Jornal do Inpa
Manaus, Junho 2011 - Ano III - Ed.14 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuitawww.inpa.gov.br
Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011
Por um mundo melhor
Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia
Filhote de gavião-
Real nasce na
Reserva Ducke
“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia”
Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas
Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos
Brincando com ciência: Ampa lança jogo educativo
A Associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente
Boa leitura
Pág. 02
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Pág. 03 Pág. 06
Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças
Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças
Pág. 07
Foto: André Silva
Livro Harpia
A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais
Foto: Flavio RibeiroFoto: Tabajara Moreno
Pág. 05Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)
Página 02 - Junho 2011
Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) - Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Fernanda Farias Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: - Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 14 - Junho 2011 - ISSN 2175-0866.Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.
Fernanda Farias
+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] www.twitter.com/ascom_inpa
www.facebook.com/inpamct
Expediente Fale com a redação
Ministério daCiência e Tecnologia e Inovação
Tome Ciência
A equipe do Programa de Conserva-
ção do Gavião-Real do Instituto Nacio-
nal de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI) conseguiu fotografar o
filhote no ninho de gavião-real na
Reserva Florestal Adolpho Ducke, em
Manaus.
Este é o segundo ninho conhe-
cido na área, o primeiro está localizado
do outro lado da Reserva Ducke. Em
2003 houve apenas um registro de
filhote.
Para conseguir fazer as primei-
ras imagens deste novo herdeiro das
florestas da Ducke, foram necessários
dias e dias de observação das ativida-
des no ninho. Olivier Jaudoin, escala-
dor especialista em dossel de florestas
tropicais, fotografou o filhote a 35
metros do chão
Uma das finalistas do Prêmio
Cláudia, que promove e reconhece as
conquistas de mulheres que fazem a
diferença no país, é a pesquisadora do
Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) Lúcia Yuyama,
que irá concorrer na categoria ciências.
A cada ano, desde de 1996, O
Prêmio Cláudia, promovido pela
Revista CLÁUDIA, apresenta 15
finalistas divididas em cinco categori-
as: ciências, negócios, trabalho social,
políticas públicas e cultura. As cinco
vencedoras levam para casa uma
estatueta que simboliza o poder
realizador de cada uma. “ É uma dádiva
ser uma das três finalistas, por todo
esse reconhecimento dos frutos
amazônicos, já é um prêmio pra mim”,
disse Yuyama.
Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia
A Associação Amigos do Peixe-boi
(Ampa), que atua em convênio com o
Laboratório de Mamíferos Aquáticos
(LMA) do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI),
fechou parceria com o Boi Garantido
em prol do boto-vermelho (Inia
geoffrensis), também conhecido como
boto-cor-de-rosa, protagonista de um
mito popular.
A Equipe Amiga do Peixe-boi, que
recebe incentivos da Petrobras,
trabalha para a conservação dos cinco
mamíferos aquáticos da Amazônia,
esteve este ano na Ilha Tupinambara-
na. Durante esta edição da Festa
Folclórica de Parintins, no Amazonas, o
Boi Garantido abordou o mito do boto-
vermelho, vítima da cobiça humana.
Por um mundo melhor Filhote de Gavião-Real
nasce na Reserva Ducke
Boa leitura| Harpia
Foto: Anselmo D’ Affônseca Eduardo GomesFoto: Eduardo Gomes
A ideia do livro é mostrar que a harpia apesar da aparência tão imponente está muito vulnerável, exposta ao desmatamento das florestas que compromete seu habitat. As belas imagens do livro ajudam a estimular o desejo de preservar o ambiente dessas aves.
João Marcos foi além da diversidade dos registros de comportamento animal, como este livro tão bem atesta. Teve que literalmente tirar os pés do chão, aprendeu a escalar para chegar aos ninhos, tendo que superar seus próprios medos.
Em fevereiro de 2006, um ensaio sobre as harpias publicado em National Brasil foi o primeiro registro, na imprensa, do precioso trabalho realizado por João Marcos Rosa com a maior ave de rapina das Américas, que culmina agora na publicação deste livro pioneiro.
