na
precarização da profissão.
A escolha do formato de podcasting para alcançar os ditos propósitos, se deu
considerando as mudanças de consumo de conteúdo na internet; onde as formas de produzir e
buscar material passam a ser sob demanda. Com isso, acredita-se que a probabilidade do
ouvinte assimilar e internalizar o que será debatido é muito maior, uma vez que ele o
seleciona conforme sua prioridade. Além disso, investir nesse formato como um meio
educativo/elucidativo está em alta 8 .
Fazer uso dessa nova tecnologia no recorte jornalístico, também se demonstra
relevante como parte do processo onde os profissionais passam a atuar e experimentar
diversas áreas, para manter sua comunicação com o público. Além disso, a seleção do formato
se adequa à nossa proposta por permitir o aprofundamento de temas, fomentação de
discussões e entrevistas de maneira didática, para entusiasmar reflexões aos ouvintes. Numa
perspectiva de aproximação, união e luta para que haja conscientização dos problemas que
8 Cf. capítulo 1.2. desta obra 53
atravessam o cenário potiguar por um viés marxista (referente ao “marxismo” que analisa as
relações de classe); onde a vocação da profissão seja superar a essas contradições impostas
pela ordem do capital. Desta maneira, se faz necessário conceber produções e reflexões
contra-hegemônicas na elaboração de conteúdo. Outrossim, criar um espaço de troca para
abraçar ideias inovadoras, e com o alcance ilimitado da web.
3.1 Processo de desenvolvimento do produto
Desenvolver o podcast “Papo de Jornal” não foi fácil, principalmente em tempos de
pandemia, com instabilidade emocional e a exclusividade do contato através de recursos
tecnológicos. Isto, sem falar da presença de alterações na rotina e no psicológico,
provenientes do isolamento social. Apesar disso tudo, conseguimos chegar a um resultado
satisfatório; a priori esperávamos gravar os cinco episódios, mas, com as limitações e
complicações que se fizeram presentes, acabamos gravando apenas o episódio piloto.
Resumidamente, concretizamos o projeto experimental passando pelas etapas de: pesquisa,
roteirização, produção, gravação, edição/publicação e distribuição. Eu e João Mário Costa,
dividimos as atribuições e participação em cada etapa, de acordo com a nossa disponibilidade
e afinidade.
A escolha do nome do podcast se deu em conjunto: a ideia surgiu de uma analogia
entre o “papo” do galo e o uso da mesma palavra para caracterizar uma conversa; o “jornal”
foi escolhido para representar o direcionamento ao tema jornalístico, predominante no
produto. Além disso, a escolha do galo associa-se ao jornalismo, através da relação do canto
do animal com a anunciação - conceito que o jornalismo carrega na divulgação de
informações. A composição da identidade visual foi atribuída a mim; realizei-a no Canva
(plataforma de design gráfico), utilizando recursos gratuitos. Além disso, a escolha das cores
(com a predominância de preto e amarelo) foi pensada para trazer conceitos de psicologia das
cores, considerando a relação da combinação com entusiasmo, sabedoria, inteligência e
desafio.
54
FIGURA 4 - IDENTIDADE VISUAL DO PODCAST PAPO DE JORNAL
Fonte: Autoria própria (2020).
A pesquisa e a roteirização, assim como as demais etapas do trabalho, foram feitas
através da internet. Graças ao acesso a web e seus recursos, tais estágios foram realizados
com praticidade, inclusive na parte de downloads de livros para embasar teoricamente o
trabalho; com a aquisição de material sem a preocupação com prazos de entrega ou
contaminação com Covid-19, em embalagens. Para roteirizar, atuamos em conjunto, através
da plataforma de edição de texto simultânea ‘Google Docs’, que possibilitou a construção dos
roteiros em dupla. Nesta etapa, também tivemos ajuda do nosso orientador, que nos auxiliou
com a arquitetura das informações e organização dos scripts. Produzimos 5 roteiros para
gravação dos episódios, e estimamos um tempo de 50 min. para cada um deles.
55
Os temas de cada episódio foram definidos seguindo uma ordem crescente de
aprofundamento na discussão. O objetivo foi contextualizar e instigar reflexão sobre a
realidade da prática profissional; passando pelas suas consequências e desenvolvendo a
abordagem final que apresentaria a necessidade de mudanças, junto a propostas de
intervenção, por estudantes da área.
No primeiro episódio, foi feita uma contextualização incluindo conceitos, experiências
e problematizações iniciais com jornalistas. Já o segundo episódio, abordaria a prática
jornalística, desta vez incluindo participantes de outros segmentos (como psicólogos); em
seguida, no terceiro episódio, seriam abordadas discussões sobre classe e união. No quarto
episódio, traríamos provocações sobre responsabilidade e o papel no âmbito social,
incentivando os convidados a pensar em propostas de intervenção e mudanças à realidade
precária. Para mais, o último episódio teria enfoque em uma conversa com estudantes, já
como sendo o público-alvo (acadêmico) principal para agir na mudança antes da inserção no
mercado de trabalho.
Para convidar os participantes de cada episódio, pautamos as escolhas considerando a
experiência profissional, de vida e/ou trabalho; além de viés, representatividade e outros
aspectos, com objetivo de conferir pluralidade de vozes em cada discussão/conversa. O
contato com os entrevistados do episódio 1 foi feito exclusivamente via e-mail e WhatsApp
(aplicativo de mensagens), por onde passamos informações, combinamos horários e
obtivemos detalhes sobre a disponibilidade de cada um, para gravar. No total, foram três:
Alexandre Othon (presidente do SINDJORN); Allyne Paz (jornalista); Sandra Rocha
(jornalista).
Alexandre tem 47 anos, e é formado pela Universidade Potiguar (UnP) em Direito,
como também, em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
atualmente, o referido convidado preside o Sindicato de Jornalistas do RN. Já Allyne, é uma
jornalista recém-formada pela UFRN, de 22 anos de idade, e com mais experiência na área de
assessoria de comunicação. Sandra Rocha, nossa terceira convidada, tem 42 anos, e se
graduou em jornalismo pela UnP; com mais experiência na área de rádio e assessoria.
56
Fizemos o envio dos termos de consentimento para os participantes do mencionado
episódio no dia 19 (um dia antes do data prevista para gravação), que os assinaram
individualmente de forma digital 9 .
Na etapa de gravação, foram realizadas duas tentativas: a primeira foi através da
plataforma gratuita “Anchor”, no dia 20 de novembro. Com início por volta das 10 horas da
manhã, as convidadas Allyne Paz e Sandra Rocha se juntaram a nós (eu e João Mário) para
dar início a gravação do episódio I do podcast Papo de Jornal, “Expectativa vs. Realidade no
Jornalismo”. Sandra e Allyne colaboraram ao vivo, já Alexandre - devido a dificuldade de
encontrar uma data favorável em meio a sua rotina -, participou através do envio de arquivos
de áudio pelo WhatsApp, inseridos posteriormente na edição. Sua colaboração se deu com
base em sua experiência com sindicalismo e, por ser o presidente do Sindicato de Jornalistas
do Rio Grande do Norte, Alexandre apresentou diversos fatores pertinentes à discussão e ao
cenário sindical no estado; inclusive apropria-se da sua entrevista 10 para reforçar o foi
apresentado como influente à precarização, em termos sindicais, anteriormente neste trabalho.
Durante a primeira gravação se fizeram presentes dificuldades de conexão, delay e
outras interferências; com aproximadamente 1 hora após o início, concluímos esta tentativa.
O resultado pós exportação foi muito insatisfatório, houve sobreposição de áudio - que
dificultou a compreensão de diversas partes do episódio -, e a qualidade do áudio não nos
agradou. O site Anchor realiza a gravação ao vivo com “amigos” através do envio de um link
para os convidados participarem ao vivo do episódio; não é necessário criar conta ou nada do
tipo, para adentrar na sessão.
9 Cf. apêndice ‘B’ desta obra 10 Cf. apêndice ‘A’ desta obra
57
FIGURA 5 - PRINTS DE TELA DA PRIMEIRA TENTATIVA DE GRAVAÇÃO - ANCHOR
Fonte: Aplicativo Anchor
Vale ressaltar que, a presença das dificuldades de conexão, e a impossibilidade de
acesso aos recursos necessários para capturar um áudio de qualidade (como um bom
microfone); além do tempo e indeferimento para uso dos recursos do Departamento de
Comunicação da UFRN (como o laboratório de rádio), para gravação - por causa da
pandemia -, tiveram influência no resultado final do podcast. Em meio a isso, insistimos em
mais uma tentativa, desta vez utilizando um programa diferente.
Para a tentativa número dois, fiquei responsável por pesquisar um software que nos
possibilitasse captar o áudio, com a melhor qualidade possível, e de forma gratuita. O
“StreamLabs OBS” foi o que mais se adequou a esses requisitos. Para a parte de conexão e
comunicação, necessárias com os participantes, utilizamos o serviço de comunicação por
vídeo desenvolvido pela empresa Google, ‘Google Meets’. Optamos em não realizar
novamente pelo Anchor, devido à experiência anterior. Em seguida, entramos em contato uma
segunda vez com as participantes que contribuíram ao vivo, e conseguimos organizar os
horários para regravar no dia 24 de novembro.
58
FIGURA 6 - SEGUNDA TENTATIVA DE GRAVAÇÃO - GOOGLE MEETS
Captura de tela realizada em 24 de novembro de 2020.
