Difusão dos Organismos de Políticas para Mulheres nos governosmunicipais: análise dos determinantes da política (1998-2014)
Maria Luiza Walter CostaOrientador: Prof. Dr. Denilson Bandeira Coêlho
Resumo
Com base na criação de Organismos de Políticas para as Mulheres (OPM) em 695 municípios brasileiros, entre 1998 e2014, o presente estudo visa explicar quais variáveis tiveram maior influência nas decisões dos prefeitos de adotar oOPM. Para tal, foi utilizada a Teoria de Difusão de Políticas, analisando tanto determinantes internos quanto externos.As variáveis testadas foram: nível de violência doméstica; sexo e partido do prefeito; competição política; influência dacapital e do governo do estado; e o papel indutor da Secretaria de Políticas para as Mulheres vinculada a Presidência daRepública (SPM-PR). Os determinantes externos foram considerados a partir da análise da influência regional eestadual nas adoções. As conclusões são que a SPM-PR teve forte papel indutor nas adoções da política, o partido doprefeito mostrou-se influente na adoção da política para três dos cinco períodos analisados, a influência da capital foimaior do que a do governo estadual nos demais municípios do estado, houve atores chaves responsáveis por uma maiortaxa de adoção em certos estados e a maior parte das adoções não ocorreu em ano eleitoral.
Palavras-chave: Difusão de políticas; Políticas de gênero; Organismos de Políticas para Mulheres; Determinantesinternos; Determinantes externos.
Introdução
A partir dos anos 2000, dados mostram avanços na busca pela igualdade de gênero no Brasil,
como a maior participação das mulheres na população economicamente ativa (IPEA, 2010), a queda
da taxa de desemprego entre as mulheres, seu maior acesso a políticas como previdência social e
educação e, também, o aumento da frequência de crianças nas escolas de zero a três anos,
implicando em uma maior autonomia para que elas possam trabalhar fora (FÓRUM NACIONAL
DE ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, 2014).
Além disso, a aprovação da Lei Maria da Penha em 2006 qualificou crimes contra as mulheres em
legislação específica. A partir dessa lei, foi possível elaborar estatísticas mais precisas para
combater a violência e a desigualdade de gênero.
Porém, ainda existem inúmeros desafios nessa temática, como os altos índices de violência
doméstica e sexual, a baixa representatividade das mulheres no Parlamento e a discrepância entre
salários de homens e mulheres, que em 2011 ainda ganhavam 30% a menos que os homens
(FÓRUM NACIONAL DE ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS DE POLÍTICAS PARA AS
MULHERES, 2014).
Com base nesse contexto inserem-se os Organismos de Políticas para as Mulheres (OPM)
que, a partir de 2003, com a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres vinculada a
Presidência da República (SPM-PR), foram difundidos pelo país. Os OPM são instituições
responsáveis pela elaboração, coordenação, articulação e execução de políticas de gênero nos
municípios e estados brasileiros. Tais instituições são assim denominadas de maneira ampla porque
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podem variar de nomenclatura e estrutura. Até o final de 2014, 695 municípios e 25 unidades
federativas adotaram OPM em seus territórios.
Nesse sentido, o presente estudo fará uso da Teoria de Difusão que, desde seu início, na
década de 1960, até seu desenvolvimento e contribuições mais recentes, tem sido útil para ajudar a
reconhecer os motivos da disseminação de certas políticas em determinados territórios no tempo. A
literatura de difusão vem sendo desenvolvida, sobretudo, pela Ciência Política norte-americana. Nos
Estados Unidos, os principais temas tratados são a adoção de loterias nos estados americanos
(WALKER, 1969; BERRY; BERRY, 1990), políticas anti-fumo (SHIPAN; VOLDEN, 2006),
inovações de taxas e impostos (BERRY; BERRY, 1992), seguridade social (COLLIER; MESSICK,
1975), políticas educacionais (MINTROM, 1997) e reformas administrativas (PETERS, 1997). Já
no Brasil, a academia vem estudando as Transferências Condicionadas de Renda (COÊLHO, 2012),
reformas sociais (SUGIYAMA, 2008), difusão do Orçamento Participativo (WAMPLER, 2008;
SPADA, 2009; OLIVEIRA, 2013), dentre outros temas.
A temática de gênero não é abordada nas pesquisas que utilizam a Teoria de Difusão tanto em
âmbito internacional quanto no contexto brasileiro. Ademais, são poucos os estudos desenvolvidos
sobre políticas de gênero em nível nacional que focam na influência que certas variáveis políticas,
sociais e institucionais têm sob o comportamento do executivo. Logo, este artigo intenta
compreender o processo de difusão dos OPM no Brasil considerando os vários fatores que podem
interferir na decisão dos prefeitos. Focando no âmbito municipal, as variáveis pensadas para
entender a decisão do executivo municipal de adotar a política foram o índice de violência
doméstica, o partido do prefeito que decidiu sobre sua implementação e seu sexo, a influência da
capital e do governo de estado na adoção, o grau de competição política e o papel indutor da SPM-
PR. É válido ressaltar que a influência regional e estadual nas adoções será também considerada.
Literatura de Difusão de Políticas
Uma das teorias que busca estudar a decisão política e a difusão de políticas e inovações é a
teoria de Difusão de Políticas. Em trabalho de Graham, Shipan e Volden, é evidenciado que nos
cinquenta anos recentes houve cerca de 800 artigos que trataram da disseminação de políticas
públicas em diferentes territórios, revelando a grande importância que a abordagem possui hoje
(GRAHAM; SHIPAN; VOLDEN, 2008).
Ainda em 1969, Walker publica trabalho sobre a difusão de inovações nos estados
americanos, estudo considerado como um dos pioneiros na literatura de Difusão de Políticas. A
pergunta que norteia o estudo do autor é por que iniciar determinada política ao invés de outra.
Nesse sentido, Walker considera que a velocidade na qual os estados adotam certas políticas
determina a difusão de inovações (WALKER, 1969). Cabe ressaltar que, já em 1969, o autor alerta
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para o fato de que a inovação deve ser vista como um novo programa ou política em uma dada
localidade, e não necessariamente a primeira vez em que ela foi considerada no tempo.
