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1 INTRODUÇÃO O cloreto de polivinila ou PVC possui enorme importância na sociedade moderna. Este material apresenta soluções com excelente relação custo/benefício destinadas à infraestrutura e a construção civil, o que torna relevante científica e socialmente qualquer projeto de pesquisa cujo tema seja esse material. Entre outros segmentos, estão à fabricação de calçados, brinquedos e diversos bens duráveis. Atualmente, o PVC é o segundo termoplástico mais usado no mundo, com uma demanda anual de 35 milhões de toneladas. Dessa demanda total, 21% consumidos na América do Norte, 20% na China, 18% nos países da Europa Ocidental que ainda resistem ao PVC por questões ambientais, 5% no Japão e apenas 2% no Brasil. Esse grande consumo se justifica pelo fato de o PVC ser o mais versátil dos plásticos. Afinal ele tem uma formulação muito maleável, que se adapta conforme a finalidade de consumo, variando desde o rígido até o extremamente flexível. Essa versatilidade deve-se em parte à grande gama de processos de moldagem; o PVC pode ser extrudado, injetado, calandrado, espalmado só para citar alguns exemplos. A presença do átomo de cloro em sua estrutura molecular torna o PVC um polímero naturalmente resistente à propagação de chamas, contribuindo para aplicações nas quais haja a necessidade de retardamento à chama, tais como fios e cabos elétricos, eletrodutos e forros/revestimentos residenciais. Além disso, o cloro presente na estrutura ou a própria estrutura molecular do PVC pode tornar sua molécula polar, aumentando sua afinidade com plastificantes e permitindo sua mistura com uma grande quantidade de aditivos, muito maior que a de qualquer outro termoplástico, possibilitando a preparação de formulações com propriedades e características perfeitamente adequadas a cada aplicação. O PVC, apesar de algumas controvérsias quanto ao seu uso por instituições ambientais, principalmente da Europa, é considerado um material ambientalmente correto devido à sua estrutura molecular. O PVC é obtido a partir de 57% de insumos provenientes do sal marinho ou da terra; somente 43% de insumos são provenientes de fontes não renováveis como o petróleo e o gás natural e já

PVC verdades e mitos

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TCC - Revisão Bibliográfica - Tema PVC

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Page 1: PVC verdades e mitos

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INTRODUÇÃO

O cloreto de polivinila ou PVC possui enorme importância na sociedade

moderna. Este material apresenta soluções com excelente relação custo/benefício

destinadas à infraestrutura e a construção civil, o que torna relevante científica e

socialmente qualquer projeto de pesquisa cujo tema seja esse material. Entre

outros segmentos, estão à fabricação de calçados, brinquedos e diversos bens

duráveis.

Atualmente, o PVC é o segundo termoplástico mais usado no mundo, com

uma demanda anual de 35 milhões de toneladas. Dessa demanda total, 21%

consumidos na América do Norte, 20% na China, 18% nos países da Europa

Ocidental que ainda resistem ao PVC por questões ambientais, 5% no Japão e

apenas 2% no Brasil. Esse grande consumo se justifica pelo fato de o PVC ser o

mais versátil dos plásticos. Afinal ele tem uma formulação muito maleável, que se

adapta conforme a finalidade de consumo, variando desde o rígido até o

extremamente flexível. Essa versatilidade deve-se em parte à grande gama de

processos de moldagem; o PVC pode ser extrudado, injetado, calandrado,

espalmado só para citar alguns exemplos. A presença do átomo de cloro em sua

estrutura molecular torna o PVC um polímero naturalmente resistente à

propagação de chamas, contribuindo para aplicações nas quais haja a

necessidade de retardamento à chama, tais como fios e cabos elétricos,

eletrodutos e forros/revestimentos residenciais. Além disso, o cloro presente na

estrutura ou a própria estrutura molecular do PVC pode tornar sua molécula polar,

aumentando sua afinidade com plastificantes e permitindo sua mistura com uma

grande quantidade de aditivos, muito maior que a de qualquer outro termoplástico,

possibilitando a preparação de formulações com propriedades e características

perfeitamente adequadas a cada aplicação.

O PVC, apesar de algumas controvérsias quanto ao seu uso por instituições

ambientais, principalmente da Europa, é considerado um material ambientalmente

correto devido à sua estrutura molecular. O PVC é obtido a partir de 57% de

insumos provenientes do sal marinho ou da terra; somente 43% de insumos são

provenientes de fontes não renováveis como o petróleo e o gás natural e já

Page 2: PVC verdades e mitos

2

existem tecnologias e pesquisas para substituição destes insumos. Entretanto

uma pergunta é inevitável: quais os impactos que o PVC pode causar tanto para o

meio ambiente quanto para nossa saúde?

Page 3: PVC verdades e mitos

3

OBJETIVO

Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo fazer um levantamento

bibliográfico acerca da história dos polímeros e, mais aprofundadamente na

história do cloreto de polivinila PVC, a obtenção, a síntese, as aplicações deste

material e todo seu impacto ambiental e social, de acordo com o contexto que

temos hoje na sociedade que cada vez mais se preocupa com as

responsabilidades ambientais de tudo que usamos no dia a dia.

Page 4: PVC verdades e mitos

4

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o presente trabalho efetuou-se uma revisão bibliográfica, utilizando-se

como fonte de pesquisa autores/pesquisadores renomados no campo de

polímeros. Contudo, os mesmos foram devidamente citados e, suas ideias

confrontadas e/ou aliadas para obtenção da conclusão do trabalho de pesquisa.

Page 5: PVC verdades e mitos

5

CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA DOS POLÍMEROS

Desde a antiguidade já se sabia da existência de materiais resinosos que

eram utilizados para suprir as necessidades rotineiras dos povos, como no caso

de sua utilização por espanhóis e portugueses, que extraiam estes materiais de

árvores (CANEVAROLO, 2002).

Os polímeros naturais – aqueles que são derivados de plantas e de animais – têm sido usados há muitos séculos; esses materiais incluem a madeira, a borracha, o algodão, a lã, o couro e a seda. Outros polímeros naturais tais como as proteínas, enzimas, amidos e a celulose, são importantes em processos biológicos e fisiológicos nas plantas e animais. Ferramentas modernas de investigação científica tornaram possível a determinação das estruturas moleculares desse grupo de materiais e o desenvolvimento de numerosos polímeros, os quais são sintetizados a partir de moléculas orgânicas pequenas. Muitos plásticos, borrachas e fibras atualmente utilizadas são polímeros sintéticos. De fato, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o campo dos materiais foi virtualmente revolucionado pelo advento dos polímeros sintéticos. Os materiais sintéticos podem ser produzidos a baixos custos e suas propriedades podem ser alteradas até o ponto onde muitas delas são superiores às dos materiais naturais. Em algumas aplicações, peças metálicas e de madeira foram substituídas por plásticos, que possuem propriedades satisfatórias e podem ser produzidos a custos mais baixos (CALLISTER, JR., 2008, 356).

Por volta de 1860, o inglês Alexander Parkes (1813 - 1890) iniciou suas

pesquisas a partir dos estudos do químico alemão Christian Schónbien, estudo

este, que consiste no tratamento do algodão com ácido nítrico, denominado

nitrocelulose. Parkes dominou completamente essa técnica e posteriormente

patenteou essa resina com o nome de "Parkesina" ou “Parquetina”. Esse material

era utilizado em estado sólido e tinha como características principais: flexibilidade,

resistência a água, cor opaca e fácil pintura (CANEVAROLO, 2002).

Em 1912 Leo Baekeland (1863 – 1944) desenvolveu o primeiro polímero

sintético gerado através da reação entre fenol e formaldeído, reação esta, que

gerava um produto sólido denominado “baquelite” em homenagem ao seu

inventor.

Até então, todas essas descobertas foram feitas por acaso, por meio de

regras empíricas. Somente em 1920, através do cientista alemão Hermann

Staudinger (1885 – 1965) começou a se realizar estudos sobre estes materiais,

propondo a teoria da macromolécula, pouco aceita na época, porém recebendo

Page 6: PVC verdades e mitos

6

seu devido reconhecimento anos mais tarde com a conquista do Prêmio Nobel de

Química em 1953 (CANEVAROLO, 2002).

Outro personagem importante na história dos polímeros foi Wallace H.

Carothers (1896 – 1937) com a formalização da reação de condensação dando

origem aos poliésteres e as poliamidas, que este batizou com o nome comercial

de náilon. No ano de 1938, Roy Plunkett (1910 – 1994) observou um pó branco

dentro de um cilindro que continha originalmente o gás tetrafluoreto de etileno e, a

partir daí, foi descoberto o teflon; apenas em 1960 foi possível processá-lo

comercialmente. O professor Paul Flory (1910 – 1985) foi um pesquisador

incansável nos trabalhos com cinética de polimerização, polímeros em solução,

viscosidade e determinação de massa molar. Karl Ziegler (1898 – 1973) no início

da década de 1950 desenvolveu catalisadores organometálicos que foram

utilizados por Giuglio Natta (1903 – 1979), na produção de polímeros

estereoregulares, produzindo primeiramente polipropileno isotático. Pierre-Gilles

de Gennes (1932 - ) em 1991 recebeu o premio Nobel de Física, pelas

descobertas e interpretações de como uma macromolécula se movimenta,

propondo a Teoria da Reptação. Insistindo em navegar na contra mão, em 2000,

três colegas – Alan Heeger (1936 - ), Alan MacDiarmid (1927 - ) e Hideki

Shirakawa (1936 - ) – dividiram o Prêmio Nobel de Química, pelas suas

descobertas e desenvolvimentos de polímeros condutores, quando

tradicionalmente, os polímeros se comportam e eram usados como isolantes

elétricos. No Brasil também tem seu ícone representado pela professora Eloisa

Biasoto Mano (1924 - ) que, em seis décadas de entusiástico trabalho, criou o

primeiro grupo de estudos em polímeros no Brasil (CANEVAROLO, 2002).

A partir das descobertas já citadas acima, é importante ressaltar neste

trabalho outros momentos igualmente relevantes para a história dos polímeros,

destacando a trajetória de desenvolvimentos até a obtenção do PVC.

1.1. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE POLÍMEROS

A palavra “polímero” vem do grego poli (muitos) e mero (unidade de

repetição). Logo, o polímero é uma macromolécula com inúmeras unidades de

repetição, unidas por ligação covalente, que utiliza como matéria prima os

Page 7: PVC verdades e mitos

7

monômeros (moléculas com uma unidade de repetição). Os polímeros podem ser

de origem natural, sintética ou artificial (polímeros naturais modificados). Podem

ser de natureza orgânica ou inorgânica (CANEVAROLO, 2002 e RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Os polímeros podem ser classificados de diversas formas: quanto à

estrutura química, quanto ao seu método de preparação, quanto às suas

características tecnológicas ou quanto ao seu comportamento mecânico, entre

outros.

Se considerarmos a forma final de uso, os polímeros são normalmente

divididos em plásticos, borrachas (ou elastômeros), fibras poliméricas, espumas,

tintas e adesivos. Os plásticos podem ser subdivididos em termoplásticos e

termorrígidos (ou termofixos) (CANEVAROLO, 2002 e RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

Os termoplásticos são polímeros que podem ser repetidamente amolecidos

pelo aumento de temperatura e pressão, e endurecidos pelo resfriamento e

retirada de pressão. Essas transformações são físicas e reversíveis.

Os termofixos, por outro lado, são polímeros que amolecem uma vez com o

aquecimento, sofrem um processo de cura (formação de ligações cruzadas), e

tornam-se rígidos. A cura é uma transformação química irreversível, impedindo

que o polímero amoleça em posteriores aquecimentos, tornando-o infusível e

insolúvel. O PVC, por suas características, é classificado como um polímero

termoplástico (CANEVAROLO, 2002 e RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

As propriedades físicas de um polímero, muitas vezes, estão relacionadas

diretamente quanto ao tamanho de sua estrutura, ou seja, de sua massa molar, e

como suas ligações são distribuídas. O polímero normalmente tem uma larga

faixa de valores de massa molar, sendo comum existir variação de propriedades.

As alterações no tamanho da molécula, quando pequena, provocam grandes

mudanças nas suas propriedades físicas. Essas mudanças são menos sensíveis

se a molécula for maior, mas se tratando de polímeros, as diferencias ainda

existem, e essa característica é vantajosa em relação a outros materiais, pois

assim, é possível atender às necessidades particulares de cada aplicação ou

técnica de processamento (CANEVAROLO, 2002).

Page 8: PVC verdades e mitos

8

A síntese da polimerização propriamente dita é a reação ou o conjunto de

reações onde as moléculas simples reagem entre si, formando uma

macromolécula com alta massa molar. Existem algumas variáveis durante esse

processo que são mais, ou menos importantes, dependendo do polímero

formado. A temperatura, a pressão, o tempo, a agitação e a presença e tipo de

iniciadores da reação são considerados variáveis primárias e de suma

importância.

Os processos de polimerização podem ser classificados de acordo com: o

número de monômeros, pelo tipo de reação química, pela cinética de

polimerização e o tipo de arranjo físico (CANEVAROLO, 2002).

Existem dois tipos principais de reação para obtenção do polímero, a reação

por adição e a reação de condensação. O tipo utilizado depende do grupo

funcional do monômero (ATKINS, 2007).

A polimerização por adição é quando o polímero é formado a partir de um só

monômero, além disso, não há perda de massa na sua formação logo se assume

a conversão total do peso do polímero formado quanto ao monômero adicionado

(CANEVAROLO, 2002).

A polimerização por condensação é originada por reações de dois ou mais

grupos funcionais reativos, ou seja, é formado a partir de dois ou mais

monômeros diferentes, com a eliminação de um produto de baixo peso molecular,

tendo como exemplo a água (CANEVAROLO, 2002).

Com a compreensão dos conceitos básicos, já se torna possível

acompanhar todo o processo de descoberta e obtenção do PVC.

Page 9: PVC verdades e mitos

9

CAPITULO 2

A HISTÓRIA DO PVC

Em 1835, Justus von Liebig descobriu o cloreto de vinila (MVC), um gás em

temperatura ambiente, originando-se assim o desenvolvimentos de resinas

através do mesmo. Liebig obteve o MVC através da reação do dicloroetileno com

hidróxido de potássio em solução alcoólica. Porém, foi um aluno de Liebig que

publicou um artigo em 1839 relatando a ocorrência de um pó branco após a

exposição de ampolas seladas preenchidas com MVC à luz solar. Esse aluno,

Victor Regnault, pensou que esse pó fosse o PVC, mas posteriormente estudos

mostraram que se tratava do policloreto de vinilideno. Somente em 1860 relatou-

se uma polimerização autentica de um haleto de vinila que foi feita por A. W.