A segunda gravação teve início às por volta das 15h45 e foi concluída 54 minutos
depois. Desta vez, com mais tranquilidade, conseguimos abordar mais questionamentos fora
do roteiro e tivemos poucas interferências e ecos na gravação. Além disso, ao contrário do
Anchor, a captação pelo StreamLabs OBS não apresentou sobreposição dos áudios e a
qualidade ficou ótima, dadas as circunstâncias.
A edição foi feita por Silvio Ribeiro do departamento de comunicação. O programa
utilizado para tal foi o Sony Vegas; acompanhamos todo o processo via WhatsApp. Os
arquivos de áudio (como transições e efeitos sonoros), inseridos na edição, não possuem
direitos autorais e foram baixados pelo site Free Music Archive (freemusicarchive.org). O
envio dos arquivos para esta etapa foi feito no dia 25 de novembro e a finalização da edição
se deu no dia 01 de dezembro de 2020.
Nas etapas de publicação e distribuição, utilizamos o Anchor mais uma vez, que se
demonstrou bastante útil permitindo a divulgação em agregadores como Apple Podcast,
Google Podcast e o Spotify. Graças às possibilidades oriundas de recursos tecnológicos,
conseguimos concluir nosso trabalho respeitando o isolamento social e lidando com
imprevistos, prazos corridos, e outros obstáculos, da melhor forma possível.
59
A experiência na cadeia de produção do projeto foi muito enriquecedora e possibilitou
aprendizado, reflexão, crescimento pessoal e profissional. Além disso, a exploração de novos
recursos para debater e analisar o jornalismo foi bastante relevante à nossa formação. Os
resultados foram surpreendentes, a esperança por dias melhores para as rotinas laborais da
profissão foi alimentada. Apesar de todo cenário negativo, acreditamos no poder da
autocrítica e auto reflexão, que pode ser feita por cada profissional atuante no cenário
potiguar, em prol de mudanças. Só assim teremos mais reconhecimento, união de classe,
debates, conscientização e transformações e à conjuntura atual. Desta forma, com nossa
contribuição, e fazendo nossa parte, esperamos ter dado mais um passo nesta direção.
60
CONCLUSÃO
Com as modificações nas dinâmicas de produção de notícias, advindas das inovações
tecnológicas e novos modelos organizacionais dentro das empresas e grandes conglomerados
de comunicação, nota-se também novas exigências para os profissionais, que abrangem desde
a sua formação acadêmica à sua atuação no mercado de trabalho. Exige-se uma atuação
laboral multitarefas, onde os jornalistas têm sido submetidos ao acúmulo de funções,
desrespeito às leis trabalhistas que regem a profissão (desde questões relativas à carga horária
até a realização de funções além da sua área de atuação); que consequentemente levam a
desvalorização ocupacional, sobrecarga e outras complicações sérias.
É perceptível que esse cenário de desprestígio pela profissão vem, não só através de
políticas das grandes corporações midiáticas e empregadores, como também, da própria
desunião da classe trabalhadora - considerando a postura de conformidade e naturalidade por
parte dos envolvidos diante do quadro de abuso à saúde e deterioração da qualidade de vida -;
questão notável, inclusive, nas novas e futuras gerações (abrangendo a formação acadêmica),
devido a falta de debate e elucidação sobre essa realidade trabalhista, dentro e fora da
universidade.
Esse cenário, que configura uma crise no jornalismo, analisada por especialistas e
estudiosos do tema, reforça a perspectiva da existência de uma precarização geral da
profissão, principalmente aqui no Rio Grande do Norte, onde há um dos menores pisos
salariais do país e, também, onde ainda existem tabus acerca do debate sobre essa realidade.
O referido quadro procede da conveniência de manter uma imagem “glamourizada” da
profissão, incentivada, na maioria dos casos, por interesses capitalistas e pela mercantilização
do produto jornalístico. Cenário que não beneficia à profissão nem o profissional, igualmente,
acaba prejudicando socialmente a qualidade das produções e funções éticas do jornalista, que
por muitas vezes, deixa de lado valores idealistas, e ajuda a conservar a um cenário decadente
e prejudicial.
Nos dias de hoje, onde estudantes “focas” ouvem de profissionais experientes no
mercado, conselhos para não cursar jornalismo ou desistir da profissão “enquanto pode”; é
importante, senão imprescindível, conscientizar essa classe do poder que tem a união, para
61
reivindicar e viabilizar melhorias. Além disso, é relevante trazer à tona os ideais do
jornalismo, assim como, manter em mente o motivo pelo qual se escolhe exercer uma
profissão que tem um poder e responsabilidade político-social tão grande.
Para isso, é preciso reconhecer, entender, ouvir e debater as raízes do problema a partir
da perspectiva dos profissionais e demais envolvidos no meio, em busca de apresentar
soluções e intervenções possíveis e plausíveis para o cenário de crise, que causa angústia aos
atuantes na área, nos dias de hoje. E que ainda, têm levado tantos jornalistas no mercado à
exaustão, esgotamento profissional e à desvalorização do próprio trabalho, como
consequência.
O desenvolvimento do projeto experimental de podcast, intitulado ‘Papo de Jornal’, se
apresenta como uma forma de combate a essa realidade. Com objetivo de ouvir especialistas,
professores, acadêmicos e outros interessados em debater - sem arrodeios -, o que é ser
jornalista, falar sobre a classe, rotina trabalhista, salários, responsabilidade, papel social e
outros assuntos relevantes.
A escolha do formato podcast para executar o projeto, por sua vez, ratifica sua
relevância por ser um formato de transmissão de conteúdo que vem ganhando espaço nos
meios de comunicação; além de se tratar de uma ferramenta que se parece com o rádio, mas
se diferencia pela sua configuração mais democrática. Tal diferenciação se dá
considerando-se que não há hora definida para o podcast ir ao ar, somado a possibilidade de
ser ouvido até offline , quando e onde o consumidor de conteúdo preferir, gratuitamente.
Desta forma, avaliamos que seria melhor desenvolver o nosso trabalho, por termos
como meta apresentar a realidade e temas polêmicos sobre o jornalismo em conversas francas
e honestas. Com a informalidade, definimos o nosso parâmetro de passar reflexões de forma
simples, inteligível e acessível para toda a comunidade; e ainda, disponibilizar o episódio
piloto, com depoimentos e participações, coletados durante a execução do projeto, para nos
auxiliar na comprovação das observações relativas ao tema.
Além disso, o ‘Papo de Jornal’ entra em cena como uma das diversas formas de
experimentação e adaptação dos jornalistas às inovações tecnológicas; em busca de fomentar
debate e reflexão para transformação de realidades (neste caso, de sua própria classe). 62
REFERÊNCIAS
ARQUIVOS DE ÁUDIO
MAMILOS 178: Jornalismo. Entrevistadores: Juliana Wallauer e Cris Bartis. Entrevistado: Ricardo Caufman. São Paulo: B9, 4 jan. 2019. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/31SIPdP69G5VjemkfWSdNW?si=FP42vpH7T2S5dlNpJc_a 3w. Acesso em: 25 out. 2020.
ARTIGOS
XL CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO - INTERCOM, 40, 2017, Curitiba. Jornalismo de Peito Aberto : o podcast Mamilos e a Empatia na Era da Convergência. São Paulo: Intercom, 2017. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2017. Acesso em: 24, set. 2020.
XXIV CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE - INTERCOM, 24, 2019, Vitória. Podcasting : o processo midiático do caso Mamilos. São Paulo: Intercom, 2019. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/sudeste2019/resumos/R68-1006-1.pdf. Acesso em: 22, set. 2020.
BERTOLINI, Jeferson. JORNALISTA MULTIMÍDIA E MULTITAREFA : O PERFIL CONTEMPORÂNEO DO TRABALHO PRECÁRIO NO JORNALISMO. Animus, Santa Catarina, v. 15, n. 31, p. 213-228, dez./2017. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/231175475.pdf. Acesso em: 24 out. 2020.
BULHÕES, Juliana; RENAULT, David. A precarização da prática jornalística : uma revisão bibliográfica sobre o impacto das condições de trabalho na saúde e qualidade de vida do jornalista. Dossiê, Brasília, v. 4, n. 12, p. 165-174, dez./2016. Disponível em: http://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/download/414/424. Acesso em: 27 out. 2020.
DANTAS, J. B. A. O ETHOS : A IDENTIDADE E AS REFLEXÕES DEONTOLÓGICAS DO JORNALISTA ASSESSOR DE IMPRENSA NO CONTEXTO DA ATUAÇÃO SIMULTÂNEA EM REDAÇÕES E ASSESSORIAS DE NATAL-RN. RevistaInter-legere, Natal, v. 1, n. 14, p. 1-22, jan./2014. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/interlegere/article/view/5051/4310. Acesso em: 29 out. 2020.
HIME, G. V. V. C. Na Fundação da Primeira Escola de Jornalismo do Brasil : Cásper Líbero Gera o Conceito de Jornalismo Moderno. Revista PJ:BR, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 1-16, jan./2004. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/pjbr/arquivos/artigos3_b.htm#:~:text=Em%201943%2C%20por%20 meio%20do,faculdade%20de%20Jornalismo%20do%20Brasil.. Acesso em: 29 out. 2020.
LAGE, Nilson. Conceitos de jornalismo e papéis sociais atribuídos aos jornalistas . Revista Pauta Geral, Ponta Grossa, v. 1, n. 1, p. 20-25, jul./2014. Disponível em:
63
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VAISBIH, Renato. Ganhos e perdas de uma renovada linguagem radiofônica jornalística, via podcast . Remark: Revista brasileira de marketing, São Paulo, v. 5, n. 5, p. 13-25, 2006. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=471747514002. Acesso em: 25, set. 2020.
DOCUMENTÁRIOS
O DILEMA DAS REDES. Direção: Jeff Orlowski. Davis Coombe, Vickie Curtis. Estados Unidos: Netflix, 2020. Streaming Netflix.
LIVROS
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LOPES, Leo. Podcast : Guia básico. Ed. 1. Nova Iguaçu, Rio de Janeiro: Marsupial Editora LTDA, 2015.
LAGE, Nilson. A reportagem : teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
SIMIS, A. et al. Comunicação, cultura e linguagem: desafios contemporâneos. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. p. 38-56.
SOBRAL, Gustavo; BULHÕES, Juliana. MEMÓRIAS DO JORNALISMO NO RIO GRANDE DO NORTE: Natal 420 anos. 1. ed. Natal: Caravela Selo Cultural, 2018.
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B9. Enquanto hábitos de música retornam ao normal, consumo de podcasts no Spotify dobrou no último trimestre . Disponível em: https://www.b9.com.br/129662/enquanto-habitos-de-musica-retornam-ao-normal-consumo-de -podcasts-no-spotify-dobrou-no-ultimo-trimestre/. Acesso em: 15 set. 2020.
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CANALTECH. Como colocar o seu podcast no Spotify . Disponível em: https://canaltech.com.br/internet/como-colocar-podcast-no-spotify/. Acesso em: 23 set. 2020.
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COMUNIQUE-SE. Mulheres ainda são minoria no jornalismo brasileiro . Disponível em: https://portal.comunique-se.com.br/mulheres-jornalistas-minoria/. Acesso em: 1 nov. 2020.
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66
TESES
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DANTAS, Juliana. O impacto das condições de trabalho e da precarização da profissão na vida do jornalist a. Tese (Doutorado em Comunicação Social) - Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília. Brasília, 2019.
MARTINS, Francisco Tacizio. Tecnologia 5G - O futuro das redes móveis . Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Gestão de serviços de Telecomunicações) - Departamento Acadêmico de Eletrônica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2016.
67
APÊNDICES
A) Transcrição da entrevista com Alexandre Othon, presidente do SINDJORN no dia
17, nov. 2020
Apresentação - nome, idade, profissão, formação acadêmica e demais informações que
considere relevante:
Meu nome é Alexandre de Lima Othon, tenho 47 anos, sou jornalista formado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; e Direito pela Universidade Potiguar. Desde
que me formei, faço parte do Sindicato de Jornalistas de Jornalistas Profissionais do Rio
Grande do Norte e, hoje, estou presidente do sindicato.
O que é fundamental para no fazer jornalístico?
Eu acho que o fundamental é ser honesto, com a notícia ou com a fonte, para buscar
credibilidade. O que forma o jornalista e o que traz a sua confiança é a credibilidade. Quando
o jornalista perde a sua credibilidade no tratar jornalístico, na sua notícia ou na sua
informação, ele passa a ficar desacreditado e perde completamente a sua confiança; tudo
aquilo que ele escreve, se torna desconfiante para aquele que lê, assiste e ouve. Acredito que o
pilar do fazer jornalístico é a credibilidade, é aquilo que a pessoa vê e diz ‘realmente é uma
notícia verdadeira e nos traz credibilidade’.
Qual a importância do jornalismo nesse período de pandemia?
Fundamental. Quando se trata a notícia com respeito, ela, neste período, foi de alta
responsabilidade; mostrar a verdadeira noção daquilo que estávamos passando e nortear a
população nos cuidados que ela tinha que ter em relação à saúde e outros assuntos relativos ao
tema. Então o jornalismo foi fundamental na divulgação para que as pessoas pudessem se
atentar sobre a importância que tem esse período pelo qual estávamos passando. Talvez se não
fosse o jornalismo em suas coberturas, durante a pandemia, talvez o mundo estivesse um
pouco pior, se já estamos em uma situação ruim, seria pior sem informação e credibilidade.
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Durante a pandemia, o jornalismo de qualidade teve um papel muito importante. Você
considera que houve uma mudança na forma como as pessoas enxergam a profissão?
Nós temos que ter uma ampla visão quando os meios de comunicação realmente mostraram
às diretrizes da pandemia, como se cuidar e se colocar. Mas, houve também um excesso que
causou uma repulsa em certos meios de comunicação quando se falava em pandemia, já que
eram notícias realmente difíceis, de morte, internamento, e de causar um alvoroço e
preocupação excessiva na população. Foi importante sim, foi e ainda é, por que as pessoas
passaram a prestar mais atenção no jornalismo e nas informações prestadas pelos meios de
comunicação. Atualmente, com a divulgação das vacinas, que podem combater o Covid-19,
as pessoas estão mais atentas e esperançosas. Estamos saindo, digamos, de um período negro
da informação, com as mortes; apesar da segunda onda de contaminação, mas com relação às
vacinas há mais esperança na população e os meios de comunicação estão divulgando e
demonstrando sua importância, também, nas boas notícias nesse meio.
Como é sua rotina de trabalho (houve mudanças com a pandemia?) e como as novas
tecnologias estão presentes nesse processo diário?
No meu dia-a-dia, não. Sempre trabalhei das 7 às 14h, e nos meios de comunicação, pelo
menos na empresa em que eu trabalho, como jornalista editor de texto e imagem, não houve
nenhuma mudança com relação ao horário com a pandemia. Claro, algumas pessoas da área
administrativa foram colocada em home office, mas em outras empresas de comunicação
como o SINDJORN, alguns jornalista, principalmente do segmento de impresso, foram
colocados para trabalhar em casa. No jornalismo diário, de reportagem, também não houve
muita mudança nesse processo, não fomos tão atingidos assim. A área administrativa, sim.
Talvez a área de rádio, também sim, porque pode-se fazer de casa montando um pequeno
estúdio. Mas com relação ao jornalismo informativo de televisão, pelo menos aqui, não teve
mudança; só nos cuidados da biossegurança.
Como você definiria o jornalismo?
O jornalismo é uma profissão excelente, importante. Já dizia o velho guerreiro ‘quem não
comunica, se trumbica’, pode ser um jargão mas isso é importante. O jornalismo hoje passa 69
por um grande processo de mudança com os novos avanços nas tecnologias e os novos meios
de informação. Digamos que, hoje, todo mundo com um celular na mão e um blog dá a
notícia, apesar de nem ser jornalista, mas as pessoas ávidas para saber as curiosidades
procuram esses meios e fontes de informação; o que faz perder um pouco a característica do
jornalismo, por quê quando uma pessoa leiga não distingue o que é jornalismo, coloca tudo
num bolo - um verdadeiro balaio de gato. Mas eu definiria o jornalismo hoje, como uma
profissão extremamente importante, pela comunicação, pelo trato público que a gente dá com
a notícia para informar à população de tudo o que está acontecendo. Então é uma profissão
fundamental nos dias de hoje, tratando a notícia com honestidade e veracidade - sem fake
news.
Quais as principais formas de precarização do trabalho do jornalista?
Nós aqui, no RN, temos um dos piores pisos do Brasil, hoje a gente ganha menos que dois
salários mínimos. Isso é uma forma de precarização do trabalho, você não dá ao jornalista
uma forma de ter um salário bom para sua sobrevivência. E agora, com a pandemia, as
empresas realmente começam a cortar e demitir. Então, a precarização passa por isso, e as
empresas de comunicação têm que se reinventar e colocar a tecnologia para andar, senão
ficam para trás. Então dão uma certa condição para que o jornalista possa ter um trabalho,
mas o excesso de trabalho é uma precarização, você ter que fazer muitas pautas; a redução do
quadro para se cumprir horário é muito forte, com relação a isso, se torna outro ponto da
precarização da forma de trabalhar. Então são pontos fundamentais, a questão do horário e a
salarial, ainda pesam muito. E também, a pressão que os jornalistas sofrem por parte dos
patrões e empresas de comunicação.
Cada vez mais o jornalismo exige um profissional multitarefa, você considera esse um
dos principais fatores que contribuem para essa precarização, sobretudo aqui em Natal?
Sim. Quando um jornalista, e vamos pegar aqui a questão de uma das empresas de
comunicação, faz com que ele produza a pauta, filme, escreva a matéria, grave o off, faça as
sonoras, volta e edite, nota-se um exemplo de precarização do trabalho. Se exige assim, do
profissional, funções que não são dele: a de operador de câmera, editor de texto e imagem,
70
né?! Aí o profissional realiza várias funções que não são inerentes à sua profissão de
jornalista. Esse sistema de precarização se faz presente quando você coloca um profissional
para desempenhar tantas outras funções, e faz até com que ele se disperse, em um momento
em que possa passar uma informação importante durante a realização da matéria. Isso
precariza o trabalho, traz transtornos ao profissional, porque ele passa a se preocupar com
coisas que não são inerentes à sua profissão, como os exemplos que já citei, se preocupando
com múltiplas questões (imagem, sol, fotografia) quando você não foi formado para isso.
Precariza sim, quando você se forma para realizar uma coisa e é obrigado a fazer atividades
além disso. As empresas, quase sempre, exigem que o profissional seja isso; se traz na
modernidade, essa ideia de que se precisa ‘fazer tudo’, enquanto em outras profissões a
questão se torna mais específica para que se possa trabalhar melhor, no jornalismo acontece o
contrário. O cara tem que ser multifacetas para trazer tudo e a informação completa, mas não
é assim, é cada um no seu quadrado para que se possa trazer a informação correta, bem
fundamentada, bem trabalhada, para que se faça um jornalismo sério e de qualidade.
