UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONTRIBUIÇÃO DO GRADUADO EM PEDAGOGIA NO
CONTEXTO DO TREINAMENTO CORPORATIVO
Jose Humberto de Aquino
Orientadora
Prof.ª Mônica Melo
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONTRIBUIÇÃO DO GRADUADO EM PEDAGOGIA NO
CONTEXTO DO TREINAMENTO CORPORATIVO
Apresentação de monografia à
Universidade Candido Mendes - Faculdade
Integrada AVM como requisito parcial para obtenção
do grau de especialista em Docência do Ensino
Superior.
Jose Humberto de Aquino.
AGRADECIMENTOS
À professora orientadora
Mônica Melo, que tanto me ajudou a
concluir esse trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mulher Janete
e a meu filho amado Antonio Miguel que
iluminam a minha vida e ao meu pai e
minha mãe que estão sempre comigo,
passe o tempo que for.
RESUMO
Este estudo refere-se à importância da contribuição do graduado em
Pedagogia para atender o processo de treinamento de recursos humanos de
uma empresa nos dias atuais. Busca-se nesse trabalho compreender se a
atuação do profissional de Pedagogia pode fazer diferença no contexto de
treinamento de recursos humanos no ambiente corporativo. O fato é que as
empresas, impulsionadas pelo fenômeno da Globalização, se viram obrigadas
a se adequarem ao mercado que se tornou ainda mais competitivo. Nesse
contexto, surgiram as Universidades Corporativas o que se apresentou como
uma oportunidade de ampliação do mercado de trabalho para o profissional
formado em Pedagogia. Esse espaço tem sido progressivamente preenchido
pelo profissional que já é conhecido no mercado como Pedagogo Empresarial.
As empresas já vêm reconhecendo, em razão dos resultados obtidos, que este
profissional é fundamental no processo de treinamento e aprimoramento de
seu bem mais precioso: o recurso humano.
METODOLOGIA
Este trabalho se desenvolveu utilizando-se de recursos doutrinários
baseados em pesquisa bibliográfica, além de pesquisa em artigos divulgados
em sítios públicos contidos na internet, bem como artigos apresentados em
seminários da área de educação também disponíveis na web, conforme
descrito na bibliografia. Em termos de pesquisa de campo, como “case” de
estudo foi relatada a experiência da Universidade Petrobras baseados
principalmente em dados contidos no próprio website da empresa.
Foram apresentadas de forma descritiva e explicativa as
características da Pedagogia enquanto ciência da educação, da aprendizagem,
do ensino, bem como as características do profissional de Pedagogia em
especial o Pedagogo Empresarial e sua importância no meio corporativo,
destacando suas qualidades que o diferenciam dos demais profissionais de
recursos humanos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PEDAGOGIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PEDAGOGO 10
CAPÍTULO II
PEDAGOGIA EMPRESARIAL: CONCEITO E PERSPECTIVAS 19
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PEDAGOGO NO CONTEXTO DE UNIVERSIDADE
CORPORATIVA 30
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
Atualmente, as empresas estão passando mais do que nunca por
um momento bem peculiar. A chamada Globalização que estabeleceu uma
integração entre os países e as pessoas do mundo todo tem influência direta
nesse processo. A busca incessante por novos mercados, ou mesmo para
manter-se lucrativa e sobreviver diante desse cenário turbulento, tem tornado o
mundo corporativo ainda mais competitivo.
Uma das preocupações que as empresas têm apresentado diante
deste cenário é relativa aos seus recursos mais valiosos, os Recursos
humanos. As empresas perceberam que seu melhor investimento para encarar
as adversidades que o mercado lhes impõe é o investimento no treinamento,
desenvolvimento, qualificação e retenção de seus recursos humanos, também
chamados aqui de capital humano.
Para isso ao longo do tempo foi aos poucos se idealizando o projeto
de Universidades Corporativas em substituição aos ultrapassados centros de
treinamentos de funcionários. Com o advento dessas Universidades
Corporativas e a evolução do conceito de aprendizagem dentro das empresas,
o Pedagogo Empresarial tornou-se uma ferramenta essencial para o sucesso
dessa empreitada e vem aos poucos ocupando esse espaço que por direito já
era dele.
A atuação do Pedagogo Empresarial como suporte para a área de
gestão de recursos humanos e de gestão do conhecimento tem sido cada vez
9
mais percebida no ambiente corporativo. Ele participa diretamente na condução
dos processos de aprendizagem, mais efetivamente na forma de treinamentos,
utilizando-se das técnicas pedagógicas inerentes à sua formação acadêmica.
Está cada vez mais evidenciada a importância da atuação desse
profissional no ambiente empresarial, pois ele tem demonstrado no ambiente
corporativo a eficácia apresentada e já reconhecida nos ambientes
institucionais de educação. E o que são as empresas senão um espaço de
aprendizagem contínua que é sem dúvida o habitat natural do Pedagogo.
10
CAPÍTULO I
PEDAGOGIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO
PEDAGOGO
Ao adentrarmos nesse assunto chamado Pedagogia, faz-se
necessário percorrermos pelo entendimento do que quer dizer esse termo.
Pedagogia é uma palavra que, segundo o dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa, tem origem grega: “paidagogia”, paida (criança) e gogia
(condução). Atualmente a Pedagogia é reconhecida genericamente como: a
ciência do ensino.
