Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
LATAM MACRO REPORTAugust 01st, 2016
América Latina em Foco
América Latina em 2017: Um ano de recuperação cíclica, mas os desafios
permanecem
Depois de um 2016 cheio de desafios para a economia da América Latina, esperamos um cenário
mais favorável em 2017 com recuperação cíclica do crescimento na maioria dos países da região,
sustentado pelo melhor desempenho da economia global, preços de commodities mais elevados
e alguma melhora na demanda doméstica. Com o arrefecimento das pressões inflacionárias,
especialmente dos preços de alimentos, os bancos centrais da região devem adotar politicas
monetárias mais flexíveis. Uma exceção é o México, no qual os juros deverão ser elevados em
reposta à depreciação cambial resultante das eleições americanas. O cenário político ganhará
destaque em 2017 com eleições na Argentina e Chile. Além disso, as discussões em torno das
eleições presidenciais de 2018 na Colômbia e no México terão importância crescente ao longo do
ano.
• Argentina: O cenário econômico deve ser mais favorável depois da forte contração do PIB
neste ano. A desaceleração da inflação, apesar de ainda deixa-la acima da meta, permitirá ao
Banco Central cortar juros. Um ajuste das contas públicas é necessário, mas provavelmente
será adiado devido ao calendário eleitoral. (pág. 5)
• Chile: O crescimento deve ganhar alguma tração em 2017, mas permanecerá abaixo do
desempenho dos últimos anos. Esperamos que o declínio da inflação e a fraca atividade
econômica permitam que o Banco Central reduza as taxas de juros. As eleições presidenciais
serão um importante ponto de discussão. (pág. 7)
• Colômbia: Esperamos cenário mais positivo para o país em 2017, com inflação e taxa básica
de juros mais baixas e crescimento mais forte do PIB. O governo mostrou habilidade política ao
aprovar o novo acordo de paz somente dois meses após a vitória do “Não” no referendo e ao
obter a aprovação da reforma fiscal sem muita desidratação, o que afasta a possibilidade de
um rebaixamento da classificação de risco soberano do país. (pág. 9)
• México: A eleição de Donald Trump nos EUA trouxe novos riscos potenciais para economia do
país nos próximos anos. Medidas protecionistas vindas dos EUA podem influenciar
negativamente o crescimento do PIB. O balanço de pagamentos pode ser afetado com a
queda das exportações, das remessas de não residentes e do fluxo de IED. Esperamos ligeira
desaceleração do crescimento do país em 2017, reflexo do cenário externo mais adverso,
apesar dos fundamentos macroeconômicos domésticos continuarem sólidos. (pág. 11)
• Peru: Esperamos aceleração do crescimento do PIB em 2017 impulsionada pelo aumento dos
preços do cobre. A inflação deve permanecer próxima ao teto da meta, levando o Banco
Central a manter as taxas de juros no nível atual. O cenário político, no entanto, será
desafiador. (pág. 13)
dezembro de 2016
2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018
Argentina 2,5 -2,2 2,3 3,0 26,9 39,0 20,0 14,0 33,00 24,75 18,00 11,00 12,9 16,1 18,6 20,7
Brasil -3,8 -3,6 0,3 2,5 10,7 6,3 4,5 4,5 14,25 13,75 10,25 9,25 3,90 3,35 3,45 3,55
Chile 2,3 1,6 2,1 2,5 4,4 2,8 3,0 3,0 3,50 3,50 3,00 3,00 709 665 680 685
Colômbia 3,1 2,1 3,1 3,5 6,8 5,7 3,9 3,5 5,75 7,50 5,75 5,50 3174 3020 3220 3320
México 2,5 2,3 1,8 2,5 2,3 3,2 3,1 3,2 3,25 5,50 5,75 6,25 17,2 20,0 21,5 21,6
Peru 3,3 3,8 4,0 4,3 4,4 3,0 2,8 2,5 3,75 4,25 4,25 4,25 3,41 3,45 3,55 3,65
Taxa de câmbio
(final do ano)
Taxa básica de juros
(%)
Inflação ao consumidor
(%)
Crescimento do PIB
(%)
Projeções: Bradesco
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América Latina em 2017: Um ano de recuperação
cíclica, mas os desafios permanecem
A economia da América Latina passou por
diversos desafios ao longo deste ano, tanto por
fatores domésticos como em função de um cenário
externo adverso. Para 2017, em contrapartida, o
cenário esperado é mais favorável, com melhor
desempenho do PIB no caso da Argentina, Chile,
Colômbia, e Peru. Projetamos crescimento do PIB da
região de 1,5% em 2017, após retração de 0,8%
esperada para este ano, refletindo alguma melhora da
atividade no Brasil e na Argentina. O ambiente externo
mais positivo¹, por sua vez, reforça nossa expectativa.
No entanto, a taxa crescimento deve permanecer
abaixo da média dos últimos dez anos em todos esses
países.
Essa suave melhora da economia mundial sustenta
preços mais elevados das commodities,
especialmente das metálicas e do petróleo, o que
deve contribuir para o crescimento da região. Chile
e Peru devem se beneficiar da recuperação dos
preços de metais, em especial do cobre, que é muito
importante na pauta de exportação desses países.
México e Colômbia devem ser favorecidos pelos
maiores preços do petróleo. Além disso, as indicações
são de que as condições climáticas serão mais
favoráveis no próximo ano, permitindo elevadas safras
de grãos, o que favorece a economia argentina e, em
menor intensidade, a brasileira.
Ao mesmo tempo, a oferta mais elevada permitirá
que os preços de alimentos sigam estáveis. Isso
afasta outro problema enfrentado pelos países da
região nos últimos dois anos, uma vez que a alta
dos preços de alimentos foi um dos fatores de
pressão da inflação de grande parte dessas
economias. Assim, o arrefecimento das pressões
inflacionárias deve permitir que os bancos centrais
adotem políticas monetárias menos restritivas, com
exceção do México.