Como o sindicato atua na fiscalização das condições de trabalho desses profissionais?
O sindicato atua, principalmente, na fiscalização das empresas de comunicação que exigem a
mais de seus profissionais, a denúncia. Nós temos que receber uma denúncia, que nem precisa
ser identificada, é só descrever a situação que está acontecendo; a gente precisa o porque o
Ministério Público do Trabalho e a própria justiça pede algum tipo de prova que mostre o que
está sendo denunciado. Mas mesmo assim, vamos ao ministério, mostramos à condição que
está sendo colocada, e eles mandam uma fiscalização em loco para ver o que está
acontecendo. Isto já ocorreu em várias empresas aqui no RN, foi constatado e eles
estabeleceram os Termos de Ajuste de Conduta (TAC) para melhorar a situação,
profissionalmente. Então atuamos através de denúncias para conversar diretamente com o
Ministério Público do Trabalho.
Sobre o número de jornalistas sindicalizados: ele é baixo? Se sim, até que ponto isso
pesa na luta por melhores condições?
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Sim, o número é muito baixo pelo número de jornalistas profissionais que temos aqui, a
sindicalização não é obrigatória: você se sindicaliza apenas se quiser, se achar que a luta é
importante. Eu acho que, cada vez mais, com a reforma trabalhista, com as relações entre
patrão e empregado, com a reforma que deixou o livre acesso para o próprio funcionário
negociar com o patrão, já podemos ver qual empregador ou qual empresa que vai negociar
ator mais favoráveis para seu empregado. Então assim, ‘as condições da empresa são essas, se
você quiser se adequar, se adeque, e se não quiser tem alguém que queira no seu lugar’, diante
desse tipo de coisa, o sindicato tem as condições legais de brigar pela categoria e trazer
melhores condições de trabalho e salariais para os jornalistas. Ainda falta um pouco de
conscientização com relação à questão sindical, formação não - o jornalista tem de ser uma
pessoa esclarecida e formada, né? -, então temos que fortalecer o sindicato, pois com poucos
associados são colocadas mais dificuldades à luta; são poucos representativos perante essa
categoria, falo por todos (sindicalizados ou não), quando o sindicato briga por um aumento,
nas empresas, e elas concedem o aumento, ele vai pra todo mundo, quando ganhamos
qualquer outro benefício, todos ganham. Mas, falta a consciência daquele que ganhou, e não é
sindicalizado, de que o sindicato tem importância numa negociação difícil que se torna com
os patrões. Falta ainda um empenho para que se possa trabalhar mais, participar, se
sindicalizar e ver a importância do sindicato na luta junto às empresas.
Por fim, gostaríamos que você falasse um pouco sobre a importância da teoria
(aprendida na academia) para a formação do profissional jornalista.
É importante. A UFRN, que é Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi a minha
formadora, e têm dentro da academia e laboratórios, partes importantes para que se saia um
bom profissional. Nós temos uma TV universitária, na qual eu fui formado dentro e por isso
estou no mercado, por que muito aprendi na TV e nos bancos acadêmicos, nas discussões em
sala de aula, com a pluralidade presente nos cursos de comunicação; principalmente nos
laboratórios de rádio, TV e jornal. É importante buscar a área que mais lhe atrai dentro da
profissão, eu passei por várias etapas e atribuições dentro da TV Universitária. Foi importante
e ainda é, a discussão, debate e interação entre professores e alunos. Me foram aberto vários
horizontes dentro da minha experiência para escolher e experienciar às áreas de afinidade
dentro da profissão. A UFRN se diferencia muito na prática, por contar com sua TV 72
universitária, que dá mais acesso aos estudantes, forma projetos, tem rádio, assessoria dentro
da universidade, que inclusive, poderiam ser mais acessível, enfim. A UFRN está abarcada
pelo curso, recursos e coordenação, que são importantes para os alunos.
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B) Termos de Consentimento - participantes: Alexandre Othon, Allyne Paz e Sandra
Rocha, respectivamente.
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ANEXOS
I - Lista de convidados dos cinco episódios do podcast “Papo de Jornal”
Ep. 1: Alexandre Othon (presidente do SINDJORN); Sandra Rocha (jornalista); Allyne Paz
(jornalista);
Ep. 2: Emmily Virgílio (jornalista); Isabel Dantas (psicóloga);
Ep. 3: Bárbara Macedo; Vinicius Castro (jornalistas recém formados);
Ep. 4: Socorro Veloso e Antonino Condorelli (professores do Decom/UFRN)
Ep. 5: Luiz Gustavo Ribeiro; Marcelha Pereira e Evandro Ferreira (estudantes de jornalismo).
II - Scripts dos cinco episódios do podcast “Papo de Jornal”
TÉCNICA:VINHETA DE ABERTURA - SOM DO GALO CANTANDO E EFEITO SONORO DE UM JORNAL SENDO AMASSADO.
LOC. 1: COLOCA AÍ UMA PITADA DE EXPECTATIVA/ UMA COLHER DE REALIDADE E UMA XÍCARA DE JORNALISMO/ O QUE QUE A GENTE TEM?
LOC. 2 : UM BELÍSSIMO PODCAST?
LOC. 1: OLÁ VOCÊ!/ SEJA BEM-VINDO AO PRIMEIRÍSSIMO EPISÓDIO DO PODCAST PAPO DE JORNAL// EU SOU JOÃO MÁRIO COSTA//
LOC. 2: E EU SOU RICARLA NOBRE!
LOC. 1: A PARTIR DE AGORA VAMOS BATER UM PAPO SOBRE JORNALISMO/ E COMO É SER JORNALISTA NO RIO GRANDE DO NORTE//
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DATA: A definir
EDITOR: A definir
CLIENTE: João Mário Costa e Ricarla Nobre
PEÇA: Podcast Papo de Jornal. Episódio I: “Expectativa vs. realidade no Jornalismo”
TEMPO: 30”
LOC. 2: QUAIS SÃO AS EXPECTATIVAS E REALIDADES ENVOLVIDAS NESSE CENÁRIO? / E QUAIS AS IMPLICAÇÕES DESSA REALIDADE PARA A PROFISSÃO?
LOC. 1: AQUI O JORNALISTA VIRA PAUTA//
LOC. 2: E PARA DAR INÍCIO/ MINHA GENTE/ CONVIDAMOS TRÊS JORNALISTAS A PARTICIPAR DO NOSSO PROGRAMA//
LOC. 1: E AÍ/ ESTÃO PRONTOS PARA CONHECER OS PARTICIPANTES LINDOS E CHEIROSOS DE HOJE?//
LOC 2: RUFEM OS TAMBORES!
TÉCNICA: ENTRA EFEITO SONORO DE TAMBORES [SUSPENSE].
LOC. 2: BEM VINDAS, SANDRA ROCHA E ALLYNE PAZ/ POR FAVOR SE APRESENTEM E NOS DIGAM/ QUEM SÃO VOCÊS NO PAPO DE JORNAL?// * [NOME, IDADE, FORMAÇÃO ACADÊMICA, UNIVERSIDADE QUE SE FORMOU, FUNÇÃO QUE DESEMPENHA NO JORNALISMO, ETC.]
[APRESENTAÇÃO DAS CONVIDADAS]
LOC 1 : E PARA ENRIQUECER AINDA MAIS NOSSA CONVERSA/ TEREMOS A PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE ALEXANDRE OTHON/ PRESIDENTE DO SINDICATO DE JORNALISTAS DO RN - SINDJORN// QUE COLABOROU CONOSCO ENVIANDO ARQUIVOS DE ÁUDIO PARA AGREGAR NOSSO PAPO // VAMOS OUVI-LO SE APRESENTAR?