Ainda recorrendo ao Aurélio, a Pedagogia é definida como o
conjunto de doutrinas, princípios e métodos de educação e instrução que
tendem a um objetivo prático. É o estudo dos ideais de educação, segundo
uma determinada concepção de vida, e dos meios (processos e técnicas) mais
eficientes para efetivar estes ideais. O Aurélio finaliza o conceito com a
definição: é a prática de ensinar.
Já o educador José Carlos Libâneo (2005), vai mais a fundo no
conceito. Ele entende que a Pedagogia se ocupa do estudo sistemático das
práticas educativas que se realizam em sociedade como processos
fundamentais da condição humana. Para ele, a Pedagogia serve não apenas
para investigar a natureza, mas também, as finalidades e os processos
necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a realização
desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem.
11
O ilustre educador entende que a Pedagogia é um campo de
conhecimento que possui objeto, problemáticas e métodos próprios de
investigação, configurando-se então como a ciência da educação.
Esse conceito de Pedagogia apresentado pelo do Professor Libâneo
(2005) dá uma amplitude para essa ciência que outrora não se imaginava.
Quando ele fala nas práticas educativas que se realizam em sociedade, ele
estabelece de uma maneira definitiva que a Pedagogia não se limita aos
espaços da escola e da família, na verdade o seu campo de atuação vai ainda
mais além desses muros.
1.1 - Das práticas educativas e suas contribuições
Para Libâneo (2005), as práticas educativas ocorrem de várias
formas em todos os contextos e âmbitos da existência individual e social
humana. O autor assim define as formas de educação entendidas por ele:
“A educação informal corresponderia a ações e
influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, e
que se desenvolve por meio das relações dos indivíduos e
grupos com seu ambiente humano, social, ecológico, físico e
cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências,
práticas, mas que não estão ligadas especificamente a uma
instituição, nem são intencionais e organizadas. A educação
não-formal seria a realizada em instituições educativas fora dos
marcos institucionais, mas com certo grau de sistematização e
estruturação. A educação formal compreenderia instâncias de
formação, escolares ou não, onde há objetivos educativos
12
explícitos e uma ação intencional institucionalizada,
estruturada, sistemática.” (p.31).”
Explorando os conceitos de Libâneo (2005), na educação formal
encontramos práticas educativas com elevados graus de intencionalidade,
sistematização e institucionalização tendo regularmente como espaço físico as
escolas em geral e outras instituições de ensino. Na educação não formal,
apesar de não serem realizadas em instituições convencionais de educação
como a formal, há certo nível de intencionalidade e sistematização.
Essas práticas de educação não formal ocorrem regularmente fora
dos muros das escolas, nas organizações sociais, nos movimentos sociais, nos
programas de formação sobre direitos humanos, cidadania, lutas contra
desigualdades e exclusões sociais. As práticas de educação informal, para
Libâneo (2005), acontecem de forma difusa e dispersa, são as que ocorrem
nos processos de aquisição de saberes e modos de ação de modo não
intencional e não institucionalizado.
Ainda explorando o pensamento do Libâneo (2005), é objeto da
Pedagogia o estudo das práticas educativas com vistas a evidenciar os
objetivos sociopolíticos e formas de intervenção pedagógica para a educação.
O educador defende essa ideia por acreditar que as práticas educativas não se
dão de forma isolada das relações sociais, políticas, culturais e econômicas da
sociedade, ressaltando a importância dessa visão uma vez que vivemos em
uma sociedade desigual, baseada em relações sociais de antagonismo e de
exploração.
13
Para Alberto Gaspar, que em seu artigo: “A educação formal e a
educação informal em ciências” trata desses conceitos com a consideração de
que na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Pare ele os
conhecimentos são partilhados em meio a uma interação sociocultural que tem,
como única condição necessária e suficiente, existir quem saiba e quem queira
ou precise saber. Ele continua dizendo que o ensino e a aprendizagem
ocorrem espontaneamente, ainda que na maioria das vezes os próprios
participantes do processo nem tenham consciência do aprendizado.
Já Umberto de Andrade Pinto (2008) em sem eu artigo: “Um
conceito amplo de Pedagogia” destaca o pensamento de Saviane e comenta:
“Com as contribuições dos estudos que expandem
o conceito de docência buscamos justificar a importância de
ampliar o entendimento epistemológico da Pedagogia enquanto
campo de conhecimento, cujo objeto de estudo é a educação.
Desse modo a educação escolar é considerada o foco principal
da Pedagogia, porque representa:
[...] em relação à educação extraescolar, a forma
mais desenvolvida, mais avançada. E como é a partir do mais
desenvolvido que se pode compreender o menos desenvolvido
e não o contrário, é a partir da escola que é possível
compreender a educação em geral e não o contrário.
(SAVIANI,1988, p.6). Do mesmo modo podemos argumentar
que a Pedagogia, enquanto teoria da educação, está mais
avançada ao estudar a educação escolar do que a educação
de modo geral, até mesmo porque “.... é na escola que o
pedagógico tem lugar de forma mais explícita” (LIBÂNEO,
14
1990, p. 7). À medida que o cerne da educação escolar é a
docência, enquanto articuladora do processo de ensino-
aprendizagem que ocorre na sala de aula, a Pedagogia escolar
tem nela a sua referência principal.
Finalmente, é importante destacar que o conceito
ampliado de Pedagogia, como campo do conhecimento sobre e
na educação, embora concebido a partir da educação escolar,
apresenta-se com possibilidade de facilitar não apenas a
interpretação e intervenção dos processos educativos que
ocorrem na escola, mas também daqueles que ocorrem em
espaços não escolares.” (p.115).