• A economia da América Latina passou por diversos desafios ao longo de 2016, tanto por
fatores domésticos como em função do cenário externo adverso. Para 2017, o cenário
esperado é mais favorável, com melhor desempenho do PIB da região.
• A melhora da economia mundial deve sustentar os preços das commodities, o que contribuirá
para o crescimento da região.
• Tendo em vista o alívio esperado para a inflação, há espaço para redução da taxa de juros na
maioria dos países. Contudo, devemos monitorar os riscos vindos da valorização do dólar em
escala global, e do ambiente político específico de cada país.
O crescimento do PIB deve se acelerar com
uma retomada cíclica. A atividade no
México será afetada pelas incertezas em
relação a política econômica dos EUA
A inflação continuará a caindo na
maioria dos países com menor
pressão dos preços de alimentos
América Latina
_______________________
¹ Esperamos que o crescimento da economia mundial tenha uma
pequena aceleração em 2017 de 3,0% para 3,1%, com destaque para
o melhor desempenho dos países emergentes, cujo crescimento deve
se acelerar de 3,8% para 4,2%.
2.5
-3.8
2.3
3.12.5
3.3
-2.2
-3.6
1.62.1 2.3
3.8
2.3
0.3
2.1
3.1
1.8
4.0
-6
-4
-2
0
2
4
6
Argentina Brasil Chile Colômbia México Peru
Crescimento do PIB (%)
2015 2016 (E) 2017 (E)
Fontes: FMI, Bradesco
26.9
10.7
4.46.8
2.34.4
39.0
6.6
2.85.7
3.2 3.0
20.0
4.73.0 3.9 3.1 2.8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Argentina Brasil Chile Colômbia México Peru
Inflação ao Consumidor (%)
20152016 (E)2017 (E)
Fonte: Bradesco
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As eleições na Argentina e Chile
ganharão destaque em 2017
A inflação dos países da região já registrou
significativo declínio ao longo de 2016, com exceção
do México, cuja inflação subiu e permanece próxima
ao centro da meta, e da Argentina, em função da
depreciação cambial e da redução dos subsídios à
energia elétrica. Ainda assim, para a Argentina
esperamos uma desaceleração significativa da
inflação em 2017, que deve chegar a uma alta de
20,0%, cerca de metade da elevação estimada para
2016. No entanto, esse indicador permanecerá acima
da meta estabelecida pelo Banco Central argentino (de
12% a 17%).
O resultado da eleição norte-americana, com a
vitória de Donald Trump, também será relevante
para a região. Os maiores impactos serão percebidos
no México, dada a significativa integração entre as
duas economias. A depreciação cambial em resposta
à eleição dos Estados Unidos deve levar o Banco
Central mexicano a adotar taxas de juros mais
elevadas. Para os demais países, o principal efeito
deve se dar através do fortalecimento do dólar.
O cenário político local também será importante
para a região em 2017. Teremos eleições
presidenciais e legislativas no Chile e a renovação de
parte do Congresso Argentino. Na Colômbia e no
México, as discussões para as eleições presidenciais
de 2018 ganharão força ao longo do ano. Já na
Argentina, as eleições para renovar um terço das
cadeiras do Senado e metade das fda Câmara devem
ser acompanhadas com atenção. O atual presidente
Mauricio Macri teria a possibilidade de ampliar a base
de apoio no Congresso, em que atualmente tem
minoria. Os chilenos, por sua vez, escolherão em
outubro um substituto para a presidente Michele
Bachelet, que não pode disputar a reeleição. Os
baixos índices de popularidade de seu governo devem
dar alguma vantagem para o candidato da oposição.
Além disso, nas eleições para o Congresso, as novas
regras eleitorais podem levar a uma mudança na
composição das forças políticas no país.
Além da dinâmica da inflação e do ambiente
político, acreditamos que a política fiscal dos
países deva ser um tema relevante da discussão
na região ao longo do próximo ano. O cenário
externo, influenciado pela expectativa de normalização
mais rápida dos juros norte-americanos, deve reduzir a
demanda por ativos dos países emergentes.
O México seria o país
mais afetado por um aumento do
protecionismo nos EUA
Calendário Eleitoral
Presidente Legislativo
Argentina Mauricio Macri outubro 2019 outubro 2017
Chile Michelle Bachelet novembro 2017 novembro 2017
Colômbia Juan Manuel Santos Calderon maio 2018 março 2018
México Enrique Peña Nieto julho 2018 julho 2018
Peru Pedro Pablo Kuczynski abril 2021 abril 2021
Fonte: CIA World Factbook
Presidente em exercícioPróximas Eleições
0 5 10 15 20 25 30
Argentina
Peru
Chile
Colômbia
México
Exportações para os Estados Unidos (% do PIB)
Manufaturas
Total
Fonte: UNCTAD
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Destacamos o caso da Argentina, onde devem ser
discutidas medidas que permitam um ajuste fiscal nos
próximos anos. O país tem significativo déficit primário
(5,4% do PIB em 2015). Além disso, parcela relevante
de sua dívida pública é indexada ao dólar, o que
aumenta sua vulnerabilidade a choques externos.
Na Colômbia e no México, o desafio é adequar o
orçamento ao cenário de preços do petróleo mais
baixos. Apesar de projetarmos que o preço dessa
commodity suba para US$ 55/barril na média de
2017, tal patamar é inferior ao registrado há alguns
anos. O México apresenta uma situação mais
confortável, pois em 2015 realizou uma reforma fiscal
que mitigou os efeitos da queda da arrecadação
oriunda da produção e exportação de petróleo. A
dívida bruta cresceu, de 42,0% para 54,0% do PIB nos
últimos cinco anos e o déficit nominal, que em 2015
chegou a 4,1% do PIB, vem recuando e deve ficar em
torno de 3,0% do PIB em 2017. A situação fiscal na
Colômbia, no entanto, é um pouco mais complicada: o
déficit nominal supera 3,0% do PIB e a dívida bruta do
governo como proporção do PIB saltou de 36,4% para
50,6% nos últimos cinco anos. Com o objetivo de
enfrentar esse problema, o governo aprovou uma
reforma fiscal² no final de dezembro que será válida já
em 2017. Por fim, no Peru, o governo pretende ampliar
as despesas públicas, com um ambicioso plano de
investimentos em infraestrutura. A situação fiscal do
país ainda é relativamente confortável devido ao baixo
nível da dívida pública, que está em torno de 25,0% do
PIB.