Em parceria com o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a empresa Vale monitorou durante oito meses dois ninhos de harpia encontrados na Floresta Nacional de Carajás, trabalho que resultou na publicação deste livro, com informações e fotos inéditas sobre uma espécie tão importante para a biodiversidade brasileira.
de 01 de janeiro de 2002 a 31 de
dezembro de 2009 as maiores taxas de
internações hospitalares por doenças
respiratórias, aconteceram no período
chuvoso da região de Manaus, princi-
palmente entre março e maio, e não no
período seco, onde as queimadas são
mais abundantes.
As causas mais frequentes
de internações das crianças por
doenças respiratórias foram: Pneumo-
nia Viral, Influenza e Asma. Observou
também que 61% das internações
registradas nesse período eram do
sexo masculino.
Como não há em Manaus, estações
de monitoramento para medir a quanti-
dade de material particulado, o estudo
utilizou o sensor MODIS, para estimar
os níveis dessas partículas. Foram
usados também dados meteorológi-
cos, de temperatura, umidade e preci-
pitação do mesmo período.
Junho - Página 03Saúde - Divulga Ciência
Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças
Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças
|Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência
O material particulado é um elemen-
to químico que é exalado durante as
emissões de queimadas, como diver-
sos outros compostos que são emiti-
dos, como monóxido de carbono e
dióxido de nitrogênio e
outros.
O estudo realizado pelo
aluno do Programa de Pós-
Graduação em Clima e Ambi-
ente (Cliamb) do Instituto
Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) e da
Universidade do Estado do
Amazonas (UEA), Valdir Soa-
res, investigou a associação
da exposição das partículas
emitidas em queimadas e as interna-
ções hospitalares em crianças, com até
nove anos de idade, por doenças respi-
ratórias em Manaus, no período de
2002 a 2009. O trabalho foi orientado
pelo Dr. Paulo Artaxo da Universidade
de São Paulo (USP).
A análise foi feita a partir de interna-
ções de crianças com até nove anos,
porque segundo a Organização Mundi-
al de Saúde (OMS), às crianças são
mais vulneráveis às doenças respirató-
rias e aos efeitos da poluição atmosféri-
ca.
O estudo observou que no período
Focos de queimadas e frota de veículos
Entre os 62 municípios do Amazonas,
Manaus foi o 26° com o maior número
de focos de queimadas, no período
entre 2002 a 2009. Os municípios de
Lábrea, Apuí e Manicoré, apresenta-
ram os maiores índices de focos de
queimadas, pois se localizam ao sul
de Manaus, onde o desmate e o
foco de queimadas são crescentes.
Todas as estimativas dos focos
de queimadas foram obtidas atra-
vés de satélites. Foi quantificado
também, como medida complemen-
tar para o estudo, o número de fro-
tas de veículos em Manaus, que no
período de 2001 a 2009, cresceu
119%.
Observou-se na pesquisa, que Mana-
us tem níveis de concentração de mate-
riais particulados menores, em relação
às outras áreas da Amazônia. Mesmo
assim, a média da qualidade do ar da
cidade está um pouco acima do padrão
recomendado pela OMS.
Constatou-se que as internações de
crianças por doenças respiratórias em
Manaus podem estar mais associadas
às condições meteorológicas e de umi-
dade da cidade, do que exposição à
fumaça das queimadas.
‘‘ ‘‘As causas mais frequentes de internações das crianças por doenças respiratórias foram: Pneumonia Viral,
Influenza e Asma.
Foto: Tabajara Moreno
Estudo investigou a associação da exposição
das partículas emitidas em queimadas e as
internações hospitalares em crianças
Página 04 - Julho 2011
Inovação como alternativa para Zona Franca de Manaus
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu no dia 2 de junho, o lançamento do Amazontech 2011. O evento é multidisciplinar e por meio do incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e à inovação, busca promover o crescimento econômico sus-tentável da Amazônia.
O evento é realizado desde 2001 pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parce-ria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras institui-ções atuantes na região como o Inpa. Já ocorreu em vários estados da Amazônia legal como Roraima e Mato Grosso.