Portanto, nos dizeres de Dr. Umberto de Andrade, percebemos que
a Pedagogia, num sentido mais amplo, pode ser eficaz também na
interpretação e intervenção dos processos educativos nos espaços fora do
contexto escolar.
1.2 – O Pedagogo e seu papel
O profissional cujo objeto de atuação é a Pedagogia chamamos de
pedagogo. Em decorrência da amplitude que a Pedagogia alcança o exercício
dessa profissão é um desafio constante. Libâneo (2001) em seu artigo:
“Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas” diz que:
“O pedagogo é o profissional que atua em várias
instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas
15
à organização e aos processos de transmissão e assimilação
de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de
formação humana previamente definidos em sua
contextualização histórica.” (p.11).
Ainda no artigo acima citado Libâneo traz uma classificação
interessante do profissional de Pedagogia:
“O curso de Pedagogia se destina a formar o
pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para
atuar em vários campos educativos, para atender demandas
socioeducativas (de tipo formal, não-formal e informal)
decorrentes de novas realidades, tais como novas tecnologias,
novos atores sociais, ampliação do lazer, mudanças nos ritmos
de vida, sofisticação dos meios de comunicação. Além disso,
informar as mudanças profissionais, desenvolvimento
sustentado, preservação ambiental, nos serviços de lazer e
animação cultural, nos movimentos sociais, nos serviços para a
terceira idade, nas empresas, nas várias instâncias de
educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia, nos
programas sociais, na televisão e na produção de vídeos e
filmes, nas editoras, na educação especial, na requalificação
profissional etc.” (p.12).
No meu entender Libâneo traz à tona uma questão bem pertinente
em relação ao exercício da Pedagogia. Pois ele se preocupa em destacar a
distinção do pedagogo especialista do pedagogo docente conforme ele escreve
na continuidade do citado artigo:
16
“A caracterização de pedagogo-especialista é
necessária para distingui-lo do profissional docente. Importa
formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico (atuação
profissional em um amplo leque de práticas educativas) e
trabalho docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico
assume na escola).
Caberia, também, entender que todo trabalho
docente é trabalho pedagógico, mas que nem todo trabalho
pedagógico é trabalho docente.” (p.12).
Compartilha de ponto de vista semelhante Jacky BEILLEROT
(1987), pois a partir de suas indicações contidas em sua obra “A sociedade
pedagógica” podemos traçar duas amplas esferas de atuação pedagógica: a
escolar e a extraescolar.
Abordando mais a questão da formação do pedagogo propriamente
dita, o curso de Pedagogia no Brasil é destinado basicamente à formação de
profissionais interessados em educação de uma maneira ampla, no exercício
como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras instituições
educacionais ainda que não sejam escolas.
Atualmente os cursos que formam esses pedagogos são centros de
formação de professores que integra a estrutura organizacional das
Faculdades de Educação que tem como fim a formação de professores para a
Educação Básica que se constitui da educação Infantil ao ensino médio.
17
De certo temos, no contexto atual, a existência de uma nova
formação do pedagogo, graças à nova representação curricular do curso de
Pedagogia o que vem de fato transformando o perfil desse profissional.
Essa realidade vem ocorrendo em razão das mudanças que estão
acontecendo no campo educacional e também da nova Lei de Diretrizes e
Bases, que já não é tão nova assim, que tem levado cada vez mais os
profissionais e as instituições que militam na educação a refletir sobre sua
atuação e comprometimento com a sociedade de uma maneira geral.
Nos dizeres do Professor mestre Jose Francisco de Sousa (2010)
em seu artigo: “A Nova Formação do Pedagogo para Atuar no Mercado de
Trabalho no DF” ele destaca a importância de uma contínua adaptação do
profissional ao ambiente social globalizado em que vivemos, conforme segue:
“Assim, podemos retomar a ideia de que esses
fatos tendem a impulsionar nos currículos dos cursos de
licenciatura uma reconstrução, revelando com maior
transparência a contínua necessidade de uma adaptação ao
momento de globalização da sociedade que nos cobra como
exigência de qualificação, além de outros importantes fatores,
abertura reais de democracia no que concerne ao acesso as
ditas novas tecnologias da informação e da comunicação, bem
como os procedimentos construtores do saber, portanto,
necessariamente necessita-se reflexão quanto a produção de
conteúdos, metodologia educacional na formação do pedagogo
e os critérios de avaliação e seleção.” (p.3).
18
Os autores ora citados têm uma visão bem aproximada haja vista
que invariavelmente destacam que a atuação do pedagogo pode (e deve)
extrapolar os muros da escola. E é essa visão que a Lei de Diretrizes e Bases
no meu entender queria quando ela foi elaborada e já vemos isso se refletir na
prática, pois estamos, por exemplo, cada vez mais verificando esses
profissionais de educação atuando em diversas áreas da sociedade inclusive
em espaços corporativos.
19
CAPÍTULO II
PEDAGOGIA EMPRESARIAL:
CONCEITO E PERSPECTIVAS
Em razão desse contexto, onde a atuação do profissional de
Pedagogia se apresenta diversificada conforme percepções dos autores
citados, vem aumentando sobremaneira uma demanda em especial. Essa
demanda tem se mostrado como um nicho de mercado muito interessante para
quem estuda, pesquisa ou atua na área de educação, é a Pedagogia
Empresarial.