Anos mais tarde, Strang escreve que a difusão é caracterizada pelo fato da adoção de uma
prática em uma população alterar a probabilidade de adoção daqueles que ainda não a
implementaram (STRANG, 1991). Tal definição é considerada como uma das principais por
teóricos que trabalham na área. O autor estuda como a literatura de difusão ajudou a entender o
processo de descolonização de colônias inglesas e francesas no século XX, incluindo tanto variáveis
relativas a características internas dos países quanto externas em sua análise (STRANG, 1991).
Ainda na década de 90, Everett Rogers elabora mais um dos conceitos clássicos de difusão:
“difusão é o processo pelo qual uma inovação é comunicada através de certos canais no tempo entre
membros de um sistema social” (ROGERS, 1995, tradução nossa). A partir de exemplos como a
descoberta de como prevenir o Escorbuto em navios, Rogers indica que, por mais óbvias as
vantagens de determinada inovação, nem sempre elas são amplamente implementadas. A grande
contribuição do autor é a curva S-Shaped, que mede a velocidade da adoção de uma inovação. No
início, poucas unidades adotam uma política (os inovadores), em seguida, passa-se aos primeiros
adotantes, a primeira maioria dos adotantes e, finalmente, a última maioria dos adotantes, que é o
momento onde a curva começa a decair. Na “ponta” da curva, encontram-se os “atrasados”, aqueles
que adotaram a inovação muito tempo depois dos primeiros.
Em 2005, Elkins e Simons divulgam trabalho onde sugerem uma nova definição para a
difusão: um processo caracterizado por interdependência não coordenada (ELKINS; SIMMONS,
2005, tradução nossa). O termo interdependência é utilizado para designar a influência que decisões
já tomadas em determinadas jurisdições têm em outras unidades. Já a não coordenação diz respeito
à inexistência de uma agência ou outro ator capaz de induzir as tomadas de decisões de outros
governos.
Um dos grandes debates na literatura de difusão diz respeito aos determinantes internos e
externos. Segundo Berry e Berry, os determinantes internos são características políticas,
econômicas e sociais, internas a uma dada jurisdição, capazes de influenciar seus governantes a
aderirem à determinada política. Por muitos anos, houve uma oposição entre esse tipo de explicação
e as explicações que focavam em determinantes externos, e mais especificamente na influência
regional, para a adoção de uma prática (ainda que nos primórdios da literatura de difusão, Walker
tenha considerado ambos os fatores). Os autores, então, propõe a união dos dois mecanismos para
analisar a implementação de loterias nos estados norte-americanos (BERRY; BERRY, 1990). Para
eles, não é possível explicar o comportamento dos agentes somente por uma das duas possibilidades
acima descritas isoladamente.
No presente trabalho, para mensurar a influência dos determinantes internos na difusão dos
OPM nos municípios, foram formuladas as Hipóteses 1, 3 e 4, que se baseiam nas seguintes
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variáveis: níveis de violência doméstica no estado em que se encontra o município; partido do
prefeito que adotou OPM e margem de vitória do prefeito eleito. Todas representam aspectos
internos relevantes para entender a decisão do prefeito de aderir aos OPM.
Na abordagem dos determinantes internos, os atributos próprios do decisor público
(presidente, governador, prefeito, secretário e outros) não são consideradas pela literatura de
Difusão de Políticas. Nesse sentido e visando contribuir com a teoria, a Hipótese 2, relativa a
influência do sexo do prefeito na adoção dos OPM, foi elaborada no intuito de testar se o
comportamento político pode ser alterado em virtude de características específicas dos atores.
Já no que diz respeito aos determinantes externos, a partir de estatísticas descritivas, será
analisada a quantidade de municípios adotantes por estado e por região para verificar se a influência
regional e estadual parece existir.
A teoria de Difusão de Políticas é útil para ser aplicada, sobretudo, para analisar a
disseminação de uma política entre países e, também, em Estados de estruturação federalista. O
federalismo implica na autonomia dos entes de governo, fazendo com que eles possam decidir sobre
a implementação de determinada política pública ou legislação, respeitando o caráter
infraconstitucional que entes abaixo do nível federal possuem. Conforme afirma Füglister, a
descentralização dos Estados encoraja mais a difusão e surgimento de inovações (FÜGLISTER,
2012).
O Brasil é um caso particular em muitos aspectos, sendo que o mais relevante é a equiparação
de autonomia dos municípios com os estados e a própria União. A partir de 1988, os municípios
passaram a ter arrecadação própria e aparatos para desenvolvimento de legislação e gestão pública
autônomas. Diferentemente de países como os Estados Unidos e França, o Estado brasileiro tem
5570 possíveis formações de agenda locais.
A academia vem trabalhando o caso brasileiro por meio do estudo das Transferências
Condicionadas de Renda (COÊLHO, 2012), reformas sociais (SUGIYAMA, 2008; FARIA, 2003),
difusão do Orçamento Participativo (WAMPLER, 2008; OLIVEIRA, 2013), análise do Programa
Saúde da Família a fim de entender os mecanismos de difusão de política sociais no Brasil
(COÊLHO; CAVALCANTE; TURGEON, 2015), dentre outros temas.
Políticas de gênero no Brasil
Em, 2003, primeiro mandato do governo Lula, foi criada a Secretaria de Políticas para as
Mulheres vinculada a Presidência da República – SPM-PR. A SPM foi desvinculada ao Ministério
da Justiça, passando a constituir uma nova pasta. Hoje, a Secretaria tem a seguinte estrutura:
Secretaria de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres (SAE); Secretaria de
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Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (SEV) e Secretaria de Articulação Institucional e
Ações Temáticas (SAIAT) (BRASIL, 2013).
De maneira geral, as políticas de gênero são conduzidas conforme os seguintes instrumentos:
por meio da realização das Conferências Nacionais, que dão origem aos Planos Nacionais de
Políticas para as Mulheres (PNPM) e de seus respectivos Comitês de Monitoramento; da instalação
de instituições federais, estaduais e municipais, todos sob a rubrica de Organismos de Políticas para
as Mulheres, a fim de elaborar, coordenar e executar as políticas de gênero no país e cumprir o
disposto nos PNPM e, por fim, políticas públicas específicas e focalizadas para reduzir a
desigualdade de gênero.
Cabe ressaltar que a criação de instituições próprias para reduzir as desigualdades de gênero
implica em estruturas administrativas capazes de receber recursos e melhor conduzir políticas
voltadas para a área (FRASER, 2003 apud FÓRUM NACIONAL DE ORGANISMOS
GOVERNAMENTAIS DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, 2014).
