ESTADO DE MATO GROSSO
GABINETE DO DEFENSOR PÚBLICO-GERAL Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência e efetivar a inclusão social, respaldada
na ética e na moralidade.
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DA IMPOSSIBILIDADE DA LEITURA DAS PROVAS EXCLUSIVAMENTE
EXTRAJUDICIAIS NO PLENÁRIO DO TRIBUNAL DO JÚRI
CARLOS EDUARDO FREITAS DE SOUZA, Defensor Público das comarcas de Alto
Alto Araguaia/MT e Alto Garças/MT, Pós-Graduado em Direito Penal pela
Universidade Federal de Goiás e Ex-Professor de Processo Penal na UNIC, campus
Primavera do Leste.
Guilherme Sant’Ana Canhetti, ex-estagiário da Defensoria Pública, núcleo de
Primavera do Leste e, atualmente, estagiário do Ministério Público Estadual na
comarca de Primavera do Leste e estudante da UNIC, campus de Primavera do
Leste.
1 INTRODUÇÃO
No dia 10 de junho de 2008, foi publicada a Lei 11.690
que alterou fortemente o cenário do processo penal brasileiro, a ponto de poder ser
chamada de norma revolucionadora da ordem jurídica precedente, com o fim
propício, talvez não aquele que seria alcançado, de adequar as normas legais aos
ditames constitucionais e entendimentos jurisprudenciais modernos.
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A referida Lei Federal tornou-se, ainda, mais uma de
inúmeras alterações pelas quais o antigo estatuto processual se submeteu desde o
seu decreto naquela época, em 1941, vale notar, sob o Estado Novo, que era
presidido por Getúlio Vargas.
A revolução, assim especificada por sua amplitude e
significado, não ocorreu sob o signo de uma só lei, pois se consumou juntamente
com a Lei 11.689/08, que alterou os procedimentos referentes ao Tribunal do Júri.
Ademais, vale ressaltar que a própria instituição do
Tribunal do Júri já é considerada arcaica, não se amoldando perfeitamente com a
nova ordem constitucional de 1988.
Entendia-se a instituição do Júri, baseando que se
originou em uma remota e distante época, onde as garantias do indivíduo eram
preteridas. Vale notar a tremenda modificação do entendimento doutrinário a
respeito dos meios de valoração das provas dos autos. Partimos de um extremo,
notadamente inquisitorial, e com muita dificuldade caminhamos em direção ao
equilíbrio, onde as garantias individuais conviveram harmoniosamente com as
instituições também preservadas pela ordem constitucional.
Exatamente isso que houve com o antigo Tribunal do Júri,
composto por cidadãos comuns, demonstração de cidadania na determinação do
veredicto aos réus acusados de terem cometido o crime de maior gravidade na
ordem jurídica atual: o crime contra a vida humana.
No entanto, apesar de preservado pela ordem
constitucional, não se pode olvidar que a Constituição nunca de contradiz, mas entre
seus pontos contraditórios reina a necessidade da ponderação. Um caso específico
em que há necessidade de ponderar interesses aparentemente opostos e
contraditórios surge do cotidiano forense e se resume na questão da valoração que
as provas inquisitoriais devem receber do jurados, constitucionalmente soberanos.
Hodiernamente, as provas colhidas na fase da
investigação policial, encontram-se no início da maioria das Ações Penais, sendo
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que não estão submetidas aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa, advindos do processo penal.
Destarte, é de salutar importância a discussão jurídica a
respeito da possibilidade dos jurados ponderarem sobre tais provas, no momento
em que intimamente se convencem se devem ou não condenar aquele que estiver
sentado no banco dos réus.
Seria aplicável aos senhores jurados, da instituição do
Tribunal do Júri, a nova redação do art. 155 do Código de Processo Penal,
introduzida recentemente pela Lei 11.690/2008, que veda a apreciação exclusiva
das provas extrajudiciais? Se sim, quais seriam os meios de controle de valoração?
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2 DA PROVA EXTRAJUDICIAL
É possível afirmar que a Ação Penal não se inicia com o
simples recebimento da denúncia, como entende a maioria da doutrina e
jurisprudência. Ainda que juridicamente isso seja afirmado, a sustentação do
Processo Criminal encontra-se fora dos limites judiciais que as capas dos autos
indicam.
A ousada afirmação acima quer dizer que não é apenas
aquilo que se vê entre as capas dos autos, no foro onde tramitam, que de fato
ocorreu. Diversos outros acontecimentos, podendo ser até mesmo ilícitos, deram
causa para os fatos narrados na peça de denúncia do parquet ou para as palavras
das testemunhas que se apresentaram em juízo para depor.
No entanto, apesar de serem inúmeros fatores que
influenciaram para o acontecido, a autoridade policial, por meio de sua investigação,
apenas transcreveu aquilo que lhe era mais importante para a apuração da infração
e identificação de seu autor. Todo o mais, quer seja formado de atos meramente
corriqueiros, quer ilícitos e inaceitáveis, é deixado de fora.
O que temos no Inquérito Policial, então, são apenas
representações mitigadas da realidade e podem esconder um aspecto pouco
agradável de se abordar: o interesse da Autoridade Policial em encontrar um infrator
e contribuir para que ele seja punido.
Esse interesse já foi reconhecido por diversos
doutrinadores, que inclusive vieram a dissertar pela relativização das provas
exclusivamente policiais, mesmo que apresentadas em juízo, por esse motivo.
Acontece que, mesmo sendo autoridades públicas instituídas com a finalidade de
apurar os delitos cometidos, possui interesse na condenação dos indiciados, fato
este que não pode ser ignorado.
Assim sendo, o Professor Fernando Capez entende que:
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Por mais honesto e correto que seja o policial, se participou da diligência, servindo de testemunha, no fundo estará sempre procurando legitimar a sua própria conduta, o que juridicamente não é admissível. Necessário, portanto, que seus depoimentos sejam corroborados por testemunhas estranhas aos quadros policiais. Assim, em regra, trata-se de uma prova a ser recebida com reservas, ressalvando-se sempre a liberdade de o juiz, dependendo do caso concreto, conferir-lhe valor de acordo com sua liberdade de convicção.
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Além disso, as provas colhidas do inquérito policial podem
ser suscetíveis de erros e enganos, muitas vezes grosseiros, já que não são
acompanhadas e rebatidas pela defesa do acusado.
É nesse ponto que o papel da Constituição é exercido.
Como bem expressa o Professor Leo Van Holthe, na sua obra, dissertando acerca
dos direitos fundamentais de primeira dimensão, entre os quais se inclui a exigência
da confirmação das provas extrajudiciais por elementos probatórios judiciais:
[…] decorrem da ideologia do liberalismo e caracterizam-se pela exacerbação do direito de liberdade individual, pregando a não-intervenção do Estado nos negócios particulares. Nesse período, consagram-se as liberdade clássicas e os direitos civis e políticos.
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Nesse sentido, o ius puniendi estatal é limitado pelas
disposições garantistas esculpidas na Carta Magna, sendo que jamais poder-se-ia
ignorá-las sem estabelecer um desequilíbrio autoritarista e absolutista incompatível
com um Estado que se denomine Democrático (art. 1.º, caput, CF).
Bem se sabe que a Constituição é formada por princípios
e regras, que estruturam sua força normativa. No entanto, não há princípio absoluto,
como acertadamente declara Canotilho ao explicar o princípio da concordância
prática,
1 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 16. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 378-379. 2 HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional. Editora JusPodivm. 2. ed. revista, ampliada e atualizada até a EC 52/06. 2006. p. 245.
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[…] o campo de eleição do princípio da concordância prática tem sido até agora o dos direitos fundamentais (colisão entre direitos fundamentais ou entre direitos fundamentais e bens jurídicos constitucionalmente protegidos). Subjacente a este princípio está a idéia do igual valor dos bens constitucionais (e não uma diferença de hierarquia) que impede, como solução o sacrifício de uns em relação aos outros, e impõe o estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos de forma a conseguir uma harmonização ou concordância prática entre estes bens.
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Assim, todos os princípios devem se harmonizar. Quando
algum deles aparenta se confrontar diretamente com outro, nenhum deles se anula,
apenas se relativizam mutuamente, isto é, são aplicados ponderadamente. Pode-se
afirmar com isso que, toda e qualquer previsão constitucional deve se harmonizar
com os princípios e diretrizes que estatui. A esse respeito, a doutrina estatui que:
[...] a colisão de princípios se resolve de maneira completamente distinta. Quando dois princípios colidem, um dos princípios deve ceder ao outro. Não se trata porém da inclusão de uma cláusula de exceção ou então da invalidação de um princípio pelo outro. Cuida-se de precedência de acordo com as circunstâncias. Sobre determinada circunstância precederá este ou aquele princípio. Inobstante tal prevalência sob a tal circunstância, o princípio não prevalente pode ser utilizado em outro caso, com solução diversa.
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No caso em comento, mais viável é afirmar que os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa prevalecem sobre o
princípio da soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, em virtude das
circunstâncias a seguir explicitadas. Não que um princípio seja mais ou menos
importante que outro, mas, convém ressaltar que, diante de garantias processuais
tão evidentes, as decisões do respeitável Conselho de Sentença não podem
3 CANOTILHO, J. J, Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993. p. 227 4 THEODORO, Marcelo Antonio. A constituição como um sistema de princípios de normas. Revista de Direito Constitucional e Internacional. Vol. 65. Editora Revista dos Tribunais, 2008
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contrariar-lhes, para evitar a ocorrência da absurda hipótese de um princípio
constitucional anulando completamente a outro.
Por todo o exposto, correto seria concluir que, na fase
extrajudicial de apuração da materialidade e autoria dos crimes, a diretriz
orientadora é de buscar provas para a condenação dos acusados, enquanto que,
após o recebimento da exordial, perante a autoridade judiciária e amparado por um
defensor, o viés torna-se eminentemente defensivo, propiciando aos denunciados
amplas possibilidades de defesa e de contraditar as provas produzidas.
Em virtude do acima exposto, a tendência acusatória do
órgão policial pode afigurar-se nas páginas do inquérito por meio de destaques à
empreitada criminosa do indiciado e ocultação de certos elementos excludentes de
ilicitude ou do dolo ou da culpabilidade. Isso tudo porque a finalidade principal da
prova inquisitorial é fornecer subsídios para a instauração da Ação Penal, para que,
então, seja a situação processada sob o crivo da ampla defesa e do contraditório.
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3 VEDAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA PROVA EXCLUSIVAMENTE EXTRAJUDICIAL
PARA CONDENAR
Por outro lado, é bem sabido que a Constituição Federal
assegura aos litigantes, em seu art. 5º, inciso LV, em processo judicial ou
administrativo, o contraditório e a ampla defesa, todavia, por questões estruturais, a
grande maioria das provas produzidas inquisitorialmente não possuem o
acompanhamento do defensor do acusado. Por esses e por outros fatores que ainda
poderiam ser citados, o inquérito policial possui caráter eminentemente acusatório.
Acerca disso, o insigne Professor Alexandre de Moraes disserta:
O contraditório nos procedimentos penais não se aplica dos inquéritos policiais, pois a fase investigatória é preparatória da acusação, inexistindo, ainda, acusado, constituindo, pois, mero procedimento administrativo, de caráter investigatório, destinado a subsidiar a atuação do titular da ação penal, o Ministério Público.
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Apesar de ser do conhecimento jurídico de todos o caráter
inquisitorial da fase policial, tal peça pré-processual vinha sendo considerada de
valor probante determinante por diversos juristas por todo o Brasil. Tinha-se por
premissa e entendimento jurisprudencial que uma vez não corroborada pelas provas
judiciais, as informações contidas no inquérito poderiam ser fundamento, ainda que
único, da condenação do acusado.
Eminentemente tal assertiva contrariava frontalmente a
ordem constitucional, pois, muitas vezes, por despreparo estatal, muitas
testemunhas, por exemplo, não eram localizadas, já que havia passado diversos
anos de sua oitiva policial. Sendo assim, suas declarações perante a autoridade
policial eram dotadas de uma relevância tal que serviriam para a condenação.