Dessa forma, a retomada da atividade global e a
recuperação dos preços de importantes
commodities deverão propiciar a aceleração da
economia dos países da América Latina. Por um
lado, há espaço para redução da taxa de juros na
maioria dos países, tendo em vista o alívio esperado
para a inflação. Por outro, devemos monitorar os
riscos vindos de uma depreciação mais acentuada das
moedas, em resposta à valorização do dólar em
escala global, e do ambiente político específico de
cada país.
A política fiscal será outro tema
importante. A dívida pública vem
crescendo
_______________________
2 Em linhas gerais, a reforma fiscal: (i) elevou a alíquota do imposto
sobre valor agregado (IVA na sigla em inglês) de 16% para 19%, (ii) vai
reduzir o imposto de renda sobre pessoa jurídica de forma gradual.
38
11
36
43
23
52
20
48
56
26
0
20
40
60
Argentina Chile Colômbia México Peru
Dívida Pública Bruta (2011-2016, % do PIB)
Fonte: FMI, Bradesco
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Os desafios permanecem, apesar da perspectiva
econômica mais favorável. Neste ano, a Argentina
avançou rumo à normalização da política
macroeconômica. No entanto, vários obstáculos
persistem para 2017, dentre os quais o combate à
inflação, a necessidade de um plano de ajuste fiscal e
a retomada do crescimento econômico. O PIB deve
voltar para o campo positivo no primeiro trimestre de
2017, após desempenho abaixo do esperado em
2016. Os efeitos negativos do fim do subsídio à
energia elétrica e da depreciação cambial de 2015
estão se dissipando. Além disso, as políticas
econômicas adotadas pelo governo Macri devem
começar a trazer frutos, levando à retomada dos
investimentos, que caíram cerca de 4,0% neste ano. O
consumo privado, por sua vez, deve crescer, depois
de ser afetado pela redução da renda disponível em
2016. O cenário externo também deve ser mais
favorável em função do crescimento global mais
elevado. Em particular para o Brasil, que é o maior
parceiro comercial argentino, esperamos pequeno
crescimento após a contração de mais de 7% ao longo
dos últimos dois anos. Com isso, nossa projeção é que
o PIB argentino cresça 2,3% em 2017, depois de
apresentar contração de 2,2% neste ano.
Inflação diminuirá significativamente. Esperamos
que a inflação desacelere para 20,0% no final de 2017,
metade da deste ano. Em 2016, a inflação foi
influenciada pela redução dos subsídios de energia
elétrica e pelos efeitos da depreciação cambial do final
de 2015. Além da redução desses efeitos, esperamos
melhor safra de grãos em 2017, o que deve minimizar
a pressão dos preços de alimentos sobre a inflação.
Por outro lado, os reajustes salariais devem contribuir
para a inercia inflacionária, contendo a velocidade do
processo de desinflação.
O Banco Central continuará reduzindo juros. A
autoridade monetária adotará um regime de metas de
inflação a partir do próximo ano, com metas
decrescentes até atingir 5,0% em 2019. Apesar de
esperamos queda significativa da inflação,
acreditamos que a meta de inflação entre 12,0% e
17,0% no final de 2017 é demasiadamente ambiciosa.
• O cenário econômico deve ser mais favorável depois da forte contração do PIB neste ano.
• A desaceleração da inflação, apesar de ainda deixa-la acima da meta, permitirá ao Banco
Central cortar juros.
• O ajuste das contas públicas é necessário, mas provavelmente será adiado devido ao
calendário eleitoral.
Esperamos uma retomada do crescimento
após a forte contração em 2016
A inflação deve ceder, mas deve
ficar acima da meta
Argentina
8.98.0
9.0
4.1
-5.9
10.1
6.0
-1.0
2.4
-2.5
2.5
-2.2
2.6
-8
-4
0
4
8
12
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Crescimento do PIB (%)
Fontes: CEIC, Bradesco
12
8
3.5
17
12
6.5
0
10
20
30
40
50
Jun
-13
Sep
-13
Dec
-13
Mar
-14
Jun
-14
Sep
-14
Dec
-14
Mar
-15
Jun
-15
Sep
-15
Dec
-15
Mar
-16
Jun
-16
Sep
-16
Dec
-16
Mar
-17
Jun
-17
Sep
-17
Dec
-17
Mar
-18
Jun
-18
Sep
-18
Dec
-18
Mar
-19
Jun
-19
Sep
-19
Dec
-19
Inflação e metas (%)
Inflação (Buenos Aires)Meta de Inflação
Fontes: CEIC, Banco Central da Argentina
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6
Um ajuste das contas públicas é
necessário, mas deve ser adiado
Apesar disso, a magnitude da desinflação permitirá a
queda da taxa básica de juros sem que isso implique
em declínio dos juros reais. Esperamos que o Banco
Central retome os cortes de juros após as pausas na
últimas reuniões, de forma a manter a taxa real
estável. Com isso, estimamos que a taxa de juros caia
dos atuais 24.75% para 18,0% ao final de 2017.
O déficit em conta corrente se ampliará. Nossa
expectativa é de que a balança comercial registre
pequeno déficit em 2017, após o superávit observado
em 2016 devido ao aumento das importações
impulsionadas pela recuperação da demanda
doméstica. Consequentemente, esperamos que o
déficit em conta corrente cresça para cerca de 3,0%
do PIB em 2017.
