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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
EQUAÇÕES DE RECEITA LÍQUIDA E VALORES ECONÔMICOS
PARA CARACTERÍSTICAS DE PESO E EFICIÊNCIA ALIMENTAR
EM BOVINOS DA RAÇA NELORE
Gustavo Eimar de Oliveira Lara
Nova Odessa
Janeiro – 2014
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
Equações de receita líquida e valores econômicos para características de
peso e eficiência alimentar em bovinos da raça nelore
Gustavo Eimar de Oliveira Lara
Orientadora: Profª. Drª. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Co-orientadora: Profª. Drª. Vera Lúcia Cardoso
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação do Instituto de Zootecnia,
APTA/SAA, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Produção
Animal Sustentável.
Nova Odessa
Janeiro – 2014
Ficha catalográfica elaborada pelo
Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles CRB 8/8946
L318e Lara, Gustavo Eimar de Oliveira
Equações de receita líquida e valores econômicos para características de
peso e eficiência alimentar em bovinos da raça Nelore / Gustavo Eimar de
Oliveira Lara.
Nova Odessa, SP: [s.n.], 2014. 75 f.: il.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA, Nova Odessa.
Orientadora: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Co-orientadora: Dra.Vera Lúcia Cardoso
1. Bovinos de corte. 2. Eficiência Alimentar. 3. Critérios de seleção. 4.
Ganho de peso. 5. Raça Nelore. I. Mercadante, Maria Eugênia Zerlotti II. Cardoso, Vera Lúcia. III. Titulo.
CDD 636.213
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: EQUAÇÕES DE RECEITA LÍQUIDA E VALORES
ECONÔMICOS PARA CARACTERÍSTICAS DE PESO E EFICIÊNCIA
ALIMENTAR EM BOVINOS DA RAÇA NELORE
AUTOR: GUSTAVO EIMAR DE OLIVEIRA LARA
Orientadora: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Co-orientador: Dra. Vera Lúcia Cardoso
Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção
Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:
Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Dra. Joslaine Noely S. Gonçalves Cyrillo
Instituto de Zootecnia
Dr. Josineudson Augusto II V. Silva
Unesp-Botucatu
Data da realização: 07 de Fevereiro de 2014
Presidente da Comissão Examinadora
Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
Dedico
Aos meus avôs José Lara (in memorian) e Luís Vicente (in memorian)
“Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.”
Grande Sertão: Veredas
Aos meus pais José Imar e Sônia
A minha irmã Nayara
‘Eu tenho uma...
Que me motiva!
Me faz crescer,
Me dá carinho,
Amor e aconchego.
Eu tenho uma Família!’
G. Lara
A minha noiva Daniella
DANIELLA
‘Um dia ...
Cheguei no Sertão
Com o ‘pé no chão’!
Aqui eu encontrei
Um grande Amor
A minha paixão,
Encontrei Você!
A minha Daniella!’
G. Lara
TE AMO ... SEMPRE!!!
AGRADEÇO
A Deus por ter me dado a oportunidade de viver e me aperfeiçoar constantemente em busca
de ser cada dia melhor.
A minha família, meu pai José Imar, a minha mãe Sônia, a minha irmã Nayara, que me
conduziram até aqui. Minhas avós e a tia Dinha pelas orações.
A minha noiva Daniella, por todo seu amor, dedicação comigo e motivação para continuar,
se não fosse você não teria conseguido! A família Vilas Boas que me acolheu com todo
carinho do mundo, como um filho!
A minha orientadora Dra. Maria Eugênia e a minha co-orientadora Dra.Vera Cardoso pela
paciência e ensinamentos. Ao Dr. Anibal pelos conselhos e correções.
Aos pesquisadores do IZ-Sertãozinho, Dra. Joslaine, Dra Sarah, Dra. Renata, Dr. Enilson,
Dr. Fábio, Dr. Léo, Dra. Wignez e Dra Roberta por tudo que aprendi durante minha breve
passada pela Fazenda, pela amizade e compreensão.
Aos amigos do Sertão que vou levar para a vida toda: Brás, André Grion, Cleisy, Leandro,
Duardo, Murilo, Willian, Julian, Pedro, Dr. Mário, Thiago-CBT, Duca, Laine, Olinta,
Thaís, Marcela, Carol, Cíntia, Amanda, Vanessa, Isabela, Luís Henrique, Maranhão,
Emiliana, Ingridi, Bianca, Guilherme, Henrique, Diego, Tássia, Suelen, Elisa, Luíza, Marco
Aurélio, Herverton, Lêo, Pedrinho, Palomar, Sebastião (in memorian), Frá, Frã, Jô, Cara,
Brole, Nena, Sr. Zé, Dona Tetê, Clesia, Rô, Aline, Dona Irma, Dona Catarina, Estela,
Toninho Bala, enfim a todos que de uma forma ou de outra fizeram da minha passagem
pelo IZ ser especial e gratificante.
Agradeço aos meus Amigos da faculdade Dante, Chico, Tirla, Léo, Caron, Delaine, Di,
Artur, Teca, Natália Junqueira, Hugo, Flávia, Ana, um grupo que mesmo longe um do outro
se faz presente minha vida. A todos meus professores da PUC- Poços de Caldas, que me
formaram um Médico Veterinário.
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x
Agradeço aos meus amigos de Itaguara, Marcão, Simpson, Danilo, Cádmo, Zé Maia,
Daniel Quedes, Pedro, Cacau, Rafael, pelas risadas e momentos de descontração.
Aos profissionais da Exagro-MG que me ensinaram que o aperfeiçoamento é uma constante
na vida de qualquer profissional.
Ao Grupo Via-Alimentos de Cocalzinho-GO que cedeu com todo carinho e zêlo os dados
de sua propriedade para embasamento.
Ao Instituto de Zootecnia pelo apoio no desenvolvimento do trabalho. A CAPES pela bolsa
de estudos e apoio financeiro.
Fica aqui o meu MUITO OBRIGADO!!!
“DEUS, nos concede a dia uma página nova no livro do tempo.
Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.”
Chico Xavier
xi
“ Não há nada de permanente, exceto a transformação. A vida
lembra um grande caleidoscópio diante do qual o Tempo está
sempre mudando, transformando e arranjando novamente o
cenário e os artistas. Os novos amigos substituem
constantemente os velhos amigos. Tudo está num estado de
fluxo. Cada coração traz em si tanto a semente da infância como
a da justiça. Cada ser humano tanto é um santo, dependendo do
momento, o seu modo de agir. Honestidade e desonestidade são,
grande parte, uma questão de pontos de vista individuais. O
fraco e o forte, o rico e o pobre, o ignorante e o sapiente trocam
de lugar continuamente. Se conhecermos a nós mesmos,
conheceremos toda a raça humana. Há apenas uma realização
verdadeira, e esta é a habilidade para PENSAR COM
EXATIDÃO. Movemo-nos com a procissão, ou atrás dela, mas
não podemos ficar parados. NADA é permanente exceto a
transformação!”
Napoleon Hill
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................... XIII
LISTA DE TABELAS........................................................................................ XV
RESUMO............................................................................................................. XVII
ABSTRACT......................................................................................................... XIX
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 21
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 25
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 33
3.1. Equação de receita líquida individual............................................ 33
3.2. Sistemas de Produção.................................................................... 38
3.2.1. Sistema Multiplicador do Instituto de Zootecnia.......... 38
3.2.2. Descrição do Sistema de produção comercial............... 39
3.3. Modelo Bio-econônico e Valores Econômicos.............................. 43
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 47
4.1. Equação de receita líquida individual............................... 47
4.2. Receitas e custos – Sistemas 1 e 2.................................... 51
4.3. Valor econômico............................................................... 54
4.3.1. Medidas de Ponderal.................................................................... 54
4.3.2. Medidas de Eficiência ................................................................. 60
5. CONCLUSÕES.............................................................................................. 63
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 65
ANEXO A - Estrutura do modelo bio-econômico desenvolvido - Parâmetros
dos rebanhos dos Sistemas estudados
72
ANEXO B - Planilha de evolução dos rebanhos dos Sistemas 1 e 2 72
ANEXO C - Planilha de receitas, custos das categorias do Sistema 1 a partir
da qual foram calculados os valores econômicos para seus
respectivos pesos
73
ANEXO D - Planilha de receitas, custos das categorias do Sistema 2 a partir
da qual foram calculados os valores econômicos para seus
respectivos pesos
73
ANEXO E - Receitas dos Sistemas estudados com as vendas dos animais
nas categorias avaliadas
74
ANEXO F - Valores econômicos do consumo de matéria seca, eficiência
alimentar bruta e conversão alimentar bruta
74
ANEXO G - Planilha para os cálculos das emissões de metano (ECH4) do
Sistema 1 em pastagem
75
ANEXO H - Planilha para os cálculos das emissões de metano (ECH4) do
Sistema 2 em pastagem
75
xiii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Fluxo de genes de acordo com a estratificação dos rebanhos.
Adaptado de Bichard (1971), Sistema 1 = Rebanho
multiplicador (IZ), Sistema 2 = Rebanho comercial
26
FIGURA 2 Valor dos animais, expressos em arrobas de boi gordo, de
acordo com a classificação na prova de ganho em peso
(LARA et al., 2011)
36
FIGURA 3 Composição do rebanho no Sistema 1 39
FIGURA 4 Composição do rebanho no Sistema 2 40
xiv
xv
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Composição das dietas em porcentagem de cada ingrediente que
compõe as dietas à base de feno e à base de silagem de milho,
com base na matéria seca (MS) dos ingredientes das dietas e o
custo por kg de matéria seca de cada ingrediente
37
TABELA 2 Parâmetros biológicos dos sistemas de produção estudados 41
TABELA 3 Valores médios (em Reais – R$) dos componentes de produção
(Receitas e Custos) para os Sistemas 1 e 2
42
TABELA 4 Unidade animal por mês nas pastagens em cada sistema de
produção estudado utilizado para obter os valores econômicos da
emissão de metano entérico
45
TABELA 5 Médias observadas e desvios-padrão para o peso aos 210 dias
(P210), peso aos 378 dias (P378), ganho médio diário (GMD),
consumo de matéria seca (CMS), consumo alimentar residual
(CAR), perímetro torácico (PTOR) receita líquida individual IZ
(RLIIZ) e receita líquida individual (RLI), obtidos em provas de
ganho de peso e teste de eficiência alimentar, de 534 machos
Nelore do rebanho IZ
48
TABELA 6 Equações de predição do RLI em função do ganho médio diário
(GMD), peso aos 210 dias (P210), perímetro torácico (PTOR) e
consumo alimentar residual (CAR), para o período de 2006 a
2011 (feno) e para o período de 2012 e 2013 (silagem)
49
TABELA 7 Descrição das categorias animais para composição das receitas
dos Sistemas 1 e 2
52
TABELA 8 Diferença na receita líquida esperada pela venda de machos aos
210 dias e aos 378 dias de idade (Sistema 2)
53
TABELA 9 Custos anuais (despesas com alimentação) e receitas anuais por
categoria antes do aumento de 1% nos valores originais dos pesos
médios dos animais nas diferentes categorias estudadas
55
TABELA 10 Custos anuais (despesas com alimentação) e receitas anuais por
categoria após aumento de 1% nos valores originais dos pesos
médios dos animais nas diferentes categorias estudadas
56
TABELA 11 Número de animais comercializados anualmente de acordo com a
categoria animal e impacto no lucro anual dos Sistemas de
produção estudados, resultante do aumento de 1% no valor
original das características peso aos 210 dias (P210), peso aos 378
dias (P378), peso aos 550 dias (P550) e peso adulto da vaca
(PAV)
56
xvi
TABELA 12 Valores econômicos obtidos para os sistemas 1 e 2 para peso aos
210 dias (P210), peso aos 378 dias (P378), peso aos 550 dias
(P550) e peso adulto da vaca (PAV) expresso em kg da
característica
57
TABELA 13 Pastagem em hectares utilizados por cada categoria animal do
rebanho por mês nos Sistemas estudados 59
TABELA 14 Valores econômicos das características de eficiência
60
xvii
Equações de receita líquida e valores econômicos para características de
peso e eficiência alimentar em bovinos da raça Nelore
RESUMO
Os objetivos deste estudo foram: a) avaliar a influência de algumas características de
crescimento e eficiência alimentar em equações de receita líquida individual para avaliação
de machos pós desmama em um rebanho multiplicador, baseado no Instituto de Zootecnia
(RLIIZ), e em um rebanho comercial (RLI), e b) calcular os valores econômicos (VE) para
peso aos 210 dias de idade (P210), aos 378 dias (P378), aos 550 dias (P550), peso adulto da
vaca (PAV), consumo de matéria seca (CMS), eficiência alimentar (EA), conversão
alimentar (CA) e emissão de metano entérico (ECH4) para um sistema de produção baseado
no Instituto de Zootecnia (Sistema 1) e para um sistema de cria comercial (Sistema 2). Um
modelo bio-econômico foi aplicado para descrever os desempenhos, custos e receitas dos
dois sistemas de produção. A RLIIZ foi influenciada pelo ganho médio diário (GMD) e
perímetro torácico (PTOR) na dieta à base de silagem de milho, e pelo GMD, PTOR, P210
e consumo alimentar residual (CAR) na dieta à base de feno. A RLI foi influenciada pelo
GMD, CAR e P210 na dieta à base de silagem de milho e pelo GMD, P210, PTOR e CAR
na dieta à base de feno. Os VEs para o Sistema 1 foram R$1,61, R$16,85, R$0,22, -R$0,15,
-R$3,92, -R$0,15, R$1,13 e R$0,38 para P210, P378, P550, PAV, CMS, EA, CA e ECH4,
respectivamente. Para o Sistema 2, os VE foram R$1,45, R$3,45, R$0,08, R$0,04 e
R$0,38, respectivamente para P210, P378, P550, PAV e ECH4. As características de
crescimento apresentaram os maiores impactos no lucro anual em ambos os sistemas, tanto
nas análises de receita líquida quanto no cálculo dos VEs. A redução do CMS pode resultar
no aumento do retorno econômico de sistemas de produção de bovinos de corte. Este
impacto desejável pode ser traduzido na redução da CA e aumento da EA. A redução do
CMS pode também apresentar redução no CAR, o que é desejável. O VE da redução da
ECH4 foi positivo em ambos os sistemas estudados, assim, a redução da emissão pode ser
convertida em créditos de carbono, resultando em renda extra para o produtor.