A sociedade como sabemos sofre ao longo do tempo muitas
mudanças decorrentes de fenômenos os mais diversos: de cunho social,
político, econômico, moral, em todos seus aspectos. Um desses fenômenos
que até hoje ainda se houve falar muito é a chamada Globalização. A
Globalização pode ser entendida como um processo econômico e social que
estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo.
Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias,
realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais
pelos quatro cantos do planeta.
20
2.1 - A partir da década de 1980
Este termo começou a ganhar fama internacional a partir da década
de 1980 por meio principalmente de jornais especializados na área financeira
de repercussão internacional.
A difusão do termo globalização ocorreu por meio da imprensa
financeira internacional, em meados da década de 1980. Depois disso, muitos
intelectuais dedicaram-se ao tema, associando-a a difusão de novas
tecnologias na área de comunicação, como satélites artificiais, redes de fibra
ótica que interligam pessoas por meio de computadores, entre outras, que
permitiram acelerar a circulação de informações.
Esse fenômeno que no início tinha um cunho mais econômico foi se
estendendo rapidamente a outras áreas da sociedade. A política internacional,
a cultura de uma forma mais ampla, a tecnologia, com destaque para a internet
e a popularização da fibra ótica que encurtou os caminhos entre os
continentes.
Uma infinidade de intelectuais já abordou o tema, tentando definir,
explicar esse fenômeno. Amartya Sen (2001), diz que a globalização não é
nova e nem necessariamente ocidental, nem é uma maldição, posto que
durante milhões de anos tenha contribuído para o progresso do mundo através
das viagens, do comércio, de imigração, das muitas influências culturais e da
disseminação do conhecimento e saber incluindo a ciência e a tecnologia.
21
Na verdade se formos lá atrás aos séculos XV e XVI perceberemos
que as Grandes Navegações e as Conquistas do além-mar encabeçadas por
Portugal e Espanha tinham muito das características que vemos atualmente:
povos de continentes distintos entrando em contato entre si, trocando
tecnologias, convivência, hábitos, estabelecendo relações comerciais e
culturais.
Mas a corrente predominante de estudiosos diz que a globalização
efetivou-se mesmo no final do século XX. O fim da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas e o estabelecimento de uma nova ordem social nos
países socialistas do leste europeu, impulsionado pelo neoliberalismo na
década de 1970, marca claramente o início do processo de globalização
econômica como percebemos hoje.
No campo empresarial esse fenômeno decorreu do fato de que os
mercados internos nesse período estavam saturados e as grandes empresas
precisavam buscar novos mercados consumidores pra seus produtos, e os
países recém-saídos do socialismo foram identificados como uma grande
oportunidade. Entretanto, essas empresas tiveram que transformar seus
produtos em algo mais barato para os potenciais consumidores, o que
requereu investimentos em novas tecnologias, em pessoal, forte utilização da
internet e dos meios de comunicação via satélite. A globalização passou a ser
então sinônimo de investimentos ao redor do mundo.
Esse processo gerou uma problemática adicional para as empresas.
Elas começaram a precisar mais do que nunca de profissionais que fossem
polivalentes, com perfil diversificado, que fossem capazes de, dentro desse
novo cenário de competitividade, contribuir para que a empresa tenha sucesso
22
na empreitada de ganhar novo mercados e sobreviver diante de outras tantas
empresas com o mesmo objetivo. Ana Beatriz Trindade (2011) comenta sobre
essa questão:
“Para lidar com um mercado de trabalho em que
antigos valores, como experiência e titularização, foram
postergados, o profissional de hoje precisa estar sempre se
atualizando. A obsolescência intelectual talvez seja o maior
risco de qualquer profissional em todos os ramos de negócios.”
(p.26).
Atualmente as empresas estão valorizando o que elas consideram o
que de fato realmente tem valor dentro do espaço corporativo: o capital
intelectual.
As empresas perceberam que quando elas investem em capital
intelectual contido em seu capital humano (outra expressão corporativa) elas
conseguem em grande medida manter e reter os seus funcionários o que
contribui para o alcance de elevado nível de desempenho empresarial e isso se
reflete em lucratividade.
2.2 - O papel da Pedagogia Empresarial
A Pedagogia Empresarial tem sido utilizada justamente para
contribuir na capacitação desse capital humano no sentido de desenvolver
aquelas capacidades tão almejadas pelas empresas.
23
Bonfim (2004) destaca a importância da Pedagogia aplicada ao
treinamento de recursos humanos da seguinte forma:
“Tendo a área de treinamento e desenvolvimento
de recursos humanos como a responsável pelo processo
educacional do trabalhador no âmbito das organizações,
justifica-se a necessidade de se ter uma fundamentação sobre
as correntes pedagógicas que orientam esta prática educativa,
uma vez que são elas que irão dar sustentação teórico-
metodológica neste processo de ensino-aprendizagem, e que
constituem a chamada Pedagogia no Treinamento ou
Pedagogia nas Organizações” (p.8).
Já constatamos que atualmente o conhecimento está em constante
mudança e em uma rapidez difícil de acompanhar. O avanço tecnológico tem
exigido dos profissionais uma amplitude maior de seus conhecimentos
requerendo mais qualificação para o desenvolvimento de seus trabalhos. Nos
dizeres de Ana Beatriz Trindade (2011) ela destaca o papel da educação neste
contexto:
“O papel da educação diante dessas mudanças de
comportamento nas organizações tem a ver com um novo
modelo de racionalização dos processos produtivos, como
reorganização do trabalho, requalificação profissional,
desenvolvimento de novas competências, flexibilidade de
processo produtivo etc. Cabe à educação proporcionar ao
indivíduo um bom domínio da linguagem oral, escrita e
24
corporal, favorecer a flexibilidade mental, agilidade de
raciocínio capacidade de abstração e análise etc.” (p.30).
