UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
CAMPUS DE JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
FERNANDA FURQUIM PEREIRA
ESTIMATIVA DA VAZÃO MÍNIMA DE REFERÊNCIA DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS/RO.
Ji-Paraná
2017
FERNANDA FURQUIM PEREIRA
ESTIMATIVA DA VAZÃO MÍNIMA DE REFERÊNCIA DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO CANDEIAS/RO.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Engenharia Ambiental,
Fundação Universidade Federal de Rondônia,
Campus de Ji-Paraná, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Marcos Leandro Alves Nunes
Ji-Paraná
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Fundação Universidade Federal de Rondônia
Gerada automaticamente mediante informações fornecidas pelo(a) autor(a)
Pereira, Fernanda Furquim.
Estimativa da Vazão Mínima de Referência da Bacia Hidrográfica do RioCandeias/RO / Fernanda Furquim Pereira. -- Ji-Paraná, RO, 2017.
53 f. : il.
1.Vazão de referência. 2.gestão. 3.outorga. I. Nunes, Marcos LeandroAlves. II. Título.
Orientador(a): Prof. Me. Marcos Leandro Alves Nunes
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) -Fundação Universidade Federal de Rondônia
P436e
CDU 556.51
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________CRB 11/601Bibliotecário(a) Marlene da S. M. Deguchi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Lucidio
Pereira e Natalia Furquim Pereira que me
deram a vida e não mediram esforços para
minha educação.
Ao meu querido esposo, Cleiton Calinski por
me apoiar, incentivar, compreender e
acreditar na minha capacidade de
crescimento.
A minha filha, Nicoli Calinski Furquim por ser
a razão do meu viver e minha maior
motivação.
Aos meus familiares e amigos, que de forma
direta e indireta me ajudaram a vencer as
etapas deste desafio.
AGRADECIMENTO
Muitas foram as batalhas ao longo desta jornada acadêmica, mas com fé e a ajuda de
pessoas especiais que conheci neste período que fizeram acrescentaram na minha vida foi
possível chegar até aqui.
Agradeço, primeiramente, a Deus, por me ajudar espiritualmente a superar as
dificuldades, confortando meu coração, guiando nas decisões e permitindo concluir esta etapa.
Ao professor Marcos Leandro Alves Nunes, por me aceitar como orientanda,
apoiando em todas as etapas, com conselhos, orientações, paciência e dicas, sem o qual esse
trabalho não teria existido. Muito obrigada por ser peça fundamenta na minha formação.
Ao meu pai, exemplo de caráter, que em vida foi o maior incentivador para minha
formação acadêmica, apoiando financeiramente e emocionalmente sem medir esforços para
que eu chegasse ao fim dessa jornada.
A minha mãe, amiga de todas as horas, que na ausência de papai tomou para si o
compromisso de continuar a me ajudar financeiramente, além do apoio emocional e do amor
incondicional que a fez deixar tudo para traz me apoiado no que fosse preciso.
Ao meu querido esposo, que esteve presente neste momento aguentando minhas
crises de choro e preocupação, pela paciência e compreensão nas horas de ausência por conta
do desenvolvimento deste trabalho. Por se dedicar em cuidar de nossa filha, abrindo mão de
seus compromissos para que fosse possível a conclusão deste trabalho.
Aos amigos e colegas da universidade que torceram por mim e me apoiaram no
decorrer desses anos. Em especial, agradeço a Geniane Trindade Ribeiro que se dispôs a me
ajudar no que fosse preciso, e assim fez. Muito obrigada Geniane por não poupar esforços,
tomando como suas as minhas causas.
Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram durante toda a
graduação e no desenvolvimento deste trabalho o meu muito obrigado.
.
RESUMO
Visando garantir o funcionamento do corpo hídrico e manter suas características e estruturas
naturais mesmo após os usos externos, esse estudo pretendeu estimar a vazão mínima de
referência do rio Candeias com base nas séries históricas de vazões existentes. Foram
realizadas buscas e coletadas as informações fluviométricas na base de dados da Agência
Nacional de Águas (ANA), por meio do Sistema de Informações Hidrográficas (HidroWeb),
detectando a existência de cinco estações fluviométrica, mas somente a estação denominada
Santa Isabel possuía um período de observação compreendido entre 1976 a 2005, maior que
10 anos. A partir dessas informações, foram determinadas pelo método Q7,10 e Curva de
Permanência as vazões Q7,10 e a Q95%. Os valores encontrados para as vazões mínimas de
referência foram: 29,9 m3/s para Q7,10 e 44 m³/s para Q95%. Esses resultado refletem, para o
primeiro valor, que a máxima vazão outorgada corresponde a 30% Q7,10, permanecendo no
corpo hídrico uma vazão de 20,93 m³/s, implicando dizer que a mesma está sendo mantida em
períodos hídricos críticos; para o segundo valor, a máxima vazão outorgada, para atender os
usos consultivos da bacia e manter as condições adequadas para sobrevivência do ecossistema
aquático, corresponde a 70% da Q95%, permanecendo no corpo hídrico uma vazão de 13,2 m³/s
e mostra que entres os meses de setembro, outubro e novembro, apresentam os menores
valores de vazão. Por fim, destaca-se a necessidade de metodologias para determinação da
vazão mínimas com significado ecológico.
Palavras-chave: Vazão de referência, gestão, outorga.
ABSTRACT
Aiming to ensure the functioning of the water body and maintain its natural features and
structures even after external uses, this study intends to estimate the minimum reference flow
of the Candeias river based on the historical series of existing flows. Fluviometric information
was searched and collected in the National Water Agency (ANA) database, through
Hydrographic Information System (HidroWeb), detecting the existence of five fluviometric
stations, but only the station named Santa Isabel had a period of observation between 1976
and 2005, greater than 10 years. From this information, the flows Q7,10 and Q95% were
determined by the method Q7,10 and Curve of Permanence. The values found for the minimum
reference flows were: 29.9 m3 / s for Q7,10 and 44 m3 / s for Q95%. These results reflect, for the
first value, that the maximum flow rate corresponds to 30% Q7,10, remaining in the water body
a flow of 20.93 m³ / s, implying that it is being maintained in critical water periods; for the
second value, the maximum flow granted to meet the consultative uses of the basin and to
maintain adequate conditions for the survival of the aquatic ecosystem corresponds to 70% of
Q95%, with a flow of 13.2 m³ / s remaining in the water body and showing that the months of
September, October and November present the lowest flow values. Finally, the need for
methodologies to determine the minimum flow with ecological significance is highlighted.
Key words: reference flow, management, bestowal.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Localização da bacia hidrográfica do rio Candeias. ................................................ 23
Figura 2- localização da estação fluviométrica Santa Isabel. .................................................. 24
Figura 3- Sub-Bacia Hidrográfica representando o Alto e o Baixo Candeias ......................... 25
Figura 4- Etapas para calcular vazões mínimas ...................................................................... 29
Figura 5- Preenchimento de parâmetros e obtenção da Q7,10. ................................................. 30
Figura 6- Etapas para o cálculo da Curva de Permanência de Valores Médios ...................... 31
Figura 7- Obtenção da Frequência com que ocorre as vazões médias diárias. ....................... 32
Figura 8- Gráfico da Q7 com ajuste do Weibull para o tempo de retorno de 10 anos. ............ 37
Figura 9- Gráfico da Curva de Permanência 95% do tempo (Q95%). ...................................... 39
Figura 10- Gráfico da Curva de Permanência 95% do tempo (Q95%) para todos os meses da
série histórica. ........................................................................................................................... 40
Figura 11- Ampliação de parte do gráfico correspondente a figura 10 com destaque para os
meses com vazão inferior a Q95%. ............................................................................................. 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- localização das estações fluviométricas .................................................................. 27
Tabela 2- Anos da série histórica apresentando falhas ou inexistência na leitura de vazões. . 33
Tabela 3- Vazões mínima de 7 dias seguidos de 1976 a 2005. ............................................... 33
Tabela 4- Estatística da série de vazões mínimas Q7. .............................................................. 34
Tabela 5- Anos das Últimas Ocorrência do fenômeno El niño. .............................................. 34
Tabela 6- Anos das Últimas Ocorrência do fenômeno La niña. .............................................. 35
Tabela 7- Ordem crescente de vazão e valores com ajustes Weibull. ..................................... 35
Tabela 8- Probabilidade de ocorrência diária de vazões em m3/s. .......................................... 38
LISTA DE ABREVIATURAS
Abr – Abril
Ago - Agosto
ANA - Agência Nacional de Águas
AW - Clima Tropical Chuvoso
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Comp – Completo
Dez - Dezembro
Fev – Fevereiro
Hidro Web - Sistema de Informações Hidrográficas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Jan – Janeiro
Jul – Julho
Jun – Junho
Lat - Latitude
Long - longitude
Mai - Maio
Mar – Março
MMA – Ministério do Meio Ambiente
Nov - Novembro
Out - Outubro
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Q7,10 – Vazão Mínima de sete dias consecutivos com dez anos de recorrência
Q95% - Curva de Permanência 95% do tempo
RO - Rondônia
Set - Setembro
SINGRER - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SIRH - Sistema de Informações de Recursos Hídricos
TR – Tempo de Retorno
WRI – World Resources Institute
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10
1. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 12
1.1. RECURSOS HÍDRICOS ............................................................................................ 12
1.2. RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL ..................................................................... 13
1.3. VAZÕES ECOLÓGICAS ........................................................................................... 15
1.4. IMPACTOS SOBRE OS HÍDRICOS ....................................................................... 16
1.5. GESTÃO DO USO DA ÁGUA E POLÍTICA DE OUTORGA .............................. 18
1.6. VAZÃO Q7,10: DEFINIÇÃO E CRÍTICAS .............................................................. 20
1.7. VAZÃO Q95%: DEFINIÇÃO E CRÍTICAS ............................................................. 22
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 23
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 23
2.1.1 HIDROGRAFIA .......................................................................................................... 24
2.1.2. FATORES FÍSICOS ................................................................................................ 26
2.2. BASE DE DADOS ....................................................................................................... 26
2.3. TESTES ESTATÍSTICOS .......................................................................................... 27
2.3.2. VAZÃO MÍNIMA DE 7 DIAS CONSECUTIVOS COMO 10 ANOS DE
RECORRÊNCIA (Q7,10)......................................................................................................... 27
2.3.3. CÁLCULO DA Q7,10 UTILIZANDO O HIDRO 1.3 ............................................ 28
2.3.4. CURVA DE PERMANÊNCIA DE 95% DO TEMPO (Q95%) ............................. 30
2.3.5. CÁLCULO DA Q95% UTILIZANDO O HIDRO 1.3 ............................................ 31
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 33
3.1. OBTENÇÃO DA Q7,10 ................................................................................................. 33
3.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA VAZÃO Q7,10 ................................................. 37
3.3. OBTENÇÃO DA Q95% ................................................................................................ 38
3.4. ANALISE DOS RESULTADOS DA CURVA DE PERMANÊNCIA .................... 40
3.5. COMPARATIVO DA Q7,10 COM A Q95% ................................................................. 41
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 46
10
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade é notável a importância da água para os seres
vivos, tendo em vista o papel que os rios desempenham para o desenvolvimento
socioeconômico. Segundo Machado (2004), por volta dos anos 50 foi reavaliado o conceito de
recurso renovável e abundante em decorrência do crescimento demográfico e uso intensivo da
água e da poluição gerada pelas atividades humanas.
Neste contexto, tendo ciência que os recursos naturais, em especifico os hídricos são
finitos, a manutenção das características hidrológicas são fundamentais para garantir os
serviços prestados pelo corpo hídrico, como os estabelecidos na Lei nº 9.433/1997, que define
a Política Nacional dos Recursos Hídricos.
A vazão é uma unidade de medida muito utilizada em obras hidráulicas, como as
barragens, usualmente em função da geração de energia hidroelétrica. Suas instalações
provocam alterações no regime hidrológico do rio por apresentar a montante um trecho
lêntico e a jusante um trecho lótico, comprometendo os organismos aquáticos. Consequente a
isso, a hidrologia conclui seus resultados a partir de séries histórica que tiveram seus
fenômenos hidrológicos observados ao longo do tempo, sendo a base de obras que controlam
e utilizam os recursos hídricos (GARCEZ e ALVAREZ, 1988).
Em resposta aos impactos oriundos da construção de barragens, como inundações,
transformação de ambientes típicos de rios em típicos de lagos e as alterações de quantidade
de água, gerou a busca por restrições à quantidade de água que poderia ser retirada do rio, de
forma a especificar que uma vazão mínima deveria ser mantida (COLLISCHONN et al,
2005).
Nas últimas décadas surgiu a preocupação em se utilizar os recursos naturais de
forma sustentável. Desta forma, Longhi e Formiga (2011) acreditam que a manutenção de
vazões mínimas é uma variável indispensável para garantir o uso continuado da água e a
preservação do ecossistema aquático.
Conseguinte a isso, a importância das vazões de permanência se dá em função de
comporem o diagnóstico técnico – científico, que pra Machado (2004), aliado ao
conhecimento da população que habita a área da bacia hidrográfica resultará em uma melhor
gestão. Além disso, a quantidade de água a ser outorgada para muitos estados brasileiros está
relacionada com a parcela da vazão mínima, ou seja, uma porcentagem da vazão mínima
calculada será outorgada.
11
O processo de desenvolvimento e ocupação de Rondônia intensificou a atividade
pecuária bovina na região (KRUSCHE et al. 2005), resultando na principal atividade
econômica do estado, mas ao longo dos últimos anos observou vultuosos investimentos
federais no estado visando a produção de energia elétrica, atividade com grande potencial
degradante ao meio ambiente.
Desta forma, conhecer a vazão mínima de referência de um corpo hídrico é de suma
importância para garantir suas funções ecológicas atuais e garantir sua existência para as
gerações futuras, de modo a manter suas características e estruturas naturais mesmo após seus
usos externos, como abastecimento público, industrial, irrigação e energia elétrica.
Mediante a isso, esta pesquisa teve como base de estudos o Rio Candeias no estado
de Rondônia. O Rio Candeias, afluente do Rio Jamari possui grande importância para a
sociedade local, funcionando como meio para o abastecimento de água, para consumo, além
de ser uma hidrovia para transporte comercial e para turismo, fonte de alimentação, geração
de empregos e movimentação na economia da região (ALMEIDA SOBRINHO, 2006).
Neste contexto, a partir dos dados obtidos na ANA e as correlações implementadas a
partir de sistemas complementares, este estudo expõe uma análise quanto ao Rio Candeias,
baseado nas séries históricas de vazões existentes, objetivando calcular a vazão mínima de
referência.
E para alcançar o objetivo geral foi preciso definir os objetivos específicos, que são:
estudar o regime hidrológico da bacia hidrográfica do rio Candeias com base nas séries
históricas de vazões existentes e Obter o hidrograma de vazões mínimas Q7,10 e vazões de
permanência.
12
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. RECURSOS HÍDRICOS
Basta imaginar o quão essencial se faz a água para a vida, para concluir que ela é
fundamental para a existência dos seres no planeta. Ao longo da história a água foi empregada
para diversos fins, seja na agricultura, abastecimento, saneamento, mantimento de animais,
navegação, lazer entre outras utilidades. Devido a isso, a qualidade dos corpos de água passou
a ser afetada com o tempo, tendo como principal causa o uso inadequado pela humanidade
(CONTE; LEOPOLDO, 2001).
Desde os primórdios, alimentou-se a cultura de que a água era abundante e
inesgotável, mediante essa concepção, ao longo do desenvolvimento dos países pouca era a
preocupação com os recursos naturais, o objetivo central era a busca pelo desenvolvimento
econômico e a expansão territorial acima de quaisquer circunstâncias. Atualmente a
concepção tem se alterado, com o passar do tempo, devido principalmente ao acesso à
informação e à preocupação ambiental eminente, os recursos hídricos começaram a ser mais
valorizados se tornando alvos de pesquisas e estudos (REIS, 2007).