Palavras-chave: bovinos de corte, crescimento, objetivos de seleção, sustentabilidade
xviii
xix
Equations of net income and economic values for weight gain and feed efficiency traits
in Nellore cattle
ABSTRACT
This study aimed to: a) evaluate the influence of some growth and feed efficiency related
traits in equations of individual net income for post weaning males evaluation in a
multiplier herd, based on Instituto de Zootecnia (INIIZ), and in a commercial herd (INI),
and b) calculate economic values (EV) for weight at 210 days (W210), 378 days (W378)
and 550 days (W550), cow mature weight (MWC), dry matter intake (DMI), feed
efficiency rate (FE), feed conversion rate (FC) and methane emission (ECH4) for a
production system based on Instituto de Zootecnia (System 1) and for a commercial
breeding system (System 2). A bio-economic model was applied to describe the
performance, costs and revenues of the production systems. INIIZ was influenced by
average daily gain (ADG) and chest girth (CG), in corn silage diet, and by ADG, CG,
W210 and residual feed intake (RFI) in hay diet. INI was influenced by ADG, RFI and
W210, in corn silage diet and by ADG, W210, CG and RFI in hay diet. EV for System 1
were R$1.61, R$16.85, R$0.22, -R$0.15, -R$0.15, R$1.13, -R$3.92 and R$0.38 for W210,
W378, W550, MWC, FE, FC, DMI and ECH4, respectively. EV for System 2 were R$1.45,
R$3.45, R$0.08, R$0.04 e R$0.38 for W210, W378, W550, MWC and ECH4, respectively.
Growth traits had the greatest impact on annual profit in both systems, for net income
analyses and EV. The reduction of DMI may result in increase economic returns from beef
cattle production systems. This desirable impact can be translated into reduction of FC and
FE increased. The reduction of DMI can also provide a desirable reduction in the RFI. The
EV to reduce ECH4 was positive in both systems. This decrease in ECH4 emission can be
converted into carbon credits, resulting in extra income for the producer.
Keywords: beef cattle, growth, breeding goals, sustainability
xx
21
1. INTRODUÇÃO
A população mundial irá aumentar cerca de 34% podendo alcançar 9,1 bilhões até
2050 (FAO, 2009). Para responder a essa demanda populacional, a produção mundial de
alimentos deve aumentar cerca de 70%. Para sustentar esse crescimento populacional é
necessária a adoção de práticas sustentáveis de cultivo da terra e produção animal, que
priorizem a eficiência na utilização de recursos e a preservação ambiental (BERCHIELLI et
al., 2013). De acordo com ALEXANDRATOS (2009), espera-se aumento de 25% no
consumo de todo tipo de carne (bovina, suína, ovina ou de aves) entre os anos de 2015 a
2030, impondo às lideranças globais o desafio de aumentar a produção agrícola de maneira
sustentável. Há também tendência de que a população se torne cada vez mais exigente
quanto à quantidade e qualidade dos alimentos e o foco será em consumo de carne (KANIS
et al., 2005; ALEXANDRATOS, 2009), sendo que a maior parte deste aumento deverá
ocorrer nas nações em desenvolvimento, ao exemplo da Ásia e da África, onde a produção
de alimentos é deficiente (BERNANT; TOMKINS, 2013).
22
A produção pecuária brasileira abastece os mercados nacional e internacional de
carne, sendo que 19,9% da carne produzida é exportada e a atividade contribui com
aproximadamente 1,8% do produto interno bruto brasileiro (ANUALPEC, 2012).
Aumentar a produção animal é uma das maneiras de diminuir a desigualdade entre classes e
o melhoramento genético é um dos caminhos para isso, de uma forma economicamente
viável, socialmente justa e ecologicamente correta. No Brasil existem vários programas de
melhoramento genético com diversas raças, principalmente com a raça Nelore onde, a partir
de avaliações genéticas dos animais para diferentes características produtivas de interesse
econômico, são capazes de produzir indivíduos com maior valor genético e que podem
contribuir para melhorar a produção em rebanhos comerciais. O objetivo do melhoramento
é modificar o mérito genético dos animais das gerações futuras de modo que estes
produzam mais eficientemente, quando comparados à geração presente, levando-se em
conta as circunstâncias naturais, sociais e de mercado vigentes no futuro (Groen et al.,
1997). Um programa de melhoramento genético para atender ao sistema de produção de
pecuária de corte extensiva deve compreender e direcionar as mudanças genéticas nas
principais características que influenciam a rentabilidade da exploração comercial (AMER
2003). Sendo a eficiência destes sistemas de produção animal muito importante, não
somente na visão econômica (CREWS JR. et al., 2006), como também na visão
socioambiental (HEGARTY et al., 2007).
Hazel (1943), que desenvolveu a teoria do índice de seleção, já afirmava que em um
programa de melhoramento genético é importante definir as características que irão compor
os objetivos de seleção a fim de maximizar o ganho genético econômico. As características
de desempenho ponderal e eficiência, tanto biológica quanto econômica, são importantes
em qualquer sistema de produção. A seleção de bovinos de corte para características de
crescimento tem sido feita há muito tempo nos países desenvolvidos, e desde a década de
1970 no Brasil (FERRAZ e FRIES, 2004). Tais características são as mais utilizadas como
critério de seleção nos programas de melhoramento genético de bovinos de corte,
especialmente por serem de fácil mensuração, apresentarem herdabilidades com valores
moderados – o que propicia ganhos genéticos razoáveis ao longo das gerações – e por
estarem diretamente relacionadas à quantidade produzida de carne (Razook et al., 2001). As
características ponderais mais utilizadas são os pesos em diferentes idades, tais como peso
23
ao desmame, peso ao ano, peso ao sobreano e peso adulto e os ganhos em peso em
diferentes períodos, sendo que as mesmas apresentam alta correlação entre si.
Características de eficiência, tais como conversão alimentar, eficiência alimentar,
consumo de matéria seca e consumo alimentar residual são importantes, pois podem
contribuir para identificar animais mais eficientes, seja para a produção de carne, leite ou
qualquer outro produto. Eficiência, segundo Megginson et al. (1998), refere-se à relação
entre os resultados obtidos e os recursos empregados. A inclusão da eficiência alimentar
como objetivo de seleção em programas de melhoramento genético é economicamente
viável, uma vez que a maioria dos custos variáveis de produção em um rebanho são
decorrentes principalmente da alimentação fornecida aos animais (OLIVEIRA, 2013).
Apesar da importância das características de eficiência, a seleção para animais eficientes
somente tem sido realizada nas duas últimas décadas, devido aos altos custos dos insumos
e, principalmente, pelos problemas ambientais na produção animal (HERD et al., 2002).
De acordo com os resultados preliminares do Segundo Inventário Nacional de
Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) (MCT, 2009), no ano de 2005 a agropecuária
foi responsável por 22% do total das emissões de metano no Brasil, com isso, há a
preocupação relacionada com a emissão significativa de GEE pela agropecuária (IPCC,
2006). A emissão de metano além de ser caracterizada como um importante gás de efeito
estufa (GEE), responsável por 15% do aquecimento global, este gás de origem entérica, tem
relação direta com a eficiência da fermentação ruminal em virtude da perda de carbono e
consequente perda de energia, influenciando o desempenho animal (COTTON e PIELKE,
1995).
A viabilidade de qualquer sistema de produção animal está no equilíbrio entre a
produção e seu resultado, ou seja, o retorno econômico deverá ser maior que capital
empregado no empreendimento agropecuário (MEGGINSON et al., 1998; AMER, 2003).
A importância da mensuração dos custos de produção, sendo eles inteiramente ligados com
a viabilidade do sistema em questão, está na avaliação dos critérios de seleção de uma
forma monetária, com o auxilio de equações de receita líquida, de valores econômicos, com
um objetivo de seleção de seleção em comum que é o lucro. O uso de equações de receita
líquida individual fornece uma medida de rentabilidade individual dos animais levando em
conta os seus custos de alimentação. Van der Westhuizen et al. (2004) estudaram a
24
rentabilidade individual de bovinos da raça Bonsmara na fase pós-desmame, usando
regressões do tipo stepwise em modelos que incluíram as características de peso ao
desmame, ganho médio diário, perímetro torácico e circunferência escrotal e, verificaram
herdabilidade de 0,36 para rentabilidade individual dos animais. Estes resultados indicam a
possibilidade de se obter maior rentabilidade na fase de recria adquirindo animais que
apresentem rápido crescimento e eficiência alimentar.
Valores econômicos (VE) são parâmetros importantes a serem utilizados para compor
índices de seleção e programas de melhoramento genético. Os VE são definidos como o
aumento esperado no lucro anual do rebanho resultante do aumento em uma unidade de
uma característica (supondo que as demais sejam mantidas constantes), em decorrência de
seleção. De acordo com Groen (1989), o valor econômico juntamente com a variabilidade
genética e o mérito genético dos animais para determinada característica são fatores a
serem considerados ao incluir a característica como critério de seleção. Segundo Amer et
al. (2001) e Jorge et al. (2007), a definição dos valores econômicos das características
inclusas em índices de seleção contribuem para maior eficiência econômica dos processos
de avaliação genética, visando aumentar a eficiência produtiva e econômica da pecuária de
corte.
A atividade pecuária passa por mudanças constantes em sua cadeia produtiva em
que se observa a necessidade do desenvolvimento de ações capazes de aumentar sua
rentabilidade dispensando elevados investimentos. Nesse contexto, inovações devem ser
orientadas para melhoria da produtividade, reduzindo a distância entre os sistemas
pecuários com alta e baixa rentabilidade, uma vez que o cenário futuro é de que apenas os
mais eficientes se manterão na atividade (MARQUES et al., 2011).
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência de características de importância
econômica (ganho médio diário, peso aos 210 dias, perímetro torácico e consumo alimentar
residual) em equações de receita líquida individual (RLI) para machos pós desmama, bem
como calcular os valores econômicos para as características de desempenho ponderal (peso
aos 210 dias, peso aos 378 dias, peso aos 550 dias e peso da vaca adulta) e características
de eficiência (consumo de matéria seca, eficiência alimentar bruta, conversão alimentar
bruta e emissão de metano entérico) para um sistema de produção multiplicador e para um
sistema de cria comercial.
