Transcript
Page 1: Dr. Lucas Caseri Câmara (texto): Musculação para crianças e adolescentes: mitos e verdades

Referências: Vehrs, PR; Strength training in children and teens: dispelling

misconceptions � part one. ACSM�s Health and Fitness Journal 9 (4):8-12, 2005.

Vehrs, PR; Strength training in children and teens: implementing safe, effective & fun programs � part two. ACSM�s Health and Fitness Journal 9 (4):13-18, 2005.

Benjamin, HJ; Glow, KM. Strength training for children and adolescents � What can physicians recommend?. The Physician and Sportsmedicine 31(9): 19-26, 2003.

Faigenbaum,AD. Youth resistance training. Research Digest � President�s Council on Physical Fitness and Sports 4(3), 2003.

Santarém, JM; Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido. Disponível em: www.saudetotal.com/cecafi/texto.asp, acessado em 01/02/2006, 14:25:03

American Academy of Pediatrics � Commitee on Sports Medicine and Fitness - Strength training by children and adolescents � Policy Satement. Pediatrics 107(6): 1470-72, 2001.

American College of Sports Medicine � Current Comment � Strength training in children and adolescents. September, 2002.

Musculação para crianças e adolescentes - Mitos e Verdades -

Quem nunca ouviu a história: �Criança que faz musculação lesa as placas de crescimento que ainda estão em formação e fica baixinha� ? Esta e outras intrigantes histórias procurando afastar as crianças e adolescentes das atividades com pesos (musculação) se difundiram como verdadeiros mitos entre leigos e profissionais a partir da década de 80, persistindo até os dias de hoje.

Essas crendices surgiram de estudos de má qualidade científica, que apontavam a ineficácia e alto risco de lesões proporcionada pela musculação nesta faixa etária.

Estes estudos, além de terem sido realizados em tempos muito curtos para que os benefícios pudessem aparecer, não separaram a musculação competitiva da não-competitiva. (Entende-se por musculação competitiva: os �levantamentos máximos�, onde é conseguido com técnica específica um único levantamento de grandes quantidades de pesos ; e o �fisiculturismo� , que é o desenvolvimento da musculatura em volume para competição). Felizmente, boas e recentes publicações têm contribuído para por fim a muitos mitos que denegriam a imagem da musculação associada a crianças e adolescentes. Este assunto não é nenhuma novidade, já tendo estudos datados da década de 50, sendo atualmente reconhecidos e recomendados por importantes entidades norte-americanas (American College of Sports Medicine, American Academy of Pediatrics, American Orthopaedic Society for Sports Medicine e National Strength and Conditioning Research), como sendo modalidade de exercício segura e eficaz para essa população.

Os Benefícios:

Hipertrofia, aumentos de força e resistência muscular, com fortalecimento de tendões e ligamentos, melhorando a estabilidade articular, aumentando a resistência a lesões e diminuindo seu aparecimento. Melhora da coordenação inter e intra-muscular, com melhoria das habilidades motoras e performance esportiva. Melhora da composição corporal, condicionamento cardio-respiratório, aumento da massa óssea e melhora dos perfis lipídicos. Efeitos positivos no crescimento e desenvolvimento corporal, melhora da auto-

Segurança na realização:

Um programa individualizado, supervisionado e bem elaborado de exercícios com pesos feito por profissional qualificado, onde a boa técnica de execução dos movimentos é enfatizada, torna-se praticamente isento de qualquer risco.

Variáveis de segurança como: posições, velocidades, cargas, amplitudes, grau de esforço, intervalo de descanso, repetições, séries duração e freqüência do treinamento, são todas facilmente controladas em uma sessão bem programada.

Estudos comparativos de incidência de lesões entre diferentes atividades esportivas em crianças, apontaram a musculação bem orientada, mesmo em caráter competitivo, como mais segura que outros esportes (artes marciais, jogos com bola e atividades prolongadas de resistência).

Devem ser evitadas brincadeiras na sala de musculação e competição entre as crianças (maiores causas de lesões). Até o período da adolescência recomenda-se evitar a musculação competitiva.

Em crianças aparentemente saudáveis é sugerida uma avaliação médica prévia. Porém, esta é mandatória em crianças com qualquer patologia já conhecida.

Quando começar?

Não existe uma data limite pré-estabelecida para o ingresso na musculação.

Se a criança é capaz de aceitar e seguir instruções dadas ou participa de atividades físicas organizadas (escolinhas de esporte e aulas em academias) sem problemas, está apta também a realizar um programa de exercícios com pesos.

Recomendações para os pais:

Procurar local habilitado e profissional qualificado, m a n t e n d o u m b o m relacionamento e atenção a eventuais queixas, garantir que a criança além de praticar uma atividade física esteja satisfeita e feliz com a sua realização.

Dr. Lucas Caseri Câmara Médico especia l i za do em Fisiologia do Exercício pela FMUSP e UNIFESP. Mestrando em Medicina pela FMUSP.

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R. Alexandre Herculano, 115. F. 13 3223-1036 - Santos - SP

Enfim...

Em tempos onde estudos apontam que mais de 50% das crianças não têm atividade física em níveis suficientes, que 25% delas estão acima do peso, mas que há um desejo de maior longevidade sem o aparecimento das doenças crônico d e g e n e r a t i va s t ã o c om u n s atualmente, a musculação entra em cena como excelente protagonista da promoção da saúde com eficácia e segurança comprovada.