ESCOLA NACIONAL DE EQUITAÇÃO
PROPOSTA PARA A AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO EQUESTRE
José Pedro Leitão do Carmo Costa (Instrutor de Equitação)
Outubro de 2007
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 2
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Cor Cav João Bilstein de Sequeira por ter acreditado em mim, ao me formular
o convite para frequentar este Estágio e assim, dar-me a oportunidade de poder vir um dia
a pertencer ao grupo restrito daqueles que têm a responsabilidade de ostentar um símbolo
que acarreta um enorme orgulho mas, acima de tudo, um sentimento de dever para com
todos os que partilham esta enorme paixão pelo cavalo… Só me resta fazer o possível e o
impossível para corresponder às expectativas.
Ao meu amigo Filipe Canelas Pinto que se lembrou de me pôr a pensar em aceitar o desafio,
oferecendo-se para me apoiar, bem como a todos os restantes colegas de Estágio pela
camaradagem e entreajuda constante, sem a qual este estágio não teria sido tão rico em
troca de experiências e vivências de tão diversos quadrantes do mundo da equitação.
A todos os meus amigos que, de uma forma mais próxima ou mais distante, mais ou menos
directa, me têm dado ânimo e acreditado em mim, os quais não vou enumerar por receio
de me esquecer de algum, mas sem deixar de prestar especial destaque ao Cor Camacho
Soares, sem o qual este estágio não me teria sido possível, e ao Paulo Barreiros Mota, que
me tem servido, ao correr destes já longos anos, de exemplo de dedicação, coragem e
optimismo, e a quem eu muito respeito como pessoa e artista.
À minha mãe pelo apoio incondicional …
À minha mulher e às minhas filhas por me terem dado sempre a força e a orientação,
mesmo com o prejuízo das minhas «ausências», em especial à Mafalda pelo esforço, o
entusiasmo e boa a disposição, sempre pronta a ajudar, mesmo que tal significasse menos
umas horinhas de sono que ela tanto preza.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO
I. CONCEITOS GERAIS
A - Noção de sistema
B - A formação/ensino
C - Competências
D - O Ciclo da Formação
E - Enquadramento da Formação
II. A AVALIAÇÃO
A - A Importância da Avaliação da Formação
B - Avaliação e Metodologias
III. CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EQUESTRE EM PORTUGAL
IV. CONCLUSÕES
A - ORIENTAÇÕES GERAIS PARA A AVALIAÇÃO
B - CRIAÇÃO DE UMA SECÇÃO DE AVALIAÇÃO
C - COORDENADOR DE CURSO
D - METODOLOGIA
E - AVALIAÇÃO DO ENSINO DO CAVALO
V. BIBLIOGRAFIA
VI. ANEXOS
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 4
INTRODUÇÃO
A Formação Equestre tem a particularidade de abranger a interacção de dois seres bastante
distintos – o homem e o cavalo e, por isso, dificuldades acrescidas relativamente a qualquer
outro tipo de formação.
É esta interacção que resulta num processo de ensino tão complexo, por quanto se trata do
ensino de cada um deles, como entes individuais que são, com as inerentes qualidades e
dificuldades que apresentam, mas que dependem um do outro para que o processo de
aprendizagem seja efectivo.
É esta a dificuldade e o desafio do formador, porque nunca tem um só aluno com que se
preocupar: tem sempre, no mínimo, dois.
A Formação Equestre em Portugal tem sofrido, nos últimos anos, uma evolução significativa,
há muito aguardada no que toca a definição de competências das organizações formadoras,
no desenho dos planos curriculares dos cursos, na atribuição de responsabilidades
pedagógicas e no envolvimento de diversas entidades num objectivo comum que é o da
formação equestre que sirva o país.
Muito se tem feito em vários domínios da formação. No entanto, o caminho traçado ainda
estará por percorrer na sua totalidade, não só porque em formação nada está
completamente finalizado, mas também porque em alguns domínios ainda não houve
oportunidade de o traçar.
O domínio que me proponho tratar é o da Avaliação, no qual tem sido já feito um esforço
significativo no campo da avaliação das aprendizagens com vista à certificação de
praticantes e formadores, mas onde ainda há bastante por percorrer no âmbito da avaliação
da qualidade.
Como escreve António Nóvoa (Prefácio da “Avaliação das Aprendizagens”, Domingos
Fernandes, 2005), “A avaliação é a peça central da «modernidade escolar». A partir de
meados do século XIX, deixa de ser possível imaginar processos educativos que não
conduzam a modalidades de julgamento dos alunos e dos seus conhecimentos”.
É esta a avaliação que acaba de ser devidamente estruturada. Importa agora implementar
uma avaliação mais abrangente, que forneça indicadores de sucesso e de insucesso do
processo formativo, que contribua para a constante actualização de procedimentos no que
respeita à avaliação atrás referida, à aferição de critérios de selecção de formandos e
formadores e que contribua eficazmente para a implementação das medidas correctivas
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 5
necessárias – globalmente, aquela que controle e contribua para a garantia da qualidade
do Sistema de Formação Equestre.
É hoje verdade inequívoca que a Qualidade de qualquer organização, seja ela produtiva, de
formação ou de outro domínio, está directamente ligada e completamente dependente da
Avaliação. Sem Avaliação não há a certeza da Qualidade.
O Conselho Directivo do Instituto para a Qualidade na Formação (IQF) no seu Guia para a
Avaliação da Formação, escreve: “avaliar é de fundamental importância no contexto de um
processo formativo, na medida em que permite ajustar a execução ao objectivado, sendo
certo que o conceito de avaliar, pode ser valorizado num contexto bem mais abrangente
mas, pensamos, mais apropriado, e que tem que ver com a noção de Accountabilaty que lhe
subjaz, ou seja, pelos resultados decorrentes da avaliação podemos não somente dar contas
sobre o interesse, efectividade e relevância do trabalho realizado, mas também dar-nos
conta dos ajustamentos a efectuar, seja no decurso do processo, seja na perspectivação de
intervenções futuras”.
É este o desafio que me propus abraçar: estudar a implementação de um Sistema de
Avaliação da Formação Equestre.
A proposta que apresento pretende definir o enquadramento da formação como sistema,
bem como referenciar as suas componentes, procurando contextualizar a avaliação como
parte integrante do sistema de formação; identificar os conceitos subjacentes à avaliação,
de modo a conceptualizá-la, onde me servi da referência imprescindível do Guia do IQF
atrás descrito (Guia para a Avaliação da Formação - IQF, 2006), tomando-o como base de
trabalho para a implementação do Sistema de Avaliação; caracterizar a Formação Equestre
em Portugal, a fim de possibilitar uma primeira análise e a subsequente identificação dos
pontos-chave para a sua avaliação; e a proposta concreta para a implementação de
medidas iniciais, que visem uma primeira abordagem do sistema em causa, a qual designo
como Conclusões.
Não pretendo, com esta proposta, apresentar soluções definitivas, pois em avaliação elas
não são possíveis, dada dinâmica evolutiva a que a formação está sujeita, correndo o risco
de me ver desactualizado no exacto momento em que o primeiro leitor se debruce sobre as
mesmas, mas indicar caminhos a prosseguir, que irão sendo construídos à medida de cada
percurso formativo for tomando forma.
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I. CONCEITOS GERAIS
A avaliação não pode ser vista como um processo isolado e estanque, fruto dos caprichos de
alguns que, por razões alheias aos restantes, resolvem questionar estes últimos sobre tudo
o que fizeram ou deveriam fazer. Ela é, acima de tudo, parte integrante de um sistema com
objectivos próprios, contribuindo para o sucesso desse mesmo sistema.
Assim, não será possível caracterizar a avaliação sem o devido enquadramento de todo o
sistema e a respectiva caracterização dos seus componentes.
Neste capítulo, pretende-se essa mesma caracterização, para que o enquadramento da
avaliação seja possível, passando-se a enunciar alguns conceitos julgados fundamentais
para esse efeito.
A - Noção de sistema
Segundo José Vara (A abordagem sistémica na gestão da qualidade – Revista
“Qualidade”, Nº3 – Outono 2001), “a noção de sistema não é uma descoberta recente.
Desde há muito que os físicos (sistema solar), biólogos (sistema nervoso), matemáticos
(sistema de numeração), etc., utilizavam o conceito nas diferentes áreas da ciência.
Contudo, até recentemente, os cientistas interessados em sistemas complexos
esbarravam nos limites da metodologia. Os únicos instrumentos úteis à disposição eram
os velhos preceitos de René Descartes: dividir e examinar o problema por parcelas e
começar metodicamente pelas mais simples ascendendo, por patamares, até às
questões mais complexas. Os limites do método são evidentes. Tratando-se de estudar
um corpo vivo, não faz sentido cortá-lo em parcelas, estudar cada uma sucessivamente
até reconstituir o corpo original na sua integridade. Quando muito, apreenderíamos algo
sobre a morte.
Só a partir de 1950, cerca de 300 anos depois do Discurso do Método de Descartes, com
o advento da cibernética de Norbert Wiener e a Teoria da Informação de Claude
Shannon, começaram a emergir metodologias e ferramentas capazes de permitir uma
abordagem inversa: a abordagem sistémica.
A organização deve ser vista como um conjunto de subsistemas (ou processos) que
trabalham coordenadamente como um único sistema global, para atingir os objectivos
do negócio”.
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B - A Formação
A Formação é criada para dar resposta à necessidade de implementar medidas
correctivas numa organização, quando é diagnosticada a falta de formação como causa
de insucesso da mesma, ou de garantir a entrada na organização de elementos capazes
de executar tarefas, desempenhar funções e de ocupar cargos, com o máximo de
eficiência.
Em qualquer dos casos, trata-se de garantir que os elementos que compõem a
organização detenham as competências que lhes permitam obter o sucesso desejado.
Como escreveu Almeida de Moura (Anais do Clube Militar Naval, Abril-Junho1995),
“hoje, pensar formação, significa, acima de tudo, perspectivar alternativas para o futuro,
de forma a reconhecer-nos naquilo que fomos e, ao mesmo tempo, percebermos o que
somos. De facto, a velocidade da mudança, a todos os níveis e em todas as áreas da
actividade humana, é de tal forma elevada que, se nos deixarmos ficar pela
“ambiçãozinha” de respondermos apenas às questões de hoje, o risco de andarmos
permanentemente obsoletos é muito grande”.
Há FORMAÇÃO sempre que há lugar a uma:
“intervenção que visa contribuir para a emergência de uma resposta
comportamental nova”
Jean Berbaum
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A formação tratará então de seleccionar formandos com determinadas competências,
para lhes possibilitar o desenvolvimento dessas competências e a aquisição de outras,
necessárias ao futuro desempenho numa determinada organização, ou colmatar lacunas
comportamentais dos activos da organização, que não detenham as competências
necessárias, como se mostra no seguinte diagrama:
DETEÇÃO DE UM PROBLEMA
através da comparação dos objectivos planeados com os
alcançados (avaliação da eficiência)
IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA
OUTRAS CAUSAS
A CAUSA É A FALTA DE
FORMAÇÃO
SOLICITAÇÃO DE ACÇÃO DE FORMAÇÃO
SELECÇÃO DE ELEMENTOS COM O PERFIL DE COMPETÊNCIAS
NECESSÁRIO
AJUSTAMENTO DO PERFIL DE COMPETÊNCIA
S
ORGANIZAÇÃOORGANIZAÇÃOORGANIZAÇÃOORGANIZAÇÃO
ENTIDADE FORMADORAENTIDADE FORMADORAENTIDADE FORMADORAENTIDADE FORMADORA
PERFIL DE FORMAÇÃO ACÇÃO DE FORMAÇÃO
Figura 1 – Sistema de Formação
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C - Competências
Como se pode observar na Figura 1, a formação é um meio para garantir que os
elementos de uma organização detenham as competências necessárias à obtenção da
eficiência dessa mesma organização.
Assim, importa definir competência:
Segundo Silva, A. et al (Das Competências à Excelência – Revista de Psicologia Militar
Nº 16 – Centro de Psicologia Aplicada do Exército), “o movimento das competências
teve início na década de sessenta nos Estados Unidos da América com a contestação de
diferentes autores acerca da validade dos traços de personalidade como predictores do
desempenho (Ghiselli, 1966, Mischel, 1968 e McClelland, 1973).