O ajuste fiscal é necessário para garantir a
sustentabilidade da dívida. O governo deve registrar
déficit primário de mais de 5,0% do PIB em 2016,
próximo ao registrado no ano anterior. A autoridade
anunciou que pretende reduzir gradualmente os
déficits fiscais, mas nenhum plano concreto foi
divulgado. Em contraste, a proposta de orçamento
revisou a meta fiscal de 2017 para um déficit de 4,2%
do PIB, representando um ajuste apenas marginal em
relação a este ano. O ajuste das contas públicas é
fundamental para garantir a sustentabilidade da dívida
para que o país continue a atrair investidores para
financiá-la. O governo emitiu cerca de US$ 20 bilhões
neste ano, após o acordo com os credores que não
tinham participado da reestruturação da dívida nos
anos 2000. A evolução das contas públicas deve ser
acompanhada, uma vez que acreditamos que esse
seja o principal risco para nosso cenário mais
favorável em relação à Argentina.
No entanto, tais ajustes devem ser adiados devido
ao calendário eleitoral. Não esperamos que o
governo anuncie medidas fiscais impopulares antes da
eleições para o Congresso, em outubro. Um terço das
cadeiras do Senado e metade da Câmara estarão em
disputa e será uma oportunidade para o presidente
Macri ampliar seu apoio no Congresso.
Após a pausa nas últimas
reuniões, o Banco Central deve
voltar a cortar os juros em linha
com o declínio da inflação
4.03.3
1.7 1.8
-1.1-0.4
-1.4 -1.5-2.4
-3.2
-5.4 -5.6
66.9
43.9
53.8
38.143.6
51.8
0
10
20
30
40
50
60
70
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016e
Resultado Primário e Dívida Pública (% do PIB)
Resultado Primário
Dívida Pública (eixo da direita)
Fontes: FMI, Bradesco
24.7524
26
28
30
32
34
36
38
40
Dec
-15
Jan-
16
Jan-
16
Fe
b-16
Mar
-16
Mar
-16
Apr
-16
May
-16
May
-16
Jun-
16
Jul-1
6
Aug
-16
Aug
-16
Sep
-16
Oct
-16
Oct
-16
Nov
-16
Dec
-16
Taxa de Política Monetária (%)
Fonte: Banco Central da Argentina
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Esperamos melhora da atividade econômica. O
crescimento se acelerará diante da dinâmica mais
favorável dos investimentos, que devem ter
crescimento moderado após a queda deste ano, e da
contribuição do setor externo. O consumo, no entanto,
não deve ser fator propulsor relevante do crescimento
no próximo ano pois a confiança do consumidor
permanece em nível muito baixo, apesar da melhora
dos últimos meses. Projetamos crescimento do PIB de
2,1% em 2017, melhor que nossa estimativa para
2016 (1,6%), mas ainda abaixo da média dos últimos 5
anos (3,9%).
O preço do cobre mais elevado deve ajudar. O
cobre é o principal produto de exportação do país,
representando cerca de metade das exportações
chilenas e 10,0% do PIB. Os investimentos no setor
foram afetados pela quedas dos preços desde de
2011, com um significativo impacto no PIB durante
esse período. Nos últimos dois meses, no entanto, os
preços do metal dispararam, crescendo mais de 20%.
Mesmo com alguma reversão desse movimento, o
preço médio no próximo ano deverá ficar
significativamente acima do de 2016.
O déficit na conta corrente deve permanecer em
níveis confortáveis. O aumento nos preços do cobre
deve ajudar as contas externas. Esperamos que o
resultado da balança comercial fique praticamente
estável, com crescimento tanto de importações como
de exportações. Ao mesmo tempo em que o maior
preço do cobre contribuirá para o aumento das
exportações, as importações serão impulsionadas pelo
crescimento da demanda doméstica. O déficit em
conta corrente deve permanecer em torno de 2,0% do
PIB.
A inflação ficará próxima à meta. As expectativas
de inflação permanecem ancoradas à meta, com os
dados da última pesquisa do Banco Central apontando
projeções na meta de 3,0% nos próximos dois anos.
Os preços dos alimentos, que foram importante fonte
de pressão nos anos recentes, serão contidos pela
expectativa de uma boa safra de grãos. O principal
risco para a inflação é um cenário externo mais
desafiador, que leve a uma demanda mais
enfraquecida por ativos dos países emergentes e a
uma depreciação cambial mais significativa.
• O crescimento deve ganhar alguma tração em 2017, mas permanecerá abaixo do desempenho
dos últimos anos
• O declínio da inflação e a fraca atividade econômica permitirão que o Banco Central reduza as
taxas de juros.
• As eleições presidenciais serão um importante ponto de discussão
O crescimento continuará em
ritmo moderado
A confiança continua em níveis
muito baixos
Chile
30
35
40
45
50
55
60
Oct
-02
Oct
-03
Oct
-04
Oct
-05
Oct
-06
Oct
-07
Oct
-08
Oct
-09
Oct
-10
Oct
-11
Oct
-12
Oct
-13
Oct
-14
Oct
-15
Oct
-16
Índice de Percepção Econômica - IPEC (50=neutro)
Source: CEIC
A Inflação permanecerá
em torno da meta
9.9
-2.3
4.4
1.0
6.1
4.8
2.8
-4
-2
0
2
4
6
8
10
Ap
r-06
Oct
-06
Ap
r-07
Oct
-07
Ap
r-08
Oct
-08
Ap
r-09
Oct
-09
Ap
r-10
Oct
-10
Ap
r-11
Oct
-11
Ap
r-12
Oct
-12
Ap
r-13
Oct
-13
Ap
r-14
Oct
-14
Ap
r-15
Oct
-15
Ap
r-16
Oct
-16
Inflação ao consumidor (% YoY)
Fonte: Bloomberg
meta de inflação
1.72.2
-3.1
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
Ap
r-1
0
Oc
t-1
0
Ap
r-1
1
Oc
t-1
1
Ap
r-1
2
Oc
t-1
2
Ap
r-1
3
Oc
t-1
3
Ap
r-1
4
Oc
t-1
4
Ap
r-1
5
Oc
t-1
5
Ap
r-1
6
Oc
t-1
6
Indíce de Atividade Econômica - IMACEC (12 meses, %)
Total Ex-mineração Mineração
Fonte: Banco Central de Chile
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8
A relação divida-PIB permanece
baixa a despeito da deterioração
recente das contas públicas
O Banco Central deve reduzir os juros. Esperamos
que a queda da inflação, em meio ao crescimento
moderado da economia deva permitir que o Banco
Central reduza as taxas de juros. Os documentos
recentes indicam que as autoridades estão discutindo
uma flexibilização adicional da política monetária.
