DIREITO DE FAMÍLIADIREITO DE FAMÍLIA
1313
DIREITO CIVILDIREITO CIVIL
Sílvio de Salvo Venosa
Sílvio de Salvo Venosa
13. ADOÇÃO
V. VI 22
13.1. Conceito:
– a adoção é modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural, resultante de uma manifestação
de vontade ou de sentença judicial;
13. ADOÇÃO
V. VI 33
– a adoção é uma filiação exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma relação não biológica, mas afetiva;
– o ato de adoção faz com que uma pessoa passe a gozar do estado de filho de outra pessoa, independentemente do vínculo biológico.
13. ADOÇÃO
V. VI 44
13.2. Lineamentos históricos:
– o instituto era utilizado na Antiguidade como forma de perpetuar o culto doméstico;
– a Bíblia nos dá notícia de adoções pelos hebreus;
– na Grécia o instituto era conhecido como forma de manutenção do culto familiar pela linha masculina;
– em Roma, a adoção difundiu-se e ganhou contornos precisos;
13. ADOÇÃO
V. VI 55
– na Idade Média, com a preponderância do Direito Canônico, a adoção cai em desuso;
– o Código de Napoleão admite a adoção de forma tímida, nos moldes da adoção romana minus plena;
– com maior ou menor amplitude a adoção é conhecida por quase todas as legislações modernas, acentuando-se o sentimento humanitário e o bem-estar do menor como preocupações atuais dominantes.
13. ADOÇÃO
V. VI 66
13.3. Natureza jurídica:
– a adoção no Código Civil anterior realçava a natureza
negocial do instituto, como contrato de Direito de Família, tendo em vista a singela solenidade da escritura
pública que a lei exigia;
13. ADOÇÃO
V. VI 77
– a adoção, sob o prisma do ECA, tem a participação necessária e ativa do Estado, exigindo-se uma sentença judicial tal qual a atual lei civil;
– pela inafastável intervenção do Estado, é ato jurídico com marcante interesse público que elimina a noção contratual.
13. ADOÇÃO
V. VI 88
13.4. Adoção no Código Civil de 1916. Requisitos. Efeitos. Adoção do nascituro:
– adoção por escritura pública sem a interferência do
magistrado;
– os laços nessa adoção eram tênues, porque o adotado
não se desprendia totalmente de sua família originária;
13. ADOÇÃO
V. VI 99
– a lei civil anterior previa a adoção do nascituro, no antigo art. 372, a qual parte da doutrina entendia revogada em razão da nova ordem constitucional;
– as exigências do ECA atinentes à adoção de menores, que somente se perfazem por decisão judicial, visam a maior controle quanto a adoção por estrangeiros e sobre o tráfico internacional de crianças.
13. ADOÇÃO
V. VI 1010
13.4.1. Extinção da adoção civil no Código de 1916:
– a extinção bilateral ocorria por escritura pública, em
consonância ao conceito de revogabilidade;
13. ADOÇÃO
V. VI 1111
– dissolução do vínculo da adoção nos casos em que fosse admitida a deserdação;
– o atual art. 1.744 descreve, em número fechado, as hipóteses de deserdação, que podem ser utilizadas para a dissolução do vínculo da adoção.
13. ADOÇÃO
V. VI 1212
13.5. Adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente. Evolução legislativa:
– a adoção de menores no ECA é uma só, gerando todos os efeitos da adoção plena;
– a posição do estatuto menorista é em consonância com a tendência universal de proteção à criança, como corolário dos princípios constitucionais;
13. ADOÇÃO
V. VI 1313
– o estatuto considera a criança e o adolescente sujeitos de direito, deixando delineado o espectro de seus direitos subjetivos;
– o art. 1.629 do Código remete a adoção do estrangeiro para a legislação especial;
– a adoção regulada pelo ECA afasta-se da adoção de maiores, que se constituía por escritura pública.
13. ADOÇÃO
V. VI 1414
13.6. Guarda:
– a guarda dos filhos menores é atributo do poder familiar (art. 1.634, II);
– a guarda disciplinada pelo ECA é instituto destinado à
proteção dos menores de idade (arts. 33 a 35);
13. ADOÇÃO
V. VI 1515
– modalidade mais simples de colocação do menor em família substituta, visto que não suprime o poder familiar dos pais biológicos;
– a guarda é estágio de colocação em família substituta, que pode anteceder os institutos da tutela e da adoção;
– na guarda pelo estatuto procedem-se a exigências processuais e conjunturais, como o compromisso que prestará o guardião (art. 32).