Para o coordenador de extensão do Inpa, Carlos Bueno, o Amazontech é um evento focado em resultados de pesquisas e transformações desses resultados não só em tecnologia mais em inovação.
“Nós temos que ter uma estratégia dife-renciada de desenvolvimento, temos flo-restas que muita gente não tem, então temos a opção de fazer um desenvolvi-mento focado em florestas utilizando bio-diversidade ”, afirma Bueno.
Sendo realizado a cada dois anos o Amazontech oferece a oportunidade de todos os estados, universidades e institu-tos de pesquisas participarem mostrando o que tem de melhor na região.
Segundo o chefe de gabinete, Sérgio Guimarães, um evento que busca criar um ambiente de empreendedorismo e de geração de produtos inovadores no bioma amazônico coincidem com os nossos obje-tivos de gerar conhecimento e tecnologia para serem aplicados pela sociedade.
Amazontech Tocantins
Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). Para o superintendente do Sebrae Tocantins, Paulo Massuía, um evento como este é uma oportunidade para o estado de Tocantins mostrar suas potencialidades.
‘‘O tema tem a ver com a sustentabilida-de e isso não pode deixar de estar agrega-do ao desenvolvimento da região’’, lembra o diretor-técnico do Sebrae Amazonas, Mauricio Aucar Seffair.
Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011
Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). O evento acontece a cada dois anos em um estado da Amazônia Legal
|Jéssica VasconcelosDa equipe do Divulga Ciência
Pesquisadores, representantes
de institutos de pesquisas e empre-
sários começaram a debater como
aplicar o resultado das pesquisas no
meio produtivo das indústrias, prin-
cipalmente no caso da Zona Franca
de Manaus.
As discussões ocorreram no dia 9
de junho, durante o ll Workshop
InovAmazonas. O evento é uma
realização da Secretaria de Ciência
e Tecnologia do Amazonas
(SECT/AM) e conta com a participa-
ção do Instituto Nacional de Pesqui-
sas da Amazônia (Inpa/MCTI).
Para a chefe da Divisão de Propri-
edade Intelectual e Negócios do
Inpa, Rosângela Bentes, o evento
colabora para aproximar as empre-
sas das pesquisas. “Esse movimen-
to é importante, pois ajuda a diminu-
ir esse vale entre a pesquisa e o
setor produtivo. Vamos conversar
como resolver as pendências e ana-
lisar pontos de interação”, disse.
Inovação e Zona Franca
Para o Secretário de Ciência e
Tecnologia, Odenildo Sena, o even-
to coloca frente a frente pesquisado-
res e empresários. Ele afirma que a
inovação e pesquisa científica são os
caminhos para a manutenção perene
da Zona Franca de Manaus. “O mode-
lo precisa ser defendido, marcar posi-
ção política, mas é necessário criar
alternativas robustas ao Pólo Industri-
al de Manaus. Temos modelos em
pequena escala que se produzidos
em grande escala seriam uma alter-
nativa. É preciso estreitar os laços
entre pesquisa e setor produtivo”,
enfatizou Sena.
Ainda participaram do evento
representantes da Federação das
Indústrias do Amazonas (Fieam),
Serviço de Apoio às Micro e Peque-
nas Empresas do Amazonas (Se-
brae/AM) e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas
(Fapeam). De acordo com o diretor
técnico científico da Fapeam e pes-
quisador do Inpa, Jorge Porto, o Ino-
vAmazonas é uma ponte entre a aca-
demia e as empresas. “Ao falar de
inovação falamos de produtos e pro-
cessos, e muitas vezes essa ciência
não chega ao setor produtivo. Portan-
to, o evento é importante, pois serve
de vitrine para as Instituições.
Essa foi a tônica da abertura do InovAmazonas, evento que reúne pesquisadores e representantes das indústrias. O objetivo é debater como as patentes geradas pelas pesquisas podem se tornar processo e produtos na Amazônia
|Daniel JordanoDa equipe do Divulga Ciência
Pesquisa - Divulga Ciência
Os palestrantes discutiram os caminhos
para a manutenção perene da Zona
Franca de Manaus.
Julho- Página 05Pesquisa - Divulga Ciência
“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia”
A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele, as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais
A mansonelose é uma doença que
pode ser transmitida por dois parasi-
tas, a Mansonella ozzardi, que é origi-
nária das Américas, e Mansonella pers-
tans, originária do continente africano.
Os dois vermes podem ser
transmitidos por algumas espé-
cies de maruins e piuns, mosqui-
tos comuns na região.
Os dois vermes causam sinto-
mas semelhantes nas pessoas,
o que torna difícil para os profis-
sionais da saúde diagnostica-
rem a doença, no entanto depois
de um tempo na Amazônia já é
possível diferenciar a mansone-
lose da malária e de viroses
comuns.
O pesquisador Victor Py-Daniel do
Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCTI) desenvolve
pesquisas sobre as doenças e alerta
sobre o descaso sanitário e social quan-
to à prevenção e tratamento da doen-
ça.
No Amazonas, a mansonelose cau-
sada pela filaria Mansonella ozzardi,
ainda é extremamente comum, poden-
do ser encontrada na calha dos princi-
pais rios e seus afluentes, como o
Purus, Javari, Juruá, Jutaí, Negro e
Solimões. As maiores ocorrências da
mansonelose causada por M. perstans
são encontradas nas áreas de
fronteiras com a Colômbia e Vene-
zuela, no alto Rio Negro.
“Ambas apresentam uma sintomato-
logia semelhante, mas que também
pode incluir muitas outras enfermida-
des, ou seja, pelo simples exame dos
sintomas ainda fica um tanto difícil,
para um profissional de saúde, sem
muita experiência na Amazônia, diag-
nosticar a mansonelose”, explica o
pesquisador Py-Daniel.
|Da equipe do Divulga Ciência
Sintomas
De acordo com o pesquisador os prin-
cipais sintomas da Mansonelose são a
dor de cabeça, frieza nas pernas, infla-
mação dos gânglios e febres elevadas
podendo levar ao coma. A forma mais
rápida e segura para diferenciar a man-
sonelose da malária e das viroses
comuns, segundo o pesquisador, é o
exame de sangue feito em lâmi-
nas.
Descaso
O tratamento da doença foi
interrompido em todo Estado do
Amazonas, já que para os profis-
sionais da saúde, os medicamen-
tos não faziam efeito esperado e
davam reação alérgica. Foi diag-
nosticado que em alguns pacien-
tes existia uma dupla infecção, por isso
o medicamento só eliminava um dos
vermes, o que causava a interpretação
errada do medicamento não ser efeti-
vo. Para Py-Daniel, basta que o trata-
mento seja administrado com os cuida-
dos que se têm no tratamento da onco-
cercose que tudo está resolvido.
Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)
‘‘ ‘‘Pelo simples exame dos sintomas
ainda fica um tanto difícil, para um profissional de saúde,
sem muita experiência na Amazônia,
diagnosticar a mansonelose
No Amazonas, a mansonelose pode
ser encontrada na calha dos principais
rios e seus afluentes.
Página 06 - Junho 2011 Educação e Sociedade- Divulga Ciência
Em comemoração à Semana do
Meio Ambiente a Associação Amigos
do Peixe-Boi (Ampa), que atua em
parceria com o Laboratório de Mamí-
feros Aquáticos do Instituto Nacional
de Pesqu isas da Amazôn ia
(Inpa/MCTI), realizou diversas
atividades ambientais envol-
vendo crianças de várias esco-
las que estiveram visitando o
Instituto na quinta-feira, 2 de
junho.
Para Gália Mattos, educado-
ra ambiental da Ampa, a sema-
na mundial do meio ambiente
deveria ser comemorada e
lembrada todo dia. “Porque é
quando temos a oportunidade
de levar uma maior conscientização
da necessidade de preservação do
meio ambiente, porém isso deveria
ser feito todos os dias nas nossas
casas, no nosso dia a dia, pois não é
uma semana que vai resolver o pro-
blema do planeta”, enfatizou.