5 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 58.
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Depois de muitos anos, todavia, buscando conciliar a
arcaica legislação à nova ordem constitucional, a Lei 11.690/2008 vedou a
condenação fulcrada exclusivamente em provas extrajudiciais. Ressalte-se,
portanto, que a mens leges foi de constitucionalizar certas normas processuais. Eis,
portanto, o teor do artigo 155, do Código de Processo Penal:
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
No entanto, sua redação não foi clara e continua a induzir
dúvidas. Como bem demonstra Aury Lopes Júnior:
O art. 155 não teve coragem para romper com a tradição brasileira de confundir atos de prova com atos de investigação(1), com graves reflexos na eficácia probatória deles. A redação vai muito bem, até o ponto em que inseriram a palavra errada, no lugar errado. E uma palavra, faz muita diferença... Bastou incluir o “exclusivamente” para sepultar qualquer esperança de que os juízes parassem de condenar os réus com base nos atos do famigerado, inquisitório e superado inquérito policial. Seguiremos assistindo a sentenças que, negando a garantia de ser julgado a partir de atos de prova (realizados em pleno contraditório, por elementar), buscarão no inquérito policial (meros atos de investigação e sem legitimidade para tanto) os elementos (inquisitórios) necessários para a condenação. Significa dizer que nada muda, pois seguirão as sentenças “fazendo de conta que....” o réu está sendo julgado com base nas provas colhidas no processo, quando na verdade, os juízes continuarão utilizando as clássicas viradas lingüísticas do “cotejando a prova judicializada com os elementos do inquérito...” ou “a prova judicializada é corroborada pelos atos do inquérito....”. Quando um juiz faz isso na sentença, está dizendo (discurso não revelado) que condenou com base naquilo produzido no inquérito policial (meros atos de investigação), negando o contraditório, o direito de defesa, a garantia da jurisdição etc., pois no processo não existem provas suficientes. Quem precisa “cotejar” e invocar o inquérito policial,
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quando a prova judicializada é suficiente? Aqui, a vedação de utilização dos atos de investigação (excetuando, é elementar, as provas técnicas irrepetíveis e aquelas produzidas no incidente judicializado de produção antecipada) já seria pouco.... O ideal seria ter coragem para romper, buscando a exclusão física dos autos do inquérito(2). Isso sim seria dar ao inquérito o seu devido valor e garantir o julgamento com base na máxima originalidade da prova (colhida no processo e em contraditório).
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Outrossim, no plenário do júri, vigora o princípio in dubio
pro reo, ou seja, na dúvida acerca da ocorrência de um crime, absolvição é de rigor.
Seguindo esse raciocínio, diante da ausência de provas judiciais aptas a ensejar a
condenação do acusado, a absolvição seria o caminho correto, ou seja, a existência
de provas exclusivamente extrajudiciais seria equivalente a inexistência de
elementos probatórios.
6 LOPES JÚNIOR, Aury. Bom para que(m)? Boletim IBCCRIM, São Paulo, ano 16, n. 188, p. 9-10, jul. 2008
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4 O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE COMO MEIO INTERPRETATIVO DE
SOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA
Tal conclusão é extraída pelo confronto aparente de dois
princípios constitucionais: soberania dos veredictos e exigência de judicialização da
prova.
Daí, quando há uma colisão entre os dois princípios
elencados, deve-se utilizar o princípio da proporcionalidade para haverá a correta
interpretação.
Destarte, a regra da soberania dos vereditos não é
absoluta, uma vez que deve ser controlada pelo princípio da judicialização da prova,
ou seja, o promotor de justiça, ao explanar a prova em plenário, tem a obrigação de
demonstrar para os jurados elementos probatórios judicias, não podendo
fundamentar sua acusação em simples elementos inquisitoriais.
É até corriqueiro nos Tribunais do Júri desse país a leitura
por parte do Ministério Público de provas exclusivamente extrajudiciais para ensejar
a condenação de um acusado. Porém, tal prática deve ser totalmente rechaçada,
tendo em vista que a existência de prova exclusivamente extrajudiciais equivale a
não existência de provas para condenar o réu.
Dessa maneira, proponho a seguinte solução: quando
houver tão-somente provas inquisitoriais no processo do júri, deve o juiz presidente
do Tribunal do Júri proibir a utilização da leitura das mencionadas provas pelo
membro do Ministério Público, sob pena de tornar nulo o julgamento e,
conseqüentemente, atrasar a finalização do trâmite processual.
Isso se justifica porque, em nome do princípio da íntima
convicção, os jurados não necessitam de fundamentar o seu voto, mas, na hipótese
acima levantada, não há como ser outra conclusão, em caso de condenação, a não
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ser a utilização da prova unicamente extrajudicial por parte dos jurados para
condenar o acusado, violando frontalmente o que está escrito no artigo 155, do
Código de Processo Penal, além também, por óbvio, de violar o artigo 5o, LIV, da
Constituição Federal.
Confirmando o que foi dito, trago à baila os recentes
julgados do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, segundo os quais a
utilização de prova exclusivamente extrajudicial torna nulo o julgamento pelo
Tribunal do Júri:
PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO. TRIBUNAL DO JÚRI. CONDENAÇÃO DOS ACUSADOS. ALEGAÇÃO DE DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. DECISÃO QUE SE FUNDOU EM PROVA EXCLUSIVAMENTE EXTRAJUDICIAL. APELO DO ACUSADO EDSON GONZAGA IMPROVIDO. APELO DOS DEMAIS RÉUS PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. Quanto ao acusado Edson Gonzaga, não há que se falar em qualquer pecha no julgamento a implicar novo julgamento pelo Tribunal do Júri, seja pelo não acolhimento da tese de legítima defesa e acolhimento da qualificadora, seja pelo não reconhecimento de homicídio privilegiado. 2. A pretensão de rever a decisão do Tribunal do Júri violaria o preceito constitucional da soberania dos veredictos. 3. No que se refere aos acusados Sebastião Manoel da Silva e Nilson José do Nascimento, verifica-se que a versão acolhida pelo Conselho de Sentença, apresentada pela acusação, está fundada unicamente em confissão realizada em inquérito policial. 4. Relativamente à possibilidade de que a condenação se fulcre em prova colhida em inquérito policial, observo que a jurisprudência majoritária já entendia ser necessário que em sede judicial fosse a referida prova confirmada pelos demais meios probatórios, encontrando, assim, respaldo no conjunto probatório produzido com a observância do contraditório e da ampla defesa. A contrario sensu, uma vez contrariada pelas provas colhidas em juízo ou não confirmada por estas, inviável seja a prova extrajudicial o único elemento para a condenação. 5. Nova redação ao art. 155 do CPP, acolhendo os argumentos antes adotados pela jurisprudência. 6. A decisão do júri foi eminentemente contrária à prova dos autos, vez
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que não está embasada em elemento probatório válido suficiente, o que autoriza a sua reforma, com a devolução dos autos para que sejam os réus Sebastião Manoel da Silva e Nilson José do Nascimento submetidos a novo julgamento perante o Tribunal do Júri. 7. Em face do julgamento do HC 82959, de relatoria do Min. Marco Aurélio, que declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 2º da Lei de Crimes Hediondos, e da redação do referido dispositivo legal conferida pela Lei nº 11.464/2007, o cumprimento da pena dos crimes hediondos deve ser realizado sob o regime inicialmente fechado, razão pela qual deve ser a sentença reformada neste aspecto quanto ao acusado E.G. 8. À unanimidade, negou-se provimento ao apelo do acusado E.G., modificando-se de ofício o regime de cumprimento da pena para o inicialmente fechado. Deu-se provimento ao recurso de S.M.S. e N.J.N., a fim de que sejam submetidos a novo julgamento (TJPE; ACr 0156863-8; Flores; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Mauro Alencar de Barros; Julg. 01/07/2009; DOEPE 31/07/2009). PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO. TRIBUNAL DO JÚRI. ABSOLVIÇÃO DE UM DOS CO-RÉUS E CONDENAÇÃO DO DEMAIS ACUSADO. APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFESA. ALEGAÇÃO DE DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. DECISÃO QUE SE FUNDOU EM PROVA EXCLUSIVAMENTE EXTRAJUDICIAL. APELO DO MP IMPROVIDO. APELO DO RÉU EZEQUIEL JACINTO DE ALCÂNTARA PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. Relativamente à possibilidade de que a condenação se fulcre em prova colhida em inquérito policial, observo que a jurisprudência majoritária já entendia ser necessário que em sede judicial fosse a referida prova confirmada pelos demais meios probatórios, encontrando, assim, respaldo no conjunto probatório produzido com a observância do contraditório e da ampla defesa. A contrario sensu, uma vez contrariada pelas provas colhidas em juízo ou não confirmada por estas, inviável seja a prova extrajudicial o único elemento para a condenação. 2. Nova redação ao art. 155 do CPP, acolhendo os argumentos antes adotados pela jurisprudência. 3. Verifica-se da análise dos autos que a condenação baseou-se apenas na confissão extrajudicial dos acusados, a qual não teve a
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necessária confirmação nas evidências judiciais, razão pela qual não é suficiente para embasar a condenação. Provimento do recurso do réu Ezequiel Jacinto de Alcântara, para que este seja submetido a novo julgamento perante o Tribunal do Júri. 4. Se consignado acima não haver prova suficiente para a condenação dos acusados, vez que a condenação se lastreou apenas em confissão extrajudicial que não foi ratificada pelas demais provas produzidas em juízo, não há como se ter como eminentemente contrária à prova dos autos decisão dos jurados que absolveu o co-réu Aluízio Aleixo da Silva Filho. Recurso do Ministério Público improvido. 5. À unanimidade, negou-se provimento ao apelo do Ministério Público e deu-se provimento ao recurso de Ezequiel Jacinto de Alcântara (TJPE; ACr 0149598-5; São Lourenço da Mata; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Mauro Alencar de Barros; Julg. 10/06/2009; DOEPE 18/07/2009).
Além desses, pode-se citar um louvável julgado proferido
pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, por meio do qual se determinou
a anulação de uma decisão do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri com base
nos argumentos anteriormente expostos:
APELAÇÃO CRIMINAL. JÚRI. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. CONDENAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO. DECISÃO MANIFESTAMENTE À PROVA DOS AUTOS. FUNDADA EXCLUSIVAMENTE PRODUZIDAS DURANTE INQUÉRITO POLICIAL. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO CONTRADITÓRIO. NOVO JULGAMENTO DETERMINADO. RECURSO PROVIDO. A decisão do Júri respaldada exclusivamente nas declarações prestadas pela vítima durante o inquérito policial, sem qualquer amparo em provas produzidas sob o crivo do contraditório, se mostra manifestamente contrária à prova impondo, assim, a realização de novo julgamento nos termos do artigo 593, inciso III, alínea "d", da Lei Instrumental Penal. (TJMT; RACr 62590/2006; Rondonópolis; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Rui Ramos Ribeiro; Julg. 10/10/2006)
No corpo do julgado resumido na ementa anterior, tem-se
ainda a seguinte transcrição, obtida da exposição do eminente Ministro Felix Fischer,
em julgamento no STJ, do REsp 257083-DF, em 07/11/2002:
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O Júri Popular, com toda a amplitude de apreciação que se queira destacar, não pode ultrapassar princípios basilares de valoração da sistemática processual e nem ferir frontalmente regras de experiência cotidiana de julgamento de processos criminais. Neste particular a lição genérica extraída do v. julgado na Ap. Criminal nº 40.662-2 (do e. Tribunal de Alçada do Estado do Paraná), in verbis: 'Tampouco procede invocar a sentença como base Nessa esteira, o termo juiz previsto no artigo 155, do Código de Processo Penal, refere-se, numa interpretação ampliativa, também aos jurados, não podendo estes condenar quando houver tão-somente provas extrajudiciais para condenação, conforme entendimentos doutrinários e jurisprudenciais colacionados.
Por todo o exposto, ainda que as provas extrajudiciais
sejam, sem dúvida, suficientes para o oferecimento da denúncia, ou alicerce
indiciário para a prolação da sentença de pronúncia, não podem jamais, por si só,
ensejar uma condenação, em consonância com a atual ordem constitucional, cujo
entendimento é refletido na jurisprudência e doutrina nacional.
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5 A LEITURA DAS PROVAS EXTRAJUDICIAIS E O SISTEMA DE VALORAÇÃO
DOS JURADOS
Até o presente ponto, afirmou-se que a nova ordem
constitucional, inaugurada em 1988, ressaltou como um de seus princípios primários
a necessidade de submissão de qualquer acusação à ampla defesa e ao
contraditório pelo acusado (art. 5.°, inciso LV), revogando todo o sistema arcaico de
acusação outrora existente no Brasil, de modo que o legislador teve de adequar as
normas infraconstitucionais a essa realidade.
Também foi ponderado que, embora a reforma no
Processo Penal em 2008 possua aspecto salutar, tais modificações se procederam
de forma tímida e, como afirmou o ilustre doutrinador Aury Lopes Júnior, ficaram
aquém daquilo que ainda se espera da interpretação da própria ordem
constitucional.
O que se quer dizer, então, é que a forma de acusação,
em que não se oportuniza o direito do acusado de contraditar a prova colhida, ou de
praticar todos os meios necessários para se defender de suas repercussões, deveria
ser terminantemente banida da realidade brasileira. Todavia, por questões
estruturais, os Inquéritos Policiais presentes no início da maioria das Ações Penais
são construídos sem essa observação, necessitando-se que, a posteriori, fossem
tomados os cuidados necessários para não embasarem uma condenação. Dessa
forma, afirma-se que a reforma do art. 155 do Código de Processo Penal foi
benéfica, mas insuficiente.
Por outro lado, o Conselho de Sentença do Tribunal do
Júri, que solenemente se reúne com a finalidade de julgar o pedido de condenação
de alguém pela prática de fatos tipificados em lei como criminosos, não necessita
fundamentar suas decisões, nem sequer tomá-las segundo os preceitos legais
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normalmente obedecidos pelo juiz singular. Destarte, o voto de um jurado quanto à
condenação do acusado poderá se basear em qualquer circunstância, plausível ou
não, objetiva ou subjetiva, sem que haja controle a esses fundamentos. Trata-se da
soberania dessa instituição, abarcada constitucionalmente no art. 5.°, inciso XXXVIII,
alínea “c”.
Não se busca aqui atacar, como outros autores já fizeram,
a constitucionalidade do sistema de valoração de provas denominado de “íntima
convicção”7, que é praticado excepcionalmente nessa situação. Pretende-se afirmar,
todavia, que a soberania outorgada constitucionalmente à instituição do júri não é
absoluta, assim como não há qualquer princípio absoluto em nossa ordem
constitucional. Há outros casos, em que o entendimento majoritário da jurisprudência
se posicionou no sentido de relativização dessa soberania, tais como no caso de
decisão manifestamente contrária à prova dos autos, ou no caso de rescisão da
condenação pelo Judiciário em sede de Revisão Criminal. Em caso de conjugação
dessa soberania com outros princípios constitucionais, como os princípios do
contraditório e da ampla defesa, deve-se destacar o princípio da proporcionalidade,
diante das peculiaridades do caso em questão, como se proporá a seguir.
O principal realce que se deve dar, nesse ponto, é ao fato
de o jurado, soberano e dotado da “íntima convicção” constitucional, poder se
embasar em valores que fogem de qualquer forma de controle de legalidade ou
constitucionalidade de suas motivações. A não ser que os jurados decidam de forma
manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, inciso III, alínea “d” do Código
de Processo Penal), apenas se houver nulidade ou erro ou ilegalidade por parte do
juiz presidente, um novo julgamento será determinado. Sendo assim, as decisões
desse Conselho de Sentença tornam-se essencialmente perigosas e capazes de
7 Sinteticamente, segundo o insigne doutrinador Fernando Capez, em sua obra “Curso de Processo
Penal, 2009”: “A lei concede ao juiz ilimitada liberdade para decidir como quiser, não fixando qualquer regra de valoração das provas. Sua convicção íntima, formada não importa por quais critérios, é o que basta, não havendo critérios balizadores para o julgamento. Esse sistema vigora entre nós, como exceção, nas decisões proferidas pelo júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de fundamentação.