Em síntese, Reis (2007) relata que durante o processo de desenvolvimento de uma
região ou um país as informações sobre os recursos hídricos são indispensáveis,
principalmente por ter se tornado conhecimento fundamental diante de um contexto de
relevantes mudanças climáticas e possíveis impactos ao meio ambiente.
Mediante ao exposto, Tundisi (2009) complementa trazendo em seus estudos as
informações fornecidas nos relatórios do Instituto Mundial de Recursos (World Resources
Institute - WRI), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA-UNEP),
que as análises sobre os volumes disponíveis de água e os efeitos dos usos múltiplos apontam
para uma crise sem precedentes pondo em risco a vida das espécies.
Para Tucci et al. (2000), o desenvolvimento do recurso hídrico e a conservação dos
recursos naturais estão relacionados com a condições sociais e econômicas do País. Por sua
vez, Paz et al. (2000) afirmam que os países têm conhecimento da disponibilidade e uso dos
seus recursos naturais, e a dificuldade se encontra na aplicação de tecnologias para a gestão e
conservação dos mesmos.
Além desses fatores que auxiliam no estudo ambiental dos recursos hídricos, o
gerenciamento de águas necessita que os gestores estejam ligados às questões específicas da
região em foco (SILVA, 2010). Isso se dá devido apesar da similaridade entre os corpos
13
hídricos, a caracterização depende de como o ecossistema se encontra e de que maneira ele
reage às ações naturais e antrópicas.
Neste contexto, a água deve ser destinada para melhorar as condições econômicas,
sociais e comunitárias, levando em consideração os organismos que nela habitam e as
condições ambientais adequadas para a sobrevivência (BENETTI E BIDONE, 2009). Assim,
devido a sua importância, observa-se a relevância de estudar os recursos hídricos como fonte
de dados que irá compor o quadro de planejamento e auxiliar numa gestão adequada as
circunstâncias da localidade. Tendo em vista que o planejamento dos recursos hídricos deve
ser aplicado por equipes interdisciplinares (LANNA, 2009).
1.2. RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL
O Brasil ocupa posição privilegiada ao que se trata a abundância de água doce,
totalizando 12% de toda reserva mundial. Todavia, o país sofre com escassez de água em
várias regiões e tem se encaminhado para uma futura crise hídrica, principalmente devido ao
intenso consumo desordenado do recurso e a deterioração dos mananciais (TUCCI, 2002).
Outra característica marcante no Brasil é o fato de grande parcela de florestas
tropicais do planeta está na bacia amazônica brasileira, fazendo com que a região desempenhe
relevante influência no contexto mundial, assim, acredita-se que impactos nas reservas
hídricas amazônicas refletem em todo o sistema climático e ambiental existente (LUIZÃO,
2007).
A América do Sul possui abundância em rios e mesmo os pequenos riachos são
importantes, pois ambos apresentam uma variedade de habitats, faunas e floras (TUNDISI,
2009). Além disso, Tundisi (2009) também retrata que a bacia Amazônica e a bacia do Prata
são as de maior relevância para o Brasil.
No estado de Rondônia estado possui significativa contribuição no contexto da Bacia
Amazônica, com extensão de 1.500 km, tendo como principais corpos hídricos o Rio
Madeira, Mamoré, Guaporé e o Jamari (OTTOBELLI, 2006). Destacando-se como principal
afluente do Rio Jamari o Rio Candeias, objeto deste estudo. Tais atribuição tem despertado
grande interesse de exploração (SOBRINHO, 2006).
Mesmo possuindo grande potencial hídrico, fatores como crescimento populacional,
aumento da demanda, degradação ambiental, desenvolvimento econômico e ausência de
políticas eficazes direcionadas à recuperação, manutenção e preservação dos recursos hídricos
provocam ao Brasil um alerta para a escassez hídrica (TUCCI et al., 2000).
14
Neste aspecto, Tundisi (2009) afirma que o crescimento e a demanda estão
associados à expansão urbana, à degradação dos mananciais, à contaminação e a poluição,
fatores consequentes da inadequada ocupação do espaço que provocam alterações o ciclo
hidrológico. Anterior a isso, a demanda hídrica podia ser atendida pela disponibilidade
natural, mas devido ao crescimento econômico, aumentou-se também a variedade das
utilizações de água (LANNA, 2009). Neste sentido, os principais usos da água são descritos
Tundisi (2009).
Abastecimento público em áreas urbanas; irrigação a partir de águas
superficiais e subterrâneas; uso industrial (várias finalidades); navegação para
transporte em larga escala, recreação; pesca e piscicultura; aquicultura;
hidroeletricidade; abastecimento em áreas rurais; turismo e recreação (TUNDISI,
2009, p.84).
Essa diversificada maneira de se utilizar os recursos hídricos, está vinculada a forma
diversificada em que se pode obter a água, para Luizão (2007) a Amazônia é uma região
bastante beneficiada quanto a biodiversidade local e em quantidade de água, no qual a floresta
depende da interação com meio para manter o ciclo de seus nutrientes. No entanto, ainda
segundo o mesmo autor, apesar da importância da Amazônia, sua exploração ou a mudança
no uso da terra pode provocar alterações ou impactos ambientais em escala local, regional ou
global. Neste contexto, regiões com abundância deste recurso devem traçar estratégias para
assegurar a manutenção dos mesmos.
Diante disso, a Lei 9433/97 trata da Política Nacional de Recursos Hídricos,
priorizando que a vazão ecológica satisfaça a demanda sanitária, ecológica, abastecimento
público e industrial, geração de energia, navegação, lazer, entre outros usos. Além de atender
os diversos usos da água, de maneira a proporcionar o desenvolvimento e a preservação dos
recursos hídricos, dependendo de profissionais qualificados tanto pra a execução das
atividades, como para a tomada de decisões (TUCCI et. al., 2000).
Devido a sua abundancia hídrica, forte atrativo econômico, o setor hidrelétrico torna-
se crescente no estado de Rondônia, e a construção das usinas gerou um novo ciclo
econômico e de desenvolvimento (ROCHA e BRITO, 2013). No entanto, devido à construção
das barragens, ocorrem alterações no hidrograma natural do corpo hídrico, afetando toda sua
organização. Mediante a isso, existem maneiras de se preservar ou minimizar os impactos
causados pelas obras que envolvem corpos hídricos, dentre elas a permanência de uma vazão
mínima a jusante do corpo hídrico, dando origem às vazões denominadas ecológicas.
15
1.3. VAZÕES ECOLÓGICAS
Com o passar dos tempos, os regimes de vazões naturais em rios por todo o mundo
têm passado por modificações em sua quantidade e comportamento, isso se dá,
principalmente, devido às numerosas atividades vinculadas aos cursos dos rios, dentre elas, o
abastecimento de populações, a irrigação de plantios, a geração de energia provinda de
hidrelétricas, entre diversos outros (VASCO, 2015).
Diante disso, surge a preocupação com a vazão ecológica do corpo hídrico, já que é
toda vazão que necessita permanecer no rio para a sobrevivência do meio aquático
(MEDEIROS et al., 2011). De acordo com Reis (2007), a vazão ecológica pode ser definida
também como sendo aquela que possibilita ao ambiente hídrico manter sua integridade, sendo
representada a partir de valores numéricos que retratam a quantidade de água que permanece
no leito do rio após remoções para aplicações externas (BENETTI et al., 2003).
Dessa forma, para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) a mínima vazão de um
rio deve ser aquela que garante a quantidade mínima e a qualidade da água necessária para
manter o pleno funcionamento do sistema aquático natural. Portanto, para se obterem os
valores referentes as vazões ecológicas é preciso um método para determinação, seja por
procedimentos hidrológicos, simulações ou técnicas hidráulicas (SARMENTO, 2007).
Na determinação das vazões ecológicas alguns métodos exigem dados relevantes às
variadas fases de evolução de organismos aquáticos. Dessa maneira, para Sarmento (2007) as
questões físicas de maior significância para os organismos aquáticos são o oxigênio, a
temperatura, a cobertura do canal e o substrato. Assim, existem espécies que são adaptadas
para viver em zonas de águas específicas, lentas ou ligeiras, fator que provoca a dissipação
desses organismos quando modificado o escoamento do fluido (BENETTI et al., 2003).
Outro fator é que temperatura do corpo hídrico é altamente variável, a localização, o
clima, a altitude, a vegetação, o comportamento subterrâneo, são fatores que auxiliam na
modificação térmica da água (BENETTI et al., 2003). Já o substrato é um composto de
minerais que formam o leito do rio, podem variar entre finos e pedregosos, conforme a
velocidade do escoamento e a composição do solo local.
Todas as características próprias de cada corpo hídrico influenciam nas vazões
ecológicas respectivas, diante disso, o seu estudo é instaurado mediante metodologias diversas
(PINTO et al., 2016). Assim, Collischonn et al. (2005) propôs um método originado da
16
sugestão de Richter et al. (2003) para a conceituação da parcela de vazão que devem ser
mantidas nos corpos hídricos para garantir a sustentabilidade e o abastecimento.
De maneira geral, as metodologias podem ser classificadas em: métodos
hidrológicos, hidráulicos, de simulação do habitat e os holísticos (THARME, 2003). Ainda
conforme o autor Tharme (2003), os métodos hidrológicos estão fundamentados nas séries
históricas das informações fluviométricas da região, destaca-se o método de vazão Q7,10, a
vazão mínima anual de sete dias, a curva de permanência de vazões, os métodos
Tennant/Montana, o das vazões aquáticas de base, método da área de drenagem e o da
mediana das vazões mensais.
Quando se trata de métodos hidráulicos que trabalham com base nos escoamentos e
vazões, os principais métodos são método da regressão múltipla e método do perímetro
molhado. Por outro lado, o método de simulação do habitat faz uma verificação do
comportamento das espécies existentes em determinado ambiente e o fluxo da água,
destacam-se o método Idaho, método IFIM e o método do departamento de pesca de
Washington. Por fim, referentes aos métodos holísticos, que adota características variáveis
dos outros métodos existentes, o mais frequentemente empregado é o método de construção
de blocos (THARME, 2003).
Uma das metodologias para se minorar os impactos das incertezas climáticas é a
previsão de vazão em sistema hídrico, trata-se de um conhecimento que integra a climatologia
e a hidrologia (SOUSA et al., 2010). Neste âmbito, as vazões de saída de uma bacia
hidrográfica são resultados das precipitações ocorridas na localidade, à capacidade do corpo
hídrico em manter o escoamento e a realimentação do aquífero. Dessa maneira, os
hidrogramas permitem a visualização das manifestações e variações das vazões de
determinado corpo hídrico (TUCCI, 2007). Outra característica relevante para se observar é a
variação sazonal do regime hidrológico natural dos rios, de varia conforme a pluviosidade na
área.
Portanto, a vazão ecológica apresenta relevante importância principalmente em
tempos em que a precipitação da água esteja em menor intensidade, visto que, caso não sejam
garantidas condições mínimas de vazão, podem se originar diversos problemas relacionados
aos usos múltiplos e a manutenção de ecossistemas nas regiões (GENZ et al., 2008).
1.4. IMPACTOS SOBRE OS HÍDRICOS
17
A água é um recurso natural finito que apresenta diversas possibilidades de
utilizações. O emprego desse recurso de maneira equilibrada e sustentável é um desafio para a
sociedade moderna (SANTOS et al., 2010). Conforme Mello et al. (2008), a
contemporaneidade vivem o reflexo de uma existência inteira de degradação ambiental e uso
inadequado dos recursos hídricos, atitudes que ocasionam extremas oscilações térmicas,
precipitações desequilibradas, escassez de água ou enchentes, erosões, desmoronamentos de
solos, altos índices de queimadas florestais, fragilidade em alguns grupos agrícolas, por fim, a
indisponibilidade de água para diversos usos básicos e a direta incidência de problemas na
saúde humana.
Além disso, para Alcântara (2004) vive-se instabilidade nos recursos hídricos em
todo o mundo, aos quais as vazões máximas, por vezes, excedam seus limites. Embora, em
outras regiões as vazões mínimas mostram-se menores que o habitual, ocasionando conflitos
entre oferta e demanda do recurso.
No Brasil, concomitante aos grandes incentivos a agricultura intensiva e a
urbanização em crescente, surgiram conflitos envolvendo diferentes setores relacionados ao
gerenciamento dos recursos hídricos. Esses conflitos são causados pela intensificação, em
grande escala, da utilização da água para atender as demandas atuais (Fioreze et al., 2010).
Dessa maneira, gerir adequadamente os recursos hídricos está intimamente
relacionado aos preceitos da sustentabilidade ambiental, inclusive, influenciando setores
econômicos, sociais e políticos (Sánchez-Román et al., 2009). Portanto, cabe aos gestores
ambientais aplicarem mecanismos para controlar os volumes captados, desenvolvendo planos
de recursos hídricos. Assim, dados quando a disponibilidade hídrica de uma bacia
hidrográfica ou corpo hídrico é essencial a realização de estudos hidrológicos.
No Brasil, as condições hídricas têm sofrido com as constantes atitudes degradantes e
os impactos hídricos provindos de diversas ações degradantes ao meio, tratam-se das
hidrelétricas, barragens, desvios de percursos de rios, entre outros. Assim, dentre os principais
usos da água está à hidroeletricidade responsável por grande parte da geração de energia
elétrica, condição derivada da migração da população do campo para a área urbana e a
industrialização que exigiram maior demanda por água e geração de energia e ocasiona
diversos impactos ao meio ambiente.
Costa et al. (2010) enfatizam que os impactos de uma usina hidrelétrica sobre o meio
ambiente possuem diversas magnitudes e abrangências, ocorrem nas fases de planejamento,
construção, enchimento do reservatório, desativação do canteiro de obras e operação do
empreendimento. Desta forma, segundo Magalhães (2006, pág.10), a geração de energia
18
elétrica na região amazônica provoca: “inundação de extensas áreas para a formação do lago,
em alguns casos as áreas “afogadas” são áreas produtivas e de grande diversidade de fauna e
flora, demandando a relocação de contingentes de pessoas atingidas com promessas e
garantias nem sempre cumpridas.
Para Rocha e Brito (2013), os efeitos trazidos a partir da construção das usinas em
Rondônia, não foram bem administrados para que o estado pudesse alavancar de forma
positiva sua economia e transformar a qualidade de vida das pessoas que ali vivem. Neste
contexto, os autores afirmam que o estado precisa reorganizar-se para administrar melhor os
impactos socioeconômicos e ambientais, causados pela construção das usinas: Jirau e Santo
Antônio.
Outro fator que tem causado preocupação é o desmatamento associado às queimas,
ação com alto potencial degradante ao meio ambiente, modificando a paisagem e as
características dos corpos hídricos como um todo (VASCONCELOS, 2005). Além de que a
modificação de florestas para pastagens faz com que uma série de prejuízos se encadeie, tais
como o empobrecimento do solo, os impactos ecológicos, as emissões de gases tóxicos e a
elevação de temperaturas em todo o planeta (BRAILES et al., 1993).
Tais informações demostram que “o estado de Rondônia vem presenciando
gradativamente, transformações na natureza e meio ambiente que vão muito além de
alterações climáticas e a prática das queimadas” (ROCHA e BRITO, 2013, pág.2).
1.5. GESTÃO DO USO DA ÁGUA E POLÍTICA DE OUTORGA
A água é recurso natural fundamental para a existência da vida, assim, devido ao seu
papel e aplicação em diferentes situações, conhecer seu comportamento se torna essencial
para a adequada racionalização de seu uso. Além disso, os corpos hídricos estão intimamente
ligados às bacias hidrográficas, que por sua vez, trata-se de uma delimitação física vinculada
ao ciclo hidrológico, caracterizando-se pela entrada e saída de água (LIMA, 2008).
Concomitante a isso, a partir do crescimento demográfico de determinado país há
também aumento relevante na demanda por água, assim, para se administrar esse recurso de
forma a atender todos os seus usos, é importante que sejam realizados estudos para a
caracterização do comportamento dos corpos hídricos objetivando sua correta gestão.
Mediante a este fato, a Lei 9.433 de 1997 institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, além de abordar a questão de que a administração dos recursos hídricos deve ser
proporcional a sua utilização. E quando o uso é inadequado, a água nem sempre atenderá as
19
necessidades obtidas, destacando que muitos problemas surgem devido à má gestão dos
recursos hídricos, causando o assoreamento de rios, a escassez de água, entre outros.
Silva (2010), indaga a complexidade de aperfeiçoar o gerenciamento das águas em
uma bacia hidrográfica de forma a atender os múltiplos objetivos, quando juridicamente o
gerenciamento deve contemplar os interesses da maioria dos usuários e atender as prioridades
definidas na legislação.
Decorrente desta complexidade e da necessidade de expansão das esferas
deliberativas na gestão dos recursos naturais, a Lei das Águas criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH, composto por: instâncias participativas de
formulação e deliberação, instâncias de formulação de políticas governamentais e instâncias
de implementação e regulação (ANA, 2013).
Com o objetivo de integrar a gestão de recursos hídricos à gestão ambiental e a
necessidade de definição da vazão mínima remanescente, considerando promover e
intensificar a formulação e implementação de políticas, programas e projetos referentes ao
gerenciamento e uso da água, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH por meio
da Resolução nº 129, de junho de 2011 estabelece diretrizes gerais para a definição de vazões
mínimas remanescentes (MMA, 2011) em resumo seriam:
Vazões mínimas remanescentes são utilizadas como limitantes nas seguintes
ocasiões: emissão de manifestações prévias, outorga de direitos para uso dos recursos
hídricos e nas autorizações de intervenção hidráulica;
Quanto a autoridade outorgante, cabe estabelecer critérios específicos para
determinação de vazões mínimas. Em cursos de água intermitente e em trechos de
rios com vazão reduzida derivado da geração hidrelétrica (mediante apresentação
de estudos que avaliem a interferência nos usos múltiplos no trecho em estudo) os
critérios serão diferenciados ou em outas situações, tecnicamente justificadas.
Vazões abaixo da vazão mínima remanescente poderão ser mantidas a jusante
da seção de controle, em decorrência de eventos hidrológicos críticos que
comprometam a disponibilidade hídrica, desde que atenda os usos prioritários
estabelecidos na Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 e aprovada pela autoridade
outorgante.
Em vários trabalhos, assim como de Diniz et al (2016) observa-se que o valor
tomado como base para a vazão mínima remanescente tem sido fixado em função do
escoamento mínimo médio em sete dias subsequentes de duração e 10 anos de tempo de
20
retorno (Q7,10) e/ou determinado através de uma vazão de garantia, tendo sido admitidas as
garantias de 90 e 95%.
É sabido, por meio da Lei das Águas, que o enquadramento dos corpos d’água é um
dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, pois assegura a qualidade do mesmo para os
usos preponderantes desta mesma Lei. Neste contexto, encontram-se no processo decisório de
enquadramento algumas entidades, responsável por normas, critérios e padrões voltados ao
controle e manutenção da qualidade do meio ambiente, buscando proporcionar o uso racional
dos recursos naturais, cadastramento, licenciamento, monitoramento e fiscalização, bem como
o controle da poluição e do uso do recurso hídrico (ANA, 2005).
Após serem expressos os parâmetros e as quantidades expressos na outorga, são
computados os valores da Cobrança pelo uso do recurso hídrico, para posteriormente reunir as
informações referentes às demandas, a situação quantitativa e qualitativa e dispor no Sistema
de Informações de Recursos Hídricos – SIRH, servindo de análise dos pedidos de outorga e
verificação da disponibilidade hídrica (MENDES, 2007).
BRASIL (2017) traz as seguintes informações a respeito das outorga para o estado de
Rondônia:
Possui 48 (quarenta e oito) outorgas, 1 (uma) de domínio estadual e 37 (trinta
e sete) de domínio da União;
A respeito do tipo de corpo hídrico: 64,6% são em espelho d’água e 35,4%
em rio ou curso d’água;
Quanto a finalidade: corresponde a 10,42% para abastecimento, 8,33% para
consumo humano, 6,25% para esgotamento sanitário, 4,16% para Industria,
6,25% para mineração, 54,17% para obras Hidráulicas, 4,16% para
termoelétricas e 6,25% para outros fins;
Quanto a interferência: 54,2% encontra-se na captação, quanto que 45,8% são
decorrentes do lançamento;
Quanto a situação: 75% encontram-se outorgados, 18,75% apresentam usos
insignificantes e 6,25% encontram-se inválidos.
1.6. VAZÃO Q7,10: DEFINIÇÃO E CRÍTICAS
Inicialmente, em 1975 foi desenvolvido o primeiro método, o de Tennant baseado
em variáveis hidrológicas, o qual buscou definir o ecossistema fluvial em função da vazão.
21
Suas vantagens são decorrentes do baixo custo, rapidez e facilidade de implementação, mas
possui desvantagem por ter sido feito para gestão de habitat de trutas, válido somente para a
região que foi desenvolvido, apresentando inexistência da validade biológica (SARMENTO,
2007).
Na mesma década, mais precisamente em 1976, Chiang e Jonhson desenvolveram o
método Q7,10, objetivando determinar vazões que mantivessem a qualidade da água
(MOLINARI, 2011), devido sua utilização para a construção de estação de tratamento de
efluentes (LONGHI e FORMIGA, 2011), uma exigência dos projetos de esgotamento
sanitário para evitar problemas de poluição em função do recebimento de descargas de
efluentes (TOMAZ, 2016).
Mais tarde houve mudança no significado do método Q7,10. Segundo Cesar e Hora
(2016) é a vazão que representa a vazão mínima de 7 dias consecutivos com 10 anos de
recorrência. Para Tomaz (2016) a mudança passou a refletir situação de habitat aquático e da
região ribeirinha.
Sarmento (2007, p.13), descreve as etapas que determinam a Q7,10: “Na primeira,
calcula-se o valor do Q7 para todos os anos do registro histórico considerado. A segunda etapa
resume-se na aplicação de uma distribuição estatística de vazões mínimas para o ajuste dos Q7
calculados, sendo as distribuições de Gumbel e Weibull as mais comuns”.
De acordo com alguns autores o método mencionado apresenta algumas
desvantagens tais como:
Para a distribuição de água disponível em períodos de estiagem intensa, não
consideram aspectos ambientais, como a necessidades dos organismos do ecossistema
aquático ou os aspectos socioeconômicos da bacia; em situações diferentes da anterior aponta
para uma limitação excessiva do uso dos recursos hídricos, causando aos usuários a sensação
de desperdício do recurso (MENDES, 2007).
Liberação somente de vazões mínimas ao longo do ano, mesmo com a variação
sazonal de precipitação, correndo risco da água permanecer nos reservatórios nos períodos de
maior disponibilidade hídrica e quando disponibilidade for menor poderá gerar uma escassez
hídrica (LONGHI e FORMIGA, 2011).
“Essa vazão não possui base ecológica, desconsidera as especificidades dos
ecossistemas ignorando a dinâmica natural e o tempo de recuperação da ictiofauna quando a
vazão é reduzida em período maior de tempo” (SARMENTO, 2007, p.13; LONGHI e
FORMIGA, 2011, p.36).
22
1.7. VAZÃO Q95%: DEFINIÇÃO E CRÍTICAS
Ao longo da história, as curvas de permanencia foram utilizadas em estudos
hidrológicos, incluindo engenharia hidrelétrica, controle de inundações, gerenciamento de
qualidade da água, sedimentação de rios e engenharias que fazem uso da água (VOGEL e
FENNESSEY, 1995). Ainda segundo os mesmos autores, atribuem o uso mais antigo da
curva de permanência a Clemens Herschel, por volta de 1880.
Inicialmente, o grande interesse na curva de permanência encontrava-se em comparar
os estudos das características de uma bacia hidrográfica com outras bacias, por meio das
formas das suas respectivas curvas (PESSOA, 2015).
A vazão Q95%, também conhecida como Curva de Permanência 95% do tempo é
uma medida de vazão mínima, tanto diária como mensal, cujo o objetivo é informar com que
frequência a vazão é igualada ou excedida durante o período de registro em uma estação
fluviométrica (CESAR e HORA, 2016). No entanto, VOGEL e FENNESSEY (1995)
recomenda uma investigação cuidadosa quanto a adequação do modelo de curva de
permanência para cada região a ser aplicada.
A declividade da curva de permanência fornece algumas informações quanto as
características hidrogeológicas da bacia, com relação a capacidade de armazenamento. Uma
declividade mais plana indica maior capacidade de armazenamento e uma declividade
íngreme indica menor capacidade de armazenamento da bacia (PESSOA, 2015).
Este método, da Curva de Permanência, assim como o método Q7,10 é o mais usual
no Brasil. Sua grande restrição, de acordo com Sarmento (2007, p.15), “é que o método
requer muita pesquisa para estabelecer e verificar as relações da biologia com parâmetros
hidrológicos em proposição para o uso”.
23
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A bacia hidrográfica do rio Candeias possui uma extensão de, aproximadamente, 300
km, localizada entre os municípios de Campo Novo, Monte Negro, Buritis, Ariquemes, Alto
Paraiso, Porto Velho e Candeias conforme se observa na Figura 1.
Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica do rio Candeias.
A estação fluviométrica Santa Isabel está localizada no perímetro urbano de
Candeias do Jamari (Figura 2). O município possui atualmente 19.779 habitantes, com
densidade demográfica de 2,89hab/km2 (IBGE, 2010). Encontra-se situado nas Unidades de
Conservação de Proteção Integra, representada pela Floresta Nacional Jacundá (ao norte), e
pela Estação Ecológica de Samuel; à noroeste, centro e sul caracterizado por área de acelerado
processo de ocupação; a sudoeste predomina a cobertura vegetal natural, cujo processo de
ocupação agropecuária é incipiente, com expressivo potencial florestal (RONDÔNIA, 2009).
24
Figura 2 - Localização da estação fluviométrica Santa Isabel. Fonte: Agência Nacional de Águas.
2.1.1 Hidrografia
A hidrografia no estado de Rondônia é dividida pelo Rio Madeira e seus afluentes,
dando origem a sub-bacias de maior relevância, dentre elas a Bacia do Aripuanã, Bacia do
Machado, Bacia do Jamari, Bacia do Jaci-Paraná, Bacia do Mutum-Paraná, Bacia do Abunã, e
Bacia do Guaporé (SEDAM, 2002). Diante disso, a bacia do Rio Jamari é composta pelas
sub-bacias do Alto Jamari, Baixo Jamari, Alto Candeias e Baixo Candeias (KANINDÉ,
2007).
O rio Candeias conta com sua porção superior localizada no município de Campo
Novo, ao norte da serra dos Pacaás Novos, região central do estado de Rondônia, com sua
extensão superior a 300 km, corre sentido norte e deságua na margem esquerda no Rio Jamari,
tendo como principais afluentes da margem esquerda o igarapé Ambição e o Barra da Garça e
na margem direita, o rio Preto e o rio Santa Cruz (MARTINS, 2009).
Este corpo d’água está dividido em duas sub-bacias hidrográficas, sendo a do baixo e
a do alto Rio Candeias. A sub-bacia hidrográfica do baixo Rio Candeias apresenta uma área
25
de 7.960,82 Km2 e um perímetro de 564,72 Km, já a sub-bacia hidrográfica do alto Rio
Candeias possui uma área de 5.169,95 Km2 e um perímetro de 442,57 Km (MARTINS,
2009).
Figura 3 - Sub-Bacia Hidrográfica representando o Alto e o Baixo Candeias Fonte: Martins, 2009.
Conforme Sobrinho (2006), o Rio Candeias, afluente do Jamari contribui de maneira
substancial na economia regional, isso se dá principalmente devido a sua relevante
contribuição para o abastecimento público de água, o transporte hidroviário, o mantimento de
pescadores e ribeirinhos por meio da pesca, além de proporcionar lazer e emprego para a
população.
No entanto, apesar de suas dimensões, o Rio Candeias tem apresentado escassez de
água em alguns de seus pontos, devido à má gestão dos recursos hídricos, principalmente
26
devido aos assoreamentos, baixa no nível d’água e regresso da vazão provindos dos
desmatamentos das matas ciliares (VASCONCELOS, 2005).
O corpo hídrico em estudo está em fase de degradação ambiental devido as ações
empregadas em sua bacia, tais como a pecuária local, a mineração em garimpo de cassiterita,
além da influência urbanas e industriais (VASCONCELOS, 2005).
2.1.2. Fatores Físicos
Possui solo caracterizado como Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos (LLD),
geralmente são bem drenados, pobres, ácidos, álicos e distróficos; relevo plano e suavemente
ondulado, predominando a vegetação composta principalmente por floresta ombrófila aberta
de terras baixas (MARTINS,2009).
Ainda segundo o mesmo autor o clima predominante em Rondônia durante o ano é o
tropical, úmido e quente. Silva 2010, descreve que de acordo com o sistema de classificação
de Köppen, o clima se enquadra no tipo Aw –Clima Tropical Chuvoso, com período seco bem
definido, abrangendo os meses de junho a agosto.
2.2. BASE DE DADOS
Foram realizadas buscas e coletadas informações fluviométricas na base de dados da
Agência Nacional de Águas (ANA) por meio do Sistema de Informações Hidrográficas
(HidroWeb), objetivando encontrar séries históricas de vazões do Rio Candeias dos últimos
anos.
Diante disso, por meio do sistema HidroWeb, detectou-se que existem cinco estações
pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Candeias. Inicialmente objetivava que este estudo
fosse instaurado nas correlações de todas as estações, mas no decorrer da pesquisa verificou-
se que apenas duas das estações continham dados de vazões, Santa Bárbara e Santa Isabel,
localizadas na sub-bacia do baixo Rio Candeias, no município de Candeias do Jamari.
Entretanto, para que o estudo apresentasse consistência de forma a refletir o
comportamento hidrológico da bacia, só foram aproveitados os postos que possuíam um
período de observação de no mínimo 10 anos consecutivos. Portanto, utilizou-se apenas a
estação Santa Isabel, pois somente ela possui dados mais completos sobre sua vazão,
apresentando uma série histórica compreendida entre os anos de 1976 a 2005, período de
27
observação correspondente a 30 anos. A Tabela 1 apresenta a localização das estações
fluviométricas do rio Candeias.
Tabela 1 - Localização das estações fluviométricas
Código ANA Nome da Estação Município Rio Lat (º) Log (º)
15550001 Candeias do Jamari Candeias do Jamari Candeias -8,80 -63,71
15490500 Buritis Buritis Candeias -10,28 -63,73
15491000 PCH Cachoeira
Formosa
Campo Novo de
Rondônia
Candeias -9,99 -63,76
15500000 Santa Bárbara Candeias do Jamari Candeias -9,18 -63,78
15550000 Santa Isabel Candeias do Jamari Candeias -8,80 -63,71
Fonte: Agência Nacional de Aguas.
2.3. TESTES ESTATÍSTICOS
O tratamento estatístico das informações do posto fluviométrico 15500000, assim
como o cálculo da vazão de referência foram efetuados com auxílio do Hidro 1.3,
disponibilizado gratuitamente. Com a aplicação do programa Hidro 1.3, calculou-se a Q7,10 e a
Curva de Permanência.
Dessa forma, o Hidro 1.3 foi um programa que auxiliou em todo o procedimento de
cálculo da vazão ecológica, bem como gerou os gráficos ilustrados neste trabalho. De maneira
geral, este programa possibilita importar dados hidrológicos do site da ANA, e a partir desses
dados obter a vazão mínima de um curso d’água, neste caso o Rio Candeias.
Correlacionou-se e comparou as informações provenientes do cálculo da Q7,10 com as
curvas de permanências. Por fim, as informações obtidas foram representadas por meio de
gráficos, desenvolvidos com o auxílio o software Microsoft Excel, e tabelas, sendo analisadas
as vazões de referências obtidas, bem como sua implicação na política de qualidade dos
recursos hídricos, objetivando garantir a quantidade de água disponível aos usuários e a
preservação das funções ecológicas do Rio Candeias.
2.3.2. Vazão mínima de 7 dias consecutivos como 10 anos de recorrência (Q7,10)
28
Obtém-se a série conforme médias móveis, sendo aplicados intervalos de sete dias ao
longo de ano civil, diante disso, escolhe-se o menor dos valores obtidos e repete-o a todos os
anos da série. Neste aspecto, a Função de Distribuição que estima a vazão mínima é composta
por duas equações (Equação 1 e a Equação 2) considerando período de retorno “T”.
𝑃 = 𝑐−𝛼
𝑁+1−2𝛼 Equação 1
𝑇 =1
𝑃 Equação 2
Nas quais,
P = Probabilidade de não excedência;
α = 0,4 corresponde ao coeficiente de posição de plotagem da distribuição utilizada;
c = Número de valores acumulados por classe;
N = Número total de dados;
T = Período de retorno.
Segundo Tomaz (2016), depois de encontrar a média anuais das vazões Q7 dos anos a
série histórica, a aplicação deste método segue os seguintes procedimentos:
Calcular a média (X), o desvio padrão (S) e o coeficiente de variação (CV=S/X);
Com o coeficiente de variação encontra-se na tabela de relações auxiliares para
estimativa dos parâmetros de escala de Weibull os valores de B(α), A(α) e 1/α.
Onde B=X/A(α) e XT(valor da Q7,10)= B.[-ln(1- 1/T)]1/α.
Confere-se o método de Weibull colocando os dados de vazões em ordem
crescente e fazendo a divisão (n+1/ m), variando o valor de m de 1 a n.
Entrando com o período de retorno de 10 anos obtemos o valor de Q7,10.
Todavia, o Hidro já realiza esses procedimentos internamente, para a estimativa da
Q7,10 basta ter posse do histórico de vazões em formato Access e carregá-lo no software.
2.3.3. Cálculo da Q7,10 utilizando o Hidro 1.3
Com as informações fluviométricas devidamente baixadas em formato Access,
importou-se estas informações para o programa Hidro 1.3, as quais ficaram disponíveis no
banco de dados.
29
Para realizar o cálculo da Q7,10 seguiu as seguintes etapas: banco de dados; funções;
vazão; mínimas. Este procedimento, ilustrado na Figura 4, abriu nova janela para calcular a
vazão mínima.
Figura 4 - Etapas para calcular vazões mínimas Fonte: Hidro 1.3.
Os parâmetros foram preenchidos escolhendo a série e a duração, neste caso de 7
dias, clicou-se em calcular e o programa apresentou os dados de vazões mínimas, posição de
plotagem, ajuste de Weibull e a Q7,10 como observa-se na Figura 5.
30
Figura 5 - Preenchimento de parâmetros e obtenção da Q7,10.
Fonte: Hidro 1.3.
2.3.4. Curva de Permanência de 95% do tempo (Q95%)
Os dados utilizados para a construção da curva de permanência foram os valores de
vazões com série de 1976 – 2005 na estação 15550000 no município de Candeias do Jamari.
Para determinar a Q95% é necessário reordenar de forma crescente as vazões medidas,
informar a posição, determinar o número de dados disponíveis e realizar uma função de
probabilidade acumulada, onde a posição da vazão atual sobre o espaço amostral mais a
probabilidade da ocorrência anterior, seguido de um ajuste porcentual. Desta forma, a vazão
cuja porcentagem seja de 5% será o valor da Q95% (TUCCI, 2007).
Por sua vez, a aplicação deste método, segundo Tomaz (2016), deve seguir a ordem
abaixo descrita, com sendo:
Ordenar as vazões de forma decrescente;
Dar um número “m” para cada ordem de vazão, que varia de 1 até o número
total “n” de vazões em análise;
A probabilidade “P” é dada pela formula: P= 100 x m/(n+1).
Este método, assim como o método Q7,10 é o mais usual no Brasil. Sua grande
restrição, de acordo com Sarmento (2007, p.15), “é que o método requer muita pesquisa para
31
estabelecer e verificar as relações da biologia com parâmetros hidrológicos em proposição
para o uso”.
No entanto, o Hidro realiza esse cálculo automaticamente em suas funções internas,
basta ter o histórico de vazões do posto fluviométrico.
2.3.5. Cálculo da Q95% utilizando o Hidro 1.3
Para este cálculo faz-se uso da mesma série de dados utilizada no cálculo da Q7,10. A
sua aplicação usando o Hidro 1.3 é feito primeiramente, abrindo banco de dados; funções,
curva de permanência e selecionando vazões médias, como nota-se na Figura 6.
.
Figura 6 - Etapas para o cálculo da Curva de Permanência de Valores Médios Fonte: Hidro 1.3.
Os parâmetros foram preenchidos escolhendo a série e o tipo de cálculo, neste caso,
as médias diárias. Em seguida, clicou-se em calcular, obtendo-se as frequências das vazões
médias diárias, variando de 5% a 100%, onde a probabilidade de 95% representa a Q95%,
como percebe-se na Figura 7. Para o gráfico com a curva de permanência, basta clicar em
curva que o programa fornece a curva completa.
32
Figura 7 - Obtenção da Frequência com que ocorre as vazões médias diárias. Fonte: Hidro 1.3.
33
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o rio Candeias existem cinco estações fluviométricas, porém apresentam falta
de séries hidrológicas mais longas, banco de dados apresentando falhas e até inatividade.
Assim, a estação fluviométrica base para este estudo, mesmo apresentando a maior série
temporal com dados consistido ainda apresentou falhas em seu banco de dados, como os
expostos na Tabela 2.
Tabela 2 - Anos da série histórica apresentando falhas ou inexistência na leitura de vazões.
Ano Mês Dia Percentual de falhas
1976 Março 01 ao 05 16,13%
1988 Maio 10 ao 13 12,90%
2000 Novembro 12 ao 30 63,33%
2000 Dezembro 01 ao 06 19,35%
2003 Janeiro 17 ao 31 48,39%
2003 Fevereiro Não apresenta medições 100%
2003 Março 01 ao 12 38,71%
2005 Abril 09 ao 22 46,67%
3.1. Obtenção da Q7,10
Com o auxílio do programa Hidro 1.3 foram gerados os resultados de vazão mínima
de sete dias para a série histórica compreendida entre os anos de 1976 a 2005, da estação
fluviométrica Santa Isabel, descritos na Tabela 3.
Tabela 3- Vazões mínima de 7 dias seguidos de 1976 a 2005.
Ano Q7 (m3/s) Ano Q7 (m3/s) Ano Q7 (m3/s) Ano Q7 (m3/s)
1976 40,6 1984 33,8 1992 41,5 2000 45,6
1977 53,8 1985 40,6 1993 40,1 2001 60,3
1978 60,8 1986 37,4 1994 50,9 2002 54,5
1979 46,0 1987 24,9 1995 38,9 2003 53,1
1980 38,4 1988 84,6 1996 44,2 2004 43,9
1981 37,9 1989 49,7 1997 42,5 2005 39,2
1982 60,9 1990 47,2 1998 35,2
1983 24,3 1991 42,9 1999 42,8
34
A partir de cada série de vazão mínima de 7 dias apresentada na tabela anterior é
possível extrair estatística, como as apresentadas na Tabela 4, permitindo demonstrar que há
uma medida de dispersão em torno da média igual a 11,7 m3/s, por meio do qual conclui que
os dados tendem a estar mais espalhados, ou seja, distante da média. Tal afirmação se
comprava também pelo coeficiente de variação, onde seu valor foi 25,9%, implicando dizer
que se trata de uma amostra heterogênea, e quanto maior for o coeficiente de variação maior
será a dispersão dos dados.