Pois bem, neste cenário onde está identificada uma demanda
pedagógica bem desafiadora, a Pedagogia Empresarial surge como um elo que
une o desenvolvimento do capital humano para os padrões desejados pelo
mundo corporativo e as estratégias organizacionais.
Lembrando que a Pedagogia é o instrumento capaz de catalisar este
processo por que ela tem os mecanismos necessários, pois de acordo com
Ana Beatriz Trindade (2011) ela é a ciência que estuda de forma sistematizada
o ato educativo, ou seja, a prática educativa concreta que se realiza na
sociedade. Ainda nesta direção, o Prof. Libâneo (1994) destaca o caráter
pedagógico da pratica educativa que é relevante no desenvolvimento do capital
humano:
“O caráter pedagógico da prática educativa se
verifica como ação consciente, intencional e planejada no
processo de formação humana, através de objetivos e meios
estabelecidos por critérios socialmente determinados e que
indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade, com
que propósitos.” (p.25).
Dessa forma, neste contexto de maior exigência por parte das
empresas, a Pedagogia Empresarial, um ramo da Pedagogia, vem suprir esse
espaço novo que segundo Ana Beatriz Trindade (2011) vai se ocupar, de
delinear frentes para que ocorra o desenvolvimento dos profissionais, como um
diferencial entre as empresas.
25
A Pedagogia Empresarial busca uma aprendizagem significativa e o
aperfeiçoamento do conhecimento (capital intelectual) já obtido pelos
profissionais no intuito de desenvolver novas competências que o mercado de
trabalho está demandando.
Almeida (2006) afirma que o foco da Pedagogia Empresarial é
qualificar pedagogos e administradores para que atuem no âmbito empresarial,
visando aos processos de planejamento, capacitação, treinamento, atualização
e desenvolvimento do corpo funcional da empresa. O mesmo autor acredita
que esta ainda é uma área em aberto por causa de seu caráter recente no
contexto empresarial.
Nos dizeres de Amélia Ribeiro (2010) ela enfatiza o papel da
Pedagogia Empresarial:
“A Pedagogia Empresarial existe, portanto, para dar
suporte tanto em relação à estruturação das mudanças quanto
em relação à ampliação e à aquisição de conhecimento no
espaço organizacional.” (p.11).
Nesse horizonte, a Pedagogia Empresarial atua dando suporte para
as empresas tanto na adequação dessas perspectivas modernas da economia
decorrentes do processo de globalização ao qual ninguém pode se furtar (nem
conseguiria) quanto em relação à ampliação, aquisição, reciclagem e
reconstrução do conhecimento.
26
A Pedagogia e as organizações corporativas fazem uma
combinação muito promissora, pois ambas desejam atingir os mesmos
objetivos em relação a esse recurso tão valioso que é o ser humano. Holtz
(2006) diz que uma empresa sempre é a associação de pessoas, para explorar
uma determinada atividade com objetivo definido, liderada por um empresário,
pessoa empreendedora, que dirige e lidera a atividade com o fim de atingir
ideais e objetivos também definidos. Ela continua fazendo um paralelo com a
Pedagogia definindo-a como é a ciência que estuda e aplica doutrinas e
princípios visando um programa de ação em relação à formação,
aperfeiçoamento e estímulo de todas as faculdades da personalidade das
pessoas, de acordo com ideais e objetivos definidos.
Ainda na concepção de Holtz (2006), ela afirma que a Pedagogia
também faz o estudo dos ideais e dos meios mais eficazes para realizá-los, de
acordo com uma determinada concepção de vida, e conclui:
“Vejam, tanto a Empresa como a Pedagogia agem
em direção à realização de ideais e objetivos definidos, no
trabalho de provocar mudanças no comportamento das
pessoas. Esse processo de mudança provocada, no
comportamento das pessoas em direção a um objetivo, chama-
se - aprendizagem. E aprendizagem é a especialidade da
Pedagogia e do Pedagogo.” (p.6).
A Pedagogia Empresarial, podemos dizer, é um mercado de trabalho
para o pedagogo ainda em franca expansão e tem uma ligação muito estreita
27
com a política que também está em alta no mundo corporativo que é a questão
da Gestão do Conhecimento. Em termos de perspectivas a tendência é que
essas duas vertentes estejam cada vez mais interligadas.
Diversos estudiosos procuraram definir esse tema, Ricardo Oliveira
Pereira (2012) define Gestão do Conhecimento como uma forma de
administração e aproveitamento do conhecimento das pessoas e a
disseminação das melhores práticas para o crescimento da organização.
Já Maria Perillo (2009) diz que a Gestão do Conhecimento, também
conhecida como Knowledge Management, refere-se à criação, identificação,
integração, recuperação, compartilhamento e utilização do conhecimento
dentro da empresa e é considerado como um sistema de gerenciamento
corporativo.
Assim, podemos dizer que a Gestão do conhecimento consiste
também numa modelagem de processos corporativos por meio de
conhecimentos gerados, uma maneira de estruturar as atividades
organizacionais no ambiente em que ela atua.
Na mesma linha, Antônio Raimundo dos Santos (2012) define a
Gestão do Conhecimento como o processo sistemático de identificação,
criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na
vida de uma organização. Para ele é ainda a administração dos ativos de
conhecimento das organizações.
28
As empresas estão cada vez mais preocupadas com o que fazer,
como reter, como aprimorar o capital intelectual que tanto e cada vez mais é
valorizado no mundo corporativo. A Gestão do Conhecimento tem a intenção
de gerir essa demanda. Ela é reconhecida como uma ação estratégica
relevante para a atuação empresarial de tal forma que se faz necessário ser
introduzida na cultura da empresa e das pessoas que contribuem para o
desempenho da empresa.
É fato que estamos na era do conhecimento. O conhecimento nunca
foi tão valorizado e buscado como atualmente. A experiência obtida e
desenvolvida combinada com o acúmulo de informação gerada pelo ser
humano em sociedade constitui isso que chamamos de conhecimento. E isso
vai desde estudos acadêmicos até as informações obtidas via sítios virtuais
com a aplicação da internet.
A quantidade de informações é infinita. Para ser competitivo no
campo profissional e para que haja crescimento da empresa é necessário
conhecimento e, mais que isso, o seu domínio em áreas relevantes. Por isso o
conhecimento necessita de gestão, processo de aprendizagem, de
armazenagem, guarda de informações adequadas, gerenciamento de canais
para a sua disseminação etc..
A Gestão do Conhecimento abrange o capital intelectual, contido no
capital humano, a capacidade de pesquisar e inovar. Essa gestão é necessária
porque sabemos que há conhecimento disponível nas organizações
corporativas. Ele está contido, na mente das pessoas, oriundo de suas
experiências pessoais, profissionais, suas culturas, suas estórias. Esses
elementos juntamente com o que a própria empresa tem de conhecimento
29
acumulado, porque ela também tem sua cultura, seus departamentos, suas
informações, suas estórias, são fundamentais e podem contribuir grandemente
para o sucesso empresarial.
Em suma, a Gestão do Conhecimento objetiva então favorecer a
empresa por meio de seu próprio conhecimento adquirido e/ou desenvolvido e,
também, a partir do conhecimento colhido no ambiente externo (concorrentes,
influencias culturais, feiras tecnológicas, etc.). Essa gestão se preocupa com as
condições organizacionais, localização, geração e partilha do conhecimento, e
das ferramentas a serem utilizadas na comunicação e organização de
determinado conteúdo.
As empresas entraram em um caminho que não tem mais volta, pois
cada vez mais o mercado está mais competitivo e os clientes estão
demandando cada vez mais por melhor qualidade dos produtos estando mais
exigentes. A Pedagogia Empresarial aplicada no contexto de Gestão do
Conhecimento tem um prognóstico altamente positivo, pois numa visão de
perspectiva vislumbro que as duas estarão, progressivamente, intrinsicamente
relacionadas.
Apenas se manterão no mercado, de forma competitiva, as
empresas que se adequarem a essa nova ordem, e neste processo o papel do
pedagogo empresarial será (já está sendo) fundamental.
30
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PEDAGOGO NO CONTEXTO DE
UNIVERSIDADE CORPORATIVA
Diante dessa nova ordem, o profissional de Pedagogia passou a
ganhar espaço no ambiente corporativo. Ele vem atuando na área de
treinamento de recursos humanos. Em muitas empresas vem se tornando o
responsável pelo treinamento, tanto dos funcionários que entram na companhia
quanto dos funcionários antigos, pois também tem organizado cursos de
aperfeiçoamento e reciclagem de profissionais experientes, tudo de acordo
com as políticas organizacionais propostas pela empresa.
3.1 - Atuação do Pedagogo
A atuação do Pedagogo no ambiente corporativo tem sido objeto de
estudos de diversos educadores. De acordo com Lopes (2006), o Pedagogo
Empresarial é o responsável por promover a reconstrução de conceitos
básicos, como, criatividade, espírito, de equipe e autonomia emocional e
cognitiva, o que é de extrema importância na atividade profissional. O
Pedagogo Empresarial preocupa-se então em trabalhar as competências, as
habilidades e as atitudes diagnosticadas como indispensáveis ao que as
empresas vislumbram: a produtividade.
31
Amélia Ribeiro (2010) exemplifica o trabalho do Pedagogo
Empresarial da seguinte forma:
“(...) implanta programa de
qualificação/requalificação profissional, produz e difunde o
conhecimento, estrutura o setor de treinamento, desenvolvo
programas de levantamentos de necessidades de treinamento,
desenvolve e adapta metodologias da informação e da
comunicação às praticas de treinamento.” (p.11).
De certo que o Pedagogo Empresarial atua com o Departamento de
Recursos humanos que atualmente já tem uma visão mais ampla dos impactos
dos fenômenos organizacionais nas pessoas. Neste contexto, Amélia Ribeiro
(2010) afirma que:
“... as ações desse departamento ultrapassam os
aspectos instrumentais e tornam-se mais sensíveis à dinâmica
das relações entre indivíduo e sociedade; compreendem que o
espaço organizacional é, sobretudo, um espaço de valorização
da dimensão e da dignidade humana.” (p.10).
Em razão dessa visão de Recursos humanos, as políticas de
treinamento acabam se tornando estratégias de socialização do conhecimento
que ao considerar o sujeito em sua singularidade pretende contribuir para a
transformação do indivíduo em outras áreas de suas vidas além da profissional.