[APRESENTAÇÃO ALEXANDRE OTHON]
LOC. 2: TUDO PRA MIM! // E AQUI VAI UM QUESTIONAMENTO PARA INICIAR NOSSA CONVERSA// ALEXANDRE/ ALLYNE E SANDRA/ COMO VOCÊS DEFINIRIAM O JORNALISMO?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 2: PEGANDO ESSE GANCHO/ O QUE É FUNDAMENTAL PARA FAZER JORNALISMO?// * [R: COMPROMISSO ÉTICO E MORAL COM A SOCIEDADE E COM A VERACIDADE DOS FATOS, APURAÇÃO, IMPESSOALIDADE NA ESCRITA (APURAR CONSIDERANDO MAIS DE UM VIÉS), ETC]
EU VOU COMEÇAR TRAZENDO UMA CITAÇÃO DO NILSON LAGE/ QUE É UM PESQUISADOR BRASILEIRO DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO/ QUE FALA QUE “O JORNALISMO É UMA ATIVIDADE DE NATUREZA TÉCNICA CARACTERIZADA POR UM COMPROMISSO ÉTICO PECULIAR”// ENTÃO/ PRA COMEÇAR VAMOS CITAR A ÉTICA//ACREDITAMOS QUE A ÉTICA SEJA UM DESSES ELEMENTOS
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FUNDAMENTAIS PARA DESTACAR NA PRÁTICA JORNALÍSTICA//
E VOCÊS CONVIDADOS/ O QUE MAIS OBSERVAM COMO FUNDAMENTAL/ PARA SE FAZER JORNALISMO?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS]
LOC. 1 : E AGORA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS/ ONDE MUITA GENTE PASSA A DIFUNDIR E PRODUZIR CONTEÚDO NOTICIOSO/ PRINCIPALMENTE NA PANDEMIA/ O JORNALISMO DE QUALIDADE/ NESSA PEGADA/ SE MOSTRA MUITO IMPORTANTE/ NÉ?! // COMO VOCÊS OBSERVAM O PAPEL DO JORNALISMO NESSE CENÁRIO?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS]
LOC. 2: O DATAFOLHA/ QUE É O INSTITUTO DE PESQUISAS DO GRUPO FOLHA/ FEZ UM LEVANTAMENTO ENTRE OS DIAS 18-19 DE MARÇO DE 2020/ COLETANDO DADOS SOBRE A CONFIABILIDADE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA NA IMPRENSA// AS TVS E OS JORNAIS IMPRESSOS LIDERARAM O RANKING DE CREDIBILIDADE COM 61%/ E 56%/ RESPECTIVAMENTE// E OS PROGRAMAS DE RÁDIO VIERAM LOGO EM SEGUIDA COM 50%// ISSO DEMONSTRA O PATAMAR DE CREDIBILIDADE DA IMPRENSA/ PRINCIPALMENTE EM TEMPOS DIFÍCEIS/ COMO O PANDÊMICO//
LOC. 1: DE FATO EXISTE UM AUMENTO DA BUSCA POR INFORMAÇÕES EM REDES SOCIAIS/ MAS EM TERMOS DE CREDIBILIDADE/ DURANTE A PANDEMIA/ O JORNALISMO DE QUALIDADE SE MOSTROU VALORIZADO// QUEM ACHAVA QUE A IMPRENSA ESTAVA ESTAVA COM OS DIAS CONTADOS/ SE VIU NA NECESSIDADE DE BUSCAR E VALORIZAR O TRABALHO DOS JORNALISTAS// O QUE VOCÊS ACHAM DISSO?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS]
TÉCNICA: EFEITO SONORO DE TRANSIÇÃO
LOC. 2 : AGORA VAMOS FALAR DO TRABALHO DE VOCÊS// COMO É A ROTINA LABORAL? PRINCIPALMENTE/ NESSES TEMPOS ONDE EXISTEM VÁRIAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 1: COMO VOCÊS AS USAM NO DIA-A-DIA/ E QUAL A IMPORTÂNCIA QUE VOCÊS ATRIBUEM A ELAS?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 2: COMO VOCÊS OBSERVAM A INFLUÊNCIA DA PANDEMIA COM RELAÇÃO 79
AO JORNALISMO E AS NOVAS TECNOLOGIAS?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC.1 : VÁRIOS JORNALISTAS MAIS EXPERIENTES COMENTAM QUE ANTIGAMENTE UMA NOTÍCIA PASSAVA POR 10 PROFISSIONAIS ANTES DE SER PUBLICADA// E HOJE/ COM A RAPIDEZ DO PROCESSO/ UM SÓ FAZ DE TUDO//
LOC. 2: SIM/ E ESSE PERFIL MULTITAREFAS DO PROFISSIONAL É UM DOS FATORES DETERMINANTES DA PRECARIZAÇÃO DO JORNALISMO NA ATUALIDADE/ NÉ? O QUE VOCÊS ACHAM DISSO?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC.1: EXISTEM OUTROS FATORES QUE VOCÊS OBSERVAM COMO INFLUENTES NESSE CENÁRIO DE PRECARIZAÇÃO?// * [ABORDAR BAIXOS SALÁRIOS, HOME OFFICE, JORNALISMO FREELANCE, DESUNIÃO DE CLASSE]
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 2: DENTRO DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA/ POR EXEMPLO/ MARCONDES FILHO/ NO LIVRO ‘SER JORNALISTA’ FALA SOBRE AS EXIGÊNCIAS E RECLAMAÇÕES DAS EMPRESAS/ QUE ALEGAM QUE O JORNALISMO TEM MUITA TEORIA// NO PONTO DE VISTA DE VOCÊS/ QUAL A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO TEÓRICA PARA O PROFISSIONAL?// * [R: DESENVOLVIMENTO DE SENSO CRÍTICO, MELHORA NA QUALIDADE DAS MATÉRIAS, VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL, EMBASAMENTO, ETC.]
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 1: ENTÃO/ PRA QUEM É ESTUDANTE DE JORNALISMO/ E ESTÁ OUVINDO ESTE PODCAST/ VALORIZEM À FORMAÇÃO TEÓRICA DE VOCÊS// A PRÁTICA/ TAMBÉM É IMPORTANTE/ MAS ESSES DOIS ELEMENTOS ANDAM DE MÃOS DADAS!
TÉCNICA: MÚSICA DE TRANSIÇÃO
LOC. 2: VAMOS AO QUADRO “PERRENGUES JORNALÍSTICOS”// COMO NOSSO PODCAST DE HOJE TRATA DE EXPECTATIVAS E REALIDADES/ QUEREMOS CONVIDAR VOCÊS A COMPARTILHAR UMA HISTÓRIA DE PERRENGUE QUE JÁ PASSARAM NA PRÁTICA JORNALÍSTICA// BORA?
* [ LOC.1 PODE COMEÇAR FALANDO SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO]
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS]
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LOC. 1: PERRENGUES REAIS A GENTE VÊ POR AQUI!//
LOC. 1: E PRA FINALIZAR ESSE EPISÓDIO/ VAMOS DEIXAR UM ESPAÇO DE INDICAÇÕES DE FILMES/ SÉRIES/ LIVROS E OUTROS PODCASTS QUE TÊM SEMELHANÇAS COM O QUE FOI DISCUTIDO HOJE// VOU COMEÇAR INDICANDO O PODCAST MAMILOS/ EPISÓDIO #178 QUE FALA SOBRE JORNALISMO/ LINHA EDITORIAL E AS MUDANÇAS NA CADEIA PRODUTIVA DA NOTÍCIA// MUITO BOM MESMO/ RECOMENDO PRA QUEM TÁ INTERESSADO EM SABER MAIS SOBRE JORNALISMO//
LOC. 2: MINHA INDICAÇÃO FICA COM O LIVRO/ QUE FOI CITADO ANTERIORMENTE/ QUE É O “SER JORNALISTA” DO MARCONDES FILHO/ QUE TRATA SOBRE DESAFIOS E DA INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NA PRECARIZAÇÃO DA PROFISSÃO/ ABORDANDO VÁRIAS TEMÁTICAS DE FORMA CRÍTICA/ MAS PERTINENTE. É BEM ESCRITO E ÓTIMO DE LER. SÃO 200 PÁGINAS/ FICA A RECOMENDAÇÃO PRA QUEM CURTE #POLÊMICAH//
[ESPAÇO PARA OS OUTROS PARTICIPANTES]
LOC. 1: E CHEGAMOS AO FINAL/ JORNALEIROS-PAPISTAS!
LOC. 2: AGRADECEMOS PELO PAPO MUITO LEGAL COM VOCÊS/ E OS CONVIDAMOS PARA ACOMPANHAR OS PRÓXIMOS EPISÓDIOS NAS SEMANAS VINDOURAS//
LOC. 1: FALAREMOS SOBRE CLASSE/ PERSPECTIVA DE ESTUDANTES DE JORNALISMO/ SALÁRIOS/ CONDIÇÕES LABORAIS E FAREMOS APROFUNDAMENTOS DE OUTRAS PROVOCAÇÕES PERTINENTES//
LOC. 2: Ô COISA BOA! AGRADECEMOS AOS NOSSOS CONVIDADOS PELA PARTICIPAÇÃO RIQUÍSSIMA E ESCLARECEDORA!
LOC. 1 : OBRIGADO! FOI ÓTIMO//
LOC. 2: E É ISSO! ESPERAMOS QUE VOCÊS TENHAM GOSTADO!// E MAIS/ FIQUEM LIGADOS NOS NOSSOS PAPOS// ELES VÃO ROLAR SEMANALMENTE/ HEIN?!
LOC.1 : NOS EPISÓDIOS SEGUINTES VAMOS NOS APROFUNDAR EM ASSUNTOS ENVOLVENDO PRECARIEDADE/ UNIÃO DE CLASSE/ E OUTROS TÓPICOS// OK?!/ ATÉ LÁ!
LOC.2: ATÉ A PRÓXIMA!
TÉCNICA: COLOCAR RECORTE DE VOZ DO EXTERMINADOR DO FUTURO FALANDO “HASTA LA VISTA, BABY”; SEGUIDA PELO EFEITO SONORO DE ENCERRAMENTO.
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LOC. 1 : OLHA A GENTE DE VOLTA/ PESSOAL//
LOC. 2 : POIS É JOÃO MÁRIO!// E HOJE A GENTE VAI DAR CONTINUIDADE A NOSSA DISCUSSÃO SOBRE A PRECARIZAÇÃO DO JORNALISMO AQUI NO RN// EU SOU RICARLA NOBRE//
LOC. 1 : EU SOU JOÃO MÁRIO COSTA/
LOC. 2 : E ESSE É O PAPO DE JORNAL/ ONDE O JORNALISTA VIRA PAUTA!
TÉCNICA:VINHETA DE ABERTURA - SOM DO GALO CANTANDO E EFEITO SONORO DE UM JORNAL SENDO AMASSADO.
LOC. 1: NO NOSSO PRIMEIRO EPISÓDIO FALAMOS SOBRE A EXPECTATIVA E A REALIDADE DENTRO DO JORNALISMO // E A GENTE VIU QUE AQUELA GLAMOURIZAÇÃO DO TRABALHO DO JORNALISTA QUE TANTO FAZEM/ NÃO EXISTE//
TÉCNICA: SOM DE FAIL
LOC. 1: HOJE/ A GENTE VAI FALAR SOBRE O FATO DO JORNALISTA ABDICAR DE QUESTÕES PESSOAIS PELA PROFISSÃO/ PARA SABER ATÉ QUE PONTO ISSO É BENÉFICO?