Hoffman observando uma mudança do brometo de vinila para uma massa

esbranquiçada de mesma composição (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

O primeiro registro da polimerização do MVC e obtenção do PVC ocorreram

em 1872 por Baumann, onde ele detalha a mudança do MVC induzida pela luz

para um produto sólido branco, que imaginou ser um isômero do monômero. Em

1912, Fritz Klatte descobriu o procedimento básico para a produção comercial do

PVC, e os meios da produção por intermédio da chamada rota do acetileno, pela

reação desse gás com cloreto de hidrogênio. Klatte ainda foi responsável pela

descoberta de outra maneira de produção do PVC por meio de radicais livres em

1915. Apesar dessa evolução a empresa em que Klatte trabalhava não obteve

sucesso na tentativa de construir equipamentos capazes de processar o PVC, até

então esse, era um produto sem finalidade (RODOLFO, NUNES & ORMANJI,

2006).

Somente em 1926, Semon descobriu que misturando o PVC com tricresil

fosfato ou dibutil ftalato – hoje conhecidos como plastificantes -, era possível

processá-lo e torná-lo altamente flexível, desse modo, Semon inventou o primeiro

elastômero termoplástico. Após alguns anos, outros plastificantes foram

desenvolvidos, e hoje existe uma infinidade de tipos. Atualmente as pesquisas

são voltadas para o desenvolvimento de plastificantes que não agridam o meio

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10

ambiente e que não coloquem em risco a saúde das pessoas que utilizam os

polímeros alterados com plastificantes (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.1. MATÉRIAS-PRIMAS DO MONÔMERO CLORETO DE VINILA (MVC)

O monômero cloreto de vinila (MVC) é a matéria-prima do PVC, o MVC é

um gás em temperatura ambiente e é obtido através de duas substâncias: o cloro

e o eteno.

2.1.1. CLORO

A principal matéria prima do MVC é o cloro, sua obtenção é feita através da

eletrólise do cloreto de sódio em meio aquoso, a salmoura altamente saturada.

Nesse processo é liberado o gás cloro no anodo enquanto que no catodo são

produzidos hidróxido de sódio e gás hidrogênio (RODOLFO, NUNES & ORMANJI,

2006).

Atualmente existem três tipos comerciais de eletrólise: o processo do

amálgama de mercúrio, o processo do diafragma de amianto e o processo de

membrana.

O processo do amálgama de mercúrio utiliza catodos de mercúrio que

dissolvem o sódio descarregado no catodo, tornando-o inerte. O amálgama de

sódio quando formado é tratado com água, formando assim soda cáustica e gás

hidrogênio, enquanto no anodo é produzido o gás cloro. Esse processo está cada

vez mais em desuso devido a problemas causados pela emissão de mercúrio

para a água e para o ar (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

O processo do diafragma de amianto separa fisicamente com uma parede

de amianto o catodo e o anodo evitando o fluxo de eletricidade ao longo da célula.

A célula de amianto por si só não oferece riscos ao meio ambiente; o seu

manuseio e a disposição é um problema, materiais alternativos vêm sendo

confeccionados para a sua substituição (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

O processo de membrana utiliza uma membrana orgânica, normalmente

baseada em polímeros fluorados que separa fisicamente o anodo e o catodo,

Page 11: PVC verdades e mitos

11

essa membrana possui permeabilidade seletiva, permitindo assim a passagem

dos íons sódio e impedindo os íons cloreto e hidroxila presentes nas divisões da

célula. Além de esse método ser o mais utilizado, não existe registros de

problemas ambientais causados pelo processo (RODOLFO, NUNES & ORMANJI,

2006).

2.1.2. ETENO

O eteno é obtido por meio de processos convencionais da indústria

petroquímica a partir do petróleo, as frações dessa matéria prima são ricas em

hidrocarbonetos leves, principalmente o etano, propano e butano, que são

convertidos em eteno e propeno pelo processo de craqueamento, onde são

quebradas as moléculas saturadas dos hidrocarbonetos. Conhecidamente as

reservas de petróleo estarão se esgotando em aproximadamente 40 anos e

devido este problema já existem estudos para a substituição de tal matéria prima,

porém apenas cerca de 0,25% é utilizada para a produção do PVC e 4% para

produção de plásticos em geral (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.2. OBTENÇÃO DO MVC

Existem dois processos principais na produção do monômero cloreto de

vinila, a rota do eteno/cloro conhecida como processo balanceado, que é a mais

conhecida e mais utilizada, e a rota do acetileno que foi mais usada até meados

da década de 1960. Apesar de ser relativamente mais barata a instalação da

planta de produção da rota do acetileno, o custo do acetileno derivado do petróleo

é bem maior em relação ao do eteno. É importante destacar que já existe uma

planta em fase experimental que utiliza o etano, um insumo mais barato que o

eteno para produção do PVC (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.2.1. PROCESSO BALANCEADO

Este processo consiste em duas rotas interdependentes da produção do

MVC baseadas no produto intermediário 1,2-dicloroetano ou simplesmente EDC.

Page 12: PVC verdades e mitos

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A primeira rota de obtenção do EDC se processa normalmente na faixa de 50 a

70°C e sob pressões de 4 a 5 atm em fase liquida. o processo de fase gasosa a

temperatura varia entre 90 e 130C e a pressão entre 7 e 10 atm, este processo

também é conhecido como cloração direta conforme figura 1 (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Figura 1. Obtenção do EDC pela rota da Cloração direta.

Na sequência a segunda rota de obtenção do EDC denominada oxicloração,

nesta reação o eteno reage com o cloreto de hidrogênio na presença de oxigênio

proveniente do ar atmosférico, e cloreto de cobre como catalisador, a reação é

feita com temperaturas na faixa de 250 a 350°C (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

Figura 2. Reação intermediária da obtenção do EDC pela rota denominada

oxicloração – reação não balanceada.

Na figura 3 o processo balanceado de obtenção do EDC, a união da

cloração direta com a oxicloração e a obtenção do MVC por craqeuamento:

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13

Figura 3. Processo balanceado (cloração + oxicloração).

Por fim na figura 4, a obtenção do monômero cloreto de vinila:

Figura 4. Obtenção do MVC por craqueamento..

As taxas normais de rendimento são de 60 a 70%, o processo é chamado de

balanceado devido a necessidade de reaproveitar o cloreto de hidrogênio liberado

na reação de craqueamento do EDC para obtenção do MVC. É importante

observar que para cada 2 moléculas de cloreto de hidrogênio consumidas, uma

moléculas é liberada no processo de craqueamento. Desse modo, é necessário

alimentar as fornalhas com uma corrente de 50% de EDC obtido na rota da

cloração direta e 50% de EDC obtido na rota da oxicloração, para que a relação

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entre o consumo e a geração de cloreto de hidrogênio esteja balanceada

(RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.2.2. ROTA DO ACETILENO

O processo de hidrocloração do acetileno foi extensamente usado até a

década de 1960, esse processo é baseado na reação do acetileno com o cloreto

de hidrogênio na presença de cloreto de mercúrio como catalisador, e tem como

rendimento faixas de 95 a 99% consideradas altas, porém como foi citado antes,

problemas de deposição e o alto valor do acetileno inviabilizam a produção

industrial do MVC a partir deste processo (RODOLFO, NUNES & ORMANJI,

2006).

2.2.3. ROTA DO ETANO

Ainda em fase de experimento, a obtenção do MVC através deste insumo é

extremamente econômica em relação as rotas tradicionais, o etano pode ser

obtido do gás natural e do petróleo, sem a necessidade dos processos de

craqueamento utilizados em outros processos. Os insumos utilizados, etano, cloro

e oxigênio, por meio de catalisadores e temperaturas da ordem de 500°C

dispensam a produção de intermediários como no exemplo da rota do eteno, e

esta reação tem calor de conversão na faixa de 90%, com baixa perda do sistema

catalítico e baixa corrosão dos equipamentos (RODOLFO, NUNES & ORMANJI,

2006).

2.3. SÍNTESE DO PVC

A síntese do PVC propriamente dita se define em três rotas principais de

polimerização: Em etapas, por abertura de anel e a polimerização em cadeias que

é a mais utilizada e será mais aprofundada a seguir. Na polimerização em cadeias

Page 15: PVC verdades e mitos

15

existem três mecanismos possíveis: via radicais livres, aniônica e catiônica, sendo

que a aniônica e a catiônica não são utilizadas comercialmente.

A polimerização via radicais livres do PVC produz um polímero de coloração

branca, com alta massa molar, rígido e quebradiço e sua formula reacional está

representada na figura 5:

Figura 5. Fórmula reacional da síntese do PVC a partir do MVC

Esta reação envolve três estágios distintos para a formação da cadeia

molecular. O estágio de “iniciação” que corresponde à decomposição do iniciador

sob o efeito de aquecimento, gerando espécies altamente energéticas. No

segundo estágio, denominado “propagação”, onde o radical monomérico formado

no inicio é transferido para outra molécula de monômero, e assim

sucessivamente, formando macro-radicais. Por fim o terceiro estágio chamado

“terminação” ocorre à estabilização dos macros-radicais formados no segundo

estágio (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

Existem ainda outros processos de obtenção do PVC, a polimerização por

suspensão que se divide em processo de emulsão e micro-suspensão, que é

caracterizada pelo MVC liquefeito e disperso na forma de gotas, extremamente

pequenas, em meio a uma fase aquosa continua, que por meio de agitação

vigorosa e agentes emulsificantes o mantêm liquefeito. Existe também a

polimerização em solução, muito limitada para o PVC, sendo assim pouco

empregado e utilizado quase que exclusivamente em tintas e vernizes. Vale

ressaltar que esses processos não têm números significativos em relação à

Page 16: PVC verdades e mitos

16

utilização e consumo do PVC, os produtos resultantes dessas polimerizações são

muito direcionados e específicos (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.4. COPOLÍMEROS VINÍLICOS

O PVC sabidamente é um homopolímero, ou seja, um polímero feito a partir

de apenas um monômero e que é extensamente utilizado, porém existem

maneiras de alterar características do PVC realizando uma copolimerização

(polimerização com dois ou mais monômeros) do monômero de cloreto de vinila,

dessa forma alterando características importantes em relação ao homopolímero

como: menor temperatura de processo; menor temperatura de amolecimento;

maior facilidade de solubilização em uma gama de solventes mais amplas; maior

capacidade de adesão a substratos, variando desde metais e cerâmicas até

tecidos naturais e sintéticos; menor estabilidade térmica (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

O copolímero mais conhecido derivado do MVC é o cloreto de vinila com

acetato de vinila, geralmente obtido pelo processo de polimerização em

suspensão ou emulsão, e utilizado em substituição parcial de resinas de PVC em

compostos rígidos, flexíveis e pastas, dependendo do produto que se quer obter,

existem ganhos significativos em relação ao homopolímero em questão

(RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

2.5. PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES

Como já analisado, o PVC é um material muito versátil e se adapta muito

bem às necessidades especificas.

Sendo assim, é possível sua utilização em diversos segmentos, pois o

material é capaz de atender às mais diversas necessidades.

A figura 6 a seguir ilustra as principais participações do PVC no mercado

brasileiro.

Page 17: PVC verdades e mitos

17

Figura 6. PVC no Brasil em 2005

Fonte: Braskem, 2005

O consumo anual em todo o mundo é estimado em 35 milhões de toneladas

tornando-o o segundo termoplástico mais utilizado no mundo, da qual sua ampla

maioria é utilizada na construção civil. Mas temos exemplos de utilização em

acessórios médico-hospitalares, lacres e filmes para indústria alimentícia além de

embalagens e brinquedos. No Brasil aproximadamente 62% é utilizada na

construção civil direta ou indiretamente (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

64% 15%

11%

4%

6% Principais processos de transformação

Extrusão

Injeção

Calandragem

Espalmagem

Outros

62% 16%

10%

4% 8%

Principais aplicações por setor da economia

Construção Civil

Calçadista

Embalagem

Agrícola

Diversos

45%

13% 5%

12%

7%

7%

4% 7% Principais mercados de aplicação

Tubos e Conexões Perfis para Construção Civil Fios e Cabos Laminados Embalagens Calçados Espalmados Outros

Page 18: PVC verdades e mitos

18

CAPITULO 3

PLASTIFICANTES

Plastificante é uma substância que, adicionada a um material polimérico,

modifica importantes propriedades, desde a processabilidade, a flexibilidade, o

módulo de elasticidade, a dureza e a viscosidade do material fundido. Os

plastificantes comerciais são, em sua grande maioria líquida de alto ponto de

ebulição, inodoros, incolores, insolúveis em água e de baixa volatilidade, sendo

normalmente ésteres ou poliésteres (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

Os plastificantes comerciais são, de maneira geral, líquidos inodoros,

incolores, insolúveis em água e com baixa volatilidade. Normalmente em sua

grande maioria são ésteres ou poliésteres, incluindo outros com base em ácidos

adípicos, fosfóricos, sebáceos, trimelíticos ou azeláticos (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

Os produtos de PVC são classificados geralmente em dois grupos: rígidos e

flexíveis. A resina de PVC é naturalmente rígida; entretanto, durante a produção

dos compostos de PVC é incorporado o plastificante para gerar um composto

flexível, ou seja, os plastificantes têm grande contribuição no fato do PVC ser tão

versátil (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

A presença do cloro na estrutura química do PVC o torna altamente

eletronegativo, a molécula de PVC possui ligações químicas fortemente negativas

nos átomos de cloro e positivas nos átomos de hidrogênio, ligados ao mesmo

átomo de carbono. Devido essa presença de dipolos ao longo da cadeia, essas

moléculas de PVC sofrem forte atração eletrostática resultando em um material

extremamente rígido, esse mecanismo de atração entre as moléculas é conhecido

como ligação de van der walls do tipo dipolo-dipolo conforme a figura 7 a seguir:

Page 19: PVC verdades e mitos

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Figura 7. Esquema do modo de atração, por interação dipolo-dipolo,

entre duas cadeias do PVC.

Com base na figura anterior é possível analisar a ação do plastificante no

PVC, tornando-o flexível devido o efeito de atenuação das ligações dipolo-dipolo

segundo Doolitle, observando na figura 8 a seguir a presença do plastificante

ftalato em meio as cadeias poliméricas alem do aumento de distância entre as

cargas eletrostáticas:

Figura 8. Mecanismo de plastificação do PVC segundo Doolittle.

Page 20: PVC verdades e mitos

20

Existem vários tipos de plastificantes e devido a sua nomenclatura e

abreviação fica pouco clara sua identificação. Recomenda-se a utilização da

nomenclatura regida pela norma ISO 1043 (E) ou pela norma BS 4589, lembrando

que existem algumas diferenças entre elas. A Tabela 1 resume as abreviações e

sinônimos de alguns dos plastificantes mais utilizados:

Tabela 1. Nomenclatura e abreviações de alguns plastificantes

Nomenclatura e abreviações de alguns plastificantes

Nome químico preferencial

(em ordem alfabética) ª

Abreviação

preferencial ª Outros nomes e abreviações

3,3,5-trimetilpentano-1,4-diol-

diisobutirato TXIB Texanol isobutirato

Benzil butil ftalato BBP Butil benzil ftalato

Nome químico preferencial

(em ordem alfabética) ª

Abreviação

preferencial ª Outros nomes e abreviações

Benzil octil adipato BOA Benzil 2-etilhexil adipato

Butil ciclohexil ftalato BIDP

Butil isodecil ftalato BIDP

Butil nonil ftalato BNP

Butil-o-acetilricinolato BAR

Di (2-metoxietil) ftalato DMEP DI (etileno glicol monometilo éter)

ftalato

Dialquil (C7 – C9) adipato DA79A Di-Alfanolb adipato, DA79A

Dialquil (C7 – C9) azelato DA79Z Di-Alfanolb azelato

Dialquil (C7 – C9) ftalato DA79P DAP, di-alfanolb ftalato, DA79P

Dialquil (C7 – C9) sebacato DA79S Di-Alfanolb sebacato, DA79S

Dibutil adipato DNBA

Dibutil ftalato DBP

Dibutil sebacato DBS

Dicapril ftalato DCP

Diciclohexil ftalato DCHP

Dietil ftalato DEP

Difenil cresil fosfato DPCP CPD, cresil difenil fosfato; tolil difenil

fosfato

Page 21: PVC verdades e mitos

21

Difenil octil fosfato DPOP ODP, octil difenil fosfato

Dietileno glicol dibenzoato DGDP

Diheptil ftalato DHP

Dihexil ftalato DHXP

Diisobutil adipato DIBA

Diisobutil ftalato DIBP

Diisodecil adipato DIDA

Diisodecil ftalato DIDP

Diisononil adipato DINA

Diisononil ftalato DINP

Diisooctil adipato DIOA

DIisooctil azelato DIOZ

Diidooctil ftalato DIOP

Diisooctil sebacato DIOS

Diisotridecil ftalato DITDP DTDP, DITP, ditridecil ftalato

DI-Linevolc 79 ftalato DL79P

Di-Linevolc 911 ftalato DL911P

Dimetil ftalato DMP

Di-n-decil ftalato DNDP

Di-n-octil adipato DNOA

Di-n-octil ftalato DNOP

Dinonil ftalato DNP Di (3,3,5-trimetilhexil) ftalato

Dinonil sebacato DNS Di (3,3,5-trimetilhexil) sebacato

Dioctil adipato DOA DEHA, di (2-etilhexil) adipato

Dioctil azelato DOZ Di-(2-etilhexil) azelato

Dioctil ftalato DOP DEHP, di (2-etilhexil) ftalato

Dioctil isofatalato DOIP

Dioctil maleato DOM

Dioctil sebacato DOS

Dioctil tereftalato DOTP Di-(2-etilhexil) tereftalato

Dipropileno glicol dibenzoato DPDB

Diuncil Ftalato DUP

Éster alquil sulfônico ASE n-alquil sulfonato

Page 22: PVC verdades e mitos

22

Octil decil ftalato ODP Di-Alfold 810 ftalato

Óleo de soja epoxidado ESO ESBO, OSE

Poli (propileno adipato) PPA

Poli (propileno sebacato) PPS

Tetraoctil piromelitato TOPM Tetra (2-etilhexil) piromelitato

Tri (2,3 dibromopropil) fosfato TDBP „Tris‟, T23P

Tri (2,3 dicloropropil) fosfato TDCP

Tri (2-butoxietil) fosfato TBEP

Tri (2-cloretil) fosfato TCEP

Tributil fosfato TBP

Tributil o-acetil citrato TBAC

Tricresil fosfato TCP, TCF, TTP Triolil fosfato

Trietil o-acetil citrato TEAC

Triisooctil trimelitato TOTM

Trioctil fosfato TOF TOP, Tri (2-etilhexil) fosfato

Trixilil Fosfato TXP, TXF Trixilenil fosfato

Fonte: Titow, W. V. (1984). PVC technology.

Os plastificantes mais comumente utilizados no Brasil estão marcados em negrito na tabela.

a Os nomes e abreviaturas preferenciais são os recomendados pela norma ISSO 1043 (E) ou BS

4589, ou, ainda, os que são amplamente difundidos na indústria do PVC.

b Marca registrada da ICL.

c Marca registrada da Shell Chemicals.

d Marca registrada da Continental Oil Co.

e Marca registrada da Eastman Kodak.

Para que uma substância seja considerada um bom plastificante é

necessário que ela possua algumas propriedades básicas como características

essenciais e características desejáveis:

-Características essenciais;

A permanência: que é relacionada com a volatilidade e a resistência à

extração por água, óleos, solventes, graxas, combustíveis e é muito

importante a relação quanto a exsudação, ou seja, à migração para a

superfície;

Page 23: PVC verdades e mitos

23

A compatibilidade: que depende da polaridade da molécula do

plastificante e de sua configuração molecular; e a eficiência: que tem relação

com o poder de solvatação do plastificante, quanto maior o poder de

solvatação, maior a capacidade de flexibilização do polímero PVC

(RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

-Nas características desejáveis;

Existem vários parâmetros entre eles, a baixa inflamabilidade, a

ausência de odor e cor, baixa migração, alta resistência térmica e aos raios

UV, boas características de processamento e baixo custo. Algumas

características classificadas como desejáveis podem ser essenciais

dependendo da aplicação (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

O emprego do plastificante é de acordo com a necessidade do seu produto

final, e em relação a vantagens e desvantagens sobre sua utilização. A tabela 2

traz a seguir de maneira simplifica as principais vantagens e desvantagens de

algumas classes de plastificante:

Tabela 2. Comparativa de vantagens e desvantagens dos plastificantes

Quadro comparativo das vantagens e desvantagens das principais famílias de plastificantes para PVC

Tipo de plastificante Vantagens e áreas de aplicação Desvantagens

C4 ftalatos (ex. DIBP) Rápida gelificação, boa processabilidade. A alta volatilidade limita seu uso.

C8 ftalatos (ex. DOP) Usados na maioria das aplicações que não requerem propriedades especiais.

Ftalatos lineares (ex. DL79P)

Promovem a melhoria das propriedades a baixas temperaturas.

Propriedades dielétricas deficientes.

DNP, DIDP Baixa volatilidade, melhora da resistência à extração pela água.

Menor poder de solvatação que os ftalatos C8 (ex. DOP)

DTDP Baixíssima volatilidade. Baixo poder de solvatação e custo elevado.

BBP Rápida gelificação e alta resistência a manchas.

Triaril fosfatos (ex. TCP)

Excelentes retardantes de chamas com boas propriedades de gelificação e boa resistência a ataques microbianos.

Propriedades limitadas a baixas temperaturas.

Alquil diaril fosfatados (ex. octil difenil fosfato)

Moderados retardantes de chamas, com boas propriedades baixas temperaturas.

Alto custo.

Page 24: PVC verdades e mitos

24

Trialquil fosfatos (ex. TOF)

Boas propriedades a baixas temperaturas. Baixa compatibilidade e dificuldade de processamento.

Trimelitatos (ex.TOTM)

Baixíssima volatibilidade e alta resistência à extração pela água.

Adipatos (ex. DOA) Boas propriedades a baixas temperaturas. Alta volatilidade e baixa resistência à extração.

Azelatos e sebacatos (ex. DOZ e DOS)

Excelentes propriedades a baixas temperaturas e boa permanência.

Alto custo.

Plastificantes poliméricos

Boa resistência à extração e à migração, baixa volatilidade.

Pode apresentar compatibilidade e propriedades a baixas temperaturas limitadas, além de alta viscosidade.

Óleos epoxidados Melhora da estabilidade térmica.

Quando utilizado em altes concentrações podem apresentar problemas de migração.

Parafinas cloradas Baixo custo e redução da inflamabilidade

Baixo poder de solvatação e necessidade de cuidados na estabilização térmica do composto

Fonte: Titow, W. V. (1984). PVC technology.