32
Adicionalmente, Amélia Ribeiro (2010) destaca características
relevantes no perfil do profissional de Pedagogia que atua nas empresas, como
segue:
“O pedagogo que atua na empresa precisa ter
sensibilidade suficiente para perceber quais estratégias podem
ser usadas e em que circunstâncias para que não se
desperdice tempo demais aplicando numerosos métodos e,
com isso, percam-se de vista os propósitos tanto da formação
quanto da própria empresa. (...)” (p.24).
Ainda tratando do perfil do Pedagogo Empresarial, percebemos que
para esse profissional é requerido algumas qualidades em especial tamanha a
expectativa que se tem de seu trabalho, Amélia Ribeiro (2010) apud Meyer diz
que:
“O Pedagogo Empresarial tem de aprender a ser
mais flexível e permitir, ao planejar uma atividade de formação
profissional, que a aprendizagem seja realizada pelos
aprendizes e que as metas esperadas de cada um
(possibilidades de desempenho de cada aluno) sejam
claramente definidas e informadas ao aprendiz.” (p.29).
O perfil do Pedagogo Empresarial é algo que requer uma atenção
em especial, pois o ambiente no qual ele vai desenvolver suas atividades é
extremamente exigente em termos de obtenção de resultados. Além do já
exposto, é necessário que esse profissional seja capaz de fomentar o
desenvolvimento de competências e habilidades em detrimento de apenas
33
desenvolver no recurso humano no domínio técnico ou prático de uma
determinada função.
Dentre as atividades desempenhadas pelo Pedagogo Empresarial
Amélia Ribeiro (2010) destaca ainda que ele deve auxiliar o desenvolvimento
de instrumentos e a capacitação quanto à observação sistemática do
funcionário, à obtenção de dados e informações a respeito dos funcionários em
termos de seu desempenho, assim como quanto à proposição de medidas com
vistas a corrigir os desvios constatados, com o objetivo claro de evidenciar o
resultado das práticas pedagógicas aplicadas.
Um dos espaços físicos que o Pedagogo Empresarial vem atuando
nas empresas está se popularizando, pelos menos nas grandes empresas,
com a denominação de Universidade Corporativa.
A velocidade com que as mudanças na economia, políticas de
governos e tecnológicas, já faladas, tem levado as grandes corporações a se
organizarem no intuito de se adequarem ao novo tempo. Elas perceberam que
treinar seus funcionários para dar conta de suas necessidades de forma
contínua e sistematizada é o melhor caminho, o que dá mais retorno e muitas
vezes, o de menor custo. Com isso, foi desenvolvido um conceito de
aprendizagem organizacional chamado de Universidades Corporativas, as
UCs.
As grandes empresas já perceberam que é preciso mais do que
simples programas de treinamento para aumentar o envolvimento dos
empregados na organização. É necessário que haja cumplicidade,
34
reconhecimento entre os funcionários e a empresa. As UCs cada vez mais têm
se tornado importante para as empresas e têm se revelado muito eficientes
como veículos de alinhamento e desenvolvimento de talentos humanos dentro
da própria empresa.
3.2 - Conceito de Universidade Corporativa
O conceito de Universidade Corporativa não é uma novidade por
completo, na verdade ele já vem se materializando no ambiente corporativo
desde 1955 quando a General Elétric (GE) lançou a Crotonville Management
Development Institute. Crotonville é o lendário centro de treinamento da GE,
que ocupa uma área de 220 000 metros quadrados na pequena cidade de
Ossining, localizada a pouco mais de 1 hora da cidade de Nova York nos
Estados Unidos.
Não há um levantamento preciso da quantidade de empresas que
instituíram as UCs em suas atividades aqui no Brasil, mas as primeiras que
instituíram foram: Accor Brasil, Algar, Amil, Brahma, BankBoston, Elma Chips,
Ford, McDonald´s e Motorola. Há outras empresas que não denominam seus
centros de treinamento como UC embora não usem o nome Universidade
Corporativa, apresentam sistemas de treinamento cujos princípios estão
pautados por uma abordagem de gestão do conhecimento e competências
muito próximos do idealizado para uma UC: aproximação empresa/escola.
Atualmente cada vez mais empresas adotam essa iniciativa em sua
grade empresarial. Com isso, o aumento da quantidade de UCs tem gerado
muita discussão nos meios acadêmicos. Muitos estudiosos têm escrito sobre
35
esse tema, Marisa Eboli (1999), citada por Renata Carvalho (2012), define o
dever das UCs da seguinte forma:
“A Missão da Universidade Corporativa é formar e
desenvolver os talentos humanos na gerência dos negócios,
promovendo a gestão do conhecimento organizacional
(incluindo geração, assimilação, difusão e aplicação). Seu
principal objetivo é o desenvolvimento e a instalação das
competências profissionais, técnicas e gerenciais consideradas
essenciais para a viabilização das estratégias da organização.
Entretanto, para defini-las, é fundamental que a empresa
identifique qual é a sua competência empresarial. Ou seja,
aquela competência que realmente constituirá seu diferencial
competitivo e será responsável pelo seu sucesso.” (p.33).
Já Renata Carvalho (2012), faz um resumo interessante do papel das
UCs:
“A Universidade Corporativa personifica a filosofia
de aprendizagem da organização, um modo de pensar que tem
como meta oferecer a todos os níveis de funcionários o
conhecimento, as qualificações e as competências necessárias
para atingir os objetivos estratégicos da organização. Para o
treinamento tradicional, o processo de aprendizagem é algo
que tem começo e fim: depois de certa quantidade de
treinamento, o serviço está completo. Nessa abordagem, o
aluno forma-se e pára de aprender, já a Universidade
Corporativa se responsabiliza pelo aprendizado dessas novas
qualificações e competências durante toda a vida profissional.”