25
2. REVISÃO DE LITERATURA
Os animais zebuínos destacam-se no cenário da pecuária bovina tendo seus genes
presentes em 90% do rebanho de corte nacional e, destes, 90% são animais Nelore ou com
algum parentesco com a raça. Estes animais são adaptados ao clima tropical e ótimos
conversores de capim em proteína vermelha (JOSAHKIAN, 1999). Dada a sua importância
na pecuária nacional, diversas pesquisas vêm sendo conduzidas no âmbito do
melhoramento genético da raça a fim de proporcionar uma maior eficiência produtiva.
Programas de melhoramento genético animal têm como objetivo alterar as
frequências gênicas na população sob seleção, obtendo maior frequência dos genótipos
favoráveis. De acordo com Groen (1997) o melhoramento animal deve ser conduzido de tal
forma que os animais passem a produzir de maneira mais eficiente sob as condições
econômicas, biológicas e sociais futuras. Representa, ainda, uma ferramenta importante
para aumentar a eficiência econômica dos rebanhos e deve fazer parte do planejamento dos
sistemas de produção animal em longo prazo (CARDOSO et al., 2004). O melhoramento
26
genético é uma tecnologia efetiva para produzir mudanças permanentes e cumulativas no
desempenho dos animais, desde que não se faça seleção contraria. Entretanto, na sua
implantação é fundamental a definição das características que irão compor os objetivos de
seleção, a fim de maximizar o ganho genético econômico (HAZEL, 1943).
Componentes importantes para os programas de seleção incluem: a) serviço de
coleta sistemática de informações dos animais; b) métodos e ferramentas para estimar o
mérito genético dos animais; c) sistema de seleção e acasalamento entre animais que serão
pais da próxima geração e d) estrutura para disseminação do material genético melhorado
na população produtiva (DEKKERS et al., 2001).
Para aumentar a eficiência produtiva e reprodutiva nos rebanhos comerciais, ou seja,
produtores de animais para o abate, torna-se necessário o melhoramento nas raças puras,
pois ambos participam da formação do rebanho comercial. Neste caso a genética melhorada
é proveniente de rebanhos Nelore, que fornecerão material genético para os rebanhos
comerciais, seguindo o fluxo de genes apresentado na Figura 1 (BICHARD, 1971).
Figura 1. Fluxo de genes de acordo com a estratificação dos rebanhos. Adaptado de Bichard
(1971).
É importante lembrar que o melhoramento genético é futuro orientado, ou seja, os
resultados das decisões tomadas no presente serão expressos no futuro (CARDOSO et al.,
2004). Portanto, o melhoramento genético deve ter como base a situação presente, porém,
27
deve ter em vista as tendências futuras do mercado do produto, que poderão, cada vez mais,
ser influenciadas por fatores como demanda dos consumidores em termos de saúde e
qualidade dos produtos, meio ambiente, bem estar dos animais.
Amer (2003) discutiu a importância dos vários elos da cadeia de produção, levando
em consideração as prioridades locais determinadas não somente pelos aspectos
econômicos, mas também por aspectos sociais e relacionados ao meio ambiente. Segundo o
autor, em locais onde a subsistência das famílias é a prioridade, deve-se levar em
consideração a produção de animais que possam ser utilizados para vários fins, como por
exemplo, produção de carne, leite, tração e esterco. Em sistemas intensivos de grande
escala, além da prioridade monetária dos produtores, têm-se que levar em conta a
preocupação do consumidor com o conforto animal e questões de degradação ambiental.
A definição dos objetivos de seleção é primeira etapa a ser desenvolvida na
elaboração de um programa de melhoramento genético. Os objetivos de seleção são o
conjunto de características de importância econômica que, quando selecionadas propiciam
o aumento do retorno econômico dos rebanhos (PONZONI; NEWMAN, 1989; GROEN et
al., 1997; KINGHORN et al., 2006).
Em geral, os objetivos de seleção para gado de corte incluem as variáveis
econômicas tradicionais, tais como fertilidade, peso ao abate, rendimento de carcaça,
características de qualidade de carcaça, entre outras, mas também podem incluir diferentes
aspectos funcionais que, embora não aumentem a quantidade de produtos, podem ocasionar
a diminuição dos custos de produção, tais como eficiência alimentar, resistência a doenças,
facilidade de parto, entre outros (GROEN et al., 1997.; KINGHORN et al., 2006). Outras
características tais como conversão alimentar e emissão de metano por kg de produto
produzido também podem ser consideradas como objetivo de seleção em programas de
melhoramento animal e têm sido relacionadas à sustentabilidade dos sistemas de produção
(HERGARTY; MCEWAN, 2010; CALIMAN et al., 2012).
No desenvolvimento dos objetivos de seleção em gado de corte, vários autores
(PONZONI; NEWMAN, 1989; NEWMAN et al., 1992; HIROOKA et al., 1998;
HIROOKA; GROEN, 1999) relataram o peso da matriz como característica importante a
ser considerada, uma vez que, o aumento do peso da matriz aumentaria também o custo
28
com a alimentação e mantença destes animais, devido ao maior peso adulto da matriz em
reprodução.
Ao trabalhar com melhoramento genético em bovinos de corte no Brasil e,
principalmente com valores econômicos (VEs) para as características que compõem os
objetivos de seleção e equações de receita líquida individual para os reprodutores é
necessário conhecer todas as fontes de informação que influenciam as receitas e despesas
dos sistemas de produção estudados.
O valor econômico (VE) é definido como o aumento ou diminuição esperado no
lucro anual do sistema de produção proporcionado pelo aumento de uma unidade em
superioridade genética para a característica a ser selecionada mantendo-se constantes os
valores das demais características (GROEN et al., 1997). No sistema de produção da
bovinocultura de corte, quantifica-se a importância econômica das características biológicas
a serem incluídas em um objetivo de seleção pela obtenção dos VEs das características
(JORGE JR. et al., 2006; JORGE JR. et al., 2007). Segundo Lôbo et al. (2010), estas
avaliações econômicas ainda são raras em trabalhos de melhoramento animal no Brasil,
talvez pelo fato da qualidade dos produtos de origem animal ainda não ser bonificada,
porém a expectativa é que essa realidade mude no curto ou médio prazo.
Segundo Groen et al. (1997), os VEs são calculados de acordo com o interesse de
seleção em maximizar o lucro (receita - custo), dado número fixo de animais no sistema.
Esses valores são expressos em termos de lucro/animal, considerando-se o interesse em
maximizar o lucro, mantendo-se fixo o número de animais (n):
VE lucro = (1/n) * [ (receita anual) - (custos anuais)],
em que VE é o valor econômico da característica e é a diferença marginal no lucro anual
(depois da seleção-antes da seleção).
Diversos estudos estimando valores econômicos para características de interesse
econômicos vêm sendo conduzidas em rebanhos de corte com a raça Nelore no país.
Bittencourt (2001), estimou o VE de R$1,20 para peso ao desmame em um rebanho
comercial onde era realizada a venda de bezerros no desmame, e VE de -R$9,10 para o
consumo de matéria seca (CMS). Jorge Jr et al. (2007) estudando dois rebanhos, em que o
primeiro estava em constante processo de melhoramento genético e realizando a venda de
reprodutores e o segundo era destinado a cria, recria e engorda comercial, com venda de
29
animais para abate, relataram VEs para peso ao desmame de R$1,31 e R$1,16,
respectivamente. Brumatti (2011), em estudos envolvendo rebanho de cria comercial em
Campo Grande/MS, obteve VE para peso ao desmame de R$0,58. Esta grande diferença
entre os valores encontrados é devido às diferentes regiões e sistemas de produção
caracterizados nos estudos. Ainda, Jorge Jr. et al. (2007), analisando o peso das matrizes, os
VEs foram de R$0,09 e de -R$0,16 respectivamente.
As características de desenvolvimento ponderal, tais como as anteriormente citadas,
além de apresentarem valores econômicos significativos que participam da rentabilidade
dos sistemas de produção, apresentam estimativas de herdabilidade moderadas em
populações de bovinos de corte de raças zebuínas indicando possíveis ganhos genéticos na
seleção para estas características. Gianotti et al. (2005), em um estudo envolvendo meta-
análise com animais zebuínos de 186 publicações para o melhoramento genético do peso
vivo como critério de seleção para bovinos de corte, relataram herdabilidade moderada de
0,23 para peso ao desmame e de 0,27 para peso ao ano.
Jorge Jr. et al. (2007), ao realizarem análise econômica de algumas características
de interesse em bovinos de corte, constataram que a taxa de desmama tem grande impacto
sobre a rentabilidade, tanto no sistema de produção de ciclo de cria quanto no de ciclo
completo. Esses resultados evidenciam a importância da seleção para aumento da eficiência
reprodutiva e da melhoria da carcaça em bovinos de corte. Os autores ressaltam que a
característica consumo alimentar, tanto no confinamento quanto na pastagem, também tem
impacto econômico relevante e deveria ser considerada em objetivos de seleção para gado
de corte. Porém, trata-se de uma característica de difícil avaliação em larga escala.
Outra maneira de avaliar essas características em um programa de melhoramento
genético foi descrita por Van Der Westhuizen et al. (2004), utilizando dados de teste de
consumo alimentar individual de bovinos da raça Bonsmara. Foi calculado valor monetário
individual a fim de verificar a contribuição de alguns critérios de seleção na variação da
rentabilidade dos animais, mediante a compilação dos custos com aquisição e alimentação
dos animais e das receitas resultantes da venda dos animais. Os autores observaram que as
características de eficiência alimentar e de crescimento, nessa sequência, explicaram a
maior parte da variação do valor monetário. O consumo alimentar residual foi responsável
por uma menor variação monetária quando comprado à conversão alimentar. Tais
30
características são importantes uma vez que mais de 50% da variação no lucro é devido ao
custo dos animais e da alimentação (Koknaroglu et al., 2005). Segundo Cardoso et al.
(2004), quando se deseja aumentar o lucro da atividade pecuária, deve ser levado em
consideração no objetivo de seleção todas as fontes de receita do sistema em questão (o seu
produto em kg de bezerro vivo, a venda do excedente de animais de reposição e de
descarte) bem como os componentes de custo de produção do sistema (alimentação,
medicamentos, entre outras), podendo afirmar que o objetivo de seleção é maximizar o
melhoramento do mérito econômico. Este objetivo pode ser definido de várias maneiras
como, por exemplo, o lucro por indivíduo (GIBSON e VAN ARENDONK, 1999).
Os créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados
emitidos para um agente que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa (HUSTON;
MARLAND, 2003). Por convenção, uma tonelada de CO2 corresponde a um credito de
carbono. Considerando a importância do desenvolvimento nacional de estoques de CO2, o
governo brasileiro financiou projetos de pesquisa com o objetivo de estimar a contribuição
da pecuária em diferentes sistemas de produção para levantamento da dinâmica de GEE no
país (BERNDT; TOMKINS, 2013).
Estimativas de GEE atuais para o Brasil são derivadas do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2006). As metodologias dos inventários nacionais
requererem a medição precisa das emissões de CH4 de todo sistema agrícola (MCGINN et
al., 2008) e, para serem significativos, precisam ser relacionados à geografia ou unidades de
terras agronômicas (HUSTON; MARLAND, 2003), gestão do sistema (incluindo
estratégias de mitigação) e influências sazonais (BERNDT; TONKINS, 2013).
Em revisão feita por Hegarty e McEwan (2010), observa-se que o requerimento de
energia de mantença é responsável por grande porcentagem do alimento consumido em
sistemas extensivos de gado de corte. A redução da energia utilizada para mantença e o
aumento na utilização da energia para a produção representam uma maneira simples de
reduzir a intensidade de emissões de CH4 entérico por kg de produto de origem animal.
A mitigação das emissões entéricas pode ser considerada tanto um objetivo de
seleção de interesse coletivo, como também para empreendimentos pecuários, em situações
onde as emissões de gases do efeito estufa estão incluídas em programas locais ou globais
de economia de carbono. A variação genética já tem sido utilizada para reduzir a
31
intensidade de emissões de ruminantes indiretamente por meio da seleção para
características como o ganho em peso vivo e a eficiência alimentar (HERGARTY;
MCEWAN, 2010). De acordo com o mesmo autor, a seleção de animais que apresentem
menor emissão de CH4 dependerá da herdabilidade desta característica, sua correlação com
outras características produtivas e em última análise, do seu valor econômico.