Para McClelland o melhor preditor para aquilo que uma pessoa é capaz de fazer ou irá
fazer, é aquilo que ela espontaneamente pensa e faz numa situação não estruturada, ou
então aquilo que ela já fez em situações passadas.
Passo a descrever algumas definições de vários autores que, não sendo contrárias, julgo
que se complementam e, em conjunto, contribuem para a compreensão do conceito de
competência:
“A competência não se encontra no conhecimento, capacidade ou atitude, mas na
mobilização destas características para a acção”.
(Boterf, 1995)
“A competência requer existência de saberes e capacidades mas não se reduz a isto. É
preciso saber agir em situação. Possuir saberes ou capacidades não significa ser um
profissional competente. Poderemos conhecer as técnicas ou regras da Gestão e não as
sabermos usar no momento oportuno”.
(Boterf, 2003)
“(…) uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada
em conhecimentos, mas sem se limitar a eles.”
(Perrenoud, 1999)
“Uma competência representa a eficácia do saber e do saber fazer quando se realiza
uma tarefa. Resulta de uma experiência profissional, observa-se objectivamente a partir
de um posto de trabalho e é validada pela performance profissional”.
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“O conceito de competência profissional não se limita ao conhecimento. Envolve acção
contextualizada e circunstanciada; implica um saber fazer intencional, percebendo por
que se faz de uma maneira e não de outra. Implica, ainda, saber que existem múltiplas
formas ou modos de fazer”.
“A competência profissional traduz-se assim na capacidade de articular, mobilizar e
colocar em acção valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho
eficiente e eficaz das actividades requeridas pela natureza do trabalho”.
“A lógica da competência não se prende somente às actividades escolares. O que
interessa, essencialmente, não é o que a escola ensina, mas sim o que o aluno aprende
nela ou fora dela. O que conta, efectivamente, é a competência desenvolvida. Assim,
apenas se justifica o desenvolvimento de um dado conteúdo quando este contribui
directamente para o desenvolvimento de uma competência profissional”.
(Guittet, 1994)
Determinação das Competências
O Exército português sentiu a necessidade de organizar toda a formação dos seus
quadros tendo por base os perfis de competências dos mesmos. Para isso, será essencial
adoptar uma metodologia para o levantamento desses perfis, que possibilite a
construção dos respectivos perfis de formação e o subsequente desenho dos cursos.
Foi assim criado o Projecto de Educação e Formação do Exército (PEFEx) que, sendo um
projecto indiscutivelmente inovador em Portugal e dada a importância que ele tem para
este trabalho, passo a transcrever um excerto da introdução do Manual Metodológico da
Análise Funcional do PEFEx, com o intuito de contextualizar a avaliação da formação nos
sistemas de formação no nosso país:
“Perante uma organização laboral claramente marcada pela inadequação entre os
programas de formação e a realidade das e nas empresas, existe a necessidade de
lançar mão de um mecanismo capaz de preencher e superar essa lacuna, articulando os
dois pólos (formação e desenvolvimento) num movimento de afirmação horizontal
(incluindo e abrangendo todo o espectro empresarial, organizacional e pessoal) e
vertical (nos diferentes níveis de responsabilidade, da base ao topo).
O Exército português tem vindo a promover diligências no sentido de obter a
colaboração de organizações responsáveis pelo levantamento e construção de modelos
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 11
de referenciais de competências e referenciais de formação, procurando garantir, deste
modo, quer a qualidade da formação, quer a transferibilidade das competências
adquiridas pelos militares para outros contextos, não tendo obtido até ao momento, um
consenso quanto quer ao nível das estruturas conceptuais, quer das metodologias e
modelos de referencial, quer ainda ao nível da avaliação de competências. Assim,
através do seu Comando da Instrução, após aturado estudo, escolheu a Análise
Funcional como modelo capaz de levantar um adequado quadro referencial de
competências.
Por Análise Funcional entende-se a técnica de identificação de competências
profissionais, requeridas por uma função produtiva que considera o
desempenho laboral de cada trabalhador numa relação sistémica quer com as
outras funções, quer com o propósito da organização ou sector em que está
inserido.
Pode ser desenvolvida ao nível do cargo, de um sector no seio de uma
organização laboral, da própria organização no seu todo ou a partir de um
grande grupo profissional definido na Classificação Nacional das Profissões”.
Elementos de Competência
Também ainda do Manual Metodológico da Análise Funcional do PEFEx retira-se que:
“o desenvolvimento da Análise Funcional detém-se no momento em que a pergunta “O
que é necessário fazer para cumprir a etapa anterior?” encontra uma função (que se
reporta a uma realização particular) que pode ser desempenhada por uma pessoa.
Assim os Elementos de Competência correspondem a funções de último nível no mapa
funcional. São o último patamar da Análise Funcional. São realizações profissionais
particulares e distintas, passíveis de serem autonomamente reconhecidas no seio de
uma Unidade de Competência (Para cumprir esta ou aquela Função Básica (Unidade de
Competência) que actividades ou comportamentos deve efectuar o trabalhador?). São
meramente formais e operativas e correspondem à descrição de realizações que são
alcançadas por uma pessoa no âmbito da sua ocupação. Referem-se a uma acção ou
comportamento representados sobre a forma de resultado.
Por esta razão, a redacção dos Elementos de Competência deve ser efectuada com o
cuidado necessário para que seja possível articular o seu enunciado com uma frase do
tipo “a pessoa deve ser capaz de…”. Se tal enlace não for técnica ou gramaticalmente
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possível, o elemento de competência está metodologicamente mal levantado e não
poderá ser transposto para uma qualquer unidade de formação no âmbito de uma
norma ou certificação de competências.”
� O conhecimento é entendido como o saber – Domínio Cognitivo
� A habilidade refere-se ao saber fazer relacionado com a prática do trabalho,
transcendendo a mera acção motora – Domínio Psicomotor
� O valor e a atitude expressa-se no saber ser, na atitude relacionada com o
julgamento da pertinência da acção, como a qualidade do trabalho, a ética do
comportamento, a convivência participativa e solidária e outros atributos humanos,
tais como a iniciativa e a criatividade – Domínio Afectivo
Referencial de Formação
Do Manual Metodológico da Análise Funcional do PEFEx retira-se também:
“A transferência do referencial de competências para o referencial de formação deverá
ser feita de forma criteriosa de forma a não gerar conflitos de correspondência. Assim,
para efeitos de formação e uma vez que as Unidades de Competências levantadas em
cada referencial correspondem a um conjunto de práticas/actividades profissionais
dotadas de valor e importância suficiente que permitam a execução da função chave de
um cargo, do qual se afirmam como traves-mestras e, por esse motivo estejam a ele
agregadas, normalmente associa-se uma unidade de competência a um módulo de
formação.
Estes módulos são pois conjuntos de saberes ordenados por afinidade
profissional e formativa, directamente agregados a exigências contidas no referencial
de competências. Para além de permitirem estabelecer a correspondência ao nível dos
conteúdos com os módulos de formação, as unidades de competência permitem
também, implicitamente, estabelecer os requisitos do pessoal docente, espaços e meios
didácticos e metodologias a incluir no referencial de formação.
A construção de um referencial de formação levantado a partir do referencial de
competências estabelece, pois, uma correspondência entre uma unidade de competência
e um módulo de formação desdobrando-se numa outra (correspondência) entre uma
realização profissional (elemento de competência) e uma unidade de formação ou
unidade didáctica.
A partir desta clarificação conceptual torna-se importante clarificar uma outra que lhes
está intrinsecamente associada e que tem a ver com a formulação dos diferentes
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objectivos para cada uma das molduras formativas. Cada uma delas tem subjacente um
objectivo que não se pode limitar a ser caracterizado pela dimensão temporal da
formação
Assim, partindo do princípio de que cada um daqueles modelos de formação está
directamente conectado com um determinado tipo de desempenho esperado,
desempenho para o qual é suposto preparar o formando, então os diferentes objectivos
devem ser adaptados a essa mesma moldura.”
Qualquer acção de formação (curso) deverá ser objecto de um cuidado estudo,
orientado para o objectivo final do curso (aquisição de competências). Para garantir a
eficiência de um curso, o seu desenho seguirá todo um processo que terá que obedecer
a princípios alicerçados em etapas bem definidas (Análise Sistémica da Formação).
D - O Ciclo da Formação
1. Análise Sistémica da Formação
Antes de se propor a realização de um curso, deve-se procurar responder às
seguintes questões:
Formar quem, para fazer o quê, quando, com que meios e com que profundidade?
Quem pretende conceber formação sem conseguir responder antecipadamente a
estas questões, estará a pôr em risco todo o projecto formativo, condenando-o ao
fracasso.
O Instituto para a Qualidade na Formação (IQF), no seu Guia para a Concepção de
Cursos e Materiais Pedagógicos (GCCMP), vai mais longe, enunciando algumas
questões de resposta obrigatória:
� “Qual è exactamente o problema ou desafio?
� Qual é exactamente o valor acrescentado que a proposta deve incluir?
� O que é que os clientes directos e indirectos ganham com essa proposta?
� Quais os resultados alcançados pelas pessoas, pelas equipas e pelas
organizações envolvidas?
� São claros e conhecidos os investimentos necessários à concepção e
implementação da proposta formativa?
� Os momentos críticos de concepção e implementação da proposta formativa
(que remetem para decisões críticas) são alvo de reflexão e legitimação pela
gestão e/ou cliente dos produtos e acções em realização?”
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Em meados do Século XX surgiu uma metodologia para procurar dar resposta às
questões que envolvem o processo formativo, designada “Análise Sistémica da
Formação, que teve como base a sistematização do processo de análise concepção
e condução da formação.
A Figura 2 representa as etapas a percorrer, então preconizadas:
E porque estas etapas se fecham num ciclo, passando a chamar-lhe Ciclo da Formação, o
IQF apresenta-as da seguinte forma, designando-as como domínios:
AAnnáálliissee
AAvvaalliiaaççããoo
IImmpplleemmeennttaaççããoo CONDUÇÃO DOS
CURSOS
AANNÁÁLLIISSEE DDEE
FFUUNNCCÕÕEESS
SELECÇÃO E ANÁLISE TAREFAS
DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS
VALIDAÇÃO DA FORMAÇÃO
MODIFICAÇÃO E ACTUALIZAÇÃO SE
NECESSÁRIO
CCoonncceeppççããoo
DETERMINAÇÃO DOS CONTEÚDOS
Figura 3 – Ciclo da Formação (Guia para Concepção de Cursos e Materiais Pedagógicos – IQF)
Figura 2 – Análise Sistémica da Formação (Manual da Escola Prática de Infantaria)
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 15
sendo o domínio da Concepção composto pelas seguintes Fases:
descrevendo-as da seguinte forma:
“FASE I – Analisar contextos de partida: Visa sinalizar competências a desenvolver e
construir para a definição de objectivos de aprendizagem, com base no
pressuposto de que os objectivos consistem na tradução pedagógica das
competências pré-identificadas.
FASE II – Desenhar a proposta formativa: Visa delinear itinerários de aprendizagem
referenciados a contextos e públicos-alvo, focalizando a equipa de concepção na
agregação dos objectivos de aprendizagem e na construção do próprio itinerário
a desenvolver.
FASE III – Organizar as sequências pedagógicas: Partindo da definição de objectivos,
agregados em módulos a desenvolver, visa contribuir para a sinalização e
sequenciação de conteúdos a incorporar nas soluções formativas, assim como
identificar as melhores estratégias pedagógicas a aplicar.
FASE IV – Realizar recursos técnico-pedagógicos e preparar equipamentos de
apoio: Visa apoiar a equipa de concepção na construção/identificação de
recursos técnico-pedagógicos e suportes de apoio a utilizar, quer pela equipa de
facilitadores (formadores, monitores, tutores …), quer pelos participantes na
formação.
Figura 4 – Modelo ADORA (Guia para Concepção de Cursos e Materiais Pedagógicos – IQF)
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 16
FASE V – Avaliar a estratégia pedagógica: Visa apoiar o utilizador na construção da
estratégia avaliativa mais adequada às características da proposta pedagógica
previamente concebida.”
Assim se pode observar que, segundo o IQF, a avaliação faz parte integrante do processo
formativo, considerada uma das fases do Ciclo da Formação (Domínio da Avaliação),
sendo a estratégia avaliativa definida logo aquando da concepção da formação.