LOC. 2: SE É QUE A GENTE PODE CHAMAR ASSIM/ NÉ JOÃO?
LOC. 1: SIM/ E PARA FALAR SOBRE ISSO/ HOJE NÓS CONTAMOS COM A PRESENÇA DA JORNALISTA EMMILLY VIRGÍLIO QUE VAI CONTAR UM POUCO DA SUA EXPERIÊNCIA NO JORNALISMO POTIGUAR//
LOC. 2: TAMBÉM RECEBEREMOS A PSICÓLOGA ISABEL DANTAS/ QUE VAI CONTAR COMO ESSAS QUESTÕES PODEM INTERFERIR NA SAÚDE MENTAL DESSES PROFISSIONAIS// MENINAS/ SE APRESENTEM E NOS DIGAM/ QUEM SÃO VOCÊS NO PAPO DE JORNAL?
[ESPAÇO PARA APRESENTAÇÃO DAS CONVIDADAS]
LOC.1: OLHA/ DESDE O SURGIMENTO DO JORNALISMO/ A PROFISSÃO GANHOU IDEAIS DE JUSTIÇA/ DE CONFIABILIDADE/ ENTRE OUTROS// TALVEZ POR ISSO/
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DATA: A definir
EDITOR: A definir
CLIENTE: João Mário Costa e Ricarla Nobre
PEÇA: Podcast Papo de Jornal. Episódio II: “Jornalismo em Pauta”
TEMPO: 30”
ESSE MODELO DE ABRIR MÃO DE TUDO A SERVIÇO DA SOCIEDADE/ SEJA TÃO SUSTENTADO DENTRO DA COMUNIDADE// E MINHA PERGUNTA PARA A EMMILY VAI JUSTAMENTE NESSE SENTIDO/ VOCÊ ACREDITA NESSA PERSPECTIVA E CONSIDERA QUE O JORNALISMO EXIGE DEDICAÇÃO TOTAL?
[ESPAÇO PARA AS CONVIDADAS E PERGUNTAS LIVRES BASEADAS NAS RESPOSTAS]
LOC. 2: EMMILLY/ VOCÊ JÁ TRABALHOU EM OUTRA REGIÃO DO PAÍS E CONHECE JORNALISTAS DE OUTROS LOCAIS// VOCÊ ENXERGA UMA REALIDADE DIFERENTE/ NA FORMA DE ENXERGAR O JORNALISMO/ ENTRE OS POTIGUARES E OUTROS ESTADOS?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS E PERGUNTAS LIVRES BASEADAS NAS RESPOSTAS] * PERGUNTAR SOBRE COMO É O TRABALHO DELA DENTRO DA TV E SE ELA ENXERGA MUDANÇAS NAS ROTINAS JORNALÍSTICAS PARA MELHOR OU PIOR (MAIS CERTO)
LOC. 1: PARTINDO UM POUCO PARA O LADO PSICOLÓGICO// A GENTE SABE QUE O JORNALISMO É VISTO COMO O “QUARTO PODER”// NESSE SENTIDO/ O JORNALISTA É TIDO COMO HERÓI/ COMO AQUELE QUE DETÉM OS MEIOS PARA MEDIAR A SOCIEDADE COM O PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO// COMO ESSA SOBRECARGA/ GERADA NO IMAGINÁRIO COLETIVO/ JUNTO COM ESSA DEDICAÇÃO TOTAL/ CONTRIBUEM PARA ADOECIMENTO DESSA CLASSE?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS E PERGUNTAS LIVRES BASEADAS NAS RESPOSTAS]
LOC. 2: ISABEL, O IMEDIATISMO DAS INFORMAÇÕES TAMBÉM CONTRIBUI PARA ISSO?
[ESPAÇO PARA OS CONVIDADOS E PERGUNTAS LIVRES BASEADAS NAS RESPOSTAS]
TÉCNICA: EFEITO DE SOM PARA INFORMAÇÕES ADICIONAIS.
LOC. 1: UMA PESQUISA DA JORNALISTA JULIANA BULHÕES EM 2016 MOSTROU QUE OS JORNALISTAS DO RIO GRANDE NORTE TRABALHAM MUITO MAIS DO QUE AS SETE HORAS LEGAIS/ ELA VERIFICOU QUE ISSO ACONTECE TANTO PELO FATO DE HORAS EXCEDENTES COMO TAMBÉM PELA MULTIPLICIDADE DE EMPREGOS// VALE RESSALTAR QUE O RIO GRANDE DO NORTE PAGA UM DOS MENORES PISOS SALARIAIS DO PAÍS/ SEGUNDO A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS, A FENAJ
LOC. 2: ESSAS INFORMAÇÕES MEXEM COM A GENTE, NÉ? 83
LOC. 1 : MUITO// MAS SERÁ QUE TEM COMO MUDAR ESSA REALIDADE? O QUE VOCÊ ACHA, EMMILLY?
[ESPAÇO PARA A CONVIDADA]
LOC. 2 : ISABEL, EXPLICA PARA OS NOSSOS OUVINTES QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DE NÃO TER UM TEMPO PARA SI// E O QUÃO IMPORTANTE DIVIDIR BEM O TEMPO PARA NÃO CAIR NESSA ROTINA DE VIVER PARA A SÓ PELO TRABALHO//
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 1 : A GENTE TÁ CHEGANDO AO FIM DO NOSSO EPISÓDIO DE HOJE
TÉCNICA: EFEITO DE AHHHHHH!
LOC. 2: É/ REALMENTE UMA PENA/ MAS ANTES DE ACABAR/ A GENTE QUERIA QUE A EMMILLY DEIXASSE UMA MENSAGEM PRA QUEM TÁ SAINDO DA FACULDADE/ COMO A GENTE/ E TAMBÉM PARA QUEM TÁ PENSANDO EM FAZER JORNALISMO/ O QUE NÃO ESPERAR?/ PARA QUE A PESSOA PRECISA ESTAR PRONTO?//
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 2: ENTÃO É ISSO/ PESSOAL// NOSSO PODCAST COM A PARTICIPAÇÃO DA EMMILLY VIRGÍLIO E DA ISABEL DANTAS/ FOI MUITO ESCLARECEDOR// CONTAMOS COM VOCÊS NOS PRÓXIMOS EPISÓDIOS// AQUI NÃO TEM SININHO PARA AVISAR/ MAS COLOCA UM LEMBRETE AÍ NO SEU SMARTPHONE PARA NÃO ESQUECER O DIA DO NOSSO PAPO DE JORNAL SEMANAL//
LOC. 1: VALEU/ GENTE// BOM DIA/ BOA TARDE E BOA NOITE// ATÉ A PRÓXIMA!//
TÉCNICA: ENCERRAMENTO
LOC. 1: OLÁ! ESTÁ COMEÇANDO MAIS UM EPISÓDIO DO NOSSO PAPO DE JORNAL// EU SOU RICARLA NOBRE//
LOC. 2: E EU SOU JOÃO MÁRIO COSTA// NO EPISÓDIO DE HOJE FALAREMOS SOBRE O JORNALISMO NA PERSPECTIVA DE CLASSE/ MAS E AÍ? CLASSE?
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DATA: A definir
EDITOR: A definir
CLIENTE: João Mário Costa e Ricarla Nobre
PEÇA: Podcast Papo de Jornal. Episódio III: “Classe”
TEMPO: 30”
LOC. 1: SIM/ CLASSE! CAMADA SOCIAL/ PERSPECTIVA DE GRUPO/ UNIÃO//
LOC. 2: CHAMAREMOS DOIS JORNALISTAS RECÉM FORMADOS PARA FALAR UM POUCO SOBRE ISSO COM A GENTE// AMBOS ESTÃO CHEIOS DE IDEIAS PARA COMPARTILHAR//
LOC. 1: BEM VINDOS BÁRBARA MACEDO E VINICIUS CASTRO! // FALEM UM POUQUINHO SOBRE VOCÊS//
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 2: LINDOS DEMAIS! CONTEM TUDO PRA GENTE/ O QUE MOTIVOU VOCÊS A CURSAR JORNALISMO?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 1: VOCÊS PERCEBEM DESUNIÃO NO MERCADO? COMO? //
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 2: POR MUITO TEMPO MUITAS PESSOAS FALARAM QUE O JORNALISMO IA ACABAR OU QUE ESTAVA EM DECADÊNCIA/ PRINCIPALMENTE EM 2009 QUANDO PASSOU-SE A NÃO EXIGIR MAIS UM DIPLOMA PARA EXERCER A PROFISSÃO// COMO VOCÊS ENXERGAM ESSAS PROBLEMÁTICAS?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS]
LOC. 1: AQUI NO ESTADO EXISTEM POUCOS JORNALISTAS SINDICALIZADOS// EM 2018/ DE ACORDO COM A PESQUISADORA JULIANA DANTAS/ TÍNHAMOS 918 REGISTROS ATIVOS/ ENTRE PROFISSIONAIS DIPLOMADOS E NÃO-DIPLOMADOS//
LOC. 2: ESSES NÚMEROS REFLETEM UM PROBLEMA MUITO GRANDE QUE É A BAIXA SINDICALIZAÇÃO DOS JORNALISTAS/ QUE É UM DOS PRINCIPAIS FATORES DA DESUNIÃO DE CLASSE// OUTRO FATOR É A DESVALORIZAÇÃO PROFISSIONAL/ QUE SERIA SE SUBMETER À TRABALHOS COM HORAS EXAUSTIVAS/ EXCESSO DE TRABALHO//
LOC. 1: E ALÉM DISSO/ RICARLA/ A AUSÊNCIA DE CONTRATOS DE TRABALHOS FORMAIS/ PRINCIPALMENTE PARA QUEM OPTA EM TRABALHAR COMO FREELANCER OU EM HOME OFFICE/ É UMA REALIDADE// VOCÊS JÁ SE DEPARARAM COM ESSA REALIDADE?
LOC. 2: E COMO VOCÊS ACHAM QUE PODEMOS REVERTER ESSE QUADRO?
[ESPAÇO DOS CONVIDADOS] 85
LOC 2: E AINDA/ QUAL A IMPORTÂNCIA DE DEBATER ESSES ASSUNTOS COM JORNALISTAS EM FORMAÇÃO OU RECÉM-FORMADOS NA OPINIÃO DE VOCÊS? * [TENTAR CITAR ÉTICA]
[CONVIDADOS]
TÉCNICA: MÚSICA DE TRANSIÇÃO
LOC. 1: E AGORA VAMOS PARA O QUADRO QUE ACABEI DE INVENTAR O “RECADO SINCERO”// ELE CONSISTE EM DEIXARMOS UMA MENSAGEM PARA OS PROFISSIONAIS ATUANTES NO MERCADO/ AOS QUE ESTÃO ESTUDANDO OU QUE PENSEM EM CURSAR JORNALISMO/ SOBRE UNIDADE E A IMPORTÂNCIA DA AGREGAÇÃO DE CLASSE// BORA?
[CONVIDADOS]
LOC.2: É ISSO! UNAM-SE/ CONVERSEM E COMBATAM ÀS INJUSTIÇAS/ E FAÇAM ISSO POR VOCÊS/ PELOS FUTUROS PROFISSIONAIS E PELA SOCIEDADE// ATÉ COMO UMA FORMA DE VALORIZAR O SERVIÇO QUE VOCÊS PRESTAM// IMPORTANTÍSSIMO/ NÉ?!
LOC.1: MUITO!//
LOC. 2: E COM ESSE RECADO DE CORAÇÃO/ TERMINAMOS O CAPÍTULO DE HOJE// VOCÊS JÁ PODEM CONFERIR O PRÓXIMO EPISÓDIO/ DE NÚMERO 4/ ONDE DEBATEREMOS SOBRE A RESPONSABILIDADE E PAPEL SOCIAL DOS JORNALISTAS/ VIU?!
LOC. 1: E ANTES DE ENCERRARMOS/ DEIXAMOS O NOSSO MUITO OBRIGADA A ESSAS DUAS FADAS QUE ENRIQUECERAM NOSSA DISCUSSÃO DE HOJE!// GRATIDÃO MENINAS!
LOC. 2: ATÉ MAIS!
TÉCNICA: ENCERRAMENTO.
TÉCNICA:VINHETA DE ABERTURA - SOM DO GALO CANTANDO E EFEITO SONORO DE UM JORNAL SENDO AMASSADO.
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DATA: A definir
EDITOR: A definir
CLIENTE: João Mário Costa e Ricarla Nobre
PEÇA: Podcast Papo de Jornal. Episódio VI: “Responsabilida de e papel social”
TEMPO: 30”
LOC. 1: BOM DIA/ BOA TARDE OU BOA NOITE PARA VOCÊ QUE ACOMPANHA AGORA MAIS UM PAPO DE JORNAL!
LOC. 2: É ISSO AÍ, MINHA GENTE// EU/ RICARLA NOBRE E MEU COLEGA JOÃO MÁRIO/ ESTAREMOS AQUI PARA DAR CONTINUIDADE AQUELE NOSSO PAPO SOBRE JORNALISMO//
LOC. 1: E NOSSA CONVERSA HOJE É SOBRE A RESPONSABILIDADE E O PAPEL SOCIAL DO JORNALISMO//SERÁ QUE TODA ESSA CARGA/ ESSE HEROÍSMO/ PESAM QUANDO O ASSUNTO É PRECARIZAÇÃO?
LOC. 2: É ISSO QUE NÓS VAMOS TENTAR DESCOBRIR HOJE// E PARA ISSO/ NÓS VAMOS CONVERSAR COM DUAS PESSOAS MUITO QUERIDAS POR NÓS/ E POR TODO O DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO DA UFRN TAMBÉM:/ A PROFESSORA SOCORRO VELOSO E PROFESSOR ANTONINO CONDORELLI// SEJAM MUITO BEM-VINDOS!
LOC. 1: BEM-VINDOS/ PROFESSORES// É UM PRAZER MUITO GRANDE TÊ-LOS AQUI COM A GENTE/ DE VERDADE// PARA COMEÇAR/ GOSTARIA DE PERGUNTAR PARA VOCÊS/ QUAL O PAPEL DO JORNALISMO NOS DIAS ATUAIS? A GENTE PODE DIZER QUE ESSE PAPEL GANHOU NOVAS CONFIGURAÇÕES AO LONGO DO TEMPO OU RESPONSABILIDADE CONTINUA A MESMA?/ VAMOS COMEÇAR PELA PROFESSORA SOCORRO//
[ESPAÇO PARA CONVIDADA]
LOC. 2: E O SENHOR/ PROFESSOR/ O QUE ACHA??
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 2: PROFESSOR/ O SENHOR MINISTRA UMA DISCIPLINA QUE ENVOLVE COMUNICAÇÃO E DIREITOS HUMANOS/ QUE INCLUSIVE NÓS TIVEMOS O PRIVILÉGIO DE SERMOS ALUNOS// QUAL É O CUIDADO E O QUE O SENHOR BUSCA PASSAR NESSAS AULAS PARA QUE OS FUTUROS JORNALISTAS NÃO COMETAM ALGUNS ERROS QUE POSSAM VIOLAR OS DIREITOS DAS PESSOAS?
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 1: PROFESSORA SOCORRO/ O QUE OS JORNALISTAS POSSUEM DE LEIS E CARTILHAS/ DIGAMOS ASSIM/ QUE PODEM AUXILIÁ-LOS NESSA QUESTÃO?
LOC 2: “NÃO HÁ DÚVIDA QUE A CHAMADA "OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA" ESCONDE UMA IDEOLOGIA/ A IDEOLOGIA BURGUESA, CUJA FUNÇÃO É REPRODUZIR E CONFIRMAR AS RELAÇÕES CAPITALISTAS// ESSA OBJETIVIDADE IMPLICA UMA COMPREENSÃO DO MUNDO COMO UM AGREGADO DE ‘FATOS’ PRONTOS E ACABADOS/ CUJA EXISTÊNCIA/ PORTANTO/
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SERIA ANTERIOR A QUALQUER FORMA DE PERCEPÇÃO E AUTÔNOMA EM RELAÇÃO A QUALQUER IDEOLOGIA OU CONCEPÇÃO DE MUNDO// CABERIA AO JORNALISTA/ SIMPLESMENTE/ RECOLHÊ-LOS ESCRUPULOSAMENTE COMO SE FOSSEM PEDRINHAS COLORIDAS// ESSA VISÃO INGÊNUA/ CONFORME JÁ FOI SUBLINHADO/ POSSUI UM FUNDO POSITIVISTA E FUNCIONALISTA// PORÉM/ NÃO É DEMAIS INSISTIR/ ESSA ‘IDEOLOGIA DA OBJETIVIDADE’ DO JORNALISMO MODERNO ESCONDE/ AO MESMO PASSO QUE INDICA/ UMA NOVA MODALIDADE SOCIAL DO CONHECIMENTO/ HISTORICAMENTE LIGADO AO DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO E DOTADO DE POTENCIALIDADE QUE O ULTRAPASSAM” // ESSA AFIRMAÇÃO É DE GENRO FILHO/ QUE DEFENDE QUE O CONHECIDO LEAD ACABA POR FREAR A CRIATIVIDADE DO JORNALISTA// VOCÊS CONCORDAM?//
[ESPAÇO PARA CONVIDADOS]
LOC. 1: É POSSÍVEL DIZER QUE É ISSO QUE TEM CONTRIBUÍDO PARA QUE O JORNALISMO NÃO ATENDA AO INTERESSE DA COMUNIDADE/ E SIM AO QUE INTERESSA OS GRANDES CONGLOMERADOS DE MÍDIA?/ E COMO É POSSÍVEL MUDAR ESSA LÓGICA?