Ocorreram Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres em 2004, em 2007 e em
2011, sendo que após cada um desses três eventos mencionados houve a criação de Planos
Nacionais (2005, 2008 e 2012), com vistas a elaborar diretrizes e eixos de ação para diminuir a
desigualdade de gênero no Brasil.
O 1º PNPM foi elaborado em dezembro de 2004 e sua vigência foi estimada para os anos de
2005 a 2007. Os resultados da I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (julho de 2004)
foram os principais norteadores da construção do documento, bem como as proposições dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (2000) , a Conferência de Beijing (1995) e as
Convenções de Belém do Pará (1994) e do Comitê CEDAW/ONU (1982).
Já no primeiro plano, é enfatizada a necessidade de estados e municípios criarem instituições
de defesa dos direitos das mulheres (I PNPM, 2005). Além de representantes do nível federal,
estiveram presentes na I CNPM que deu origem ao Plano funcionários estaduais e municipais.
Ainda nesse sentido, antecederam a Conferência plenárias municipais e estaduais e Conferências
Estaduais.
Enquanto o primeiro PNPM (2005) tinha como principais objetivos a educação inclusiva e
não sexista; a saúde das mulheres; os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres; o enfrentamento
à violência e a gestão de monitoramento da execução de ações para perseguir tais objetivos, o
segundo PNPM (2008) passou a incluir, também, temas como o acesso das mulheres aos espaços de
poder e decisão; combate ao racismo, sexismo e lesbofobia e a promoção de cultura não
estereotipada sobre o papel das mulheres na sociedade (BRASIL, 2014). Segundo a SPM, as
políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero devem ser transversais, isto é, ser interligadas
nos três níveis federativos (estados, municípios e união) e também entre ministérios, secretarias e
demais órgãos responsáveis, pressupondo uma atuação horizontal e não hierárquica.
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Nesse sentido, os Organismos de Política para as Mulheres “têm a função de fomentar e
coordenar a elaboração de políticas públicas e acompanhar a sua implantação nos respectivos locais
onde funcionam e, ainda ser um polo responsável pela efetividade e defesa dos interesses das
mulheres nos níveis estadual/local” (FÓRUM NACIONAL DE ORGANISMOS
GOVERNAMENTAIS DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, 2014, p. 16). Cabe ressaltar que
a SPM estabeleceu a meta de criação de 1000 OPMs até 2015, oficializada por sua inserção no
Plano Plurianual 2012-2015.
Análise dos dados
Até 2014, 695 municípios adotaram a política, porém, no banco de dados fornecido pela
SPM-PR (2014) e utilizado na presente pesquisa, os anos de criação dos OPM só estavam
disponíveis para 454 destes, o que corresponde a aproximadamente 65% dos casos de adoção. Com
exceção dos determinantes externos, que dizem respeito à influência regional e estadual no processo
de difusão, as demais hipóteses elaboradas e seus respectivos testes serão relativos a estes 454 casos
e não se referirão aos outros 241 municípios em que não se sabe o ano de criação do OPM. Afinal, o
ano de criação da política é imprescindível para determinar o partido e o sexo do prefeito que
adotou a política, a margem de vitória da eleição em que tal prefeito foi eleito e a influência da
capital e do governo do estado na adoção de OPM pelos demais municípios do estado.
A Hipótese 1 é de que um maior nível de violência doméstica verificado nas unidades
federativas influencia na decisão do município de adotar a política. Já a Hipótese 2 é que o fato de
haver uma prefeita gerindo o município em determinado período será também determinante para
que haja OPM. A Hipótese 3 é que certo partido ou partidos são importantes para que os prefeitos
resolvam aderir à política. A Hipótese 4 é que uma maior competição política enfrentada pelo
prefeito influencia a adoção do OPM. As Hipótese 5 e 6 são relativas a influência da capital e do
governo do estado nos municípios de cada UF, isto é, após a adoção da política por essas duas
unidades, os demais municípios do estado terão mais tendência a aderir aos OPM. Por fim, a
Hipótese 7 é de que a Secretaria de Políticas para as Mulheres federal induziu fortemente o
processo de adoção da política.
Distribuição geográfica dos OPM
No artigo, os determinantes externos foram analisados por meio da distribuição estadual e
regional dos OPM no Brasil. A intenção é verificar qual das duas influências geográficas teve mais
relevância no processo.
Tendo em vista que as primeiras adoções de Organismos de Políticas para as Mulheres
municipais foram em 1998, e as últimas consideradas foram em 2014, até agora houve 14 anos de
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implementação da política. Porém, é possível notar muito claramente, que a partir de 2003, com a
criação da SPM-PR, o número de adoções cresceu consideravelmente.
Dos 720 OPM implementados no Brasil, 695 foram em nível municipal e 25 em nível
estadual1. Dos 25 OPM estaduais, 12 são secretarias, sete são coordenadorias, duas subsecretarias,
uma diretoria, um núcleo, uma gerência, uma superintendência (FÓRUM NACIONAL DE
ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, 2014). Vale
ressaltar que Paraná e Roraima, até 2014, não possuíam OPM estadual2. Ademais, o OPM do
Distrito Federal foi considerado estadual, e não municipal.
A diferença na nomenclatura indica autonomia para que os estados estruturem a instituição
criada. Isso acontece na mesma medida com os municípios.
A distribuição dos OPM por região pode ser verificada na Figura1.
Figura 1. Gráfico da distribuição regional dos OPM no Brasil de 1998 a 2014
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2014.
Destes, cerca de 50% encontram-se na região Nordeste. Porém, quando desagregados os
dados por UF, verifica-se que certos estados predominam na incidência de OPM por região. Na
região Centro-Oeste observa-se que Mato Grosso (8%) tem uma parcela de OPM muito menor em
relação a Mato Grosso do Sul e Goiás, que possuem, respectivamente, 50% e 42% dos OPM da
região Centro-Oeste. Ademais, 43% dos OPM da região Nordeste se localiza em Pernambuco,
desconstruindo a ideia de que o Nordeste aderiu à política unitariamente. Em relação à região Norte,
percebe-se uma adoção mais uniforme – com exceção dos estados de Rondônia e Roraima, que
representam, juntos, 4% dos OPM adotados na região. Já na região Sudeste, o estado de São Paulo
possui 47% das adoções, enquanto Rio de Janeiro e Minas Gerais correspondem a 33% e 17%,
respectivamente. Espírito Santo, por outro lado, representou somente 3% dos OPM criados na
região. Por fim, é possível observar que o Rio Grande do Sul obteve 84% das adoções da região,
revelando seu protagonismo na região Sul.
