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2,00O JORNAL QUE VOCÊ LÊ
ANO XXVII – N.º 8.553 – DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO
FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICAS, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA E ELENCO. MÁX.: 36 MÍN.: 24
TEMPO EM MANAUS
98177-2096DENÚNCIAS • FLAGRANTES
Com a chegada das festas de fi m de ano, é hora de começar a planejar e abusar do glamour. A tendência é investir nas fendas, costas nuas e valorizar o decote. Elenco 10 e 11
D O M I N G O
Importante fonte de energia e dispo-sição, a carne vermelha tem seis vezes mais vitamina B12 do que o frango e três vezes mais do que a carne suína. Saúde & bem-estar F8
Sinduscon dá a dica para quem quer comprar um imóvel: é neste período que algumas construtoras oferecem melhores condições de negociação e descontos. Salão Imobiliário 3
D O M I N G OD O M I N G O
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O QUE MUDOU DEPOIS DA PONTE
QUANDO FOI INAUGURADA, A PONTE RIO NEGRO – QUE LIGA MANAUS A IRANDUBA – SURGIU COMO UM MARCO NA INTEGRAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA. TRÊS ANOS DEPOIS, APESAR DA CONSTRUÇÃO DA CIDADE UNIVERSITÁRIA, DA CRIAÇÃO DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO E DO FIM DO SUFOCO DA TRAVESSIA POR BALSA, O SÍMBOLO DO PROGRESSO É “TESTEMUNHA” DA FALTA DE ESTRUTURA EM IRANDUBA E NO DISTRITO DO CACAU-PIRÊRA. PELO MENOS POR ENQUANTO, A PONTE É APENAS A TRAVESSIA PARA UM FUTURO QUE DEMORA A SE TORNAR PRESENTE. POLÍTICA A7, ECONOMIA B4 E B5, DIA A DIA C1 A C5, PLATEIA D1, PÓDIO E3 A E5 E SALÃO IMOBILIÁRIO 1
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O espetáculo “Paixões”, que reúne composições de Johann Sebastian Bach, será apresentado hoje, no Teatro Amazo-nas, marcando o encerramento da Série Guaraná em 2014. Plateia D3
Temporada de eruditos encerra hoje
A despedida do ator Roberto Bolaños, criador do Chaves, vai ser hoje, no estádio Azteca, na Cidade do México, e terá transmissão do SBT/TV EM TEMPO. Última Hora A2
OBRIGADO POR TUDO, CHAVES!
Roberto Bolaños, criador dos personagens Chaves, Chapolin e Dr. Chapatim, foi ídolo de várias gera-ções e era chamado cari-nhosamente de Chespirito
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“É proibido o casamento de pessoa branca com pessoa negra, mulata ou com até 1/8 de sangue negro”, dizia uma lei preconceituosa em vigor na Geórgia até o início dos anos 60. Ilustríssima G3
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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
SBT transmite funeral do criador de Chaves ao vivoEnterro de Roberto Bolaños está marcado para as 14h de hoje. Humorista está sendo velado em estádio do México
O SBT interrompe-rá a programação de domingo para transmitir o funeral
de Roberto Gómez Bolaños, criador do Chaves. O velório será realizado no estádio Azte-ca, na Cidade do México. A despedida está marcada para 14h (horário de Brasília), mas a transmissão começará às 11h, dentro do “Domingo Le-gal”, e será ancorada pelo jornalista Carlos Nascimento. O velório também ocupará o programa de Eliana, que irá ao ar excepcionalmente ao vivo.
Bolaños morreu na sexta-feira, aos 85 anos, em sua casa no balneário de Cancún, onde se refugiou os últimos anos para diminuir os efeitos de uma insuficiência respi-ratória e de outras doenças. lO ator estava aposentado há 10 anos, mas isso não impediu que se adaptasse aos meios de comunicação mais modernos e se tornou um grande fã das redes sociais, tornando-se o mexicano com mais seguidores no Twitter - mais de 6,6 milhões.
Após sua morte, a televisão mexicana emitiu mensagens de luto com um “Obrigado para sempre, Chespirito (seu apelido no México)”, como
despedida a um comediante que engrandeceu sua história com os personagens da vila do Chaves e as aventuras do heroico Chapolin Colorado.
Enquanto isso, muitos fãs, tanto mexicanos como estran-geiros, estão se aglomerando em frente à casa do comedian-te, famoso por frases como “foi sem querer querendo” e “palma,
palma, não criemos pânico”.“Era autêntico, engraçado”,
disse - com o rosto coberto de lágrimas - Sonia, uma turista chilena que chegou até a casa, localizada na região hotelei-ra de Cancún, após saber da morte do artista.
Sonia contou aos jornalis-tas que assistia às séries de Bolaños desde os 9 anos e lembrou a sala de aula do
Professor Girafales, a vila do Chaves e o barril onde o per-sonagem morava.
O menino pobre do barril, que usava boné com tapa ore-lhas, foi lembrado por muitas personalidades mexicanas, desde o presidente do país, Enrique Peña Nieto, até seus companheiros de viagem na vila, Édgar Vivar (Senhor Bar-riga), María Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Rubén Aguirre (Professor Girafales).
“Roberto, não se vá, você permanece em meu coração e nos corações de todos aqueles a quem você levou alegria. Adeus ‘’Chavinho’, até sem-pre”, disse Vivar.
Aguirre, por sua vez, disse estar “estarrecido” pela morte de quem qualificou como o melhor escritor de comédia da televisão mexicana, enquanto María Antonieta agradeceu Bolaños “por ter feito tanta gente feliz e pelos maravilho-sos momentos que comparti-lhamos no grupo”.
Bolaños nasceu em 21 de fevereiro de 1929 na Cidade do México. Era filho de Elsa Bolaños-Cacho, secretária, e Francisco Gómez, pintor, dese-nhista e cartunista em jornais. Ele estudou engenharia, mas nunca seguiu a carreira. Ator Roberto Bolaños, famoso por criar o personagem Chaves, morreu na última sexta-feira
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REPERCUSSÃO O SBT interroperá a programação da emis-sora para transmitir o funeral. A transmis-são começará às 11h dentro do programa “Domingo Legal” e ocupará também o programa da Eliana
Pelé tem boa evolução, mas continua internado na UTI
Pelé apresenta “boa evo-lução” e segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento tem-porário de suporte renal. Ele está lúcido, conversando, e estável “do ponto de vista hemodinâmico e respirató-rio”. É isso que diz o mais recente boletim médico di-vulgado pelo hospital Albert Einstein, finalizado às 10h30 deste sábado.
“O paciente apresenta boa evolução e segue sob cuidados na unidade de terapia intensiva em tra-tamento temporário de su-porte renal (hemodiafiltra-ção venovenosa contínua). Está lúcido, conversando, e estável do ponto de vista hemodinâmico e respirató-rio. Não houve alteração da antibioticoterapia. Todas as culturas colhidas (sangue e urina) estão negativas”, diz a íntegra do boletim, assinado pelos médicos Fabio Nasri e Marcelo Costa Batista.
Dois boletins divulgados na sexta-feira já haviam con-firmado melhora no quadro do ex-jogador de 74 anos, que segue sem previsão de alta. O craque, internado com infecção renal, chegou a passar por um quadro de “instabilidade clínica”, como chegou a definir de forma um pouco vaga o hospital na última quinta.
O Rei do Futebol passa por um tratamento de su-porte renal, a hemodiálise, que consiste na utilização de um aparelho para filtrar o sangue. O rim do ex-jogador, que teve de tomar remédios mais fortes para tentar com-bater a bactéria que causou a infecção, começou a falhar devido ao sangue infectado. Ele também precisou tomar medicamentos para contro-lar a pressão arterial. A in-formação de que Pelé retirou um dos rins ainda quando jogador só foi tornada pú-blica na sexta-feira.
REI DO FUTEBOL
O Rei do Futebol apresentou melhora, segundo boletim
Dois acidentes de trânsito na manhã de sábado
Manaus registrou pelo menos dois acidentes, na manhã de ontem, nas zo-nas Centro-Sul e Oeste da capital. Nenhuma das ocor-rências teve vítimas fatais. Logo nas primeiras horas da manhã, o condutor Caio César Aidie Mota, 25, que dirigia um automóvel mo-delo Gol, placas OAB 2878, colidiu com um caminhão modelo VW 8120, de placas JXO 4919, na avenida Má-rio Ypiranga, bairro Adria-nópolis, Zona Centro-Sul de Manaus, em frente ao Quality Hotel, deixando o motorista lesionado.
Outros dois veículos, um Renault Logan, de placas JXS 0164, e um MMC Ou-tlander de placas OAN 9422,
também se chocaram por volta das 8h, desta vez na avenida do Turismo, bairro
Tarumã, Zona Oeste de Ma-naus, provocando capota-mento de um dos carros.
De acordo com o Institu-to Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) não houve vítimas fatais em nenhum dos dois casos. Caio César foi encaminhado para uma unidade hospitalar para fa-zer curativos e logo depois foi liberado.
Testemunhas presentes nos dois locais de acidentes mencionaram que, em am-bas as ocorrências, haviam motoristas embriagados envolvidos nos acidentes. Segundo o Manaustrans, apenas a perícia será capaz de confirmar a veracidade dessa informação.
REGISTRO
Na avenida do Turismo, dois carros colidiram e capotaram
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Batalhão Ambiental faz apreensão de carvão
O Batalhão de policiamen-to ambiental apreendeu, na manhã de ontem (29), quase R$ 10 mil em carvão ilegal sem o Documento de Origem Florestal (DOF). Foram 50 me-tros do material que estavam sendo conduzidos por Antonio Santos de Melo, 35.
A carga foi apreendida no quilômetro 49 da BR 319, que liga Manaus ao municí-pio de Itacoatiara. O tenen-te do Batalhão Ambiental, Alan Patrick, informou que a equipe estava vindo de uma operação no município de Rio Preto da Eva, quando avistaram o caminhão.
“Já sabemos que essa via é de escoamento de carvão. Suspeitamos da carga por-que percebemos que o cami-nhão estava lento. Aborda-mos e o infrator admitiu que estava sem o DOF”, disse.
O material foi apresentado na 15º Delegacia Integrada de Polícia (DIP) e o destino, segundo o tenente, fica sob
responsabilidade da delega-da que recebeu a carga.
“ Pode ser doada para al-guma instituição que utilize carvão ou pode ficar sob fiança do condutor, mas nes-se caso, o material não tem saída e, quando solicitado pela Justiça, o condutor tem que apresentá-la”, explicou.
O tenente informou que uma das instituições que costuma receber o mate-rial é a cavalaria da Polícia Militar, a qual utiliza o car-vão na fabricação artesa-nal das ferraduras.
Um Termo Circunstan-cial de Ocorrência (TCO) foi assinado pelo infrator, o qual foi liberado e deve se apresentar quando a Justiça solicitar.
A multa para esse tipo de crime, de acordo com a lei 9.605/98 é de R$ 300 por cada metro de carvão. Segundo o infrator, haviam 380 sacas de carvão ilegal. Cada saca com 18 quilos.
IRREGULARES
Material estava sendo transportando de forma irregular
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CONCEIÇÃO MELQUÍADESEquipe EM TEMPO
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MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 A3Opinião
A cúpula do PT, reunida ontem em Fortaleza (CE), prometeu divulgar hoje um documento todo dedi-cado à corrupção, para compensar a quase ausência do tema no texto de 29 parágrafos em que pede mudanças no segundo governo de Dilma Rousseff . Mas o partido está confuso e até as tendências mais radicais à esquerda que o compõem não têm conseguido manter coerência no discurso e na prática.
A presidente Dilma era esperada ontem à noite na capital cearense e o clima era esse. A reunião da cúpula petista ontem e hoje tem o objetivo de fazer um balanço das eleições e foi tímida na abordagem das denúncias de fraudes na Petrobras, que respingam inevitavelmente na presidente e em Lula. “O partido tem que retomar sua capacidade de fazer política cotidiana, sua independência frente ao Estado e ser muito mais pró-ativo no enfrentamento das acusações de corrupção, em especial no ambiente dos próximos meses, em que setores da direita vão continuar premiando delatores”, diz o texto divulgado após as discussões de ontem – o texto teve intervenção do presidente do partido, Rui Falcão.
É claro que o PT preferiria que “a direita”, nesse caso o Estado brasileiro, não continuasse “premiando delatores”, único recurso legal encontrado para conseguir penetrar no labirinto de corrupção que chama atenção jurídica e policial internacional para o país. Exemplo: o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como um dos operadores do esquema de desvio de recursos da estatal investigado pela operação Lava Jato, foi homenageado durante o encontro. Espera-se, hoje, qual a resposta ofi cial do partido sobre as acusações de fraudes. E qual a reação da presidente a esse clima de hostilidade das suas primeiras escolhas.
Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]
Para a 1ª Corrida Contra o Preconceito, que tem a intenção de mobilizar a socie-dade para o combate a qualquer tipo de preconceito e discriminação, principal-mente contra as pessoas com HIV/Aids.
1ª Corrida Contra o Preconceito
APLAUSOS VAIAS
Celebridade
O jovem, de apenas 22 anos, foi a celebridade mais citada na mídia brasileira ao longo deste ano, com quase 120 mil menções, além dos inúmeros fãs nas redes sociais: 48,5 mi-lhões no Facebook, 15 milhões no Twitter e 12 milhões de seguidores no Instagram.
A lista
Com critérios como o número de aparições na mídia e o grau de prestígio e infl uência de cada um, a edição de novembro da “Forbes Brasil” elegeu, pela segunda vez, a lista com os 100 famosos brasileiros que mais se destacaram em 2014.
Segundão
O jogador David Luiz, que arrecadou mais de 4 milhões de reais em cachês de pro-paganda durante o Mundial e o escritor internacional Paulo Coelho, autor de best-sellers, ocupam, na lista, a segunda e terceira posição, respectivamente.
Bundchen
Entre os escolhidos no ranking estão ainda a top Gisele Bundchen, o rei Pelé, a atriz Bruna Marquezine, a apresentadora Fernanda Lima e a cantora Ivete Sangalo.
Clareou
Manaus começa a ficar mais iluminada.
Isso porque a prefeitura está substituindo as lâmpa-das amarelas pelas lâmpadas brancas, o que muda com-pletamente a cara da cidade à noite.
Tristonha
As lâmpadas amarelas davam um aspecto lúgubre a Manaus.
Mais tinha executivo da então Manaus Energia jurando que a cidade era uma das mais bem iluminadas do Brasil. Como por exemplo Silas Rundaeu, que presidiu a empresa.
Merreca
Deputados e senadores acham que estão ganhando muito pouco.
Por isso querem aumentar a partir de janeiro seus próprios salários, além dos vencimentos da presidente Dilmar Rousseff , do seu vice, Michel Temer, e dos 39 ministros.
Aumento esse negócio!
Os números em estudo pre-veem aumento de R$ 26.723 para R$ 33.769 para o Legis-lativo e o Executivo.
A elevação tem como base o acumulado dos últimos 4 anos do índice de inflação Ipca que, de acordo com os cálculos, é de 26,33%.
Complemento
Os congressistas, além dos sa-lários, têm direito a apartamento funcional ou auxílio-moradia de R$ 3,8 mil e verba indenizatória de até R$ 41 mil para deputados e R$ 44,2 mil para senadores.
Recente
O mais recente aumento dado aos congressistas e aos integrantes do Executivo federal ocorreu em dezembro de 2010.
Caiu na rede
A ex-primeira-dama Nejmi
Aziz tem publicado diariamente em seus perfi s nas redes so-ciais mensagens e informações de campanhas que reforçam a busca pela qualidade de vida das famílias amazonenses.
Caiu na rede 2
Entre elas, a sensibilização pelo fim da violência domés-tica e combate ao câncer. A iniciativa vem sendo pres-tigiada por muitas pessoas que admiram seu trabalho, desde quando ela coordenava as mobilizações no Estado.
Recaída
Durante o primeiro dia da Semana Nacional da Conci-liação (SNC) no Amazonas, a 1ª Vara da Família do Tri-bunal de Justiça do Amazo-nas (TJAM) colaborou para o restabelecimento da união de um casal separado há quatro anos. Com a conciliação, eles desistiram de um divórcio li-tigioso com partilhas de bens e alimentos.
O amor está no ar
Após meia hora de debate, o casal deixou a sala abraçados em clima romance. Quem pre-senciou a cena, aposta em uma retomada imediata do casal.
Medalha
Em dezembro, a Assem-bleia Legislativa do Amazonas (Aleam) retoma a entrega de medalhas por mérito legislati-vo. Desta vez, a honraria será a Medalha Professora Ignês de Vasconcelos Dias. Um dos agraciados será o secretário de Estado da Juventude, Despor-to e Lazer (Sejel), Ricardo de Brito Marrocos.
Para as lojas que mais uma vez enganaram o consumidor na chamada Black Friday. Não foram todas, mas algumas que prometeram descontos de até 70%, mal deram 20% nos produtos “ofertados”. Uma vergonha.
Black fraude
Entre personalidades da música, da telinha, dos palcos, da culinária, do esporte, das artes, da moda e até do grafite, a estrela que aparece em primeiro lugar na edição de novembro da “Forbes Brasil” é Neymar.
O brasileiro fica entre os atletas mais bem pagos do mundo (com 8,8 milhões de euros anuais).
Neymar é o cara
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
Saia justa em Fortaleza
O meu amigo Aldisio Filgueiras é um homem de letras. Escritor, articulista, editorialista, jornalista, além de poeta, crítico literário e até compositor musical (conhecem “Porto de Lenha”?). É coisa à beça e todos que o conhecem de perto sabem disso. Afi nal, não chegou à condição de “Imortal” da Academia de Letras gratuitamente. No seu caso, honra a instituição, embora também receba dela alguma dignidade.
Pois bem! Por obra e graça da sua sensibilidade de poeta, hoje, ao abrir o meu e-mail, tive a surpresa de encontrar ali um material rico em sabedoria, coisa rara em meio às habituais baboseiras que chegam todos os dias.
Alguém, cuja identidade desconhe-ço, certamente farto das distorções das novelas da Globo em torno do “amor”, resolveu partir para a busca da sua essência, precisamente pela ausculta daqueles que a ele dão muito valor e que ainda não foram corrompidos pelos estereótipos do romantismo de folhetim. Ouvir o que as crianças têm a dizer do amor foi realmente uma sacada inteligente, como costumam ser as decisões mais simples. E para preservar a origi-nalidade e, digamos, a virgindade das manifestações, foram ouvidas apenas crianças compreendidas na faixa etária entre 4 e 8 anos.
De início, salta à vista o fato de que as crianças percebem o Amor com características bem diferentes daquelas que a pin-up Fernanda Lima se empenha em nos passar por meio da vulgaridade do seu “Amor e Sexo”. Aliás, quando falta o talento, que de-veria ser a única credencial de uma “estrela”, e essa não exibe nenhuma arte e sequer canta ou dança com competência, nada resta senão “ape-lar”, para marcar presença.
Mas voltemos às crianças. A primeira marca que atribuem ao Amor se refere à doação afetiva
que leva à renúncia de si mesma e à priorização do outro. Assim se expressou Elaine, de 5 anos: “Amor é quando a mamãe dá ao papai o melhor pedaço do frango”.
Na mesma direção se expressa a pequena Danny, em seus 7 anos: “O amor é quando a minha mãe faz café para o meu pai e bebe um golinho antes de lhe dar, para saber se está mesmo bom”.
Sem contradição, Chris, também com 7 anos, faz realçar outra dimen-são do amor, quando enfatiza que a pessoa amada deve ter mais valor do que sua aparência e seu estado momentâneo: “O amor é quando a mamãe vê o papai fedendo e suado e ainda diz que ele é mais bonito do que o Robert Redford”.
Nikka, de 6 anos, nos ensina que há uma aprendizagem para o Amor, que existem níveis do mesmo e ainda se aproxima do paradigma que nos dá o cristianismo: “Se você quer aprender a amar melhor, você deve começar com um amigo que você odeia”.
Dentro da sua ingenuidade e da maior simploriedade, Lauren, a mais jovem delas, com apenas 4 anos, percebe que quem ama se sacrifi ca pelo amado: “Eu sei que a minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as suas roupas velhas e tem que sair para comprar novas”.
Não poderiam faltar a dedicação, a abnegação e a fi delidade no amor. Rebecca, de 8 anos, captou tudo: “Quando minha avó fi cou com artrite, ela não podia se curvar para pintar as unhas dos pés. Então meu avô faz isso para ela o tempo todo, mesmo quando suas mãos tiveram artrite também. Isso é amor”.
E Tommy, 6 anos, corrobora: “O amor é como uma velhinha e um ve-lhinho que ainda são amigos, mesmo depois de se conhecerem muito bem”. Faz-nos até pensar que os adultos, quando tentam educar, por vezes acabam por corromper as crianças.
João Bosco Araú[email protected]
João Bosco Araújo
João Bosco Araújo
Diretor Executivo do Amazonas
EM TEMPO
O saber das crianças
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Dentro da sua ingenui-dade, Lau-ren, a mais jovem delas, com ape-nas 4 anos, percebe que quem ama se sacrifi ca pelo amado: ‘Eu sei que a minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as suas rou-pas velhas e tem que sair para comprar novas’”
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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
FrasePainelVERA MAGALHÃES
A nova equipe econômica de Dilma Rousseff vai reduzir o peso dos investimentos públicos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nos projetos de infraestrutura do país. Nelson Barbosa as-sume o Planejamento com a tarefa de criar um ambiente mais favorável para o setor privado em suas concessões e parcerias. Auxiliares da presidente dizem que o governo será mais fl exível na defi nição de taxas de retorno, com menos resistências à remuneração dos investidores.
Cofre fechado Aliados de Dilma lembram que debates entre Arno Augustin, no Te-souro, e Gleisi Hoff mann, na Casa Civil, sobre o lucro do setor privado congelaram por meses projetos estratégicos de concessão do governo.
Quebrou A avaliação do Pla-nalto é de que o Estado não tem mais condições de despejar dinheiro para alavancar a in-fraestrutura do país, como no auge do PAC.
Camomila O PT comemorou os primeiros discursos de Joa-quim Levy. Também acalmou o partido o fato de Dilma ter sancionado a mudança no in-dexador da dívida de Estados e municípios --sinal de que a auto-nomia do ministro será relativa e a presidente seguirá dando as diretrizes da economia.
Amuado Jaques Wagner ma-nifestou a aliados estar descon-tente com a indefi nição sobre seu papel no novo mandato de Dilma. O governador da Bahia disse claramente à presidente que não quer voltar à Secretaria de Relações Institucionais.
Amuado 2 Com a provável ida
de Miguel Rossetto para a Se-cretaria-Geral, Wagner não teria espaço no Palácio do Planalto. A pasta mais vistosa disponível no desenho atual é a das Comuni-cações, turbinada pelas verbas de publicidade do governo.
Acelera Há dias, Fernando Pi-mentel (PT) pede que o Planalto anuncie logo Armando Montei-ro no Desenvolvimento e libere Mauro Borges para sua equipe em Minas. O mais provável é que ele comande uma empresa do Estado, como a Cemig.
Veja bem A assessoria de Monteiro nega “enfaticamente” que ele tenha convidado Ales-sandro Teixeira para qualquer cargo no ministério.
Como faz? O PT deve cos-turar um acordo que permita a entrada de Gilberto Carvalho e Marco Aurélio Garcia na execu-tiva do partido antes da eleição do novo diretório, em 2017.
Sem segredo Terminou on-tem o prazo dado pela CPI da Petrobras para que Receita, Banco Central e Anatel entre-gassem os dados de João Vac-cari, tesoureiro do PT. A oposi-ção vai cobrar os papéis.
Diplomacia Aécio Neves trabalha para que a banca-da do PSDB concorde em apoiar Julio Delgado para a presidência da Câmara, num gesto de reciprocidade ao PSB, que o apoiou no segundo turno da eleição presidencial.
Para a frente O tucano quer manter a proximidade com o PSB de olho na atua-ção da oposição no Congres-so e nas eleições municipais de 2016 - quando, imagina, os dois partidos podem ter candidatos comuns em di-versas cidades-chave.
Hard rock Petistas pre-ocupados com o ganho de peso da oposição no Senado brincam: “Assim como havia a banda de música da UDN, temos de nos preparar para enfrentar a banda de heavy metal do PSDB e do DEM”.
Abrigo Mais um partido quer oferecer espaço para Marta Suplicy (PT) disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016: o Solidariedade. Paulinho da Força confirma o interesse, mas diz que ainda não procurou a senadora.
O fi m da era PAC
Contraponto
Após receber a Medalha do Mérito Legislativo da Câmara na última semana, o governa-dor eleito do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), encontrou o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) em um corredor da casa.O maranhense brincou com o novo visual do petista, que estava sem sua barba característica.– Pellegrino, estou decepcionado. Você tirou aquela sua barba guevariana... –disse Dino.Rindo, o deputado baiano ironizou:– Dino, Guevara não está mais na moda. Agora chamam tudo de “bolivariano”. A opo-sição só fala nisso!
Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”
Revolução estética
Tiroteio
DO MINISTRO MOREIRA FRANCO (AVIAÇÃO CIVIL), sobre as reações irônicas da oposição à escolha dos ministros do segundo mandato de Dilma Rousseff.
A resposta da oposição à escolha de Joaquim Levy e Nelson Barbosa mostra que Dilma acertou. Os adversários perderam o chão.
Neste tempo, as cidades se enchem de luz e os motivos na-talinos enfeitam ruas, praças e casas. Os estabelecimentos co-merciais, colaborando para um ambiente que respira amizade, alegria, esperança e solidarieda-de, esperam movimentar seu ca-pital e aumentar seus lucros. Sem sombra de dúvida é o momento mais bonito do ano e difi cilmen-te conseguimos fi car imunes ao espírito do Natal, vivido mesmo por não cristãos.
Curiosamente, na liturgia cató-lica, os celebrantes se revestem de vestes roxas e os rituais têm um sabor penitencial com forte apelo à conversão e a mudança de vida. Na liturgia da palavra ressoa a voz do Batista, anun-ciando a proximidade do Reinado de Deus e a necessidade de uma mudança radical para que pos-samos acolhê-lo e sermos nele acolhidos. O anúncio deste tempo é claro e exigente: Deus visita o seu povo e intervém na história. A grande intervenção, que se deu na plenitude dos tempos foi a en-carnação do verbo. Essa vinda ao mundo que se radicalizou na cruz e se completou na ressurreição é celebrada no Natal. Recordamos fatos históricos, reais, radical-mente humanos.
A arte nas suas mais diver-sas expressões faz deste fato histórico o mais representado, cantado, transformado em versos e em teatro. Nunca nos cansare-mos de celebrá-lo, pois nele nos encontramos todos com nossos sonhos, esperanças e amores. Esta intervenção radical em que o mistério divino invade, penetra e transforma o mistério humano iluminando tantas outras vindas que acontecem no dia a dia, vi-síveis apenas ao olhar da fé. O mistério do natal acontece sem-
pre que o ser humano transcende os seus limites marcados pelo egoísmo e se deixa transformar pela solidariedade, permitindo que o outro seja a medida do seu sentir e do seu agir.
É normal que neste tempo de advento, de recordação da vinda do Senhor sejamos todos mais solidários e fraternos, perce-bendo situações normalmente invisíveis aos nossos olhos. Mas a igreja espera a vinda defini-tiva do Senhor, professando a fé naquele que há de vir para julgar vivos e mortos. A história tem um sentido, que está no encontro definitivo do criador com as suas criaturas. Um futuro que na literatura apocalíptica já é presente, pois a vitória defi-nitiva já aconteceu na cruz. O tempo do advento é um convite à superação de limites e egoís-mos que nos tornam pequenos e tacanhos.
A memória da primeira vinda de Cristo, a lembrança da grande visita e a expectativa da vinda defi nitiva nos tornam atentos às visitas que Deus constan-temente nos faz. Se abrirmos os olhos e permitirmos que o Espírito nos ilumine, daremos constantemente glória a Deus que visita e liberta o seu povo, e estas visitas nos transforma-rão e nos farão viver a vocação humana que desemboca no mis-tério de Deus. A alma, sedenta de plenitude e cheia de nostalgia, repetirá o grito que já atravessa dois milênios: Vem Senhor Jesus. Nós já o conhecemos da gruta de Belém, já o vimos caminhar entre as aldeias da Galileia, es-cutamos sua voz e conhecemos suas histórias, sabemos que foi rejeitado, e fomos avisados onde o encontraríamos. Que as luzes não ofusquem a luz.
Dom Sérgio Eduardo [email protected]
Dom Sérgio Eduardo Castriani
Dom Sérgio Edu-ardo Castriani
Arcebispo Metropolitano de
Manaus
A memória da primei-ra vinda de Cristo, a lembrança da grande visita e a expecta-tiva da vinda defi nitiva nos tornam aten-tos às visitas que Deus constante-mente nos faz. Se abrir-mos os olhos e permitirmos que o Espírito nos ilumine, daremos constante-mente glória a Deus”
Advento
Olho da [email protected]
Barcos de linha e barcos de recreio podem não servir aos mesmos propósitos, mas são a mesma coisa no meio do rio: a mesma tripulação e os mesmos passageiros, eles que não param de visitar-se – vizinhos no interior e vizinhos na capital –, indo e vindo com mais facilidade do que se anda de ônibus nas ruas de Manaus (que nem têm mais vizinhos)
O setor público tentou alavancar a economia gastando mais. Isso é uma política errada, porque a queda do crescimento econômico não se deu por falta de demanda. Se deu porque falta investimen-to, sobretudo investimento privado. O governo criou
um ambiente negativo ao crescimento e tentou compensar isso gastando mais, o que acaba pio-
rando a situação
Alcides Leite, economista da Trevisan Escola de Negócios, avalia que a alta de gastos tem um efeito
mais imediato no crescimento da economia, mas piora os demais componentes do PIB.
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Presidente: Otávio Raman NevesDiretor-Executivo: João Bosco Araújo
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EM Tempo OnlineYndira Assayag — MTB [email protected] GRUPO FOLHA DE SÃO PAULO
ALBERTO CÉSAR ARAÚJO
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MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 A5Com a palavra
A ilha mais badalada e polêmica do Caribe, desde o último dia 21, passou a ter uma
representação oficial em Ma-naus. Localizado no conjunto Kíssia, bairro Dom Pedro, Zona Oeste da capital, o Consulado Geral da República de Cuba, mais que atuar nas questões diplomáticas, pretende auxiliar nas relações entre Brasil e o país dos irmãos Castro, nos diversos setores, conforme o cônsul-geral, Turcios Mi-guel Esquivel López, 45. Após passar mais de dois anos na representação da Suécia, e ou-tros cinco anos na de Zâmbia, López estará à frente de um consulado cuja jurisdição co-bre os Estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima. Em entrevista ao EM TEMPO, o cônsul destacou, entre outros assuntos, o trabalho em Manaus, a polêmica em torno da construção do porto de Mariel pela presidente Dilma Rousseff com recursos públicos brasilei-ros e os cubanos que atuam no programa Mais Médicos. Segun-do López, é necessário conhecer Cuba para entender o contexto da ilha, sua política socialista e a cordialidade de seu povo.
EM TEMPO - Afora a em-baixada cubana em Brasília, há outras três representa-ções diplomáticas, no caso os consulados gerais de São Paulo, Salvador e o de Manaus. Qual a necessida-de de tanta representação diplomática no país?
Turcios López - Os gover-nos cubano e brasileiro man-tém há muitos anos relações diplomáticas e comerciais. An-tes da presidente Dilma Rous-seff visitar a ilha, em 2014, o presidente Lula e seu an-tecessor, Fernando Henrique Cardoso, estiveram em Cuba, por conta deste bom enten-dimento. Como o Brasil é um país muito grande e fica im-possível para Brasília atender todo esse território, e o outro consulado é em São Paulo, a embaixada decidiu abrir mais duas representações, neste ano, que foram a de Salvador (BA) e a de Manaus.
EM TEMPO - O consulado já dispõe de uma agenda de atividades voltadas para divulgar o país, seja por
meio de eventos culturais, feiras de negócios, inter-câmbios educacionais ou algo semelhante?
TL - Por enquanto, ainda não. Estamos organizando um seminário, para o mês de mar-ço de 2015, sobre oportunida-des de negócios, para aquelas pessoas que queiram investir em Cuba. Mas, queremos fo-mentar e promover a cultura e o turismo também. Na área cultural, por exemplo, pode ha-ver a possibilidade da vinda do Ballet Nacional de Cuba, para apresentar-se no Teatro Ama-zonas, assim como também a vinda de uma companhia de ópera cubana. Queremos que as pessoas conheçam Cuba, pois os cubanos e brasileiros são bastante parecidos.
EM TEMPO - Em quais aspectos, por exemplo?
TL - Gostamos de conversar, somos um povo hospitaleiro. A temperatura de Manaus se assemelha um pouco à da ilha, por ser quente [risos]. Mas, há uma parte da ilha em que o clima é mais ameno.
EM TEMPO - Há possibili-
dade de haver um voo direto entre Havana e Manaus?
TL - Existe um voo que é São Paulo, Manaus e Havana. É um voo realizado por uma linha aérea nacional de Cuba. Queremos promover Cuba, e aproveitar para vender a ilha como destino turístico, pois temos potencial. Há algumas semanas, o site TripAdvisor elegeu o Royalton Cayo Santa Maria como o melhor resort all-inclusive do mundo. Os brasilei-ros, os manauenses precisam descobrir e conhecer Cuba.
EM TEMPO - A medici-
na cubana é citada como exemplo. Porém, alguns es-pecialistas alegam que ela não pode ser considerada referência, devido à falta de pesquisas na área, que pouco se ouve falar. Como isso é possível?
TL - A medicina preventiva é melhor por ser mais barata e evita gastos. Temos produ-ção, sim, na área. Cuba tem uma indústria farmacêutica muito grande. Um exemplo é um medicamento que trata dos pés de diabéticos, evitando a amputação. Temos várias pes-quisas em curso, algumas em produção conjunta. Na China e Argentina produzimos produ-
tos com tecnologia cubana.
EM TEMPO - E no Brasil?TL - No Amazonas, há uma
parceria com a Bioamazon, em pesquisas voltadas para a malária.
EM TEMPO - O governo
brasileiro investiu R$ 682 milhões de nos últimos três anos na modernização e ampliação do porto de Ma-riel, que terá capacidade 30% superior a do Porto de Suape - o principal do Nordeste brasileiro -, isso não seria um contrassenso, já que muitos portos brasi-leiros não receberam inves-timentos semelhantes?
TL - Há informações errô-neas sobre este tema. O go-verno cubano pagou US$ 500 milhões pelo maquinário que está sendo utilizado na recu-peração do porto de Mariel. O porto é um local estratégico e será um ponto de distribuição para toda a América Latina, com capacidade para atracar navios de grande porte. Se ne-nhum empresário quis investir nos portos brasileiros, a culpa não é de Cuba.
EM TEMPO - Por que mui-tos profissionais abando-nam a profissão e pedem asilo político nos Estados Unidos?
TL - Há aí dois aspectos a serem considerados: um a mi-gração econômica, que ocorre em várias partes do mundo, e o segundo é um programa dos Estados Unidos, uma polí-tica de Estado voltada apenas para cubanos, para “roubar” os nossos médicos. Há uma lei que data de 1960 na qual todo cubano que conseguir entrar nos Estados Unidos deve ser ajudado. Todos os anos inúmeros mexicanos e hondurenhos são deportados de lá, menos os cubanos.
EM TEMPO - Em relação aos médicos cubanos que aderiram ao Mais Médicos, por que não recebem o valor integral do salário, em torno de R$ 10 mil, enquanto parte deste valor é repassado ao país de origem?
TL - Em Cuba, a saúde, a edu-cação e a cultura são gratuitas. Se quiseres praticar um espor-te, uma atividade artística, é de graça. Por terem recebido for-mação gratuita, eles [médicos] entendem que é parte de seu dever contribuir com o país, é uma contrapartida do cidadão. É uma contribuição social ao seu país, não vai para nenhuma organização ou partido. Não queremos ser ricos, queremos que todos vivam bem. O que se pratica na ilha é o que se conhece por justiça social.
Turcios LÓPEZ
‘Os manauenses PRECISAM DESCOBRIR e conhecer Cuba’
Queremos promover Cuba e aproveitar para vender a ilha como destino turístico, pois temos potencial”
SÍNTIA MACIELEquipe EM TEMPO
FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO
O gover-no cubano pagou US$ 500 milhões pelo maqui-nário que está sendo usado no porto de Mariel (...) Se nenhum empresário quis investir nos portos brasileiros, a culpa não é de Cuba”
Em Cuba, não que-remos ser ricos, que-remos que todos vivam bem. O que se pratica na ilha é o que se conhece por justiça social”
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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
Dilma recebeu dono da Ode-brecht no Alvorada
Dilma Rousseff teve dois despa-chos privados com Marcelo Ode-brecht, presidente da empreiteira mais benefi ciada com contratos bilionários, nos governos Lula e Dilma, entre todas as empre-sas enroladas no roubalheira do Petrolão. Ambos os encontros foram realizados sob a discrição da residência ofi cial do Palácio da Alvorada, e não, como seria próprio, sob as luzes do Planalto, local de trabalho da presidente.
Duas vezesMarcelo Odebrecht esteve no Al-
vorada em 26 de março deste ano, quando o país estava sob o choque da Lava Jato, e em 25 de julho.
Mais que ministroAo contrário de Marcelo Ode-
brecht, a ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoff mann, não teve com Dil-ma despacho privado no Alvorada, em 2014.
Boca de siriA Presidência da República não
informou o tema dos despachos particulares entre Dilma e o dono da empreiteira preferida do governo.
Só dá elaNa sede da empreiteira baiana
Odebrecht, o clima está pesado, com a expectativa de eventual pri-são dos diretores e controladores.
2014: governo gasta R$ 831 milhões em diárias
O governo Dilma pagou, nos primeiros dez meses do ano, mais de R$ 831 milhões em diárias a funcionários públicos e comissio-nados. O campeão em diárias em todo o Brasil, Genésio Luiz Hubs-cher, levou mais de R$ 178 mil por
298 dias em viagem internacional à China, para ofi cialmente acom-panhar de perto as atividades da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST, sigla em inglês), empresa pública de lá.
De outro mundoAs seis pessoas que mais re-
ceberam diárias do governo este ano são todos funcionários do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Negócio da ChinaOs “top 5” em diárias levaram
mais de R$ 100 mil cada para acompanhar o desenvolvimento de satélites do outro lado do mundo.
ONGs governamentaisMilitantes do PT vetam a se-
nadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para Agricultura, e exigem Sér-gio Leitão, do Greenpeace, no Meio Ambiente.
Poço de surpresasPara investigar negócios da Pe-
trobras nos Estados Unidos, como a compra superfaturada da refi naria de Pasadena, o Departamento de Justiça trabalha com indícios envol-vendo maracutaias desde 2006.
Habemus doidosO papa Francisco, que fala com
Deus, condenou em visita à Tur-quia os massacres dos cristãos pelos terroristas do Estado Islâ-mico. Dilma, que fala com Lula, su-geriu na ONU o “diálogo” com os novos bárbaros.
Cota da bancadaIndicado pelo vice Michel Temer
para assumir o Ministério do Tu-rismo ou das Cidades, Eliseu Pa-dilha (PMDB-RS) está fazendo pé-riplo nos gabinetes de deputados
em busca do apoio da bancada na Câmara.
Ninguém tascaDeputados do PMDB reclamam
que a indicação do presidente da Câmara, Henrique Alves, para o Ministério da Integração, não passou pela bancada. O nome é “cota pessoal” do líder Eduardo Cunha (RJ).
Vai que pegaA turma do megalonanico Celso
Amorim, atual ministro da Defesa, espalha o boato de seu retorno ao cargo de ministro das Relações Ex-teriores. Só para aumentar o clima geral de afl ição dos diplomatas.
Filiação em massaPresidente do PSDB, Aécio Ne-
ves convidou os deputados Bruno Araújo (PE), Otávio Leite (RJ) e o senador Cássio Cunha (PB) para compor comissão que promoverá uma fi liação em massa.
Mise-en-scèneApesar de ter negado a candi-
datura publicamente, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), aos poucos, nos bastidores, tenta via-bilizar sua reeleição à presidên-cia do Senado, em 2015.
Diz-me com quem não andas...Convidada para o Ministério da
Agricultura, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) enfrenta veto do líder do PMDB, Eduardo Cunha, de índios oportunistas, de ecopicaretas etc. Ela deve ter lá suas virtudes.
De raspãoO governo celebrou crescimento
pífi o de 0,1% do PIB que tiraria o país da recessão. É como escapar de um meteoro perdendo as pernas.
Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS
Jornalista
www.claudiohumberto.com.br
Não podem comprometer o projeto do PT”
PAULO TEIXEIRA (PT-SP), fazendo o famoso “fogo amigo” contra a equipe econômica de Dilma
PODER SEM PUDOR
Talentos reveladosEleito presidente, Tancredo Neves
foi procurado pelo deputado Ulysses Guimarães, que pretendia “queimar” a escolha para o Ministério da Justiça do deputado pernambucano Fernando Lyra, que faria História no cargo. Ulys-ses o chamou de “jurista de Caruaru” e Tancredo reagiu ao seu estilo:
- Ulysses, não foi você quem indicou o Pedro Simon para a Agricultura?
- Fui eu.- Pois é. A única fazenda que ele
conhece é tecido “do loja” – disse Tancredo, referindo-se bem humorado à ascendência árabe de Simon.
UNINORTE
Senador tucano disse que Dilma “mentiu durante a campanha eleitoral” e que seu governo é um mandato sem planejamento
Aécio assegura que Dilma é ‘refém’ de contradições
Líderes do PT e do PMDB no Senado elo-giaram as indicações de Joaquim Levy e de
Nelson Barbosa para os mi-nistérios da Fazenda e do Pla-nejamento, respectivamente. O discurso é de que darão “credibilidade” à equipe eco-nômica e farão ajustes fi scais para promover a retomada do crescimento do país. Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que Dilma “mentiu durante a campanha eleitoral” e que o governo dela é “refém de contradições”.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que Levy e Barbosa têm cre-dibilidade junto ao mercado e aos partidos políticos. Afi nado com o Palácio do Planalto, o petista disse que eles farão o ajuste necessário, mas que isso é apenas “uma etapa” e não um fi m em si mesmo, como na era do PSDB.
“Foi um gol de placa. Foi muito importante a fala deles no sentido da necessidade do ajuste, de choque, de combate à infl ação, mas entendendo
isso como uma etapa neces-sária para a retomada do cres-cimento. A nossa diferença para os tucanos é que, para eles, o ajuste fi scal é um fi m, uma política em si e não uma etapa. E nossa receita será bem menos amarga do que aquela que eles aplicaram”,
disse Humberto Costa, acres-centando: “E são pessoas que têm credibilidade junto ao mercado e aos partidos”.
ElogiosEx-ministra da Casa Civil,
a senadora Gleisi Hoff mann (PT-PR) fez vários elogios à
escolha dos dois ministros e da manutenção de Alexandre Tombini no Banco Central. “Vão dar à presidente Dilma grande estabilidade. São os três mosqueteiros da presi-dente Dilma. E vão dar con-dições de desenvolvimento e, sobretudo, de continuidade, em relação ao discurso da campanha, porque ela vai continuar os programas que estão dando esses resulta-dos”, disse Gleisi, que fez uma homenagem ao atual ministro da Fazenda, Guido Mantega: “Muitas vezes se criticou o ministro Mantega nos últimos anos. Mas sei a dureza que é estarmos em cargo público em momentos difíceis”.
AlertaO líder do PMDB no Senado,
Eunício Oliveira (CE), fez ques-tão de dizer que eles tinham credibilidade no mercado, mas alertou para os momentos di-fíceis da economia. “Cria um momento de credibilidade, mas a perspectiva de um ano fi scal não é das mais alvissa-reiras”, disse Eunício.
CREDIBILIDADEO discurso é de que darão “credibilidade” à equipe econômica e fa-rão ajustes fi scais para promover a retomada do crescimento do país. Aécio Neves afi rma que Dilma “mentiu durante a campanha eleitoral”
Candidato derrotado nas eleições, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a presidente Dilma Rousseff “mentiu na campanha elei-toral” e tenta desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fis-cal (LRF), ao querer mudar a meta fi scal de 2014. “As con-tradições, cada vez maiores, da presidente Dilma Rousseff sinalizam um governo sem planejamento, que não sabe a direção que vai tomar. Hoje, fi ca evidente que ela sabia
estar mentindo ao país duran-te toda a campanha eleitoral. A presidente escolheu novos nomes para área econômica do governo tentando acalmar o mercado e recuperar a cre-dibilidade perdida. Mas, ao mesmo tempo, protagoniza no Congresso mais um violento ataque à credibilidade do país ao afrontar a Lei de Respon-sabilidade Fiscal, alterando as metas de superavit, e usando como moeda de troca os car-gos públicos de sempre - disse
Aécio Neves, acrescentando: “Qual é o verdadeiro rosto do novo governo Dilma Rousseff ? Refém de tantas contradições, o governo corre o risco de não ter nenhum”. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nu-nes Ferreira (SP), elogiou os nomes, mas disse não saber se eles terão autonomia para trabalhar. “São nomes que dão respaldo técnico à nova equipe econômica, mas que não são adeptos do mesmo Evangelho que Aloizio Mercadante.
Tentativas de desrespeitar metas
Para Aécio Neves, a presidente Dilma Rousseff mente à nação sobre as metas fi scais
DIVULGAÇÃO
Aécio não acredita que a nova equipe econômica cumpra as promessas de Dilma em campanha
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MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 A7Política
Moradores do ‘outro lado’ querem emancipação
Sem sintonia e atenção política, que depende
da gestão municipal de Iranduba, as aproxima-
damente 15 famílias residentes no distrito
clamam por autonomia
Com problemas de todas as ordens e vivendo um clima de insatisfação po-
lítica, os moradores da co-munidade de Cacau Pirêra, ligada à capital pela ponte Rio Negro, fazem parte de um grupo de amazonenses que sonham com a eman-cipação das suas terras. A falta de sintonia e atenção da gestão municipal, além da longa distância entre a comunidade e a sede do mu-nicípio, são apontadas como os principais motivos para o pleito das aproximadamente 15 famílias, como apontam dados fornecidos pela pre-feitura de Iranduba.
Para o trabalhador infor-mal Francisco das Chagas, 28, é clara a necessidade de implantar na comunidade os poderes políticos, já que sem muitos recursos e tempo fica difícil pleitear qualquer benefício junto ao prefeito. “Muitas vezes não temos dinheiro nem para comprar
comida, e ir ao Iranduba requer dinheiro. Ainda te-mos que contar com a sorte para encontrar o prefeito ou mesmo os vereadores na Câ-mara Municipal. Falar com os secretários é ainda mais complicado”, destacou.
Entre as manifestações populares em prol de dei-xar a luta pela emancipação evidente, os moradores de Cacau Pirera e comunida-des adjacentes já chega-ram a coletar centenas de assinaturas, que em forma de abaixo assinado foram encaminhadas à Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa do Amazonas (Comam-Ale-am). Entretanto, não cabe à casa, já que o projeto que viabilizaria a tomada
de decisão pelo parlamento estadual foi vetado pela Pre-sidência da República em agosto de 2013.
Na ocasião, a presidente Dilma Rousseff (PT) alegou que a proposta que estabele-cia novas regras para fusão, desmembramento e incorpo-ração de municípios contra-riava interesses públicos e colocava em risco a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Exigências Entre as atuais exigências
para a criação de novos mu-nicípios estão: a existência de no mínimo 10 mil habi-tantes; ter no mínimo 40% de eleitores do total de ha-bitantes; território contínuo e seu desmembramento não subsidiar qualquer prejuízo à
cidade-mãe. A proposta é necessária
até mesmo para o prefeito da cidade, Xinaik Medeiros (Pros), que por conta da si-tuação lastimável vivenciada pelos moradores, que acre-ditavam viver melhores dias, após a construção da ponte Rio Negro, sofre com uma alta rejeição dos eleitores. Ele foi apontado como ausente e ineficiente por pelo menos 30 pessoas ouvidas pelas equipes de reportagem do EM TEMPO, nos dias em que as matérias do especial foram produzidas.
“Sou a favor da emanci-pação e reconheço que no Cacau Pirêra realmente fal-ta muita coisa. Infelizmen-te não podemos fazer tudo aquilo que acreditamos ser o necessário para a melhoria
da vida do povo. A prefeitu-ra agora tem que combater situações de uma grande cidade. A ponte fez com que as nossas demandas aumentassem significante-mente”, pondera ao afirmar que os repasses estaduais e federais, como Fundo de Participação dos Municí-pios (FPM) estão aquém do necessário.
“Temos somente em Cacau Pirêra 15 pessoas, na sede do Iranduba umas 30 mil, além das pessoas que residem no Solimões, nas comunidades e ramais. Não temos como ser eficientes 100%, temos também que arcar com as despesas do funcionalismo público. Não tem orçamento que sustente esses núme-ros”, ressaltou.
JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO
Quem também se colo-ca favorável a questão da emancipação do Cacau Pirê-ra é o vereador e candidato à presidência da Câmara Municipal, Paulo Bandei-ra (PSD). O parlamentar frisou que os moradores têm razões para criticar e reivindicar melhorias, es-
pecialmente de infraestru-tura, e que à medida que o desmembramento fosse concedido, seria mais viá-vel a realização de ações sociais e estruturais. “Acre-dito que temos na federação municípios menores que o Cacau Pirêra. A comunidade já possui uma estrutura in-
dustrial, potencial turístico e a quantidade de morado-res necessária para a sua emancipação”, destacou. De acordo com Paulo Bandeira, o orçamento do município, em 2014, é de algo em torno de R$ 70 milhões e de R$ 30 mil a R$ 50 mil em royalties da Petrobras.
Vereador apoia o desmembramento
Parlamentar da Câmara Municipal de Iranduba é favorável à emancipação de Cacau Pirêra
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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
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EconomiaCa
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[email protected], DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 (92) 3090-1045Economia B4 e B5
Turismo em Iranduba é só uma ilusão
RAIMUNDO VALENTIM
Mesmo com preço barato e produto em bom estado, ainda há preconceito com artigos de segunda mão
A arte de vender produtos usados
Apesar de serem vendi-dos com um preço mais em conta e na maioria das vezes em prefeito
estado de conservação, ainda existe “preconceito” por par-te dos público amazonense quando se trata de adquirir produtos usados. Na avalia-ção de alguns consumidores, o motivo principal está no medo de que o objeto não venha a funcionar a contento.
Para a estudante Juliana Mendonça, a justifi cativa para não comprar nada de “segunda mão” é o medo de adquirir o produto e de repente o objeto apresentar defeitos.
“Tenho amigos que compra-ram celular usado e quando viram não funcionava di-reito, ou seja, tiveram que gastar mais dinheiro para consertar o aparelho usado do que se tivesse comprado um novo”, comenta.
O microempresário Orlando Silva revela que, desde o início do período da Copa, entre os meses de junho e julho deste
ano, tenta vender, a um pre-ço razoável, uma televisão da marca Panasonic de 32 pole-gadas e não consegue, apesar do bom estado de conservação do produto eletrônico.
Segundo ele, o aparelho cus-tou aproximadamente R$ 1,2 mil na loja e está em perfeito estado de uso, mesmo as-sim não encontra comprador. “Quase não utilizei a TV, pois saía de casa pela parte da ma-nhã para o trabalho e quando retornava difi cilmente ligava o aparelho”, ressalta.
CarrosDiferentemente de outros
ramos, um segmento que não enfrenta tantos problemas é o da comercialização de carros seminovos. Na Dodó Veículo, na rua Major Gabriel, no bairro Praça 14 de Janeiro, Zona Sul, de acordo com o gerente de negócios, José Queiroz, mais de 90% dos veículos vendidos são seminovos.
Conforme ele, há estatísti-cas que mostram que o auto-móvel seminovo sai mais que o zero quilômetro, tendência que ocorre por conta da variação de
preço entre os dois modelos. “O carro fi cou entre R$ 5 mil a R$ 6 mil mais caro este ano em função da obrigação das mon-tadoras em equipar os novos veículos com airbag e freios ABS. Porém, esses acessórios colocados num seminovo não agregam muito valor”, conta.
O gerente cita como exemplo a comercialização de um carro novo popular de R$ 35 mil, com prestação em torno de R$ 800, cujo comprador deve receber um salário acima de R$ 2,5 mil. Por outro lado, para um automóvel seminovo avaliado em R$ 25 mil, o valor da prestação cai para apro-
ximadamente R$ 700, sendo que o cliente precisa receber um salário entre R$ 1,8 mil ou R$ 2 mil. “Por meio dessa análise, vemos que o preço de um automóvel seminovo está dentro do comprometi-mento da renda da maioria das pessoas. Por este motivo, os seminovos tendem a ser vendidos com mais facilidade”, explica Queiroz.
Internet O mercado automobilístico
não é o único a contar com a boa demanda. Os sites na internet em que os próprios consumidores ofertam produ-tos, como Mercado Livre, Bom Negócio e OLX, são líderes de vendas de objetos usados. “O sucesso dos portais de co-mércio eletrônico é justifi cado pelo fato dos sites oferecerem preços bastante atrativos”, ex-plica o vendedor Jairo Silva, que tem o hábito de comprar nesses espaços.
Avarias A empresa Bemol possui
duas lojas de avarias: uma no Educandos, Zona Sul, e outra
no bairro Cidade Nova, na Zona Norte. Esta última possui mais variedades de móveis.
De acordo com a compra-dora da Loja Bemol, Edilene Serafi m, os descontos dos móveis das lojas de avarias variam entre 25% e até 60% se comparado ao produto similar em perfeito estado.
“A redução do preço de-pende do estado em que o produto se encontra. Os mó-veis com pequenas avarias são mais procurados devido à melhor estética do produ-to. Os mais danifi cados têm menor aceitação”, revela.
Edilene conta ainda que móveis como roupeiros, co-pas, estantes, estofados, ar-mários de cozinha, além de produtos de outros segmen-tos como geladeiras, fogões, máquinas de lavar, liquidifi -cadores, batedeiras, todos vão para as lojas de avarias da Bemol.
“Os produtos que sofreram algum dano no transporte e manuseio ou necessitaram ser substituídos após aquisi-ção são encaminhados para a loja de avarias”, salienta.
SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO
PRECAUÇÃOPara comprar produ-tos usados é preciso tomar cuidado para evitar problemas com o negócio, sendo que a principal dica é checar a reputação do vende-dor e combinar todos os passos da transação
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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
Voos da TAM terão sinal Wi-Fi grátis
São Paulo - O grupo Latam, que controla a TAM e a LAN, vai disponibilizar sinal Wi-Fi para seus passageiros durante os voos. O sistema vai funcionar apenas dentro das aeronaves e vai permitir que cada pessoa assista a filmes e séries usando seus próprios dispositivos.
Para ter acesso à conexão, será necessário baixar um apli-cativo chamado LAN e TAM Entertainment. Ao abrir o app os usuários terão acesso a um portal com opções de filmes, séries, músicas, notícias, livros e informações turísticas.