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afrontar de maneira gritante a diversos princípios constitucionais, sem que se possa
fazer nada, em nome de sua soberania.
Outro realce importante, conforme exposto nos tópicos
anteriores, referente ao que a jurisprudência já tem afirmado, no sentido de vedar a
condenação de alguém feita exclusivamente com base em provas extrajudiciais,
quer pelo juiz singular, quer pelo Tribunal do Júri. Portanto, a interpretação que se
faz é de que a vedação do art. 155 do Código de Processo Penal também deve
plenamente incidir sobre os integrantes do Conselho de Sentença, de forma
limitadora de sua soberania.
Recapitulando-se as premissas, tem-se que:
a) o inquérito policial possui a finalidade de embasar a
denúncia, sendo que, por isso, não pode ser utilizado como fundamentação
exclusiva da condenação;
b) o Tribunal do Júri também está sujeito à vedação da
norma legal do art. 155, do Código de Processo Penal;
c) o sistema de valoração de provas por parte dos jurados
se faz por sua “íntima convicção”;
d) a soberania das decisões do Conselho de Sentença
não é absoluta, a ponto de poder ser controlada a fim de se evitar arbitrariedades
que afrontem as demais normas constitucionais.
Com base nessas premissas sintetizadas acima, de forma
específica em interpretação proporcional, é válido dizer que a simples leitura do
Inquérito Policial em uma sessão de julgamento do Tribunal do Júri deveria ser uma
prática vedada no Brasil, sob pena de tornar nulo o julgamento. Isso porque, como
não é possível atestar de que modo houve valoração das provas pelos jurados,
também não se pode assegurar se não levaram em conta apenas (e tão somente)
as provas extrajudiciais para embasar seu posicionamento a favor da acusação.
Portanto, é bastante razoável acreditar que, em nome da
aludida soberania dos veredictos, inúmeros acusados foram condenados pelo
Tribunal do Júri, o qual, por sua vez, atentou-se exclusivamente nas palavras lidas
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perante eles, juntadas aos autos quando da fase policial de investigação, cujas
provas não passaram pelo crivo do contraditório e da ampla defesa.
Admitir a leitura dessas provas, é permitir que a
condenação possa se fazer em detrimento de princípios constitucionais que
estruturam todo o sistema processual (tal como o do contraditório e da ampla
defesa), sob o argumento simplista de que os veredictos dos jurados são soberanos
(como se intocáveis ou incontroláveis).
Como se vê, trata-se de uma inconstitucionalidade de
prática disseminada e aceita sem a análise proporcional dos princípios em questão.
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6 CONCLUSÃO
Portanto, com a nova sistemática processual penal,
mormente com a reforma processual penal de 2008, mais especificamente com a lei
11690/08, não há como admitir a leitura de peças exclusivamente extrajudiciais no
plenário do júri, sob pena de ferir os princípios constitucionais da ampla defesa e do
contraditório, gerando a nulidade da decisão do júri, com supedâneo no art. 593,III,
d, do Código de Processo Penal.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANOTILHO, J. J, Gomes. Direito constitucional e
teoria da constituição. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993. p. 227.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 16. ed.
São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 378-379.
HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional. Editora
JusPodivm. 2. ed., revista, ampliada e atualizada até a EC 52/06. 2006. p. 245.
LOPES JÚNIOR, Aury. Bom para que(m)? Boletim
IBCCRIM, São Paulo, ano 16, n. 188, p. 9-10, jul. 2008.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed.
São Paulo: Atlas, 2008. p. 58.
THEODORO, Marcelo Antonio. A constituição como um
sistema de princípios de normas. Revista de Direito Constitucional e Internacional.
Vol. 65. Editora Revista dos Tribunais, 2008