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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ADEQUAÇÃO DOS ESPAÇOS AMBIENTAIS ÀS

NECESSIDADES ATUAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Maria das Graças Passos

Orientador:

Prof. Carlos Afonso Leite Leocadio

Guarulhos – São Paulo

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ADEQUAÇÃO DOS ESPAÇOS AMBIENTAIS ÀS

NECESSIDADES ATUAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Trabalho monográfico apresentado como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em

Administração Escolar.

Por: Maria das Graças Passos

Guarulhos – São Paulo

2007

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, por esta

oportunidade, e, em segundo, ao Prof.

Alexandre Luiz Giordano, que muito

colaborou para que este trabalho se

realizasse.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha mãe e

ao meu marido, que sempre me

incentivaram a continuar estudando.

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RESUMO

Este trabalho apresenta reflexões sobre a importância do espaço

escolar para a prática pedagógica e para o processo de inclusão dos alunos

com necessidades especiais ou que sofram outro tipo de exclusão motivada

pelo fracasso escolar ou quaisquer outras diferenças sociais entre alunos.

Apresentam-se também algumas mudanças que devem ser feitas para

que essa inclusão ocorra, sendo que elas devem abranger todos os segmentos

da escola, bem como o currículo, a formação dos professores e a adaptação

do espaço físico.

O espaço é considerado um elemento significativo do currículo oculto e

cumpre um importante papel pedagógico.

Acredita-se que a inclusão é possível; no entanto, a escola e todos que

fazem parte desse contexto devem estar abertos a mudanças e acreditar no

educando e nas suas capacidades.

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METODOLOGIA

Foram utilizados, para comprovar o estudo, artigos, fotos, pesquisas em

campo, entrevistas com profissionais na área de educação, reportagens, a

própria LDB e experiências vividas em sala de aula pela autora.

Durante o processo de coleta de dados e as observações em campo,

ficou comprovado que as escolas, no geral, não estão aparelhadas, nem

preparadas física e pedagogicamente para receber alunos portadores de

necessidades especiais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O que diz a Lei? 10

1.1 – Fundamentos da lei 11 1.2 – A Educação Especial 13 1.3 – O Trabalho Pedagógico 15

CAPÍTULO II - Educação e Inclusão 17

2.1 – Espaço Escolar: um elemento in(visível) no currículo 18 2.2 – O professor está preparado para lidar com as diferenças? 24

CAPÍTULO III – A Adequação dos espaços ambientais 26

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 35

ANEXOS 38

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INTRODUÇÃO

Os espaços ambientais e as atuais construções nas Escolas Estaduais

e Particulares de Guarulhos, no geral, não estão espacialmente adequados às

novas normas exigidas pela Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 (LDB).

Os espaços de vivência (a casa, a escola, o bairro) representam uma

experiência decisiva na aprendizagem e na formação das primeiras estruturas

cognitivas; e, em sua materialidade, propiciam experiências espaciais que são

fatores determinantes do desenvolvimento sensorial, motor e cognitivo

(PIAGET, 1970).

Sendo assim, o espaço escolar adquire uma importância ímpar,

sobretudo, para os alunos com deficiências físico-motoras, sensoriais e outras,

que geram inclusões e exclusões.

A partir da LDB 9394/96, os alunos com necessidades educacionais

especiais passam a ser atendidos na rede regular de ensino; assim, um novo e

grande desafio emerge no espaço escolar. Como atender a uma gama tão

diversificada de alunos com deficiências: físicas, auditivas, mentais, visuais,

múltiplas, com as inúmeras barreiras arquitetônicas e sociais que se fazem

presentes no cotidiano escolar?

A escola é um dos equipamentos públicos mais abertos e interativos

com o cotidiano da cidade, onde o espaço físico é parte integrante do

processo pedagógico, segundo o Fundo de Fortalecimento da Escola-

FUNDESCOLA1, Brasília (2002).

1 Espaços Educativos. Ensino Fundamental. Subsídios para elaboração de projetos e adequação de edificações escolares. Cadernos Técnicos 4. Volume 1.

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Analisar o ambiente escolar é uma necessidade premente, uma vez que

esse tem sido negligenciado, inclusive, pela iniciativa privada, cujos prédios

escolares, na maioria das vezes, não contemplam sequer as condições

básicas de conforto ambiental e de segurança; construções que não atendem

às inclusões, dificultando o acesso a outros ambientes e ao convívio com os

demais; espaços não adequados à recreação e aos momentos de lazer.

Sabe-se que em ambientes que proporcionam o confinamento e a

poluição sonora acima do aceitável, os indivíduos tornam-se mais irritadiços e

propensos à agressão. Moore (1992) afirma que pesquisas realizadas

comprovaram que, quando as crianças ficam em espaços muito restritos, os

comportamentos tornam-se mais agressivos, destrutivos, e a interação diminui.

São, portanto, objetivos desta pesquisa identificar os problemas

existentes nos espaços internos e nas construções feitas nas Escolas

Estaduais e Particulares de Guarulhos e apresentar soluções para o

confinamento e favorecer a adequação dos espaços de forma que atendam à

diversidade do alunado, modificando os já construídos ou adaptando-os para

minimizar os problemas.

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CAPÍTULO I

O QUE DIZ A LEI?

O país é riquíssimo em leis que protegem as crianças

com necessidades especiais. Mas falta sensibilidade para

alguns gestores da educação. Ainda há medo e

preconceito. (José Rafael Miranda, coordenador-geral de

desenvolvimento da Secretaria de Educação Especial do

MEC, Folha de S. Paulo, on line, 22/02/2004)

O Conselho Estadual de Educação, no uso de suas atribuições, com

fundamento na Lei 9.394/96, Art. 58 § 1º, 2º; Art. 59, incisos I, II, III, IV, V, Art.