[ESPAÇO PARA CONVIDADOS]
LOC. 2: A GENTE TÁ IMERSO AINDA EM UMA PANDEMIA/ QUE MUDOU A VIDA E ROTINA DE MUITA GENTE// NESSE PERÍODO A GENTE OBSERVOU/ E MUITA GENTE TAMBÉM DESTACOU/ O PAPEL DO JORNALISMO NESSE CAOS// SÃO PROFISSIONAIS QUE PODEMOS DIZER QUE ESTÃO NA LINHA DE FRENTE// COMO VOCÊS AVALIAM A ATUAÇÃO DA PROFISSÃO NESSA PANDEMIA?// DEVEMOS NOS ORGULHAR?//
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 1: NÓS VAMOS ENCERRAR O NOSSO PODCAST DE HOJE COM A FALA DE SEIS PESSOAS A QUEM PERGUNTAMOS SOBRE A IMPORTÂNCIA E O PAPEL DO JORNALISMO NOS DIAS ATUAIS// SÃO PESSOAS ALEATÓRIAS/ SEM CONHECIMENTOS JORNALÍSTICOS/ E QUE DESCREVEM UM POUCO SOBRE COMO A PROFISSÃO É VISTA NA SOCIEDADE//
TÉCNICA: INSERIR ÁUDIO DAS PESSOAS RESPONDENDO
TÉCNICA: MÚSICA DE TRANSIÇÃO
LOC. 2: ENTÃO É ISSO/ MEUS QUERIDOS// O NOSSO PAPO HOJE FOI MUITO ENRIQUECEDOR// A PRESENÇA DOS MARAVILHOSOS DOCENTES/ SOCORRO VELOSO E ANTONINO CONDORELLI/ A QUEM NÓS AGRADECEMOS MUITO POR PARTICIPAREM//
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LOC. 1: RICARLA/ ANTES DE ENCERRAR MESMO/ VAMOS PEDIR PARA NOSSOS PROFESSORES DEIXAREM UMA PALAVRINHA PARA OS JORNALISTAS/ OS NOVOS/ ANTIGOS E FUTUROS/ SOBRE A RESPONSABILIDADE QUE ELES CARREGAM NAS MÃOS/
[ESPAÇO PARA CONVIDADO]
LOC. 1: MUITO OBRIGADO/ PROFESSORES//
LOC. 2: OBRIGADA!!// GENTE/ NÓS NOS ENCONTRAMOS NO NOSSO PRÓXIMO PAPO DE JORNAL/ QUE SERÁ O ÚLTIMO DESSA SÉRIE DE CONTRIBUIÇÕES SOBRE PRECARIZAÇÃO// NOSSO MUITO OBRIGADA A VOCÊ QUE NOS ACOMPANHOU ATÉ AQUI/ FIQUEM NA PAZ E ATÉ O PRÓXIMO//
LOC. 1: TCHAU, GENTE! ATÉ O NOSSO PRÓXIMO PAPO DE JORNAL!//
TÉCNICA: VINHETA DE ENCERRAMENTO
LOC. 1: ALÔ ALÔ! VOCÊ SABE QUEM SOU EU?
LOC. 2: ALÔ ALÔ/ GRAÇAS A DEUS!
LOC. 1: OLÁ/ EU SOU RICARLA NOBRE//
LOC. 2: E EU SOU JOÃO MÁRIO COSTA// E ESTE É O QUINTO EPISÓDIO DO PODCAST MAIS LINDO DO RN//
LOC.1: SIM/ É ISTO MESMO QUE VOCÊ PENSOU/ O PAPO DE JORNAL COMEÇA AGORA// RODA A VINHETA EDIÇÃO!
TÉCNICA:VINHETA DE ABERTURA - SOM DO GALO CANTANDO E EFEITO SONORO DE UM JORNAL SENDO AMASSADO.
LOC.2: HOJE ESTAMOS ANIMADÍSSIMOS POR QUE FALAREMOS COM OS BEBÊS DO JORNALISMO!/ AWN!
LOC. 1: OS ESTUDANTES INOCENTES?
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DATA: A definir
EDITOR: A definir
CLIENTE: João Mário Costa e Ricarla Nobre
PEÇA: Podcast Papo de Jornal. Episódio V: “Perspectivas de estudantes”
TEMPO: 30”
LOC. 2: SERÁ QUE SÃO INOCENTES MESMO?// UMA SALVA DE LIKES PARA LUIZ GUSTAVO RIBEIRO/ MARCELHA PEREIRA E EVANDRO FERREIRA/ NOSSOS CONVIDADOS DE HOJE//
LOC. 1: UHU!/ MAS FALEM PRA GENTE/ QUEM SÃO VOCÊS NO PAPO DE JORNAL HEIN?//
*[NOME, IDADE, ONDE ESTUDAM, PERÍODO DA FACULDADE, SE FAZEM ESTÁGIO, ETC]
[CONVIDADOS]
LOC.2: COMO DIRIA JACK O ESTRIPADOR/ VAMOS POR PARTES// DE ONDE SURGIU O INTERESSE DE VOCÊS EM ESTUDAR E EXERCER O JORNALISMO COMO PROFISSÃO?
[CONVIDADOS]
LOC.1: É CADA HISTÓRIA LINDA QUE MEU CORAÇÃO ATÉ FICOU BATENDO AQUI// MAS JÁ PODE COMEÇAR COM AS PROVOCAÇÕES?//
LOC. 2: NÃO SÓ PODE/ COMO DEVE!
LOC.1: ME DIGAM/ A REALIDADE/ NAS EXPERIÊNCIAS DE ESTÁGIO QUE VOCÊS JÁ TIVERAM/ BATEU COM AS EXPECTATIVAS?//
[CONVIDADOS]
LOC. 2: ME DEU VONTADE DE RESPONDER ESSA/ VIU RICARLA?
LOC.2: ACHO QUE PODEMOS RESGATAR O QUADRO “PERRENGUES JORNALÍSTICOS”/ NÉ?!
LOC. 1: VAMOS!// JÁ QUERO ELES CONTANDO AS HISTÓRIAS// MARCELHA/ VOCÊ GOSTARIA DE COMEÇAR?
[CONVIDADOS]
LOC.2: É CADA UMA VIU?!//
LOC.1: E FALANDO DE ESTÁGIO/ COMO VOCÊS ENXERGAM ÀS QUESTÕES DE CARGA HORÁRIA E REMUNERAÇÃO?//
[CONVIDADOS]
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LOC.1: MAS ENTÃO VAMOS ABORDAR OUTRO PONTO// VOCÊS SENTIRAM FALTA DE ALGO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA?
LOC. 2: CARTA VERDE AQUI PRA MANDAR A REAL/ HEIN? * [R: A FALTA DE MATÉRIAS VOLTADAS PARA TECNOLOGIA (NA PEGADA DO JORNALISMO WEB, DESENVOLVIMENTO DE SITES, ETC; E, JORNALISMO DE DADOS/INVESTIGATIVO]
TÉCNICA: MÚSICA DE TRANSIÇÃO
LOC. 2: E AGORA VAMOS AO QUADRO “EU VOU TU VAI”/ ONDE TRAREMOS SUGESTÕES DE INTERVENÇÃO À REALIDADE PRECÁRIA DO JORNALISMO/ DESDE OS TEMPOS ACADÊMICOS//
LOC.1: ESSA VAI SER BOA// VOU COMEÇAR BREVEMENTE AQUI PRA DAR UMA FORÇA A VOCÊS// EU ACHO QUE/ COMO ESTUDANTES/ DEVEMOS VALORIZAR À FORMAÇÃO TEÓRICA/ PARA NOS UNIRMOS E ENXERGARMOS A SITUAÇÃO COMO UM TODO/ SABE?!/ TIPO/ NOS POSICIONARMOS CONTRA INJUSTIÇAS E EXPLORAÇÕES MESMO NOS ESTÁGIOS// CONVERSARMOS COM NOSSOS COLEGAS/ COMPARTILHAR EXPERIÊNCIAS E DEBATER PARA INCENTIVAR A REFLEXÃO E COMEÇARMOS A MUDAR ESSA SITUAÇÃO/ MESMO ANTES DE ENTRAR/ DE FATO/ NO MERCADO DE TRABALHO//
LOC. 2: E VOCÊS?
[CONVIDADOS]
LOC.1: E PARA NÃO FALARMOS SÓ DE DERROTAS E PRECARIZAÇÃO/ VAMOS AO QUADRO “JORNALISMO DO BEM”//
TÉCNICA: EFEITO SONORO DE TRANSIÇÃO
LOC.2: AMO ESSE MONTE DE QUADROS!// QUEREMOS QUE VOCÊS CONTEM BOAS HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS QUE JÁ ADQUIRIRAM DURANTE A EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA//
[CONVIDADOS]
[LOCUTORES PODEM COMPARTILHAR UMA HISTÓRIA TAMBÉM]
LOC.1: PODEM DERRUBAR ÀS CONDIÇÕES DE TRABALHO DO JORNALISTA/ MAS O AMOR PELA PROFISSÃO É INTOCÁVEL//
LOC.2: E A GENTE AINDA VAI VIRAR O JOGO VIU?!/ CONDIÇÕES DE TRABALHO PRECÁRIAS/ SE PREPAREM PARA AS NOVAS GERAÇÕES// WE WILL GET YOU BITCH!/ AQUELAS QUE TEM FÉ//
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LOC.1: SIM// E COM O CORAÇÃO CHEIO DE EMOÇÃO COM ESSAS VIVÊNCIAS COMPARTILHADAS/ TERMINAMOS O NOSSO ÚLTIMO EPISÓDIO DO PODCAST//
TÉCNICA: AWWW [ EFEITO SONORO TRISTE]
LOC.2 : OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO DE VOCÊS PESSOAL! MUY RICO!
LOC.1: COMPARTILHE ESSE PODCAST COM SEUS COLEGAS DE JORNALISMO/SEUS CHEFES/ SUA MÃE/
LOC.2: SEU CACHORRO/ SUA VIZINHA/ TODO MUNDO!
LOC.1: FIZEMOS TUDO COM MUITO AMOR PRA VOCÊS// E VALE LEMBRAR/ TODOS OS EPISÓDIOS FICARÃO DISPONÍVEIS PARA ACESSO NO SPOTIFY// SE VOCÊS COMPARTILHAREM NAS REDES SOCIAIS MARQUEM A GENTE/ @JOÃOMARIOCOSTA E @RICARLANOBRE NO INSTAGRAM//
LOC.2: É ISTO BRAZIL! BRIGADÃO E ATÉ MAIS!//
TÉCNICA: ENCERRAMENTO
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