É importante, também, que se estabeleça a porcentagem de municípios com OPM por
Unidade Federativa, com base no número de municípios que cada uma possui. Fazendo esse
controle, nota-se que o Acre (AC) apresenta 100% de adoções, o Amapá (AP) 94% e Pernambuco
(PE) 85%, conforme a Tabela 1. Com exceção desses três estados, todos os demais tiveram taxa de
adoção menor que 50%. Segundo a SAIAT, SPM-PR, o maior número de OPM nesses locais se
deu, principalmente, ao perfil das secretárias ou coordenadoras dos OPM estaduais3. O fato de
serem do movimento feminista e o pleno entendimento de seu papel dentro da estrutura política
1 Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Políticas para as Mulheres vinculada à Presidência da República por correio eletrônico.
2 No ano de 2015, Roraima criou OPM estadual. 3FONTES, Ângela. Informações sobre OPM. Brasília: SPM-PR, 2015. (Comunicação oral).
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foram determinantes para que esses estados, com o apoio de seus governadores, tivessem uma taxa
de adoção superior a 80%.
Tabela 1. Taxa de adesão de OPM por Unidade Federativa (UF) de 1998 a 2014
UFNúmero de municípios
com OPMNúmero de
municípios por UFPorcentagem de municípios
com OPM por UFAC 22 22 100%AL 21 102 21%AM 11 62 18%AP 15 16 94%BA 39 417 9%CE 9 184 5%ES 3 78 4%GO 20 246 8%MA 62 217 29%MG 15 853 2%MS 24 79 30%MT 3 141 2%PA 15 144 10%PB 33 223 15%PE 157 185 85%PI 3 224 1%PR 14 399 4%RJ 28 92 30%RN 7 167 4%RO 2 52 4%RR 1 15 7%RS 109 497 22%SC 7 295 2%SE 30 75 40%SP 40 645 6%TO 5 139 4%
Total 695 5570 13%Fontes: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014; IBGE. Cidades, 2014. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?lang=&coduf=17&search=tocantins. Acesso em 4 de fev. de 2015.
Teste da Hipótese 1: um maior nível de violência doméstica verificado nas unidades
federativas influenciou na decisão do município de adotar a política.
A primeira hipótese da pesquisa era de que a variável “nível de violência contra a mulher”
poderia ajudar a explicar o motivo da maior incidência dos Organismos de Políticas para as
Mulheres em alguns municípios ou estados. Essa variável, além de difícil operacionalização, não é
precisa. A imprecisão se dá por que existem inúmeros casos onde a violência ocorre, mas não é
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comunicada e denunciada às autoridades competentes. Ainda, grande parte das mulheres demora a
relatar os abusos sofridos. Além disso, carecem estatísticas sobre essa variável, apesar de alguns
evidentes esforços.
Apesar dos empecilhos citados, o presente trabalho utilizou três taxas que ajudam a estimar
a violência nos estados brasileiros: taxa de registros de atendimento no Ligue 180; taxa de estupros
e, por fim, taxa de homicídios de mulheres, todas as três taxas medidas por 100 mil mulheres.
Em balanço semestral de janeiro a junho de 2013 divulgado pela SPM-PR sobre a Central de
Atendimento à Mulher (Ligue 180), foram elaboradas estatísticas sobre os atendimentos realizados.
O ranking de registros segue na Tabela 2. Como é possível observar, o Distrito Federal, o Pará e o
Rio de Janeiro foram às unidades da federação que mais tiveram registros no período em questão.
Tabela 2. Balanço Ligue 180 jan. a jun. 2013 - Ligações a cada 100 mil mulheres
UF1º Semestre 2013
UF1º Semestre 2013
Posição Taxa Posição TaxaDF 1º 673,53 RO 15º 261,18PA 2º 458,4 MG 16º 257,03RJ 3º 431,5 SP 17º 244,89AL 4º 425,18 MT 18º 244,77ES 5º 418,73 PR 19º 234,66BA 6º 418,38 AC 20º 229,91AP 7º 398,49 RN 21º 218,78SE 8º 393,23 TO 22º 215,42MS 9º 380,1 PB 23º 210,78MA 10º 342,75 RR 24º 171,71GO 11º 297,27 SC 25º 153,91PI 12º 283,23 CE 26º 140,85PE 13º 275,44 AM 27º 82,5RS 14º 263,91
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Balanço Semestral, 2013.Disponível em: http://www.spm.gov.br/sobre/publicacoes/publicacoes/2013/balanco-ligue-180-janeiro-a-junho-
2013. Acesso em 4 de fev. de 2015.
Segundo o documento elaborado pela SPM-PR, “as taxas dos atendimentos refletem a
disseminação da informação nos estados” (BRASIL, 2013, p.11). Uma maior taxa de registros não
indica necessariamente maior índice de violência no estado, mas o fato de que as vítimas têm maior
instrução sobre como proceder em casos de violência ou maior divulgação da política. No entanto,
inicialmente acreditava-se que tal taxa pudesse estar relacionada com a presença de OPM por
estado, já que os organismos poderiam funcionar como indutores da utilização da Central de
Atendimento à Mulher. Além de haver evidências de que os OPM pouco contribuem para a
utilização da Central de Atendimento, os estados que mais possuem OPM em relação ao seu
número de municípios, Acre com 100%, Amapá com 94% e Pernambuco com 85%, estão,
respectivamente, em 20ª, 7ª e 13ª posição no ranking.
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No que diz respeito à distribuição das ocorrências registradas pelas Polícias Civis relativas a
estupro em 2005, apresentada na Tabela 3, de fato, o Acre e Amapá foram o 4º e 2º lugar no número
de estupros proporcionalmente a população em todo o Brasil. Porém, Pernambuco foi o estado com
taxa mais baixa.
Tabela 3. Distribuição de ocorrências registradas pelas Polícias Civis relativas aestupro, segundo número e taxas por 100 mil mulheres, em 2005
Brasil, Regiões e UF 2005Taxa por 100 mil
mulheres Posição em relação a todas as UFRegião Norte 23,24
RO 30,03 5ºAC 32,20 4ºAM 20,77 10ºRR 42,40 1ºPA 19,12 12ºAP 36,81 2ºTO 27,08 7º
Região Nordeste 10,93MA 11,44 18ºPI 8,89 22ºCE 10,52 21ºRN 11,74 17ºPB 6,27 25ºPE 4,94 26ºAL 7,32 24ºSE 11,27 19ºBA 16,91 15º
Região Sudeste 16,02MG 10,77 20ºES 8,14 23ºRJ 16,61 16ºSP 18,93 13º
Região Sul 23,60PR ... ...SC 20,27 11ºRS 25,38 8º
Região Centro-Oeste 24,65MS 32,96 3ºMT 18,80 14ºGO 22,89 9ºDF 27,53 6º
Brasil 16,48
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Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Estupro. In: ___. Análise das OcorrênciasRegistradas pelas Polícias Civis (Janeiro de 2004 a Dezembro de 2005, 2007. Disponível em:
http://www.compromissoeatitude.org.br/analise-das-ocorrencias-registradas-pelas-policias-civis-sinespjc-jan2004-a-dez2005/.Acesso em: 6 jun. 2015
Por fim, ao analisar a tabela 4 percebe-se que, em relação aos feminicídios por estado em
2010, Acre (16º), Amapá (14º) e Pernambuco (10º), não figuram entre os estados mais violentos.
Tabela 4. Número e taxas de homicídio feminino (em 100 mil mulheres) por UFem 2012
UF Nº Taxa Posição UF Nº Taxa PosiçãoES 175 9,8 1º RO 37 4,8 15ºAL 134 8,3 2º AP 16 4,8 16ºPR 338 6,4 3º RN 71 4,4 17ºPA 230 6,1 4º SE 45 4,2 18ºMS 75 6,1 5º RS 227 4,1 19ºBA 433 6,1 6º MG 405 4,1 20ºPB 117 6 7º RJ 339 4,1 21ºDF 78 5,8 8º CE 174 4 22ºGO 172 5,7 9º AM 66 3,8 23ºPE 251 5,5 10º MA 117 3,5 24ºMT 80 5,4 11º SC 111 3,5 25ºTO 34 5 12º SP 671 3,2 26ºRR 11 5 13º PI 40 2,5 27ºAC 18 4,9 14º Brasil 4465 4,6
Fonte: WAISELFISZ, Julio J. Mapa da violência 2012: atualização: homicídio de mulheres no Brasil. Disponível em:http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/MapaViolencia2012_atual_mulheres.pdf. Acesso em: 10 abr. 2015.
Conclui-se, portanto, que a variável “nível de violência” não representou um padrão que
pudesse explicar a decisão dos prefeitos de adotar OPM em seus municípios.
Testes das Hipóteses 2 e 3: o fato de haver uma prefeita gerindo o município em determinado
período será também determinante para que haja OPM; certo partido ou partidos são
importantes para que os prefeitos resolvam aderir à política.
As Hipótese 2 e 3 foram desenvolvidas com base em testes de significância para proporções.
A ideia era entender se um número maior de adoções de OPM por um determinado partido se deu
pelo fato de que ele já possui um maior número de prefeituras no Brasil, ou ao fato de que a legenda
induziu o processo de adoção deliberadamente. O mesmo vale para o sexo do prefeito: o número de
prefeitas que adotou a política foi simplesmente uma representação do que ocorre no cenário
nacional ou o sexo pode indicar um maior potencial adoção? O primeiro passo para iniciar tal teste
é saber se nos 454 municípios que adotaram o OPM e em que o ano de criação está disponível qual
era o sexo e o partido do prefeito no ano de adoção da política.
I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015
Uma vez contabilizadas essas informações e a fim de testar a Hipótese 2, analisou-se se a
proporção do número de prefeitas que adotaram a política, frente ao total de adoções da política, foi
diferente da proporção de prefeitas no Brasil inteiro, em relação ao número total de prefeituras no
país.
Já para a Hipótese 3, verificou-se se a proporção do número de prefeituras dos quatro partidos
que mais adotaram OPM – respectivamente PT, PSB, PMDB e PSDB - frente ao número total de
adoções, foi diferente da proporção das prefeituras que esses partidos possuíam nacionalmente.
Vale ressaltar que os testes foram feitos, para cada um desses quatro partidos, em cada um dos
mandatos municipais acima citados. Esse procedimento servirá para verificar se a ideologia
importou no processo de difusão da política analisada. A ideia é analisar se o espectro ideológico
em que se localiza cada partido influenciou em sua maior criação de OPM.
Em relação à Hipótese 2, como é possível observar na Tabela 5, dos 454 municípios com o
ano de criação dos OPM disponíveis, apenas 52 (11,5%) eram comandados por prefeitas mulheres
no ano de implementação da política.
Tabela 5. Sexo dos prefeitos que adotaram OPMSexo Frequência Porcentagem
Homens 402 88,5Mulheres 52 11,5
Total 454 100Fontes: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014; BRASIL. Tribunal
Superior Eleitoral. Eleições anteriores. Disponível em: www.tse.jus.br. Acesso em: dd mar. 2015.
No intuito de descrever se o sexo do prefeito iria influenciar na probabilidade de adoção dos
OPM, foram feitos testes de diferença entre duas proporções para os cinco períodos de legislatura
que vigoraram desde a primeira adoção em 1998. Os períodos compreendem 1997 a 2000, 2001 a
2004, 2005 a 2008, 2009 a 2012 e 2013 e 2014. As proporções comparadas foram o número de
prefeitas em cada período na esfera nacional e o número de prefeitas que adotaram OPM nos cinco
referidos conjuntos de anos.
De 1997 a 2000, 302 prefeituras brasileiras eram geridas por mulheres (5%), sendo que
nenhuma delas adotou OPM. Já em relação ao mandato municipal que se iniciou em 2001 e
terminou em 2004, das 317 prefeituras com prefeitas mulheres (6%), apenas uma criou OPM em
seu município, representando 7% do número total de municípios que criaram OPM no período. Em
seguida, de 2005 a 2008, das 407 prefeituras geridas por mulheres (7%), 13 adotaram OPM,
representando aproximadamente 10% das adoções de OPM no período. Já de 2009 a 2012, o
número de prefeituras com prefeitas mulheres passou a ser 506 (9%), enquanto 27 destas adotaram
OPM, o que diz respeito a 12% das adoções dos OPM. Por fim, em 2013 e 2014, 657 mulheres
ganharam as eleições municipais para a prefeitura (12%) e 11 destas criaram OPM em suas
localidades, o que significa aproximadamente 13% da implementação. A partir dos testes entreI Seminário Internacional de Ciência Política
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duas proporções, conclui-se que não houve diferença significativa entre as duas proporções em
nenhum dos períodos analisados.
Peosseguindo-se ao teste da Hipótese 3, conforme indica a Tabela 6, os prefeitos que mais
adotaram OPM nos municípios brasileiros eram do PT (19%), do PSB (17%), do PMDB (13%) e do
PSDB (9%). No total, 19 partidos aderiram à política no país. Com vistas a entender se o fato de
PT, PSB, PMDB e PSDB terem adotado mais OPM indica maior propensão desses partidos a
adesão da política ou se isso significa um mero reflexo da realidade, outro teste de diferença entre
duas proporções foi realizado. Para cada um desses quatro partidos, nos cinco períodos analisados
(1997 a 2000, 2001 a 2004, 2005 a 2008, 2009 a 2012 e 2013 e 2014), comparou-se se a
porcentagem de incidência do partido nacionalmente era equivalente à porcentagem de suas
prefeituras com OPM.
Tabela 6. Partido dos prefeitos que adotaram o OPM nos municípios
Partido dos prefeitos queadotaram o OPM
Número demunicípios por
partido
Porcentagem de incidência dopartido nacionalmente entre
municípios com OPMPT 84 19%
PSB 75 17%PMDB 58 13%PSDB 43 9%PDT 33 7%PTB 32 7%
DEM 23 5%PR 23 5%PP 20 4%
PFL 9 2%PPS 9 2%PSD 9 2%
PCdoB 8 2%PV 8 2%
PRB 6 1%PL 4 1%
PSC 4 1%PTdoB 4 1%PMN 2 0%Total: 454 100%
Fontes: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014; BRASIL. TribunalSuperior Eleitoral. Eleições anteriores. Disponível em: www.tse.jus.br. Acesso em: dd mar. 2015.
O resultado foi que, de 1997 a 2000, a proporção de prefeituras do PT e do PSB com OPM
foi maior que a proporção de prefeituras do PT e do PSB nacionalmente. PMDB e PSDB não
tiveram diferenças significativas entre as duas proporções.
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Em relação aos períodos que compreendem 2001 a 2004 e 2005 a 2008, o resultado foi que a
proporção de prefeituras do PT com OPM foi maior que a proporção de prefeituras do PT
nacionalmente. PSB, PMDB e PSDB não tiveram diferenças significativas entre as duas
proporções.
Já de 2009 a 2012, a configuração se modifica. Enquanto PT e PSDB não obtiveram
diferenças significativas entre as duas proporções, a proporção de prefeituras do PSB com OPM foi
maior que a proporção de prefeituras do PSB nacionalmente. Isso se deu a criação de OPM em 110
municípios pernambucanos, muitos deles governados pelo PSB. O PMDB, no entanto, teve a
proporção com OPM menor que a proporção de suas prefeituras nacionalmente.
Em 2013 e 2014, mais uma vez, a proporção de prefeituras do PSB com OPM foi maior que
a proporção de suas prefeituras em todo o Brasil. Enquanto isso, a proporção de prefeituras do
PSDB com OPM foi menor que a proporção de prefeituras do PSDB nacionalmente. Os demais
partidos não obtiveram diferença significativa entre proporções.
As conclusões são que dos cinco períodos analisados, em três deles, o fato do prefeito ser do
PT influenciou a adoção de OPM. O mesmo ocorreu para prefeitos do PSB, que em três dos cinco
períodos citados tiveram sua proporção de municípios com OPM maior que a proporção de
prefeituras do partido nacionalmente. Nesse sentido, a variável partidária importou quando
observadas essas duas legendas. No entanto, o fato de existir muitos municípios com OPM geridos
por prefeitos do PMDB e PSDB foi resultado das muitas prefeituras que esses dois partidos tinham
nacionalmente.
Tendo em vista que o fato do prefeito ser do PT ou PSB importou na adoção de três dos
cinco períodos analisados, é possível concluir que a ideologia representou fator importante para
explicar a difusão da política. Isso por que os dois partidos se consideram “de esquerda”.
Teste da Hipótese 4: uma maior competição política enfrentada pelo prefeito que adotou
OPM foi determinante para sua escolha de adesão à política.
Segundo a literatura de Difusão de Políticas, quanto mais competitiva a eleição para um
cargo, mais o eleito irá inovar politicamente. Um dos mecanismos para medir a competição do
pleito é pela margem de vitória (porcentagem de votos do vencedor menos a porcentagem de votos
do primeiro perdedor). Porém, o ideal seria comparar municípios com OPM e municípios que não
adotaram a política, a fim de verificar se a margem de vitória de fato importou. Infelizmente, a
ausência de dados dos não adotantes limita a análise. No entanto, conforme a Tabela 7 pode-se
verificar que 23 dos 26 estados em questão tiveram a média da margem de vitória de seus
municípios com OPM menor do que 30%, o que evidencia que a competição política importa para a
difusão.
Tabela 7. Competição política no estado medida por margem de vitória
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EstadoMédia margem de
vitória Estado Média margem de vitória AP 6,58 RJ 17,33MT 7 TO 18,25SC 9 CE 19,14RO 11,5 PB 20,52AC 11,53 SP 22,03RR 12 AM 22,66PR 12,5 MS 23,31RS 13,05 PI 23,5PA 13,42 AL 25,66MA 15,48 MG 28,75BA 15,82 RN 31,5SE 16,33 ES 38,33PE 16,79 GO 52,4
Fontes: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014; BRASIL. TribunalSuperior Eleitoral. Eleições anteriores. Disponível em: www.tse.jus.br. Acesso em: dd mar. 2015.
Outra variável que mede competição política é a criação da política em anos eleitorais,
afinal, o prefeito pode buscar inovações no intuito de angariar mais votos para sua reeleição ou
eleição de outro candidato de seu partido. Segundo a Tabelas 8, somente 16% dos municípios que
adotaram OPM estavam em ano eleitoral, considerando as eleições municipais.
Tabela 8. Competição política medida por adoções em ano de eleição municipal
Municípios que adotaram OPM em anode eleição municipal
Municípios que não adotaram OPM emano de eleição municipal
73 (16%) 381 (84%)Fontes: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014; BRASIL. Tribunal
Superior Eleitoral. Eleições anteriores. Disponível em: www.tse.jus.br. Acesso em: dd mar. 2015.