Segundo o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), o Dia Mundial do Meio
Ambiente (5 de junho) foi estabeleci-
do pela Assembléia Geral das Nações
Unidas em 1972 e marcou a abertura
da Conferência de Estocolmo sobre
Ambiente Humano. A data se tornou
um evento anual cujo objetivo é chamar
a atenção e realizar ações para aumen-
tar a conscientização e a preservação
ambiental.
Jogo ecológico
As atividades foram realizadas com
crianças de 4 a 10 anos e na ocasião foi
lançado o jogo de educação ambiental
“Caminhada Ecológica”, que visa
ensinar o que é ecologicamente certo e
errado no que diz respeito a atitudes do
dia a dia. Por exemplo, tem cartas de
punição onde o participante vai ler o
seguinte texto: “Você jogou a embala-
gem do picolé no chão! Volte 2 casas!
O jogo foi criado em parceria com o
artista plástico e também educador
ambiental Alexandre Huber. Além do
lançamento do jogo também fizeram
parte das atividades a área Ampa kids
(pinturas de rosto com temática
ambiental, pintura de desenhos etc).
As crianças entre 9 e 10 anos parti-
ciparam de um Circuito de Conheci-
mento sobre os Mamíferos Aquáticos
da Amazônia. Todas essas ativida-
des representam uma maneira lúdica
de informar a criança, ressalta Gália.
O objetivo deste dia foi proporcio-
nar às crianças um dia especial de
aprendizagem, conscientização
ambiental e diversão.
| Jéssica VasconcelosDa equipe do Divulga Ciência
Brincado com ciência: Ampa lança jogo educativo
A associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente
Foto: André Silva
‘‘‘‘ Isso deveria ser feito todos os dias
nas nossas casas, no nosso dia a dia,
pois não é uma semana que vai resolver o problema do
planeta
Chamar a atenção e realizar ações para
aumentar a conscientização e a preserva-
ção ambiental foi o objetivo do evento
Foto: André Silva
‘‘ ‘‘Pode chover menos do que o esperado no período de
dezembro a março na região amazônica, desta forma o
período da estação seca já se inicia comprometido
Junho - Página 07Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência
Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas
Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos
A pesquisa realizada pela aluna
Rosimeire Araújo do Programa de Pós-
Graduação em Clima e Ambiente (Cli-
amb), do Instituto Nacional de Pesqui-
sas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da
Universidade do Estado do Amazonas
(UEA), investigou através de análises
observacionais e simulações com
modelo climático, os impactos de
eventos anormais na temperatura
dos oceanos Pacífico e Atlântico
equatoriais, nos períodos de chu-
vas da Amazônia. A pesquisa foi
orientada pelo pesquisador Luiz
Candido, do Núcleo de Modela-
gem Climática Ambiental do Inpa e
pela pesquisadora Rita Valéria
Andreoli (Inpa-UEA).
Foi observado que em anos de even-
to do El Niño, que é o aquecimento do
oceano Pacífico, ocorre uma inibição
na formação de nuvens propensas a
chuvas na região amazônica, que
agem no transporte de umidade do
oceano Atlântico tropical. Qualquer
mudança nos sentidos dos ventos
sobre a bacia do atlântico tropical irá
aumentar ou diminuir o regime de chu-
vas da região.
A cada ano que o El Niño ocorre, ele
age de forma diferente na natureza,
podendo atuar sozinho ou em conjunto
com o oceano Atlântico. A combinação
entre o oceano Pacífico quente (El
Niño)e o Atlântico tropical (frio), é cha-
mada de gradiente interbacias, que
pode intensificar ou diminuir as
chuvas em períodos de El Niño.
“O período de intensificação do
evento de El Niño é em dezembro,
que coincide com o período chuvoso
em grande parte da Amazônia, porém
devido aos efeitos provocados pelos
oceanos na atmosfera tropical, pode
chover menos do que o esperado no
período de dezembro a março na
região amazônica, desta forma o perío-
do da estação seca já se inicia compro-
metido”, explica Rosimeire Araújo.
