Do berço ao túmulo. Consumo e Publicidade de Medicamentos no Brasil1
Paula Renata Camargo de Jesus2
Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Santa Cecília
Resumo
A história da publicidade de medicamentos no Brasil se mistura com a própria história da Publicidade brasileira,
uma vez que os primeiros anunciantes em potencial foram os medicamentos. Na verdade, a indústria
farmacêutica sempre foi um grande anunciante e acompanhou o surgimento dos meios de comunicação de massa
no país, utilizando-os para a divulgação dos primeiros medicamentos fabricados e comercializados no país. Foi
assim com o Xarope São João, Biotonico Fontoura, Bromil e Aspirina. Tais medicamentos ainda são vendidos
no Brasil. A Aspirina, além de ser mercadologicamente forte, mantém sua publicidade criativa e na mídia
brasileira. O presente trabalho tem como proposta verificar por meio de pesquisa em anúncios antigos, o quanto
as marcas proporcionam infinitas memórias, seja pelo consumo, pelo papel que a própria mídia faz e até mesmo
pela fidelização, processo que se configura pela relação entre marca e consumidor ao longo do tempo.
Palavras-chave: Publicidade de medicamentos; consumo; memória; história; marcas.
Introdução
Segundo Sontag (1984, p. 91), doença sempre foi usada como metáfora para reforçar a acusação de
que uma sociedade era injusta ou corrupta. “Nenhuma enfermidade tem sua lógica característica. As
imagens que se fazem da doença são usadas para exprimir preocupação com a ordem social, e a saúde
é algo de que presumivelmente todos têm conhecimento.”
O assunto saúde talvez seja o mais comentado, sobretudo por envolver dois aspectos relevantes
à condição humana: nascer e morrer.
Doença está relacionada, quase sempre, à dor. A dor talvez seja um dos maiores desafios da
medicina, talvez porque tal palavra ultrapasse o seu próprio significado. A dor é vista, muitas vezes,
como uma linguagem que o corpo usa para dizer à consciência que algo não está bem.
1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho COMUNICAÇÃO, CONSUMO, MEMÓRIA: cenas culturais e midiáticas,
do 7º Encontro de GTs de Pós-Graduação - Comunicon, realizado nos dias 10 e 11 de outubro de 2018. 2 Doutora em Comunicação e Semiótica (PUCSP), Mestre em Comunicação (UMESP), Professora de Graduação e Pós-
Graduação na Universidade Presbiteriana Mackenzie e UNISANTA. Pesquisadora em Comunicação, Consumo e
Publicidade de Medicamentos. [email protected].
Para à Publicidade, o importante é que o consumidor utilize uma marca a vida toda. Nascer e
morrer consumindo o mesmo medicamento, é o que interessa à indústria farmacêutica, que investe em
publicidade desde sempre.
A palavra memória, em Publicidade, está intrinsecamente relacionada à memorização.
Sobretudo quando se pensa em marcas e consumo. Mas a proposta deste trabalho não é abordar a
memorização das marcas, mas sim o quanto as marcas proporcionam infinitas memórias, seja pelo
consumo, pelo papel que a própria mídia faz e até mesmo pela fidelização, processo que se configura
pela relação entre marca e consumidor ao longo do tempo. Também é possível que as referências
estratégicas, assim como persuasivas, possam ser verificadas em antigos anúncios publicitários. É o
caso da publicidade de medicamentos. Algumas marcas de medicamentos surgiram no início do século
passado no Brasil e até hoje atuam mercadologicamente. Algumas marcas seguem a mesma estratégia
persuasiva há anos, mesmo com o advento de novas tecnologias e de leis e resoluções reguladoras da
publicidade do setor farmacêutico. São marcas como xarope São João, Emulsão de Scott, xarope
Bromil, Biotonico Fontoura e Aspirina, que terão alguns anúncios antigos apresentados durante este
trabalho. São anúncios históricos. Até porque foram elaborados por poetas e artistas, em uma época
que não existiam as agências publicitárias, tampouco o consumo desenfreado de medicamentos.
A publicidade de medicamentos no Brasil faz parte da história da Publicidade Brasileira. Forte
anunciante no Brasil desde o surgimento da mídia, a indústria farmacêutica é poderosa no mundo todo
e não seria diferente em um dos países que mais se consome medicamentos no mundo. O Brasil fica
atrás apenas dos Estados Unidos, Japão, China, Alemanha e França (KEDOUK, 2016, p. 19).
Talvez porque no Brasil, os medicamentos sejam, na maioria das vezes, comercializados e
divulgados como mercadoria qualquer, embora exista legislação e fiscalização no país. Não se sabe ao
certo se o consumo desenfreado dos medicamentos se deve à herança cultural, práticas indígenas ou
pela forte publicidade antiga. Mas o fato é que a indústria investe muito em marketing e publicidade,
para fazer com que o consumidor brasileiro perceba que está doente e que o medicamento pode resolver
todos os seus problemas.
A partir da pesquisa histórica e documental, iniciada no mestrado, aprimorada no doutorado,
este texto resgata parte de um longo estudo que teve início há vinte anos e que, portanto, apresenta um
cenário da publicidade antiga e a mais atual, da publicidade de medicamentos brasileira.
Breve Resgate Histórico da Publicidade de Medicamentos no Brasil
A matéria prima fundamental da história é o tempo. Portanto é possível entender a memória em função
da existência da história. E história é acontecimento, vivência, experiência. Da relação entre história e
memória, de acordo com Le Goff, surge a memória social. “O estudo da memória social é um dos
meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais a memória
está ora em retraimento, ora em transbordamento.” (1990, p. 368).
Sem história não há memória. Portanto é prática comum a publicidade recorrer inicialmente à
história, ao aspecto cultural, social, para durante o processo utilizar em anúncios e campanhas
referências que são do universo do consumidor. Tais referências são também os anúncios antigos.
Exemplo disso são os anúncios publicitários de medicamentos que, apesar das novas mídias, ainda
recorrem ao apelo à dor como grande vilã e ao medicamento como grande salvador de todos os males.
Memória tem um papel fundamental na publicidade, até porque, a publicidade é uma fonte
inesgotável de referências e, busca se atualizar utilizando recursos persuasivos presentes na própria
história. É o caso dos primeiros anúncios que se têm registro em jornais no país. Anúncios de compra
e venda de escravos, presentes em jornais brasileiros do século XIX (FREYRE, 2010).
A partir dos classificados em jornal, divulgando e comercializando escravos, surgiram, a passos
largos, anúncios mais elaborados. Segundo Marcondes (2002, p. 14), a criação dos primeiros anúncios
publicitários no Brasil nasceu da junção do jornalismo com a arte, já que as ofertas encontradas nos
anúncios classificados em jornais provieram não só de uma necessidade de informação, mas também
de uma necessidade comercial. “A propaganda nasceu prestando serviços, na forma que poderíamos
chamar de primórdios dos classificados modernos”. Aos poucos, os anúncios passaram a ocupar espaço
em jornais, cartazes, revistas e painéis pelas ruas. Eram os mais variados produtos, dentre eles o setor
de medicamento.
Segundo o escritor Ricardo Ramos “O Farol da Medicina, de 1909, mostra com seus anúncios
o mercado das doenças em voga. A sífilis vinha em primeiro lugar combatida por remédios variados.
Seguiam-se os depuradores do sangue, os muitos elixires.” (MARCONDES, 1995, p. 24).
O mercado de medicamentos passava a ter visibilidade por meio da mídia. As últimas capas de
revistas passavam a ser ocupadas por anúncios dos medicamentos A Saúde da Mulher, cujo slogan era
“infalível nas moléstias das senhoras” e do xarope Bromil, que a partir de 1908 passou a ser escrito em
versos, elaborados pelo poeta Olavo Bilac.
A poesia e a arte, assim como os responsáveis pelas mesmas na época, passaram a trabalhar
para a publicidade. O anúncio Bromilíadas, de Bromil, elaborado pelo escritor Bastos Tigre,
parodiando Os Lusíadas, de Camões, destaca-se como anúncio criativo e ousado.
“A campanha redigida pelo poeta e publicitário Bastos Tigre, com vinheta de Calixto Cordeiro,
consta de 1102 estrofes contendo 8816 versos decassílabos, estrofação sempre na oitava rima, a técnica
de Ariosto que Luís de Camões consagrou em “Os Lusíadas”.” (Portal Almanaque da Comunicação,
2011). A seguir o anúncio mostra o texto apurado, elaborado meticulosamente na forma e cadência de
cada sílaba. Anúncio veiculado por volta de 1918, na revista Dom Quixote.
Figura 1. Anúncio Bromilíadas (Portal Almanaque da Comunicação)
A publicidade de Biotonico Fontoura é um marco na história da publicidade brasileira.
Biotonico Fontoura surgiu em 1910 (criado por Cândido Fontoura), na cidade de Bragança Paulista,
interior de São Paulo, como um antitêmico, ou seja, um composto de ferro para o sangue e fósforo para
os músculos e nervos.
Por volta de 1916, Fontoura, colaborador no setor de medicina do jornal “O Estado de S. Paulo”
conheceu Monteiro Lobato, que escrevia artigos para o jornal. Um dia, adoecendo e fora de forma,
Lobato recebeu de Fontoura a indicação do Biotonico. Tomou, ficou bem e, como retribuição ao amigo,
escreveu um livro criando o personagem Jeca Tatu. Tatuzinho, caboclo pobre, morava no mato, em
uma casinha de sapé, vivia na pobreza e tinha mulher e filhos, magros e tristes que, ao tomarem
Biotonico Fontoura, ficavam fortes e dispostos (JESUS, 2008).
Monteiro Lobato, escritor, também foi uma figura importante na publicidade de medicamentos.
Ao criar Jeca Tatuzinho para o fortificante Biotonico Fontoura, em 1914, não poderia imaginar o
tamanho sucesso que faria o Almanaque Biotonico Fontoura, ao ultrapassar 100 milhões de cópias
distribuídas (BUENO, 2008, p. 78).
Figura 2. Almanaque Jeca Tatuzinho (BUENO, 2008, p. 78)
Cadena (2001, p.108) classifica a década de 1940 como “final de uma etapa” para a publicidade
de medicamentos, que desde 1850, tinha sido um dos maiores anunciantes do Brasil. Para ele,
laboratórios e seus representantes foram os grandes responsáveis pela comunicação de massa:
inventaram o testemunhal, desbravaram os espaços ao ar livre e desenvolveram técnicas no ponto de
venda, popularizaram o anúncio em cores e, num primeiro momento, viabilizaram o rádio.
Nesse sentido, uma marca de medicamento destaca-se por ainda permanecer na mídia desde
que chegou ao Brasil: a Aspirina.
Aspirina na memória e na publicidade
Segundo Le Goff (1990, p 410), “a memória é um elemento essencial do que se costuma chamar
identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das
sociedades de hoje, na febre e na angústia.”. Ainda para o autor, “a memória, como propriedade de
conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas,
graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa
como passadas” (1990, p. 366).
A Bayer chegou ao Brasil em 1896. Dois consultores da empresa, F. Applet e A. Rusterholtz
desembarcaram ao Rio de Janeiro com o objetivo de levantar possibilidades comerciais dos Estados
Unidos. Fundaram a Walty Lindt & Cia, posteriormente Blum & Cia, a primeira e, durante quinze
anos, a principal representante dos produtos Bayer no Brasil (JESUS, 2000, p. 20).
Em 9 de fevereiro de 1911, a Bayer fundou sua própria firma comercial e o primeiro anúncio
nesse mesmo ano foi da Aspirina, na “Revista Careta”, no Rio de Janeiro.
Figura 3. Anúncio de Aspirina (Cadena, 2001, p. 51)
Um anúncio de 1913, veiculado no jornal “O Estado de S. Paulo”, não poderia ser mais atual.