Testes das Hipóteses 5 e 6: após a adoção da política pelas capitais dos estados, os demais
municípios do estado tiveram maior tendência a aderir aos OPM; após a adoção da
política pelo governo estadual, os demais municípios do estado tiveram maior tendência a
aderir aos OPM.
Segundo a tipologia sugerida por Shipan e Volden, há, sobretudo, quatro mecanismos
envolvidos no processo de Difusão de Políticas: aprendizado; imitação ou emulação; competição
entre cidades próximas; e coerção pelo governo do Estado (SHIPAN; VOLDEN, 2008).
No mecanismo de emulação, mais do que as consequências da política e a possibilidade de
sua adaptação na jurisdição que irá copiá-la, o que mais importa é seu simbolismo. Em geral, a
política em si é preterida em comparação ao ator. É muito comum cidades menores emularem
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políticas de cidades maiores, pelo desejo de se assemelharem às capitais e locais mais
desenvolvidos.
As Hipótese 5 e 6 desse artigo são relativas a influência da capital e do governo do estado nos
municípios de cada UF, isto é, após a adoção da política por essas duas unidades, os demais
municípios do estado terão mais tendência a aderir aos OPM. As hipóteses foram elaboradas
pensando justamente no mecanismo de emulação. Os demais municípios do estado aderiram aos
OPM por conta da adoção prévia da capital e do governo do estado, sugerindo emulação?
A fim de analisar a Hipótese 5, uma análise em relação às capitais dos estados com OPM
pode ser feita a partir de uma série temporal, conforme indica a Tabela 9. Em relação às capitais dos
estados, com exceção de Brasília, pelo fato de que neste trabalho seu OPM foi considerado em nível
estadual, e Cuiabá, por não ter adotado OPM, é possível observar que todas as capitais adotaram
OPM.
Para medir sua influência perante a adoção dos demais municípios de seu estado, verificou-
se se as capitais foram pioneiras na adoção de OPM. Em 40% dos casos (10 estados) a ideia se
revelou correta. O 2º ano de adoção no estado representa 28% das situações. Os demais casos, do
terceiro ano em diante, representam 32% das observações. A conclusão é de que parece ter havido
influência da capital em 40% dos estados, considerando sua adoção no primeiro ano em relação à
primeira vez em que a política foi implementada na UF.
Tabela 9. Ano de criação de OPM nas capitais brasileiras
Estado CapitalAno de criação
do OPM Estado CapitalAno de criação
do OPMMG Belo Horizonte 1998 RR Boa Vista 2009BA Salvador 2004 RS Porto Alegre 2010MS Campo Grande 2005 PA Belém 2010RO Porto Velho 2005 AL Maceió 2011AP Macapá 2005 GO Goiânia 2011AC Rio Branco 2005 PI Teresina 2011PB João Pessoa 2005 RN Natal 2011TO Palmas 2005 SE Aracaju 2011AM Manaus 2006 RJ Rio de Janeiro 2012ES Vitória 2006 PE Recife 2013MA São Luís 2006 PR Curitiba 2013CE Fortaleza 2007 SP São Paulo 2013SC Florianópolis 2008
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014.
A fim de testar a Hipótese 6, ou seja, se a adesão do OPM pelo governo estadual influenciou
os demais municípios do estado a adotarem a política, mais uma vez conforme a perspectiva da
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literatura de Difusão de Políticas, onde municípios menores tendem a emular as inovações de
unidades maiores e mais influentes, observou-se se os OPM estaduais foram os pioneiros na adoção
em seus territórios. Apenas 25% dos governos estaduais adotaram OPM antes dos demais
municípios de seu estado. Em contrapartida, 38% dos casos foram no segundo ano de adoção. Nesse
sentido, a influência do governo estadual teve menos importância que as capitais na decisão dos
prefeitos de criar OPM.
A partir da Tabela 10 observa-se que a maior parte dos OPM estaduais foi criada nos anos
de 2011 e 2007. Antes da criação da SPM-PR, em 2003, somente Mato Grosso do Sul possuía uma
instituição que gerisse políticas de gênero.
Tabela 10. Ano de criação de OPM nos governos estaduaisUF Data de criação UF Data de criaçãoMS 1999 MT 2010AL 2004 AC 2011AP 2005 BA 2011MA 2006 DF 2011SC 2006 ES 2011GO 2007 MG 2011PA 2007 RS 2011PE 2007 TO 2011RJ 2007 SP 2012RN 2007 AM 2013SE 2007 PI 2013CE 2009 RO 2014PB 2009
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014.
Teste da Hipótese 7: a Secretaria de Políticas para as Mulheres federal induziu fortemente o
processo de adoção da política.
Documentos elaborados pela SPM-PR e os Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres
foram analisados para testar a Hipótese 7, que sugere o forte papel indutor da SPM-PR na
disseminação dos OPM nos municípios brasileiros. Ainda, foram utilizados dados referentes a uma
entrevista com funcionária da Secretaria de Articulação Institucional e Ações Temáticas (SAIAT)
da SPM-PR, divisão responsável por coordenar a criação dos OPM em nível municipal e estadual.
A entrevista serviu para tentar entender o papel da SPM-PR na indução do processo de adoção dos
OPM e o motivo de alguns estados, proporcionalmente a seu número de municípios, terem uma taxa
de adoção muito maior que os outros.
De acordo com a Tabela 11, somente sete municípios possuíam OPM anteriormente a criação
da SPM-PR, em 2003, representando menos de 2% dos casos. A partir de 2005, o número de casos
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aumentou consideravelmente, sendo que em 2009 houve um “pico” de criações de OPM. Entre
2010 e 2012 o número de adoções decresceu, mas em 2013 ocorreu um novo “pico”.
Tabela 11. Data de criação dos OPM municipaisAno Frequência Porcentagem1998 2 0,41999 1 0,22000 0 02001 0 02002 4 0,92003 3 0,72004 7 1,52005 38 8,42006 17 3,72007 30 6,62008 42 9,32009 119 26,22010 34 7,52011 47 10,42012 24 5,32013 64 14,12014 22 4,8Total 454 100
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014.