Um serviço semelhante já existe nos Estados Unidos e na Europa, mas essa é a primeira vez que ele está disponível na América do Sul.
Ainda neste mês, as duas companhias aéreas começarão a oferecer em voos nacionais e internacionais um canal do YouTube no serviço de entre-tenimento. Quando houver tela individual, o passageiro poderá optar por acessar até 120 minu-tos de vídeos do site. O voo que vai inaugurar o serviço wireless ainda não foi definido.
TECNOLOGIA
Segundo a BlueBox, empresa especializada em proteção digital para mobilidade, esses aparelhos são vulneráveis
Tablets baratos são uma ameaça para segurança
São Paulo - Tablets baratos existem em abundância e você pode encontrá-los ba-
sicamente em qualquer loja de eletrônicos e, às vezes, até em supermercados. Mas é uma boa ideia ter um deles? Do ponto de vista de segurança, muitas vezes não, conforme um rela-
tório da BlueBox, empresa de segurança digital voltada para a mobilidade.
Nos testes, eles descobriram que a proteção contra a insta-lação de aplicativos de fontes desconhecidas já vem desati-vada, o que facilita o down-load de malware que devem roubar seus dados pessoais e Ditado “barato que sai caro” pode ser aplicado para tablets mais em conta, dizem especialistas
bancários assim que houver a oportunidade.
Não é só isso; alguns deles já vem com root de fábrica, o que facilita demais a vida de possí-veis cibercriminosos esperando pela oportunidade de atacar. Em alguns casos, alguns dos aparelhos têm ferramentas de seguranças removidas proposi-talmente sem explicação.
Nesse momento, os usuários mais experientes vão notar que nem o root, nem a liberação de uso de aplicativos de fontes desconhecidas, são necessa-riamente ruins. Claro que não, desde que a pessoa tenha algum conhecimento prévio de segu-rança digital. No entanto, estes tablets são voltados para um público que normalmente não tem essa expertise.
Além disso, como muitos deles não tem o aval do Google, eles não tem nem mesmo permissão para acessar o Google Play, o que faz com que normalmente seja necessário instalar apps de origens ainda mais sombrias, sem a camada extra de proteção oferecida na loja oficial.
Há ainda os jogos e aplicativos que já vêm pré-instalados, muitas vezes, com aplicativos maliciosos. Em um dos casos, a empresa encon-trou uma versão custo-mizada do Angry Birds criada para coletar da-dos extras do usuário.
Fica a dica, então: evitem aqueles tablets que são baratos demais. Se for para adquirir um aparelho de baixo custo, pelo menos prefira um modelo antigo de uma empresa de renome.
Há perigo também nos aplicativos
DIVULGAÇÃO
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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
Recusa de cheques reduz o calote no comércio local Negativa dos lojistas em aceitar essa forma de pagamento resulta na queda da devolução de cheques sem fundos
Bastante usado em ou-tras épocas, o paga-mento com cheques está em desuso no
comércio amazonense. De acordo com a Associação Co-mercial do Amazonas (ACA), menos de 10% dos estabeleci-mentos comerciais da região aceitam o documento como forma de pagamento das com-pras ou por serviços.
A rigidez dos comerciantes, no entanto, gerou um dado curioso: a queda do índice de devolução de cheques sem fundos nas lojas locais. De janeiro a setembro deste ano, por exemplo, o Amazonas che-gou a ser o Estado brasileiro que registrou o menor percen-tual de cheques devolvidos por falta de fundos, de acordo com uma pesquisa do Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.
Para o presidente da ACA, Ismael Bichara, o que aconte-ce é que as instituições finan-ceiras não se responsabilizam com o pagamento do cheque e os cidadãos não honram o documento e utilizam com irresponsabilidade. “Não é só no Amazonas que a aceitação
do cheque é baixa. A prática ocorre em todo o Brasil. Pou-cos estabelecimentos acei-tam porque quando recebem via sem fundo não têm onde recorrer do prejuízo”, frisa.
Bichara destaca que o cheque é uma boa forma de pagamento, porém não está sendo utilizado corretamente. Segundo ele, alguns lojistas
da região apenas aceitam em negociações com clientes que são cadastrados e que com-pram em grande volume.
Contudo, Bichara salienta que esse tipo de documento está sendo substituído pelos cartões, principalmente os de débito. “O empresário paga uma taxa de administração do cartão, mas é uma venda garantida”, aponta.
Os postos de combustíveis foram um dos primeiros pon-tos comerciais a não aceitar mais cheques. Para o gerente de um posto BR, localizado na avenida São Jorge, no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste, Juracy Nunes, os problemas ocasionados por essa forma de pagamento foram as cau-sas da abolição do documento. “Desde que entrei na empresa, fiquei sabendo que o estabe-lecimento não aceitava mais cheque”, disse.
Nas grandes redes de lojas de Manaus, a situação não é diferente dos postos de com-bustíveis. Alguns estabeleci-mentos, para evitar o “tombo”, se recusam a receber cheques como forma de pagamento. “Evitamos aceitar para não ter problemas depois com a falta de fundos dos cheques”, infor-ma a gerente de uma grande rede lojas de confecções da cidade, que pediu para não ter o nome divulgado.
De acordo com o Serasa Experian, a devolução de che-ques no Amazonas está abaixo da média nacional. As medidas de precaução tomadas pelos comerciantes da região con-tribuíram para a queda desse índice e, consequentemente, para redução dos prejuízos.
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Mais de 90% dos estabelecimentos comerciais do AM não permitem pagar com cheques, diz ACA
SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO
LIDERANÇAEnquanto o Amazonas lidera o ranking dos Estados onde se regis-tra o menor índice de devolução de cheques sem fundos, segundo a Serasa Experian, Roraima lidera devolu-ções no Brasil
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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 B5
Turismo, uma doce ilusãoMesmo com todo o potencial turístico e industrial, favorecido pela inauguração da ponte sobre o Rio Negro, Iranduba ainda está longe de usufruir dos dividendos econômicos necessários para desenvolver o município vizinho de Manaus
Lugar de um potencial imensurável para o turismo, Iranduba é um dos municípios da
Região Metropolitana de Ma-naus (RMM) que não consegue usufruir daquilo que Deus lhe deu. Banhado pelos dois rios mais famosos do Amazonas - Solimões e Negro -, a cidade recebe nas suas florestas, em
todas as épocas do ano, um número de turistas estrangei-ros de todos os continentes do planeta não estimado pela Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur).
Contudo, a visitação não ren-de ao município arrecadação para que a sua sede ganhe ar de cidade turística. Segundo o co-merciante Mário José Almeida, 43, a sede de Iranduba não serve nem mesmo de passagem dos turistas para que eles tenham
acesso aos pacotes turísticos de aventuras na selva e comu-nidades tradicionais.
A dona de casa Amanda So-ares Correia, 36, conta que é rara a presença de um turista na sede do município, principal-mente porque o lugar não tem rede hoteleira de qualidade e nenhum atrativo que o faça passar pela cidade antes de seguir para as belezas naturais encontradas nos arredores.
Conforme o secretário-execu-
tivo de Turismo de Iranduba, Ney Lopes, as agências de turismo acomodam o visitante nacional ou estrangeiro em Manaus. Da capital, ele é levado para as mais de 20 hospedagens, en-tre hotéis de selva e pousadas comunitárias, instaladas nas comunidades do município.
“O município recebe todo tipo de turista, mas o principal é o estrangeiro. Hoje tem muito chinês conhecendo nossas flo-restas e comunidades, mas os
principais ainda são os norte-americanos e os japoneses”, diz Lopes. “Acontece que hoje não é viável trazer o turista para a nossa sede porque não temos o que oferecer. Não queremos vender essa imagem”, avalia.
O secretário observa que Iran-duba é um dos maiores polos turístico do Amazonas, mas é diferente de municípios turísti-co como Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva, ambos da RMM, que oferecem atrações
naturais como rios e corredeiras logo na entrada da cidade.
“O prefeito está há dois anos na administração do município e só agora con-seguiu tirará-lo da inadim-plência. No passado ninguém se preocupou com o turismo. Não temos um mercado mu-nicipal de qualidade, que é o primeiro ponto da cidade que o turista procura para conhe-cer a comida e o artesanato típico”, comenta Lopes. Um dos mais fortes atrativos turísticos em Iranduba são as belezas das praias como a de Açutuba e a dos Japoneses, que além do banho, possuem outras alternativas de lazer com segurança
EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO
Uma das apostas do mu-nicípio para o futuro, assim que recuperar as contas e “arrumar a casa”, segundo o secretário de turismo, será a região conhecida como Ilha da Paciência. Localiza-da as margens do rio Soli-mões, o lugar tem 62 lagos que permanecem com água durante o ano todo.
Lopes diz que, em 2015, dentro do Acordo de Pesca da comunidade, em parce-ria com a Amazonastur, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-turais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional Reforma Agrária (Incra), será iniciada a prática de pesca esportiva em ambiente natural, princi-palmente do tucunaré, que existe em grande quantida-de nas águas da Paciência. O secretário informa que a comunidade receberá curso de qualificação para receber os turistas, e na comunidade, com recursos do Incra, está prevista a construção de uma pousada comunitária.
Segundo o secretário de Turismo, a comunidade, que atualmente serve de lar a aproximadamente 120 famí-lias, é de espaço para o ma-nejo sustentável do pirarucu. Neste mês, os comunitários da região estão realizando o abate autorizado de 105 pirarucus. Número quase o dobro do pescado manejado no ano passado que foi ape-nas de 55 pirarucus. “Nessa semana, eles irão vender o pirarucu manejado na sede do município, na Praça dos Três Poderes”, afirma
Morador de Manaus, o es-tudante Nicolas Lopes Cal-das, 19, avalia que a ideia de fomentar a pesca esportiva será um ganho importante para Iranduba como atrati-vo turístico. Ele avalia que a pesca é um potencial do município que precisa ser estruturado. “Sempre que vou a Iranduba nos finais de semana com o papai pescar nas margens do Solimões, encontro muitos moradores de Manaus”, comenta.
Pesca esportiva é uma opção
Pirarucu manejado é vendido na Praça dos Três Poderes
Sem hotéis na sede do mu-nicípio, Iranduba conta uma série de hotéis, pousadas e restaurantes nas comunida-des do seu entorno. Mas, para saber a quantidade real desses empreendimentos, o secretário de Turismo afirma que há uma semana iniciou o levantamento para cata-logar todos os empreendi-mentos e buscar com isso a arrecadação do turismo que o município não tem.
Para isso, iniciou as visitas aos hotéis, pousadas e bal-neários a fim de cadastrá-los e entregar um certificado de reconhecimento do Ministé-rio do Turismo. Em parceria com a Sala do Empreende-dor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebra-AM), será liberado o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ao estabele-cimento que está na infor-malidade, com carência de três meses para contribuir. “Retiramos da informalidade e melhoraremos a arrecada-ção municipal”, diz.
Dessa forma, o secretário espera ajudar a prefeitura a combater o estado de aban-dono da sede do município que a gestão recebeu como, por exemplo, o mirante nas proximidades da orla do Solimões. Tomado pelo mato, o lugar construído em área federal contém dez estruturas semiacaba-das que serviram a ba-res e restaurantes e eram um dos poucos pontos atrativos da cidade.
Segundo o mecânico Flávio de Souza, 28, que trabalha em oficina próxi-ma ao espaço abandonado, o lugar que atraía muitos manauenses agora é ponto de consumo e tráfico de drogas e de prostituição. “Tudo começou quando mu-dou de prefeito. Tiraram os guardas municipais e co-meçaram a roubar os bares, que foram falindo”, conta. “Falaram de um projeto de recuperação do mirante. Será muito bom para o município”, completa.
Rede hoteleira local é precária
Mirante na orla do Solimões está abandonado em Iranduba
Entre as grandes atrações naturais Iranduba, está a co-munidade do Janauari. Locali-zada na região onde acontece o encontro dos rios Negro e Solimões, a localidade há 40 anos serve ao Amazonas como base para o turismo no mundialmente famoso encontro das águas.
Segundo o secretário, a co-munidade é formada princi-palmente por flutuantes, para onde são levados os visitantes. Lopes conta que o município trabalha para os próximos anos a criação do projeto Bosque do Seringal, na Vila Nova, região de terra firme. Serão criadas trilhas, construídas as casas do seringueiro, do caboclo, da farinha, além do espaço para o artesanato regional.
Na rodovia Manoel Urbano,
AM-070, depois da ponte, o se-cretário aponta a existência de pelo menos sete espaços públi-cos que são pontos de encontro do manauense, principalmente nos finais de semana e feriados prolongados. Para começar, no quilômetro 20, está a entrada da vicinal que dá acesso às praias e às ruínas da comuni-dade do Paricatuba.
No quilometro 22, Lopes indica a vicinal que dá acesso à cachoeira do Castanho, que funciona de setembro a janeiro. Seis quilômetros depois, no 28, está o ramal da Serra Baixa, que da acesso à praia do Açutuba. No lugar, Lopes diz que estão instalados de oito a dez pou-sadas e até 15 restaurantes. “É um movimento muito grande de manauenses. Maior até que o da Ponta Negra”, comenta.
Mais à frente, no quilô-metro 30, o secretário de Turismo aponta a vicinal que dá acesso ao Lago do Limão. Segundo ele, a região é pró-pria para passeios na selva e pesca esportiva, dada a exis-tência de tucunaré nessas águas. “Estamos trabalhan-do o projeto para passeios e pesca esportiva”, afirma.
Já no quilômetro 35, Lopes fala do ramal que leva ao lago do Ariaú, com acesso ao hotel de selva com o mesmo nome, e também a Pousada Amazônia, além da tribo indígena Sahu-Apé. De volta ao rio Negro, o secretário enumera a existên-cia das comunidades do Acaja-tuba e da reserva da Fundação Amazônia Sustentável (FAZ), próximas às Anavilhanas, no município de Novo Airão.
Comunidades atraem os turistas
Restaurantes flutuantes são uma das poucas diversões turísticas na comunidade do Janauari
Com a ponte sobre o rio Negro e a duplicação em cur-so da rodovia Manoel Urbano, AM-070, a estrada do municí-pio de Iranduba passou a ser destino de manauenses que buscam por café regional nas manhãs de finais de semana e feriados prolongados, e até mesmo comidas típicas.
O empresário Marcelo da Silva Trajano, 36, conta que quando quer se livrar do sufoco de Manaus, ele “foge” rumo à ponte sobre o rio Negro à pro-cura de lagos, praias e igarapés ao longo da estrada.
Mas, antes leva a família para tomar um café em um dos vários restaurantes espa-lhados pela Manoel Urbano e pela estrada Carlos Braga. Quando estica um pouco mais o passeio, procura por um peixe
assado ou uma galinha caipira. “Depois da ponte, nasceram muitos restaurantes nessas es-tradas. É uma ótima opção para quem quer se livrar do sufoco que é Manaus”, avalia.
O proprietário do Palhetas Restaurante e Peixaria, Gra-cenildo Guimarães, comemo-ra a evolução comercial que sentiu nos dois anos desde que comprou o restaurante de um primo seu, localizado no quilômetro 6 da rodovia Car-los Braga, ao lado do café da manhã do Rivaldo.
Segundo ele, nesse ano o es-tabelecimento tem movimento de 50 a 70 pessoas dia e nos finais de semana até 200. No ano passado, a média da se-mana era de até 40 clientes por dia e nos finais de semana não passava de 130.
“A ponte facilitou muito. Em 25 minutos você está no cen-tro de Manaus. É mais fácil do que quem está na Zona Leste da capital. E agora com a duplicação da estrada que está em curso pelo governo do Estado vai melhorar ainda mais”, comemorou.
Guimarães disse que o carro-chefe do estabelecimento são a carne de sol, o tambaqui assado e galinha caipira. A banda de tambaqui para quatro pessoas sai a R$ 75, a panelada de galinha caipira também para quatro pessoas custa R$ 70 e a carne de sol com acompa-nhamento para duas pessoas sai da R$ 38. “Distribuí muitos cartões em Manaus. Por isso, tem muitos clientes que ligam para adiantarmos o pedido”, conta o empreendedor.
Café regional prolifera na região
Guimarães e sua esposa Dilma investiram na comida típica regional na beira da estrada
FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM
REGIÃOMETROPOLITANA
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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 B5
Turismo, uma doce ilusãoMesmo com todo o potencial turístico e industrial, favorecido pela inauguração da ponte sobre o Rio Negro, Iranduba ainda está longe de usufruir dos dividendos econômicos necessários para desenvolver o município vizinho de Manaus
Lugar de um potencial imensurável para o turismo, Iranduba é um dos municípios da
Região Metropolitana de Ma-naus (RMM) que não consegue usufruir daquilo que Deus lhe deu. Banhado pelos dois rios mais famosos do Amazonas - Solimões e Negro -, a cidade recebe nas suas florestas, em
todas as épocas do ano, um número de turistas estrangei-ros de todos os continentes do planeta não estimado pela Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur).
Contudo, a visitação não ren-de ao município arrecadação para que a sua sede ganhe ar de cidade turística. Segundo o co-merciante Mário José Almeida, 43, a sede de Iranduba não serve nem mesmo de passagem dos turistas para que eles tenham
acesso aos pacotes turísticos de aventuras na selva e comu-nidades tradicionais.
A dona de casa Amanda So-ares Correia, 36, conta que é rara a presença de um turista na sede do município, principal-mente porque o lugar não tem rede hoteleira de qualidade e nenhum atrativo que o faça passar pela cidade antes de seguir para as belezas naturais encontradas nos arredores.
Conforme o secretário-execu-
tivo de Turismo de Iranduba, Ney Lopes, as agências de turismo acomodam o visitante nacional ou estrangeiro em Manaus. Da capital, ele é levado para as mais de 20 hospedagens, en-tre hotéis de selva e pousadas comunitárias, instaladas nas comunidades do município.
“O município recebe todo tipo de turista, mas o principal é o estrangeiro. Hoje tem muito chinês conhecendo nossas flo-restas e comunidades, mas os
principais ainda são os norte-americanos e os japoneses”, diz Lopes. “Acontece que hoje não é viável trazer o turista para a nossa sede porque não temos o que oferecer. Não queremos vender essa imagem”, avalia.
O secretário observa que Iran-duba é um dos maiores polos turístico do Amazonas, mas é diferente de municípios turísti-co como Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva, ambos da RMM, que oferecem atrações
naturais como rios e corredeiras logo na entrada da cidade.
“O prefeito está há dois anos na administração do município e só agora con-seguiu tirará-lo da inadim-plência. No passado ninguém se preocupou com o turismo. Não temos um mercado mu-nicipal de qualidade, que é o primeiro ponto da cidade que o turista procura para conhe-cer a comida e o artesanato típico”, comenta Lopes. Um dos mais fortes atrativos turísticos em Iranduba são as belezas das praias como a de Açutuba e a dos Japoneses, que além do banho, possuem outras alternativas de lazer com segurança
EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO
Uma das apostas do mu-nicípio para o futuro, assim que recuperar as contas e “arrumar a casa”, segundo o secretário de turismo, será a região conhecida como Ilha da Paciência. Localiza-da as margens do rio Soli-mões, o lugar tem 62 lagos que permanecem com água durante o ano todo.
Lopes diz que, em 2015, dentro do Acordo de Pesca da comunidade, em parce-ria com a Amazonastur, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-turais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional Reforma Agrária (Incra), será iniciada a prática de pesca esportiva em ambiente natural, princi-palmente do tucunaré, que existe em grande quantida-de nas águas da Paciência. O secretário informa que a comunidade receberá curso de qualificação para receber os turistas, e na comunidade, com recursos do Incra, está prevista a construção de uma pousada comunitária.
Segundo o secretário de Turismo, a comunidade, que atualmente serve de lar a aproximadamente 120 famí-lias, é de espaço para o ma-nejo sustentável do pirarucu. Neste mês, os comunitários da região estão realizando o abate autorizado de 105 pirarucus. Número quase o dobro do pescado manejado no ano passado que foi ape-nas de 55 pirarucus. “Nessa semana, eles irão vender o pirarucu manejado na sede do município, na Praça dos Três Poderes”, afirma
Morador de Manaus, o es-tudante Nicolas Lopes Cal-das, 19, avalia que a ideia de fomentar a pesca esportiva será um ganho importante para Iranduba como atrati-vo turístico. Ele avalia que a pesca é um potencial do município que precisa ser estruturado. “Sempre que vou a Iranduba nos finais de semana com o papai pescar nas margens do Solimões, encontro muitos moradores de Manaus”, comenta.
Pesca esportiva é uma opção
Pirarucu manejado é vendido na Praça dos Três Poderes
Sem hotéis na sede do mu-nicípio, Iranduba conta uma série de hotéis, pousadas e restaurantes nas comunida-des do seu entorno. Mas, para saber a quantidade real desses empreendimentos, o secretário de Turismo afirma que há uma semana iniciou o levantamento para cata-logar todos os empreendi-mentos e buscar com isso a arrecadação do turismo que o município não tem.
Para isso, iniciou as visitas aos hotéis, pousadas e bal-neários a fim de cadastrá-los e entregar um certificado de reconhecimento do Ministé-rio do Turismo. Em parceria com a Sala do Empreende-dor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebra-AM), será liberado o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ao estabele-cimento que está na infor-malidade, com carência de três meses para contribuir. “Retiramos da informalidade e melhoraremos a arrecada-ção municipal”, diz.
Dessa forma, o secretário espera ajudar a prefeitura a combater o estado de aban-dono da sede do município que a gestão recebeu como, por exemplo, o mirante nas proximidades da orla do Solimões. Tomado pelo mato, o lugar construído em área federal contém dez estruturas semiacaba-das que serviram a ba-res e restaurantes e eram um dos poucos pontos atrativos da cidade.
Segundo o mecânico Flávio de Souza, 28, que trabalha em oficina próxi-ma ao espaço abandonado, o lugar que atraía muitos manauenses agora é ponto de consumo e tráfico de drogas e de prostituição. “Tudo começou quando mu-dou de prefeito. Tiraram os guardas municipais e co-meçaram a roubar os bares, que foram falindo”, conta. “Falaram de um projeto de recuperação do mirante. Será muito bom para o município”, completa.
Rede hoteleira local é precária
Mirante na orla do Solimões está abandonado em Iranduba
Entre as grandes atrações naturais Iranduba, está a co-munidade do Janauari. Locali-zada na região onde acontece o encontro dos rios Negro e Solimões, a localidade há 40 anos serve ao Amazonas como base para o turismo no mundialmente famoso encontro das águas.
Segundo o secretário, a co-munidade é formada princi-palmente por flutuantes, para onde são levados os visitantes. Lopes conta que o município trabalha para os próximos anos a criação do projeto Bosque do Seringal, na Vila Nova, região de terra firme. Serão criadas trilhas, construídas as casas do seringueiro, do caboclo, da farinha, além do espaço para o artesanato regional.
Na rodovia Manoel Urbano,
AM-070, depois da ponte, o se-cretário aponta a existência de pelo menos sete espaços públi-cos que são pontos de encontro do manauense, principalmente nos finais de semana e feriados prolongados. Para começar, no quilômetro 20, está a entrada da vicinal que dá acesso às praias e às ruínas da comuni-dade do Paricatuba.
No quilometro 22, Lopes indica a vicinal que dá acesso à cachoeira do Castanho, que funciona de setembro a janeiro. Seis quilômetros depois, no 28, está o ramal da Serra Baixa, que da acesso à praia do Açutuba. No lugar, Lopes diz que estão instalados de oito a dez pou-sadas e até 15 restaurantes. “É um movimento muito grande de manauenses. Maior até que o da Ponta Negra”, comenta.
Mais à frente, no quilô-metro 30, o secretário de Turismo aponta a vicinal que dá acesso ao Lago do Limão. Segundo ele, a região é pró-pria para passeios na selva e pesca esportiva, dada a exis-tência de tucunaré nessas águas. “Estamos trabalhan-do o projeto para passeios e pesca esportiva”, afirma.
Já no quilômetro 35, Lopes fala do ramal que leva ao lago do Ariaú, com acesso ao hotel de selva com o mesmo nome, e também a Pousada Amazônia, além da tribo indígena Sahu-Apé. De volta ao rio Negro, o secretário enumera a existên-cia das comunidades do Acaja-tuba e da reserva da Fundação Amazônia Sustentável (FAZ), próximas às Anavilhanas, no município de Novo Airão.
Comunidades atraem os turistas
Restaurantes flutuantes são uma das poucas diversões turísticas na comunidade do Janauari
Com a ponte sobre o rio Negro e a duplicação em cur-so da rodovia Manoel Urbano, AM-070, a estrada do municí-pio de Iranduba passou a ser destino de manauenses que buscam por café regional nas manhãs de finais de semana e feriados prolongados, e até mesmo comidas típicas.
O empresário Marcelo da Silva Trajano, 36, conta que quando quer se livrar do sufoco de Manaus, ele “foge” rumo à ponte sobre o rio Negro à pro-cura de lagos, praias e igarapés ao longo da estrada.
Mas, antes leva a família para tomar um café em um dos vários restaurantes espa-lhados pela Manoel Urbano e pela estrada Carlos Braga. Quando estica um pouco mais o passeio, procura por um peixe
assado ou uma galinha caipira. “Depois da ponte, nasceram muitos restaurantes nessas es-tradas. É uma ótima opção para quem quer se livrar do sufoco que é Manaus”, avalia.
O proprietário do Palhetas Restaurante e Peixaria, Gra-cenildo Guimarães, comemo-ra a evolução comercial que sentiu nos dois anos desde que comprou o restaurante de um primo seu, localizado no quilômetro 6 da rodovia Car-los Braga, ao lado do café da manhã do Rivaldo.
Segundo ele, nesse ano o es-tabelecimento tem movimento de 50 a 70 pessoas dia e nos finais de semana até 200. No ano passado, a média da se-mana era de até 40 clientes por dia e nos finais de semana não passava de 130.
“A ponte facilitou muito. Em 25 minutos você está no cen-tro de Manaus. É mais fácil do que quem está na Zona Leste da capital. E agora com a duplicação da estrada que está em curso pelo governo do Estado vai melhorar ainda mais”, comemorou.
Guimarães disse que o carro-chefe do estabelecimento são a carne de sol, o tambaqui assado e galinha caipira. A banda de tambaqui para quatro pessoas sai a R$ 75, a panelada de galinha caipira também para quatro pessoas custa R$ 70 e a carne de sol com acompa-nhamento para duas pessoas sai da R$ 38. “Distribuí muitos cartões em Manaus. Por isso, tem muitos clientes que ligam para adiantarmos o pedido”, conta o empreendedor.
Café regional prolifera na região
Guimarães e sua esposa Dilma investiram na comida típica regional na beira da estrada
FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM
REGIÃOMETROPOLITANA
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B6 País MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
OIT critica redução de idade mínima para o trabalhoTrês Propostas de Emenda à Constituição que tramitam na Câmara dos Deputados querem impor idade de 14 anos
Pré-sal resiste a preços baixosPETRÓLEO
Riode Janeiro (Reu-ters) - Os projetos do pré-sal do Brasil, que em geral demandam grandes investimentos para extrair o petróleo de áreas bastan-te profundas, resistem a preços mais baixos que os atuais sem serem inviabili-zados, afirmou a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Não tem nenhum projeto do pré-sal que eu conheço que não resista a 72 dólares... ou que não resista a 60 dóla-res. Pode cair, ainda tem um bom espaço para cair”, afir-mou Magda Chambriard em entrevista a jornalistas, após evento no Rio de Janeiro.
O petróleo tipo Brent, re-ferência no plano de investi-mento da Petrobras, fechou na sexta-feira, 28, a 70,15 dólares o barril, com queda de 3,35 por cento.