Mostra a imagem de um homem aparentemente com muito trabalho, cansado, com a embalagem de
Aspirina aberta em sua mesa.
Figura 4. Anúncio de Aspirina (Si é Bayer é bom, 2005)
O grande anunciante de 1917, a Bayer, passou a fazer campanhas regulares. A Bayer destacava-
se pela originalidade dos textos e pela qualidade gráfica dos anúncios. Era característica sua associar
seus produtos às palavras como: original, puro, científico para contrapor os produtos nacionais. Eram
muitos os produtos da Bayer: Adalina “a fonte da juventude eterna”, Bayaspirina “silêncio”, Instantina
“num instante vae-se o mal” e outros medicamentos, sempre utilizando a marca e reforçando-a com
um slogan.
Em 1920, a Bayer surpreendeu o mercado da indústria farmacêutica não apenas pelo número
de anúncios, mas pela criatividade e tecnologia impressas nesses anúncios. Só com Aspirina, 23
anúncios surgiram com uma campanha bem planejada em três direções: a primeira, “O êxito da vida”,
“As amarguras da vida” e “A vida é deliciosa”; a segunda, “Mais poder”, “O máximo da eficácia”,
“Proteção”; e a terceira, “Os salteadores da saúde”, “Os piratas modernos”, “Os vigaristas da
medicina”. As campanhas da Bayer eram sucessivas na mídia.
A preocupação da Bayer era a de criar uma empatia com os brasileiros. Seu lado germânico
passou a ser latino, optando pela face brasileira nas palavras, buscando, nessa cultura, o diálogo. É
nítida, em seus anúncios, a presença da sociedade e de tipos populares, festejos, paisagens, hábitos e
costumes.
A promoção dos medicamentos da Bayer era arrojada e inovadora. Os carros, peruas e furgões
pintados com propaganda da Aspirina ou Cafiaspirina percorriam o interior das cidades brasileiras e,
quando paravam, projetavam desenhos animados, documentários e filmes sobre os produtos da Bayer.
Aliás foi fundamentalmente importante a Bayer investir na publicidade e adaptar sua linguagem
ao consumidor brasileiro. Tanto é que o slogan “Se é Bayer, é bom”, é o mais antigo da publicidade
brasileira e foi elaborado pelo poeta, jornalista e publicitário Manuel Bastos Tigre, na Semana de Arte
Moderna de 1922 (CAMPANHAS INESQUECÍVEIS, 2007, p. 171).
A Bayer mantém a Aspirina na mídia até os tempos atuais. A credibilidade da marca conquistou
mercados e consumidores pelo mundo todo, no Brasil não foi diferente.
No final do século passado, uma pesquisa realizada pela revista "Newsweek", pedia aos norte-
americanos que enumerassem, entre as invenções dos últimos cem anos, aquelas que consideravam
indispensáveis às suas vidas. Em ordem, a escolha foi a televisão, o telefone, o automóvel e a Aspirina.
Não é difícil de entender a inclusão da Aspirina nesta lista no lugar de outras tantas invenções como o
computador, o avião ou até a pílula anticoncepcional, por exemplo. Portanto, com o título de
"medicamento mais vendido do mundo", devidamente registrado no “Guinness Book", o livro dos
recordes, a Aspirina ultrapassa um consumo anual de 12 bilhões de comprimidos e concorre com mais
de 150 marcas de analgésicos diferentes (PORTAL FOLHA DE S. PAULO, 1999).
Há anos a Aspirina tem suas campanhas elaboradas pela agência ALMAP/BBDO, reconhecida
por ser uma das mais premiadas do mundo. Inclusive a campanha polêmica de 2016 premiada no
Festival de Cannes que será apresentada neste trabalho.
São anúncios bastante visuais, humorados, com linguagem popular e que procuram estar de
acordo com as Normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do CONAR
(Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) que, respectivamente, controlam a
publicidade de medicamentos e a publicidade como um todo no Brasil.