Como as taxas de juros reais já estão em nível
bastante baixo, esperamos dois cortes de 0,25pp para
3,0%.
As contas fiscais apresentarão ligeira melhora. O
déficit nominal do governo central aumentou nos
últimos anos, refletindo crescimento maior das
despesas em relação ao das receitas. Esperamos que
em 2017 o déficit seja ligeiramente menor, com
aceleração do crescimento das receitas, refletindo o
maior crescimento econômico, e pequeno crescimento
das despesas (de 2,7% segundo a proposta
orçamentária).
As eleições serão um ponto de atenção. Apesar de
os candidatos para eleição de novembro ainda não
estarem definidos, acreditamos que o baixo nível de
aprovação da presidente Michele Bachelet (da Nueva
Mayoría) favorecerá os candidatos da coalisão
oposicionista Chile Vamos. A avaliação da presidente
continua próxima às mínimas históricas, em função
das reformas impopulares e das denúncias de que seu
filho beneficiou a esposa no uso de uma função
pública. As eleições para o Congresso também serão
importantes, pois serão as primeiras após a mudança
da legislação eleitoral que deve levar a uma
representação mais diversificada. Isso pode mudar a
dinâmica politica do país, que atualmente tende ao
bipartidarismo.
Candidatos defendendo política econômicas
ortodoxas podem levar a uma valorização dos
ativos chilenos. O ex-presidente Sebastian Piñera é
forte nome para ser o candidato da coalisão Chile
Vamos. Um pesquisa da Adimark o coloca à frente,
seguido por Alejandro Guillier e Ricardo Lagos, outro
ex-presidente. Os candidatos da oposição defendem
politicas econômicas ortodoxas e acreditamos que a
os mercados devem ficar mais otimistas com o país
caso seu favoritismo permaneça. Esse cenário
representa um possibilidade de valorização para os
ativos chilenos em 2017.
2.0
4.5
7.57.9
3.9
-4.3
-0.4
1.4 0.7
-0.5 -1.5-2.1
-3.2 -2.9
10.3
3.9
17.5
23.3
0
20
40
-5
0
5
10
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
e
2017
e
Resultado Nominal e Dívida Pública (% do PIB)
Resultado Nominal
Dívida Pública
Fontes: FMI, Bradesco
0
2
4
6
8
10
Dec
-06
Jun
-07
Dec
-07
Jun
-08
Dec
-08
Jun
-09
Dec
-09
Jun
-10
Dec
-10
Jun
-11
Dec
-11
Jun
-12
Dec
-12
Jun
-13
Dec
-13
Jun
-14
Dec
-14
Jun
-15
Dec
-15
Jun
-16
Dec
-16
Jun
-17
Dec
-17
Taxa de política monetária (%)
projeção
Fontes: Bloomberg, Bradesco
O Banco Central deve cortar os
juros no primeiro trimestre
América Latina em Foco
LATAM MACRO REPORT
Mais rápido do que se esperava, o governo mostrou
grande habilidade em minimizar os debates no
Congresso e aprovou o novo acordo de paz apenas
dois meses após a vitória do “Não” no plebiscito. Os
congressistas ratificaram o acordo por votação no Senado
(75 votos favoráveis de 102 senadores) e na Câmara dos
Deputados (130 votos de 166 deputados). A oposição,
liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe (Centro
Democrático e Partido Conservador), considerou o trâmite
do processo ilegal e se absteve de votar, organizando
uma debandada do Congresso em forma de protesto.
O novo acordo de paz contempla 50 modificações em
relação ao texto original que atenderam algumas das
demandas da oposição. As principais alterações
explicitam que (i) os rebeldes acusados de crimes e
tráfico de drogas serão julgados por uma corte especial,
que, entretanto, não punirá com prisão os rebeldes que
confessarem ter cometido crime de guerra, (ii) os
guerrilheiros serão obrigados a revelar o patrimônio do
grupo rebelde, (iii) os ex-combatentes terão direito de se
candidatar à uma vaga no Congresso, mas não poderão
pleitear posições nos novos distritos que serão formados
nas antigas áreas de conflito. Os opositores argumentam
que o acordo de paz precisa ser endossado por um
referendo. Já a Corte Nacional Constitucional Colombiana
julgou que não é necessário o voto popular para legitimar
uma decisão do Congresso. Desse modo, permitiu que o
Congresso agilize a aprovação das leis necessárias para
a implementação do acordo de paz. Uma vez aprovado o
acordo de paz o governo pode intensificar seus esforços
para prosseguir com a agenda fiscal.
Agora, o governo foca no ajuste fiscal para
compensar a perda de receita com a queda do preço
do petróleo. Esse elemento afetou as receitas do
governo, elevando o déficit fiscal para 3,2% do PIB e a
divida pública para 42,0% do PIB em junho de 2016. As
receitas do governo provenientes do petróleo (oriundas da
produção, exportação e comercialização) correspondiam
a 3,3% do PIB em 2013 e agora estão próximas a zero.
Mais da metade dessa contração se deve à queda da
receita proveniente da empresa estatal Ecopetrol.
• Acreditamos em um cenário mais positivo para o país em 2017, com inflação e taxa básica de
juros mais baixas e maior crescimento econômico.