E - Enquadramento da Formação
A Formação deve ser organizada de acordo com os objectivos definidos, escalonados por
níveis.
Os níveis de objectivos a definir deverão ser os seguintes:
� Objectivos do curso;
� Objectivos do módulo;
� Objectivos da sessão;
� Objectivos de uma actividade pedagógica.
Assim, a estrutura de uma acção de formação deverá estar definida através dos
seguintes documentos:
� Plano de Estudos (Estrutura Curricular, Plano Curricular):
Documento que integra, de forma estruturada, as unidades de formação (disciplinas
e/ou módulos), as componentes de formação e as cargas horárias da acção de
formação – descreve apenas quais componentes de formação e as suas cargas
horárias.
� Conteúdo Programático:
Descrição dos Objectivos de uma determinada disciplina ou componente de formação
– descreve quais os objectivos do curso (da disciplina e/ou dos módulos da
disciplina), gerais e específicos, devendo atribuir carga horária aos vários objectivos,
bem como metodologias pedagógicas e de avaliação a adoptar.
� Plano Guia de Sessão (Plano de Lição):
Descrição das partes essenciais que compõem a lição, estabelecida segundo uma
sequência lógica, progressiva e prática e onde se indicam as técnicas (métodos) a
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 17
ser utilizadas – é elaborado pelo formador, para planeamento pormenorizado da
sessão quanto à sequência das acções, aos métodos pedagógicos a aplicar, aos
meios didácticos a empenhar e a todas as condicionantes que mereçam ser
equacionadas para a obtenção do êxito da sessão – nele estarão descriminados os
objectivos da sessão, que decorrem dos objectivos específicos da disciplina ou
módulo, e os objectivos das actividades pedagógicas.
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II. A AVALIAÇÃO
A - A Importância da Avaliação da Formação
Como escreve Domingos Fernandes (Avaliação das Aprendizagens, 2005), “há anos que é
geralmente reconhecida na literatura a necessidade de mudar e de melhorar as práticas de
avaliação das aprendizagens dos alunos, que estão claramente desfasadas das exigências
curriculares e sociais com que os sistemas educativos estão confrontados. Apesar disso,
continuam a predominar práticas de avaliação que, no essencial, visam a
classificação dos alunos, em detrimento de práticas de avaliação que visem a
melhoria das aprendizagens.”
Cristina Margarida Salgado, no seu livro Avaliação da Formação, refere que “a aquisição de
níveis de qualidade, por parte dos indivíduos, pressupõe o envolvimento em actividades de
formação, contextos de ensino e aprendizagem, capazes de fornecer os meios necessários à
evolução e ao aperfeiçoamento das potencialidades que possuem.
Avaliar esta qualidade, ou seja, a aptidão para o uso do saber e do saber fazer que vem
sendo transmitido, pressupõe um processo de recolha e veiculação de informações
desencadeador de novos sistemas interactivos.
A avaliação da qualidade a que referimos deve caminhar ao lado de percursos de
formação e de ensino, de modo a formular atempadamente juízos de valor, que
colocam à disposição de quem decide os elementos necessários para alterar e
aperfeiçoar as estratégias de implementação e de abordagem técnica de novos
sistemas formativos”.
Ora se, por um lado, a avaliação é ferramenta fundamental para a garantia da qualidade de
qualquer sistema de formação, ela é também indispensável para a obtenção de informação
contribua para a definição de novos contextos de partida para o desenho da formação, ou
seja, para a orientação do sistema de formação quanto à oportunidade das suas acções de
formação, face às necessidades do mercado do trabalho. Cristina Margarida Salgado, no
mesmo livro Avaliação da Formação, acrescenta:
“As inovações sucedem-se a um ritmo impressionante e, neste contexto, os homens são
chamados a viver mais depressa, sem contudo poderem negligenciar a necessidade de
«correr» melhor, com a «qualidade» necessária para poderem competir com os demais.
Esta situação coloca-nos perante uma realidade: é que os conhecimentos que
possuímos caducam rapidamente, por vários motivos, e as próprias necessidades de
conhecimento vão sendo alteradas e plurifacetadas. A esta realidade, onde a transitoriedade
corresponde ao traço predominante, tem que corresponder uma instituição Escola
estruturada em moldes diferentes, e a um ensino e uma formação adaptados ao
mundo laboral onde irão desaguar os seus produtos”.
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Cristina Margarida Salgado coloca no mesmo palco do processo formativo os seguintes
actores: as Empresas, as Escolas, os Professores, os Formadores e os Formandos, cabendo
às Empresas e às Escolas definir em conjunto as “competências requeridas para o exercício
de uma função, para poder identificar as necessidades de formação”, chamando a atenção
para a evidência da necessidade de definir estratégias que permitam avaliar os efeitos do
ensino e da formação, de modo a poder «repor», no mercado de trabalho, as
competências profissionais que é preciso adquirir”, mensagem esta que a autora
procurou ilustrar através do seguinte esquema:
A avaliação constitui-se como uma das fases integrantes do ciclo da formação, que
materializa o controlo de qualidade aplicável, necessariamente, a todas as áreas do
Sistema de Formação, que tem que preconizar e operacionalizar um subsistema de
avaliação, cujos instrumentos permitam:
a. Determinar o grau em que estão a ser atingidos os objectivos da formação;
b. Determinar o rendimento que está a ser retirado dos recursos disponíveis;
Figura 5 – Vertentes estratégicas da avaliação
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 20
c. Revelar pontos fortes e fracos na aprendizagem dos alunos e fornecer informação que
possa ser usada na melhoria da formação e da própria avaliação;
d. Fornecer aos docentes informação de retorno sobre os conteúdos ministrados e os
métodos utilizados;
e. Fornecer um incentivo ao aluno para a aprendizagem;
f. Reforçar a aprendizagem conseguida na formação;
g. Proporcionar bases para a classificação e escalonamento de quem aprende.
Assim, constata-se que a avaliação mede a aprendizagem, verifica a correcta
determinação e construção dos objectivos da formação, concorre para a obtenção
da garantia da qualidade do sistema, contabiliza o investimento feito e o produto
obtido, e permite executar as alterações necessárias.
Considerando que uma acção de formação, uma vez efectuada, não mais será esquecida por
quem a recebeu, sendo quase sempre uma oportunidade única de formar bem, pois ela não
se irá repetir com o mesmo formando a não ser que este não atinja os objectivos mínimos,
percebe-se que um sistema de avaliação eficiente será uma ferramenta fundamental para
que as experiências tidas por quem recebe a formação sejam inesquecíveis no sentido
positivo.
Alguns problemas encontrados no domínio da avaliação:
O Instituto para a Qualidade na Formação (IQF), no seu Guia para a Avaliação da
Formação (GAF), indica que em 15 de Maio de 2006, existia uma proporção de 5% de
entidades acreditadas no domínio da avaliação para um total de 1628 entidades formadoras
acreditadas.
Este fraco investimento na avaliação poderá ser interpretado como:
� Falta de atenção por parte dos vários intervenientes na formação para a
importância da avaliação na acreditação de todo o sistema, ou ainda ser fruto
de uma mentalidade que evidencia receios quanto às possíveis consequências
da avaliação, fazendo jus ao velho ditado “quem não deve não teme”, ou ainda por
se entender que um sistema de avaliação consistente implica custos acrescidos de
mão de obra qualificada, bem como de tempo e meios;
� Falta de investimento no sistema de avaliação, antes de este ser posto em
prática, definindo com a devida antecedência as estratégias de avaliação a serem
seguidas.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 21
� O não aproveitamento dos resultados da avaliação nas correcções a efectuar,
tornando todo o processo de avaliação inútil.
B - Avaliação e Metodologias
Importa aqui enunciar alguns conceitos no âmbito da avaliação. Assim:
Validação:
Do Regulamento Geral de Instrução do Exército (RGIE), validação é a “recolha e
tratamento de informação, visando, se necessário, introduzir as acções correctivas
necessárias para aumentar a eficácia da instrução.
O termo validação é empregue em dois sentidos – validação interna e externa.
A validação interna é composta por todos os actos individualizados de medição que se
destinam a verificar se os objectivos do curso foram atingidos.
A validação externa é também composta por todos os actos individualizados de medição,
mas destinados a verificar se os objectivos do curso se mantêm relevantes para as
necessidades da execução das funções/cargos”.
Certificação:
Do Sítio do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) –
Parcerias para o Crescimento, “certificar consiste em demonstrar a conformidade das
características de um produto, serviço ou sistema face a um documento de referência
preciso que estabeleça e quantifique os parâmetros que devem ser verificados”.
Do Glossário do RGIE, Certificação Profissional é a “comprovação da formação,
experiência ou qualificações profissionais, bem como, eventualmente, da verificação de
outras condições requeridas para o exercício de uma actividade profissional”.
A certificação materializa-se pelo reconhecimento da mesma através de um documento
comprovativo.
Acreditação:
Do Sítio do IQF a “Acreditação é uma operação de validação técnica e de reconhecimento da
capacidade de uma determinada entidade para intervir no âmbito da formação profissional
(organizar e realizar cursos mas, também, diagnosticar necessidades de formação, avaliar
impactos...)”.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 22
Assim como a certificação, a acreditação materializa-se pelo reconhecimento da mesma
através de um documento comprovativo.
Do RGIE retira-se o seguinte:
“O termo avaliação é empregue em dois sentidos – restrito e lato:
Em sentido restrito, avaliar é entendido como acto individualizado de medição, que
consiste na comparação dos saberes apreendidos com os níveis definidos nos objectivos
de aprendizagem, visando aferir o grau de aprendizagem obtido. Tem uma carácter
classificativo e processa-se através da observação contínua, realização de testes, provas
e trabalhos práticos, entre outros - Avaliação Sumativa.
Em sentido lato, avaliar é entendido como um conjunto de tarefas de medição de
todas as actividades de um curso, com vista à determinação do seu valor global.
Ultrapassa a medição associada a um teste e não se limita à verificação de aquisição dos
objectivos de aprendizagem definidos ou à sua utilidade para as funções, mas a
determinar a globalidade dos benefícios organizacionais ou financeiros de um curso ou
programa de ensino/instrução - Avaliação Formativa.”
Como exemplo, enuncia-se o definido pela Portaria nº 550-A/2004, de 21 de Maio, que
aprova o regime de organização, funcionamento e avaliação dos cursos tecnológicos de
nível secundário de educação onde, nos seus Artigos 14º e 15º se lê o seguinte:
“Artº 14º
1 - A avaliação formativa é contínua e sistemática e tem função diagnostica,
permitindo ao professor, ao aluno, ao encarregado de educação e a outras pessoas ou
entidades legalmente autorizadas, obter informação sobre o desenvolvimento das
aprendizagens, com vista à definição e ao ajustamento de processos e
estratégias.
2 – (…)
3 – Compete ao órgão de direcção executiva da escola, sob proposta do conselho de
turma, a partir dos dados da avaliação formativa, mobilizar e coordenar os recursos
educativos existentes, com vista a desencadear respostas adequadas às necessidades
dos alunos.
4 – (…)
Artº 15º
1 – A avaliação sumativa consiste na formulação de um juízo globalizante sobre
o grau de desenvolvimento das aprendizagens do aluno e tem como objectivos
a classificação e a certificação.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 23
2 – (…)
3 – (…)”
A avaliação e a validação são processos contínuos, constituindo-se como contributo
fundamental para o controlo de qualidade.
A avaliação deverá encontrar indicadores para a melhoria das seguintes acções:
− A selecção dos formandos;
− A escolha dos formadores e dos Directores de curso;
− Identificação das competências e objectivos de aprendizagem;
− A adequação dos conteúdos programáticos aos conhecimentos e características dos
formandos;
− A avaliação das aprendizagens;
− A avaliação dos formadores;
− A audição de todos os participantes no sistema de formação;
− A racionalização e rentabilização de todos os meios de apoio;
− A adequação do ambiente envolvente da formação;
− A verificação da adequabilidade e da aplicação dos conhecimentos.
Apesar das várias abordagens por autores que, ora focam a sua atenção na avaliação
centrada na verificação cumprimento dos objectivos pré estabelecidos, ou na
monitorização de todo o processo formativo, ou no desempenho junto das organizações
destinatárias, a escolha em que se baseia esta proposta recai no GAF, elaborado pelo
IQF, e por diversas entidades que com ele colaboraram, por reconhecer que a
intervenção na elaboração deste trabalho é fundamental, não sendo possível elaborar
qualquer proposta de avaliação para um qualquer sistema de formação, contornando
este trabalho.
Assim, cabe-me fazer justiça mencionando este Guia como referência constante nesta
proposta que, como naquele guia metodológico, “o conceito de avaliação será entendido
como o processo que possibilita a monitorização sistemática de determinada intervenção
formativa, recorrendo para o efeito a padrões de qualidade de referência explícitos ou
implícitos, com vista à produção de juízos de valor que suportem a eventual tomada de
decisões” (Cardoso, 2003).
A especificidade de cada organização obriga-as à escolha de uma estratégia e modelo
próprio de avaliação.
Nunca esquecendo que o fundamental é a utilidade da informação a produzir,
cada organização terá que aferir o investimento a fazer, face ao grau de complexidade
que cada um dos métodos poderá acarretar.
De preferência deve ser aproveitada a experiência adquirida por outras organizações,
bem como a própria experiência, à medida que os ciclos avaliativos se vão sucedendo.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 24
Como se afirma no Guia para a Avaliação da Formação do IQF, “um dispositivo de
avaliação que recorra a sistemas de medição complexos e exigentes do ponto de vista
do tratamento dos respectivos resultados, pode desencorajar a participação dos seus
beneficiários ao longo da respectiva implementação”.
Um sistema de avaliação só terá razão de existir, se as conclusões apresentadas forem
devidamente fundamentadas com dados credíveis, pelo que, o desenvolvimento da
estratégia avaliativa, o planeamento da execução da mesma e o cuidado na escolha dos
seus intervenientes não podem ser menosprezados.
A credibilidade das conclusões da avaliação, depende ainda da isenção dos
intervenientes directos, bem como do envolvimento de quem é avaliado. Tal só será
conseguido, dando a necessária “transparência” a todo o sistema avaliativo
através da difusão dos objectivos da avaliação, demonstrando o evidente contributo que
a mesma trará à organização e aos seus constituintes.
Considerando que as várias abordagens atrás referidas, centradas na verificação
cumprimento dos objectivos pré estabelecidos, na monitorização de todo o processo
formativo, ou no desempenho junto das organizações destinatárias são, na minha
opinião, todas elas complementares e indissociáveis, e que a proposta deverá ser o mais
completa possível, venho propor a conjugação de todas elas, tendo em conta as
especificidades de cada acção de formação, uma vez que a formação de âmbito equestre
varia na razão da duração da acção de formação, do grau de complexidade da formação,
do grau etário dos formandos, da tipologia de objectivos da formação, etc.
A conjugação das várias abordagens avaliativas contará com as seguintes características
de cada uma delas:
Centradas na verificação cumprimento dos objectivos pré estabelecidos:
� Quando a avaliação compara os resultados obtidos pelos formandos com os
objectivos propostos (verificar as discrepâncias).
� São aplicadas no final de cada acção de formação ou de cada módulo;
� Não dão a capacidade de intervir durante a acção de formação, corrigindo os erros
detectados, com as consequências que tal acarretará;
� As correcções só serão possíveis na acção de formação subsequente.
Centradas na monitorização de todo o processo formativo:
� Quando dá prioridade a todo o processo formativo, procurando monitorizar todo o
processo, de forma a implementar as correcções necessárias com oportunidade.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 25
� Têm a grande vantagem de fornecerem dados em tempo oportuno para que se
apliquem as necessárias correcções ainda durante a acção de formação, garantindo
uma maior taxa de sucesso de objectivos atingidos;
� Têm, por sua vez, o grande inconveniente de, para acções de formação de muito
curta duração, não terem oportunidade para o aproveitamento da sua aplicação.
Centradas no desempenho junto das organizações destinatárias:
� Quando se procura comparar as competências julgadas adquiridas pelos
formandos, com as demonstradas no empregador; tem lugar após a formação;
� São excelentes indicadores da aplicabilidade e fundamentação das acções de
formação, contribuindo para aumentar o grau de objectividade das mesmas;
� As correcções a introduzir só poderão ter resultados a médio prazo, pelo que exige
paciência e visão estratégica por parte de quem planeia e dirige o processo
avaliativo, bem como o sistema de formação;
� Poderá não ser de difícil aplicação quando a organização que organiza a acção de
formação é a própria destinatária.
A conjugação de todas estas abordagens resulta numa avaliação a ter lugar nos
seguintes momentos:
− Antes do início da formação;
− Durante a formação;
− No final da formação;
− Após a formação.
Tanto a construção dos instrumentos de medida como o processo de tratamento dos
dados devem ser equacionados de forma a eliminar o mais possível o grau de
subjectividade inerente a qualquer sistema de avaliação. É fundamental saber-se
concretamente que tipo de informação se pretende recolher quando se escolhem os
métodos. O grau de subjectividade pode ser minorado através de vários processos, dos
quais destaco os seguintes:
� Validação dos instrumentos de avaliação a aplicar (garantindo sua objectividade e
clareza;
� Triangulação de dados;
� Repetição das medições (eliminando resultados duvidosos).
Embora a Análise Sistémica da Formação, bem como o Ciclo da Formação situem a
avaliação no final de cada um dos ciclos, a avaliação deve intervir durante todas as fases
do ciclo.
Cristina Margarida Salgado (Avaliação da Formação, 1997) afirma que “interessa conhecer
a qualidade existente no percurso pedagógico, efectuado ao longo do processo formativo,
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 26
no que respeita à sua concepção, às estruturas, meios e métodos disponibilizados para o
efeito”.
A proposta do IQF (GAF) sugere que a intervenção da avaliação se realiza ao longo de
todo o Ciclo da Formação, da seguinte forma:
Fase do Ciclo
Formativo Acção da Avaliação
Diagnóstico
• Indaga sobre as características dos participantes na formação
• Sinaliza factores críticos de sucesso associados ao desempenho desejado
• Sinaliza competências críticas a acompanhar/avaliar
• Indaga sobre características dos contextos de integração profissional dos
formandos
Planeamento
• Verifica a oportunidade dos timings para a realização da formação
• Verifica se existe alinhamento entre propostas de intervenção formativa e
competências críticas sinalizadas no diagnóstico
• Procura sinalizar factores críticos de sucesso associados ao projecto de
formação a desenvolver
• Verifica a existência de linhas orientadoras para a intervenção subsequente dos
vários actores a mobilizar para a formação
• Analisa contributos de parcerias a implicar no projecto de formação
• Verifica a adequação de recursos humanos e materiais face a exigências das
soluções formativas em causa
• Procura evidências concretas que demonstrem o acolhimento de anteriores
recomendações/aprendizagens de projectos anteriores
Concepção
• Analisa a forma como os objectivos foram descritos;
• Contribui para a clarificação dos critérios de êxito a alcançar
• Avalia a adequação das propostas programáticas e respectiva sequenciação
face a objectivos a alcançar e características dos públicos destinatários
Organização
• Avalia/monitoriza a adequação das condições logísticas para a realização das
intervenções
• Avalia a eficiência na mobilização dos recursos materiais e financeiros
• Avalia a adequação da preparação dos vários agentes a mobilizar para a
formação
• Avalia a adequação dos processos de selecção e recrutamento dos formandos
• Avalia a adequação dos suportes de apoio disponibilizados na formação, face a
características dos públicos destinatários
Desenvolvimento
• Verifica o cumprimento de objectivos de aprendizagem
• Garante o alinhamento entre os vários objectivos de desempenho pretendidos
• Avalia a adequação da performance do formador
• Avalia graus de satisfação dos vários agentes da formação
• Avalia a adequação dos conteúdos e respectiva sequência face a objectivos a
alcançar
• Avalia a eficácia entre actores
• Avalia a adequação na exploração dos recursos técnico-pedagógicos utilizados
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 27
Cristina Margarida Salgado (Avaliação da Formação, 1997) preconiza os seguintes
momentos de avaliação:
MOMENTO 1 MOMENTO 2 MOMENTO 3 MOMENTO 4 MOMENTO 5
TEMPO
Antes de o
curso
começar
OBJECTIVO
� As escolas
definem o
perfil que
pretendem
formar
� As
empresas
apresentam
o perfil que
necessitam
TEMPO
Quando o curso
começa
OBJECTIVO
� Os formandos
identificam:
− Motivos de
escolha do
curso
− Expectativas
que
possuem
TEMPO
Quando
termina a
formação
OBJECTIVO
� Os
formandos
avaliam a
experiência
da formação
TEMPO
No fim do
estágio
OBJECTIVO
� Formandos
pronunciam-se
sobre a
formação
teórica e no
posto de
trabalho
� Tutores
avaliam o
formando em
situação de
aprendizagem
TEMPO
4 meses após o
fim da
formação
OBJECTIVO
� Ex-
formandos
avaliam a
utilidade e
aplicabilidade
da formação
� Empresas
identificam os
efeitos
sentidos
Segundo o IQF, a avaliação deve ser constituída pelas seguintes fazes (abordagem
PERTA):
� Preparar a intervenção avaliativa;
� Elaborar e testar instrumentos para recolha de dados;
� Realizar a estratégia de avaliação;
� Tratar e analisar os dados;
� Apresentar os resultados da avaliação.
Com atrás referi, procurarei adoptar a proposta do IQF, no que respeita à construção do
modelo de avaliação, por reconhecer nele um trabalho fundamental, não sendo possível
ignorá-lo ao elaborar qualquer proposta de avaliação para um sistema de formação.
Assim, passo a descrever sucintamente as várias fases da abordagem PERTA:
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 28
FASE I – Preparar a intervenção avaliativa
Objectivo:
1. Definir que tipo de informação a recolher para a avaliação de um determinado
projecto formativo;
2. Propor uma metodologia de apoio à elaboração de uma estratégia de avaliação.
A definição destes dois Objectivos dá origem a dois Processos distintos:
Processo 1 – Conhecer o contexto de partida da formação
Processo 2 – Planear as intervenções avaliativas
Processo 1 – Conhecer o contexto de partida da formação
Procurando dar resposta ao primeiro objectivo, há que responder à seguinte questão:
que informações recolher antes de elaborar a estratégia de avaliação?
Recomenda-se a realização de “uma reflexão prévia que permita inteirar-se do contexto
que deu origem à elaboração da solução formativa em presença”, materializado pelas
etapas a seguir descritas:
Etapa A – Compreender as razões que deram origem à formação
Segundo o GAF, procura-se nesta fase compreender as relações que existem entre:
Através da resposta às seguintes questões:
1. A proposta de formação surge ancorada num diagnóstico de necessidades de
formação?
Resultados a alcançar pela organização
Resultados a alcançar pelas unidades funcionais/grupos
Resultados a alcançar pelos indivíduos
Que competência críticas serão necessárias para alcançar os resultados pretendidos?
Como pode a AVALIAÇÃO contribuir para o alinhamento dos vários objectivos pretendidos?
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 29
2. As competências a demonstrar, após a formação, encontram-se devidamente
sinalizadas (num diagnóstico prévio ou no âmbito das justificações da proposta
formativa)?
3. É clara a articulação entre as competências enunciadas no diagnóstico, os objectivos
de aprendizagem a desenvolver e os objectivos e metas organizacionais a alcançar?
4. Foram clarificadas e sinalizadas as competências críticas a adquirir/desenvolver?
Etapa B – Analisar a proposta de formação
Sugerem o GAF que o avaliador procure dar resposta às seguintes questões:
1. De que tipo de intervenção formativa se trata (modalidade – inicial, contínua,
reconversão … e forma de organizar a formação – presencial, à distância, no local de
trabalho …)?
2. Consegue-se perceber a razão que conduziu à opção por esta ou aquela proposta
formativa?
3. Podem ser identificados, à partida, factores críticos de sucesso associados à proposta
de formação a desenvolver?
4. Conseguem distinguir-se ou são evidenciadas, na proposta formativa, as
competências críticas a desenvolver?
5. A forma como são descritos e articulados os conteúdos da formação facilita a
implementação de técnicas de avaliação?
Etapa C – Sinalizar e compreender as características dos destinatários da
formação
Esta etapa tem como objectivo adaptar as técnicas e estratégias da avaliação às
características dos participantes na formação, devendo-se dar resposta às seguintes
questões:
1. Quais as características dos potenciais participantes na formação (idade, nível de
qualificação, anos de experiência profissional, contexto económico-social …)?
2. Que histórico apresentam, em termos de participação em anteriores acções de
formação?
3. Como se espera que os vários intervenientes na formação reajam ás actividades de
avaliação?
4. Qual o nível de entrada dos participantes na acção de formação?
No Capítulo III – Caracterização da Formação Equestre em Portugal, procurarei dar um
leve exemplo da caracterização dos potenciais formandos, dando já, embora de forma
muito superficial, alguma resposta a esta etapa.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 30
Etapa D – Sinalizar as características da organização de
acolhimento/integração profissional
Procurando recolher informações para a possível avaliação ou não junto das
organizações destinatárias, dever-se-á responder às seguintes questões:
1. Estamos em presença de contextos organizacionais facilitadores da
aplicação/exploração dos saberes desenvolvidos e/ou adquiridos através da
formação?
2. Existem na(s) organização(ões) de acolhimento/integração dos ex-formandos,
sistemas de avaliação da formação já implementados ou outro tipo de dispositivo
avaliativo (ex: sistemas de avaliação de desempenho, processos de auditoria
internos …)?
3. Trata-se de organizações que investem, de forma sustentada, na execução de planos
internos de formação?
4. São esperados eventuais obstáculos ao processo de transferência de adquiridos para
os contextos de trabalho?
Diz o GAF que “quando confrontado com a ausência de informação acima referida, o
avaliador procura incentivar os vários actores a disponibilizá-la, uma vez que se trata de
informação essencial” (…), e propõe um instrumento de apoio à recolha das respostas às
questões acima referidas, o qual não irei transcrever para este trabalho, por o tornar
demasiado exaustivo, ficando ao cargo de quem vier a abraçar este projecto, o
desenvolvimento das respectivas instrumentos.
Processo 2 – Planear as intervenções avaliativas
Segundo o GAF, a definição de uma estratégia de avaliação apresenta como pano de
fundo três tipos de decisões:
� Avaliação com carácter orientador,
� Avaliação com carácter regulador e
� Avaliação com carácter certificativo.
Avaliação com carácter orientador:
É a avaliação diagnostica que visa:
− A confirmação/verificação de domínio inicial de determinados saberes e/ou
competências (neste último caso, quando os formandos são levados a efectuar
demonstrações práticas de determinados saberes);
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 31
− Sinalização de pontos fortes/fracos em termos de domínio de determinadas
competências para reorientação posterior de estratégias pedagógicas e
desenvolvimento de conteúdos.
Avaliação com carácter regulador:
Visa tomar ou não a decisão de aplicar intervenções direccionadas para a correcção ou
ajustamento do funcionamento de determinado dispositivo de formação a fim de o
melhorar.
“É neste contexto que falamos de uma avaliação formativa, que tem como principal
objectivo ajustar o dispositivo de formação às necessidades dos seus destinatários, de
modo a facilitar a máxima eficácia nas aprendizagens a efectuar pelos mesmos”.
Visa tomar decisões, tais como:
− A reorientação de estratégias pedagógicas se necessário;
− A alteração, desenvolvimento ou extinção de determinados conteúdos
programáticos;
− A alteração de procedimentos associados à implementação do dispositivo de
formação.
Avaliação com carácter certificativo:
Quando se decide em termos de sucesso das aprendizagens efectuadas pelos
formandos.
“É neste contexto que falamos de avaliações de natureza sumativa, ou seja,
avaliações que resultam em decisões de êxito ou fracasso relativo a um período de
aprendizagem, de aceitação ou rejeição de uma promoção, de continuidade de uma
acção ou interrupção desta”.
Procura-se tomar decisões, tais como:
− Atribuição de determinado certificado de formação, uma vez cumpridos os pré-
requisitos em termos de aprendizagens a alcançar;
− Aceitação de transição para um nível ou módulo de formação subsequente;
− Aplicação de acções de recuperação, no caso de insucesso;
− Promoção profissional.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 32
Para a construção de uma estratégia de avaliação, o GAF propõe as seguintes etapas:
A descrição do desenvolvimento destas etapas, por ser demasiado exaustiva para o
propósito deste trabalho, não será aqui referida.
FASE II – Elaborar e testar instrumentos para recolha de dados
Para esta fase, o GAF propõe dois processos:
Processo 3 – Preparar os instrumentos a aplicar nas actividades de avaliação
Processo 4 – Testar instrumentos de avaliação
Etapa D Identificar as fontes de informação
(Quem são os “donos” da informação)
Etapa E Identificar/construir o quadro de referência do processo avaliativo
(Avaliar com base em que ponto de partida?)
Etapa F Identificar métodos e técnicas de avaliação a utilizar
(Como recolher dados?)
Etapa G Apresentar os resultados da avaliação (Que estratégias de apresentação?)
Etapa C Em que momentos deverão ser desenvolvidas as intervenções da natureza avaliativa
(Quando intervir?) (Cruzar dimensões avaliativas com momentos de avaliação)
Etapa B A definição das questões avaliativas a efectuar
(O que avaliar? Sinalização de dimensões/componentes a avaliar)
Etapa A Definição dos objectivos da avaliação pretendida
(Porquê? Como se pretende vir a usar os resultados?)
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 33
Processo 3 – Preparar os instrumentos a aplicar nas actividades de avaliação
Este Processo procura responder às seguintes questões:
� Como construir testes escritos?
� Como construir inquéritos (por entrevista ou por questionário)?
� Como preparar um focus group?
� Como preparar uma observação?
Como construir testes escritos?
Segundo o GAF, a máxima deverá ser “perguntar bem para bem avaliar”.
Os testes escritos podem-se dividir em dois grandes grupos:
� Com itens objectivos
� Com itens subjectivos.
Testes com itens objectivos (qualquer pessoa pode aplicar uma grelha de correcção e
obter sempre os mesmos resultados):
� Múltipla escolha
� Completamento
� Verdadeiro-falso
� Resposta curta
� Associação
O GAF, para além de explicar a forma mais correcta de aplicação e exemplificar cada um
destes tipos de testes, apresenta um quadro muito interessante e explícito de quais as
vantagens e inconvenientes de cada um deles.
Testes com itens não objectivos:
Visam aferir determinadas capacidades, tais como “seleccionar, organizar, integrar,
relacionar e avaliar a informação disponibilizada”.
Podem ser de resposta livre ou direccionada, consoante sejam fornecidas apenas
algumas orientações para o encaminhamento da resposta, ou são delimitadas as
possibilidades em causa.
Da mesma forma, o GAF apresenta um quadro sobre as vantagens e inconvenientes de
cada um deles.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 34
Como construir inquéritos?
Os inquéritos podem ser de dois tipos: por entrevista presencial ou por questionário.
Vários factores poderão influenciar a escolha do modelo a seguir, podendo mesmo
conjugar-se os dois tipos de inquéritos.
O GAF apresenta algumas questões que podem ajudar a decisão:
� Que informação é necessária produzir?
� Quantos indivíduos teremos de inquirir?
� Qual o grau de sensibilidade das questões a colocar?
� Qual o tempo e dinheiro disponível para a recolha e tratamento dos dados?
� Que tempo se espera que os inquiridos disponibilizem no fornecimento dos dados?
� Com que facilidade os inquiridos podem ser contactados?
Qualquer dos tipos obriga a um cuidadoso estudo da informação a obter, pois um
inquérito ou uma entrevista incompleta pode inutilizar por completo todo o processo de
avaliação, uma vez que a oportunidade para a aplicação é normalmente única.
Inquérito por Entrevista
Uma entrevista obriga, para além da escolha cuidada do público alvo a entrevistar, à
elaboração de um Guião o qual deve obedecer a uma sequência própria, ao cuidado de
não deixar assuntos por tratar, bem como a condução da entrevista por um especialista
que a prepara e conduz de forma a obter a colaboração voluntária de quem é
entrevistado.
Em anexo, apresento um exemplo de um Guião de Entrevista.
Inquérito por questionário
Um inquérito por questionário obriga à sua construção de forma que a informação obtida
seja objectiva e útil, evitando informação supérflua ou dúbia.
Como exemplo, deve-se evitar repetir questões que, embora construídas de forma
diferente produzam a mesma informação, a não ser que o propósito seja o de confirmar
a informação.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 35
Devem-se aplicar questões que possam servir de despiste para respostas a outras
questões – procurar razões prováveis para as respostas de outras questões, razões
essas que possam ser alheias ao contexto da acção de formação, ou que não estejam
directamente ligadas à questão em causa.
Podem utilizadas questões dos seguintes tipos:
� Questões fechadas – em que todas as possibilidades de resposta estão previstas
(só é deixada a opção de assinalar com uma cruz no local correspondente à resposta
que mais se aproxima da opinião do interrogado)
� Questões abertas – as possibilidades de resposta não estão previstas; a expressão
da resposta é livre (é feita uma pergunta, deixando a resposta em aberto,
normalmente dentro de uma caixa)
� Questões semi-abertas – é a conjugação das duas anteriores (obrigam à resposta
predeterminada, mas deixam em aberto a possibilidade de uma resposta livre
� Questões escaladas – nas quais é utilizada uma escala de valores para que o
inquirido escolha o valor que melhor corresponde à resposta para questão em causa
� Questões-Cenários – apresentam algumas situações possíveis para os inquiridos
escolherem a que melhor corresponde à sua concepção
� Questões que utilizam imagens – utilizam fotografias ou desenhos
Em anexo, apresento um exemplo de questionário com resposta fechadas e abertas.
Focus Group
Consiste em reunir e animar um pequeno grupo de pessoas para discutir um ou mais
temas, de uma forma estruturada e com a intervenção de um facilitador/moderador.
Parte-se do princípio de que o resultado do colectivo é mais rico do que o individual,
desde que se criem as sinergias necessárias à obtenção da dinâmica da discussão dos
assuntos.
São exemplo disso as reuniões de fim de módulo, nas quais todos os intervenientes na
acção de formação emitem pareceres sobre os vários aspectos e ocorrências.
Observação
Consiste na observação de comportamentos de um indivíduo ou de um grupo de
indivíduos. Implica a construção de uma grelha, onde devem estar definidas as
evidências a observar se a observação for estruturada.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 36
Se a observação não for estruturada, o resultado apenas se poderá traduzir numa mera
opinião.
São exemplo as reprises das provas de Dressage, ou as grelhas de observação das
provas de maneio dos exames de Selas.
FASE III – realizar a estratégia avaliativa
Esta fase é constituída pelos seguintes processos:
Processo 5 – avaliar antes da execução da formação
Processo 6 - avaliar durante a execução da formação
Processo 7 - avaliar após a execução da formação
Processo 5 – avaliar antes da execução da formação
Resumidamente, este processo pretende seleccionar os candidatos à acção de formação,
com base nos requisitos pré-estabelecidos (perfil de competências pré-definido), ou
quando existem diversos níveis de formação possíveis, seleccionar os candidatos para o
nível que melhor se adequa ao seu perfil de competências inicial.
Processo 6 – realizar intervenções avaliativas durante a execução da formação
Visa introduzir melhorias nos processos de formação em curso (avaliação formativa),
permitindo:
− A correcção de eventuais desvios face ao planeado;
− A emissão de recomendações de melhorias concretas sobre a acção a decorrer;
− A intervenção directa em componentes centrais do dispositivo de formação, tais
como: os conteúdos programáticos, as estratégias pedagógicas, etc,
através de dois níveis de avaliação:
− Aferição do grau de satisfação dos participantes na formação;
− Avaliar aprendizagens.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 37
Processo 7 - realizar intervenções avaliativas após a execução da formação
Não importa agora reafirmar a importância que este nível de avaliação tem para
qualquer que seja a acção d formação em causa, uma vez que já atrás o referi. Trata-se
tão-somente de confirmar ou não a utilidade da acção de formação e as medidas
correctivas a implementar. Materializa-se pela medição do desempenho na organização
destinatária do formando.
Esta avaliação já terá sido planeada na FASE I, na qual se terá procurado responder às
seguintes questões:
� Qual o âmbito de análise da avaliação?
� Quando realizar a avaliação?
� Como planificar a avaliação?