Anúncio que surpreendeu na década de 1990, foi elaborado por um dos mais criativos redatores
publicitários do Brasil, Eugênio Mohallem. O anúncio alltype de Aspirina homenageia o dia das mães
de um jeito descontraído, sem a presença de embalagem ou pessoas. Com o logotipo da Aspirina e a
assinatura da Bayer “se é Bayer é bom”, o anúncio é o seguinte:
Figura 5. Anúncio da Aspirina de 1997 (Si é Bayer é bom, 2006, p. 134)
Em 2000, a campanha de Aspirina continuou seguindo a mesma linha criativa, destacando o
texto, mas com a presença do medicamento e de sua embalagem. A assinatura da Bayer com seu slogan
se mantém nos anúncios. A linguagem é segmentada aos pais, sobretudo ao público feminino. As
revistas escolhidas foram Manchete, Amiga, Desfile, Ele e Ela, Pais e Filhos.
Figura 6. Anúncio da Aspirina de 1997 (Si é Bayer é bom, 2006, p. 155)
Em 2016, com a proposta alltype, o polêmico anúncio que fez parte da campanha de Aspirina,
venceu o Leão de Bronze em Cannes, o principal prêmio mundial da publicidade.
Figura 7. Anúncio polêmico da Aspirina (Portal B9, 2016)
Segundo o Portal B9, a campanha premiada em Cannes Lions 2016 foi o outdoor com a frase
“calma amor, não estou filmando isso”, dando a entender que a marca Aspirina, acaba com todas as
dores de cabeça, inclusive a dor de cabeça de ser vítima de um crime como ter imagens íntimas expostas
sem autorização. O anúncio ficou polêmico, o que de fato não é bom para nenhuma marca, sobretudo
para marcas tão tradicionais, como Aspirina.
A Bayer se pronunciou sobre o anúncio dizendo que ela foi criada exclusivamente para ser
inscrita no festival Cannes e que não deveria ser veiculada. O presidente do júri pediu desculpas e disse
que os jurados não consideraram a peça machista. A agência, AlmapBBDO, responsável pela criação
do anúncio assumiu responsabilidade, se desculpou e recusou o prêmio (FABRIS, 2016).
Considerações Finais
Quem não se lembra de anúncios antigos? Na realidade a publicidade faz parte da história de todos os
brasileiros. Embora alguns anúncios sejam memoráveis, por vezes memorizados e eternizados na
memória do consumidor, é lamentável e perigoso constatar que tantos brasileiros consomem
medicamentos, legitimados pela publicidade na mídia, sem saber o que estão consumindo. É o perigo
da automedicação. Brasileiros estão em sexto lugar no ranking de maiores consumidores de
medicamentos no mundo.
A história da publicidade de medicamentos é tão importante que se mistura com a própria história da
publicidade brasileira. Elaborada inicialmente por poetas e artistas, os medicamentos contaram com as
ideias e as mãos de poetas como Bastos Tigre, Olavo Bilac e Monteiro Lobato. Fatos que não deveriam
jamais sair de nossa memória.
Por outro lado, percebe-se que até os tempos atuais, apesar das mudanças tecnológicas, culturais,
sociais, inclusive éticas, a linguagem dos anúncios publicitários de medicamentos, como os de
Aspirina, por anos se manteve na mesma linha, com o uso da linguagem coloquial, humorada, popular,
e repleta de situações rotineiras do consumidor.
Por fim, o trabalho revela que a proposta da publicidade de medicamentos é divulgar os medicamentos
como produto qualquer, conquistando consumidores e tornando-os fieis à marca, desde que nascem até
à morte.
Referências
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em: 11/01/2018.
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Comprimido desbancou computador e avião na eleição norte-americana das criações indispensáveis
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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff28029913.htm. Acesso em 13/01/2018.
FABRIS, Thais. O anúncio premiado de Aspirina e aquilo que não tem remédio. A empresa disse que era
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http://www.b9.com.br/65698/o-anuncio-premiado-de-aspirina-e-aquilo-que-nao-tem-remedio/. Acesso em:
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FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Global, 2010.
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