60, Parágrafo único, Art. 2º, inciso XXIII da Lei Estadual nº 10.403/71 e na

Indicação CEE nº 12/99, diz que:

Art. 2º da Deliberação CEE nº 05/00, da Resolução SE de

03/05/00, DOE de 04/05/00, Seção I, págs. 09/10 - A

educação especial, desde a educação infantil até o

ensino médio, deve assegurar ao educando a formação

básica indispensável e fornecer-lhe os meios de

desenvolver atividades produtivas, de progredir no

trabalho e em estudos posteriores, satisfazendo as

condições requeridas por suas características e

baseando-se no respeito às diferenças individuais e na

igualdade de direitos entre todas as pessoas.

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1.1 – Fundamentos da lei

Art. 4º da Deliberação CEE nº 05/00, da Resolução SE de

03/05/00, DOE de 04/05/00, Seção I, págs. 09/10 - O

atendimento educacional aos alunos com necessidades

educacionais especiais deve ser feito nas classes comuns

das escolas, em todos os níveis de ensino.

§ 1º - Os currículos das classes do ensino comum devem

considerar conteúdos que tenham caráter básico, com

significado prático e instrumental, metodologias de ensino

e recursos didáticos diferenciados e processos de

avaliação que sejam adequados à promoção do

desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com

necessidades educacionais especiais.

Entende-se hoje, dentro de uma perspectiva de educação inclusiva,

que os conhecimentos, habilidades e valores a serem alcançados pelos alunos

com necessidades educativas especiais incluídos nas turmas do ensino

comum devem ser os mesmos propostos para os seus colegas, variando,

todavia, o apoio que cada aluno deve receber em função de suas

peculiaridades e os critérios de aquisição que forem mais convenientes para

serem considerados nos processos de avaliação educacional.

§ 2º - As matrículas dos alunos com necessidades

educacionais especiais devem ser distribuídas pelas

várias classes da série em que estes forem classificados,

de modo a tirar vantagens das diferenças e ampliar

positivamente as experiências de todos os alunos, dentro

do princípio de educar na diversidade.

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Nesta nova perspectiva em relação à educação especial, uma série de

concepções e práticas devem ser modificadas. Uma delas diz respeito à

questão de delimitar ou não o número dos alunos com necessidades especiais

por classe. A atitude mais recomendável é distribuí-los de forma equilibrada

pelas classes de uma série compostas de alunos com uma riqueza de

diferentes características: rápidos, lentos, colaboradores, retraídos, agitados,

dispersivos etc. A regra é tirar vantagens das diferenças e ampliar

positivamente as experiências de todos os alunos.

§ 4º - Os educandos com necessidades educacionais

especiais deverão contar com mobiliário adequado nas

salas do ensino comum.

Os educandos com necessidades educacionais especiais deverão

contar com mobiliário adequado nas salas do ensino comum, devendo ainda

as escolas atender à legislação vigente quanto à adequação dos prédios para

atender, em especial, os alunos com deficiência física.

Art. 6º, § 2º da Deliberação CEE 05/00, da Resolução SE

de 03/05/00, DOE de 04/05/00, Seção I, págs. 09/10- As

escolas devem garantir oportunidades aos alunos que

estiverem freqüentando classes especiais de

participarem, com todos os demais alunos, de atividades

extra-classes esportivas, recreativas e culturais.

As unidades escolares devem garantir oportunidades aos alunos que

estiverem freqüentando as classes especiais de participarem de atividades

esportivas, recreativas e culturais com os demais colegas, baseando-se no

respeito às diferenças individuais e na igualdade de direitos entre todas as

pessoas.

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Art. 11 da Deliberação CEE nº 05/00, da Resolução SE

de 03/05/00, DOE de 04/05/00, Seção I, págs. 09/10 –

Programas de formação inicial ou continuada devem

oferecer aos professores que ensinam em classes

comuns, oportunidades de apropriação de conteúdos e

competências necessários para um trabalho com alunos

com necessidades educacionais especiais incluídos em

suas classes.

Todos os professores que trabalham em classes comuns de todo o

ensino básico devem apropriar-se de conteúdos e competências necessários

para um trabalho com alunos com necessidades educativas especiais em sua

formação inicial ou continuada.

1.2 – A educação especial

A educação tem hoje grandes desafios para garantir a todos os

indivíduos a apropriação do conteúdo básico que a escolarização deve

proporcionar. Esta meta estende-se a todas as modalidades do sistema de

ensino, incluindo a educação especial, voltada para alunos que apresentam

necessidades especiais, ou seja, pessoas que apresentam significativas

diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais decorrentes de fatores inatos ou

adquiridos, de caráter temporário ou permanente e que, em interação dinâmica

com fatores sócio ambientais, resultam em necessidades muito diferenciadas

da maioria das pessoas.

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Todas as crianças têm direito a uma educação de qualidade, na qual

suas necessidades individuais possam ser atendidas, em um ambiente

enriquecedor e estimulador para o desenvolvimento cognitivo, emocional e

social.

Mas, por falta de informação ou omissão dos pais, dos educadores e do

poder público, milhares de crianças ainda vivem escondidas em suas casas ou

isoladas em instituições especializadas – situação que priva as crianças com

ou sem deficiência de conviver com a diversidade.

De acordo com Cardoso (2003, p. 143)

A inclusão resulta de um complexo processo de

integração, de mudanças qualitativas e quantitativas,

necessárias para definir e aplicar soluções adequadas.

Falar de inclusão no Brasil é falar de inclusão social, do

direito de cidadania de todas as crianças.

Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que

haver rampas e banheiros adaptados. Os alunos precisam de liberdade para

aprender do seu modo, de acordo com as suas condições, e isso vale para

todos os estudantes, com ou sem deficiência.

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1.3 – O trabalho pedagógico

Segundo o Relatório das Conselheiras Sônia Terezinha de Sousa Penin

e Zilma de Moraes Ramos de Oliveira do Conselho Estadual de Educação de

São Paulo, publicado no DOE em 04/05/00, Seção I, pp. 09/10 e republicado

no DOE de 11/05/00, Seção I, págs. 10/11.

Até recentemente, em grande parte dos países, o

movimento teórico dominante relativo ao atendimento

educacional a crianças, adolescentes, jovens e adultos

com necessidades educacionais especiais recomendava

ações educacionais que privilegiavam a organização de

salas especiais nas instituições escolares, separando tal

população dos demais alunos.

Essa concepção reforça a separação/segregação de indivíduos que

podem e devem conviver de forma integrada com os demais alunos

pertencentes a uma sociedade que deve estar preparada para oferecer

oportunidades iguais para todos, quaisquer que sejam suas diferenças.

Um apoio pedagógico diversificado na rede de ensino

comum é considerado um mediador da aprendizagem e

do desenvolvimento destes alunos mais eficiente do que

um trabalho segregado com programações específicas.

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Este é o grande desafio das escolas quando têm que estender a todos

os alunos com necessidades educacionais especiais metodologias de ensino e

recursos diferenciados que lhes proporcionem êxito na tarefa de atingir os

objetivos curriculares.

Os conhecimentos, habilidades e valores alcançados pelos alunos com

necessidades educativas especiais incluídos nas turmas do ensino comum

devem ser os mesmos propostos para os seus colegas, porém, em função de

suas peculiaridades, devem receber os que forem mais convenientes para os

processos de avaliação educacional.

Deve-se oferecer às escolas e aos professores amplo apoio pedagógico,

salas de recursos, materiais didáticos e espaço físico escolar adequados.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO E INCLUSÃO

Se pudesse, acrescentaria um artigo à Declaração dos

Direitos da Criança: toda criança tem o direito de

conhecer a humanidade como ela é.

(Cláudia Werneck, jornalista e escritora) 2

Uma sociedade e uma escola para todos, todos mesmo, sem exceções.

Tamanha ênfase parece bobagem. Afinal, quem diz "todos" não exclui

ninguém, certo? Isso é o que pensam gramáticos e legisladores. Mas não os

militantes da sociedade inclusiva. Para eles, ressaltar, destacar e pôr em

evidência o caráter incondicional da inclusão nunca é demais. Permite

compreender a profundidade da revolução que é proposta e ajuda a desatar o

nó em que se transformaram os debates sobre o assunto.

Cláudia Werneck3, uma das maiores especialistas brasileiras na área,

diz que é preocupante como a palavra inclusão é mal utilizada. Confunde-se

integração com inclusão; inclusão não é privilégio de portadores de deficiência

ou é feita somente para beneficiá-los; achar que inclusão é igual a respeito às

diferenças; ou que se trata da reinserção social dos desvalidos, das vítimas do

sistema, de quem não tem o que comer ou onde morar.

2 Retirado da entrevista concedida pela jornalista, escritora Cláudia Werneck para o site Aprende Brasil, em novembro de 2001, intitulada “A humanidade como ela é”. Entrevista completa www.aprendebrasil.com.br/entrevistas/entrevista0073.asp. 3 Ibid

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A escola precisa mudar não porque não é boa para a

criança com deficiência, mas porque não está boa para

ninguém. As deficiências são tomadas apenas como

meta porque "são o fim da linha" ou “o que sempre fica de

fora". No dia em que a escola for boa para uma criança

com deficiência, ela vai ser boa para todo mundo.

(Cláudia Werneck)4

Ela critica a escola brasileira que, com raras exceções, “tem uma

proposta segregadora muito bem disfarçada, gera competição a todo custo e

nega a característica mais típica da humanidade, a diversidade”. Nem por isso

acha que tais mazelas tornam inviável a inclusão. Para ela, a principal barreira

é a baixa auto-estima do professor: “Ele acha que a inclusão é muito grande

para ele”.

2.1 – O Espaço/Ambiente escolar: um elemento (in)visível no

currículo

O espaço escolar deve compor um todo coerente, pois é nele e a partir

dele que se desenvolve a prática pedagógica, sendo assim, ele pode constituir

um espaço de possibilidades, ou de limites; tanto o ato de ensinar como o de

aprender exigem condições propícias ao bem-estar docente e discente.

4 Retirado da entrevista concedida pela jornalista, escritora Cláudia Werneck para o site Aprende Brasil, em novembro de 2001, intitulada “A humanidade como ela é”. Entrevista completa www.aprendebrasil.com.br/entrevistas/entrevista0073.asp.

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O espaço material é um pano de fundo onde as sensações se revelam e

produzem marcas profundas que permanecem, mesmo quando as pessoas

deixam de ser crianças. Através dessa qualificação, o espaço físico adquire

uma nova condição: a de ambiente (Lima, 1989). Em consonância com o

pensamento do referido autor, Frago (1998, p.63) diz que “essa tomada de

posse do espaço vivido é um elemento determinante na conformação da

personalidade e mentalidade dos indivíduos e dos grupos”.

Considerando assim, a grande relevância do espaço para a vida do

homem e sua dimensão educativa, o espaço/ambiente escolar, recorte

temático desta pesquisa, adquire uma fundamental importância e para estudá-

lo, é preciso considerá-lo como parte integrante de um contexto macro e como

um reflexo das representações sociais (conjunto de informações, crenças,

opiniões e atitudes partilhadas por um grupo a respeito de um dado objeto

social). Pois, como afirma Wolff (1996, p.105):

A arquitetura, mais do que abrigar variadas funções da

atividade humana, é suporte de conteúdos simbólicos.

Através de suas formas os edifícios caracterizam-se

como símbolos destas mesmas funções. É por isso que

ao longo da história aprendeu-se a decodificar a imagem

da igreja, da mesquita, do prédio dos correios, da agência

bancária, do mercado e da escola, entre tantas outras

tipologias arquitetônicas que se foram consolidando.

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Portanto, o espaço, aparentemente estático, é fruto de um processo

dinâmico de uma rede de relações, da forma como o Estado atua através das

políticas públicas e de como as diversas classes sociais fazem-se representar

no poder político. Por isso, segundo Foucault (1979), ao se analisar a história

dos espaços, faz-se, simultaneamente, a história dos poderes e é

surpreendente ver, como o problema dos espaços levou tanto tempo para

aparecer, como um problema sócio político.

Observa-se que, em geral, as edificações escolares são de má

qualidade e não atendem aos mínimos requisitos de conforto ambiental.

Verifica-se um excesso de tolerância, quanto aos espaços escolares,

principalmente, aos das redes públicas. A baixa qualidade do ambiente escolar

é geralmente atribuída à urgência e aos custos implicados. Entretanto, sabe-se

que, subjacente a isso, está a pouca importância dada às escolas destinadas

às classes populares. Como observa Lima (1989, p.37)

As escolas nas áreas centrais, até por serem geralmente

construídas na época em que só as elites tinham acesso

à educação, eram providas de espaços adequados para a

leitura e para a recreação. À medida que as camadas

populares, em massa, conquistaram o direito à educação,

os espaços escolares passaram por um processo de

emagrecimento. Desapareceram os laboratórios, a

biblioteca, o antigo salão ou auditório e o próprio galpão

destinado ao recreio passou a ser dimensionado para o

sistema de rodízio.

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Entretanto, apesar dos estudos e descobertas, nessa área, ainda é

perceptível o hiato que existe entre o nível de conhecimento e a realidade

expressa nas edificações escolares.

Essa preocupação com o ambiente escolar, objeto de estudo desta

pesquisa, é de grande significação social, sobretudo nesse momento em que

se inicia o processo de inserção dos alunos com necessidades educativas

especiais na rede regular de ensino; pois, embora o espaço escolar seja de

suma importância para todos, é condição básica para o alunado com

deficiências físicas , sensoriais etc.

De acordo com Escolano (1998, p. 27, 45)

Os espaços educativos, como lugares que abrigam a

liturgia acadêmica, estão dotados de significados e

transmitem uma importante quantidade de estímulos,

conteúdos e valores do chamado currículo oculto...

[...] a arquitetura escolar pode ser vista como um

programa educador, ou seja, como um elemento do

currículo invisível ou silencioso, ainda que ela seja, por si

mesma, bem explícita ou manifesta. [...]

Sendo assim, o espaço escolar, nas atuais circunstâncias, é

deseducativo, principalmente para os alunos com deficiências físicas,

sensoriais e mentais, na medida em que lhes são negadas as condições

mínimas de acessibilidade, autonomia e de interação.

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A acessibilidade refere-se ao direito que o cidadão tem de ter acesso

aos lugares, às pessoas e às atividades humanas. É a possibilidade de

interagir com o ambiente em que se vive, portanto tem um sentido mais amplo

e não se limita às barreiras arquitetônicas. O acesso fácil ao espaço escolar é

condição básica e primordial para a inclusão, sobretudo para os alunos com

deficiências que, devido a etiologias variadas, apresentam comprometimento

da mobilidade, da coordenação motora, do senso de orientação que dificultam,

ou impedem, o acesso a determinados lugares e serviços, principalmente

quando a Norma Brasileira Regulamentadora – NBR 9050 (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994), deixa de ser cumprida.

Nas escolas estaduais e particulares pesquisadas, nenhuma das leis

existentes sobre a acessibilidade é cumprida e verifica-se ainda a omissão por

parte da Secretaria da Educação e também de outras instâncias fiscalizadoras.

Outro aspecto de relevância é a acústica. Pesquisas comprovam que

estímulos sonoros inadequados propiciam dificuldades de aprendizagem,

devido à ininteligibilidade do som, à dificuldade de comunicação

professor/aluno. Nas áreas escolares, os valores recomendáveis, em decibéis

[dB], são: de 40 dB, para as salas de aula, e de 70 dB, para outras

dependências.

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Por conta disso, os projetos de construção e/ou reformas das escolas

devem contemplar estudos dos possíveis ruídos que possam afetar a boa

acústica do ambiente, para que sejam colocadas barreiras que impeçam a

passagem desses ruídos indesejáveis. Na avaliação da qualidade acústica,

devem-se observar as características internas do ambiente, como: forma,

dimensões e absorção das superfícies que interferem na inteligibilidade e

reverberação do som, (persistência do som no recinto, depois de cessada a

emissão); e características dos ruídos, quanto à intensidade, ao tipo, à duração

e à qualidade. A localização da escola tem grande influência, quanto à

produção dos ruídos externos.

Isso é bastante preocupante, sobretudo nas salas onde há alunos com

resíduo auditivo que fazem uso de aparelhos e, também, alunos com

deficiência visual que dependem, basicamente, da audição, precisam gravar as

aulas e a gravação torna-se ininteligível por causa do excesso de barulho.

Em quaisquer circunstâncias, os ruídos (internos e/ou externos), em

excesso, levam a uma série de patologias, tais como: excitação, estresse,

insônia, úlceras no estômago, fadiga, neuroses, náuseas, surdez precoce etc.

Além disso, ainda aumenta a incidência de crianças nervosas e agressivas;

aumenta o número de acidentes e diminui o rendimento escolar (GRAVIÉ;

GONZALEZ; HECHEVERRIA, 1985).

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2.2 – O professor está preparado para lidar com as diferenças?

Desde que a última Lei de Diretrizes e Bases anunciou a

obrigatoriedade das escolas públicas e particulares aceitarem alunos especiais

em suas turmas regulares, muitas dúvidas e mitos cercam os pais e

educadores da área. Dúvidas a parte, é quase consenso entre os especialistas

que a educação inclusiva só pode ser benéfica para os estudantes em geral.

“A educação inclusiva provocará uma mudança de visão na sociedade

do futuro. As crianças de hoje não olharão mais para as pessoas com

deficiência com a mesma desconfiança que nós, que crescemos com a

separação”, diz Luiza Russo,5 especialista na área e presidente do Instituto

Paradigma. No entanto, muitos educadores indagam: “A escola pública tem

estrutura para esse atendimento? Qual preparo o professor possui para lidar

com essas diferenças?”

O principal problema trazido pelo despreparo é que o professor, muitas

vezes, se desvia de seu papel de educador. “É comum o professor sair de seu

foco e atuar como assistente social ou médico, focando a reabilitação e não a

educação da criança”, diz. Para ela, o educador deve partir sempre do mesmo

princípio: aproveitar as habilidades da criança e aprender a lidar com suas

dificuldades, tenha ela deficiência ou não.

5 Publicado pelo site Aprendiz 08/09/2004, intitulada “Educação Inclusiva ainda causa polêmica”.

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“Grande parte desses educadores não tiveram nenhuma base sobre o

assunto em sua formação. As maiores universidades do país ainda estão em

processo de implantação de disciplinas que abordem o assunto em sua grade

curricular, e muitos professores só vão buscar um apoio quando já possuem o

aluno na sala de aula”, afirma Carlos Ramiro,6 presidente da Apeoesp

(Associação dos Professores Estaduais do Estado de São Paulo).

O governo pecou ao jogar a lei, mas não adequar a estrutura da sala de

aula para que a inclusão acontecesse de fato. “Não dá para falarmos em

inclusão em uma sala com 50 alunos”, afirma Ramiro7. Segundo ele, outro

grande problema é a falta de preparo dos professores para lidar com as

diferenças. “Isso pode resultar em isolamento da criança especial, ou o

professor pode deixar de dar aos outros a assistência necessária”, diz.

6 Publicado pelo site Aprendiz 08/09/2004, intitulada “Educação Inclusiva ainda causa polêmica”. 7 Ibid.

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CAPÍTULO III

A ADEQUAÇÃO DOS ESPAÇOS AMBIENTAIS

O espaço escolar é visto como uma fonte de experiências

e de aprendizagem que, em sua materialidade, está

impregnado de signos, símbolos e marcas que

comunicam e educam; a sua produção, distribuição,

posse e usos têm um importante papel pedagógico.

(Solange Lucas Ribeiro)8

O espaço nosso de cada dia é carregado de significados compartilhados

e expressos nas práticas sociais, e isso explica, de certa forma, o descaso que

permeia muitos dos espaços escolares, públicos, destinados aos segmentos

sociais que têm pouco poder de pressão.

Uma análise desses espaços, nas últimas décadas, sobretudo a partir

de 60, quando as mudanças foram mais significativas para atenderem a

crescente demanda escolar, decorrente do rápido crescimento demográfico e

do processo de industrialização, demonstra que o país não estava preparado

para atender às necessidades emergentes, pois sempre negligenciara a

educação, e, assim, começam as improvisações.

8 Prof. Assistente (DEDU/UEFS). Mestre em Educação Especial (UEFS/CELAEE/Cuba). Sitientibus Feira de Santana, n.31, p. 103-108, jul./dez. 2004.

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Observa-se que, em geral, as edificações escolares são de má

qualidade e não atendem aos mínimos requisitos de conforto ambiental.

Algumas escolas funcionam de maneira precária como relata Maria Helena

Miranda Barlido Cordeiro9 “A minha sala, este ano, é a menor de todas. Faltou

espaço físico para colocarem os alunos. Foi colocada uma divisória entre a 8ª

série e a 4ª série que, na realidade, não divide. Então, escuto tudo o que se

passa lá e vice-versa”.

Quanto a essa lógica vigente na sociedade, à qual se refere Lima (1989,

p. 37), de se construir ou conceder os espaços de acordo com o grupo ao qual

se destina, um fato serve para ilustrar bem essa triste realidade, nas escolas

regulares, onde há classes especiais, essas ocupam sempre as salas menores

e de pior localização na escola, conforme relata a pedagoga e professora

deficiente visual, Teresa Cristina Mussin10 “Se você parar para analisar, a

própria sala de recursos é uma sala adaptada e não projetada para as

necessidades especiais”. Diz ainda que “não é nem uma questão de estar

adaptado, mesmo porque a adaptação pode funcionar para uns e não para

outros, pois nem todo mundo se adapta àquilo que uma pessoa criou e acha

que é bom”.

Alves (1998, p. 12) explicita claramente essa questão:

9 Retirado da entrevista concedida pela pedagoga e professora da 4ª série do Ensino Fundamental, há 23 anos, da Escola Estadual de 1º Grau “Rotary”, de Guarulhos, São Paulo. 10 A entrevistada atua na área da Educação desde 1991, na Escola Estadual “Frederico de Barros Brotero”, Guarulhos, São Paulo.

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Em cada pesquisa sobre o cotidiano da escola que

coordenava, em cada trabalho que aí realizava, ia ficando

mais claro, estranhamente mais claro, que aquele espaço

– o escolar – daria pistas importantes sobre o não

explicito na escola, naquilo que entre nós que

trabalhamos no campo curricular, convencionamos

chamar de currículo oculto.

A acessibilidade refere-se ao direito que o cidadão tem de ter acesso

aos lugares, às pessoas e às atividades humanas. Nas escolas estaduais

pesquisadas em Guarulhos, o acesso do cadeirante, do deficiente físico e do

deficiente visual inexiste. Segundo a professora e pedagoga Tatiane Roperio11

“Deveria ter condições de melhor acesso, pois no caso do cadeirante ou

deficiente físico, dificulta ou mesmo impede o acesso de uma sala para outra,

especialmente, na troca de aulas. No caso dos alunos com deficiência parcial

na visão, deveriam existir, no chão, faixas com níveis de cor que indicassem

degraus ou mudanças de nível”.

As modificações e os projetos para a adequação foram solicitados à

Direção da Escola para que a mesma tomasse as devidas providências, mas

acabaram esbarrando em alguns problemas, especialmente administrativos. “A

gestão muda periodicamente antes que a mesma entenda a necessidade de

implantação de tais mudanças e isso gera dificuldade na continuidade do

processo. As gestões mais antigas ainda fizeram algumas modificações, uma

aqui, outra ali”, acrescenta a professora.

11 A entrevistada atua na Educação desde 2002, na EE “Frederico de Barros Brotero”, Guarulhos, São Paulo.

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Além dos fatores físicos já analisados, outro componente muito

importante do ambiente escolar é o mobiliário que deve permitir o

desenvolvimento das atividades de ensino e ser cômodo para o aluno que está

atravessando uma importante fase de seu desenvolvimento. Quando o

mobiliário não leva em conta as características antropométricas do aluno e não

se ajusta às suas demandas, provavelmente, surgirão transtornos posturais

(lordose, escoliose, cifoescoliose) e cansaço, com sérias conseqüências para a

sua vida futura.

A professora Tatiane Roperio12 diz em sua entrevista “Uma coisa, que

melhoraríamos, seria o tamanho das carteiras (não a modificação do seu

formato), pois uma máquina de escrever Braille e um livro ocupam muito

espaço, além do peso dos livros”. As carteiras devem garantir comodidade ao

aluno nos pontos de apoio fundamentais, como: espáduas, glúteos, músculos,

pés, antebraço e, quando isso não acontece, gera incômodo.

A reciprocidade entre a fadiga física e intelectual deve ser levada em

conta pelos professores, para que possam intercalar as atividades com outras

que oportunizem a movimentação, em sala de aula, evitando que os alunos

permaneçam sentados por várias horas seguidas.

12 A entrevistada atua na Educação desde 2002, na EE “Frederico de Barros Brotero”, Guarulhos, São Paulo.

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Observa-se que os fatores ambientais podem representar uma fonte de

transtornos à saúde e ao rendimento dos alunos de um modo geral e,

sobretudo, dos alunos com NEE com dificuldades de locomoção, pouca

autonomia e que precisam vencer, além dos entraves citados, ainda outros,

como a questão da falta de acessibilidade e autonomia, em virtude do não

cumprimento das normas técnicas brasileiras, como a NBR 9050 (1994), que

preconiza a acessibilidade dos portadores de deficiência a edifícios, a espaços,

a mobiliários e a equipamentos urbanos. Essa norma continua a ser ignorada

nas escolas, mesmo após a LDB (1996), que estabelece que o atendimento

aos alunos, com necessidades educativas especiais, seja feito na rede regular

de ensino. As escolas construídas, ou reformadas, após essa data, continuam

a não ter rampas, corrimãos, portas e sanitários adequados, sinalizações

sonora e tátil etc.

O espaço escolar continua sendo pensado, projetado e construído para

o aluno padrão, mesmo quando se vivencia, na educação brasileira, um forte

movimento pró-inclusão. Diante disso, a dimensão espacial ganha relevância e

deve estar presente nas discussões do cotidiano da escola, levando-se em

conta a sua dimensão educativa, sob pena de se promover apenas uma

inserção física desse alunado especial, com graves conseqüências, como

afirma Carmo (2001, p. 43)

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Os fatos servem para ilustrar a suposta "miopia" dos

seguidores dessa linha de pensamento que acreditam na

inclusão, vista apenas sob o ponto de vista da legalidade,

da norma jurídica. Com isso, forçam e colocam em prática

uma ação completamente desarticulada e sem

compromisso com a realidade objetiva das escolas

regulares brasileiras.

O resultado dessa ação tem sido a segregação, o

abandono e, o que é mais grave, o comprometimento da

auto-estima dos indivíduos envolvidos nesse processo,

sobretudo porque o aluno, incapaz de responder as

exigências da escola regular, é colocado em segundo

plano e, paulatinamente, é excluído de seu interior, por

meio dos diferentes mecanismos históricos de exclusão

presentes na escola.

É conveniente ressaltar que existem vários programas do MEC que

destinam verbas diretamente às escolas [Programa de Dinheiro Direto na

Escola – PDDE], entretanto, esses recursos são utilizados mais em reformas

estéticas do que em adaptações do espaço que propiciem acessibilidade e

autonomia aos alunos com NEE. Por conseguinte, o aluno não tem as suas

diferenças reconhecidas pela escola e também não se reconhece nela, que

implicitamente mostra que ali não é lugar para ele - ensinamento silencioso,

currículo oculto - isso explica, em parte, a grande ausência desses alunos nas

escolas, privando-os do direito à educação, à profissionalização e ao exercício

pleno da cidadania. A exclusão multiforme, com relação ao espaço, constitui e

reflete a redução do cidadão a usuário (SANTOS, 1988).

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A criação de um ambiente motivador que potencialize a aceitação, a

afetividade, acessibilidade e a autonomia do alunado é imprescindível para a

formação do autoconceito positivo dos alunos em geral e, em particular, dos

alunos com deficiências. Pois, na medida em que se sentem acolhidos,

respeitados, ganham mais confiança em sua competência e estarão mais

aptos a enfrentarem os desafios que a escola regular lhes apresenta.

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CONCLUSÃO

Considerando o momento que ora se vivencia nas escolas públicas,

procurou-se, ao longo deste trabalho, evidenciar a importância do espaço

escolar, colocando-o como fonte de experiência e de aprendizagem, de limites,

ou de possibilidades para que os alunos com N.E.E. possam interagir com o

ambiente e com o outro.

Nos espaços investigados13, constatou-se que a legislação e as normas

técnicas vigentes são inteiramente descumpridas, inclusive a NBR 9050, que

disciplina a questão da acessibilidade. Assim, é negado aos alunos com

deficiência, que fazem uso de cadeira de rodas, terem acesso a dependências

essenciais da escola, como: banheiros, bibliotecas e demais salas.

Pelo que se verifica, a acessibilidade e a autonomia, embora se

constituam direitos do cidadão e condição essencial e prioritária para a

inclusão, estão sendo inteiramente desconsideradas. Portanto, a inclusão -

aqui entendida como um processo de inserção completo, sistemático e

bilateral, em que tanto a escola quanto os alunos se preparam para essa

inserção - ainda não aconteceu. A concepção do desenho universal

contemporâneo, para a formação de ambientes saudáveis e flexíveis, que

coloca a acessibilidade como condição essencial, aos espaços escolares, é

desconhecida por gestores, professores e pelos próprios alunos com

deficiências.

13 O trabalho de pesquisa ficou restrito às Escolas Públicas, pois não foi permitido o acesso às Escolas Particulares de Guarulhos.

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A inserção dos alunos com NEE ainda não provocou quaisquer

mudanças no espaço escolar; parece que esses alunos continuam invisíveis.

Ainda não se tem a clareza de que o espaço comunica e que a forma como se

efetuam sua produção, distribuição, posse e usos, tem um importante papel

pedagógico.

Assim, nas atuais circunstâncias, as possibilidades de êxito na

aprendizagem, na socialização e o conseqüente sucesso escolar, dos alunos

com NEE, são pouco prováveis, não só pelas dificuldades já elencadas, como

também, devido ao espaço atitudinal ainda marcado por estigmas e

preconceitos que fazem com que a comunidade escolar não acredite nas

potencialidades dos alunos com deficiências. Esse descrédito, associado ao

despreparo, faz com que os professores invistam muito pouco na

aprendizagem desse alunado; essas idéias preconcebidas e as expectativas

negativas afetam a auto-estima desses alunos que passam a acreditar na sua

incapacidade e, muitas vezes, desistem.

Portanto, na construção do currículo, é necessário se estar atento às

histórias não contadas, aos segmentos excluídos, buscando-se minimizar o

processo de silenciamento e os elementos do currículo oculto que tanto

contribuem para validar as desigualdades.

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ANEXO 1

ENTREVISTA

Maria Helena Miranda Barlido Cordeiro é formada em Pedagogia pela Universidade de Guarulhos e professora da Escola Estadual Rotary. Trabalha na mesma escola há 23 anos e, atualmente, é professora da 4ª série do Ensino Fundamental. Trabalha, também, com Educação Infantil numa Escola da Prefeitura de Guarulhos. AL – Com relação ao espaço físico, o que a senhora tem a comentar? MH – As salas de aula são ótimas, amplas, mas em relação ao espaço para lazer, nós não temos. Nem quadra temos. As crianças brincam num pátio fechado. Nosso anfiteatro foi cedido à Diretoria de Ensino. AL – Vocês trabalham com crianças com necessidades educacionais especiais? MH – Temos alguns deficientes físicos. Já tivemos deficiente visual, mas não totalmente. AL – Você disse que o espaço das salas de aula são adequados. Você não acha que a quantidade de alunos por sala está acima do permitido por lei? MH – A quantidade permitida por lei é de 35 alunos por sala. Já trabalhei com 42 alunos numa sala. AL – Quer dizer que a lei não é respeitada? MH – Aqui, não. AL – Se você tivesse um aluno com necessidade educacional especial (DV ou DA), qual a dificuldade que você teria em trabalhar com esse aluno? MH – Se o aluno fosse totalmente cego, eu não saberia o que fazer. Quanto ao aluno com deficiência auditiva, eu não sei gesticular. Seria um desastre. AL – Você trabalha em outra escola? Ela é particular? MH – Não. É municipal. AL – Como é a escola municipal? MH – Lá, trabalho com Educação Infantil. As salas são maiores, há um parque e um espaço grande para as crianças brincarem. Elas podem correr. Além disso, há uma brinquedoteca, porém não temos biblioteca. AL – Nas escolas da prefeitura, existem alunos deficientes, principalmente, na escola em que você trabalha? MH – Sim. São deficientes físicos e com dificuldades de aprendizagem. Há crianças que utilizam muletas e uma menina cadeirante. Ela tem muita dificuldade. Sempre alguém tem que ajudá-la a entrar na sala e colocá-la na cadeira. AL – A escola não possui rampas de acesso nem elevador? MH – Não, não possui. AL – Percebo que há muito barulho e movimentação neste momento. O que acontece? MH – Este ano, minha sala foi dividida com uma divisória. De um lado fica a minha sala e, do outro, a 8ª série. Faltou espaço para os meus alunos. Então, colocaram-nos aqui. Escuto tudo o que se passa lá e eles escutam tudo o que se passa aqui. AL – Vejo que esta escola é totalmente fechada com grades. Como a senhora vê esta questão? MH – Estudei na Escola Estadual Érico Veríssimo. Era uma escola aberta com muitas flores, muitas plantas, jardins enormes. Hoje a escola é uma verdadeira cadeia com grades nas portas, nas janelas, no pátio e nos acessos para as escadas. Tive um impacto; achei um verdadeiro horror! Esta escola já foi assaltada várias vezes e este é o motivo para tantas grades. AL – Você acha que as escolas e os professores estão preparados para receberem alunos com necessidades educacionais especiais? MH – Não. Os professores não foram preparados para isto e nem as escolas foram construídas para esta clientela. AL – Como fica o trabalho pedagógico numa escola que há alunos inclusos? MH – O trabalho é feito de forma inadequada quando há muitos alunos inclusos e com diferentes deficiências.

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ANEXO 2

ENTREVISTA

Tereza Cristina Mussin e Tatiane Roperio são formada em Pedagogia com especialização e habilitação para deficientes visuais. As professoras trabalham na Escola Estadual “Frederico de Barros Brotero” com alunos deficientes visuais. Tereza Cristina Mussin é deficiente visual e atua na educação desde 1991. Tatiane Roperio é, também, deficiente visual e atua na educação desde 2002. Elas fazem atendimento a alunos deficientes visuais em outras escolas estaduais e particulares. AL – O que vocês acham do espaço físico das escolas para o deficiente visual? TR – O espaço físico não está adaptado para atender crianças com deficiência visual e muito menos a sociedade está preparada para lidar com esta deficiência. TCM – Na verdade, não é uma questão de estar adaptado, mesmo porque a adaptação pode funcionar para uns e não para outros, pois nem todo mundo se adapta àquilo que uma pessoa criou e acha que é bom. Na verdade, eu me adaptei há muitas coisas oferecidas e não o contrário. AL – Vi que as escadas não oferecem condições para cadeirantes, pessoas com muleta e para deficiente visual. Como vocês vêem estas dificuldades? TR – Deveria ter condições de melhor acesso, pois, no caso do cadeirante ou deficiente físico, dificulta ou mesmo impede o acesso de uma sala para outra, especialmente, na troca de aulas. No caso de alunos com deficiência parcial da visão, deveriam existir, no chão, faixas com níveis de cor que indicassem degraus ou mudanças de nível. AL – Vocês solicitaram modificações/projetos à direção? Como isso foi recebido? TR – Sim, solicitamos e apresentamos projetos, mas acabamos esbarrando em alguns problemas, especialmente, os administrativos. A gestão muda periodicamente antes que a mesma entenda a necessidade de implantação de tais mudanças e isso gera dificuldade na continuidade do processo. As gestões mais antigas ainda fizeram algumas modificações, uma aqui, outra ali. TCM – Agora, essa direção... Lembro-me de uma vez em que havia uns vasos posicionados à direita e eu tropecei em um deles. Mudei-os de lugar, mas a inspetora disse-me que não poderiam ser mudados sem a autorização da diretora. Eu sugeri que colocassem todos do lado esquerdo ou todos do lado direito. Não tem como andar em ziguezague. No final eles modificaram, mas só o caminho dos professores. AL – Vocês falaram do acesso, das guias diferenciadas por cor, dos corrimãos. O que vocês melhorariam nesta escola e que benefícios essas melhorias trariam para professores e alunos? TCM – No caso de mudança de sala, isso facilitaria muito, pois perde-se muito tempo com o deslocamento dos alunos de uma sala a outra. Impediria, também, que alguns alunos, não portadores de deficiência destruíssem algumas melhorias que foram feitas, justamente por não entendê-las. Uma outra coisa que melhoraríamos, seria o tamanho das carteiras ( não o seu formato), pois uma máquina de escrever Braille e um livro ocupam muito espaço. Além do peso dos livros. Se você parar para analisar, a própria sala de recursos é uma sala adaptada e não projetada para as necessidades especiais. Ela deveria ser pintada com cores contrastantes. Cria um ambiente mais propício para todos.

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ANEXO 3

FOTOGRAFIAS

Professora da EE “Frederico de Barros Brotero” com a máquina Braille.

Acesso às salas de aula na EE “Frederico de Barros Brotero”

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Quadra de esportes da EE “Rotary” entre as salas de aula.

Acesso à quadra de esportes da EE “Rotary”