32
33
3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi baseado em dois sistemas de produção de bovinos de corte,
um rebanho multiplicador e um rebanho comercial. O rebanho multiplicador (Sistema 1) foi
baseado no rebanho Nelore do Centro Apta Bovinos de Corte, do Instituto de Zootecnia –
Sertãozinho-SP e foi considerado um rebanho multiplicador, uma vez que 10% dos
melhores animais permanecem no rebanho como reprodutores e o restante é
comercializado, além de que o destino de parte dos animais comercializados para
reprodução são fazendas que comerciais. O Sistema 2 foi simulado conforme parâmetros de
rebanhos comerciais de bovinos de corte sob condições de Brasil Central.
3.1. Equação de receita líquida individual
Os dados utilizados neste estudo são provenientes do programa de melhoramento
genético do Centro Avançado de Pesquisa em Bovinocultura de Corte do Instituo de
34
Zootecnia - IZ da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA do período de
2006 a 2013, onde foram avaliados 534 machos da raça Nelore.
As características utilizadas para compor a equação de receita liquida e que são
mensuradas no programa de melhoramento genético do Centro APTA Bovinos de Corte são
o peso ao desmame ajustado para 210 dias de idade (P210), ganho médio diário da
desmama ao ano (GMD), perímetro torácico ao ano (PTOR) e consumo alimentar residual
(CAR). Essas características foram obtidas durante a prova de ganho em peso (PGP) em
todos os machos logo após o desmame (RAZOOK et al., 1997) e o CAR é obtido durante o
teste de eficiência alimentar. Estas avaliações ocorrem simultaneamente após a desmama
dos animais, com início no mês de maio de cada ano. A PGP tem duração de 168 dias e o
teste de eficiência alimentar durante os anos avaliados nesse estudo teve duração de 89 ±17
dias. Em ambos os casos a alimentação e água foram ad libtum.
Para avaliar a influência de cada uma destas características sobre a receita líquida
individual dos animais no sistema de criação vigente no Instituto de Zootecnia (IZ), foi
utilizado o método descrito por Van der Westhuizen et al. (2004). Duas situações foram
avaliadas. Na primeira situação o valor dos animais foi obtido com base nos valores de
venda de 899 animais Nelore, comercializados em leilões oficiais do Instituto de Zootecnia,
levando-se em conta sua classificação na PGP, de acordo com a descrição de Lara et al.
(2011). Nas PGPs, os animais são classificados e divididos em seis categorias (elite,
superior, mediano, regular, comum, inferior) conforme o desempenho em GMD e peso aos
378 dias de vida (P378) de cada animal (RAZOOK et al., 1997). Na segunda situação,
supôs-se que os animais foram vendidos pelo valor dos seus pesos, caracterizando situação
de sistema comercial, com base no preço do kg do bezerro vivo (Anualpec, 2012).
A categoria de classificação dos animais participantes das PGPs foi dada em função
da variação ocorrida dentro de cada raça ou grupamento genético, obedecendo-se à média e
o desvio padrão do Índice da Prova de Ganho de Peso (IPGP), conforme descrito em
Razook et al. (1997).
O IPGP é composto pelas características ganho de peso diário no período de 112 dias
da prova (G112) e peso pós-desmame padronizado à idade de 378 dias (P378), definidas e
calculadas como:
IPGP = [(IP378 x 0,40) + (IG112 x 0,60)],
35
em que: IP378 e IG112 são, respectivamente, razões entre P378 e G112 individual e a
média de P378 e G112 do grupo contemporâneo avaliado (RAZOOK et al., 1997). Ao final
do teste de eficiência alimentar o consumo alimentar residual (CAR) é calculado como o
resíduo da seguinte equação:
CMS = β0 + β1 x PV0,75
+ β2 x GMD + ε,
Quando há vários grupos de contemporâneos, β0 corresponde à média de cada
grupo, β1 é o coeficiente de regressão do CMS no PV0,75
em cada grupo, β2 é o coeficiente
de regressão do CMS no GMD em cada grupo e o ε é parte do CMS que não foi explicado
pelos efeitos de grupo de contemporâneo, GMD e PV0,75
. PV é o peso vivo no meio do teste
(KOCH et al., 1964).
A receita líquida individual do Instituto de Zootecnia (RLIIZ) foi calculada por:
RLIIZ ={(P378 x $B378) – [(CMS x $MS x 168) + CV] - [(P210 x $B210) –$CB210]},
em que:
P378 é o peso do animal padronizado aos 378 dias de idade;
$B378 é o valor do animal indexado em arrobas de boi gordo de acordo com a sua
classificação na PGP;
CMS é a média do consumo de matéria seca médio diário do animal durante o teste de
eficiência alimentar, multiplicado por 168, que corresponde aos dias em teste;
$MS é o custo do kg de matéria seca da dieta durante o teste de eficiência alimentar;
CV são os custos veterinários;
P210 é o peso do animal padronizado aos 210 dias de idade;
$B210 é o valor do animal aos 210 dias de idade de acordo com o valor do kg do seu peso
vivo (ANUALPEC, 2012);
$CB210 é o custo de produção do bezerro até a desmama.
Para o sistema comercial, a receita líquida individual ((RLI) calculada pela equação
acima, substituindo a classificação do animal na PGP pelo valor do kg de bezerro com 12
meses, como se o produtor de bezerro fosse vendê-lo a um recriador.
Na Figura 2 estão presentes os valores de venda dos animais indexados em arrobas
de boi gordo (RLIIZ), de acordo com a classificação na PGP (LARA, et al., 2011).. A
indexação em arrobas foi feita para minimizar os efeitos da inflação e das mudanças nas
condições de mercado sobre os valores de venda.
36
O $B378 foi obtido com base na média do preço do kg do animal para recria no
mês de novembro dos anos de 2010 a 2012 (ANUALPEC, 2012). O valor do kg do bezerro
aos 210 dias e aos 378 dias foi o mesmo, R$4,00 o kg do animal vivo, uma vez que a
categoria animal para recria compreende animais entre 8 a 12 meses de idade. O $CB210
foi obtido como sendo o seu custo de produção até a desmama (R$260,00), sendo este custo
obtido com o auxílio de planilha Microsoft® Excel® 2007, levando-se em conta os custos
com alimentação da vaca e do bezerro (pastagem e sal mineralizado) e custos veterinários
(vacinações e vermifugações).
Figura 2. Valor dos animais, expressos em arrobas de boi gordo, de acordo com a
classificação na prova de ganho em peso (LARA et al., 2011).
Para avaliação da RLIIZ e de RLI foram calculados os custos com as dietas
fornecidas aos animais durante o período de confinamento para a avaliação da PGP e
durante a avaliação do CAR. Durante o período das provas foram utilizadas duas dietas. Do
ano de 2006 ao ano de 2011 o volumoso da dieta era composto por feno de Urochloa spp.
No ano de 2012 o feno foi substituído por silagem de milho. As composições das dietas
com a porcentagem de cada ingrediente na respectiva dieta e o seu custo referente a um kg
de MS de cada ingrediente, com base nas tabelas de preço do IEA (2013), estão
apresentadas na Tabela 1. Os custos calculados para um kg de MS de cada dieta pronta para
o fornecimento aos animais foram de R$ 0,36 para dieta com feno e R$ 0,35 para a dieta
com silagem.
A fim de verificar a contribuição das características P210, GMD, PTOR e CAR na
variação das RLI e RLIIZ, foram estimadas equações de regressão utilizando-se o método
37
de regressão passo a passo (Stepwise). As características que apresentaram nível de
significância de P≤0,10 permaneceram nas equações de predição. As análises foram feitas
utilizando-se o Statistical Analysis System (SAS, Inst., Inc., Cary, NC).
Os componentes de variância e coeficiente de herdabilidade foram estimados para
RLI e RLiIZ (534 animais) pelo método da máxima verossimilhança restrita em modelo
animal unicaracterística e matriz de parentesco com 2215 animais, utilizando o ASREML
(GILMOUR et al., 2009). O modelo incluiu os efeitos fixos de grupo de contemporâneos
(ano de teste + instalação) e mês de nascimento, idade da mãe e idade do animal na entrada
do teste como covariáveis (efeitos linear e quadrático) e os efeitos aleatórios genético
aditivo direto do animal e resíduo.
Tabela 1. Composição das dietas em porcentagem de cada ingrediente que compõe as dietas
à base de feno e à base de silagem de milho, com base na matéria seca (MS) dos
ingredientes das dietas e o custo por kg de matéria seca de cada ingrediente
Ingredientes dieta 1a
Composição da dieta com base na MS
(%)
Custos em kg/MS (R$)
Feno de Urochloa spp 44,5 0,19
Milho grão moído 32,2 0,36
Farelo de algodão 21,4 0,65
Ureia 0,45 1,50
Sulfato de amônio 0,05 0,74
Suplemento mineralc 1,45 1,40
Ingredientes dieta 2b
Silagem de milho 53,56 0,14
Feno de Urochloa
decumbens
10,13 0,19
Milho grão moído 21,72 0,36
Farelo de soja 11,58 1,15
Ureia 0,648 1,50
Sulfato de amônio 0,072 0,74
Suplemento mineralc 2,28 1,40
aFornecidas de 2007 a 2011. bFornecidas em 2012 e 2013. cComposição/kg: Fósforo, 8%; Cálcio, 15%; Sódio,
14,5%; Enxofre, 1,2%; Níquel, 1,1%; Zinco, 0,25%; Cobre, 0,16%; Manganês, 0,16%; Cobalto, 0,0011%;
Iodo, 0,0023%; Selênio, 0,0027%, Flúor, 0,08%.
38
3.2. Sistemas de Produção
3.2.1. Sistema 1 - Instituto de Zootecnia
No Sistema 1 foi caracterizado o rebanho Nelore do Centro APTA Bovinos de
Corte, Instituto de Zootecnia, com mais de 30 anos de seleção de animais para peso ao
sobreano. Neste sistema, um sistema multiplicador que faz o ciclo de cria completo,
anualmente é realizada a prova de ganho em peso (PGP) para identificação dos tourinhos
geneticamente superiores, para peso e ganho de peso, a serem utilizados como reprodutores
no próprio rebanho (seleção individual) e, ainda, para serem realizadas as vendas dos
excedentes para uso em rebanhos comerciais.
Neste rebanho os animais são mantidos em pastagem de Urochloa spp., com
suplementação calculada média de 300 a 500 gramas de suplemento mineral proteico (ad
libitum) durante a seca (maio a outubro) para as novilhas pré-púberes (12 a 24 meses) e
gestantes (24 a 36 meses). Os valores médios dos componentes de produção para o Sistema
1 foram obtidos no IZ para pastagem com capacidade de três UA/ano.
A finalidade da suplementação com sal mineral proteico é fornecer nitrogênio
degradável no rúmem para atender à exigência mínima de 7% de PB no rúmem, para
melhorar a digestibilidade da forragem e, consequentemente, proporcionar melhor
desempenho para animais mantidos em pastagens no período de baixa disponibilidade de
forragem e ainda lignificadas. No período das águas, de outubro ao final de abril, os
animais são mantidos nas pastagens, recebendo, em média, 100 g de suplemento mineral
(sal mineral normal) ad libitum por dia.
Para o cálculo das necessidades em termos de área de pastagem, assumiu-se uma
taxa de lotação média anual de 3,0 UA por hectare para atender às diferentes categorias de
animais no rebanho Nelore durante todo o ano, uma vez que o rebanho para o presente
estudo foi estabilizado em 450 fêmeas, provenientes de todos os rebanhos sob seleção.
Assumiu-se que o conjunto vaca e bezerro lactente corresponderiam a 1,6 UA por hectare.
Na Tabela 2 estão dispostas as informações dos parâmetros biológicos obtidas em
planilhas de controle zootécnico e evolução de rebanho do IZ (como descritas
posteriormente). As informações dos parâmetros econômicos foram obtidas com base no
39
ANUALPEC (2012) e no IEA (2013), conforme foi descrito na Tabela 3. A composição do
rebanho do Sistema 1 com o número de animais por categoria estudada está representada na
Figura 3.
As matrizes entram na estação de monta (do dia 15 de novembro ao 15 de fevereiro)
na proporção de um touro para 22 a 30 matrizes (touros de segunda estação - 36 meses) e
um touro para 14 a 21 matrizes (tourinhos de primeira estação - 24 meses). As novilhas e
vacas são distribuídas de modo que todos os touros sejam colocados similarmente com
vacas de todas as idades (RAZOOK et al., 1994). Os acasalamentos são feitos de modo
aleatório, controlando endogamia. Após 40 dias do término da estação de monta é realizado
o diagnóstico de gestação, a partir do qual as multíparas vazias e aquelas com problemas
reprodutivos são descartadas.