Qual o âmbito de análise da avaliação:
Procura-se, nesta análise, saber:
“em que medida os saberes adquiridos/desenvolvidos durante a formação foram
efectivamente aplicados”
ou
“em que medida a aplicação dos saberes adquiridos/desenvolvidos permitiu alcançar os
resultados pretendidos”
Quando realizar a avaliação:
Procura-se, nesta análise, determinar o momento da avaliação (3, 6 ou 12 meses após a
formação?), uma vez que a medição acima descrita só será possível após um
determinado período.
Como planificar a avaliação:
A construção dos instrumentos de avaliação deverá ser cuidadosamente tida em conta,
uma vez que a não demonstração de evidências nesta fase, poderá significar a
demonstração da inutilidade da acção de formação quando, muitas vezes, tal não
corresponderá inteiramente à realidade, mas sim à deficiente eficácia do processo de
avaliação.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 38
O GAF aponta exaustivamente razões para o insucesso de resultados nesta fase de
avaliação.
FASE IV – Tratar e analisar os dados recolhidos e produzir relatórios de avaliação
Esta fase é constituída pelos seguintes processos:
Processo 8 – tratar e analisar os dados recolhidos após a aplicação de estratégias
avaliativas
Processo 9 – elaborar relatórios de avaliação
Processo 8 – tratar e analisar os dados recolhidos após a aplicação de
estratégias avaliativas
Este processo é crucial para se garantir a utilidade de toda a estratégia avaliativa.
O Tratamento de dados que não respeite determinadas regras poderá deturpar
conclusões, emitir juízos de valor errados e originar medidas correctivas danosas para
alguns agentes da formação.
A interpretação dos dados exige experiência e visão estratégica de quem a realiza,
devendo tomar decisões com vista à eliminação de dados inúteis para a avaliação em
causa, usando a capacidade de triangular informação e aplicar correctamente as regras
estatísticas evidenciando o relevante e minorando o irrelevante.
O tratamento de dados, quanto ao método, pode ser temático, quantitativo,
qualitativo e efectuado com base na análise do tipo de processo em presença.
Processo 9 – elaborar relatórios de avaliação
O relatório de avaliação tem a finalidade de “disponibilizar um conjunto de informações
e propostas de melhoria relativas à execução e/ou conclusão de determinado processo
formativo”.
O momento para a apresentação dos resultados da avaliação (do relatório) depende da
oportunidade para as necessárias medidas correctivas.
O GAF aponta alguns cuidados a ter na difusão dos relatórios de avaliação:
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 39
� Ter presente os diferentes contributos das diferentes audiências
destinatárias do processo de avaliação (não esquecer ninguém na lista de
distribuição);
� Ajustar a forma e os conteúdos dos relatórios de avaliação em função dos
interesses e necessidades do público-alvo;
� Ter presente os direitos humanos e éticos, como por exemplo, as exigências
de sigilo e de confidencialidade, associados ao processo avaliativo;
� Apelar à participação e envolvimento dos vários actores ao longo do
processo de avaliação.
FASE V – Apresentar os resultados da avaliação
Trata-se tão-somente de garantir que o relatório da avaliação não fique na gaveta de
alguém, a aguardar que lhe dêem a devida importância.
“Um relatório é encarado como instrumento de diálogo entre avaliadores e avaliados …”
È muito importante que a informação não fique a ser só do conhecimento do topo da
hierarquia da organização formadora, mas que seja difundida aos avaliados de forma
discreta e construtiva.
O GAF propõe os seguintes meios de difusão:
� Reunião individual com cada um dos interessados;
� Reuniões colectivas (intra ou inter-equipas/departamentos, etc);
� Envio de emails/documentos escritos;
� Informação constante em Newsletters internas;
� Consulta a informação digital.
Através das seguintes ferramentas:
� Apresentações em powerpoint;
� Documentos escritos;
� Através dos sistemas de gestão de informação internos.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 40
III. CARACTERIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EQUESTRE EM PORTUGAL
Como vimos, toda a formação deve ser objecto de avaliação, uma vez que pretendemos
garantir a sua qualidade, seja qual for o tipo de formação de que se trate. Quanto a mim, a
formação Equestre divide-se em três áreas fundamentais: a Formação de Formadores, a
Formação de Treinadores e a Formação de Praticantes.
Assim, a estratégia avaliativa deve ser equacionada de acordo com as variáveis que
influenciam o contexto no qual a formação se enquadra.
Segundo o Programa Oficial de Formação de Formadores e Técnicos de Equitação (POFFTE),
não contando com a formação de Mestres por, esta estar ainda em fase de consolidação no
que respeita aos seus objectivos, à sua duração e à sua avaliação sumativa, e considerando
a formação de praticantes apenas no que respeita às Selas 4, 7 e 9, por considerar serem
os objectivos críticos, as acções de formação previstas podem variar consoante:
� Duração da acção de formação:
• Cursos Contínuos:
� Ajudante de Monitor (Grau I): 3 semanas
� Monitor (Grau II): 26 semanas (cerca de 6 meses)
� Instrutor (Grau III): 20 semanas (5 meses)
� Mestre (Grau IV):
• Cursos Fraccionados (por módulos):
� Ajudante de Monitor – em 6 semanas (1 módulo de 3 dias, 4 de 2 dias e 1
dia para os exames);
� Monitor: 4 Módulos de 2 semanas e um de 1 semana, distanciados de 2 a
2,5 meses, numa duração total de 12 meses
� Instrutor: é composto por dois períodos distintos:
• O primeiro para a parte essencialmente prática composto por 5
módulos de 2 semanas o primeiro e 1 semana os restantes,
separados por oito semanas
• O segundo para a pedagogia composto por 3 módulos de 1 semana
separados por 4 a 6 semanas
• Período total da Formação (contando com os intervalos entre
módulos) – 56 semanas ou aproximadamente 14 meses.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 41
• Cursos Extensivos quando integrados num curso de formação profissional
(normalmente de nível III) ou num curso superior agrário para o caso do Grau III:
� Ajudante de Monitor: 3 anos lectivos
� Monitor: 3 anos lectivos
� Instrutor: 3 anos lectivos
• Cursos de Treinadores de Disciplina
Duração ainda não definida.
• Cursos de Formação de Praticantes
A duração varia consoante a evolução dos formandos, até se considerar estarem
aptos a serem avaliados no nível a que se propõem.
Assim, os cursos variam de 3 semanas (curso de Ajudante de monitor contínuo) a 14
meses (curso de Instrutor fraccionado). Os cursos extensivos duram 3 anos lectivos.
� Grau etário dos formandos:
• Formação de Formadores e Técnicos de Equitação:
� Ajudante de Monitor: a partir dos 18 aos anos de idade
� Monitor: a partir dos 20 anos de idade
� Instrutor: a partir dos 25 anos de idade
• Treinadores de Disciplina:
� Pela via da Formação Específica: a partir dos 25 anos de idade
� Pela via da Experiência: ter no mínimo 35 anos de idade
• Formação de Praticantes:
A idade para a certificação das Selas não é definida.
� Nível académico/formação dos formandos:
• Formação de Formadores e Técnicos de Equitação:
� Ajudante de Monitor: a partir do 9º ano de escolaridade;
� Monitor: a partir do 9º ano de escolaridade e ter certificação de Grau I e de
Sela 7;
� Instrutor: 12º ano de escolaridade, ter certificação de Grau II e de Sela 9;
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 42
• Treinadores de Disciplina:
� Pela via da Formação Específica: certificação no Grau II para treinador das
disciplinas olímpicas e Ensino Adaptado e no Grau I para as restantes
disciplinas, bem como um mínimo de cinco anos de experiência como
formador.
� Pela via da Experiência:
Os quesitos definidos assentam essencialmente na experiência desportiva,
durante um mínimo de dez anos, com classificações significativas, e na
experiência como docente comprovada pelos seus alunos (no mínimo três).
• Formação de Praticantes
Não é definido qualquer nível de escolaridade para a certificação das Selas.
� Tipologia da formação (dos objectivos):
� Ajudante de Monitor:
− Formação Teórica – 21%,
− Formação Prática Simulada – 4 %,
− Formação Prática – 75%
� Monitor:
• Curso Fraccionado:
− Formação Teórica - 10%,
− Formação Prática Simulada – 1,6%,
− Formação Prática – 88,7%
• Curso Contínuo:
− Formação Teórica – 7,6%,
− Formação Prática Simulada – 0,5%,
− Formação Prática – 91,9%
• Curso extensivo:
− Formação Teórica – 7,58%,
− Formação Prática Simulada – 0,55%,
− Formação Prática – 91,87%
� Instrutor:
• Curso Fraccionado:
− Formação Teórica – 10,15%,
− Formação Prática Simulada – 0,88%,
− Formação Prática – 88,97%
• Curso Contínuo:
− Formação Teórica – 11,57%,
− Formação Prática Simulada – 0,57%,
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 43
− Formação Prática – 87,86%
• Curso extensivo:
− Formação Teórica – 11,25%,
− Formação Prática Simulada – 0,57%,
− Formação Prática – 88,18%
� Formação de Praticantes
A formação é essencialmente prática.
Conclusão:
Calculando as médias dos valores acima referidos, não considerando a formação de
Treinadores e a de Praticantes, por não ser possível quantificá-la:
� Ajudante de Monitor:
− Formação Teórica – 21 %,
− Formação Prática Simulada – 4 %,
− Formação Prática – 75 %
� Monitor:
− Formação Teórica – 8,4 %,
− Formação Prática Simulada – 0,88 %,
− Formação Prática – 90,82 %
� Instrutor:
− Formação Teórica – 10,99 %,
− Formação Prática Simulada – 0,67 %,
− Formação Prática – 88,34 %
Podemos concluir que a formação equestre é, de uma forma geral, essencialmente
prática, incluindo a de praticantes, onde a de Ajudante de Monitor será a que terá
uma carga teórica muito ligeiramente superior, com excepção da Formação de
Treinadores que, pela análise feita, pude concluir que é essencialmente teórica, mas
exigindo provas dadas como praticante.
O gráfico seguinte procura ilustrar esta conclusão:
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 44
0
20
40
60
80
100
Ajdt M
onito
r
Mon
itor
Instru
tor
Teórica
Prática Simul
Prática
Conclui-se assim, que os cursos são, de uma forma geral, de cariz essencialmente
prático, assentando nas competências do domínio psicomotor.
1.1.1.
� Grau de dificuldade da formação:
Pode-se afirmar que o grau de dificuldade da formação varia na razão directa do grau de
dificuldade dos objectivos críticos de cada acção de formação, e que estes são tão mais
difíceis quanto maior é o grau ou nível, em cada um dos percursos formativos (formação
de formadores ou de praticantes).
O grau de dificuldade é aqui considerado tanto para o formando, como para o formador
e para a organização de formação, porquanto à medida que o grau aumenta para o
formando, também o nível de preparação dos formadores, dos examinadores, bem como
dos meios didácticos, humanos e materiais se tornam mais complexos.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 45
IV. CONCLUSÕES
A - Orientações Gerais para a Avaliação
Qualquer Sistema de Avaliação deverá ser definido por princípios orientadores, que
ajudem a organizar a estratégia avaliativa de cada acção de formação organizada e
posta em prática pelo sistema, mas nunca deve ser enquadrado, à partida, por regras
rígidas e permanentes, que ponham em causa a necessária flexibilidade do processo de
avaliação.
Porque a formação deve ter uma dinâmica própria de adaptação às exigências da
qualidade, a avaliação, mais do que se colar a essa dinâmica, deve precedê-la e orientá-
la.
Como referi na Introdução, não é propósito deste trabalho, por isso, apontar regras
estanques, com «receitas» de aplicação imediata, que ponham em prática todo um
sistema de avaliação da formação equestre, mas antes que se constitua como ajuda no
processo de decisão para a tomada de medidas que visem a organização desse sistema,
organização essa que consistirá na criação de órgãos de planeamento e de execução, na
definição das estratégias avaliativas para cada acção de formação, na construção e
aplicação dos instrumentos de medição, na recolha de dados e no seu tratamento, na
elaboração de relatórios, na difusão desses resultados e na garantia da aplicação das
medidas correctivas.
O grande desafio será o de pôr em prática a aquisição de hábitos de avaliação com os
quais os vários actores da formação equestre estão pouco ou nada familiarizados.