(p.34).
36
A atuação do Pedagogo vem, de fato, fazendo a diferença neste
contexto de treinamento empresarial nas Universidades Corporativas. Para
enriquecer esta assertiva trago como exemplo a experiência da Universidade
Corporativa da empresa Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.
A Universidade Petrobras é o órgão da Petrobras responsável pelo
treinamento e desenvolvimento dos recursos humanos da empresa. Nestes
centros, profissionais tanto de nível médio quanto nível superior, experientes ou
mesmo recém-admitidos, fazem diversos tipos de cursos, de curta ou media
duração (de até 18 meses). Os funcionários recebem treinamentos técnicos,
bem como de conhecimentos organizacionais, sobre a Petrobras e a atividade
das indústrias de Petróleo. Isso se dá em razão do desejo da Petrobras em
criar uma unidade estratégica de educação corporativa para a empresa,
também pelo fato da indústria como um todo apresentar carências de
profissionais qualificados para o desenvolvimento adequado nessa atividade
tão peculiar.
A Universidade Petrobras é uma evolução dos antigos centros de
treinamento. Atualmente com a participação efetiva de Pedagogos
Empresariais, os programas desenvolvidos alcançam todas as unidades de
negócio para funcionários de todos os níveis hierárquicos e os cursos de
capacitação abrangem áreas de tecnologia, pessoas, parcerias, clientes,
cultura, gestão e sociedade.
37
Até bem pouco tempo essas atividades eram idealizadas e
realizadas por profissionais de recursos humanos. A Universidade Petrobras
com a atuação dos Pedagogos tem-se diferenciado dos antigos centros de
treinamentos, pois tem desenvolvido novas soluções de ensino, disseminação
da cultura organizacional com mais eficácia, sistema de avaliação onde os
alunos avaliam o curso e os professores, avaliação essa que serve para o
aprimoramento contínuo da qualidade tanto dos cursos ministrados, inclusive o
material didático utilizado nas aulas, quanto dos professores, tudo em prol do
alcance excelência no exercício da aprendizagem.
Os resultados do sucesso da participação de Pedagogos na
Universidade Petrobras tem se evidenciado nas avaliações recebidas do
público alvo dos treinamentos: os próprios funcionários, especialmente, os
experientes que já tinham históricos de treinamentos externos à Universidade
Petrobras.
38
CONCLUSÃO
Este trabalho de monografia teve como objetivo geral esclarecer
como a atuação do profissional de Pedagogia pode ser o diferencial no
contexto de treinamento de recursos humanos no ambiente corporativo. E
como objetivos específicos, compreender amplamente como se dá a atuação
do profissional de Pedagogia no processo de aprendizagem e abordar a
aplicabilidade do conhecimento pedagógico detido pelo profissional de
Pedagogia no contexto de treinamento corporativo.
Utilizando-se principalmente de pesquisa bibliográfica, artigos, de
webgrafias e outras dissertações de estudiosos do assunto, constatei a
importância da atuação do Pedagogo no ambiente corporativo. Sem dúvida
com base no que os autores citados descreveram, esse profissional é o mais
capacitado para contribuir de maneira mais eficaz para os objetivos
corporativos, em se tratando de treinamento de recursos humanos.
Evidentemente, me refiro à esfera pedagógica. É claro que sob o
ponto de vista da eficácia plena buscada nos treinamentos entram também
como contribuintes fundamentais para o sucesso, as figuras dos instrutores,
dos professores, da dedicação e motivação de cada aluno funcionário etc.
Foi constatado neste trabalho que o profissional de Pedagogia é
privilegiado neste aspecto por que a sua formação acadêmica lhe permite atuar
39
em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à
organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e
modos de ação. Na minha modesta opinião esse aspecto de sua formação lhe
dá o que nenhum outro profissional, pelo menos na sua essência acadêmica,
tem: a aprendizagem como objeto fundamental de estudo.
Por essa razão, e de acordo com o observado no caso da
Universidade Petrobras, podemos concluir que ele de fato tem feito diferença
no contexto de treinamento de recursos humanos no ambiente corporativo.
Mas ressalto que este mercado de trabalho do Pedagogo ainda está em franca
expansão e ainda há muito que se aprender com as experiências desses
profissionais que posso até, talvez exagerando um pouco, mas sem medo de
pecar pelo excesso, chamá-los de desbravadores.
40
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PINTO, Umberto de Andrade; Revista Múltiplas Leituras, v.1, n. 1, p. 107-116, jan. / jun. 2008.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PEDAGOGIA E A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PEDAGOGO 10
1.1 - Das práticas educativas e suas contribuições 11
1.2 – O Pedagogo e seu papel 14
CAPÍTULO II
PEDAGOGIA EMPRESARIAL: CONCEITO E PERSPECTIVAS 19
2.1 – A partir da década de 1980 20
2.2 - O papel da Pedagogia Empresarial 22
CAPÍTULO III
O PAPEL DO PEDAGOGO NO CONTEXTO DE UNIVERSIDADE
CORPORATIVA 30
3.1 - Atuação do Pedagogo 30
CONCLUSÃO 38
43
BIBLIOGRAFIA 40
INDICE 42