Figura 3. Composição do rebanho no Sistema 1.
3.2.2. Descrição do sistema de produção comercial
Supôs-se um sistema de cria a pasto semi-intensivo (Sistema 2) onde os animais
nascidos, criados e recriados são mantidos em pastagem de Urochloa spp com
suplementação de sal proteinado durante o período seco do ano (maio a outubro), sendo
este bastante diversificado com relação a composição de acordo com a disponibilidade da
40
região onde o sistema está inserido (CEZAR et al., 2005). As necessidades, em termos de
área de pastagens, foram calculadas para atender as diferentes categorias de animais no
rebanho de acordo com a época do ano. Assumiu-se que o conjunto vaca e bezerro lactente
corresponderiam a 1,3 UA.
São fornecidos, em média, de 300 a 500 g por dia de sal proteínado. No período das
águas, de outubro ao final de abril, os animais permanecem nas pastagens, recebendo em
média, 100 g de suplemento mineral (sal mineral normal).
As informações dos parâmetros biológicos (Tabela 2) os quais serviram como base
do Sistema 2, foram observadas do sistema de produção comercial de cria e recria (fêmeas)
de bovinos da raça Nelore, no Brasil Central, do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de
Corte - EMBRAPA (PEREIRA et al., 2005). Simulou-se um rebanho estabilizado com
1000 fêmeas em reprodução (Figura 4) e peso adulto de 420 kg (CARVALHEIRO et al.,
2009). Supôs-se que foi proporcionado manejo sanitário adequado com vacinações usuais e
outras práticas preventivas de saúde animal. As informações dos parâmetros econômicos
foram obtidas com base no ANUALPEC (2012) e no IEA (IEA, 2013).
Fig
Figura 4. Composição do rebanho no Sistema 2.
41
Tabela 2. Parâmetros biológicos dos sistemas de produção estudados
Categoria Sistema 1 Sistema 2
Fêmeas em reprodução 450 1000
Vacas em reprodução 352 750
Novilhas em reprodução 98 250
Novilhas excedentes 45 55
Número de fêmeas em reprodução/touro 15 a 30 30
Vaca e bezerro lactente (UA) 1,6 1,3
Idade média ao 1º parto (meses) 36 36
Vida útil da fêmea no rebanho (anos após 1ª cria) 5 4
Taxa de lotação (UA) 3 1
Taxa de concepção vacas (%) 75 70
Taxa de concepção novilhas (%) 90 90
Taxa de reposição (%) 22 25
Taxa de mortalidade machos e fêmeas 0-7 meses (%) 6 6
Taxa de mortalidade do desmame até o ano (%) 2 2
Taxa de mortalidade de 12 a 24 meses (%) 2 2
Taxa de mortalidade de animais adultos (%) 1 1
Taxa de descarte de bezerras (desenvolvimento/tipo/%) 10 10
Idade média a desmama (meses) 7 7
Peso médio das vacas no descarte (kg) 520 420a
Peso médio das vacas adultas (kg) 520 420a
Peso médio das novilhas dos 24-36 meses (kg) 448 300b
Peso médio das novilhas aos 18 meses-P550 (kg) 326 240b
Peso médio dos bezerros desmama (kg) 210 180b
Peso médio das bezerras desmama (kg) 196 160b
Peso médio das bezerras de descarte (kg) 142 110b
Peso médio ao ano-P378 dos bezerros (kg) 377 220b
Fonte: a Carvalheiro et al. (2009); bPereira et al (2005).
Neste sistema as matrizes são submetidas à estação de monta (EM) no período de
dezembro a fevereiro, com proporção de um touro para 30 matrizes. A EM das novilhas é
mais curta (60 dias), como descrito na Tabela 2, a fim de proporcionar maior desafio
42
reprodutivo das mesmas e melhor manejo para as primíparas. Todas as fêmeas em idade
reprodutiva são alocadas em lotes coletivos de reprodução, com 3 a 4 touros
contemporâneos, na proporção de 1 touro para 30 fêmeas, resultando em grandes lotes de
90 a 120 matrizes em cada pasto. Após 40 dias do término da EM, é realizado o diagnóstico
de gestação das fêmeas, onde as vacas vazias são descartadas. Os custos de produção foram
descritos na Tabela 3.
Tabela 3. Valores médios (em Reais – R$) dos componentes de produção (Receitas e
Custos) para os Sistemas 1 e 2
Sistema 1 Sistema 2
Componentes de receita Valores (R$)a Valores (R$)
@ do boi 159,40 100,00b
@ do bezerro (a) descarte 125,00 120,00 b
@ do bezerro (a) reprodução 159,40 -
@ da novilha (24meses) reprodução 175,78 120,00 b
@ da fêmea de descarte 100,00 97,00 b
@ da vaca reprodução 175,78 -
Componentes de custo Valores (R$) Valores (R$)
Alimentação
Pastagem-Formação/depreciação/manutenção
(hectare/ano)
725,55 213,50
Sal Mineral (kg) 2,60 2,80
Suplementação mineral/proteíca na seca (kg/MS) 0,50 0,51
Dieta da prova de ganho de peso (kg/MS) 0,35c -
Veterinários
Bezerros (as) até o desmame 10,00 10,00
Bezerros de 8 a 12 meses 5,00 3,00
Novilhas de 8 a 24 meses 18,00 16,00
Vacas (ano) 18,00 15,00
@=Arroba; UA=Unidade animal; MS= Matéria seca; abaseados nos preços de venda em leilões do IZ; bANUALPEC 2012; cIEA 2013; dbaseado no preço de aquisição pelo IZ; 1feito na fazenda; 2comprado pronto
para uso.
43
Os valores médios dos componentes de produção para o Sistema 2 foram obtidos
com a partir dos resultados observados por Pereira et al. (2005) em um rebanho de cria
comercial mantido em pastagem no Brasil Central com capacidade de uma UA/ano de
média, para assim caracterizar as receitas e despesas da pecuária de corte comercial. Os
valores dos componentes das dietas foram baseados no Instituto de Economia Agrícola
(IEA, 2013), descritos na Tabela 3
Foram realizadas análises de possíveis vendas dos animais ao desmame ou ao ano
do Sistema 2 com objetivo de avaliar qual a prática mais lucrativa para o produtor de
bezerro comercial avaliar o comportamento do mercado perante às comercializações
caracterizando uma análise de mercado. Para animais ao desmame considerou-se o peso de
180 kg, após a desmama o animal foi mantido em pastagem de Urochloa spp com
suplementação proteica e de acordo (PEREIRA et al., 2005) obteve um GMD de 240g.
3.3. Modelo Bio-econômico e Valores Econômicos
O modelo bio-econômico foi elaborado com base nas seguintes planilhas Excel:
Índices zootécnicos: nesta planilha constam os parâmetros biológicos utilizados para
os cálculos da evolução do rebanho e do desempenho produtivo e reprodutivo dos animais,
tais como, número de fêmeas, taxas de concepção, natalidade, mortalidade das diferentes
categorias de animais, reposição, pesos às diferentes idades, fases de vida dos animais e as
idades à desmama, ao início da vida reprodutiva e ao primeiro parto, entre outras.
Evolução anual de rebanho: a partir do número de matrizes e dos índices
zootécnicos definidos na planilha anterior, foi calculada a evolução anual do rebanho para
as seguintes categorias de animais: bezerros e bezerras lactentes, vacas com bezerros,
bezerros e bezerras até o desmame, bezerras do desmame até 1 ano, bezerras de 1 a 2 anos,
novilhas de 2 a 3 anos, vacas e touros. Esta planilha inclui o número total de animais e a
planilha de índices zootécnicos, com o número de animais em cada categoria por mês do
ano e respectiva relação UA/hectare na propriedade.
Alimentação: foi utilizada para os cálculos de consumo dos suplementos energéticos
(kg de MS) na época da seca e de suplemento mineral na época das águas para as diferentes
categorias de animais.
44
Pastagens: foram calculadas, para cada categoria animal em cada mês do ano, as
exigências de mantença e a taxa de lotação nas épocas das águas e da seca.
Custos: foram calculados os custos anuais referentes aos seguintes componentes de
produção: alimentação, pastagens e custos veterinários para cada categoria animal.
Receitas: com base no valor de venda dos animais comercializados em cada
categoria foram calculadas as receitas anuais referentes às categorias animais de interesse
deste estudo. Os preços dos animais foram estabelecidos com base na arroba de boi gordo,
conforme detalhado anteriormente.
Valores econômicos: foram calculados de acordo com o interesse de seleção em
maximizar o lucro (receita-custo) dado um número fixo de animais no sistema de acordo
com Groen et al. (1997). Para avaliar o impacto das mudanças no desempenho das
características sobre o lucro anual dos sistemas de produção, os valores iniciais de cada
característica foram aumentados em 1%, mantendo-se as outras características constantes
Os valores econômicos foram calculados (Anexo 1) pela diferença entre as receitas e
despesas antes e após a seleção, a partir da seguinte formula:
VE = (1/n) {δ(RF) - δ(CF)},
em que:
VE é o valor econômico;
n é o número de animais totais em cada categoria;
RF é a receita da fazenda;
CF é o custo da fazenda.
Para o Sistema 1, foram calculados VEs para as seguintes características: P210, P378,
P550, PAV, CMS, CA, EA e ECH4, e para o Sistema 2 os VEs foram calculados para P210,
P378, P550, PAV e ECH4. As médias das características de crescimento antes da seleção
estão na Tabela 2. Para o Sistema 1, considerou-se a média do CMS obtida nos testes de
eficiência alimentar da desmama ao ano. Para o Sistema 2, assumiram-se os valores de
2,25% de PV para CMS em pastagem, além de suplementação proteica de 300g/cabeça/dia,
com GMD de 0,240 kg (EUCLIDES et al., 2000). Neste caso o preço do kg de MS de
pastagens foi R$0,07 para o Sistema 1 e de R$0,06 para o Sistema 2.
Os valores de ECH4 pertinentes ao Sistema 2 foram obtidos por meio de estimativa da
ECH4 por kg de peso vivo de unidade animal, baseados em mensurações feitas no Sistema
45
1. Essas mensurações, de acordo com Cota (2013), foram feitas em pastagens de Urochloa
spp para mensuração da ECH4 em animais da raça Nelore em diferentes épocas do ano.
O cálculo da emissão de metano (CH4) do rebanho para ambos os sistemas foi
baseado em estimativas da emissão de gramas de CH4 por kg de peso vivo por dia, obtidos
em animais da raça Nelore do IZ em pastagem quando os animais estavam com 15 e 18
meses de idade. Para mensuração da ECH4 utilizou-se a metodologia do gás traçador
hexafloreto de enxofre (SF6). As estimativas foram 297g de CH4 por UA/dia e 117g de CH4
por UA/dia, respectivamente nas épocas da seca e águas (COTA, 2013).
Na obtenção do valor econômico da ECH4, calculou-se a emissão anual do rebanho
para os dois sistemas. Levando em conta a redução de 1% na ECH4 (equivalente a 2,97 kg
CH4/dia), recalculou-se então a ECH4 do rebanho. Para avaliar o impacto econômico desta
redução, foram aplicadas as políticas vigentes de redução da emissão dos gases de efeito
estufa (FAO, 2006), lembrando que no Brasil, este comércio só é válido, no momento, para
sistemas agroflorestais e canavieiros. Créditos de carbono ou redução certificada de
emissões são certificados emitidos para um agente que reduziu a emissão de gás do efeito
estufa. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) correspondente a um
crédito de carbono, sendo que 1 tonelada de metano equivale a 23 toneladas de CO2.
Segundo Müller (2013), os valores correspondentes a um crédito no mercado nacional e
internacional equivalem entre 12 e 42 reais. Os cálculos foram feitos com o valor de 5,54€
(euros), valor pago pelos creditos de carbono no final da primeira quinzena de setembro de
2014, tomando-se por base o câmbio de 1€ equivalendo a R$3,01.
Na Tabela 4 estão dispostos os valores tomados como base para o cálculo da ECH4
de ambos os sistemas e o número de UA por mês nas pastagens nos dois sistemas.