• O governo se mostrou bastante hábil em aprovar o novo acordo de paz apenas dois meses
após a vitória do “Não” no referendo, abrindo caminho para prosseguir com a agenda de
reforma fiscal.
• Após a aprovação do acordo de paz no Congresso, o governo colombiano concentrará seus
esforços na implementação do ajuste fiscal.
• A reforma fiscal aprovada reduz a possibilidade de rebaixamento da classificação de risco
soberano.
A forte contração nos preços do
petróleo afetaram a situação
fiscal da Colômbia.
Coalisão do governo no Congresso
deu suporte para aprovação do
acordo de paz e da reforma
tributária.
Colombia
38%
32%
35%
34%33%
32%
35%
43%42%
-1.9%
-2.8%
-1.7%
-4.0%
-1.4%
-1.0%
-1.4%
-3.6%
-2.5%
-3.9%
30%
32%
34%
36%
38%
40%
42%
44%
-4.5%
-4.0%
-3.5%
-3.0%
-2.5%
-2.0%
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
Sep
-06
Mar
-07
Sep
-07
Mar
-08
Sep
-08
Mar
-09
Sep
-09
Mar
-10
Sep
-10
Mar
-11
Sep
-11
Mar
-12
Sep
-12
Mar
-13
Sep
-13
Mar
-14
Sep
-14
Mar
-15
Sep
-15
Mar
-16
Sep
-16
Saldo nominal x Dívida pública bruta (em % do PIB)
Dívida pública (eixo da direita)
Nominal (em % do PIB)
Fonte: CEIC
Partido Social de
Unidad Nacional; 21
Partido Liberal
Colombiano; 17
Partido Cambio
Radical; 9Partido
Conservador Colombiano; 18
Alianza Verde; 5
Other; 7
Centro
Democrárico; 20
Partido
Democrátioco Alternativo; 5
Governo*IndependentesOposição
Senado
(*) Unidad Nacional coalisão
Partido Liberal
Colombiano; 39
Partido Social de
Unidad Nacional; 37
Partido Cambio
Radical; 16
Partido
Conservador Colombiano; 27
Alianza Verde; 6
Other; 19
Centro
Democrárico; 19
Partido
Democrátioco Alternativo; 3
Câmara do Deputados
América Latina em Foco
LATAM MACRO REPORT
A queda da receita oriunda da estatal
Ecopetrol corroe as receitas do
governo.
O texto da reforma fiscal passou na Câmara e no
Senado sem grandes alterações e deve ser
sancionado pelo presidente ainda em 2016. Os
principais detalhes dessa reforma incluem (i) aumento de
3 pontos percentuais no IVA (de 16,0% para 19,0%) e (ii)
redução gradual do imposto de renda para empresas para
33,0% (dos atuais 42,0% para 40,0% em 2017, 37,0% em
2018 e finalmente 33,0% em 2019). O Congresso retirou
do texto a proposta impopular de reduzir o piso de
contribuição para o imposto de renda de pessoa física.
Nossa expectativa é que a aprovação da reforma fiscal
reduza a possibilidade de rebaixamento da classificação
de risco soberano. Algumas agências de risco
anunciaram que poderiam rebaixar a classificação de
risco do país caso a aprovação da reforma fiscal fosse
postergada para 2017, o que forçaria os ajustes no
orçamento a começarem somente em 2018.
Desde o final de novembro, o cenário para os preços
do petróleo mudaram significantemente, refletindo o
acordo firmado pela Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP). O acordo prevê a
redução de 1,2 milhão de barris por dia para os próximos
seis meses. Após o acordo, o preço do barril de petróleo
saltou de US$ 50/barril para US$ 55/barril e o peso
colombiano se valorizou em 5,0% em relação ao dólar.
Para 2017, acreditamos que o cenário externo será
mais favorável para o país, com melhora nos termos
de troca, em linha com a perspectiva mais positiva
para os preços do petróleo. Tal movimento ajudará a
reverter a deterioração das contas fiscais e a reduzir o
déficit em conta corrente (próximo de 6,0% do PIB em
junho de 2016). Nesse sentido, acreditamos que haverá
melhora na percepção de risco do país, o que deve tornar
a Colômbia mais atrativa para os investimentos externos.
Sendo assim, nosso cenário prevê crescimento
econômico, reflexo do aumento do preço do petróleo, e
dos primeiros benefícios da aprovação do acordo de paz.
Em relação à política monetária, esperamos que a
inflação continue desacelerando em 2017, encerrando o
ano em 3,9%, abaixo do limite superior da meta (entre
2,0% e 4,0%), refletindo a expectativa mais favorável para
os preços de alimentos. Diante dessa forte desaceleração
da inflação, o Banco Central dará continuidade ao
processo de redução da taxa básica de juros iniciado em
dez/16, conduzindo a taxa para 5,75% no final de 2017.
0.4 0.4 0.4 0.4 0.50.8 0.9
1.6
0.60.9 1.1
1.91.4
0.5
0.5 0.40.7 0.7
0.90.7 0.6
1.2
0.3
0.7
1.5
1.4
1.2
0.6
0.9 0.81.1 1.1
1.4 1.5
2.8
1.6
2.6
3.3
2.6
1.1
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Total ex-Ecopetrol
Ecopetrol
Total
Receitas do governo em % do PIB
Fonte: Ministerio de Hacienda y Crédito Público
América Latina em Foco
LATAM MACRO REPORT
Mesmo diante de um cenário externo adverso, com
baixos preços do petróleo e fraco crescimento dos
EUA, a economia mexicana tem apresentado um bom
desempenho nos últimos dois anos. O país cresceu
em ritmo moderado, sustentado pelas condições
favoráveis da demanda doméstica (melhora consistente
do emprego e da renda real). Para os próximos anos, o
México pode se defrontar novamente com um cenário
externo adverso em função da eleição de Donald Trump
como presidente dos EUA. O resultado dessas eleições
elevou a incerteza quanto à política norte-americana
durante o próximo governo. A proposta de Trump de
renegociar os termos do NAFTA (e possivelmente até
extingui-lo) e sua posição com relação à imigração,
apresentadas durante a campanha, elevaram o risco dos
EUA imporem algumas barreiras comerciais, além de
elevar o controle imigratório.