Já o petróleo WTI, nego-ciado nos Estados Unidos, fechou 66,15 dólares o bar-ril, com queda de 10,23 por cento, ainda repercutindo a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não cor-tar produção na véspera. A Petrobras, que domina a
produção no pré-sal, ainda pode lucrar se os preços caírem mais.
No ano passado, a estatal afirmou que poderia ganhar dinheiro com seus campos em águas ultra-profundas do pré-sal mesmo se Brent caísse para 40 dólares a 45 dólares por barril.
Já houve precedentes de
tais colapsos. O petróleo Brent caiu para cerca de 36 dólares por barril no final de 2008, durante a crise finan-ceira global.
A diretora-geral também defendeu a resistência de projetos fora do pré-sal. “Ainda temos projetos mui-to robustos, porque o ganho de escala é imenso”, afirmou. “Ainda temos um pulmão
bem grande”.
Shell está preparadaUma das maiores produ-
toras privadas de petróleo no Brasil, a anglo-holandesa Shell, também está prepara-da para enfrentar diferentes cenários no Brasil, segundo explicou o presidente no país, André Araújo.
“A Shell normalmente é bem conservadora na hora de fazer a avaliação de seus projetos, e a gente coloca o custo de barril de uma forma conservadora... nós estamos tranquilos”, afir-mou Araújo.
De acordo com o executi-vo, a anglo-holandesa sempre trabalha com a perspectiva de que o preço do petróleo é volátil e que os projetos têm vida muito longa e precisam resistir. Araújo evitou fazer previsões sobre como a em-presa espera que os preços se comportem.
“Eu acho que o mundo hoje é mais volátil, acho que viver hoje dentro de volatilidade é uma questão de sobrevivência e acho que é muito difícil falar hoje sobre tendência. Eu não tenho ainda o que falar, está todo mundo tentando enten-der em que direção vai”, afir-mou o presidente da Shell.A Petrobras extraiu petróleo do pré-sal pela primeira vez há 6 anos, em setembro de 2008
DIVULGAÇÃO
FORTEMesmo que o preço de mercado do petróleo caia, os projetos do pré-sal não sofrerão abalos, segundo análi-se da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard
B rasília (DF) - A di-retora do escritório da Organização In-ternacional do Tra-
balho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, e a secretária-exe-cutiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Isa Maria Oliveira, afirma-ram na última quinta-feira que será um retrocesso para o país se o Congresso apro-var as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 35/11, 18/11 e 274/13, que redu-zem para 14 anos a idade mínima para o trabalho in-fantil. Hoje, a idade mínima é 16. Entre 14 e 16, os meno-res podem ser contratados como aprendizes.
Em audiência pública que comemorou os 20 anos do fórum, Isa Oliveira desta-cou que o Estado brasileiro tem que enfrentar o desafio de retirar 3,1 milhões de crianças que se encontram trabalhando em vários se-tores. Segundo ela, o Brasil só vai conseguir alcançar a meta global de acabar com o trabalho de crianças e adolescentes até 2020 se houver uma participação ativa da sociedade, governo, Judiciário e Parlamento.
As PECs já tiveram pare-cer pela admissibilidade e aguardam votação na Co-missão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). “Eu acredito que nós temos a força de uma mobilização social muito grande para impedir esse retrocesso social de reduzir a idade mínima para o trabalho”, disse Isa Oliveira.
“Nós temos força e nós estamos dispostos a enfren-tar esse desafio e a impedir
esse retrocesso, porque isso é violar uma conquista de toda a sociedade brasileira e a dignidade das crianças e dos adolescentes”, acres-centou a secretária-execu-tiva do fórum.
AmeaçaLaís Abramo afirmou que,
apesar de o Brasil ser refe-rência na área e ter retirado mais de 5 milhões de crian-ças em situação de trabalho infantil nos últimos 20 anos, a aprovação dessas PECs é uma ameaça às convenções internacionais.
“Isso seria um retroces-so e contrariaria a própria convenção da OIT que foi
ratificada pelo Brasil”, dis-se Laís Abramo. “E o Brasil tem um papel central. Não apenas pelos números, que sempre influenciam a mé-dia da América Latina, mas porque as políticas e boas práticas que são desenvol-vidas aqui são referências para outros países. Daqui que surgiu a ideia da Amé-rica Latina e Caribe livres do trabalho infantil”, ressal-tou a representante da OIT na comissão.
Isso será um retro-cesso e contraria-ria a própria con-venção da OIT que foi ratificada pelo
Brasil
Laís Abramo, Diretora da OIT-Brasil Atualmente, a idade mínima para o trabalho é de 16 anos. Entre 14 e 16 anos, o menor pode ser contratado como aprendiz
Atualmente, a Constitui-ção proíbe o trabalho no-turno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho a menor de 16 anos, exceto aprendiz, a partir de 14 anos. Já o decreto 6481/08, que regulamenta a Convenção 182 da OIT, lista
93 diferentes atividades que oferecem riscos para a saúde e desenvolvimento das crian-ças e adolescentes, como trabalhos domésticos e os que exigem esforços físicos intensos, isolamento, abuso físico, psicológico e sexual, longas jornadas de trabalho
e sobrecarga muscular.A deputada Flávia Morais
(PDT-GO), que presidiu a audiência pública, ressaltou que ainda hoje muitos pais acreditam que quanto mais cedo a criança trabalhar, mais estará preparada: “Nós que trabalhamos e convive-
mos com esse importante desafio sabemos que, depen-dendo do tipo de trabalho e da fase em que isso é imposto a uma criança, ele pode deformar, não formar. Por isso, o papel do fórum de mobilizar a sociedade é muito importante”.
Hoje, CF proíbe trabalho perigoso para menor
DIVULGAÇÃO
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B7MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 Mundo
Mãe mata 25 membros do Talibã após morte do filhoAo presenciar assassinato por grupo terrorista, Reza Gul diz ter seguido seus instintos maternais e pegado em armas
São Paulo (SP) - Em ato de vingança, uma mãe afegã diz ter matado pelo menos 25 mem-
bros do Talibã, depois que o grupo assassinou seu filho na cidade de Balabolok, na provín-cia de Farah, situada na região oeste do Afeganistão, reportou nesta semana o jornal local “Tolo news”. Seguindo seus instintos maternais, Reza Gul explicou ao veículo que “não teve outra escolha senão pegar as armas”. Seu filho – Safiullah – era o chefe do posto policial do distrito e comandava outros dez policiais. No último dia 17 deste mês, seu posto foi alvo de ataques do Talibã e Safiullah foi
morto em meio ao confronto.“Era em torno de cinco horas
da manhã quando os comba-tes se intensificaram. Eu não consegui me conter. Peguei uma arma e comecei a atirar de volta”, disse Gul. Minutos depois, o marido, outros dois filhos e a nora se juntaram a ela e passaram a atirar contra os insurgentes.
“Começamos uma espécie de guerra familiar contra o Talibã”, definiu Fatima, uma das filhas. “Safiullah foi morto diante dos meus olhos. Eu es-tava comprometido a desistir da minha vida, mas jamais do ponto do qual meu filho era responsável”, disse Abdul
Satar, marido de Gul.Segundo o general Abdul Ra-
zaq Yaqubi, chefe da polícia da província, 400 membros do Talibã atacaram Balabolok na-quela madrugada, na tentativa de tomar a area. Além dos 25 mortos, outros 31 ficaram feridos com o contra-ataque da família de Gul durante os combates que perduraram ho-ras. “Nós estamos orgulhosos da coragem desta família. Esta saga será lembrada por muito tempo pela polícia e pelos mo-radores da província de Farah”, elogiou Yaqubi.
Escalada de violênciaNa última semana, o Talibã
realizou dois atentados em re-presália às medidas tomadas pelo Parlamento afegão. O primeiro foi no domingo pas-sado, quando um ataque suici-da matou mais de 50 pessoas
durante uma partida de vôlei, após a Câmara Baixa aprovar um acordo de continuidade das tropas norte-americanas sob a justificativa de segurança para o país até 2024.
Na manhã da última quinta-feira, a Câmara Alta apre-sentou sinal positivo para o mesmo contrato com os EUA, o que provocou a revolta do grupo extremista. Em segui-da, um veículo da embaixa-da britânica foi alvo de um homem-bomba que estava em uma moto na capital, Cabul, resultando na morte de pelo menos 5 pessoas e 34 feridos.
Esses fatos acontecem
dias antes da Conferência de Londres, encontro entre chefes de Estado previsto para acontecer nos dias 3 e 4 de dezembro, quando serão discutidas questões de segurança no Afeganistão. Eleito há poucos meses, o presidente Ashraf Gani es-pera obter mais acordos fi-nanceiros com a comunidade internacional para combater o Talibã. O país atravessa um de seus períodos mais violentos depois que, no ano passado, as forças do país se tornaram responsáveis pela segurança nacional após a retirada paulatina da missão da Otan.
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Reza Gul (no centro), a mãe do policial morto pelo Talibã, se revoltou e resolveu vingar a morte de seu filho, matando 25 membros da facção terrorista do Afeganistão. Sua família a ajudou
Relatório mostra que a ascensão do Estado Islâmico no Oriente pode estar chegando ao fim
Estado Islâmico pode perder guerraLondres (Thomson Reu-
ters Foundation) - Militan-tes do Estado Islâmico podem acabar perdendo a guerra no Iraque e na Síria por não terem dinheiro suficiente para admi-nistrar os territórios sob seu controle, apesar de terem bens no valor de mais de US$ 2 tri-lhões, disseram especialistas em terrorismo internacional.
Os custos administrativos, como pagamento de funcio-nários civis e militares, manu-tenção de estradas, escolas, hospitais, rede de eletricidade e água, estão muito além do alcance dos radicais sunitas, afirmou Jean-Charles Brisard, especialista em financiamento terrorista e consultor de inteli-gência empresarial.
“Isso significa que provavel-mente chegará um momento no qual a população poderia se voltar contra o Estado Islâmico, o que não é o caso presente, es-pecialmente... no Iraque”, disse Brisard em uma entrevista na semana passada.
Os líderes tribais sunitas do Iraque podem selar o destino dos militantes is-lâmicos, acrescentou. Em
2006 e 2007, eles tiveram um papel crucial no combate ao grupo, então chamado Al Qaeda no Iraque, com apoio dos Estados Unidos.
Desde então, entretanto, o apoio ao Estado Islâmico aumentou, sobretudo entre líderes tribais iraquianos res-sentidos por terem sido escan-teados pelo governo de maioria xiita do ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
RelatórioO cenário político no Iraque
e na Síria levou à ascensão do grupo radical e à captura de territórios nos dois paí-ses, “e isso pode decidir seu destino amanhã”, de acordo com o relatório da “Thomson Reuters” “Estado Islâmico: O Financiamento Terrorista Ba-seado na Economia”.
O relatório foi divulgado no começo deste mês por Brisard e Damien Martinez, diretor de vendas da “Thomson Reuters Risk” no leste da Europa e coautor de “Zarqawi: O Novo Rosto da Al-Qaida”.
O Estado Islâmico é a or-ganização terrorista mais rica
do mundo, com uma renda estimada em cerca de US$ 2,9 bilhões por ano, grande parte derivada de petróleo, gás e de projetos agrícolas que controla. O grupo ge-rencia fábricas, refinarias de petróleo e até bancos.
Os ataques aéreos liderados pelos EUA estão alvejando mi-litantes em solo iraquiano e sírio, mas os norte-america-nos não querem interromper as atividades econômicas em areas controladas pelo grupo, afirmou Brisard.
Os EUA não estão atacan-do caminhões de petróleo, por exemplo, porque se ma-tarem os motoristas a po-pulação local pode se voltar contra os norte-americanos, segundo o relatório.
O Estado Islâmico recebe cerca de US$ 30 milhões por mês, ou 12% de sua renda total, de extorsões, de acordo com o documento. A renda do petróleo representa 38%, o gás 17%, sequestros e resgates 4% e doações outros 2%. O restante vem de gás, produtos de fosfato, cimento, trigo e cevada, disse o relatório.
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AÇÃO
ATAQUESNa última semana, o Talibã realizou dois atentados em represália às medidas tomadas pelo Parlamento afegão. Um deles foi um ataque suicida que matou mais de 50 pessoas durante uma partida de vôlei
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A TRAVESSIA PARA O FUTUROCom 3.595 metros, a primeira ponte de grandes dimensões construída sobre um rio em solo amazônico foi
inaugurada com discursos otimistas de que, além de representar o mais ousado monumento arquitetônico do Estado, seria a redenção econômica e o marco de prosperidade e integração da Região Metropolitana
de Manaus. Três anos depois, oito municípios amazonenses e cerca de 2 milhões de habitantes ainda aguardam a sonhada travessia para o futuro, que ainda não aconteceu
REGIÃO METROPOLITANA AINDA ESPERA
Quando a ponte sobre o rio Negro foi inaugurada, no dia 24 de outubro de 2011, os discursos políticos, carrega-dos de emoção, pintaram o colosso de concreto e ferro como uma travessia “do Esta-do para o futuro”, que dotaria a Região Metropolitana de Manaus da infraestrutura ne-cessária para torná-la “uma cidade economicamente sus-tentável”.
As previsões otimistas justifi ca-vam os investimentos na ousada obra arquitetônica. Afi nal, o so-nho custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 1,099 bilhão – R$ 586 milhões do BNDES e R$ 513 milhões do governo estadual. E esse valor tornou-se o calcanhar de Aquiles do projeto, que passou a receber uma saraivada de crí-ticas ácidas. “É mais caro que a ponte do Japão”, diziam.
O ex-governador Gilberto Mes-trinho, por exemplo, ao avaliar o projeto, foi mais ácido ainda.
— Essa obra, a da ponte, vai ligar nada com coisa alguma –, detonou, durante uma entrevista.
Gilberto era contra a gastança que, segundo ele, poderia ser investida em outros projetos com maior retorno social.
— Eu acho que com três ou quatro balsas novas e um porto decente melhorava e muito a travessia. Com esse dinheiro, fazia o diabo nesses municí-pios, mas não quiseram fazer –, criticou Mestrinho.
Críticas à parte, é claro que a ponte acabou com o sofrimento da antiga travessia por balsa. Quem viveu aquele tempo sabe que às vezes a espera na fi la de carro, no porto do São Raimundo ou no de Cacau Pirêra (na volta) se
alongava por mais de seis horas. Logo, a ponte trouxe, sim, muitos benefícios, principalmente no que diz respeito à facilidade e rapidez com que se atinge a chamada Re-gião Metropolitana, a interliga-ção entre Cacau Pirêra, Iranduba,
Novo Airão e Manacapuru. Mas, a cobrança está justamente aí. O tão propagado “ganho” para a região não aconteceu. Na época, se propagava que o maior benefí-cio gerado pela ponte sobre o rio Negro seria “o desenvolvimento que vai proporcionar à região”.
— A ponte abre um leque de novas oportunidades e de de-senvolvimento socioeconômico para o interior. Com a ponte Rio Negro, o governo do Amazonas vai fomentar a economia e am-pliar a oferta de equipamentos públicos, principalmente nos mu-nicípios da Região Metropolitana diretamente infl uenciados pelo empreendimento: Manaus, Iran-duba, Manacapuru e Novo Airão –, disse um governante à época.
A ideia era facilitar o esco-amento da produção, além de avançar em projetos de infra-estrutura do governo estadual, como a implantação da Cidade Universitária da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Iranduba. E isso, de fato, aconteceu com a criação da Central de Abastecimento, or-çada em R$ 5,5 milhões, que atende feirantes, comerciantes e produtores rurais de Irandu-ba, além de Manacapuru, Novo Airão, Careiro e adjacências.
Mas, no caso de Cacau Pirêra, o distrito está abandonado desde que perdeu a condição de porto das balsas. O comércio perdeu a força, a Prefeitura de Iranduba virou as costas e o governo do Estado deixou a boa e velha Cacau entregue à própria sorte, mergulhada na criminalidade, no lixo e na escuridão.
Região Metropolitana A Região Metropolitana de Ma-
naus nasceu sob o signo verde. É a única encravada em ambiente de fl oresta no planeta, com po-pulação superior a 2 milhões
de habitantes. Foi instituída pela Lei Complementar número 52, de 30 de maio de 2007. Está entre as maiores metrópoles do mundo em extensão territorial, maior mesmo que alguns paí-ses. De fato, como pregava a propaganda ofi cial da época, a região possui potencialidades macroeconômicas extraordiná-rias. “Ela é o presente e o futuro ao mesmo tempo”, diziam da faixa de 101.474 km2 abran-gendo oito municípios – Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaus, Novo Ai-rão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva.
Acontece que até a presen-te data, essas potencialidades não foram exploradas. O boom na oferta de emprego também não ocorreu. As previsões oti-mistas estavam baseadas na constatação de que ao longo desses municípios existe uma série de atividades econômi-cas, como extrativismo, pis-cicultura, produção de horta-liças, atividade agropecuária, polo de cerâmica e turis-mo, que terão impulso com o novo equipamento logístico. A decantada instalação de 5,5 quilômetros de cabos de fi bra ótica, que viabilizariam o aces-so à internet banda larga pela população do outro lado do rio Negro, também é um sonho lindo que se foi.
Há de se reconhecer, porém, que a ponte resolveu uma das questões cruciais para o de-senvolvimento econômico da margem direita do rio Negro – a logística. O polo cerâmico de Iranduba, por exemplo, que concentra 60% da atividade no Estado, ganhou vantagem no quesito produtividade. Acabou com a época do frete caro que, no caso de Iranduba, era transpor-tado de balsa, perdendo tempo e produtividade.
Mas foi só. No resto, a Região Metropolitana ainda aguarda, es-perançosa, que a ponte sobre o rio Negro consiga, de verdade, fazer a travessia para o futuro, como foi anunciado há três anos.
MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO
A ponte Rio Negro foi inaugurada no dia 24 de outubro de 2011, numa segunda-feira quente. Quando milhares de pes-soas se acotovelavam sob um sol inclemente para assistir à presidente Dilma Rousseff e o ex-presiden-te Lula, acompanhados do governador Omar Aziz e do senador Eduardo Braga, entregarem a obra colos-sal no dia em que Manaus completava 342 anos.
Com 3.595 metros de ex-tensão, na época a ponte foi anunciada como a se-gunda maior ponte estaia-
da (suspensa por cabos) do mundo em águas fl uviais, atrás apenas da construí-da sobre o rio Orinoco, na Venezuela.
A obra, que durou três anos e dez meses para fi -car pronta, gerou emprego para 3,4 mil trabalhadores e consumiu 20 mil tonela-das de aço, 1,5 milhão de sacos de cimento, 47 mil metros cúbicos de areia, além de 72 mil tonela-das de revestimento de betume.
— Essa ponte mostra que é possível fazer com que aqui se gere empregos
e, ao mesmo tempo, se pre-serve o meio ambiente”, disse a presidente Dilma sobre a obra.
O empreendimento co-meçou ainda no governo do ex-presidente Lula, que também participou da inauguração.
— Hoje é dia de alegria. Valeu a pena –, afi rmou ele.
Após a cerimônia de inauguração, a presidente Dilma, Lula, Omar Aziz e Eduardo Braga atravessa-ram, de carro, os 3,5 qui-lômetros da ponte sobre o rio Negro. (MA)
UM DIA HISTÓRICO E CHEIO DE ESPERANÇAS
Dia 24 de outubro de 2011: Lula, Dilma e Omar na histó-rica solenidade de inaugura-ção da ponte Rio Negro
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Progresso ainda distanteSem saneamento adequado e ausência de políticas ambientais, Iranduba assiste ao desmatamento de suas áreas verdes e ao crescimento de seu lixão sem tratamento adequado, que afeta demais a vida dos moradores
Na época da inaugu-ração da ponte Rio Negro, o discurso era que a constru-
ção simbolizaria um marco na integração da Região Metro-politana de Manaus e conse-quentemente na chegada do merecido progresso às popu-lações vizinhas que assistiam à “explosão” da capital.
A propaganda da época, para justificar tamanho investimento, era convincente. O imóvel “abri-ria um leque de oportunidades ao desenvolvimento socioeco-nômico dos municípios vizinhos”, “Não apoiar a construção sig-nificaria virar as costas para o progresso e para nossos irmãos do interior”. Além de facilitar o acesso, a ponte facilitaria o fomento da economia, por meio do governo do Estado, com a simplificação da escoação da produção rural e o incentivo à expansão da Zona Franca para a Região Metropolitana. E, claro, a geração de emprego e renda e ampliação à oferta de equi-pamentos públicos à população vizinha ao empreendimento es-tavam entre as garantias.
Contudo, três anos após a construção da ponte, os mora-dores do município de Iranduba (a 10 quilômetros da capital) ainda aguardam os esperados investimentos públicos que só chegariam após o erguimento da estrutura.
Os moradores do Cacau Pi-rêra, um dos sete distritos do Iranduba - o mais próximo da ponte bilionária - convivem ain-da em um ambiente que pade-ce de infraestrutura. No local, principalmente no bairro Nova Veneza, é rara a residência que tenha fossa. Na grande maioria delas, os dejetos são jogados no rio, ou mesmo nas ruas, ou nos quintais. O esgoto a céu aberto emite forte odor em muitos locais, o que atrai roedores e insetos. “Moro na rua 3 do Nova Veneza e lá está ruim. Não tenho esgoto nem fossa e, vou ser sincero, cai tudo atrás de casa. Não tenho condição de construir fossa”, diz o autônomo Roberto Silva Lima, 52.
Na frente da casa de uma comerciante da rua 6, há uma quadra de areia. Parte dela fica coberta pelo esgoto das casas vizinhas. Mesmo assim, o fedor e os dejetos não afastam as crianças, que usam o local para brincar. “Eu tenho fossa, mas
muita gente não tem e fica deste jeito, o esgoto fica na rua mesmo e o cheiro é forte”, disse a comerciante, que pediu para não ter o nome divulgado.
Os moradores também recla-mam que a coleta de lixo ocorre no máximo duas vezes por sema-na, o que deixa o ambiente ainda mais insalubre. “Aqui passou a caçamba do lixo hoje [dia 25] e acredito que só volte a passar na semana que vem. Quando é assim, a gente armazena o lixo dentro de um camburão, mas acumula demais. Tem alguns vizinhos que optam por queimar o lixo”, disse a comerciante.
ProblemasA queima do lixo, somada à
fumaça emitida dos fornos das olarias, deixa o local – de acordo com denúncia dos próprios mo-radores – encoberto de fumaça. “No fim da tarde, quando o vento bate para cá, traz muita fumaça. Muitas crianças têm problema respiratório”, disse.
O desmatamento ao longo da rodovia AM-070 também foi pontuada pela população, que assiste à destruição da flores-ta pelos loteamentos e condo-mínios. “O que a gente mais vê agora é o trator rasgando a mata para dar espaço aos loteamentos. O desmatamento cresceu muito depois que fize-ram essa ponte. Pensávamos que viriam mais empresas para gerar emprego, mas vieram só mais bandidos”, denunciou o ele-tricista Nilson Borges, 53, que mora na sede do município.
Mas o que com certeza salta aos olhos é a permanência de um lixão a céu aberto no ramal Janauari, próximo à sede de Iranduba. No local são arma-zenadas 70 toneladas de lixo por dia, das quais somente 7 são recicladas. A imagem da lixeira é impressionante: mon-tanhas de lixo coroadas por dezenas de urubus adornam a entrada do terreno, próximo à estrada do ramal.
Lixão do município de Iranduba: ausência de política de resíduos sólidos e descuido afetam até a saúde da população local
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São mais ou menos 19 hectares, porém os resíduos são despejados na entrada do terreno, bem próximo à estrada, o que gera protes-tos dos vizinhos. “O projeto de um aterro sanitário não sai do papel. Então por que não enterram o lixo dentro do mato, mais no fundo do terreno? Na minha casa nin-guém consegue almoçar se não tiver dois ventiladores li-gados para espantar as mos-cas, e o cheiro é horrível. Fora que desvaloriza os terrenos do ramal. Já tentei vender um terreno, mas o pessoal chega aqui e reclama da lixeira”, disse o motorista Luis Antonio Alves, 41.
A lixeira existe há 21 anos no local e, de acordo com coletores que trabalham lá, a prefeitura foi impedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) de utilizar a área toda. “O Ipaam delimitou parte da reserva para não desmatar por causa dos ani-mais silvestres que ainda moram lá e da nascente. Então, eles cavam na área
delimitada e o tratorista em-purra e coloca outra camada de barro por cima”, disse um trabalhador.
O espaço recebe os de-jetos, sejam orgânicos ou recicláveis, de todas as 250 comunidades do Iranduba. Somente o lixo hospitalar não é armaze-nado no lixão. No serviço de coleta, trabalham 20 pessoas por conta própria, que não estão organizadas em associações. “A gente aproveita plástico, garrafa PET, papelão, papel misto. Imprensamos na estrada de Novo Airão e levamos para empresa em Manaus. Cada um ganha pelo tra-balho e nossa renda varia muito”, disse. O quilo da garrafa PET é vendido a R$ 0,50; o papelão, R$ 0,20; e o ferro, a R$ 0,25.
Ele lembrou que a opor-tunidade de reciclar foi lançada por um ex-prefeito aos moradores de Iranduba. “Muita gente não quer vir para cá trabalhar. Não sei como será quando os lixões forem fechados”, disse.
Projetos não saem do papelO prefeito do município,
Xinaik Medeiros (Pros), ex-plicou que a cidade já possui o Plano Municipal de Ges-tão Integrada de Resíduos Sólidos (PGRS) e, em 2015, a administração irá atrás de recursos para poder tirar o projeto do papel e colo-car em prática. “Vamos a Brasília buscar recursos na ordem de R$ 8 milhões para construir o aterro, organizar cooperativas de reciclagem e fazer tudo necessário con-forme a meta estabelecida em 2010 pela Política Na-cional de Resíduos Sólidos.
Elaboramos o plano, mas a verba federal ainda não che-gou”, afirmou o prefeito.
Ele salientou que após as-sumir a administração do município, fez modificações no lixão e atendeu às orien-tações do Ipaam. “Fizemos a mureta de entrada, a guarita e atendemos às readequa-ções apontadas pelo Ipaam para não degradar as áreas vizinhas ao lixão”, disse.
Quanto ao desmatamen-to feito pelas empreitei-ras, o prefeito explicou que tiveram liberação dos ór-gãos ambientais.
Plano de resíduos sólidos
Na lixeira, muitos materiais recicláveis são recolhidos
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Estudantes sofrem com a falta dos professoresMoradores de Iranduba se preocupam com a formação dos estudantes, que perdem aulas por causa da ausência de docentes
Em Iranduba, a educação padece de muitos pro-blemas. Há aproximada-mente 13 mil estudantes
matriculados nas 78 escolas do município. A prefeitura oferece educação infantil, a partir dos 3 anos de idade e ensino fundamen-tal do 1º ao 9º ano.
A principal reclamação dos pais é da falta de professores, o que reduz a carga horária dos alunos. “Na escola municipal Maria Auxi-liadora, onde meus filhos estudam, na comunidade Lago do Limão, os professores faltam demais. Se tiver aula duas vezes na semana é muito. Eles mandam um papel informando que não vai mais ter aula pelo resto da semana”, infor-mou uma mãe, que pediu para não ter o nome publicado.
Ela reclamou também da falta de segurança dentro da escola. “Lá tem aula de manhã, tarde
e noite. Mas à noite e à tarde são os piores horários. Alguns alunos levam droga para dentro da escola e ninguém faz nada. Quero tirar meus filhos de lá”, denunciou a mãe.