3.1. FTALATOS

Os ftalatos são os plastificantes mais importantes e mais utilizados na

indústria do PVC, sendo de uso geral e normalmente com 8 carbonos em cada

molécula. O dioctil ftalato (DOP) é o plastificante de maior consumo, sua estrutura

geral está representada na figura 9:

Figura 9. Estrutura geral do grupo ftalato

Page 25: PVC verdades e mitos

25

Onde os R´s são radicais alifáticos com um número variável de carbono. A

seguir exemplos de estrutura de alguns ftalatos amplamente utilizados na

indústria de transformação do PVC, são eles o diisobutil ftalato (DIBP) figura 10,

dioctil ftalato (DOP) figura 11 e diisodecil ftalato (DIDP) figura12 (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006):

Figura 10. Estrutura molecular do diisobutil ftalato

Figura 11. Estrutura molecular do dioctil ftalato

Page 26: PVC verdades e mitos

26

Figura 12. Estrutura molecular do diisodecil ftalato

3.2. FOSFATADOS

Os fosfatados que são muito importantes por darem propriedades anti-

chama ao produto final. É importante lembrar que o PVC rígido tem a propriedade

retardante de chama e auto-extingue, porém com a adição de plastificantes essa

propriedade pode ser prejudicada, logo plastificantes com essas características

são importantes e bem utilizados.

Todos os fosfatados são derivados do oxicloreto fosfórico, com estrutura

geral representada na figura13:

Figura 13. Estrutura geral do grupo fosfatado

Page 27: PVC verdades e mitos

27

Onde os radicais podem ser alquila ou aríla, ou ainda alquila R1 enquanto R2

e R3 são arila (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

3.3. TRIMELITATOS

Os trimelitatos são plastificantes caracterizados pela elevada propriedade de

permanência e baixa volatilidade com aplicações em que a temperatura do

produto final é elevada, tais como compostos para fios e cabos elétricos de alto

desempenho sua estrutura está representada na figura 14 (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

Figura 14. Estrutura geral do grupo Trimelitato

3.4. DIÉSTERES ALIFÁTICOS

Diésteres alifáticos são normalmente utilizados em mistura com ftalatos de

uso geral para melhoria de desempenho à baixas temperaturas e ainda diminui a

viscosidade de plastissóis. Tem por base os ácidos dicarboxílicos lineares com a

seguinte estrutura representada na figura 15:

Page 28: PVC verdades e mitos

28

Figura 15. Estrutura geral do grupo Diéster alifático

Sendo que o numero total de átomos de carbono na cadeia pode ser de 5

até 10 (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

3.5. BENZOATOS

Os benzoatos são plastificantes com alto poder de solvatação e são

utilizados especialmente em pisos vinilicos, normalmente podem ser usados como

contratipo de menor volatilidade e mesmo poder de solvatação que o BBP (Benzil

butil ftalato). A estrutura geral dos benzoatos está representada na figura 16

(RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

Figura 16. Estrutura geral do grupo Benzoato

3.6. PLASTIFICANTES POLIMÉRICOS

São utilizados quando existe uma necessidade de minimizar a extração ou

exsudação do plastificante. Em condições severas alguns plastificantes podem

Page 29: PVC verdades e mitos

29

ficar enrijecidos ou em alguns casos pode até manchar a área de contato em que

o PVC está localizado. Os principais parâmetros para plastificantes poliméricos

são seus constituintes e o grau de polimerização. Diferente dos plastificantes

monoméricos, a estrutura química das moléculas é complexa e a característica de

um grupo é difícil, devido isso tais plastificantes recebem normalmente nomes

comerciais. Sua estrutura está representada na figura 17.

Figura 17. Estrutura geral do grupo dos plastificantes poliméricos

Onde R1 é o grupo químico proveniente do ácido dicarboxílico e o R2 é

proveniente do glicol, e n é o grau de polimerização e denota que essa estrutura

se repete várias vezes (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

3.7. CITRATOS

Suas propriedades são excelentes para baixas temperaturas e baixa

toxicidade tendo como estrutura geral a representação da figura 18 (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Figura 18. Estrutura geral do grupo citrato

Page 30: PVC verdades e mitos

30

3.8. ÓLEOS EPOXIDADOS

Em sua molécula existe o grupo químico epóxi ou oxirana, são obtidos da

reação de triglicerídeos normalmente de ocorrência natural como óleos de soja e

linhaça na reação com os perácidos. Sua estrutura geral está representada na

figura 19.

Figura 19 – Estrutura geral do grupo óleo epoxidado

Um fator muito importante nos óleos epoxidados é o teor de oxirana: quanto

maior o valor, maior a compatibilidade com a resina do PVC e com isso melhor a

permanência e características de estabilização térmica do composto (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

3.9. PARAFINAS CLORADAS

São plastificantes de baixa solvatação, contendo normalmente entre 43 e

52% de cloro e com uma cadeia de aproximadamente 15 átomos de carbono.

Devido o baixo poder de solvatação normalmente são utilizados em compostos

mais rígidos ou como substituto parcial de plastificantes ftalatos ou fosfatados. A

estrutura geral das parafinas cloradas está representada na figura 20 (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Figura 20 – Estrutura geral do grupo parafina clorada

Page 31: PVC verdades e mitos

31

Devido à baixa compatibilidade com o PVC deve-se respeitar um limite

máximo de 25 a 30 parafinas cloradas de incorporação para evitar problemas de

exsudação do composto (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

É de extrema importância ter a noção que os plastificantes são

provavelmente os principais aditivos utilizados no PVC, porém existe uma

infinidade de outras classes de aditivos que são utilizados juntamente com os

plastificantes para obtenção e produção de produtos e materiais que tem como

base o PVC (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

Page 32: PVC verdades e mitos

32

Capitulo 4

Questões ambientais

Não há como falar em PVC, sem ter em destaque o foco desse trabalho,

procurando através de levantamento de opiniões diversas, os fatores que

influenciam a utilização ou não deste material.

Por uma óptica é possível apontar os benefícios que do PVC, que por sua

vez podem ser elencados e indiscutivelmente representam aceitação positiva em

diversos segmentos que dele se utilizam, porém existem outros fatores que

tornam a aceitação quanto ao uso do PVC, algo condenável. Dessa forma, os

diversos pontos de vista, em meio a opiniões divergentes, devem ser analisados

com a finalidade de confrontar ideias e assim, obter as conclusões para esse

estudo, que são o de analisar quais reais impactos que o PVC, esse material tão

importante causa ao meio ambiente.

Assim, o que se segue são os confrontos de opiniões e suas justificativas,

cabendo a analise dos fatores abordados.

4.1. RECICLAGEM DO PVC

É importante comentar que com relação aos resíduos sólidos urbanos

gerados, segundo dados da organização não-governamental CEMPRE

(Compromisso Empresarial para a Reciclagem) dão conta que somente cerca de

6% deste resíduo são plásticos, dessa fração apenas 14% em peso corresponde

ao PVC, ou seja, aproximadamente 0,8% em peso do total de resíduo sólido

urbano. É importante lembrar que o PVC é 100% reciclável e no Brasil são

registrados os melhores índices de reaproveitamento (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

O processo de reciclagem do PVC é feito através de três maneiras distintas:

reciclagem mecânica, reciclagem química e reciclagem energética (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Page 33: PVC verdades e mitos

33

4.1.1. RECICLAGEM MECÂNICA

A reciclagem mecânica consiste na combinação de processos operacionais

para aproveitamento do material descartado, transformando-o em material apto

para a fabricação de outros produtos. Geralmente são utilizadas aparas

provenientes de descarte industrial, denominado reciclagem primaria, são

resíduos simples de reciclar e quase sem contaminantes, enquanto no caso de

material pós-consumo retirado de resíduo sólido urbano o processo é denominado

reciclagem secundária e neste processo existem alguns pré-processos de triagem

para retirar o máximo de contaminantes destes materiais (RODOLFO, NUNES &

ORMANJI, 2006).

4.1.2. RECICLAGEM QUÍMICA

A reciclagem química é feita através de processos tecnológicos de

conversão do resíduo de PVC em matérias-primas petroquímicas básicas. Alguns

processos disponíveis para reciclagem química do PVC consistem basicamente

nas seguintes rotas:

-Hidrogenação do resíduo – Gerando ácido clorídrico, hidrocarbonetos e

betume;

-Pirólise – Gerando ácido clorídrico, carvão coque e hidrocarbonetos;

-Gaseificação – Gerando ácido clorídrico, monóxido de carbono e

hodrogênio;

-Incineração – Gerando ácido clorídrico, dióxido de carbono e água.

Outros processos encontram-se em desenvolvimento e espera-se converter

os resíduos de PVC nas seguintes matérias-primas básicas:

-Gaseificação em banho metálico – Gerando ácido clorídrico;

-Gaseificação em banho de escória – Gerando ácido clorídrico;

-Gaseificação em leito fluidizado com combustão subseqüente – Gerando

ácido clorídrico;

-Pirólise com subseqüente combustão – Gerando ácido clorídrico;

-Pirólise com subseqüente extração de metais – Gerando sal (RODOLFO,

NUNES & ORMANJI, 2006).

Page 34: PVC verdades e mitos

34

4.1.3. RECICLAGEM ENERGÉTICA

A reciclagem energética consiste basicamente na compactação dos resíduos

de PVC e subseqüente incineração, convertendo a energia química contida nos

mesmo em energia calorífica ou elétrica. Os gases gerados nesse processo são

tratados para reduzir o impacto sobre a atmosfera e as cinzas resultantes são

dispostas em aterros (RODOLFO, NUNES & ORMANJI, 2006).

4.2. PRÓS DO PVC

Como foco de pesquisa, há uma grande parte de pesquisadores que

defendem o uso do PVC, ressaltando seus benefícios enquanto utilização em

diversos segmentos. Miguel Bahiense Netto, diretor do instituto do PVC, pode ser

citado como um desses profissionais, tendo este um vasto conhecimento na área.

Segundo NETTO:

O relatório “Nosso Futuro Comum”, publicado pela Comissão Brundtland em 1987, e as discussões e conclusões da Rio‟92, apontam o desenvolvimento sustentável como a única alternativa para garantirmos qualidade de vida às futuras gerações. De uma forma geral, a indústria mundial está cada vez mais empenhada nesse sentido e, em especial, a cadeia produtiva do PVC tem dado importante contribuição para o desenvolvimento sustentável, não só na origem de suas matérias-primas, mas no uso e descarte de seus produtos. O primeiro fato que diferença a indústria do PVC é que sua principal matéria-prima, o sal marinho, é um recurso inesgotável na natureza e representa 57%, em peso, das resinas de PVC. Depois, o PVC é 100% reciclável, tendo atingido índice de reciclagem, médio, de 16,5% no Brasil, acima da média da União Europeia, cerca de 14,5%. Entretanto considerando-se às atuais questões ambientais do planeta, talvez a grande contribuição do PVC está no seu elevado potencial de isolamento térmico. Não na característica em si, mas especialmente na aplicação do produto em setores fundamentais para o desenvolvimento humano: construção e arquitetura. Isso permite paralelos com outros materiais aplicados aos setores e dá ao PVC destaque em um importante aspecto na busca da

sustentabilidade: economia de energia. (NETTO, 2006).

Para NETTO, o PVC tem importância devido à possível economia de energia

que pode trazer, diretamente ele não entra no mérito do PVC puramente ser

ecologicamente correto, e sim como um material terciário que influência em outros

aspectos que definitivamente são relacionados ao meio ambiente, neste caso, o

consumo energético e a emissão de CO2 que são resultado de equipamentos

para aquecimento ou resfriamento de ambientes.

Page 35: PVC verdades e mitos

35

O PVC é um material diferenciado e possui excelente avaliação em estudos

de análise de ciclo de vida, ACV, que têm comprovado, cientificamente, que os

produtos de PVC não causam mais impactos ambientais que os seus

concorrentes (NETTO, 2006).

Um exemplo claro e recente vem dos Estados Unidos. Em 2005, o U.S.

Green Building Council, mostrou em relatório preliminar que o PVC tem

desempenho ambiental similar ao de outros materiais aplicados na construção

civil, eles avaliam o ciclo de vida do PVC desde 2003 e passaram a recomendar

que o PVC não seja excluído do sistema LEED (Leadership in Energy and

Environmental Design), diretriz muito considerada por construtoras e arquitetos

americanos quanto a escolha dos materiais para a construção civil. Segundo os

cientistas, as evidências disponíveis não permitem que se conclua que o PVC

tenha desempenho ambiental inferior a materiais alternativos quando se

comparam estudos de análise de ciclo de vida desses materiais (NETTO, 2006).

Esse posicionamento é esperado pela indústria do PVC principalmente por

alguns aspectos notórios. Por exemplo, mesmo considerando-se o uso de energia

elétrica na sua fabricação, a produção dela é uma das mais econômicas em

termos de consumo energético (NETTO, 2006).

Outro tema bastante polêmico se tratando de PVC é a utilização de

plastificantes, alguns órgãos internacionais o condenam, enquanto outros atestam

a integridade ambiental de tal substância.

Os plastificantes com um consumo estimado em 140 mil toneladas anuais o

mercado brasileiro segue as tendências mundiais com o uso dos ftalatos na

liderança, a despeito dos ataques sofridos pelas organizações ambientais,

acusando-os de serem tóxicos e cancerígenos, após três décadas e mais de 100

milhões de dólares investidos em pesquisas, nada foi comprovado. De acordo

com informações do Conselho Europeu de Plastificantes e Intermediários,

pertencente ao Conselho da Indústria Química Européia, só a Europa Ocidental

produz cerca de um milhão de toneladas anuais de fltalatos, com destaque para o

di-2-etilhexil ftalato (DOP). Os ftalatos são sucesso por terem iniciado a geração

dos plastificantes e continuam ainda no topo por constituir as substâncias que

oferecem as melhores relações custo/benefício associada a uma boa quantidade

de propriedades, além disso, o DOP tem aprovação do FDA (Food and Drug

Page 36: PVC verdades e mitos

36

Administration) nos Estados Unidos e de instituições similares em vários países

para ser utilizado em embalagens de alimentos, o que é um atestado

incontestável de sua eficácia e salubridade (RETO, 2004).

De acordo com o diretor comercial da Elekeiroz, Carlos Calvo, o DOP

utilizado em embalagens para o segmento alimentício apresenta elevada pureza

em éster, eliminando qualquer possibilidade de migração do plastificante para o

produto embalado, ainda que usado em concentrações inadequadas (RETO,

2004).

4.3. CONTRAS DO PVC

A lista de usos para o PVC é infinita, pois é um dos plásticos mais utilizados

no mundo. O PVC é encontrado em uma extensa gama de produtos de consumo

tais como embalagens, película aderente, garrafas, cartões de crédito, materiais

de construção, tais como esquadrias, cabos, tubos, pisos, papel de parede e

cortinas de janela. Ele também é usado por interiores de automóveis e em

materiais médicos descartáveis. No entanto, a produção de PVC cria e lança um

dos produtos químicos mais tóxicos, as dioxinas. Além das dioxinas, os produtos

de PVC podem vazar aditivos prejudiciais durante o uso e descarte. A incineração

libera mais dioxinas e compostos contendo cloro, que ainda contaminam o

ambiente. Os produtos oriundos do PVC são difíceis de reciclar, e normalmente

vão para aterros sanitários. Alguns produtos químicos são adicionados, como os

ftalatos, que tem como finalidade fazer compostos de PVC flexíveis

(GREENPEACE, 2005).

Estudos de laboratório em animais apontam que alguns destes produtos

químicos são cancerígenos e podem causar danos nos rins e interferir no sistema

reprodutor. Testes recentes de vários governos também mostram que as crianças

podem ingerir produtos químicos perigosos a partir de brinquedos de PVC

(GREENPEACE, 2005).

Alguns governos e algumas indústrias estão tomando medidas para eliminar

PVC. Os governos dinamarqueses e suecos estão restringindo o uso de PVC, e

em todo o mundo centenas de comunidades estão eliminando o

PVC dos edifícios e de muitas empresas como a Nike, IKEA (empresa de

Page 37: PVC verdades e mitos

37

móveis) e The Body Shop (empresa de cosméticos) se comprometeram

a eliminar PVC de seus produtos (GREENPEACE, 2005).

O mundo está enfrentando uma crise de resíduos de PVC. Os produtos de

PVC com vida longa, eliminados dentro de alguns anos, têm causado problemas

sérios, especialmente quando incinerados. A vida média de produtos duráveis,

que compõem mais da metade do consumo do PVC, é de aproximadamente 34

anos. Bens duráveis de PVC, produzido e vendido desde os anos 60, agora estão

apenas começando a entrar no fluxo de resíduos. Somente agora estamos vendo

os primeiros estágios de uma montanha iminente resíduos de PVC. Existem

atualmente mais de 150 milhões de toneladas de materiais de longa duração de

PVC mundo. A maioria destes produtos é usada no setor da construção civil, que

vão fazer parte deste monte de resíduos nas próximas décadas. Com a taxa atual

de produção, o mundo terá que lidar com cerca de 300 milhões de toneladas de

PVC até 2005. A quantidade de resíduos de PVC nos países industrializados já é

esperada para crescer mais rápido do que a produção de PVC (GREENPEACE,

2003).

Entrando nesta polêmica a empresa Reckitt Benckiser (grupo fabricante de

produtos domésticos) assumiu a política intitulada PVC free, onde todas as

embalagens vinilicas da empresa foram trocadas ou retiradas do mercado, devido

os impactos ambientais da resina. Para a empresa a resina é mais difícil de ser

reciclada e afeta a camada de ozônio. Em 2000, o relatório ambiental da

corporação verberava a preocupação dos acionistas com o potencial risco à

saúde causada pelo PVC em sua produção e descarte, razão pela qual o grupo

traçou a meta de banir de suas embalagens o termoplástico, em prol de materiais

mais amigáveis com os propósitos do desenvolvimento sustentável (BIAGIO,

2011).

Page 38: PVC verdades e mitos

38

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou verificar que a utilização de materiais resinosos

deu-se desde a antiguidade, quando apenas este, era fruto de extração em

árvores. Com a evolução dos estudos desses materiais foi possível aperfeiçoar

novas técnicas de utilização e novos outros materiais foram surgindo a partir das

mais diversificadas matérias-primas.

Dessa forma, é possível observar que o PVC, material/objeto principal deste

estudo também passou por estudos e que, por momentos da história foi

esquecido, sendo ele, posteriormente divulgado e estudado mais profundamente,

resultando na descoberta de diversas formas de utilização deste material.

Frente à curiosidade do uso deste material, o presente trabalho propôs

analisar os aspectos químicos do PVC e de seus plastificantes, pesquisar

opiniões divergentes entre os prós e os contras de sua utilização e impacto

socioambiental.

Assim, no capítulo quarto, simplifica-se a compreensão da análise quanto às

questões ligadas ao PVC e todos seus aditivos e plastificantes, tal como, seus

aspectos sociais e ambientais. Pode-se assim verificar que, como qualquer outra

resina polimérica, existem problemas que necessitam ser enfrentados, assim

como também soluções grandiosas que atingem diversos segmentos da

sociedade.

Entretanto, grande parte dos artigos que apontam problemas com o PVC é

antigo e, mesmo após tantos anos, nada negativo tenha sido efetivamente

comprovado, ocorreu o oposto, com o passar dos anos foi comprovado, por meio

de novos estudos, que os materiais originados do PVC são materiais

sustentáveis.

Fica claro que existem inúmeros interesses de ambas as partes, como

exemplo o grupo Reckitt Benckiser, que apesar de inúmeros artigos a favor das

resinas de PVC, decidiu bani-las de suas embalagens. Logo, do outro lado do

embate, o diretor do instituto do PVC, Miguel Bahiense Netto, em réplica ao

posicionamento do grupo Reckitt, diz que os argumentos do grupo não procedem,

e que não tem cabimento uma empresa acusar de prejudicial à saúde humana um

Page 39: PVC verdades e mitos

39

produto ao qual é utilizado em suplementos médicos, e quanto à poluição

atmosférica, Netto afirma que o processo de reciclagem é feito em ambiente

controlado e em circuito fechado na indústria petroquímica (BIAGIO, 2011).

As discussões a respeito das resinas de PVC, os plastificantes e os aditivos

em geral vão continuar por muitos anos, se não para sempre, atendendo os

interesses de quem os ataca ou os defende.

Tendo em vista que as empresas que utilizam o PVC e as empresas que

criam alternativas para o mesmo faturam milhões, para a sociedade em geral é

válida essa discussão, pois só assim há a possibilidade de evolução dos

materiais, tanto para o PVC como para os materiais alternativos.

Dessa forma, de um lado, pesquisadores lutam para provar os malefícios do

PVC e, do outro lado, há os que procuram provar o contrário, buscando inclusive

aperfeiçoar os materiais atuais para não perder “fatias” importantes do mercado.

Observando-se por essa óptica, essa “luta” de interesses é benéfica ao ponto que

esses estudos e aperfeiçoamentos representam um ganho efetivo ao que se

refere à qualidade superior dos materiais, com custos reduzidos e

ambientalmente mais corretos.

Em relação somente ao PVC, existem algumas melhorias efetivamente

necessárias; sua estrutura como foi apresentada, é à base de derivados de

petróleo, e nesse caso já existem pesquisas para buscar alternativas renováveis

sem perder a qualidade e propriedades do PVC, para que o mesmo seja

substituído, pois o petróleo não se trata de fonte renovável.

Outro fator válido de ressalva é a questão da reciclagem, que, tem em seu

produto final, quase que em sua totalidade, o acido clorídrico, que se apresenta

como substância extremamente perigosa. Nesse caso, o ácido clorídrico já é

reutilizado, desde haja um tratamento prévio adequado com os devidos cuidados

de manuseio.

Com isso, conclui-se que o objetivo deste trabalho foi atingido, através de

levantamento bibliográfico, que possibilitou analisar as vertentes do estudo do

PVC aos olhos da química pura, suas ligações e reações de obtenção e síntese,

atuação dos plastificantes e utilização.

Com este, não se buscou ser tendencioso, e sim analisar cautelosamente, a

realidade posta de ambos os lados, os prós e os contras. Assim, foi possível

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observar a existência de interesses e verificar problemas vãos, relacionados á

questões ambientais. Contudo, diversas pesquisas apontam que na visão

socioambiental, a utilização do PVC tende-se muito mais a favor do que contra,

porém é importante ressaltar que as críticas são absolutamente necessárias, pois

possivelmente esses materiais estariam estagnados.

Assim, conclui-se que, apesar de se apontar que os benefícios do uso do

PVC são superiores à sua não utilização, esse desacordo nas vertentes de ideias

deve existir, para que a evolução material e socioambiental quanto à utilização

desses produtos, seja aprimorada e cada vez mais difundida como fonte de novas

pesquisas e soluções.

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