A partir de 2003, é possível verificar um crescimento acentuado de adoções de Organismos
de Políticas para as Mulheres nos municípios brasileiros. Segundo informações da SAIAT/SPM-PR,
essa influência começou em 2004, com a nomeação de Nilcéa Freire como Secretária da SPM-PR e
a consequente realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e em seguida a
divulgação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Além disso, a desvinculação com o
Ministério da Justiça resultou em recursos e orçamento próprios a SPM-PR. Com a Figura 2, no
formato da curva S-Shaped introduzida por Rogers (1995), é possível observar as adoções da
política no tempo cumulativamente.
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Figura 2. Curva S-Shaped, que mede a velocidade da adoção dos OPM no tempo de 1998 a
2014
Fonte: BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. 2014.
Por meio de propostas, os municípios se candidatam a partir do SICONV, sistema de
convênios do governo federal, e podem se conveniar com a SPM-PR, recebendo inclusive recursos
da Secretaria por transferências voluntárias. Por se tratar de convênio, é exigido do convenente
contrapartida financeira. Vale ressaltar que os municípios que possuem OPM têm prioridade nessas
transferências, o que constitui um benefício seletivo e corrobora a hipótese de que a SPM induziu
fortemente o processo da adoção da política. A SPM-PR pode auxiliar financeiramente o município
na capacitação dos funcionários do OPM e na compra de equipamentos, por exemplo. No entanto, o
custeio da equipe é exclusivamente da prefeitura.
Conclusão
Tendo em vista que o objetivo do estudo era explicar quais variáveis mais influenciaram na
decisão dos prefeitos de adotar Organismos de Políticas para as Mulheres no Brasil, instituições que
podem ser estruturadas de forma variada devido à autonomia municipal no federalismo brasileiro,
foram analisados determinantes internos e externos e outros fatores intrínsecos ao fenômeno em
questão.
No que diz respeito aos determinantes externos, verificou-se que a influência estadual foi maior
que a influência regional. Isso por que não houve uma uniformidade nas adoções dos estados em
cada região. Pernambuco, por exemplo, com 43% das adoções da Região Nordeste, não foi capaz de
influenciar os demais estados nordestinos a aderir à política em massa, sugerindo que a difusão não
perpassou a fronteira do estado. Cabe ressaltar que apenas três estados tiveram taxa de adoção
superior a 50%: Acre (AC) com 100%; Amapá (AP) com 94% e Pernambuco (PE) com 85%.
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O perfil das secretárias estaduais de políticas para as mulheres foi fator determinante para
explicar o sucesso na taxa de criação de OPM nesses estados. Com o apoio do governo estadual,
essas profissionais divulgaram a política em seus estados e ajudaram a implementá-la. Isso ocorreu
por conta do entendimento que essas secretárias estaduais tinham do movimento das mulheres.
Nesse sentido, alguns atores foram centrais no processo de disseminação da política no país.
Já em relação aos determinantes internos, foram testados os índices de violência doméstica,
competição política e partido e sexo do prefeito nas adoções de OPM nos municípios brasileiros a
fim de verificar se estes estavam relacionados com as adoções da política. Os resultados foram que
as variáveis para medir violência doméstica por estado testadas não estão correlacionadas com o
número de OPM criados em cada Unidade Federativa. Além disso, a competição política
considerando a margem de vitória do prefeito eleito, devido aos limites dos dados na pesquisa, não
pôde ser testada com precisão. Porém, tendo em vista que a média da margem de vitória dos
municípios com OPM por estado foi inferior a 30% em 23 destes, há evidências de que a
competição política importa para a difusão de OPM. Ainda no que tange a competição política
interna ao município, 84% dos municípios não adotaram a política em ano de eleição municipal.
O determinante interno municipal que mais ajudou a entender o processo de difusão da política
no Brasil, que se inicia em 1998 e a partir de 2003 conta com 98% dos casos de adoção, foi a
variável partidária utilizada para medir ideologia. Em três dos cinco períodos analisados (1997 a
2000, 2001 a 2004, 2005 a 2008, 2009 a 2012 e 2013 e 2014), PT e PSB foram os partidos que mais
adotaram OPM frente à sua proporção de prefeituras no Brasil. O fato dos dois partidos se
considerarem de esquerda contribui para o argumento de que a ideologia importa no processo de
difusão de uma política.
Outra hipótese de pesquisa era que o fato de haver uma prefeita gerindo o município iria
aumentar a probabilidade de adoção dos OPM. Tal ideia contribuiria teoricamente para a literatura
de Difusão de Políticas, já que os autores clássicos da área não apontam os atributos próprios do
decisor público como importante fator da teoria dos determinantes internos. Entretanto, para os
cinco períodos em análise, o sexo do prefeito não foi determinante para a criação de instituições de
políticas de gênero. Porém, sugere-se que a ideia seja testada em outras políticas públicas no Brasil.
Verifica-se, ademais, que houve influência da capital nas criações de OPM nos demais
municípios do estado em 40% dos casos. Em contrapartida, a influência do governo estadual foi
menor, sendo verificada em 25% das unidades adotantes.
No que diz respeito à hipótese de que a Secretaria de Políticas para as Mulheres federal induziu
fortemente o processo de adoção da política, as conclusões foram de que esse processo de fato
ocorreu. As transferências voluntárias repassadas aos municípios por meio de convênios
constituíram benefício seletivo importante para que estes aderissem à política. Afinal, municípios
com OPM têm seus projetos priorizados na formalização de convênios com a SPM-PR. Além disso,
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a realização de conferências e encontros nacionais, organizados pela SPM-PR, ajudou na
divulgação dos OPM no contexto nacional. Outro indício para confirmar a hipótese é o número de
adoções posteriores a 2003, ano de criação da Secretaria.
Verifica-se, também, que houve um “pico” de adoções em 2009 e 2013. Tal fato constitui
relevante agenda de pesquisa futura. Uma hipótese para entender o porquê desse boom de criações
de OPM é que, nesses anos, o orçamento repassado a SPM-PR foi maior.
A principal contribuição do estudo foi tentar compreender o processo de difusão dos
Organismos de Políticas para as Mulheres nos municípios brasileiros considerando os vários fatores
que podem interferir na decisão dos prefeitos de adotar a política, com vistas a preencher a lacuna
deixada pelos estudos com viés normativo da área de pesquisas sobre gênero. Tal vertente
desconsidera a influência de determinantes externos e internos e os custos de uma política pública,
ao centralizar o debate apenas no valor potencial das políticas, ainda que elas sejam de extrema
relevância no contexto brasileiro.
Referências bibliográficas
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