O impacto direto do eventual maior protecionismo
dos EUA sobre as exportações mexicanas pode ser
substancial, uma vez que esse país é o principal destino
das exportações mexicanas (83,0% das exportações ex-
petróleo e 49,0% das exportações de petróleo).
Adicionalmente, mais de 20,0% de todos os produtos
manufaturados no México são exportados para os EUA
(e, em grande parte, são insumos para a indústria
americana). Sendo assim, a possível restrição no
comércio deveria afetar a produção e o emprego do setor
industrial mexicano, o que teria impactos sobre o
consumo doméstico do país.
Adicionalmente, o maior protecionismo dos EUA
implicaria redução de investimentos no México. Isso
poderia ocorrer pela queda do influxo de investimentos
estrangeiros diretos (os EUA são responsáveis por mais
de 60,0% desse componente), uma vez que o aumento do
imposto de importação norte-americano reduziria a
vantagem competitiva dos produtos mexicanos. Por outro
lado, o canal de contágio poderia ser por meio da queda
da confiança industrial, como reflexo do aumento da
aversão ao risco e da incerteza política. Diante desse
cenário, a depreciação cambial mais intensa poderia
mitigar o impacto final sobre a economia do país.
• A eleição de Donald Trump se constitui em potencial fator de risco para os próximos anos.
• O impacto de um possível comportamento mais protecionista dos EUA afeta negativamente o
crescimento econômico mexicano.
• As remessas de não residentes podem ser impactadas caso sejam aprovadas maiores
restrições sobre a política de imigração para os EUA.
• Apesar dos fundamentos macroeconômicos do país continuarem sólidos, esperamos alguma
desaceleração do crescimento em 2017, refletindo a maior complexidade do cenário externo.
Crescimento do consumo
doméstico tem garantido o
crescimento sólido do país nos
últimos anos
Mexico
Exportações mexicanas são muito
dependentes da economia dos EUA.
2%
-12.0%
-10.0%
-8.0%
-6.0%
-4.0%
-2.0%
0.0%
2.0%
4.0%
6.0%
8.0%
Sep
-03
Mar
-04
Sep
-04
Mar
-05
Sep
-05
Mar
-06
Sep
-06
Mar
-07
Sep
-07
Mar
-08
Sep
-08
Mar
-09
Sep
-09
Mar
-10
Sep
-10
Mar
-11
Sep
-11
Mar
-12
Sep
-12
Mar
-13
Sep
-13
Mar
-14
Sep
-14
Mar
-15
Sep
-15
Mar
-16
Sep
-16
México GDP: Contribuição para o crescimento do PIB
Consumo das famíliasGastos do GovernoInvestimentoExportações líquidasCres. do PIB (a/a)
Fonte: Bloomberg
EUA
80.2%
América
Latina8.4%
Outros
6.4%
União
Europeia5.0%
Principais destinos das exportações mexicanas
Fonte: Bloomberg
América Latina em Foco
LATAM MACRO REPORT
12
Os efeitos de uma política imigratória mais
restritiva nos EUA sobre a economia mexicana
também seriam significativos. De fato, tal política (i)
reduziria a renda disponível e o consumo doméstico
no México, reflexo da diminuição das remessas dos
imigrantes que vivem nos EUA (as remessas
correspondem a um fluxo de 2,0% do PIB por ano); e
(ii) essa queda do fluxo de dólares para o país
deterioraria o saldo das transferências unilaterais³. A
combinação da queda nas exportações, com menores
remessas e um menor influxo de investimento
estrangeiro direto (IED) resultará na deterioração da
balança de pagamentos do país. Diante desse cenário,
o déficit em conta corrente se tornará bem maior que
os atuais 2,9%, e mais difícil de financiar, por conta do
menor fluxo de IED, adicionando pressão sobre a
moeda em 2017.
Para 2017, esperamos que esse cenário mais
adverso resulte em uma desaceleração do
crescimento do PIB, de 2,3% em 2016 para 1,8% em
2017, refletindo os investimentos, as exportações e
a produção industrial mais fracos. Entretanto,
apesar do cenário externo negativo, os fundamentos
macroeconômicos domésticos continuam sólidos. A
aprovação do ajuste fiscal pelo governo irá manter o
déficit fiscal sob controle e a política monetária tem se
mostrado preventiva, mantendo a estabilidade
financeira. O maior risco para o nosso cenário pode vir
de uma desaceleração mais intensa do crescimento do
país, deprimindo as receitas do governo, o que
tornaria as metas do ajuste fiscal impossíveis de
cumprir. Isso, em última instância, resultaria no
rebaixamento da classificação de risco soberano do
país por alguma agência de risco.
A importância histórica das remessas
de não residentes para mitigar o déficit
em conta corrente.
_______________________
3 Renda secundária segundo a metodologia BPM6.
-1.54%
2.46%
-2.90%
-6.0%
-3.0%
0.0%
3.0%
ma
r/00
dez
/00
set/
01
jun
/02
ma
r/03
dez
/03
set/
04
jun
/05
ma
r/06
dez
/06
set/
07
jun
/08
ma
r/09
dez
/09
set/
10
jun
/11
ma
r/12
dez
/12
set/
13
jun
/14
ma
r/15
dez
/15
set/
16
Conta corrente em % do PIB
Balança Comercial Balança de ServiçosRendas Trans. UnilateraisConta Corrente
Fonte: Bloomberg
América Latina em Foco
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Esperamos ligeira aceleração do crescimento
econômico peruano. A variação do PIB deve
acelerar para 4,0% em 2017, ante 3,8% projetado para
este ano, impulsionada pela retomada dos
investimentos, que mostrarão crescimento moderado
após a contração verificada em 2016. O crescimento
do consumo deve acelerar, em linha com o PIB. Em
contrapartida, a contribuição do setor de extração
mineral para o aumento do PIB deve ser menor após a
forte expansão deste ano, com a conclusão dos
projetos de ampliação da capacidade produtiva, em
especial no caso do cobre.