Importa também referir que, no que respeita à avaliação sumativa, a formação equestre
em Portugal deu um grande salto qualitativo, à medida que veio a organizar toda a
formação de acordo com as exigências da comunidade equestre internacional tendo, no
meu entender, vindo a traçar o caminho certo, orientado para a obtenção da tão
necessária qualificação dos nossos formadores e praticantes, tornando mais fácil a
validação das competências exigidas por destinatários cada vez mais exigentes, e
garantindo que a certificação dos mesmos é, sem sombra de dúvida, motivo de orgulho
de quem forma e de quem é formado.
No entanto, não nos podemos esquecer que a aplicação de instrumentos de medida e a
sua constante aferição, bem como a implementação de um sistema de avaliação
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 46
centrado numa só entidade, garantindo a aferição dos quesitos de avaliação, a
oportunidade da avaliação, a idoneidade do tratamento dos resultados e, assim, a
homogeneidade e universalidade da avaliação, deve ser uma preocupação fundamental.
Assim, e porque este sistema está ainda apoiado naqueles que desenham, planeiam e
executam toda a formação, e não numa entidade independente dos restantes domínios
da formação, a avaliação sumativa carece da dinâmica essencial ao seu desenvolvimento
e constante evolução e optimização, correndo o risco permanente de desactualização.
Esta carência só será possível eliminar com a criação de um Sistema de Avaliação da
Escola Nacional de Equitação (ENE) que se ocupe por inteiro com todo o processo
descrito no Capítulo II desta proposta.
Da análise feita, concluo que emerge então a necessidade de implementar as seguintes
medidas:
B - Criação de uma Secção de Avaliação
Será necessária a criação de um órgão independente do sistema de formação, e
portanto na dependência directa do Director da ENE, que tenha a faculdade de gerir e
garantir a aplicação do sistema de avaliação, servindo de apoio e garante fundamental
da qualidade da formação.
Esta Secção de Avaliação terá as seguintes atribuições:
� Em coordenação com o Conselho Superior Pedagógico da ENE, define e elabora todo
o processo de avaliação sumativo, criando os instrumentos de medição tais como
testes escritos e exames práticos, para as várias acções de formação previstas,
completando os já existentes e mantendo-os actualizados, de acordo com o prescrito
no Processo 3 da Fase II do GAF;
� Em estreita ligação com os Coordenadores das acções de formação, define a
estratégia avaliativa, tanto sumativa como a formativa, no que respeita à data e
local de aplicação dos exames e dos questionários aos formandos e respectivos
formadores;
� Define a estratégia para a avaliação formativa de cada acção de formação,
elaborando e mantendo actualizados os inquéritos a aplicar aos formandos, aos
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 47
formadores das diversas acções de formação, bem como às organizações
destinatárias dos formandos de acordo com o prescrito na Fase I do GAF;
� Escolhe e nomeia, de acordo com a relação de examinadores que detenham as
competências exigidas, os avaliadores para as várias acções de formação, sem
consulta prévia dos pólos formadores, de forma a evitar “afinidades” entre as partes;
� Garante a aplicação dos inquéritos, propondo aos Coordenadores de Curso, datas e
local de aplicação dos mesmos;
� Garante o tratamento informático e estatístico de toda a informação proveniente dos
inquéritos;
� Auxilia os Coordenadores de Curso na elaboração dos relatórios finais, através da
transmissão de dados e do tratamento estatístico;
� Garante a difusão dos resultados obtidos, às entidades devidamente credenciadas
para o efeito, com vista à aplicação oportuna das medidas correctivas necessárias, e
à certificação dos formandos;
� Mantém actualizada uma base de dados, o mais completa possível, para o
aproveitamento em futuras aplicações estatísticas, sempre que necessário;
� Procura, regularmente, proceder ao controlo da qualidade da avaliação, aferindo a
qualidade dos modelos de avaliação adoptados e reflectindo sobre os resultados das
avaliações realizadas, procurando a constante evolução do sistema de avaliação –
Meta-Avaliação.
A audição de todos os agentes do processo de aprendizagem permitirá a racionalização
e rentabilização de todos os meios de apoio. O rendimento de um aluno e o seu
desempenho na consecução dos objectivos do curso, depende de todo um conjunto de
factores, tais como condições das salas de aula e de estudo, picadeiros e campos de
obstáculos, pistas, obstáculos, arreios, condições de alojamento dos cavalos, meios
didácticos, alimentação, e todos os factores que influenciem o bem estar do formando e
das suas montadas.
Os inquéritos e seu consequente tratamento interpretativo serão um instrumento
precioso na optimização de todos os factores integrantes do sistema de formação.
C - Coordenador de Curso
O Coordenador de Curso é o elo de ligação entre o Equitador Chefe e todos os agentes
que possam ter influência na eficiência do respectivo curso.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 48
É o Coordenador de Curso que, mediante a observação contínua da aplicação dos
métodos, das condicionantes de conforto e bem estar, e de todos os factores que
influenciem o sucesso, ou através da interpretação os dados provenientes dos
questionários aplicados, irá introduzir, em qualquer momento do processo formativo, as
alterações que estiverem ao seu alcance, ou propor as necessárias reformulações no que
respeita a programas, meios, estruturas ou de outros agentes que garantam a eficiência
da formação.
D - Metodologia
1. Avaliação antes do início da formação
A construção dos perfis de competências para o desenvolvimento do perfil de
formação, pressupõe uma avaliação junto das organizações destinatárias.
Uma vez que os diversos cursos já estão desenhados, trabalho esse desenvolvido ao
longo dos últimos anos, pode-se considerar que esta etapa do ciclo da formação foi
já ultrapassada, devendo, no entanto ter-se em atenção que, como ciclo fechado que
é, as correcções com base na avaliação deverão ser um preocupação constante.
A selecção dos candidatos às acções de formação deverá ter como base a avaliação
com base em perfis bem definidos, devendo a Secção de Avaliação assumir a
condução dessa selecção, coordenando os testes e nomeando avaliadores.
2. Avaliação no início da formação
Pretende-se identificar os motivos de escolha do curso por parte dos formandos e as
expectativas que possuem em relação ao mesmo, para comparação com os dados
recolhidos no final da formação.
3. Avaliação durante a formação
Como se refere no Processo 6 da Fase III do GAF, esta avaliação tem por objectivo a
intervenção ainda durante o processo de formação, com vista á introdução de
correcções aos desvios detectados, devendo ter um carácter sumativo e
essencialmente formativo.
Tal só será possível desde que o tempo de duração da acção de formação permita a
intervenção oportuna.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 49
Com base na caracterização descrita no Capítulo III, facilmente se chega à conclusão
que o Curso de Ajudante de Monitor contínuo estará fora desse contexto, e que os
cursos fraccionados terão o privilégio de poder facilmente usufruir deste tipo de
intervenção, assim como os extensivos.
4. Avaliação no final da formação
Propõe-se, neste âmbito, para além da avaliação de carácter sumativo, com vista à
certificação dos formandos, dotar a ENE de instrumentos de aferição que possibilitem
complementar a avaliação da aprendizagem e, em simultâneo, contribuir para o
melhor desempenho dos formadores, a racionalização e rentabilização de todos os
meios de apoio, a adequação do ambiente envolvente da formação e a validação no
final do curso.
É o momento de Secção de Avaliação realizar a avaliação formativa, com base na
avaliação sumativa e no cruzamento dos resultados obtidos nos questionários
elaborados, efectuando deste modo uma análise interpretativa do processo de
aprendizagem.
Esta análise interpretativa encontrará também nas entrevistas com os agentes do
ensino, com especial incidência nos docentes, um factor de “retorno” sobre a
qualidade da formação.
Estes resultados têm o objectivo de fornecer valiosos contributos para a selecção dos
candidatos, para o desempenho dos professores, para os métodos de formação
utilizados, para a duração dos cursos, cargas horárias, conteúdos programáticos e
ainda para a racionalidade do emprego dos meios de apoio.
É a conjugação de todas estas avaliações parcelares, que cruzadas e confirmadas
factualmente, e complementadas com um processo reflexivo e de auto-análise,
conduzem à avaliação da eficiência da Escola.
O Coordenador de Curso, com base nos dados contidos nos questionários acima
descritos e na sua respectiva interpretação, elabora um relatório, mencionando os
pontos fortes e fracos do curso, bem como de todos os agentes intervenientes
directa ou indirectamente no processo formativo do mesmo, enuncia as respectivas
conclusões a retirar, e elabora propostas que traduzam a aplicação das necessárias
medidas correctivas.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 50
Tais instrumentos deverão ser sustentados por questionários, criteriosamente
formulados, e que serão objecto de tratamento interpretativo individual e estatístico.
Os questionários deverão ser construídos de forma a testar todos os factores
envolventes da formação, e despistar resultados que possam suscitar dúvidas,
através do cruzamento de informação fornecida por diferentes questões.
É bastante mais fácil recolher a informação dada por questionários cujas questões
sejam somente de resposta fechada, bem com o seu tratamento estatístico para
efeito de aquisição de conclusões.
É, por isso, comum verificar que grande parte das avaliações se fazem apenas com
base neste tipo de questionários.
No entanto, embora as questões de resposta aberta não permitam um tratamento
estatístico fácil, e sejam de recolha de informação bastante complexa e morosa, elas
permitem, para além do complemento das questões de resposta fechada (sim/não,
muito/pouco), por permitirem ao questionado explicar as respostas dadas, facultam,
a quem avalia, o despiste de resultados de interpretação mais difícil.
A interpretação dos resultados deve ter em conta determinados pressupostos com
vista à eliminação de resultados duvidosos e à relevância de dados que evidenciem
factores chave. Se apenas um formando, num universo de vinte, afirma que um
determinado formador não foi suficientemente competente, a análise deve concluir
que este resultado não deve ser tido em conta por não ter expressão. Ainda assim,
compete a quem interpreta procurar a possível razão para aquele resultado, uma vez
que nela pode estar a causa de outros resultados encontrados, como por exemplo
um mau desempenho por parte do formando no módulo que aquele formador
leccionou.
Propõe-se a aplicação de três tipos de questionários:
− Um questionário aplicado ao formando no âmbito do curso (*);
− Um questionário aplicado ao formando sobre cada disciplina/módulo(*);
− Um questionário aplicado a cada professor sobre a sua disciplina/módulo.
(*) A aplicação de dois tipos de questionários ou apenas de um, depende da
complexidade do curso no que respeita ao número de disciplinas/módulos e da
duração do mesmo.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 51
É conveniente que os questionários aos formandos sejam anónimos, por assim se
evitar uma inibição, mesmo que subconsciente, quando as respostas devam ser de
carácter negativo.
5. Avaliação após a formação
Compete à ENE, através da sua Secção de Avaliação, perguntar às organizações
destinatárias dos formandos (centros hípicos, escolas de equitação, coudelarias,
explorações de turismo equestre …), se a formação realizada contribuiu para o cabal
desempenho dos mesmos, ou se foram evidenciadas melhorias resultantes daquela
formação.
A informação daí proveniente irá complementar a avaliação no final da formação e,
assim, contribuir para a selecção dos candidatos, para o desempenho dos
professores, para os métodos pedagógicos aplicados, para a duração dos cursos,
para a reformulação das cargas horárias, para a aferição dos conteúdos
programáticos e para a racionalidade do emprego dos meios de apoio.
Deverá ser dado algum tempo ao ex-formando para se adaptar ao novo cargo e para
a organização destinatária o poder avaliar e, assim, responder cabalmente a todas as
questões que forem apresentadas pela Secção de Avaliação. Deste modo, deve ser
equacionado o momento de avaliação após a formação, para cada acção de formação
(6 meses, 12 meses …).
Esta avaliação poderá ser efectuada através de questionários, se a elevada distância
ou a falta de disponibilidade de deslocamento de elementos da Secção de Avaliação
forem factores a ter em conta, mas seria desejável que a recolha de dados fosse
feita através de entrevista presencial, por ser possível a recolha de mais dados do
que os esperados e, deste modo, tornar a recolha de informação mais rica.
E - Avaliação do Ensino do Cavalo
A inclusão da avaliação do ensino do cavalo nesta proposta, não poderá ter mais do que
o propósito de alertar para a necessidade de todos quantos têm à sua responsabilidade
o ensino de cavalos, seja qual for a modalidade a que os mesmos se destinam, de se
sujeitar permanentemente à avaliação do seu trabalho, ou seja, de recorrer a uma
metodologia que lhe permita medir o alcance dos objectivos a que se propôs.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 52
Será fácil a concepção da avaliação do ensino do cavalo se considerarmos o cavaleiro e o
cavalo como elementos de um sistema de formação por eles constituído – pelo
subsistema cavalo e pelo subsistema cavaleiro.
