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Domingo
Daqui a uma semana eu vou para o Acampamento
dos Horrores.
Não sei bem como estou me sentindo a respeito dis-
so. Para ser sincero, não quero ir. Preferia ficar em
casa, jogar video game e comer bolo todos os dias,
durante o verão inteiro.
Mas o Creepy ficaria muito solitário no acampamen-
to, já que os outros garotos pegam muito no pé de-
le. Preciso estar lá para dar apoio ao cara. Então lá
vou eu passar três semanas acampando no bioma
do pântano.
Espero voltar inteiro.
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Sabe, acho que os monitores do acampamento na
verdade são humanos devoradores de cérebros que
só estão esperando a próxima fornada de garotada
mob para encher a barriga. E ouvi boatos de que a
comida do refeitório ganha vida e ataca a gente.
Se bem que eu também achava que a enfermeira do
acampamento era uma bruxa que gostava de comer
carne podre. Mas eu a conheci há pouco tempo e
ela parece ser normal.
Mas e se ela se transformar em um demônio horrí-
vel que come zumbis no café da manhã? Ai. Acho
que eu não quero mais ir para o acampamento.
Desculpe, Creepy, você vai ter que se virar sozinho!
O que estou dizendo? Preciso ser um bom amigo.
E os bons amigos estão sempre do seu lado quando
você precisa deles. Então, acho que vou ao acampa-
mento. Pelo menos posso contar com uma coisa: o
Steve também vai.
Assim, se eu for devorado, não vou estar sozinho.
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Segunda-feira
Hoje meus pais me levaram para providenciar al-
guns equipamentos para o acampamento.
Achei que a gente ia comprar um par de espadas
de diamante, uma armadura, um arco e flecha, uma
metralhadora, uma picareta e uma pá para o caso de
eu precisar enterrar alguns dos monitores e esconder
o corpo deles.
Você nunca pode pensar pequeno quando vai para
a guerra.
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Mas os meus pais deram risada quando mencionei
todos os perigos que ia encarar no acampamento.
Por que os adultos nunca levam as crianças a sério?
Um dia, alguma criança vai anunciar o próximo
Apocalipse Humano e os pais vão dizer: “Ha-ha,
como você é engraçado, Júnior!” E aí eles vão ser
engolidos por humanos devoradores de cérebros.
E eu vou estar lá para dizer: “Estão vendo? É isso que
vocês merecem!”
Estarei preparado. Se os meus pais se recusam a
comprar as armas de que preciso, vou arrumá-las
em outro lugar. E sei muito bem quem pode arranjar
isso para mim: Steve!
Sempre posso contar com ele em casos assim.
Tenho certeza de que ele tem um arsenal no porão
da casa dele. Muito melhor que o spray de larva e o
lencinho de sujar zumbi que minha mãe colocou na
minha mochila.
Pelo menos ela nunca se esquece de incluir também
leite e biscoitos.
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Terça-feira
Outra coisa boa em ir para o acampamento é
que fico longe do meu irmãozinho durante três
semanas.
Não me entendam mal. Eu amo o meu irmãozinho.
Eu só não gosto muito dele. Quer dizer, ele é fofo
e engraçado de vez em quando, mas é irritante na
maior parte do tempo.
Ele sempre pega as minhas coisas e quebra tudo!
Toda vez que a gente joga video game mi-
nha mãe me obriga a jogar só o que ele gosta.
Quando a gente briga, meus pais sempre ficam
do lado dele. Eles dizem que eu devia ser mais
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bonzinho, porque ele só tem 4 anos, mas eu sei
a verdade. Ele é possuído pelo espírito de um de-
mônio humano de 16 anos e só eu consigo en-
xergar isso.
A parte que eu mais detesto em relação ao meu ir-
mãozinho é que, antes de ele nascer, meus pais me
davam toda a atenção. Às vezes eu não me incomo-
do com isso, porque não quero a atenção dos meus
pais o tempo todo.
Mas, quando eu realmente quero a atenção deles,
estão ocupados trabalhando ou brincando com o
meu irmãozinho.
De vez em quando eu me sinto meio solitário.
Então, acho que vale a pena passar três sema-
nas no acampamento, longe do meu irmãozinho.
Mesmo que eu vá me meter em uma guerra de
proporções épicas. Hummm. Será que devo levar
o meu irmãozinho comigo para usar como escu-
do zumbi?
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Que nada, ele é pequeno demais. Se eu o usas-
se como escudo, provavelmente seria devorado do
mesmo jeito.
Mas eu poderia utilizá-lo como munição para a mi-
nha catapulta de zumbi...
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Quarta-feira
Hoje fui visitar o Steve para conversar sobre a nos-
sa estratégia para sobreviver ao acampamento. Só
que ele não estava no nosso ponto de encontro de
sempre.
Passei por alguns arbustos e de repente...
– IIIÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!
– AHHH!!! – berrei.
Steve pulou para fora dos arbustos, todo coberto de
tinta verde e marrom.
– Oi, zumbi!
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– Por que você fez isso?!? – perguntei. – Quase me
matou de susto!
– Mas você já não está morto? – questionou o Steve.
– Verdade, estou... Qual é a do novo visual?
– Criei isto pra gente poder se esconder e pegar os
nossos inimigos de surpresa. Tenho mais um pouco
de tinta verde e marrom pra você também.
– Não se preocupe comigo. Eu já sou verde e, de-
pois desse susto, acho que produzi tinta marrom su-
ficiente para durar o verão inteiro.
– É sério?
– É... Então, Steve, que tipo de armas você tem? Nós
vamos precisar de um arsenal para lutar contra os
monitores devoradores de cérebro e o monstro de
comida do refeitório.
– Para ser sincero, não tenho arma nenhuma – res-
pondeu ele. – Só tenho uma picareta, mas já a usei
tanto que está quase no fim.
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– Ah, cara. O que a gente vai fazer? Ficaremos total-
mente indefesos.
– Totalmente, não – retrucou Steve. – Ainda tenho
a minha bancada de trabalho. Aposto que a gente
consegue fazer umas ferramentas e armas bacanas
no bioma do pântano. Por exemplo, a gente pode
fazer um pouco de dinamite.
– Uau! Você sabe fazer dinamite?
– Bom, a gente precisa de areia e pólvora – respondeu
ele. – Eu tenho bastante areia, mas falta a pólvora.
– Onde a gente consegue isso? – perguntei a ele.
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– Talvez em um baú no labirinto. Mas ia demorar
um tempão para encontrar.
– Tem um plano B?
– Podemos conseguir com um ghast assassino ou
com um creeper – respondeu ele.
Nós nos entreolhamos por alguns segundos.
– Nããããão... – dissemos ao mesmo tempo.
Sendo assim, vamos para a batalha só com uma
bancada de trabalho, uma picareta fraca e um mon-
te de tinta verde e marrom. Não é lá muita defesa,
mas vai ter que bastar.
Acampamento dos Horrores, aí vamos nós!
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