A pesquisa utilizou um modelo climá-
tico que simula a resposta da atmosfé-
rica e a precipitação mediante a tempe-
ratura dos oceanos, como as condi-
ções dos ventos, que mostrou ser mais
importante, pois são eles que transpor-
tam a umidade para a região. Os ven-
tos são gerados por diferenças nas
condições de aquecimentos entre
oceanos e continentes.
“Os resultados indicaram que anos
como este, chuvas acima da média,
são observadas na bacia amazônica
no período de dezembro a maio na
região do extremo norte da América do
Sul, como observado em Roraima no
inicio deste semestre, por exemplo”,
comenta Rosimeire Araújo.
Quando ocorre o fenômeno La
Niña, as águas do Oceano Pací-
fico esfriam e as do Oceano
Atlântico aquecem, assim o regi-
me de chuvas apresenta-se
acima da média climatológica
acarretando um regime de chuva
ainda mais intenso na região
amazônica.
| Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência
Foto: Flavio Ribeiro
Página 08 - Junho 2011
Pesquisa aponta os motivos da invasão de urubus na área urbana de ManausFacilidade de alimento e ilhas de calor atraem cada vez mais urubus para área urbana
Uma pesquisa realizada pelo estu-
dante Weber Galvão Novaes, douto-
rando em Ecologia, do Instituto Nacio-
nal de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCTI) revela por meio de um
monitoramento realizado em Mana-
us, como os urubus se comportam
nas áreas urbanas da cidade, como
essa espécie pode causar proble-
mas à saúde da população urbana e
ainda os perigos que essas aves
oferecem para a aviação.
Apesar de ser uma espécie muito
comum nas áreas urbanas, de boa
parte das cidades brasileiras, o
urubu ainda é pouco estudado na
área científica. A falta de conheci-
mento da espécie dificulta o entendi-
mento de sérios problemas ocasiona-
dos pelas aves. Um deles é a colisão
com aeronaves, que acaba causando
grandes prejuízos para as empresas,
além de por em risco a segurança da
tripulação e dos passageiros.
Os motivos para os urubus invadirem
o espaço urbano das cidades são inú-
meros, como a falta de saneamento
básico nas ruas, a falta de educação
ambiental para as pessoas, e o descaso
do poder público na coleta de resíduos.
Isso tudo acaba fortalecendo o acúmulo
de lixo nas áreas de pouso e decolagem
dos aviões, podendo assim, um urubu
colidir com partes importantes da
aeronave, como a turbina e o motor.
O pesquisador Weber lembra-se do
caso do avião da TAM que colidiu com
um urubu, alguns anos atrás. Além do
transtorno na transferência dos passagei-
ros, a companhia aérea, após a colisão
com a ave, ainda teve prejuízos com os
danos nas aeronaves. “As pessoas são
relocadas, ou vão para um hotel, isso
acaba diminuindo a credibilidade da
empresa, pois as pessoas ficam com
medo de viajar pela companhia, somando
Meio Ambiente - Divulga Ciência
|Fernanda FariasDa Equipe do Divulga Ciência
‘‘ ‘‘Áreas que tem formação de massas de ar quente,
os asfaltos dos aeroportos e as termelétricas, acabam atraindo
essas aves
tudo, o prejuízo é muito grande para
ambos os lados”, alerta Novaes.
Ar quente facilita voo dos urubus
Uma curiosidade da espécie é que
elas gastam pouca energia para voar.
Quando o sol incide no solo gera calor,
como calor sempre tende a subir e
o ar frio descer, os urubus utilizam
esse ar quente que está subindo
para poder ganhar altitude. Por
isso, alguns urubus se aglormeram
em termelétricas e aeroportos.
“O ar quente o empurra pra cima
e ele acaba gastando pouca ener-
gia para voar, eles ficam planando,
por isso áreas que têm formação
de massas de ar quente, acabam
atraindo essas aves”, explica Nova-
es.
Foto: Acervo Pesquisador
Foto: Acervo Pesquisador