A avaliação que o próprio poderá fazer do seu próprio trabalho não será nunca a mais
fidedigna pois, por muito imparcial que se possa tentar ser, será sempre influenciada
por factores, sejam eles de carácter afectivo ou outros, … que irão mascarar o
verdadeiro grau de ensino do cavalo.
Quantas desculpas conseguimos inventar para justificarmos a nós mesmos o objectivo
não alcançado? Quantos não se isolam no trabalho, com receio de que o julgamento do
nosso trabalho feito por outros não corresponda à ideia que preconcebemos do mesmo?
A avaliação do ensino do cavalo não poderá ter nunca um carácter obrigatório, ficando
apenas dependente da consciência de cada um. Para aqueles que sujeitam os seus
cavalos à prática desportiva, o problema poderá estar resolvido se as provas forem
encaradas como instrumento de avaliação, e os seus resultados, assim como a
idoneidade de quem julga, não forem permanentemente postos em causa. Os resultados
são o que são e a interpretação dos mesmos deve ser acompanhada de humildade
suficiente para os utilizar construtiva e correctivamente.
Deixo assim o meu repto a todos os que procuram ensinar os seus cavalos, que
procurem avaliar esse ensino, quanto mais não seja, solicitando a alguém que observe e
critique, lembrando-se que temos sempre a aprender com quem quer que seja.
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 53
V. BIBLIOGRAFIA
A abordagem sistémica na gestão da qualidade Artigo publicado por José Vara na Revista
"Qualidade", Nº 3 - Outono 2001, propriedade da APQ - Associação
Portuguesa para a Qualidade.
Avaliação da Formação – Cristina Margarida Salgado, 1997, Texto Editora, LDA
Gestão do Currículo e Avaliação de Competências – As questões dos professores - Maria do
Céu Roldão, Editorial Presença, 2003
Currículo e Avaliação – uma perspectiva integrada – Maria Palmira Carlos Alves – Porto
Editora, LDA, 2004
Avaliação das Aprendizagens – Desafios às Teorias, Práticas e Políticas – Domingos
Fernandes – 2005, Texto Editores, LDA
Guia para a Avaliação da Formação – Instituto para a Qualidade na Formação, IP – Maio
2006
Guia para a Concepção de Cursos e Materiais Pedagógicos - Instituto para a Qualidade na
Formação, IP – Outubro 2004
Metodologia de Construção de Referenciais de Competências e de Formação – Documento
de Trabalho - Instituto para a Qualidade na Formação, IP – Novembro 2005
Das Competências à Excelência: Modelo de Competências do Oficial do Exército Oriundo da
Academia Militar – Andrade da Silva, Martins Lavado, Fernando Cruz, Pinto Silva, Jorge
Bastos, António Rosinha, Gualdino Antão – Revista de Psicologia Militar Nº 16 – Centro de
Psicologia Aplicada do Exército
Perspectiva de base sobre o conceito de competências – Mário Ceitil – Recursos Humanos
Magazine
The meanings of competency – Terrence Hoffmann – An International Manual – February
2001
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 54
Competencia Laboral – Manual de conceptos, métodos y aplicaciones zen el Sector Salud –
María Irigon y Fernando Vargas – Organización Panamericana de la Salud y Oficina
Internacional del Trabajo 2002
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 55
VI. ANEXOS
Anexo A – Exemplo de Questionário de Disciplina/Módulo
ESCOLA NACIONAL DE EQUITAÇÃO QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO
DISCIPLINA/MÓDULO
Este questionário diz respeito apenas à disciplina a seguir indicada.
Antes de responder leia com atenção todas as questões colocadas.
O questionário é anónimo. Disciplina:
Nas seguintes afirmações, é-lhe pedido que exprima o seu grau de concordância ou discordância. Para cada afirmação tem quatro posições à escolha. Assinale com uma cruz a coluna que mais corresponda à sua opinião:
1 2 3 4
Concordo totalmente Concordo Discordo Discordo totalmente
1. Funcionamento da Disciplina indicada
Considero que, em termos gerais: 1 2 3 4
1 As exposições permitiram-me percepcionar com clareza as matérias ministradas
2 A disciplina é exigente e obriga a um esforço constante de acompanhamento por parte do aluno
3 Senti gosto e interesse pelas matérias ministradas 4 Senti necessidade de estudar continuamente as matérias ministradas
5 Os elementos de estudo acessíveis aos alunos são adequados para a boa aprendizagem da matéria
6 Foi sempre fácil e gratificante colocar dúvidas ao professor 7 O regime de avaliação de conhecimentos é adequado à disciplina
8 A classificação obtida na disciplina foi adequada, tendo em consideração o nível de conhecimentos que demonstrei ter adquirido nas avaliações efectuadas
9 A matéria da disciplina vai ser útil para o meu futuro desempenho
10 A disciplina satisfez, de uma forma geral, as expectativas criadas no início da frequência do curso
11 O ambiente professor/aluno foi ajustado
2. Situação e atitude do aluno perante a Disciplina indicada
OBSTÁCULOS
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Considero que, em termos gerais: 1 2 3 4 5 13 A minha preparação anterior é adequada para a frequência desta disciplina
14 Após as aulas procurei, individualmente ou em grupo, consolidar a compreensão da matéria ministrada
15 Procurei, sempre que necessário, esclarecer as dúvidas junto do(s) docente(s)
16 Consultei regularmente a bibliografia recomendada pelo(s) docente(s)
3. Responda sucintamente às seguintes questões: a. De que gostou mais nas aulas?
b. De que gostou menos nas aulas?
c. Que alterações sugere?
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Anexo B – Exemplo de Questionário de Curso
ESCOLA NACIONAL DE EQUITAÇÃO
QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO
Antes de responder, leia com atenção todas as questões colocadas. Nas respostas deverá ter em conta a frequência deste ano do Curso de Formação de Sargentos.
O questionário é anónimo. 1. Nas seguintes afirmações, é-lhe pedido que exprima o seu grau de concordância ou
discordância. Para cada afirmação tem quatro posições à escolha. Assinale com uma cruz a coluna que mais corresponda à sua opinião:
1 2 3 4
Concordo totalmente Concordo Discordo Discordo totalmente
Assinale com uma cruz a coluna correspondente à sua opinião: 1 2 3 4
1 A intensidade do curso é compatível com um bom rendimento escolar
2 O horário do curso foi bem construído e é exequível
3 O número de provas de avaliação nas várias disciplinas é compatível com um bom rendimento
4 Os meios didácticos (audiovisuais) são adequados às necessidades do curso
5 Os meios de apoio informático são adequados às necessidades do curso
6 Os equipamentos desportivos são adequados 7 Salas de aula 8 Alojamentos para os alunos 9 Instalações sanitárias 10 Sala de refeições 11 Bar 12 Picadeiro(s) 13 Campo de Obstáculos 14
As infra-estruturas apresentam boas condições de utilização, tais como
Estábulos 15 As condições gerais de higiene e limpeza foram aceitáveis
16 O regime geral de avaliação de conhecimentos do curso está adequado
17 Os objectivos do curso que frequento correspondem aos objectivos da profissão que escolhi
18 O curso que frequento corresponde efectivamente à minha vocação
CURSO DE INSTRUTOR DE EQUITAÇÃO
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2. Com base na apreciação que acabou de fazer, que sugestões propõe?
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Anexo C – Exemplo de um Guião para Entrevista (análise de funções)
GUIÃO DE ENTREVISTA PARA UM MONITOR DE EQUITAÇÃO
Legitimação da Entrevista
Legitimar a entrevista e motivar o entrevistado, sensibilizando-o para a necessidade de conhecer a profissão
1. Informar, nas suas linhas gerais, acerca do objectivo da entrevista: obter informações que permitam proceder à descrição e caracterização do mesmo.
2. Referir a importância da função para o conhecimento do cargo.
3. Informar acerca da importância do testemunho do superior directo da Escola de Equitação para a riqueza e exactidão da análise do cargo.
4. Assegurar o carácter profissional/académico da monografia a elaborar, garantindo o respeito e privacidade do entrevistado.
Data:
Entrevistado:
Nome:
Organização: Centro Equestre do Cadaval
Tel:
Cargo: Monitor de Equitação
Objectivos:
O objectivo do Centro Equestre é …
São tarefas do Centro Equestre as seguintes:
(…)
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Localização do posto de trabalho:
Principais tarefas e responsabilidades
Obter dados para a descrição do Cargo, suas tarefas principais e objectivos
1. Qual é, para si, o objectivo geral do seu cargo?
2. Descrição do trabalho de um Monitor de Equitação: 2.1 Quais são as suas tarefas principais e os seus objectivos (como é que realiza as tarefas,
qual o tempo dispendido, e com que frequência)?
2.2 Diariamente faz outros trabalhos (como é que realiza as tarefas, qual o tempo dispendido, e com que frequência)?
2.3 Para além das obrigações diárias, tem de realizar outras tarefas periodicamente ou ocasionalmente, e quais os objectivos (como é que realiza as tarefas, qual o tempo dispendido, e com que frequência)?
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3. Materiais necessários ao cumprimento das tarefas
Exigências do cargo
4. Conhecimentos 4.1 Qual a formação/habilitações literárias necessárias possuir para se ser um Monitor de
Equitação?
4.2 Que tipo de linguagem escrita ou falada é necessária para o cargo?
4.3 Quais as áreas de formação que entende serem importantes para o desempenho do cargo?
Quais as principais dificuldades sentidas?
5. Experiência profissional Que tipo de experiência profissional entende ser necessária para o cargo?
6. Adaptação ao cargo Qual o tempo necessário para se adaptar ao cargo?
7. Responsabilidades 7.1 Qual o número de pessoas que estão directa ou indirectamente sob a sua
responsabilidade?
7.2 Que responsabilidades lhe cabem na coordenação, controlo e organização do trabalho das pessoas que lhe estão subordinadas?
7.3 Com que outras pessoas do Centro Equestre tem que se relacionar?
7.4 Quais os motivos/objectivos desses contactos e com que frequência são estabelecidos?
7.5 Quais as formas de contacto que utiliza?
7.6 Que relações ou contactos mantém com pessoas exteriores ao Centro Equestre?
7.7 Quais os motivos/objectivos desses contactos e com que frequência são estabelecidos? 7.8 Quais as formas de contacto que utiliza?
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7.9 É directamente responsável por dinheiro ou bens valiosos, e qual o valor?
7.10 Qual a probabilidade de cometer erros, e quais as repercussões resultantes para a função e para a organização?
8. Autonomia da acção 8.1 Qual o grau de supervisão que recebe?
8.2 Pode fazer ou propor alterações às instruções recebidas?
9. Ambiente de trabalho 9.1 Existem rotinas ou procedimentos estandardizados a serem seguidos no seu trabalho
(Normas e Regulamentos)? Quais?
9.2 A maior parte do seu trabalho é feito dentro ou fora das instalações do Centro Equestre?
9.3 Em relação às condições de trabalho, que dificuldades encontra, no que respeita a sujidade, frio ou calor, humidade, iluminação inadequada, odores, ruído, etc?
9.4 Qual o risco inerente ao desempenho das tarefas?
9.5 Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes e suas consequências?
10. Exigências físicas 10.1 No seu dia a dia qual é o tempo que passa: de pé; sentado; a andar; agachado; a
empurrar material; outros…?
10.2 Quais as capacidades de resistência à fadiga, necessárias para desempenhar essa função?
10.3 Qual o grau de atenção exigido à realização das suas tarefas?
11. Exigências de personalidade 11.1 Quais as características de personalidade que considera serem as mais importantes para
o desempenho do cargo?
11.2 Até que ponto é necessário ser rápido e urgente no desempenho das suas tarefas? Porquê?
Proposta para o Sistema de Avaliação da Formação Equestre Pág 63
11.3 Em que medida são importantes a capacidade de relacionamento interpessoal e o trabalho em equipa?
11.4 Em que medida é importante a capacidade de comunicação?
11.5 Até que ponto o auto-controlo e a autoconfiança são necessários ao desempenho das suas tarefas?
11.6 Qual a importância do conhecimento e respeito pelas crenças, usos e costumes locais
Fecho da entrevista e despedida
Agradecimentos pela disponibilidade do entrevistado.