Uma perspectiva mais favorável para os preços
dos metais vai impulsionar o investimento e a
melhoria da conta corrente. Os preços dos metais
dispararam nos últimos meses, o que deve atrair
investimentos em mineração. Outro efeito será
observado nas contas externas, com o crescimento
das exportações. Enquanto o déficit na balança
comercial caiu neste ano, beneficiado pelo aumento da
quantidade exportada de cobre que refletiu o aumento
da capacidade de produção, esperamos que no
próximo ano a melhora seja explicada pelos preços
mais elevados dos metais. Com isso, projetamos que
o déficit em conta corrente caia de 3,8% para 3,0% do
PIB em 2017.
Além disso, o governo planeja realizar
investimentos em infraestrutura. O programa de
governo do presidente Kuczynski prevê um
crescimento nos investimentos em infraestrutura e
ampliação dos gastos com saúde e educação. O
governo também está tentando atrair investidores
estrangeiros para os projetos de infraestrutura.
O déficit fiscal deve crescer. O aumento das
despesas públicas, a redução nos impostos sobre o
consumo e mudanças no regime tributário das
empresas devem contribuir para uma ampliação do
déficit fiscal. Por outro lado, o aumento dos preços dos
metais deve impulsionar as receitas tributárias. Vale
mencionar que a situação das contas públicas já
piorou ao longo dos últimos anos com o déficit primário
atingindo 1,3% do PIB. No entanto, o nível
relativamente baixo da dívida pública (cerca de 26,0%
do PIB) permite algum estímulo fiscal adicional.
• Esperamos ligeira aceleração do crescimento do PIB em 2017 impulsionada pelo aumento dos
preços do cobre.
• A inflação deve permanecer próxima ao teto da meta, levando o Banco Central a manter as
taxas de juros no nível atual.
• O cenário político, no entanto, será desafiador.
Peru
0.4 0.10.8 0.6
1.11.6
3.9
5.2
4.1
-0.3
1.2
3.0 3.0
1.7
0.7
-1.3 -1.3
0
20
40
60
-4
-2
0
2
4
6
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
e
Resultado Primário e Dívida Pública (% do PIB)
Resultado Primário
Dívida Pública (direita)
Fonte: FMI
O déficit fiscal deve crescer, mas não
é preocupação de curto prazo devido
a baixa dívida em relação ao PIB
O crescimento deve acelerar
gradualmente com a ampliação
dos investimentos
6.3
7.5
8.59.1
1.0
8.5
6.56.0 5.8
2.4
3.33.8 4.0
4.3
0
2
4
6
8
10
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* 2017* 2018*
Crescimento do PIB (%)
Fonte: CEIC (*) projeções Bradesco
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14
A inflação deve cair em 2017, mas
o Banco Central deve manter as
taxas de juros inalteradas
A inflação deve ceder ao longo de 2017. A inflação
deve continuar em uma trajetória de desaceleração e
esperamos que atinja 2,8% no final do ano, ante 3,0%
em 2016, com a ajuda do crescimento abaixo do
potencial. Esperamos que o câmbio tenha uma ligeira
depreciação para PEN/US$ 3,55 no final de 2017.
O Banco Central deve manter os juros no nível
atual. Além da queda da inflação corrente, as
expectativas também estão cedendo e, de acordo com
a última pesquisa do Banco Central, a mediana da
projeção dos analistas é de 2,7% em 2017 e 2,5% em
2018. Apesar do cenário mais favorável, a inflação
deverá permanecer em torno do teto da meta (3,0%).
Com isso, acreditamos que o Banco Central manterá
as taxas de juros no nível atual ao longo de 2017. Um
risco para esse cenário é a possível elevação mais
rápida dos juros americanos que leve a uma
depreciação cambial mais intensa e,
consequentemente, a maiores pressões inflacionárias,
o que poderia levar o Banco Central a apertar a
política monetária.
O cenário político será desafiador. O governo tem
pequena minoria no Congresso, enquanto o partido de
oposição tem maioria absoluta. Em 2016, no entanto,
o Congresso deu ao presidente o poder de legislar por
decreto em alguns temas para implantar suas
propostas de campanha. Já em 2017, o governo terá
que negociar com a oposição para conseguir legislar.
-0.1%
6.7%
0.2%
4.7%
2.3%
4.6%
3.3%
-1%
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
May
-06
No
v-06
May
-07
No
v-07
May
-08
No
v-08
May
-09
No
v-09
May
-10
No
v-10
May
-11
No
v-11
May
-12
No
v-12
May
-13
No
v-13
May
-14
No
v-14
May
-15
No
v-15
May
-16
No
v-16
Inflação (% yoy)
Fonte: CEIC
meta de inflação
Fuerza Popular56.2%
Frente Amplio15.4%
Peruanos Por el Kambio13.8%
Alianza Para el Progreso6.9%
Acción Popular3.8%
APRA (Partido Aprista Peruano)3.8%
Congress Composition
O Presidente Kuczynski tem
minoria no Congresso
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15
Equipe Técnica
Fernando Honorato Barbosa – Economista Chefe
Economistas: Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancso / Daniela Cunha de
Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto Oller Scripilliti / Fabiana D’Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão /
Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva /
Thomas Henrique Schreurs Pires
Estagiários: Alexandre Stiubiener Himmestein / Bruno Sanchez Honório / Christian Frederico M. Moraes / Fabio Rafael Otheguy
Fernandes / Felipe Alves Fêo Emery de Carvalho / Mariana Silva de Freitas / Rafael Martins Murrer
O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suaspublicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionaisplenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento,avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequênciasou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo oBRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitaçãodeste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização doBanco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO).
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