A falta de professores não é observada somente nas comuni-dades distantes. Pais de alunos que moram na sede do município tam-bém reclamam da irregularidade das aulas. “Meu filho faz a sétima série e ele vai às vezes para assistir somente a dois tempos de aula e depois volta para a casa. Acabo tendo que pagar cursos por fora, para ajudar na formação dele”, afirmou a comerciante, que pediu para não ter o nome divulgado.
O secretário de Educação, Alan Kardex Pinheiro, explicou que, quanto à estrutura, muitas esco-las foram reformadas e há novas manutenções programadas para o primeiro semestre de 2015 nas comunidades do rio Negro, Soli-mões, Cacau Pirêra e na própria sede do Iranduba.
Quanto à mão de obra, Pinheiro observa que há grande dificul-dade em manter principalmente aqueles professores que residem em outros municípios ou na ca-pital, em escolas nas comunida-des mais distantes. “Em algumas delas, temos dificuldade logística e por isso temos alternância de professores. Muitos vêm de Manaus. E como a comunidade é distante, às vezes eles não conseguem voltar para a capital no mesmo dia”, disse Allan.
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Allan apontou também que a cada ano recebe mais alu-nos, mas os investimentos federais não chegam na mes-ma velocidade. O secretário explicou que a verba federal repassada ao município neste ano é baseada no censo de 2010, quando foram conta-
bilizados 42 mil habitantes. “Pelos nossos dados, após a construção da ponte, temos cerca de 80 mil habitantes. Recebemos repasse do go-verno federal para 42 mil. Por isso, o prefeito ajuizou uma ação na Justiça Federal para que o IBGE venha ao nosso
município e que se equipare o repasse”, salientou.
De acordo com o secretário, a verba que chega hoje ao município está sendo utilizada toda na manutenção do sis-tema. “Se aumentar, poderí-amos criar escolas em tempo integral”, finalizou.
Investimentos são insuficientes
Escolas de Iran-duba sofrem com falta de docentes
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Uma cidade abandonada no tempoDistritos abandonados, infraestrutura deficiente e segurança praticamente nula. Até agora, essa foi a única herança deixada pela construção da ponte no município de Iranduba, onde o tempo parece ter parado e a cidade, esquecida
A festejada entrega da ponte Rio Negro em 2011, e as expectativas geradas com a grande
obra de engenharia, - a principal delas de que iria favorecer os moradores da região metropoli-tana, sobretudo, os do município do Iranduba - parece ser um pro-jeto ainda em construção. Ruas sem asfalto, sem saneamento básico, racionamento de água, vicinais intransitáveis, falta de transporte público e segurança pública deficiente são algumas das principais reclamações dos moradores do município, o mais próximo da capital, Manaus.
E se no Iranduba a situação não é nem de longe das melho-res, na comunidade do Cacau-Pirêra, distrito mais conhecido do município, a coisa é ainda mais alarmante. Conhecido pe-los amazonenses como local de atracação de balsas antes da entrega da ponte, o Cacau hoje está imerso em um cenário de completo abandono. No distrito, a obra que se destaca, pela estrutura que possui é a UBS Vitória Maria Paz de Souza, mas os moradores dizem que se há beleza externa faltam medicamentos e profissionais de saúde para atender a de-manda de pacientes.
No entanto, o que mais salta aos olhos de quem passa pelo Cacau é o completo abandono das ruas: sem calçamento, sem rede de esgoto e muitas sem asfalto. Vendedor de churras-co nas proximidades de onde atracavam as balsas, o parai-bano Marcos Antonio Silva, 54, reclama do esquecimento por
parte do poder público. Segundo ele, quando as balsas operavam havia um pouco mais de cuida-do com o Cacau, mas depois que elas pararam de realizar a travessia o distrito virou uma cidade fantasma.
“O Cacau está completamen-te esquecido. Se você der uma volta pela cidade vai ver que só tem asfalto em algumas ruas principais, em outras há apenas um monte de lama e buracos. Saneamento básico é algo que as pessoas aqui nem sabem do que se trata, os dejetos vão para o rio direto.Tem gente aqui no Cacau que nem sabe quem é o prefeito, de tanto que ele é ausente”, afirmou.
Sem comprometimentoQuem também reclama da
falta de comprometimento com o distrito do Cacau é o autônomo Máximo Benchimol, 38. Mora-dor da rua 5, no bairro Nova Veneza, ele reclama que há pelo menos 15 anos a rua dele é “só lama, buracos e esgoto a céu aberto”. As crianças, conforme ele, não têm como brincar de forma saudável, uma vez que as ruas estão em estado lamen-tável e a única praça existente no bairro está sem condições adequadas de uso. “A prefeitura não dá condições para que as pessoas possam ter uma vida melhor. Moro na mesma rua há 15 anos e nunca vi uma melhoria nela, ela está e sempre esteve só no barro. Infelizmente a nossa vida é essa”, lamentou.
Iranduba é um município composto por 250 comunida-des, divididas em sete distritos: Janauari, Limão, Ariaú, Serra Baixa, Paricatuba, Cacau-Pirêra e Caldeirão. Conforme dados do
censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2010, Iranduba possui cerca de 41 mil habitantes. E apesar de possuir um número relativa-mente pequeno demoradores, o município padece de problemas comuns às grandes cidades. De acordo com o presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Caldeirão, Jonis Silva, 42, a UBS que deveria atender às mais de 300 famílias que residem no Caldeirão está em obras desde dezembro de 2013 e, quase um ano depois, ainda não foi concluída.
“Já tentei falar com o prefeito, com o secretário de Saúde e agora estou tentando ver junto aos vereadores do Iranduba o que pode ser feito para que a obra tenha continuidade. Na placa que está em frente à UBS está escrito que a obra teve início em 17/12/2013 e como venho acompanhando de perto posso atestar que tra-balharam por apenas quatro meses e depois pararam. Tem ao menos cinco meses que ne-nhum tijolo é colocado lá e ainda falta pelo menos 50% para que ela seja concluída. Essa é para ser a primeira unidade padrão
da nossa comunidade, mas do jeito que a coisa vai não sei por quanto tempo mais vamos ter que esperar e isso porque a obra deveria ter sido entregue em outubro”, lamentou.
Quem também reclama da falta de compromisso com as questões das comunidades no Iranduba é o produtor de horta-liças e presidente da Associação de Produtores Rurais do Paraná do Baixio (Aproar), Raimundo Nonato, 50. Segundo ele, as más condições das estradas prejudicam o escoamento da produção. “A estrada parece uma ‘tábua de pirulitos’, nos-sos carros quebram e nossa despesa aumenta ainda mais. O que antes nós tirávamos de caminhão (produção rural) ago-ra estamos tirando de voadeira para evitar mais prejuízo. Tem pelo menos dois anos que esta-mos perdendo nossa produção por causa da má qualidade das estradas”, reclamou.
Conforme Nonato, a última vez que a estrada recebeu al-gum tipo de atenção foi para a Festa da Melancia do ano passado, mas desde então ne-nhuma outra melhoria foi feita na comunidade Santa Luzia.
CONDIÇÕESSe no Iranduba a si-tuação não é nem de longe das melhores, na comunidade do Cacau-Pirêra, distrito mais conhecido do município e próximo de Manaus, a coisa é ainda mais alarmante
Se a situação é complicada nos distritos, na sede a situa-ção não é muito melhor. Nem mesmo a praça dos Três Po-deres, que abriga os prédios da Câmara Municipal, do Po-der Judiciário e da Prefeitura do Iranduba está em boas condições de uso. Conforme uma comerciante que traba-lha próximo ao local e que preferiu não se identificar, somente nas vias principais é que o asfaltamento está em dia, nos demais bairros as ruas estão esburacadas, sem saneamento básico e com abastecimento de água irregular.
“Moro no Morada do Sol e lá as ruas estão repletas de buracos, sem falar do abastecimento de água, que só temos uma vez por dia. Lá também não temos transporte público e a casa
de saúde que deveria pres-tar atendimento aos mora-dores quase sempre não tem médicos e dentistas. Estamos em uma situação muito triste”, falou.
No bairro Cidade Nova, a situação é semelhante. Segundo o vendedor au-tônomo, Ademar da Costa nem mesmo uma operação tapa-buracos passa pelo bairro há muito tempo. “Infelizmente não vemos nada melhorar nos bairros do Iranduba”, resumiu.
Além da praça dos Três Poderes, um mirante na orla da cidade chama a atenção pelo abandono. O local, que poderia ser um atrativo a mais para moradores e vi-sitantes está tomado pelo matagal e se tornou abrigo para delinquentes e usuários de drogas.
Falta compromisso com o povo
Rua do Cacau-Pirêra, distrito de Iranduba mais próximo da capital e no final da ponte Rio Negro: depois do fim da travessia de balsas, local experimenta decadência e esquecimento do poder
Secretário de infraestrutu-ra de Iranduba, André Lima indicou que o calendário de atividades no município já está previsto no Plano Plu-rianual (PPA) e entre elas estão a entrega de quatro quadras poliesportivas e três de futsal; de UBSs nos bairros São Francisco, Graça Lopes, Cidade Nova e bairro Alto; quatro creches, sendo que a do bairro Novo Ama-nhecer será entregue ainda em dezembro. No bairro São Francisco terá início a cons-trução de uma creche com oito salas de aula.
Conforme o secretário, no Cacau Pirêra está pre-visto pelo PPA a construção de uma creche com seis salas de aula e uma quadra poliesportiva. O secretário disse ainda que a praça dos Três Poderes, bem como a orla da cidade, serão re-vitalizadas. “A praça dos Três Poderes será comple-tamente remodelada. Ela terá praça de alimentação completa e um anfiteatro. A avenida Amazonas terá o canteiro central dimi-
nuído e irá receber uma iluminação diferenciada. Já o mirante está com o laudo de vistoria pronto e há recursos para que seja recuperado”, afirmou.
O prefeito de Iranduba, Xinaik Medeiros (Pros), diz que não consegue fazer mais porque os recursos são in-suficientes para atender a demanda da população cres-cente e flutuante. De acordo com ele, o repasse que o município recebe seria para atender as necessidades de 42 mil habitantes, mas hoje Iranduba possui cerca de 70 mil habitantes, o que tor-na o valor insuficiente para fazer tudo o que precisa ser feito. “Nosso desejo é de fazer o melhor, mas in-felizmente os recursos que recebemos nos impedem de fazer tudo o que a população necessita”, argumentou.
De acordo com o prefeito, o município recebe de ICMS o equivalente a R$ 700 mil e destina 15% para saúde, 25% para educação, 7% para a Câmara de Verea-dores e o restante vai para
Apenas previsão de melhorias
Sede do município mostra sinais da falta de investimentos
MICHELE GOUVÊAEquipe EM TEMPO
A proximidade entre Ma-naus e Iranduba torna o mu-nicípio vulnerável à ocorrên-cia de crimes, especialmente porque ele não possui uma estrutura policial adequada para reprimir os atos ilícitos e muito menos para manter os presos sob custódia. O marco do aumento das ocor-rências policiais em Iranduba se dá a partir da entrega da ponte Rio Negro, que fez com que os crimes tivessem aumento significativo. Dados do Comando da 8ª CIPM de Iranduba indicam aumento de ocorrências, sobretudo, de tráfico de drogas. Seguidos de furtos, roubos e homicídios.
Os dados do Comando indi-cam que até o último dia 24 foram registradas 42 apre-ensões de substância entor-pecente, o que corresponde a 1.766 porções de droga. Até a mesma data o Comando registrou 28 homicídios, oito
estupros e 38 roubos. Con-forme o capitão De Muniz, responsável pelo Comando da 8ª CIPM de Iranduba, o município é dividido em seis setores, cada um sob a res-ponsabilidade de uma viatu-ra policial para realização do policiamento. Na área rural somente as comunidades do Caldeirão, Ariaú e Lago do Limão recebem policiamen-to diário. No Cacau-Pirêra, um contêiner funciona como posto de polícia.
“Podemos dizer que Iran-duba é um bairro de Manaus, sendo assim precisamos de uma nova estrutura física e operacional para que a res-posta policial no combate ao crime seja mais efetiva e abrangente. Manaus fica saturada de infratores e eles migram para o local mais próximo, no caso Iranduba. O ideal é que deixemos de ser Comando e passemos a
ser um batalhão. Isso nos ga-rantirá mais estrutura. Hoje não conseguimos fazer o po-liciamento na área ribeirinha do Iranduba, o motor que tínhamos era emprestado da prefeitura, eles precisaram e tivemos que devolver. Isso quer dizer que essas pes-soas estão desassistidas de policiamento. Nosso efetivo e viaturas reduzidos contri-buem para essa falta de as-sistência”, falou.
E quando a polícia conse-gue prender os criminosos outro problema se apresenta: a falta de lugar para que eles sejam mantidos. Os presos, sejam eles condenados, sob custódia ou os que esperam por julgamento ficam todos no 31º DIP de Iranduba. A delegacia, localizada na ave-nida Amazonas, é vulnerável, coloca em risco a integridade física de policiais e presos, além de estar superlotada.
Conforme o delegado planto-nista do 31º DIP, Jeff Macdo-nald, as duas carceragens da delegacia deveriam abrigar oito presos, quatro em cada uma, no entanto, estão com 32 presos.
“Aqui nós vivemos um grande paradoxo, precisa-mos prender e custodiar os presos. Isso faz com que a qualidade do serviço policial fique mais deficitário, já que tiramos o foco da função fim do policial civil para atuarmos como agentes carcerários. Há cerca de duas semanas foram transferidos 25 presos para Manaus e a carceragem ficou um pouco mais folgada, mas se você for lá agora vai ver uma ‘torre’ de redes, uma so-bre a outra. Não há segurança para os presos e nem para os policiais, estamos sujeitos a tentativas de resgate de presos e outras ações que nos colocam em risco”, alertou.
Segurança cabe dentro de um contêiner
Delegacia de Iranduba: retrato da situação da segurança Imagem comum no Cacau-Pirêra: distrito “jogado às traças”FO
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Na praça dos Três Poderes, sinais evidentes de abandono
Espaço em Iranduba que poderia ser melhor utilizado pelos moradores e visitantes do município está abandonado e tomado pelo matagal. Progresso na região metropolitana está atrasado
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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 C5
Uma cidade abandonada no tempoDistritos abandonados, infraestrutura deficiente e segurança praticamente nula. Até agora, essa foi a única herança deixada pela construção da ponte no município de Iranduba, onde o tempo parece ter parado e a cidade, esquecida
A festejada entrega da ponte Rio Negro em 2011, e as expectativas geradas com a grande
obra de engenharia, - a principal delas de que iria favorecer os moradores da região metropoli-tana, sobretudo, os do município do Iranduba - parece ser um pro-jeto ainda em construção. Ruas sem asfalto, sem saneamento básico, racionamento de água, vicinais intransitáveis, falta de transporte público e segurança pública deficiente são algumas das principais reclamações dos moradores do município, o mais próximo da capital, Manaus.
E se no Iranduba a situação não é nem de longe das melho-res, na comunidade do Cacau-Pirêra, distrito mais conhecido do município, a coisa é ainda mais alarmante. Conhecido pe-los amazonenses como local de atracação de balsas antes da entrega da ponte, o Cacau hoje está imerso em um cenário de completo abandono. No distrito, a obra que se destaca, pela estrutura que possui é a UBS Vitória Maria Paz de Souza, mas os moradores dizem que se há beleza externa faltam medicamentos e profissionais de saúde para atender a de-manda de pacientes.
No entanto, o que mais salta aos olhos de quem passa pelo Cacau é o completo abandono das ruas: sem calçamento, sem rede de esgoto e muitas sem asfalto. Vendedor de churras-co nas proximidades de onde atracavam as balsas, o parai-bano Marcos Antonio Silva, 54, reclama do esquecimento por
parte do poder público. Segundo ele, quando as balsas operavam havia um pouco mais de cuida-do com o Cacau, mas depois que elas pararam de realizar a travessia o distrito virou uma cidade fantasma.
“O Cacau está completamen-te esquecido. Se você der uma volta pela cidade vai ver que só tem asfalto em algumas ruas principais, em outras há apenas um monte de lama e buracos. Saneamento básico é algo que as pessoas aqui nem sabem do que se trata, os dejetos vão para o rio direto.Tem gente aqui no Cacau que nem sabe quem é o prefeito, de tanto que ele é ausente”, afirmou.
Sem comprometimentoQuem também reclama da
falta de comprometimento com o distrito do Cacau é o autônomo Máximo Benchimol, 38. Mora-dor da rua 5, no bairro Nova Veneza, ele reclama que há pelo menos 15 anos a rua dele é “só lama, buracos e esgoto a céu aberto”. As crianças, conforme ele, não têm como brincar de forma saudável, uma vez que as ruas estão em estado lamen-tável e a única praça existente no bairro está sem condições adequadas de uso. “A prefeitura não dá condições para que as pessoas possam ter uma vida melhor. Moro na mesma rua há 15 anos e nunca vi uma melhoria nela, ela está e sempre esteve só no barro. Infelizmente a nossa vida é essa”, lamentou.
Iranduba é um município composto por 250 comunida-des, divididas em sete distritos: Janauari, Limão, Ariaú, Serra Baixa, Paricatuba, Cacau-Pirêra e Caldeirão. Conforme dados do
censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2010, Iranduba possui cerca de 41 mil habitantes. E apesar de possuir um número relativa-mente pequeno demoradores, o município padece de problemas comuns às grandes cidades. De acordo com o presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Caldeirão, Jonis Silva, 42, a UBS que deveria atender às mais de 300 famílias que residem no Caldeirão está em obras desde dezembro de 2013 e, quase um ano depois, ainda não foi concluída.
“Já tentei falar com o prefeito, com o secretário de Saúde e agora estou tentando ver junto aos vereadores do Iranduba o que pode ser feito para que a obra tenha continuidade. Na placa que está em frente à UBS está escrito que a obra teve início em 17/12/2013 e como venho acompanhando de perto posso atestar que tra-balharam por apenas quatro meses e depois pararam. Tem ao menos cinco meses que ne-nhum tijolo é colocado lá e ainda falta pelo menos 50% para que ela seja concluída. Essa é para ser a primeira unidade padrão
da nossa comunidade, mas do jeito que a coisa vai não sei por quanto tempo mais vamos ter que esperar e isso porque a obra deveria ter sido entregue em outubro”, lamentou.
Quem também reclama da falta de compromisso com as questões das comunidades no Iranduba é o produtor de horta-liças e presidente da Associação de Produtores Rurais do Paraná do Baixio (Aproar), Raimundo Nonato, 50. Segundo ele, as más condições das estradas prejudicam o escoamento da produção. “A estrada parece uma ‘tábua de pirulitos’, nos-sos carros quebram e nossa despesa aumenta ainda mais. O que antes nós tirávamos de caminhão (produção rural) ago-ra estamos tirando de voadeira para evitar mais prejuízo. Tem pelo menos dois anos que esta-mos perdendo nossa produção por causa da má qualidade das estradas”, reclamou.
Conforme Nonato, a última vez que a estrada recebeu al-gum tipo de atenção foi para a Festa da Melancia do ano passado, mas desde então ne-nhuma outra melhoria foi feita na comunidade Santa Luzia.
CONDIÇÕESSe no Iranduba a si-tuação não é nem de longe das melhores, na comunidade do Cacau-Pirêra, distrito mais conhecido do município e próximo de Manaus, a coisa é ainda mais alarmante
Se a situação é complicada nos distritos, na sede a situa-ção não é muito melhor. Nem mesmo a praça dos Três Po-deres, que abriga os prédios da Câmara Municipal, do Po-der Judiciário e da Prefeitura do Iranduba está em boas condições de uso. Conforme uma comerciante que traba-lha próximo ao local e que preferiu não se identificar, somente nas vias principais é que o asfaltamento está em dia, nos demais bairros as ruas estão esburacadas, sem saneamento básico e com abastecimento de água irregular.
“Moro no Morada do Sol e lá as ruas estão repletas de buracos, sem falar do abastecimento de água, que só temos uma vez por dia. Lá também não temos transporte público e a casa
de saúde que deveria pres-tar atendimento aos mora-dores quase sempre não tem médicos e dentistas. Estamos em uma situação muito triste”, falou.
No bairro Cidade Nova, a situação é semelhante. Segundo o vendedor au-tônomo, Ademar da Costa nem mesmo uma operação tapa-buracos passa pelo bairro há muito tempo. “Infelizmente não vemos nada melhorar nos bairros do Iranduba”, resumiu.
Além da praça dos Três Poderes, um mirante na orla da cidade chama a atenção pelo abandono. O local, que poderia ser um atrativo a mais para moradores e vi-sitantes está tomado pelo matagal e se tornou abrigo para delinquentes e usuários de drogas.
Falta compromisso com o povo
Rua do Cacau-Pirêra, distrito de Iranduba mais próximo da capital e no final da ponte Rio Negro: depois do fim da travessia de balsas, local experimenta decadência e esquecimento do poder
Secretário de infraestrutu-ra de Iranduba, André Lima indicou que o calendário de atividades no município já está previsto no Plano Plu-rianual (PPA) e entre elas estão a entrega de quatro quadras poliesportivas e três de futsal; de UBSs nos bairros São Francisco, Graça Lopes, Cidade Nova e bairro Alto; quatro creches, sendo que a do bairro Novo Ama-nhecer será entregue ainda em dezembro. No bairro São Francisco terá início a cons-trução de uma creche com oito salas de aula.
Conforme o secretário, no Cacau Pirêra está pre-visto pelo PPA a construção de uma creche com seis salas de aula e uma quadra poliesportiva. O secretário disse ainda que a praça dos Três Poderes, bem como a orla da cidade, serão re-vitalizadas. “A praça dos Três Poderes será comple-tamente remodelada. Ela terá praça de alimentação completa e um anfiteatro. A avenida Amazonas terá o canteiro central dimi-
nuído e irá receber uma iluminação diferenciada. Já o mirante está com o laudo de vistoria pronto e há recursos para que seja recuperado”, afirmou.
O prefeito de Iranduba, Xinaik Medeiros (Pros), diz que não consegue fazer mais porque os recursos são in-suficientes para atender a demanda da população cres-cente e flutuante. De acordo com ele, o repasse que o município recebe seria para atender as necessidades de 42 mil habitantes, mas hoje Iranduba possui cerca de 70 mil habitantes, o que tor-na o valor insuficiente para fazer tudo o que precisa ser feito. “Nosso desejo é de fazer o melhor, mas in-felizmente os recursos que recebemos nos impedem de fazer tudo o que a população necessita”, argumentou.
De acordo com o prefeito, o município recebe de ICMS o equivalente a R$ 700 mil e destina 15% para saúde, 25% para educação, 7% para a Câmara de Verea-dores e o restante vai para
Apenas previsão de melhorias
Sede do município mostra sinais da falta de investimentos
MICHELE GOUVÊAEquipe EM TEMPO
A proximidade entre Ma-naus e Iranduba torna o mu-nicípio vulnerável à ocorrên-cia de crimes, especialmente porque ele não possui uma estrutura policial adequada para reprimir os atos ilícitos e muito menos para manter os presos sob custódia. O marco do aumento das ocor-rências policiais em Iranduba se dá a partir da entrega da ponte Rio Negro, que fez com que os crimes tivessem aumento significativo. Dados do Comando da 8ª CIPM de Iranduba indicam aumento de ocorrências, sobretudo, de tráfico de drogas. Seguidos de furtos, roubos e homicídios.
Os dados do Comando indi-cam que até o último dia 24 foram registradas 42 apre-ensões de substância entor-pecente, o que corresponde a 1.766 porções de droga. Até a mesma data o Comando registrou 28 homicídios, oito
estupros e 38 roubos. Con-forme o capitão De Muniz, responsável pelo Comando da 8ª CIPM de Iranduba, o município é dividido em seis setores, cada um sob a res-ponsabilidade de uma viatu-ra policial para realização do policiamento. Na área rural somente as comunidades do Caldeirão, Ariaú e Lago do Limão recebem policiamen-to diário. No Cacau-Pirêra, um contêiner funciona como posto de polícia.
“Podemos dizer que Iran-duba é um bairro de Manaus, sendo assim precisamos de uma nova estrutura física e operacional para que a res-posta policial no combate ao crime seja mais efetiva e abrangente. Manaus fica saturada de infratores e eles migram para o local mais próximo, no caso Iranduba. O ideal é que deixemos de ser Comando e passemos a
ser um batalhão. Isso nos ga-rantirá mais estrutura. Hoje não conseguimos fazer o po-liciamento na área ribeirinha do Iranduba, o motor que tínhamos era emprestado da prefeitura, eles precisaram e tivemos que devolver. Isso quer dizer que essas pes-soas estão desassistidas de policiamento. Nosso efetivo e viaturas reduzidos contri-buem para essa falta de as-sistência”, falou.
E quando a polícia conse-gue prender os criminosos outro problema se apresenta: a falta de lugar para que eles sejam mantidos. Os presos, sejam eles condenados, sob custódia ou os que esperam por julgamento ficam todos no 31º DIP de Iranduba. A delegacia, localizada na ave-nida Amazonas, é vulnerável, coloca em risco a integridade física de policiais e presos, além de estar superlotada.
Conforme o delegado planto-nista do 31º DIP, Jeff Macdo-nald, as duas carceragens da delegacia deveriam abrigar oito presos, quatro em cada uma, no entanto, estão com 32 presos.
“Aqui nós vivemos um grande paradoxo, precisa-mos prender e custodiar os presos. Isso faz com que a qualidade do serviço policial fique mais deficitário, já que tiramos o foco da função fim do policial civil para atuarmos como agentes carcerários. Há cerca de duas semanas foram transferidos 25 presos para Manaus e a carceragem ficou um pouco mais folgada, mas se você for lá agora vai ver uma ‘torre’ de redes, uma so-bre a outra. Não há segurança para os presos e nem para os policiais, estamos sujeitos a tentativas de resgate de presos e outras ações que nos colocam em risco”, alertou.
Segurança cabe dentro de um contêiner
Delegacia de Iranduba: retrato da situação da segurança Imagem comum no Cacau-Pirêra: distrito “jogado às traças”
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Sistema de saúde batalha contra números do censoCom contagem de habitantes superior à oficial do IBGE, Iranduba enfrenta dificuldades para o atendimento da população
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O envio de verba federal inferior à demanda, decorrente da con-tagem populacional
baseada no censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que apon-tou 42 mil habitantes -, também influencia negativamente no sistema de saúde de Iranduba. De acordo com o chefe de ga-binete da Secretaria de Saúde de Iranduba, Robson Cardoso, o crescente fluxo de pessoas que tem escolhido morar no município tem gerado a neces-sidade de arrecadar maiores investimentos. “Hoje temos o
dobro de pessoas que tínhamos em 2010, quando éramos 42 mil habitantes. E nos fins de semana o número salta para 100 mil”, ressaltou.
Essa defasagem reflete dire-tamente no envio do orçamento. “Baseado nesse censo, o gover-no federal nos encaminha R$ 19 mil para a compra de me-dicamentos. Mas, desse total, gastamos R$ 17 mil somente com a compra de remédios para hipertensão. Se não fos-sem os recursos da prefeitura, não teríamos como arcar com a demanda do nosso município e de pessoas que vêm de outros municípios”, disse.
Nas ruas, a principal reclama-ção é a falta de medicamentos
e de atendimento médico. “Sou hipertensa e tenho que tomar três pílulas por dia, de três remé-dios diferentes. Mas sempre que vou atrás, nunca tem. Falta até dipirona”, disse a comerciante Neide de Souza, 61.
Consultas com médicos es-pecialistas também não são simples de serem agendadas, de acordo com os moradores. “O médico só atende segunda-feira. Quem chegar às 5h ainda consegue vaga, porque eles só distribuem 12 fichas. E remédio também é difícil ter. Eles dão a receita, mas chegando lá, só tem dipirona”, reclamou uma comerciante que pediu para não ter o nome revelado.
Apesar das dificuldades,
Cardoso apontou conquistas decorrentes do planejamento desta atual administração. “O município é responsável pela saúde básica, a prevenção de doenças, vacinação. Média e alta complexidade é de atribui-ção do Estado”, explicou.
Segundo Robson, trabalham para a rede do município 21 médicos, sendo nove vindos do programa federal Mais Médi-cos, que residem nas comunida-des e acompanham as famílias de perto. Há também mais de 20 programas em atividade, como o Saúde da Família, que agrega 21 equipes com en-fermeiros, médicos e agentes comunitários, o Saúde Bucal, o Núcleo de Apoio a Saúde
da Família (Nasf), que ofere-ce à população três equipes com psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo e educador físico.
Fazendo o elo entre a comu-nidade e as equipes de saúde, há 139 agentes comunitários, que de acordo com Robson, vão de casa em casa levantar as necessidades das famílias e encaminhá-las aos médicos. Essa integração entre agentes e médicos pode ser comprovada entre os moradores. “Tenho dia-betes e para mim nunca faltou remédio. Tomo dois comprimi-dos por dia. Também nunca fal-tou médico, nem dentista. Moro na comunidade Santo Antônio, e lá a agente de saúde sempre
passa na minha casa e, quando preciso, ela marca consulta com o médico”, ex-plicou a aposentada Luciana Martins, 60.
De olho na necessidade de especialistas, o município tam-bém contratou urologista, otor-rinolaringologista e profissional responsável por ultrassonogra-fia, que uma vez por semana prestam atendimento gratuito à comunidade.
IVE RYLOEquipe EM TEMPO
Em 2000, eram 32.228 habitantes no município, dos quais 22.299 residiam na zona rural e 9.929 na área urbana.
Em 2010, foram registrados 42.781 habitantes, sendo que 11.802 ocupavam a área rural e 28.979 a área urbana.
Dados do IBGE
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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
Paic-FCecon possui seis pesquisas sobre câncerUniversitários de medicina, que fazem iniciação científica, estudam assuntos relacionados ao câncer de próstata
Entre 2011 e este ano, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazo-
nas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), registrou seis pesqui-sas relacionadas ao câncer de próstata, tipo da doença de maior incidência entre os ho-mens no Amazonas. Um dos principais objetivos, segundo o diretor-presidente da institui-ção, Edson de Oliveira Andrade, é traçar um perfil dos pacientes portadores da neoplasia ma-ligna e as principais caracte-rísticas da doença, garantindo que, no futuro, os trabalhos resultem em melhorias na assistência oncológica.
As pesquisas estão inseri-das no Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic-FCecon), que recebe o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fa-peam). Dos seis trabalhos iniciados na instituição, um ainda está em andamento. Os demais foram concluídos em 12 meses, cada. Os resultados foram publicados em revistas científicas e, alguns, expostos em eventos relacionados à área científica.
No mês alusivo à saúde do homem, o Novembro Azul, que
está se encerrando, o chefe do Serviço de Urologia, doutor Giu-seppe Figliuolo, explica que os estudos possibilitarão melhor conhecimento do perfil epide-miológico dos pacientes, o que inclui idade, origem, grau da doença, nível de estadiamento (o quanto o câncer já se espa-lhou), se a doença geralmente é detectada no estágio inicial ou avançado, com ou sem metás-tase (alastramento do câncer para outras áreas do corpo) e os tratamentos aplicados, em especial, os mais eficazes nos campos cirúrgico, radioterápi-co e quimioterápico – incluindo o uso de novas drogas.
Qualidade de vidaOutro foco das pesquisas
é avaliar a qualidade de vida desses pacientes, saber como ficam após os procedimentos, se desenvolveram ou não se-quelas decorrentes da cirurgia – a exemplo da incontinência urinária (perda involuntária de urina) ou impotência se-xual. “Também avaliamos a eficácia de cada tratamento e as sequelas decorrentes, por exemplo, das cirurgias con-vencionais ou minimamente invasivas (videolaparosco-pias)”. A pesquisa que continua em andamento na FCecon foi
iniciada na primeira edição do Paic, em 2011, e teve conti-nuidade nas demais, tendo como orientadores Figliuolo e o doutor Cristiano Paiva, ambos urologistas. A pesqui-sa recebeu o seguinte título: ‘Há melhora da função erétil em pacientes com câncer de próstata localizado, subme-tidos à prostatectomia radi-cal retropúbica, utilizando-se lupa cirúrgica?’. O trabalho começou com os então aca-dêmicos Tayane de Almeida Pinto e Anderson Lopes de Oliveira (de 2011 a 2013) e está tendo continuidade com acadêmico de medicina Tércio Cardoso dos Santos, um dos selecionados para o Paic-FCe-con 2014-2015.
Na pesquisa, pacientes sub-metidos a cirurgias no centro cirúrgico da FCecon, são ava-liados no pré e pós-operatório e têm a recuperação acom-panhada pela equipe de pes-quisadores. Giuseppe Figliuo-lo destaca que, nos últimos anos, a FCecon registrou avan-ços na área cirúrgica, com a realização de procedimentos menos agressivos e de recu-peração mais rápida, o que dá mais segurança aos pacientes durante o tratamento, bem como, aos cirurgiões.
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As pesquisas estão inseridas no Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic-FCecon)
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Unidade de saúde teve 70mil atendimentos este anoInaugurada em março de 2014, UPA Campos Sales oferece gratuitamente serviços de especialidades médicas variadas
A UPA Campos Sales prio-riza o atendimento conforme o protocolo de classificação de risco, por meio do qual a atenção médica é voltada aos casos mais urgentes em que o paciente com risco de morte. Em casos mais complexos, os pacientes são
encaminhados aos prontos-socorros de alta complexida-de. “Um minuto pode fazer a diferença em salvar a vida de um paciente com quadro clínico grave, por isso a clas-sificação de risco tem sua importância na unidade de saúde”, ressalta a diretora.
Por conta do atendimento imediato a pacientes que necessitam de urgência, os que estão em quadro clínico de menor gravidade precisam aguardar atendi-mento. Eles dispõem de todo o conforto, podendo ficar sentados, em sala cli-
matizada, na recepção da unidade de saúde. “Sempre procuro a UPA porque aqui sei como funciona e não tem problema ficar espe-rando por atendimento. O importante é que sou bem atendida”, disse Karla Sil-veira Alcântara, 28.
Prioridade para atendimento de urgência
Desde a sua inaugu-ração, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales,
localizada na avenida Dona Otília, Tarumã, Zona Norte, já atendeu mais de 70 mil pessoas. A unidade de saúde, gerenciada pelo Instituto No-vos Caminhos – Organização Social, compõe a rede estadual de urgência e emergência de média complexidade e atende em regime de 24 horas.
Dentre as principais deman-das de especialidades médicas da unidade de saúde estão a clínica médica, que ultrapas-sou os 35 mil atendimentos; seguida da pediatria com pou-co mais de 20 mil; cirurgia geral com aproximadamente 5 mil, entre outros atendimentos. O total já registrado é de mais de 10 mil atendimentos.
A unidade de saúde aten-de, também, nas áreas de odontologia, ortopedia e traumatologia, além de re-alizar exames como raios e exames laboratoriais.
Equipada com os mais mo-dernos equipamentos, a UPA conta com 18 leitos de obser-vação, divididos entre as en-fermarias pediátrica e adulto (masculino e feminino), além de dois leitos de isolamento
para pacientes portadores de doenças contagiosas.
HumanizadoA UPA Campos Sales foi
inaugurada em meados de março deste ano. A unidade de saúde está projetada con-
forme os padrões de Huma-nização que regem o Sistema Único de Saúde (SUS).
O atendimento humaniza-do começa com a chegada do paciente até a alta mé-dica. “Temos o compromisso com nossos pacientes que é cuidar deles com atenção, carinho e compromisso. Essa é a principal característica de nossa equipe multipro-fissional”, afirma a diretora da unidade de saúde, Márcia Alessandra Nascimento.
MÉDICOSEntre as especialidades médicas da Unidade de Pronto Atendimen-to (UPA), estão clíni-ca médica, pediatria, odontologia, ortopedia e traumatologia, entre outros serviços paraa comunidade
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Além do atendimento médico, a UPA Campos Sales oferece exames como raios X e exames laboratoriais para a população
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MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010
3 Currais para retirantes no CearáVisita aos vestígios de campos de concentração. Págs. 6 e 7
2 Entrada para brancos e para negrosDiário de Washington. Pág. 3
1 Os diários circulares de Guillermo KuitcaE outras 10 indicações culturais. Pág. 2
4 Linhas de goiaba giravam na fatia do boloA imaginação de André Laurentino. Pág. 8
CapaObra sem título, 2014, de Ícaro Lira
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G2 MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 11 INDICAÇÕES
Ilustríssimos desta edição
Folha.com
BRONZE DA CHINAO professor da Unicamp Ro-gério Cezar de Cerqueira Leite escreve sobre a presença do metal na história do país
FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha
DOUGLAS COUPLANDO escritor canadense analisa a homogeneização do tempo pelo dinheiro
>>folha.com/ilustrissima
ISADORA BRANT, 28, é repórter fotográfica da Folha e produz, em sua Vibrant Editora, publicações independentes, como zines e fotolivros.
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, 27, é jornalista da Folha. Assina o blog “Religiosamente” no site do jornal.
ANDRÉ LAURENTINO, 42, escritor, roteirista e publicitário, escreveu o conto “Noite Morta” especial-mente para a “Ilustríssima”.
BRASILEIRO
ESTRANGEIRO
ERU
DIT
O POP
SERGIO PARRA/DIVULGAÇÃO
ÍCARO LIRA, 28, é artista plástico nascido em Fortaleza. Sua individual “Projeto Popular, Controle Social e Isolamento” fi ca em cartaz no Centro Cultural Banco do Nordeste na capital cearense até 6/12.
RAUL JUSTE LORES, 38, é correspondente da Folha em Washington.
ADAMS CARVALHO, 35, é ilustrador.
FOTOS DIVULGAÇÃO
EXPOSIÇÃO | EDIÇÕES E MÚLTIPLOSAmostra “Edições e Múltiplos: do Con-
cretismo ao Contemporâneo” propõe uma retrospectiva de obras que buscam demo-cratizar o acesso à arte. Entre os artistas expostos estão Judith Lauand, Julio LeParc, Cildo Meireles, Iran do Espírito Santo, Marilá Dardot e Paulo Bruscky. Todos os trabalhos estarão à venda entre R$ 100 e R$ 25mil.
galeria Superfície | tel. (11) 3062-3576 | ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h | grátis | até 20/12
EXPOSIÇÃO | GUILHERMO KUITCAO pintor argentino, cuja retrospectiva
esteve na Pinacoteca neste ano, passa a ser representado por duas galerias paulistas: a Mendes Wood DM e a Fortes Vilaça. Ainda estão em exibição 18 obras circulares da série “Diários”, iniciada por ele em1994.
galeria Fortes Vilaça | tel. (11) 3032- 7066 | ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 18h | grátis | última semana
EXPOSIÇÃO E LIVRO | ANA NITZANPrimeiro livro da artista paulistana, “Sublimação”, sob organização
do curador Eder Chiodetto, traz uma série fotográfi ca de copas de árvores, materiais recolhidos e estudos de ateliê. Amostra homônima traz fotos e objetos.
DConcept | tel. (11) 3085-5006 | seg. a sex., das 14h às 19h; sáb., das 11 às 15h | grátis | até 23/12 | R$ 100 | 244 págs. | à venda na galeria
EXPOSIÇÃO | TIAGO MEIRELESA casa do fi nal do século 17 faz
parte do complexo de locais do Museu da Cidade e recebe agora mostras de arte contemporânea. O artista brasiliense inaugura essa nova fase da instituição com “Altares”, série de 26 pinturas de sua versão volumosa de igrejas barrocas.
Casa do Tatuapé | tel. (11) 2296-4330 | ter. a dom., das 9h às 17h | grátis até 4/12
LANÇAMENTO | FILOSOFIAEm “O Conceito de Areté na Figura de
Sócrates Segundo o Diálogo Protágoras, de Platão”, Flávio Luiz Mestriner Leonetti retoma as aporias do ser e do não-ser no “Protágoras” de Platão. O livro tem prefácio da professora de fi losofi a da USP Olgária Matos.
Livraria da Vila - Fradique | tel. (11) 3814-5811 | qui. (4), às 18h30
Humanitas | R$ 34 | 140 págs.
LIVRO | UWE TIMMO escritor alemão conta a história
de sua família em “À Sombra do meu Irmão”. Durante a Segunda Guerra, o irmão mais velho do autor foi morto em batalha.
trad. Gerson Neumann e William Radünz Dublinense | R$ 34,90 | 160 págs.
LIVRO | O ANTI-MAQUIAVELEntre as refutações das teorias ex-
postas por Maquiavel no “O Príncipe” ao longo do período do Iluminismo, a de Frederico 2º é a mais famosa. Apre-sentado por Voltaire, o texto do rei da Prússia (1712-86) visava a condenação da obra e do próprio autor.
trad. Ivone C. Benedetti | WMF Mar-tins Fontes | R$ 29,90 | 208 págs.
LANÇAMENTO | CINE TELA BRASILOs diretores Laís Bodanszky e Luiz Bo-
lognesi lançam o livro “Cine Tela Brasil e Ofi cinas Tela Brasil: Dez Anos Levando Cinema a Escolas Públicas e Comunidades de Baixa Renda” sobre o projeto que já dura dez anos e que percorreu o país. Serão exibidos “Cine Mambembe”, que trata do projeto, e 12 curtas metragens produzidos nas ofi cinas.
MIS-SP | tel. (11) 2117-4777 | ama-nhã (1º), às 19h (exibições a partir das 16h) | grátis
Instituto Buriti | R$ 30 | 206 págs. | à venda no MIS
EXPOSIÇÃOE LIVRO | THOMAZ FARKASCom curadoria de Sergio Burgi e João Farkas,
“Memórias e Descobertas” traz séries conhecidas e imagens raras do fotógrafo nascido na Hungria (1924-2011). Um livro homônimo traz reprodu-ções, textos dos curadores e entrevistas.
Luciana Brito Galeria | tel. (11) 3842-0634 | ter. a sáb., das 10h às 19h grátis | até 10/1/2015 | R$ 60 | 220 págs. | à venda na galeria
LIVRO | PSICANÁLISEEm “A Psicanálise é um Exercício Espiritual?: Resposta a Michel Foucault”,
o psicanalista francês Jean Allouch busca refl etir sobre a relação entre psicanálise e espiritualidade. O tema aparece em Foucault como uma questão em “A Hermenêutica do Sujeito”.
trad. Maria Rita Salzano Moraes e Paulo Sérgio de Souza Jr. | ed.Unicamp | R$ 38 | 144 págs.
LANÇAMENTO | RUY BELOA editora carioca 7Letras promove, no
Rio, os três volumes que completama coleção de obra completa que celebra os 80 anos do poeta português (1933-78): “A Margem da Alegria” (R$ 33, 88 págs.), “Despeço-me da Terra da Alegria” (R$ 30; 76 págs) e “Toda a Terra” (R$ 49; 228 págs.).
Livraria 7Letras | tel. (21) 2540-0076 | amanhã (1º), às 19h
“Diários”,detalhe,(2005/2012)
“Álbum -Gravura II” (2012), de Judith Lauand
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2Direitos civis em museus
Diário de Washington
“É proibido o casamento de uma pessoa branca com pessoa negra, mulata ou com até 1/8 de sangue ne-gro”, dizia uma lei em vigor no Estado da Geórgia até o início dos anos 60. A tal lei surge no painel eletrônico que lembra os antigos de aeroporto, na entrada do recém-inaugurado Museu dos Direitos Civis e Hu-manos de Atlanta.
Nos últimos cinco anos, várias cidades americanas que protagonizaram a se-gregação racial estão ga-nhando museus modernos que escancaram a história da luta contra o racismo. O maior e mais aguardado deles está em construção na capital do país, o Museu Nacional da História e da Cultura Afro-Americanas, ao lado do icônico obelisco da cidade.
Apesar da criatividade do arquiteto britânico de ori-gem ganesa David Adjaye, que se inspirou nas colunas da arquitetura iorubá para o prédio, será difícil para o novo museu de Washington superar o impacto do mu-seu inaugurado em junho em Atlanta, cidade natal de Martin Luther King Jr.
A primeira exposição tem duas entradas diferentes, “Brancos” e “De cor”, cada lado mostrando a vida dife-rente dos dois grupos.
Interativa, há fones de ouvido para escutar nú-meros musicais de shows gospel do início do sécu-lo 20, em teatros ainda segregados, e aulas em universidades exclusivas para negros, criadas logo após o fi m da escravidão, em 1865.
Mas nada supera o im-pacto da réplica de um dos
bares no Alabama onde eram organizados “senta-ços” nos anos 60. Ativistas negros se sentavam no bal-cão de bares “exclusivos para brancos” e ficavam ali horas sem sair, apesar da violência para retirá-los – a ideia era não reagir aos insultos.
O visitante se senta, co-loca fones de ouvido para escutar o que os ativistas enfrentavam e pousa as mãos no balcão-réplica. Gritos com xingamentos banidos pelo politicamente correto, barulho de bofeta-das, ovos e copos de água contra os manifestantes atordoam. É duro aguentar mais de 20 segundos.
ContaO museu de Washington
só deve ser inaugurado no fi nal do ano que vem, no úl-timo espaço disponível do Mall, o Eixo Monumental de Washington, o vasto gra-mado que liga o Congresso Nacional a uma verdadeira esplanada de museus.
Metade do orçamento de US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) para sua construção vem do gover-no federal. De US$ 160 milhões em doações, US$ 13 milhões são da em-presária e apresentadora Oprah Winfrey, que bati-zará o auditório do museu de cinco andares.
Imagina na copaO mais caro estádio de
futebol dos EUA deve ser construído na capital ame-ricana, com quase metade do orçamento, de US$ 300 milhões, saindo dos cofres públicos. Com a desculpa de revitalizar uma área de-cadente da cidade, Buzzard Point, que já abrigou insta-lações militares, a prefei-tura prepara um tapetão
fi scal para o estádio do time DC United, de 20 mil lugares, menos da metade do novo estádio do Palmei-ras em São Paulo.
O relatório do impacto financeiro na cidade do novo estádio e de seus cus-tos só foi divulgado após as eleições do último dia 4, quando os vereadores que defendem o projeto já tinham garantido a sua reeleição. A nova prefeita, Muriel Bowser, que toma posse em 2 de janeiro, disse, semanas após ser eleita, que “colocar dinhei-ro público no estádio vale a pena”.
Espólio das artesO mais antigo museu de
artes da cidade, o Corcoran, aberto em 1874, fechou em outubro, depois de uma agonia de mais de uma década – seu défi cit anu-al era de US$ 7 milhões, com queda livre do número de visitantes e doações. A coleção de 17 mil obras, com ênfase em artistas modernos e contemporâ-neos, passou para a Na-tional Gallery; o suntuoso prédio, a duas quadras da Casa Branca, foi adquirido pela Universidade George Washington, que promete manter os cursos de artes da instituição.
Um pequeno funeral, com 30 manifestantes vestidos de preto e coroas de fl ores, foi organizado pela ONG Salve o Corcoran.
A caretice da cida-de ajudou a matá-lo aos poucos: uma exposição do fotógrafo Robert Ma-pplethorpe (1946-89) foi cancelada em 1989 pelo “conteúdo sexual”, e um projeto de ampliação, de autoria do arquiteto Frank O. Gehry, foi engavetado em 2005.
RAUL JUSTE LORES
O MAPA DA CULTURA
História do racismo é tema de instituições
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Viagem pela memória de campos de concentração do Ceará
Segue seco
Reportagem
Uma coisa era certa: aquela gente fedida, piolhenta, fa-minta e desesperada tinha que ser mantida à distância. Era 1932, e Fortaleza não parecia disposta a olhar para trás. Na virada do ano, a ca-pital cearense inaugurava o hotel Excelsior, seu primeiro arranha-céu. Em sua edição de 2 de janeiro, o jornal “O Povo” destacava o “terraço aprazibilíssimo, de onde se descortinam belíssimos pano-ramas do mar, das serras e dos sertões vizinhos”.
O novo prédio anunciava novos tempos e contrastava com a precariedade da mul-tidão imigrante dos “sertões vizinhos”, que fugia de uma das piores secas já vistas no Nordeste. Alguém precisava fazer algo, e rápido, antes que a turba miserável eclipsasse a “loira desposada do sol”, epíteto da capital oxigena-da pela síndrome de “belle époque” brasileira. A resposta governamental foi confi nar os que vinham de trem em sete currais cercados com varas e arame farpado, próximos à estrada de ferro.
Eram homens, mulheres, velhos e crianças, de cabeça raspada contra piolhos, alguns vestidos em sacos de farinha com buracos para enfi ar o pescoço. Os mais robustos serviam de mão de obra em fazendas e obras públicas. Milhares morreram de fome, sede ou doenças. Com entrada compulsória e sem data para o “check out”, esses depósitos humanos tinham nome: cam-pos de concentração.
Só em 1933 os nazistas criariam seu primeiro campo, numa fábrica de pólvora re-estruturada para encarcerar
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIERFOTOGRAFIA ISADORA BRANT
comunistas, sindicalistas e outros desafetos do chance-ler Adolf Hitler. A prática de isolar os “molambudos” dos “cidadãos de bem” já era velha conhecida no Brasil de Getúlio Vargas – um país em que a população caminhava para os 40 milhões.
Dados ofi ciais contavam 73.918 aprisionados pou-co mais de um mês após a abertura dos campos em seis cidades do Ceará (Crato, Ipu, Quixeramobim, Senador Pompeu, Cariús e Fortaleza), conforme relata a historiado-ra Kênia Sousa Rios, autora de “Campos de Concentração no Ceará: Isolamento e Poder na Seca de 1932” (Museu do Ceará, 2006). As duas aglome-rações da capital viraram até atração turística: visitantes doavam uma certa quantida-de de dinheiro aos enjaulados e dali saíam com “a sensação de dever cumprido”. “O risco de ter a cidade invadida pela ‘sombra sinistra da miséria’ parece seguido da compreen-são de que a situação é trágica, portanto merece a atenção da burguesia caridosa e civiliza-da”, escreveu a historiadora no artigo “A Cidade Cercada na Seca de 1932” (publicado no volume “Seca”, Edições De-mócrito Rocha, 2002).
EsmolinhaNo romance “O Quinze”, Ra-
chel de Queiroz narra como a heroína Conceição “atraves-sava muito depressa o campo de concentração”, trêmula ao ouvir a súplica: “Dona, uma
esmolinha!”. Apertava o passo, “fugindo da promiscuidade e do mau cheiro do acampa-mento”. Algo de fato cheirava mal no Ceará, e desde a gran-de estiagem de 1877, a elite local sentia o odor. Sete anos antes, haviam sido estabeleci-das normas de conduta “que identifi cavam a ‘modernidade fortalezense’ com a ‘civilidade europeia’”, fazendo da capital “um modelo asséptico para todas as cidades cearenses”, escreveu o historiador Tanísio Vieira no artigo “Seca, Disci-plina e Urbanização” (também coligido em “Seca”). Uma das proibições fi xadas era a de sair às ruas sem “pelo menos camisa e calça, sendo aquela metida por dentro desta”.
Imposições dessa ordem eram a última coisa a passar pela cabeça dos mais de 100 mil sertanejos em retirada da seca de 1877. Fortaleza, então com 30 mil habitantes, viu sua população se multiplicar por três. O governo, por sua parte, redobrou esforços para que a invasão bárbara jamais se repetisse.
Em “A Seca de 1915”, o escritor Rodolfo Teófi lo (1853-1932) descreveu o pioneiro campo do Alagadiço, nos ar-redores da capital, que serviria de piloto para os sete campos dos anos 1930: “Um quadri-látero de 500 metros onde estavam encurralados cerca de 7.000 retirantes”. Lá, quan-do havia comida, ganhavam “reses que morriam de magras ou do mal [peste]”, cozidas “em algumas dúzias de latas que haviam sido de querosene”.
O jornal “O Nordeste” anun-ciava o 17 de fevereiro de 1923 como o Dia da Extinção da Mendicância. Ser mendi-go seria, a partir dali, contra a lei. Se ruas e praças conti-nuassem “expostas a graves perigos de ordem moral”, os infratores seriam enviados ao Dispensário dos Pobres,
sob os auspícios da Liga das Senhoras Católicas Bra-sileiras. A ideia, na prática, não foi longe, e as madames continuaram a ouvir: “Dona, uma esmolinha!”.
Nem toda a caridade cristã seria o bastante para dar con-ta da diáspora de 1932, quan-do jornais falavam do “exército sinistro de esfomeados” em marcha até a capital.
Papa-fi goAinda hoje, em Senador
Pompeu, circula a lenda so-bre um ente que surge de supetão para abrir seu bucho e roubar um pedaço do fígado. A fábula do Papa-Figo nasce de fatos reais. Carmélia Gomes, 91, que era uma menina em 1932, lembra do médico que extraía amostras do órgão de quem morria no campo e as mandava à capital para aná-lise clínica.
Dentro de sua casinha, se-melhante a tantas outras nas redondezas, dona Carmélia prende os cabelos brancos e senta-se numa cadeira de plástico roxo, logo abaixo de pôsteres dos papas João Paulo 2º e Bento 16. Ela conta que, até sofrer um assalto, vivia num terreno mais ermo, terra onde seu pai trabalhava 82 anos atrás.
Antônio Gomes se despedia com um beijo na testa da mocinha de nove anos e partia para o ofício: vigiar os concen-trados de Senador Pompeu. Voltava para casa contando sobre “lagartixas entrando na boca dos defuntos, tudim inchado por causa da fome”. Alguns guardas eram tão te-midos que viravam sinônimo de “coisa ruim”. Caso do cabo Félix, que acabou nomeando o feijão servido ali, duro feito pedra da caatinga.
Senador Pompeu, à primei-ra vista, é uma cidade com problemas e hábitos corri-queiros; adolescentes tiram
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selfi es na sorveteria, e casas metade verde, metade rosa exibem na fachada propagan-das políticas pintadas à mão. Mas ali, como dona Carmélia, muitos se esforçam para lem-brar o passado.
Em um blog que leva seu nome, Valdecy Alves, 51, apresenta-se em maiúsculas: ADVOGADO MILITANTE E MI-LITANTE DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, com serviços pres-tados à Cáritas e ao Centro de Defesa dos Direitos Huma-nos Antonio Conselheiro. Filho pródigo de Senador Pompeu, hoje em Fortaleza, voltou à cidade natal para a romaria de 9 de novembro.
Com início marcado para as 4h30 daquele domingo, em frente à igreja, o cortejo re-úne netos, pais e avós, todos de branco, para homenagear “as almas penadas da barra-gem”, mortas no campo de concentração. Hoje, segundo a crendice do povo, elas vi-raram santas que atendem a promessas, numa versão, local e diminuta, do culto ao padre Cícero.
Na véspera, Valdecy Alves nos levara aos arredores da barragem onde os retirantes foram enclausurados. Existe ali um cemitério, ponto de chegada da romaria. O es-paço é simbólico: foi erguido sobre uma das valas comuns, onde “até 40 defuntos eram sepultados sem atestado de óbito, em covas rasas o bas-tante para que urubus e cães cavassem e comessem os restos”, diz Alves.
O cemitério, um quadrilá-tero de 1.089 m², tem no centro uma capela. À sua
frente, visitantes acendem velas e empilham simbólicas garrafas d’água de 500 ml. Na entrada, alguns santinhos políticos e latas de cerveja se acumulam diante de duas mu-das de árvore. Lê-se nos vasos de cimento: “Fale a Deus o tamanho do seu problema”.
Em sua moto preta com o rosto de Jesus estampado na buzina, Francisco de As-sis, 48, chega ao local para pintar de branco os muros do cemitério. Ele é um dos que – garante – foram ouvi-dos pelos santos. Para quitar seu carnê espiritual, caminhou por uma hora, descalço, até o cemitério. Valdecy Alves frisa: “De cada dez pessoas que você encontrar nas ruas, metade deve promessa aqui”.
A história do campo de con-centração de Senador Pompeu já era ligada à seca desde an-tes desse destino infame. Em 1919, ingleses ganharam uma concorrência para levantar no local uma barragem para sa-nar os efeitos da escassez de chuvas. Por falta de verbas, as obras pararam. Em 1932, o governo integrou ao campo o casarão que fora construído para servir de morada aos estrangeiros.
A carcaça arquitetônica tem paredes amarelas pichadas com dezenas de falos, juras de amor e até um Buda gor-dinho. Nos anos 1990, o lugar ainda era uma referência para retirantes. Famílias faziam fi -las quilométricas para obter a parte que lhes cabia nesse latifúndio – porções de farinha, charque, rapadura e café que o governo distribuía.
Valdecy Alves cruza os bra-
ços sobre a camisa polo ver-melha e ergue o queixo, um tanto solene. “Kant dizia que não há liberdade enquanto você tiver necessidade. O povo há séculos é vítima de uma seca previsível, cíclica. Então, o Estado é que está falido”. E desmemoriado também: o advogado cobra a preserva-ção das ruínas e reclama de que “documentos gigantescos de uma época que não pode se repetir” estão à míngua. Procurado, o Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artísti-co Nacional diz que “não há proposta de tombamento em nível federal”. No plano mu-nicipal, a prefeitura abriu um processo com essa fi nalidade, ainda não fi nalizado.
CaminhadaAlves tem companhia no
seu esforço de tirar o pas-sado do armário. Enquanto outras cidades ignoram seus campos, em Senador Pom-peu um carro de som alterna anúncios do “forrozão” e da “caminhada da seca”.
De óculos escuros e celular acoplado a alto-falantes, o padre começa a romaria na madrugada de domingo. Há velhinhos de bengala, mulhe-res com crucifi xos mergulha-dos em grandes decotes e estudantes que usam “abadá” – regata com a inscrição “32ª caminhada da seca - Eu fui” e a estampa de um polegar que reproduz o botão “curtir” do Facebook.
“O povo diz que quem morreu de fome vira santo”, diz Yasmin dos Santos, 11, repetindo o que ouviu numa palestra na escola. Daiana Soraya, 12, é
grata às “almas santas”, que a ajudaram com uma briga de escola. “Um menino que já tinha namorada fi cou fa-lando comigo. Ela achou que eu estava a fi m dele. Queriam me pegar, mas eu fi z uma promessa. Hoje tô pagando”, diz a jovem devota, mostrando os pés descalços.
RelatosJá no Crato são poucos os
que se lembram do campo pro-jetado para 5.000 pessoas – e que chegou a receber quatro vezes isso, segundo relatos de sobreviventes.
“A mãe falava que a comida era tão ruim que não tinha quem comesse. Mas chegou um pessoal e quis as tripas de porco e gado que o vô usava para fazer sabão. Esta-vam até estragadas”, conta Rita Lobo de Grito, 66, que andava por uma rua de terra próxima ao local do antigo campo cratense.
“Jogavam um em cima do outro quando o pessoal morria. No outro dia, de manhã, um pediu: ‘Me tira daqui que eu não tô morto, não’. Tudo isso meu pai contava”, diz Milton Pereira, 85, que recorda tam-bém a corrupção no controle dos mantimentos. “Enquanto uns morriam de fome, outros enricavam. O governo man-dava trazer o gado e sumia a metade”.
Com duas estátuas do padre Cícero (“primo do meu pai”) no jardim, Rosafran de Brito Melo, 67, diz que os campos tinham razão de ser. “Pra não haver briga. Ou virava bagun-ça. Entre tantas famílias, sem-pre vem um meio danado”.
Almina Arraes, 90, não via nada de danado na gente que aparecia no casarão de sua família, às vezes tomada por retirantes fugidos dos campos. Lembra de brincar com “uma criança muito ma-grinha, que gritava quando via comida”.
Hoje ela mora ali com uma irmã de 95 anos, que sofre de Alzheimer. E man-tém uma “sala dos mortos”, com retratos do ex-governa-dor de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005), e do neto dele, Eduardo Campos (1965-2014).
Almina preserva suas me-mórias, mas a “amnésia” em relação ao passado prevalece. “É um resquício da cultura coronelista”, avalia Luciana de Medeiros Campos, 36, funcio-nária da Secretaria Municipal de Cultura que nos acompa-nha em passeio pela região. Não interessa à elite craten-se mexer nessa ferida, afi nal, muitos “vôs” e “vós” foram coniventes com o campo de concentração e o cemitério das valas comuns.
Hoje eles estão ocultos sob uma fábrica de papel e um singelo campinho de futebol.
Romaria pelas ‘al-mas da barragem’
Cemitério em Se-nador Pompeu
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Imaginação
4PROSA, POESIA E TRADUÇÃO
Noite morta
Marco Bandeira sentiu o es-trondo do açúcar no meio da noi-te morta. Eram onze horas, e a casa inteira dormia: sua mulher, os fi lhos, o gato debaixo da mesa. Apenas ele estava de pé, diante da geladeira aberta.
O açúcar do bolo de rolo traba-lhava em sua boca. O açúcar do bolo girava manivelas havia muito adormecidas, que apenas a custo de grande esforço haviam estancado, perdidas em algum lugar. Agora voltavam a girar de súbito, no meio da noite, diante da geladeira, dentro da cabeça de Marco Bandeira.
O açúcar e a goiaba do bolo tra-ziam, a uma só vez, o tio, os tempos no Recife, o terraço, as risadas; e o tio, os longos veraneios, um beijo ao pé do muro, o conjunto de linho azul; e o tio nunca explicado, a mãe e os gritos, o menino inerte. Tudo isso formava um único dia de horror que durou meses, o dia escondido num estalo de cristal de açúcar.
Marco nunca havia contado o epi-sódio para sua mulher, com quem vivia tinha mais de 15 anos. Nunca nem sequer tocara no assunto. Havia mesmo esquecido daquilo, tendo deixado para trás a família e os tempos no Recife quando se mudou para Porto Alegre, ainda na juventude.
Desde que os pais vieram morar com ele no Sul, logo que casou (e faleceram alguns anos depois), nunca mais havia voltado ao Recife. A vida era outra, e Marco podia deixar o incidente adormecer longe
da porta, cujas dobradiças enferru-javam calmamente no escuro.
Até que alguns colegas de repar-tição, na volta de uma viagem de férias ao Nordeste, trouxeram um bolo de rolo da Casa dos Frios. O legítimo bolo de fi nas voltas de goiaba, doce demais para o paladar gaúcho. Fizeram questão de dar metade a Marco.
Agora, entremeado nas camadas do bolo, girando inexoravelmente para o centro, vinha o tio morto, pendurado no meio da sala.
Proibiram Marco de entrar na casa e o entretinham longe dali com brinquedos, doces e jogos. Ninguém tocava no assunto na frente do menino e, pela primeira vez, Marco passou semanas de férias na praia em pleno mês de setembro.
O açúcar do bolo era o mesmo daqueles dias confusos. As fatias, fi nas, como devem ser cortadas, vinham acompanhadas de guaraná e livrinhos de colorir. O quarto do tio foi revirado pela família, mas nada encontraram. Não houve ex-plicação. A sala de onde ele pendeu durante horas, até que a empregada voltasse da folga e desse o grito de horror, nunca mais foi a mesma. A casa foi posta à venda, mas demo-rou a encontrar comprador.
As linhas de goiaba giravam na fatia do bolo. Marco, diante da geladeira aberta, no meio da noite morta, chegava sem querer ao centro. Chegava ao cheiro, não exatamente ao sentido, da véspera da tragédia, quando o tio o chamou para conversar. Disse coisas que o menino não guardou bem, mas percebeu serem importantes.
Marco recebe agora, novamente, a carta que o tio lhe confi a naquela tarde. Nas voltas do bolo o menino aperta a carta nas mãos. E, diante da gravidade do que vem depois, decide não entregá-la como fora instruído. Um gesto simples e sem intenção. Ouve os choros e gritos da mãe, que vêm de trás da porta, o pai falando baixo, tentando acalmá-la. O menino se sente importante.
O tempo passa e ele sabe que não entregará a carta. Tem medo. Os dias se misturam em um único minuto, e meses se vão. Entregar agora é tarde. Mãe. Avó. Por vezes tenta contar ao pai, mas nunca en-contra ocasião. Talvez seja melhor rasgar e matar as palavras do tio. Talvez não.
Não sabe onde escondeu a carta. Vê apenas uma grande caixa de papelão com uma foto de forte apache, uma almofada laranja. É tudo de que se lembra. E de um nome. Um nome que o tio lhe disse chorando.
Muitos anos mais tarde, Marco deu esse nome ao seu primeiro fi lho. Foi a única coisa que revelou, ainda que de modo cifrado e oblíquo, sobre a conversa que teve com o tio, no dia em que recebeu a carta que nunca entregou.
A fatia do bolo de rolo era fi na e frágil. Doce demais. Marco guardou o restante do bolo na embalagem azul da Casa dos Frios. Bebeu um copo d’água gelada e viu que já passava das onze e meia. Subiu as escadas e foi se deitar.
A porta da geladeira fi cou aber-ta. Lá fora, nem uma sombra passava na rua.
ANDRÉ LAURENTINOILUSTRAÇÃO ADAMS CARVALHO
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PlateiaCa
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[email protected], DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia D8
Vinicius Vieira traz comédia gratuita
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ULG
AÇÃO
A cultura do outro lado da ponte sobre o rio NegroApesar de constatar aumento de público em eventos em Iranduba, município pode não ter festa de aniversário este ano
Desde que a ponte Rio Ne-gro foi inaugurada, em 24 de outubro de 2011, houve um aumento na de-
manda de público para os eventos culturais realizados em Iranduba, localizado na Região Metropoli-tana de Manaus. “O movimento de público melhorou. Antes, com o transporte, por meio das bal-sas não era possível atravessar todos os veículos e ainda havia a questão do pagamento para essas embarcações”, comenta a secretá-ria de Cultura do município, Alzira Barros. Ela cita como principais acontecimentos da área cultural, em Iranduba, o Carnaval, o festival folclórico e o Réveillon.
Entre eventos realizados com o apoio do poder público e outros de iniciativa da comunidade, ao longo do ano Iranduba abriga festas populares como as que celebram as safras do açaí, ma-mão e melancia, a Festa das Hor-taliças, o Festival de Culturas do Bairro Morada do Sol, o Festival Cultural do Artesanato, a Festa do Padroeiro São João Batista e o Festival Gastronômico do Bodó com Farinha.
Outro atrativo do calendário cultural de Iranduba é a festa do aniversário da cidade, comemo-rado em 10 de dezembro. Este ano, porém, o prefeito Xinaik Medeiros avisa que vai priorizar o pagamento do 13º salário dos servidores públicos e a realização
da festa de Réveillon.Paralelamente a esse calen-
dário anual, são realizados o festival de música estudantil, encenações de peças teatrais, além de uma vida noturna ativa, como observa o cantor e com-positor Lenildo Pereira da Silva, o “Velho Leon”. “Ao menos uma vez por mês temos eventos de grande porte com bandas de Manaus”, diz.
LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO
Nossa intenção é atrair para o muni-cípio de Iranduba os
ensaios dos bois-bumbás de Parin-tins, que são reali-zados em Manaus
Xinaik Medeiros, prefeito de Iranduba
Vice-presidente da As-sociação de Produtores de Artes e Músicos do Muni-cípio de Iranduba (Aspami), Leon também observa que a abertura da ponte Rio Ne-gro favoreceu um aumento no número de visitantes ao município. “Nossos eventos hoje têm uma demanda de público bem maior do que tinha antes da ponte”, diz. Ele revela que está previsto ainda um evento de moda, no clube social Mult Park, com promoção da Aspami.
“A associação tem o papel de criar alternativas para o que o poder público não promove e de estimular a produção para contemplar outros segmentos e artistas que não tenham espaço”, explica. Para o próximo ano,
Leon revela que a Aspami planeja o lançamento de um festival de música municipal para composições inéditas, o primeiro com esse formato no município.
Quando o assunto é o in-tercâmbio entre Iranduba e Manaus, Leon lembra da participação de três artistas do município, este mês, no Festival Amazonas de Rock, a convite da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), para marcar presença na programação acadêmica do evento. Leon espera que tais relações sejam estreitadas futuramente. “Principal-mente com a SEC. Nossa expectativa é de que haja uma abertura maior a partir do novo governo de regiona-lizar a política cultural por-
que ela é restrita e limitada a Manaus. A política de cul-tura é feita para Manaus”, analisa.
O secretário de Estado de Cultura, Robério Braga, afi r-ma que a política do governo do Amazonas é interiorizar cada vez mais a cultura. “Esse trabalho já vinha sen-do feito pela nossa equipe e agora será reforçado”, de-clara. “A participação em to-dos os festivais promovidos pelo governo de artistas de municípios como Parintins, Maraã, Borba, Envira, Novo Ayrão e também Iranduba é a prova disso. Esse inter-câmbio enriquece tanto os talentos do interior quanto os da capital e, consequen-temente, o público tem even-tos cada vez melhores”.
Alternativas para interiorizar
Velho Leon, vice-presidente da Associação de Artes e Músicos do município de Iranduba
Velho Leon se considera otimista em relação aos be-nefícios culturais que podem ser promovidos no municí-pio a partir da existência da ponte Rio Negro. E cita a apresentação do concer-to “Um piano pelas águas amazônicas”, do pianista Arthur Moreira Lima, que foi atração na praça dos Três Poderes, em outubro de 2013, durante uma turnê do artista carioca por diver-sas localidades do Estado. “Muitos apostaram que não ia dar ninguém no evento, mas a praça fi cou pequena para tanta gente que com-
pareceu”, diz.O prefeito de Iranduba,
Xinaik Medeiros, conta que existe um projeto para a implantação de um centro cultural no município. “Nos-sa intenção é atrair para Iranduba os ensaios dos bois-bumbás de Parintins, que são realizados em Ma-naus”, revela. Ainda não foi defi nido um local para a construção desse centro.
Também na área cultu-ral, Medeiros destaca que as atenções estão voltadas para a implantação do Fun-do Municipal de Cultura de Iranduba. De acordo com
ele, o fundo já foi elabora-do e faltam apenas alguns reajustes. “Só então será encaminhado para o Minis-tério da Cultura (MinC), em Brasília”, informa. O Fundo Municipal de Cultura faz par-te da CPF da Cultura, que inclui ainda as criações do Conselho Municipal de Cul-tura e o Plano Municipal de Cultura. Depois que fi zer par-te do Sistema Nacional de Cultura, que é vinculado ao governo federal, Iranduba poderá concorrer a editais de fomento do MinC para captar recursos federais do Fundo Nacional de Cultura.
Proposta de descentralização
Teatro é uma das artes que ainda podem ser potencializadas com o acesso da ponte
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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br
. O Programa de Educação Fiscal do Amazonas (PEF), co-ordenado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-AM), obteve, mais uma vez, destaque nacional.
. Na categoria “Instituições” do Prêmio Nacional de Edu-cação Fiscal 2014, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) foi a grande vencedora do prêmio, concedido pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafi te).
. Com o projeto “Programa Municipal de Educação Fiscal de Manaus – Disseminando a Cidadania”, a Prefeitura de Manaus, uma das parceiras do PEF no Amazonas, levou o nome do Estado mais uma vez à fase fi nal do prêmio nacional, concor-rendo com projetos de peso, como “A Cidade Constitucional”, da Universidade de São Paulo (USP) e “Sonegômetro”, do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional. Essa foi a terceira vez que a Semed fi cou entre as dez instituições fi na-listas do prêmio da Febrafi te, ao implantar a educação fi scal como tema transversal na rede municipal de ensino.
>> Prêmio nacional
. Nada de Gisele Bündchen, Luciano Hulk ou qualquer ator/atriz global, a celebridade mais infl uente do Brasil é Neymar! A lista foi feita pela Forbes Brasil e conta ainda com os nomes do também jogador David Luiz e o escritor Paulo Coelho, no top 3.
. Entre os 20 listados estão: Ivete Sangalo (4º), Gisele Bündchen (5º), Luciano Hulk (10º) e o deputado Romário (18º). Para a classifi cação são considerados longevidade da carreira, rendimentos, popularida-de, assédio publicitário, prestígio internacional, seguidores e fãs nas redes sociais.
>> Lista de ouro
. A tradicional festa de fi m de ano desta coluna, será na próxima quinta-feira, no Diamond.
. O evento é anualmente pro-movido com a intenção de reunir o elenco society de Manaus, numa confraternização de fi m de ano, com boa mesa e clima alto astral. Na versão 2014 a festa será temática, invocando ‘as mil e uma noites da arábias’ com ambientação superluxo do Bandei-rão e jantar preparado pela equipe expert do Diamond.
. A festa árabe terá o sorteio de uma passagem para o Marrocos e uma joia da joalheria Jaqueline Chagas, além de lindas dançarinas da Casa de Ísis que irão apresentar perfor-mances da dança do ventre. Reservas para quem quiser ir no evento são feitas pelos números 98118-9717 ou 99985-1422. Não dá para perder.
>> Festa da coluna
[email protected] - www.conteudochic.com.br
. Nada de Gisele Bündchen, Luciano Hulk ou qualquer ator/atriz global, a celebridade mais infl uente do Brasil é Neymar! A lista foi feita pela Forbes Brasil e conta ainda com os nomes do também
. Entre os 20 listados estão: Ivete Sangalo (4º), Gisele Bündchen (5º), Luciano Hulk (10º) e o deputado Romário (18º). Para a classifi cação são considerados longevidade da carreira, rendimentos, popularida-
. A tradicional festa de fi m de ano desta coluna, será na próxima
. O evento é anualmente pro-movido com a intenção de reunir o elenco society de Manaus, numa confraternização de fi m de ano, com boa mesa e clima alto astral. Na versão 2014 a festa será temática, invocando ‘as mil e uma noites da arábias’ com ambientação superluxo do Bandei-rão e jantar preparado pela equipe
. A festa árabe terá o sorteio de uma passagem para o Marrocos e uma joia da joalheria Jaqueline Chagas, além de lindas dançarinas da Casa de Ísis que irão apresentar perfor-Chagas, além de lindas dançarinas da Casa de Ísis que irão apresentar perfor-Chagas, além de lindas dançarinas da
mances da dança do ventre. Reservas para quem quiser ir no evento são feitas pelos números 98118-9717 ou 99985-
. Símbolo de um espíri-to vivaz e independente, a Cabra vai substituir o ano do Cavalo a partir de
19 de fevereiro de 2015. Para celebrar a data, a marca de
relógios luxuosos Vacheron Cons-tantin apresenta suas novas criações de relógios feitos com esmaltagem e gravura do animal na coleção Métiers
d’Art, A Lenda do Zodíaco Chinês.. A coleção Métiers d’Art, A Lenda do
Zodíaco Chinês, conta com o modelo 2460 G4, o relógio que não tem pon-teiros. As horas, minutos, dia e data são apresentados por meio de quatro displays
no mostrador. Todas as 12 peças têm acaba-mento sofi sticado, que atendem aos critérios estabelecidos pelo Selo de Genebra.
>> Objeto de desejo
Kátia Sebbem, Denise Santana e Cris Aguiar durante jantar cinco estrelas
Sandra Lú-cia e Alber-to Saraiva dando um giro pela cena social da cidade
Lúcia Viana, Norma Araújo, Eliane Yamada e So-phia Muller em noite de festa na cidade
David e Jéssica Tayah na noite chic de Manaus
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Temporada erudita encerra hoje
‘SÉRIE GUARANÁ’
O espetáculo “Paixões”, formado por composições de Johann Sebastian Bach (1685-1750), será reapre-sentado hoje, no Teatro Ama-zonas (largo São Sebastião), a partir de 19h. O evento marca o encerramento da programação, em 2014, da Série Guaraná, que retornará no próximo ano. Os ingres-sos para a plateia custam R$ 20 (inteira) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro. Os demais assentos têm entrada franca.
“Paixões” apresenta tre-chos de “Paixão segundo São Mateus, BWV 244” (1727), um oratório que re-presenta o sofrimento e a morte de Cristo segundo o Evangelho de Mateus, e “Pai-xão segundo São João, BWV 245” (1724), representação dramática do texto contido no Evangelho de João. As obras escolhidas do compo-sitor barroco alemão para o concerto serão interpreta-das pela Orquestra Amazo-nas Filarmônica, o Madrigal
da Casa de Música Ivete Ibiapina (preparados por Natalia Sakouro), o grupo vocal dos Corpos Artísticos (preparação de Hilo Carriel), o Coral do Amazonas (prepa-ração de Hermes Coelho) e o Corpo de Dança do Ama-zonas (CDA).
A primeira apresentação de “Paixões” foi realizada no último dia 28 e a regência da orquestra ficou a cargo do maestro Marcelo de Jesus. Hoje, ele será substituído pelo maestro Otávio Simões.
Trechos de obras de Johann Sebastian Bach inspiradas em evangelhos compõem o concerto
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AÇÃO
Novos centros de compras preparam roteiro natalinoRecém-inaugurados, os shoppings Sumaúma e ViaNorte trazem o “bom velhinho” hoje e dia 6 de dezembro, respectivamente
Os shoppings ViaNorte e Sumaúma, inau-gurados nos últimos dias na Zona Norte
da cidade, já preparam a sua programação para o período de Natal. Hoje, a partir das 17h, o Sumaúma realiza a carreata do Papai-Noel, que vai partir da avenida Max Teixeira em direção ao complexo. Segundo a as-sessoria do empreendimento, a chegada do “bom velhinho” será acompanhada de personagens da Disney e, já no shopping, o evento será aberto às crianças da comunidade, com distribui-ção de pipoca e algodão-doce.
No dia 6 de dezembro, a partir das 17h, o Shopping ViaNorte estreia a sua decoração nata-lina e recebe o Papai-Noel em grande estilo. O evento será marcado por um auto de Natal, encenado pela Companhia de Teatro Metamorfose com o uso do teatro de marionetes para contar a história do Natal de maneira lúdica e divertida.
As marionetes tradicionais vêm da Alemanha e foram es-culpidas especialmente para a apresentação, sendo controla-das por tecnologia animatrôni-
ca, de acordo com a assessoria do shopping. “Após o auto de Natal, perto das 18h, a com-panhia de teatro vai avisar aos presentes que um convidado especial está vindo do Polo Norte e, então, o Papai-Noel vai chegar de helicóptero ao local”, informa a gerente de marketing do Via-Norte, Isabela Teles.
O Papai-Noel fica no em-preendimento até o dia 24 de dezembro e vai poder receber visitas no horário de funciona-mento do shopping. Segundo Isabela, o ViaNorte também planeja uma cantata de Natal com mais de 60 coralistas em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (SEC). “Que-remos fazer no fim de semana, após a chegada do ‘velhinho’, mas ainda estamos fechando a data”, diz Isabela.
A gerente conta que um dos objetivos do ViaNorte é criar um polo cultural na região, trazendo programações diferentes para o público. “Nós temos aqui o espaço cultural da Tropical Mul-tilojas, que de quarta a domingo oferece diversas oficinas para crianças e fica até o final deste mês. Estamos planejando tam-bém a nossa programação de férias e em breve anunciaremos novidades”, revela. Atividades para as crianças e apresentação de cantata também fazem parte da programação dos novos empreendimentos
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SÉRGIO RODRIGUESEquipe EM TEMPO
SERVIÇOCHEGADA DO NOEL E ROTEIRO CULTURAL
Onde:
Quando:
Quanto:
Shopping Manaus ViaNorte (avenida José Henrique Bento Rodrigues, Nova Cidade)Dia 6 de dezem-bro, a partir das 17h Gratuito
CARREATA E CHEGADA DO PAPAI-NOEL
Onde:
Quando:
Quanto:
Shopping Sumaú-ma (avenida Noel Nutels, Cidade Nova) Domingo, a partir das 17hGratuito
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Experimental e ‘paranormal que virou
RESENHA
PERFIL
Emir Fadul, Radialista da Rádio EM TEMPO
Uma das grandes re-velações musicais do Amazonas, a banda Malbec, traz
uma sonoridade experimen-tal de excelente qualidade. A banda começou em Manaus no início de 2008, com os ami-gos Ian Fonseca (voz e piano), Silvio Romano (baixo) e Leo Garcia (guitarra), que vieram de outras bandas, alguns me-ses depois receberam os re-forços de Zé Cardoso (voz e guitarra) e posteriormente a vaga na bateria foi ocupada por Natan Fonseca.
A partir de 2010, os “pa-ranormais” iniciaram a gra-vação do seu primeiro álbum oficial, o Paranormal Songs. O disco foi todo gravado em um home-estúdio, com equipamentos próprios e ou-tros em- pres-tados. E m
2012, a produção foi finali-zada e levada para São Paulo para ser mixada por Victor Rice (que já mixou Marcelo Camelo, Mallu Magalhães), e logo depois para Nova York, onde foi masterizada por Joe Lambert (que já masterizou The National, Animal Collec-tive). O álbum foi lançado virtualmente no dia 14 de junho e seu show de lança-mento foi no Festival Até o Tucupi do mesmo ano. O álbum também teve prensa-gem em vinil, que mostra a preocupação da banda com a imagem e a valorização a todos os gostos e vibes.
A sonoridade deste álbum impressiona pela qualidade e criatividade, as linhas melódi-cas surgem como surpresas a cada estrofe, nenhuma estru-tura musical é igual à outra. A banda conseguiu atingir uma esfera musical realmente superior a muita coisa que é produzida ulti-mamente. Sensi-
bilidade descreveria bem o resultado desta obra prima, características de vários esti-los musicais estão presentes nas composições. A vontade de fazer diferente e total-mente experimental, conso-lidou o talento dos músicos. Conseguir criar algo nunca antes tocado requer muita dedicação e desprendimen-to de qualquer influência, ou melhor, compilar sumos de várias vertentes. Destacar uma música do álbum seria uma “missão impossível”, mas as faixas Calo e Para-normal Song, reflete bem quem é a Malbec. As músicas são cantandas em inglês e português, com várias vozes. O CD Paranormal Songs ali-via, relaxa e alimenta seres de bom gosto. A banda não apresenta guitarras fritando nem gritos excessivos, a co-
esão musical é a melhor parte da Malbec.
Após a saída de Leo Garcia, a banda partiu para a sua primeira turnê
nacional, que abrangeu as regiões Norte, Nordeste, Su-deste e Sul, passando por 15 cidades: Manaus, Presidente Figueiredo (AM), Boa Vista (RR), Fortaleza, Sobral (CE), Natal, Mossoró (RN), João Pessoa (PB), Belo Horizonte (MG), São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru, Taquaritinga (SP) e Curitiba (PR) - incluindo a participa-ção no renomado festival independente “Feira da Mú-sica” em Fortaleza.
A banda tem outra carac-terística importante nos dias atuais, que é a organização e participação constante nas mídias sociais, possui perfil em todas as redes sociais com total interação com os fãs. Maiores informações so-bre a banda podem ser encon-tradas no site www.malbec.mus.br. A banda ainda pro-
duziu e lançou dois videocli-pes oficiais, três vídeos de perfor-
mances ao vivo, um mini documentário, além de ou-tros materiais extraoficiais, atingindo em seu canal oficial do Youtube (www.youtube.com/malbecmusic).
Para coroar, a Malbec pro-duziu trilhas para o cinema local, presente nos filmes pre-miados “A Última no Tambor” (2012), de Ricardo Manjaro e “A Floresta de Jonathas” (2012), de Sérgio Andrade. O último foi indicado ao “Gran-de Prêmio do Cinema Brasi-leiro” na categoria Melhor Trilha Sonora Original.
Atualmente, a banda está empenhada na produção do seu próximo álbum, com pre-visão de lançamento para o início de 2015, que conta-rá apenas com músicas em portu- guês. Já pe-
guei minha s e n h a hein?!
Rock
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Canal [email protected]
Flávio Ricco
Colaboração:José Carlos Nery
TV TudoNão é fácil É raro o dia que a Grazi
Massafera consegue sair de casa, ir à praia, ao supermercado ou a um bo-teco qualquer, sem sofrer a marcação de ninguém.
Isto para sair notícias como “almoçou com uma amiga”, “foi à farmácia”, “saiu da academia” e ou-tras de igual importância. O que muda na vida de alguém?
Disparada Chama a atenção o ritmo
da Regina Casé nos traba-lhos do “Esquenta”.
Já tem muita coisa sendo gravada para o período do Carnaval.
Virada no caso Devido ao cancelamento
da novela “Oito ou Oitenta”, escrita por Marcelo Saback sob encomenda para Lean-dro Hassum, volta a se falar na Globo sobre um projeto de série para o ator.
Não necessariamente para 2015, porque a grade irá priorizar projetos volta-dos ao cinquentenário da casa. A ideia é que, um dia, o Hassum tenha o seu próprio programa.
Outra frente E além desses traba-
lhos, que também contam
com a presença de Sophie Charlote, a partir desta se-gunda-feira, terão início as externas em Paris.
Glória Pires e Cássio Ga-bus Mendes estão viajando neste fi m de semana.
Réveillon do Rafi nha O programa “Agora é
Tarde”, comandado por Rafi nha Bastos na Ban-deirantes, terá direito a uma edição especial no dia 31 de dezembro, quar-ta-feira.
Os detalhes ainda estão
sendo fechados pelo dire-tor Diego Pignataro.
Em São Paulo... A BandNews já de algum
tempo é uma das rádios mais procuradas por aque-les mais interessados em notícia.
Só que estão passando um pouco do ponto, com a participação de ouvintes, principalmente nas infor-mações do trânsito. Por mais que se torne uma coisa simpática, o exagero é condenável.
Bate-rebate• Assim como quase todas
TVs, as produções da Rede TV! estarão de férias durante mês de janeiro...
• ... Na volta, todos irão conhecer as mudanças que serão processadas na pro-gramação...
• ... Entre essas novidades, já existe a decisão de uma nova revista feminina, na faixa da manhã.
• “Show da Virada”, já gra-vado, contou com a presença de cerca de 60 artistas.
• O ator Paulinho Vilhena será o entrevistado do “Pro-grama Marília Gabriela”, neste domingo, 22 horas, no GNT.
• João Emanuel Carneiro apresentou na Globo uma lista completa dos atores que pre-tende contar na sua novela...
• Especial do Sergio Mallan-dro, para a programação de dezembro do SBT, já está em gravação.
Boogie Oogie segue normal
O autor Rui Vilhena, até o momento, não recebeu ordem para abreviar a jornada de algum protagonista de “Boogie Oogie”.
O planejamento do seu trabalho não sofreu alteração, além do pedido da direção da Globo para esticar um pouco mais. Em vez de fevereiro, como se projetou no início, a novela será espichada até março, no mínimo.
DIVULGAÇÃO
Paulo César de Oliveira, o mais novo comentarista de arbitragem da Globo, já se mostrou bem articulado e em condições de ter uma colabo-ração importante nas trans-missões do futebol.
Só deve saber se posicionar e nunca entrar no jogo dos an-tigos companheiros do apito. O que é, é e o que não é, não é. Simples assim.
Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!
C’est fi ni
MÁRIO ADOLFO
ELVIS
REGI
GILMAL
Ponta Tuca Andra-
da foi chamado para participa-ção especial em “Babilônia”, tí-tulo provisório da substituta de “Império”, na Glo-bo, como marido da vilã de Adriana Esteves.
Está gravando em Dubai.
Durante toda a semana passada o assunto que mais ocupou as redes sociais foi sem dúvida o relacionado a mudança no Festival Folclórico de Parintins. Já discutimos bastante nesta coluna sobre o festival e os rumos que deverão ser seguidos mas achamos que não custa nada relembrar alguns pontos que consi-deramos signifi cativos.
O primeiro deles é uma constata-ção: o formato do espetáculo cansou. Cansou pela repetição demasiada, pela falta de criatividade, pela pre-visibilidade e pela arrogância dos que acham que não precisam de apoio pois são autossustentáveis. O resultado de tudo isso é que o público também cansou, ou melhor, acabou por perceber ao longo dos anos que a estrutura e a própria desorganização dos bumbás pre-judicavam a festa, e foi saindo à francesa do festival culminando com o acontecido em 2014: uma baixa de público, um espetáculo pobre e o surto de picuinhas de um lado e de outro dos integrantes dos bumbás.
Muitos artistas se acham a Fer-nanda Montenegro do Amazonas, só que com o acréscimo da petulância e da vaidade tacanha que a diva maior do teatro brasileiro não tem. Entregues à vontades e vaidades, não há como compreender o espetáculo sem que se tenha uma profi ssiona-lização deste e para isto devem ser extintos os “artistas” (o que não são evidentemente) que reduzem o boi às suas próprias vontades.
Batemos na tecla de que precisáva-mos de uma estrutura de iluminação fi xa para podermos profi ssionalizar o espetáculo. E temos isto. Falta agora dar a iluminação aos iluminadores e não pagar rios de dinheiro para uma empresa sulista que pisca re-fl etores como se fosse enfeite de natal. Estes são técnicos e não tem a menor compreensão estética e nem conhecimento dos princípios da
iluminação cênica. Outra é compreender o espetáculo
como realizado em semiarena. Já chega do formato de palco italiano e de ignorar as plateias. Isso exigiria um outro trabalho de movimentação cênica e de criação que, a nosso ver, enriqueceria a festa. Não se viu nas reuniões sobre a mudança do regulamento e do formato da festa nada que convergisse a isto. Outras propostas eram um pouco estranhas como a de se expandir as tribos (item que homenageia vários povos indíge-nas amazônicos e, em alguns casos, brasileiros de um modo geral) para outras regiões do mundo e também a de se ampliar os rituais indígenas (outro item e outra homenagem) para os de qualquer outra religião e povos tradicionais do mundo.
Ora, o problema não é o esgota-mento das temáticas e sim o esgo-tamento criativo e de pesquisa. No caso das lendas, a Yara e a Cobra Grande estão pedindo férias e por que todos os rituais tem sempre seres demoníacos? Há na cultura dos povos indígenas um sem-número de ritos de iniciação que sequer são valorizados como elemento estético para fi ns artísticos. E quando estes surgem na arena são ladeados de monstros, demônios e outros seres que nada tem a ver com o princípio ritualístico, sua fi nalidade e função. Não estou querendo extinguir a licença poética, pelo contrário, mas colocá-la em seu devido lugar. Não se pode, numa narrativa, abrir demais pois pode-se correr o risco da inverossimilhança. Eis o erro de muitas dessas ence-nações: abriu uma brecha, não sabe mais o que criar, é só colocar uma cobra grande ou um demônio que está tudo resolvido.
No mais, as discussões com vistas ao aprimoramento do festival são bem vindas. As propostas é que precisam ser revistas de uma forma mais séria e comprometida.
Márcio Braz E-mail: [email protected]
Márcio Braz ator, diretor,
cientista social e membro do Con-
selho Municipal de Política Cultural.
Muitos artistas se acham a Fernanda Montenegro do Ama-zonas, só que com o acréscimo da petu-lância e da vaidade tacanha que a diva maior do teatro brasileiro não tem”
Parintins em xeque
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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2014
GLOBO
Programação de TV SBT
4h Santo Culto em Seu Lar
4h30 Desenhos Bíblicos
7h30 Record Kids - Pica Pau
9h Domingo Show
13h30 Hora do Faro
17h30 Domingo Espetacular
21h15 A Fazenda
22h15 Tela Máxima
“O Segredo de Charlie”
23h15 Programação IURD
BAND4h Tartarugas Ninja: “Homem Mutagêni-
co à Solta”, “Mikey Fica Com Espinhas”,
“Alvoh April O’neil”
5h30 Santa Missa No Seu Lar
6h30 Sabadão do Baiano
7h Power Rangers + Jimmy Neutron
8h30 Minúsculos
8h45 Informercial – Polishop
9h45 Verdade e Vida
10h Irmão Caminhoneiro – Boletim
10h05 Pé na Estrada
10h35 Só Risos
12h Band Esporte Clube
3h45 Jornal da Semana SBT
5h Brasil Caminhoneiro
5h30 Planeta Turismo
6h30 Vrum
7h Mundo Pet
7h45 Chaves
9h Domingo Legal
13h Eliana
17h Roda a Roda Jequiti
17h45 Sorteio da Telesena
18h Programa Silvio Santos
22h De Frente com Gabi
23h Nikita
0h15 Rizzola & Isles
1h Pessoa de Interesse
2h Big Bang
3h15 Jogo da Gente
4h Igreja Universal
RECORD
DIVULGAÇÃO
3h55 Santa Missa
4h55 Amazônia Rural
5h25 Pequenas Empresas,
Grandes Negócios
CruzadinhasCinema
Jogos Vorazes – A Esperança (Parte 1): EUA. 14 anos. Cinemark 3 – 16h20 (dub/diariamente), 21h20 (dub/somente sá-bado), 22h (dub/exceto sábado), Cinemark 4 – 12h30, 15h20, 18h10 (dub/diariamen-te), 23h50 (dub/somente sábado), Cinemark 7 – 12h, 14h50, 17h40, 20h30 (dub/dia-riamente), 23h20 (dub/somente sábado), Cinemark 8 – 13h, 15h50, 18h40, 21h30 (dub/diariamente), 0h20 (dub/somente sába-do); Cinépolis Millennium 1 – 13h30, 16h30, 19h30, 22h20 (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 4 – 14h, 17h, 19h50 (leg/dia-riamente), Cinépolis Millennium 6 – 15h30, 18h30, 21h30 (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 7 – 17h40, 20h30 (leg/diariamen-te); Cinépolis Plaza 1 – 13h30, 16h30, 19h30, 22h30 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 4 – 12h30, 15h30, 18h30, 21h30 (dub/diria-mente), Cinépolis Plaza 5 – 12h30, 15h30, 18h30, 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 15h, 18h, 21h (leg/diaria-mente), Cinépolis Ponta Negra 4 – 15h30,
18h30, 21h30 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 13h30, 19h30 (dub/dia-riamente), 16h30, 22h30 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 7 – 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 19h, 22h (dub/diariamente); Kinoplex 2 – 15h, 17h40, 20h20 (dub/dia-riamente), Kinoplex 3 – 13h20, 16h, 18h40 (dub/diariamente), 21h20 (leg/diariamente); Playarte 1 – 18h, 20h30 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sexta-feira e sábado), 13h, 15h30 (dub/diariamente), Playarte 5 – 13h40, 16h10, 18h40, 21h10 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 13h20, 15h50, 18h20, 20h50 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sex-ta-feira e sábado), Playarte 7 – 18h21, 20h51 (dub/diariamente), Playarte 10 – 14h, 16h30, 19h, 21h30 (leg/diariamente).
Debi e Lóide: EUA. 12 anos. Cinemark 1 – 13h15, 15h45, 18h15, 20h45 (dub/dia-riamente), Cinemark 5 – 11h40 (dub/so-mente sábado e domingo), 14h10, 16h30,
19h20, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 2 – 14h50, 17h20, 20h, 22h30 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 3 – 12h40, 15h10, 17h55, 20h25 (dub/diaria-mente); Cinépolis Ponta Negra 8 – 15h20, 20h45 (dub/diariamente), 18h05 (leg/dia-riamente); Kinoplex 5 – 14h05, 16h35, 19h, 21h25 (dub/diariamente); Playarte 3 – 14h10, 16h30, 18h50, 21h15 (dub/dia-riamente), 23h35 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 4 – 13h10, 15h30, 17h50, 20h10 (dub/diariamente), 22h30 (dub/somente sexta-feira e sábado).
Irmã Dulce: BRA. 10 anos. Cinépolis Ponta Negra 2 – 16h (diariamente).
Made In China: BRA. 12 anos. Cinépolis Millennium 7 – 13h, 15h20 (diariamente); Cinépolis Plaza 8 – 14h45, 17h, 19h10, 21h20 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h, 16h15 (diariamente).
Interestelar: EUA. 12 anos. Cinépolis Plaza 6 – 16h45 (dub/diariamente); Playarte 2 – 12h30, 18h05 (dub/diariamente).
Tim Maia: BRA. 16 anos. Cinépolis Plaza 7 – 12h55, 15h55, 18h55, 21h55 (diariamente); Playarte 7 – 12h50, 15h35 (diariamente).
Drácula – A História Nunca Contada: EUA. 14 anos. Cinemark 3 – 19h10 (dub/exceto quarta-feira); Cinépolis Plaza 6 – 14h15, 20h10, 22h20 (dub/diariamente); Kinoplex 4 – 16h40 (dub/diariamente); Playarte 6 – 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado).
Festa No Céu: EUA. 10 anos. Cinemark 3 – 14h (dub/exceto domingo).
Carros 2: EUA. Livre. Cinemark 8 – 11h (dub/somente sábado e domingo).
November Man – Um Espião Nunca Morre: EUA. 14 anos. Playarte 2 – 15h45, 21h20 (dub/diariamente), 23h45 (dub/somente sex-ta-feira e sábado).
O Apocalipse: EUA. 12 anos. Playarte 8 – 13h20, 15h40, 18h, 20h20 (dub/dia-riamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sábado).
PRÉ-ESTREIA
CONTINUAÇÕES
Quero Matar Meu Chefe 2: EUA. 12 anos. Cansados de dar satisfações aos seus chefes, Nick (Bateman), Dale (Day) e Kurt (Sudeikis) decidem virar seus próprios chefes abrindo seu próprio negócio em “Quero Matar Meu Chefe 2”. Mas um investidor trapaceiro puxa o tapete deles. Passados para trás, desesperados e sem recursos legais, os três aspirantes a empreendedores traçam um arriscado plano para sequestrar o fi lho adulto do investidor e usá-lo como moeda de troca para recuperar o controle de sua empresa. Cinemark 1 – 23h40 (dub/somente sábado); Cinépolis Ponta Negra 3 – 19h10, 22h20 (leg/somente quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo); Kinoplex 4 – 21h (dub/somente de quinta-feira a domingo).
HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ
ÁRIES - 21/3 a 19/4 Os cuidados com a saúde são agora fun-damentais. O bem estar emocional e físico defi nem a qualidade deste seu dia. A força das emoções precisa ser bem direcionada.
TOURO - 20/4 a 20/5 Dia de muita atividade social, mas com tendência a envolver-se em polêmicas ou mesmo um confl ito. O modo como defende seu território e pontos de vista precisa ser moderado.
GÊMEOS - 21/5 a 21/6 É tempo de orientar o trabalho com as ideias unidas ao empenho pessoal. Um dia de ações decididas e enérgicas na profi ssão, mas dentro de condições instáveis.
CÂNCER - 22/6 a 22/7 O dia favorece os estudos, o desenvolvi-mento da mente e o aprimoramento do espírito. Aumento da atividade intelectual. As viagens são favorecidas, desde que bem planejadas.
LEÃO - 23/7 a 22/8 Possíveis prejuízos materiais, no caso de desa-tenção ou de precipitação. A dispersão e a falta de foco lhe prejudicam. Os encontros tendem a ser especialmente ricos e instrutivos.
VIRGEM - 23/8 a 22/9 Uma atitude belicosa pode complicar a rela-ção a dois e as associações. Antes de brigar e querer se separar das pessoas, analise e veja se esse é mesmo o melhor caminho.
LIBRA - 23/9 a 22/10 O vigor que está imprimindo no trabalho e nos afazeres cotidianos é bom para superar obstáculos. Mas pode ser excessivo para as relações e situações delicadas.
ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Dia positivo para a comunicação dos sen-timentos, embora estes sejam voluptuosos. Nem tudo o que sentirá hoje, virá a sentir com a mesma veemência amanhã. Seja cuidadoso.
SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Você está especialmente envolvido com o trabalho intelectual e com formas de atuação em que esteja impulsionado por ideias. Contudo, você tende à irritação e à pressa.
CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 A velocidade que as situações requerem é acelerada, mas talvez fosse melhor seguir em velocidade moderada. Mas também não se segure demais, ou pode se atrapalhar.
AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Você coloca muita força e energia nos negócios e na lida material. Use apenas a força necessá-ria, mesmo que esta seja muita. Atenção para os excessos com o corpo físico.
PEIXES - 19/2 a 20/3 A conjunção Mercúrio e Marte em seu signo indica uma atitude franca e impositiva, co-locando-se com evidência, seja lá qual for o ambiente ou condição em que se encontre.
Maisa Silva apresenta o “Mundo Pet”, no SBT, dedicado ao mundo dos bichos de estimação
ESTREIA
Boa Sorte: BRA. 16 anos. Após uma série de problemas comportamentais, o adolescente João (João Pedro Zappa) é internado pela família em uma clínica psiquiátrica. No local ele conhece Judite (Deborah Secco), também paciente, por quem logo se apaixona. Ela não tem muito tempo de vida e ambos sabem disto, o que não impede que iniciem um intenso romance. Cinemark 2 – 12h20, 14h30, 16h45, 19h, 21h15 (diariamente), 23h30 (somente sábado); Cinépolis Ponta Negra 3 – 14h, 17h05 (diariamente), 19h40, 22h20 (exceto quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo), Cinépolis Ponta Negra 6 – 15h05, 17h15, 19h45, 21h55 (diariamente); Kinoplex 4 – 14h30, 18h50 (diariamente), 21h (somente segunda-feira, terça-feira e quarta-feira).
DIVULGAÇÃO
De Volta Ao Jogo: EUA-CHI-CAN. 18 anos. Keanu Reeves é John Wick, homem solitário que perdeu tudo na vida. Um assassino de aluguel aposentado, Wick é forçado a voltar ao jogo e enfrentar a máfi a. Willem Dafoe e John Leguizamo se destacam no elenco. Cinépolis Millennium 3 – 14h30, 19h15 (dub/diariamente), 16h50, 21h50 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 18h50, 21h35 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 14h45, 20h15 (dub/diariamente), 17h45 (leg/diariamente); Kinoplex 1 – 13h50, 16h10, 18h30 (dub/diariamente), 20h50 (leg/diariamente).
13h50 O Grande Momento do Futebol
14h25 Futebol 2014
– Santos X Botafogo – Direto da Vila
Belmiro / Santos-SP
16h50 3º Tempo
19h Só Risos
20h Policia 24h
21h Pânico na Band
00h Canal Livre
01h Alex Deneriaz
01h35 Show Business
– Reapresentação
02h25 Igreja Universal
6h Globo Rural
6h55 Auto Esporte
7h30 Esporte Espetacular
11h13 Esquenta
12h45 Temperatura Máxima
15h Futebol 2014
17h Cinema Especial
18h Domingão do Faustão
20h Fantástico
22h18 Domingo Maior
0h10 Sessão de Gala
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Daniela Cardoso está trocando de idade hoje. Os cum-primentos da coluna.
A programação será intensa. No próximo dia 6, a Distribuidora de Petróleo Equador realiza mais uma edição do “Nos-sa Energia Move a Amazônia”, com atividades espor-tivas e culturais ao longo de todo parque da Ponta Negra.
Será nos próximos dias 3, 4 e 5, no Athe-nas do Parque das Laranjeiras, sempre das 9h às 22h, o esperado Bazar pra Você, assinado pelo apresentador Emer-son Santos. Sessen-ta lojas fashionistas estarão por lá com
precinhos convida-tivos. Eu vou!
Amanhã, a bela Taiko Nakajima Fernandes ganha-rá sessão para-béns.
O colega Sérgio Frota convida para conferir a 17ª edição do troféu “Programa Promoter Melhores do Amazonas”. Onde? Na chique Casa das Artes, às 21h, no pró-ximo dia 16.
O menu musical do jantar regio-nal de amanhã, no Zefi nha Bistrô, contará com o se-tlist do DJ Sidney Almada e o ginga-do envolvente do Cordão de Maram-baia. Será uma noite dançante, sem dúvida!
Sala de EsperaAmanhã, todos os caminhos dos
bons e grandes amigos da coluna levam ao Zefinha Bistrô no badala-do Vieiralves. Tudo porque o editor deste espaço comemora 21 anos de serviços dedicados à informação do mundo social de Manaus. O evento é na verdade um prazeroso encontro de gente do bem, que sabe e gosta de preservar valores como a ami-zade e o bom caráter. No Zefinha somente risos e boas gargalhadas, afinal, o bom da vida é ser feliz. Simples assim.
Encontro animado
SILV
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ASTR
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Almoço de afeto. Assim foi o encontro que serviu para dar as boas-vindas à temporada de Natal no casarão do Centro antigo. O anfi trião Zeca Nascimento com Elieide Menezes, Maria do Carmo Miranda, dom Luiz Soares Viei-ra, Menga Junqueira, Flávia Grosso e Pedrinho Aguiar
É impossível não notar uma mania ter-rível de quem faz “reparos” nas ruas de Manaus. Chega a impressionar o descaso daqueles que abrem buracos nas vias da cidade e depois os fecham sem o menor compromisso com a qualidade. Na rua Pará, até um dia desses, criou-se uma lombada em baixo relevo que acabava com os pneus e suspensão de quem ali trafegava. A cena é comum em muitas ruas e avenidas da cidade. Afinal, quem controla a qualidade dessas pequenas e odiosas obras?
Mania
Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br
Será que em pleno período natalino Manaus irá sofrer com a falta de energia e internet? O problema, ou melhor, os problemas de fornecimento dos dois serviços vêm tirando do sério a população há dias. Além dos pre-juízos naturais para o comércio e a indústria, a situação se agrava porque fi nal de ano é sempre um período em que os ânimos fi cam à fl or da pele, com engarrafamentos quilométricos e fi las para tudo. Pela fé!
Caos
Às vezes comentar algo e criticar positivamente pode ser inter-pretado como chatice ou exigência demais, mas esse é o papel do colunista social também. Dito isso, pergunto: apesar de linda, arquitetonicamente falando, a Arena da Amazônia não precisa de um verde no seu entorno? Faz falta árvores no local e até mesmo o centro de convenções ali construído não possui sequer um pé de planta! É bom rever o conceito, porque afi nal o local se chama “Arena da Amazônia” e Amazônia é uma fl oresta, ou estou enganado?
Verde
Para fechar o ano em grande estilo, a diretoria do boi Garantido pretende fazer uma grande festa na quadra da Aparecida, no próximo dia 13. O evento será uma grande confraternização da nova diretoria com os torcedores do bumbá vermelho em Manaus. Estarão presentes os itens ofi ciais, inclusive as novas beldades rainha do folclore, Isabelle Nogueira, e a porta-estandarte Daniela Tapajós.
Toada
A produção fotográfi ca amazonense anda em alta. Com excelentes e premia-dos fotógrafos, Manaus possui uma boa produção que se destaca volta e meia em concursos nacionais e internacionais. Uma pro-va disso é que o fotógra-fo Bruno Zanardo estará apresentando um acervo de 40 fotografi as duran-te uma exposição mundial na Índia. Entre as obras de Bruno estão persona-gens étnicos e registros do festival de Parintins. Parabéns.
Daguerre
As cercanias do Teatro Amazonas começam a re-ceber os primeiros prepara-tivos para o grande concerto de Natal que ali acontece. O Glorioso promete repetir o sucesso das edições anterio-res, quando levou mais de 70 mil pessoas para o largo São Sebastião. O evento leva a assinatura da SEC. Agende.
Glorioso
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Distribuição de brindes e sorteio de ingressos serão realizados na Copacabana Chopperia para promover o encontro de Raça Negra e SPC, em dezembro
‘Vitrine Cultural’ divulga a agenda de dezembro
O comediante Vinicius Vieira foi escolhido para abrir a programação do mês de dezembro do pro-jeto “Vitrine Cultural”, do Shopping Ponta Negra. Ele será a atração da próxima quarta-feira (3), seguido pela música da banda Moinhos de Ven-to e da cantora Simo-ne Ávila (dias 4 e 5); e pelas performances com tema natalino da Cia. de Teatro Metamorfose (6 e 7). O “Vitrine Cultural” acontece na praça de ali-mentação do centro de compras, localizada no terceiro piso (L3).
Na quarta-feira, às 20h, Vinicius Vieira comanda-rá a stand-up comedy. O comediante é conhecido pelas imitações que faz de famosos como os apresentadores Gugu Li-berato, Marcelo Rezende, Fausto Silva e o cantor Ne-tinho de Paula. Ele prome-te soltar a voz e cantar paródias de músicas que são sucesso na boca do público. “A galera pode esperar boas surpresas du-rante o show, pois a cada apresentação preparo coisasd i f e r e n t e s ” , adianta.
A banda Moinhos
de Vento vai apresentar, na quinta-feira (4), às 19h30, um repertório em homenagem a grandes nomes da MPB como Gon-zaguinha, Geraldo Azeve-do e Maria Rita.
Na sexta-feira (5), Simo-ne Ávila também comanda uma homenagem, porém, para a cantora Vanessa da Mata. A segunda parte do show terá músicas de Elis Regina e Djavan.
As atrações de sábado e domingoserão as peças “A história do pinheirinho de Natal” e “A magia do Natal”, da Cia. de Teatro Metamorfose. As apre-sentações acontecem em
duas sessões, às 15h e às 17h e são gratuitas.
ENTRETENIMENTO
Domingo é dia de es-quenta para o show “Gigantes do Sam-ba”. Faltando pou-
cos dias para o encontro dos grupos Raça Negra e Só Pra Contrariar, os sambistas de Manaus terão a oportunidade de curtir mais um esquenta
desse evento. Hoje, a festa será na Copacabana Choppe-ria (avenida do Turismo). E durante o Pagodão do Copa, haverá promoção de chope vendido a R$ 1.
A equipe de promotores da Fábrica de Eventos es-tará presente para fazer a
distribuição de brindes e o sorteio de ingressos para o show “Gigantes do Sam-ba”, que acontece no dia 6 de dezembro, no pavilhãodo Studio 5.
As bandas locais Cacildis, Loka Tentação, Nosso Caso e Cuka Fresca darão o tom do
pagodão. Na ocasião, o Cuka Fresca vai realizar a gravação de mais um CD, e sucessos dos grupos Raça Negra e SPC não vão faltar no repertório. O DJ Daniel Barreto também faz parte do line up e vai ani-mar a Copacabana Chopperia durante os intervalos.
Hoje tem esquenta do ‘Gigantes do Samba’
Uma das atrações do esquenta será o grupo de pagode Cuka Fresca, que também vai gravar o seu novo CD
DIVULGAÇÃO
Imitações de personalidades e paródias musicais com-põem a stand-up comedy de Vinicius Vieira
DIV
ULG
AÇÃO
SERVIÇOESQUENTA “GIGANTES DO SAMBA” – COPACABANA CHOPPERIA
Quando
Onde
Quanto
Hoje, às 20hCopacabana Chopperia (ave-nida do Turismo, Tarumã)R$ 20
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