Tabela 4. Unidade animal por mês nas pastagens em cada sistema de produção estudado
utilizado para obter os valores econômicos da emissão de metano
Sistema Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1 948 948 948 850 829 598 598 598 948 948 948 948
%a 100 100 100 89,66 87,45 63,08 63,08 63,08 100 100 100 100
2 1382 1382 1382 1089 1038 1038 1038 1038 1480 1480 1480 1394
%a 93,37 93,37 93,37 73,58 70,15 70,15 70,15 70,15 100 100 100 94,19
Sistema 1 = Sistema Multiplicador IZ, Sistema 2 = Sistema comercial de produção animal. aexpresso como porcentagem do mês de outubro.
46
47
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Equação de receita líquida individual
As médias observadas para as características estudadas incluídas no cálculo das
receitas líquidas na regressão passo a passo, de animais avaliados entre os anos de 2006 a
2013, estão dispostas na Tabela 5. Esses animais participaram de provas de ganho de peso e
de testes de eficiência alimentar.
Conforme dispostas na Tabela 5, as médias das receitas líquidas individuais foram
R$2.704,69 para a RLIIZ dos animais avaliados em PGPs e que foram vendidos em leilões
oficiais do IZ, e R$407,59 para a RLI dos mesmos animais em simulação de uma situação
comercial. Foram obtidas equações de predição do tipo Stepwise para verificar a influência
das características GMD, P210, PTOR e CAR nas receitas líquidas individuais RLIIZ e
RLI. As análises foram realizadas separadamente, primeiramente considerando-se os anos
que os animais foram alimentados à base de feno (do ano de 2006 ao ano de 2011) e,
48
posteriormente, considerando-se os anos que os animais foram alimentados com silagem de
milho, uma vez que houve mudança na dieta nos últimos dois anos do teste de eficiência
alimentar, ou seja, no ano de 2012 e 2013.
Tabela 5. Médias trabalhadas e desvios-padrão para o peso aos 210 dias (P210), peso aos
378 dias (P378), ganho médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS),
consumo alimentar residual (CAR), perímetro torácico (PTOR) receita líquida
individual IZ (RLIIZ) e receita líquida individual (RLI), obtidas em provas de
ganho de peso e teste de eficiência alimentar de 534 machos Nelore do rebanho
IZ
Característica Média ± DP Mínimo Máximo
P210, kg 209,00 ± 33,00 117,00 295,00
P378, kg 342,00 ± 47,00 210,00 472,00
GMD, kg/dia 1,04 ± 0,24 0,25 1,72
CMS, kg/dia 6,77 ± 1,11 3,83 9,64
CAR, kg/dia 0,01 ± 0,49 -1,95 1,81
PTOR, cm 163,00 ± 8,30 132,00 184,00
RLIIZ, R$ 2.704,69 ± 881,85 1.109,93 4.445,56
RLI, R$ 407,59 ± 123,05 101,73 733,26
Segundo Razook et al. (1997), a classificação final do animal na PGP é dada, em
parte, em função do GMD. Neste estudo, avaliando a RLIIZ, o GMD apresentou maior
influencia sobre a receita, uma vez que obteve o maior coeficiente de determinação da
receita líquida em ambas situações. As características, em ordem de significância, que
influenciaram na RLIIZ foram GMD, PTOR, P210 e CAR, quando analisa a dieta à base de
feno. Todavia, ao analisarmos a dieta à base de silagem de milho, somente duas
características compuseram a receita, sendo elas o GMD e PTOR, sendo que o GMD
apresentou uma maior influencia na receita (Tabela 6), isso pode ser explicado pelo maior
ganho que a dieta utilizando a silagem proporcionou aos animais avaliados, refletindo tanto
no valor do animal vendido para reprodução como do animal vendido para a recria em
situação comercial. A diferença entre as características que compõem a receita líquida dos
animais alimentados com as diferentes dietas é resposta a uma série de fatores, entre eles, a
composição da dieta, o quanto cada característica contribuiu para o RLIIZ e a porcentagem
de explicação do modelo como um todo pelas características. O valor agregado ao animal
49
na PGP, conforme Lara et al. (2011), baseado na avaliação genética pelo desempenho
próprio é, atualmente, muito acima de qualquer custo de produção ou custo de
oportunidade, ou seja, o investimento em melhoramento genético tem retorno econômico
na venda dos animais, e logicamente no uso deles como reprodutores. Madalena et al.
(1996) observaram que o preço do sêmen de animais da raça Nelore não foi afetado pelo
valor genético para peso e nem pelo valor fenotípico para peso ou medidas corporais.
Entretanto, esta situação tem mudado no Brasil. Paneto et al. (2000) relataram que o valor
genético do peso ao sobreano de bovinos de corte influenciou significativamente o preço de
venda dos mesmos. Falconer e Mackay (1996), no entanto, comentam que a atribuição de
valores monetários aos animais, como a característica de receitas líquidas individuais ou
equações de lucro, não são, necessariamente, as melhores características a serem
consideradas como critérios de seleção. Alguns aspectos biológicos e econômicos como
raça, manejo do rebanho, consumo de ração, entre outros, são cruciais para definir a função
lucro e seus derivados.
Tabela 6. Equações de predição do RLIIZ e RLI em função do ganho médio diário (GMD),
peso na desmama (P210), perímetro torácico (PTOR), consumo alimentar residual
(CAR), para o período de 2006 a 2011 (feno) e para o período de 2012 e 2013
(silagem)
RLIIZa
Feno Silagem
Variável R2P
c R
2T
d CP
e Pr>F R
2P R
2T CP Pr>F
GMD 32 32 55,05 0,0001 65 65 16,21 0,0001
PTOR 9 41 10,43 0,0001 2 67 1,87 0,0001
P210 1 42 5,67 0,01
CAR 0,1 42 5,00 0,1
RLIb
P210 19 19 187,88 0,0001 10 10 4,94 0,0001
GMD 22 41 58,47 0,0001 36 46 388,28 0,0001
CAR 5 46 29,44 0,0001 30 76 103,49 0,0001
PTOR 4 51 5,00 0,0001
avenda dos animais RLIIZ em leilões IZ. bvenda dos animais RLI com um ano de idade de acordo com o seu peso vivo. P210 e GMD em kg, PTOR em cm e CAR em kg de MS/dia. cR2P = coeficiente de determinação
parcial; dR2T = coeficiente de determinação total; eCP = estatística que relaciona o R2 e a variância residual.
50
A característica que mais contribuiu para a variação do RLI em ambas situações
também foi o GMD, o que comprova que o ganho de peso ainda é a característica mais
rentável, tanto em um sistema multiplicador de genética como o IZ, quanto em um sistema
comercial. Estudos de Albuquerque e Fries (1996) relatam que na seleção para eficiência é
melhor selecionar pelo GMD do que pelo peso final, selecionando, dessa maneira, animais
mais precoces e reduzindo o tempo de terminação.
Ao analisar as diferentes dietas fornecidas aos animais houve uma variação na
segunda característica que compõem a RLI. Na análise da dieta com feno o P210 foi a
segunda característica que mais influenciou na RLI, uma vez que, supõe-se que o produtor
compre o bezerro proveniente de sistemas de cria (após o desmame) para a recria, sendo o
seu valor inicial (custo do bezerro = P210 x preço por kg do bezerro vivo) de acordo com o
seu peso (ANUALPEC, 2012), assim, quanto maior o peso, maior será o valor pago pelo
animal.
Contudo, na análise da segunda dieta, o CAR foi a segunda característica que mais
influência na receita individual do animal, ou seja, quanto menor o CAR, maior a receita. O
principal fato que leva essa diferença são os diferentes consumos dos animais
proporcionados pelas dietas e seus custos ao produtor. Outra explicação para o fato é que a
dieta com feno não permite a expressão do potencial genético para o GMD tanto quanto à
dieta a base de silagem de milho. Os animais com maiores valores de CAR são os que
consomem mais alimento para o mesmo ganho de peso, sendo o CAR uma medida de
eficiência alimentar ajustada para GMD e peso metabólico (ARTHUR et al., 2008). Assim
como observado no presente estudo, Van Der Westhuizen et al. (2004), utilizando dados de
teste de desempenho de bovinos Bonsmara, observaram que as características de eficiência
alimentar e de crescimento, nessa sequência, explicaram a maior parte da variação do valor
monetário. Com a proposta de Koch et al. (1963) para bovinos de corte, a eficiência na
forma de CAR é muito importante, desde que haja a disponibilidade de informações dos
animais. Analisando os custos de mensuração do CAR, que ainda são altos, de difícil
mensuração e inviáveis para o sistema comercial é necessário, cada vez mais, avaliar os
animais em rebanhos sob seleção que serão genitores em rebanhos comerciais, a fim de
produzir animais que apresentem um menor consumo alimentar. Considerando-se somente
a dieta a base de feno, o CAR explicou parte da variação (5%) da RLI, enquanto que nos
51
animais alimentados com silagem o CAR explicou 30% da variação da receita. Pode-se
considerar que, ao mesmo tempo que baixo consumo leva a ganhos monetários, alto
consumo pode levar a prejuízos para o sistema em questão. Estes resultados comprovam
que, por menor que seja o aumento no custo de produção do animal, a seleção visando o
CAR é muito importante, pois irá resultar um uma redução no consumo do animal sem que
haja perca nas características de desenvolvimento de ponderal.
A quarta característica a explicar a variação da receita líquida, significativa apenas
para a dieta à base de feno, foi o PTOR. Mercadante et al. (2012) estimaram correlações
genéticas entre PTOR e características de eficiência alimentar de magnitudes moderadas e
de sentido favorável à seleção, concluindo que o PTOR pode ser usado como característica
indicadora de eficiência alimentar. Nesta análise o modelo explicou 51% da variação do
RLI, onde todas as características analisadas influenciaram significativamente a análise.
Quando a dieta foi à base de silagem de milho, somente três características foram
significativas, porém o modelo explicou melhor a receita líquida (RT2 = 76%).
As estimativas de herdabilidade para RLIIZ e RLI foram 0,52±0,11 e 0,34±0,11,
respectivamente. A alta herdabilidade estimada para a RLIIZ se deve a alta correlação entre
o fenótipo (receita líquida) onde este, por sua vez, é influenciado pelo GMD, que também
apresentada uma alta herdabilidade e, além disso, possui alta resposta correlacionada com a
receita líquida e o mérito genético do indivíduo. Analisando os mesmos animais, porém em
uma situação comercial, a herdabilidade passou de alta a moderada, isto porque a receita no
sistema comercial depende tanto do meio quanto da genética do animal, uma vez que estes
animais são comercializados e têm seu valor monetário de acordo com a sua classificação,
sendo esta de acordo com o seu potencial para ganho de peso. O coeficiente de
herdabilidade da rentabilidade individual, estimado por Van Der Westhuizen et al. (2004)
para bovinos da raça Bonsmara na África do Sul, foi de 0,36.
4.2. Receitas e custos – Sistema 1 e 2
A venda de reprodutores multiplicadores testados em PGPs possibilita a melhoria na
qualidade genética dos rebanhos de corte comerciais. O Sistema 1 tem como função
abastecer o Sistema 2 com material genético apropriado para as circunstâncias de produção
52
de bovinos de corte no país. Esta estrutura de rebanho se assemelha à proposta nos estudos
de Ponzoni e Newman (1989) com bovinos Angus na Austrália e por Jorge Jr. et al. (2006,
2007), com bovinos da raça Nelore no noroeste do estado de São Paulo.
O objetivo do Sistema 2, foi a produção de bezerros para venda em duas situações
alternativas, na desmama ou com um ano de idade. Na Tabela 7 estão apresentadas as
receitas obtidas anualmente pela venda dos animais das diferentes categorias nos dois
sistemas de produção estudados, levando-se em conta a situação das vendas já com os
rebanhos estabilizados. Observa-se maior receita para o Sistema 1 quando comparado ao
Sistema 2. Isto porque no Sistema 1 ocorre a venda de touros, que representa maior receita
quando comparada a venda de bezerros desmamados, mesmo que neste último caso a venda
seja em maior quantidade. O valor de venda dos animais selecionados foi maior devido ao
valor genético do animal, sendo este comercializado após a sua avaliação.