13. ADOÇÃO
V. VI 1616
13.7. Adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente. Requisitos:
– a destituição do poder familiar deve anteceder a adoção;
– todos os esforços devem ocorrer no sentido de encontrar os
pais biológicos do menor;
– sempre que possível os pais devem consentir na adoção;
13. ADOÇÃO
V. VI 1717
– a adoção requer a presença do interessado perante o juiz, não podendo ocorrer por procuração;
– o cônjuge ou companheiro pode adotar o filho do consorte (art. 1.626, parágrafo único);
– a idade de 18 anos é requisito objetivo para o adotante;
– a proibição do estatuto à adoção pelos ascendentes e irmãos do adotado;
13. ADOÇÃO
V. VI 1818
– não há qualquer restrição quanto ao estado civil do adotante;
– a lei exige que o adotante seja pelo menos 16 anos mais velho que o adotado;
– a adoção post mortem (art. 1.628);
– a necessária participação do Ministério Público na adoção;
– a proibição temporária para o adotante tutor ou curador.
13. ADOÇÃO
V. VI 1919
13.7.1. Estágio de convivência:
– a finalidade de adaptar a convivência do adotando ao novo lar;
– este estágio poderá ser dispensado se o adotando tiver idade
inferior a um ano;
– ao deferir o estágio de convivência o juiz estará deferindo a guarda
do menor ao interessado na adoção.
13. ADOÇÃO
V. VI 2020
13.7.2. Adoção internacional:
– o envio de crianças brasileiras para o exterior somente é
permitido quando houver autorização judicial;
– o estágio de convivência não pode ser dispensado, o que dificulta a adoção por estrangeiro com domicílio fora do país;
– a atual lei civil determina que a adoção internacional se submeta à lei especial;
13. ADOÇÃO
V. VI 2121
– a disposição do ECA é que a adoção seja deferida preferencialmente a brasileiro, indicando a adoção por estrangeiro como exceção (art. 31);
– o pretendente estrangeiro que reside no exterior deve comprovar a habilitação para adotar segundo as leis de seu país (art. 51);
– a adoção condicional poderá ser condicionada a estudo prévio e análise de uma comissão estadual judiciária (art. 52);
13. ADOÇÃO
V. VI 2222
– a adoção é objeto de regras internacionais, das quais o Brasil é signatário (Convenção sobre Cooperação Internacional e Proteção de Crianças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional – Haia/93);
– essa convenção foi ratificada no Brasil pelo Decreto Legislativo no 3.087/99.
13. ADOÇÃO
V. VI 2323
13.7.3. Sentença e registro:
– a sentença que concede a adoção tem cunho constitutivo, e
uma vez prolatada opera-se simultaneamente a extinção do
poder familiar;
– a sentença deverá ser inscrita no Cartório de Registro por
mandado.
13. ADOÇÃO
V. VI 2424
13.7.4. Efeitos da adoção:
– adoção é irrevogável;
– rompe os vínculos biológicos anteriores do adotado;
– adotante assume o poder familiar sobre o adotado com todos
os deveres respectivos;
– a decisão que decreta a adoção confere ao adotado o
sobrenome do adotante;
13. ADOÇÃO
V. VI 2525
– abre-se a exceção da imutabilidade do prenome;
– a lei ressalva os impedimentos matrimoniais ao adotado;
– o adotado passa a ser herdeiro do adotante sem qualquer discriminação;
– a adoção, como qualquer outro negócio jurídico, está sujeita a nulidades ou anulabilidades.
13. ADOÇÃO
V. VI 2626
13.7.5. Cadastro de crianças e adolescentes para adoção:
– o cadastro deve ser sério e criterioso, mas o fato do pretendente à adoção não ser cadastrado não constitui óbice para seu pedido.
13. ADOÇÃO
V. VI 2727
13.8. Adoção: o Estatuto da Criança e do Adolescente e o atual Código Civil:
– os lineamentos gerais sobre a adoção trazidos pelo atual Código e a aplicação de toda a base de direito material trazida pelo ECA à adoção de menores;
– o ECA pode ser aplicado analogicamente à adoção de maiores.
13. ADOÇÃO
V. VI 2828
13.9. Adoção e o Projeto no 6.960, de 2002:
– no art. 1.618, este projeto acrescenta a proibição da adoção pelos ascendentes e irmãos do adotado;
– ao art. 1.623, acrescenta modificação quanto à determinação de que a autoridade judiciária mantenha registro de menores;
13. ADOÇÃO
V. VI 2929
– o projeto trata da adoção dos maiores, cuja disciplina foi lacunosa pela atual lei;
– no art. 1.626 o projeto enfatiza que a morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais.