Domingas: Exemplo de Força e Criatividade
A Cidade de Mamonas, situada no norte de
Minas Gerais, região Semiárida do país, sempre foi
marcada pelas tradicionais festas de São João, e
por isso ficou conhecida como a capital mineira do
forró. A maioria dos mamonenses vivem na zona
rural formando as comunidades, como é o caso de
Riacho das Pedras, onde nasceu, cresceu, e vive até
hoje Domingas Antunes de Oliveira de 55 anos,
uma mulher forte, trabalhadora e dedicada que
não se intimidou com as dificuldades que a vida lhe
proporcionou. Pelo contrário, ela se mostrou
perseverante nos trabalhos da roça, e criativa
naquilo que se propôs a aprender como é o caso da
tecelagem e do artesanato.Domingas, mais conhecida por Domingas do Balaio, criou seus 5 filhos sozinha com
muito esforço, 3 deles ainda moram com ela, João Carlos de Oliveira, Marinês Antunes de Oliveira e Welton Lucas de Oliveira, os outros dois Alessandra Antunes de Oliveira e Nivaldo Antunes de Oliveira já são casados e não moram mais com ela.
Domingas conta que a vida é muito difícil, pois na região não tem emprego, os rendimentos da lavoura não são suficientes para o sustento da família. Outra dificuldade que ela sempre enfrentou foi a escassez de água que durante os meses de seca a forçava a buscar água em baldes longe de casa com a ajuda de seus filhos. Por isso, alguns de seus irmãos foram morar em outras cidades na busca por melhores condições de vida e a convidaram a fazer o mesmo. Mas, o seu amor pela região não permitiu que ela se mudasse, como ela mesma diz: “Eu adoro trabalhar na roça, nunca tive vontade de sair daqui, eu gosto da liberdade que tenho aqui”.
Domingas mostra o cobertor tecido por ela
Domingas tecendo no tear que ela mesma construiu
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº1885
Mamonas
Julho/2014
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
Para garantir o sustento da família, Domingas trabalha em seu terreno plantando
alimentos como feijão, milho, abóbora, e no terreno dos amigos e viznhos trabalhando “por
dia”, porém os longos períodos de seca não permitem uma produção contínua. Então, para
complementar a renda ela faz tecelagem, uma arte antiga na região, que ela aprendeu aos 12
anos de idade com sua tia. A tecelagem artesanal era muito comum antigamente, porém com o
acesso aos novos tipos de tecidos, feitos por máquinas industriais, diminuiu o mercado
consumidor dos tecidos da região, e por isso muitas artesãs desistiram, mas, Domingas
resistiu e graças a qualidade de seus tecidos ela permanece com demanda de cobertores até
hoje. Garantindo que uma arte tão importante para a cultura local não se perca. Domingas conta que teve que parar de estudar na adolescência para trabalhar na roça, mas a vontade de aprender é outra marca dela, que mesmo depois dos filhos crescidos voltou à escola e terminou o ensino fundamental. Também aprendeu um novo tipo de artesanato, feito com tiras de tecido: “Eu via as pessoas fazendo, ficava curiosa, e praticava até aprender, eu faço de tudo um pouco, cozinho em festas, teço, faço artesanato com tiras, costuro, trabalho na roça carpindo, roçando, plantando, colhendo, eu tenho muito prazer em trabalhar” comenta ela.
Sabendo da importância que tem a união das pessoas, Domingas sempre esteve engajada nos trabalhos da comunidade, ela faz parte da associação comunitária de Riacho das Pedras que já conseguiu alguns benefícios para os sócios através de projetos, e ainda do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Espinosa, que é o mais próximo da comunidade. Através dessas organizações ela conheceu a cerca de 3 anos o Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, pelo qual se encantou, nas ações do grupo conheceu alguns direitos e a importância da mulher na sociedade.
E é por isso que Domingas é um exemplo de força, criatividade, vitalidade, dedicação, perseverança e esperança no Semiárido.
Realização Apoio
Tear onde Domingas Trabalha Cobertores tecidos artesanalmente Tapetes e porta-papel, feitos de crochê com tiras de tecido
Domingas e sua produção