Tabela 7. Descrição das categorias animais para composição das receitas Sistemas 1 e 2
Sistema 1
Categoria Peso
média/@ N
Preço/@ de
boi gordoa
Valor total da
categoria (R$)
Vacas vazias 17,33 88 1,00 152.504,00
Novilhas excedentesb
15,00 45 1,44 97.194,72
Bezerras descartadasc 4,70 17 1,00 7.990,00
Machos (12-24 meses) 12,60 166 3,05 637.938,00
Total 895.626,72
Sistema 2
Categoria Peso
média/@ N
Preço/@ de
boi gordoa
Valor total da
categoria (R$)
Vacas vazias 14,00 240 0,90 302.500,80
Novilhas excedentes 10,00 54 1,20 64.800,00
Bezerras descartadasb 3,70 35 1,20 15.540,00
Machos (12-24 meses) 7,33 353 1,25 310.498,80
Total 693.339,60 aArroba do boi gordo = R$100,00, base CEPEA (2013); bNovilhas excedentes são novilhas aptas à
reprodução, que serviram como matrizes em outros rebanhos; cBezerras descartadas por
tipo/desenvolvimento.
53
A proporção de vacas vazias é maior no Sistema 2 devido a menor taxa de prenhez,
uma vez que este sistema visa a produção de arrobas por hectare e, no sistema multiplicador
(Sistema 1) o objetivo é a produção de animais melhorados. Observa-se que a média de
peso no Sistema 1 é maior, resultante da seleção para ganho de peso.
Na Tabela 8 está representada a análise de mercado para observar o impacto das
mudanças nas receitas dos animais com a venda logo após o desmame (P210) ou ao ano
(P378). Estão apresentadas as receitas líquidas esperadas do Sistema 2 caso os machos
fossem comercializados ao desmame ou se os mesmos fossem mantidos no sistema até um
ano de idade e comercializados logo após completar 12 meses, considerando o GMD de
0,240 kg por animal (PEREIRA et al., 2005). Da receita de venda dos animais no P210
foram acrescidos os juros de aplicação do capital por período de cinco meses. Da receita de
venda dos animais no P378 foram subtraídos os custos com suplementação e pastagem.
Tabela 8. Análise de mercado para observar o impacto das mudanças nas receitas dos
animais com a venda de machos aos 210 dias e aos 378 dias de idade (Sistema 2)
P210 P378
Número de animais 353 353
Peso (kg) 180,00 220,00
Valor do animal (R$) 720,00 880,00
Receita bruta referente à venda dos animais (R$) 254.160,00 310.640,00
Custo pasto com a categoria (R$) 0,00 381,57
Custo suplementação com a categoria (R$) a 0,00 13.689,38
Juros do capital empregado a 1% ao mês (R$) 14.232,96 0,00
Receita líquida da categoria no final de P378 (R$) 268.392,96 296.569.05 aSuplementação proteica para toda a categoria para GMD de 0,240 kg/dia/animal (S’THIAGO, 1999).
Comparando-se a receita esperada da venda dos animais no desmame (com sete
meses de idade e 180 kg de peso vivo) com aquela que seria obtida pelos mesmos animais
se fossem comercializados com 12 meses de idade (com 220 kg de peso vivo), houve uma
diferença de R$28.176,09 (Tabela 8). Esta análise foi realizada para dimensionar os custos
e receitas em diferentes estágios da produção animal, evidenciando o melhor momento para
realizar a venda dos animais, ou seja, em qual das duas idades de venda o produtor terá
maior rentabilidade, considerando custos com alimentação e juros do capital durante a
54
recria até a venda. Nesta avaliação foi considerada a receita adicional obtida pela venda de
animais mais pesados e os custos adicionais com alimentação destes animais em 168 dias
que, neste caso, foi considerado o custo de pastagem de Urochloa spp e o custo do
suplemento proteico para suprir as exigências nutricionais durante o período seco do ano
(S’THIAGO, 1999). Este processo de espera, para venda tardia dos animais, é indicando
quando houver a disponibilidade dos recursos necessários (área de pastagens e
suplementação) sendo, neste caso, mais interessante a comercialização destes animais aos
12 meses de idade, levando-se em conta essas suposições.
4.3. Valor econômico
4.3.1 Medidas de Ponderal
O VE é utilizado para identificar características de importância econômica em
diferentes sistemas de produção, para fins de definição de objetivos de seleção. Quando não
calculados corretamente, podem resultar em perdas nas respostas à seleção. É importante
observar que, segundo Kluts et al. (2003), as características que podem afetar a
rentabilidade de um sistema podem não afetar a rentabilidade em outro, pois as
circunstâncias de produção influenciam o VE das características (GROEN et al., 1997). No
presente estudo foram calculados VEs para pesos (P210, P378, P550, PAV) e para
características de eficiência (CMS, EA, CA, ECH4).
Nas Tabelas 9 e 10 estão representados os valores das receitas antes e depois do
melhoramento genético a fim de avaliar seu impacto em cada categoria animal sobre a
característica estudada e nos custos e receitas anuais dos Sistemas estudados. Para isso é
necessário contabilizar os custos e receitas, antes e depois do melhoramento genético das
características melhoradas dos Sistemas de produção animal estudados. O valor monetário
do melhoramento genético de 1% na característica P378 foi de R$13.119,33 para o Sistema
1 e, no Sistema 2, esse valor foi de R$6.527,70 para a mesma característica. Isso significa
que o melhoramento genético é economicamente viável, seja um sistema produtor de
genética ou em sistema comercial.
55
Tabela 9. Custos anuais (despesas com alimentação) e receitas anuais por categoria antes do
aumento de 1% nos valores originais dos pesos médios dos animais nas diferentes
categorias estudadas
Sistema 1 Sistema 2
N Despesa (R$) Receita (R$) N Despesa (R$) Receita (R$)
P210 332 27.307,71 139.440,00
706 69.711,69 253.935,36
P378 166 65.802,43 637.143,00
353 42.567,24 309.372,80
P550 146 48.016,42. 58.676,81
310 50.487,64 56.783,42
PAV 450 167.252,40 133.056,00
1000 274.764,60 291.114,00
TOTAL(1) 166 242.576,53 331.172,81
353 394.963,93 601.832,78
TOTAL(2) 166 308.378,96 828.875,81
353 437.531,17 657.270,22 N= número total de animais da categoria em cada Sistema estudado; TOTAL (1)= Valores totais supondo-se
que os machos foram vendidos aos 210 dia; TOTAL(2)= Valores totais supondo-se que os machos foram
vendidos aos 378 dias.
Na Tabela 9 foram representados os custos (despesas) com alimentação e receitas
anuais referentes a cada categoria de animais de ambos os sistemas estudados, antes do
acréscimo de 1% no valor original das características devido ao melhoramento genético. Na
Tabela 9 também está apresentada a diferença entre os custos e receitas com a venda dos
animais aos 210 dias ou aos 378 dias de vida, antes do melhoramento genético.
Na Tabela 10 foram representados os custos (despesas) com alimentação e receitas
anuais referentes a cada categoria animal, depois do acréscimo de 1% no valor original das
características como resultado do melhoramento genético. Ainda na Tabela 10 está
apresentada a diferença entre os custos e receitas com a venda dos animais aos 210 dias ou
aos 378 dias de vida, depois do melhoramento genético. A parcela do valor da receita que o
lote de animais vendidos acrescenta na receita total da fazenda é muito representativa,
sendo ela de R$497.703,00 para o Sistema 1, já ao analisarmos o Sistema 2 o valor é de
R$55.437,44 a mais do que se a venda acontece logo após o desmame.
56
Tabela 10. Custos anuais (despesas com alimentação) e receitas anuais por categoria após de
1% nos valores originais dos pesos médios dos animais para os dois sistemas
Sistema 1 Sistema 2
N Despesa
(R$)
Receita
(R$)
N
Despesa
(R$)
Receita
(R$)
P210 332 27.580,79 140.727,97 706 70.408,80 256.474,71
P378 166 66.460,46 648.345,00 353 42.992,92 312.466,53
P550 146 48.496,59 59.263,58 310 50.992,51 57.351,25
PAV 450 168.924,92 134.386,56 1000 277.512,25 294.025,14
TOTAL(1) 166 245.002,30 334.378,11 353 398.913,56 607.851,10
TOTAL(2) 166 311.462,76 841.995,14 353 441.906,48 663.842,92
N= número total de animais da categoria em cada Sistema estudado; TOTAL (1) = Valores totais supondo-se
que os machos foram vendidos aos 210 dias; TOTAL (2) = Valores totais supondo-se que os machos foram
vendidos aos 378 dias.
Na Tabela 11 pode-se observar o impacto econômico do aumento de 1% no valor
original de cada característica de peso estudada nos dois sistemas de produção. Esta
diferença representa a magnitude do valor econômico de cada característica e a sua
influência no rebanho. No Sistema 1, dado o sistema de atribuição de valor aos animais
comercializados na PGP, observa-se que o P378 foi a característica de maior impacto
econômico. Embora em menor magnitude, esta foi também a característica de maior
impacto no Sistema 2.
Tabela 11. Número de animais comercializados anualmente de acordo com a categoria
animal e impacto no lucro anual dos Sistemas de produção estudados,
resultante do aumento de 1% no valor original das características peso aos 210
dias (P210), peso aos 378 dias (P378), peso aos 550 dias (P550) e peso adulto
da vaca (PAV)
Sistema 1 – Lucro
N Antes Depois Diferença
P210 227 163.254,07 164.886,61 1.632,54
P378 166 528.963,93 540.165,93 11.202,00
P550 45 8.282,98 8.365,81 82,83
PAV 88 -34.196,40 -34.538,36 -341,96
57
Sistema 2 – Lucro
N Antes Depois Diferença
P210 454 175.929,49 177.688,79 1.759,29
P378 352 13.682,36 16.350,41 2.668,06
P550 59 2.500,45 2.525,46 25,00
PAV 240 16.349,40 16.512,89 163,49
N= número de animais vendidos da categoria em cada Sistema estudado.
O VE obtido para P210 no Sistema 1 foi de R$1,61 e, no Sistema 2, este valor foi de
R$1,45 (Tabela 12). Estes valores são similares aos calculados por Jorge Jr. et al. (2007),
estudando sistemas de produção semelhantes aos avaliados no presente estudo, onde
obtiveram valores de R$ 1,31 para P210 no sistema de cria com melhoramento genético dos
animais e de R$1,16 no sistema de cria, recria e engorda de animais destinados ao abate.
Brumatti (2002), também em condições similares ao presente estudo, obteve valor de
R$0,63 ao acrescentar 1% de peso ao desmame. Já Formigoni (2002), em um sistema
semelhante ao Sistema 2 do presente estudo, obteve VE de R$1,16. Bittencourt (2001), em
estudos conduzidos com um rebanho de cria, obteve VE para P210 de R$ 0,58. As
diferenças observadas entre os VEs obtidos nos estudos citados evidenciam os resultados
obtidos por Phocas et al. (1998) em relação às diferenças observadas, uma vez que os
diversos trabalhos realizados na área diferem entre si em relação à metodologia
desenvolvida e as circunstâncias de criação e produção, além de diferentes características
analisadas, tornando-se difícil à comparação de resultados.
Tabela 12. Valores econômicos obtidos para os sistemas 1 e 2 para peso aos 210 dias (P210),
peso aos 378 dias (P378), peso aos 550 dias (P550) e peso adulto da vaca (PAV)
expresso em kg da característica
Pesos antes do
Melhoramento (1%)
Peso após o ganho
genético de 1%
Valor econômico/kg
(R$)
Sistema 1 Sistema 2 Sistema 1 Sistema 2 Sistema 1 Sistema 2
P210 201,00 171,00 203,00 173,00 1,61 1,45
P378 377,00 220,00 380,80 222,20 16,85 3,45
P550 326,00 240,00 329,30 242,40 0,22 0,08
PAV 520,00 420,00 525,20 424,20 -0,15 0,04
58
Para o P378, o VE foi de R$16,85 para o Sistema 1, refletindo no valor de venda
dos animais em leilões oficiais promovidos pelo IZ (Tabela 12). O preço final destes
animais foi baseado na sua classificação na PGP (Lara et al., 2011). Ao acrescentar 1% no
peso vivo houve reclassificação dos animais na PGP, havendo um acréscimo de
R$11.202,00 na receita final. Os altos valores pagos para os animais comercializados aos
378 dias no Sistema 1 são decorrentes do fato de estes animais serem destinados à
reprodução. No Sistema 2 o VE do P378 foi de R$3,45 (Tabela 12). Deve-se lembrar que,
neste caso, supôs-se que os bezerros foram mantidos em regime de pastagem e seu valor de
venda teve como base o preço da @ boi gordo.
Os VEs obtidos nos Sistemas 1 e 2 indicam que a seleção, tanto para P210, quanto
para P378, seria economicamente desejável, supondo-se que estes animais fossem mantidos
em condições semelhantes às descritas neste trabalho. Os VEs observados para o P210 e o
P378 neste estudo são relativamente altos, indicando que a seleção para tais características
seria rentável. Ainda, de acordo com Gianotti et al. (2005), as estimativas de herdabilidade
para P210 (0,23) e para P378 (0,27) são moderadas, o que indica a possibilidade de se obter
ganhos na seleção.
A mudança no P550, por outro lado, não apresentou nenhum impacto econômico
nos dois sistemas estudados, indicando que, a princípio, não é uma característ ica a ser
incluída em objetivos de seleção em sistemas de produção semelhantes aos estudados. Vale
lembrar que uma possível mudança genética em uma característica, expressa em qualquer
categoria animal, terá seu impacto financeiro positivo somente na receita dos animais
comercializados. O aumento nos custos, por sua vez, refletirá em todos os animais da
categoria no rebanho. Os VEs observados para o P550 foram positivos, sendo maior para o
Sistema 1, no qual a novilha é mais pesada. O impacto econômico anual do aumento no
P550 no Sistema 1 seria de R$0,22, enquanto que no Sistema 2 seria de R$0,08,
considerando-se somente as novilhas comercializadas. Apesar do P550 apresentar
estimativa de herdabilidade moderada, sendo ela de 0,32 (GIANOTTI, et al., 2005), e com
possibilidade de seleção, não há impacto econômico em diminuir ou aumentar o peso da
novilha de corte, por isso não há estudos do valor econômico para essa característica em
bovinos Nelore no Brasil. Os resultados obtidos sugerem que em sistemas onde há uma alta
reposição de fêmeas e em que privilegia-se a venda de vacas adultas para o abate, incluir o
59
P550 nos objetivos de seleção para gado de corte seria desnecessário. A venda de animais
adultos com maior reposição utilizando fêmeas jovens aumenta o ganho genético e diminui
o intervalo de gerações do rebanho, favorecendo o melhoramento genético.
Os VEs para o PAV foram similares nos dois sistemas estudados e próximos de
zero, o que concorda com os resultados obtidos por Jorge Jr. et al. (2007), avaliando
sistemas semelhantes aos do presente estudo, em que os animais do Sistema 1 foram
destinados à reprodução e no Sistema 2 foram vendidos para recria, onde obtiveram valores
de R$ 0,09 para o sistema de cria 1, onde ocorre a venda de reprodutores e constante
melhoramento genético, e de R$-0,16 para o sistema de cria 2, onde os animais são
vendidos para o abate. Estes resultados indicam que a seleção utilizando o PAV não
apresenta impacto econômico, ou seja, a princípio esta característica não precisaria ser
incluída em objetivos de seleção na seleção de animais a serem utilizados nestes tipos de
sistema de produção. Todavia, as características de peso mensuradas em idades jovens são
geneticamente correlacionadas com o PAV, podendo ser interessante a inclusão da mesma
como critério de seleção a fim de explorar os aspectos favoráveis destas correlações.
Na Tabela 13 estão representadas as estruturas de pastagens utilizadas em hectares
para abrigar os animais de cada sistema estudado, antes e depois do acréscimo em 1% no
peso dos animais devido ao melhoramento genético. Foi representada a média anual do
número de animais em cada categoria animal e calculado quantos hectares são necessários
para manter esses animais durante o ano nos sistemas estudados.
Tabela 13. Pastagens (em hectares) utilizadas por cada categoria animal do rebanho por mês
nos Sistemas estudados
Sistema1
Sistema2
Categoria N Antes Depois N Antes Depois
Vacas 450 168 170 1000 900 909
Bezerros 00-12
meses 176 25 25
375 135 136
Bezerras 0-12
meses 176 24 25
375 134 135
Novilhas 12-24
meses 146 35 36
310 165 167
Total 948 252 256 2.060 1.334 1.347
60
4.3.2 Medidas de Eficiência
Os VEs para CMS, EA e CA (Tabela 14) foram calculados somente para o Sistema
1, levando-se em conta o período da PGP (168 dias). O VE do CMS foi de -R$3,92 por
animal, considerando-se o aumento de 1% no seu valor original do CMS dos animais após
o desmame até completar 378 dias de vida, durante o teste de eficiência junto com a PGP.
Jorge Jr. et al. (2007) encontraram o valor de -R$0,45 para uma situação onde realiza o
ciclo de cria completo e a avaliação do consumo foi feita em animais adultos em fase de
terminação, próximo ao abate. Isto mostra que, quanto mais jovem os animais foram
selecionados para o CMS, maior será o impacto econômico na seleção. Para a obtenção dos
VEs da EA e CA considerou-se que o CMS iria ser acrescido em 1% do seu valor original,
mantendo-se os ganhos de peso constantes, ou seja, aumentaram-se apenas os valores do
CMS em ambas situações. Os VEs obtidos para EA e CA foram -R$0,15 e R$1,13,
respectivamente. O aumento em 1% no CMS mantendo-se o mesmo ganho de peso
resultaria na perda de R$0,15 na eficiência alimentar de cada animal avaliado e, ainda, este
aumento no consumo resultaria em um aumento de R$1,13 por animal nos custos de
produção durante a avaliação, para promover o mesmo ganho de peso. Estes resultados
indicam que a seleção para as características de eficiência foi rentável para o sistema de
produção em estudo.
Tabela 14. Valores econômicos das características de eficiência
Características de Seleção Valores Econômicos
Consumo de Matéria Seca (CMS) -R$3,92
Eficiência Alimentar (EA) -R$0,15
Conversão Alimentar (CA) R$1,13
Emissão de Metano (ECH4) R$0,38
O CAR é uma medida eficiência alimentar que independe do peso do animal sendo,
por isto, um critério de seleção mais adequado para a seleção de animais mais eficientes.
No entanto, é uma característica difícil de ser trabalhada como critério de seleção, devido à
dificuldade de mensuração. Uma alternativa, discutida em revisão apresentada por Oliveira
61
(2013), é a seleção realizada com base em índices econômicos de seleção, em que o CAR é
incluído como critério de seleção e o CMS é incluído no objetivo de seleção. Ele cita o
trabalho de Crews et al. (2006), em que propuseram índice econômico para animais em
confinamento que incluía o CAR, o ganho de peso diário (GPD) e o peso aos 365 dias dos
touros testados como critérios de seleção, e o CMS, o peso de abate e o GPD de seus filhos
criados em confinamento nos objetivos. De acordo com os resultados obtidos, o índice
promoveria o aumento do ganho médio diário e a redução no consumo de alimentos, mas
não promoveria mudanças no peso aos 365 dias. O valor econômico foi desenvolvido para
situação de confinamento e, no caso, quanto maior o ganho em confinamento, maior o seria
lucro e então, teoricamente, um menor peso inicial seria mais vantajoso. Desta maneira, o
índice permite manter o peso aos 365 dias aumentando o GPD e reduzindo o CMS. A
desvantagem deste índice é o fato do mesmo não promover o aumento do tamanho dos
animais até os 365 dias. Na conclusão, o autor sugere que seria mais fácil selecionar
animais para CAR, uma vez que esta característica é altamente correlacionada
fenotipicamente com CA, mesmo sendo esta correlacionada negativamente com as
características de crescimento.
Os créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados
emitidos para um agente que alcançou os objetivos na redução da emissão dos gases de
efeito estufa (GEE) (HUSTON; MARLAND, 2003). Por convenção, uma de dióxido de
carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono (FAO, 2011) e, com base nessa
convenção, foram realizados os cálculos das emissões de CH4 nos sistemas estudados.
A redução de 1% na ECH4 em ambos os rebanhos, geraram uma receita de
R$383,53 por tonelada de CH4 vendida anualmente dos sistemas para potenciais
compradores. No Sistema 2 a estimativa das ECH4, baseada em dados reais de emissão
provenientes do Sistema 1, foi de 8.979.916,3 gramas por ano (Anexos G e H). A redução
em 1% nesta emissão resulta em 0,6 e 0,9 toneladas de CH4, respectivamente, para os
Sistemas 1 e 2. Este valor é revertido em créditos de carbono, sendo que cada tonelada de
CH4 é equivalente a 23 toneladas de CO2. A seleção de animais que apresentem menor
emissão de CH4 dependerá da herdabilidade desta característica e da sua correlação com
outras características produtivas e, em última análise, do seu valor econômico
(HERGARTY; MCEWAN, 2010).
62
O VE calculado para a redução da ECH4 para ambos os Sistemas foi de R$0,38 por
redução de 1 kg de CH4 emitido por animal mantido no rebanho, porém esse valor pode
variar de acordo com as cotações dos Creditos de Carbono. Considerando a atual
importância econômica dessa característica, ressalta-se a escassez de estimativas de
parâmetros genéticos para ECH4 em rebanhos de corte zebuínos e a necessidade de tais
estudos. As primeiras estimativas de herdabilidade para a produção de CH4 entérico em
bovinos de corte foram relatadas por Donoghue et al. (2013), utilizando animais da raça
Angus. Estes autores obtiveram estimativas de herdabilidade para a produção diária de
CH4, a produção de CH4 por unidade de consumo de ração e produção de CH4 por unidade
de peso, sendo elas 0,21, 0,19 e 0,23, respectivamente. As estimativas encontradas foram de
baixa a moderada herdabilidade, indicando que pode haver algum potencial para usar a
seleção genética para reduzir as emissões de CH4 em bovinos de corte. Apesar de não haver
uma legislação para comercialização de créditos de carbono provenientes da digestão de
ruminantes, a partir do momento que essa legislação for aprovada pelo Ministério da
Agricultura, será viável a seleção para esta característica, uma vez que seu valor econômico
foi positivo para sua redução.
63
3. CONCLUSÕES
Os resultados apresentados e discutidos neste trabalho sugerem que:
1. A receita líquida individual de um rebanho pode ser um indicador do potencial
econômico dos animais. Todavia, a dificuldade de obtenção de informações
dificultaria seu uso em programas de avaliação genética de bovinos de corte.
Características como ganho médio diário e peso ao desmame, que apresentaram uma
influência significativa sobre esta característica, podem ser mais facilmente incluídos
em critérios de seleção.
2. As características P210 e P378, devido os altos valores econômicos obtidos para as
mesmas neste estudo, deveriam ser incluídas como critérios e objetivos de seleção
em programas de gado de corte no Brasil.
3. Não haveria necessidade da inclusão dos pesos de fêmeas, tanto aos 550 dias, quanto
na idade adulta, em objetivos de seleção para bovinos de corte, dado o baixo impacto
econômico das mesmas nos sistemas de produção abordados neste estudo.
64
4. A redução do CMS pode resultar no aumento do retorno econômico de sistemas de
produção de bovinos de corte. Este impacto desejável pode ser também traduzido na
redução da CA e aumento da EA. A redução do CMS pode também apresentar uma
redução no CAR, o que é desejável.
5. O valor econômico da emissão de metano foi positivo em ambos os sistemas
estudados, levando-se em conta as suposições adotadas neste estudo. Apesar de não
haver uma legislação para comercialização de créditos de carbono provenientes da
digestão de ruminantes, deve-se lembrar que o melhoramento genético é futuro
orientado. Caso uma legislação envolvendo a emissão de gases por animais venha a
ser for aprovada pelo Ministério da Agricultura, já deu-se um início, neste trabalho,
do estudo de um modelo para estudar a viabilidade econômica da seleção para esta
característica.
65
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72
ANEXOS
ANEXO A - Estrutura do modelo bio-econômico desenvolvido - Parâmetros dos rebanhos
dos Sistemas estudados
ANEXO B - Planilha de evolução do rebanho dos Sistemas 1-Rebanho já estabilizado
73
ANEXO C - Planilha de receitas, custos das categorias do Sistema 1 a partir da qual foram
calculados os valores econômicos para seus respectivos pesos
ANEXO D - Planilha de receitas, custos das categorias do Sistema 2 a partir da qual foram
calculados os valores econômicos para seus respectivos pesos
74
ANEXO E - Receitas dos Sistemas estudados com as vendas dos animais nas respectivas
categorias
ANEXO F - Valores econômicos do consumo de matéria seca, eficiência alimentar bruta e
conversão alimentar bruta
75
ANEXO G - Planilha para os cálculos das emissões de metano (ECH4) do Sistema 1 em
pastagem
ANEXO H - Planilha para os cálculos das emissões de metano (ECH4) do Sistema 2
em pastagem