Tabela 4 - Estatística da série de vazões mínimas Q7.
Estatística Valor
Média Q7min 45,2 m3/s
Desvio Padrão 11,7 m3/s
Coeficiente de Variação 25,9 %
Máxima Q7min 84,6 m3/s
Mínima Q7min 24,3 m3/s
Conforme se nota na Tabela anterior, a Q7 média para a série história foi de 45,2 m3/s.
No entanto, nota-se que os dados apresentam uma considerável amplitude, variando de 24,3 a
84,6 m³/s. Essa variação reflete a influência de anos de seca mais intensos que outros, assim
como de eventos extremos de seca como o El niño e eventos extremos de cheias como a La
niña. Para uma análise mais precisa com relação as influencias dos eventos extremos estão
expostos nas Tabelas 5 e 6 os anos de ocorrência dos fenômenos El niño e La niña.
Tabela 5 - Anos das últimas ocorrência do fenômeno El niño.
1877 - 1878 1932 1977 - 1978
1888 - 1889 1939 - 1941 1979 - 1980
1896 - 1897 1946 - 1947 1982 - 1983
1899 1951 1986 - 1988
1902 - 1903 1953 1990 - 1993
1905 - 1906 1957 - 1959 1994 - 1995
1911 - 1912 1963 1997 - 1998
1913 - 1914 1965 - 1966 2002 - 2003
1918 - 1919 1968 - 1970 2004 - 2005
1923 1972 - 1973 2006 - 2007
35
1925 - 1926 1976 - 1977 2009 - 2010
Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC.
Tabela 6 - Anos das últimas ocorrência do fenômeno La Niña.
1886 1903 - 1904
1906 - 1908 1909 - 1910
1916 - 1918 1924 - 1925
1928 - 1929 1938 - 1939
1949 - 1951 1954 - 1956
1964 - 1965 1970 - 1971
1973 - 1976 1983 - 1984
1984 - 1985 1988 - 1989
1995 - 1996 1998 - 2001
2007 - 2008 -
Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC.
Comparando o valor de mínima Q7min da Tabela 4 com os eventos extremos de secas
da Tabela 5, os dados coincidem com o conhecimento de uma grande seca ocorrida no ano de
1983, pois a menor vazão da série consta para este mesmo ano.
Na Tabela 6 é possível identificar que os últimos anos com maior intensidade do
fenômeno La Niña datam de 1988-1989 e 2007-2008. Desta forma, correlacionado com as
Tabelas 3 e 4 é possível que a máxima Q7min se deu em função deste fenômeno.
Franca (2015) em sua análise da variabilidade interanual da pluviosidade em Rondônia
mostra que os extremos de chuvas encontram-se nos anos de 1989, 1997, 2001e 2009 e de
seca em 1983 e 2007, enfatizando a veracidade dos fatos.
Após serem gerados os dados dispostos na Tabela 3, os componentes das séries de
vazões foram então submetidos a ajustes de probabilidade Weibull, por meio do qual é
possível estabelecer os valores correspondentes a um período de retorno TR qualquer,
apresentado na Tabela 7.
Tabela 7 - Ordem crescente de vazão e valores com ajustes Weibull.
Q (m3/s) Fr TR Q (m3/s) Fr TR
23,0 0,032214 31,04 53,2 0,745924 1,34
24,6 0,043135 23,18 54,8 0,790288 1,27
26,2 0,056612 17,66 56,4 0,830370 1,20
36
27,8 0,072970 13,70 58,0 0,865734 1,16
29,4 0,092518 10,81 59,6 0,896164 1,12
30,9 0,115535 8,66 61,2 0,921665 1,08
32,5 0,142252 7,03 62,7 0,942446 1,06
34,1 0,172837 5,79 64,3 0,958889 1,04
35,7 0,207365 4,82 65,9 0,971501 1,03
37,3 0,245812 4,07 67,5 0,980862 1,02
38,9 0,288024 3,47 69,1 0,987575 1,01
40,5 0,333713 3,00 70,7 0,992216 1,01
42,1 0,382443 2,61 72,3 0,995304 1,00
43,7 0,433634 2,31 73,9 0,997278 1,00
45,3 0,486564 2,06 75,5 0,998487 1,00
46,8 0,540398 1,85 77,1 0,999195 1,00
48,4 0,594211 1,68 78,6 0,999592 1,00
50,0 0,647036 1,55 80,2 0,999803 1,00
51,6 0,697909 1,43
Onde: Q – vazão, FR – frequência relativa e TR – tempo de retorno.
Observa-se na Tabela 7 que o período de retorno de 10 anos está entre as vazões de
29,4 m3/s e 30,9 m3/s. Obtém-se o valor exato para TR=10 interpolando os valores. Desta
maneira, o valor obtido da Q7,10 foi de 29,9 m3/s, como pode ser observado na Figura 8.
37
Figura 8 - Gráfico da Q7 com ajuste do Weibull para o tempo de retorno de 10 anos. Fonte: Hidro 1.3
3.2. Análise dos resultados da vazão Q7,10
A Legislação Brasileira não é clara quanto aos valores de vazão ecológica a serem
adotados nos cursos de água. A Lei 9433/97 que trata da Política Nacional de Recursos
Hídricos, por exemplo, apenas prioriza que a vazão atenda os diversos usos da água, de
maneira a proporcionar o desenvolvimento e a preservação dos recursos hídricos. Já a
Legislação Estadual, quando existente, de acordo com Molinari (2011) consideram uma vazão
máxima outorgável com base em métodos estatísticos.
Rondônia não possui uma legislação específica de vazão mínima, no entanto, a
Agência Nacional de Aguas - ANA informa que o valor máximo outorgável para o estado na
análise de capitação a fio d’água é de 30% da Q7,10 (ANA, 2007, pg. 124). Portanto, a máxima
vazão a ser outorgada para o rio Candeias corresponde a 30% de 29,9 m3/s, ou seja, 8,97 m3/s
permanecendo no leito do curso d’água uma vazão mínima de 20,93 m3/s.
Comparando a vazão Q7,10 com a Tabela 3, de acordo com o valor permanecente no
leito do curso d’água, mostra que a vazão de referência do rio Candeias está sendo mantida
em períodos hídricos críticos, pois os valores não excederam a vazão de 20,93 m3/s.
4,9
9,9
14,9
19,9
24,9
29,9
34,9
39,9
44,9
49,9
54,9
59,9
64,9
69,9
74,9
79,9
84,9
89,9
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
Vaz
ão (
m³/
s)
Tempo de Retorno (Anos)
ajuste Weibull posição de plotagem Q7,10
38
Reis (2007) ressalva que nos estados de Minas Gerais e Paraná a vazão outorgável é
obtida indiretamente, sendo respectivamente 30% e 50% da Q7,10.
Sarmento (2007) completa que os critérios de determinação de vazão ecológica para
outorga, são baseadas em estatísticas de vazões observadas, sem base científica e portanto,
determinadas a partir da Q90%, Q95% e Q7,10, cujo o valor máximo outorgado varia entre 30% e
80%.
3.3. Obtenção da Q95%
A partir das leituras de vazões diária disponibilizadas na base de dados da Agência
Nacional de Águas (ANA), por meio do Sistema de Informações Hidrográficas (HidroWeb)
foi possível, com o auxílio do sistema hidro 1.3, obter as vazões de acordo com a
probabilidade de ocorrência, exposta na Tabela 8.
Tabela 8 - Probabilidade de ocorrência diária de vazões em m3/s.
Série Comp Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
100% 22,5 87,6 279 365 446 250 127 69,5 45,8 28,0 22,5 27,0 45,6
95% 44,0 183 328 574 563 317 167 87,7 50,9 39,5 31,5 40,4 73,4
90% 49,4 213 377 614 601 348 184 94,4 53,9 42,0 37,0 42,2 84,4
85% 55,8 230 402 641 621 370 195 101 56,4 44,0 39,0 45,0 94,9
80% 65,8 247 430 667 647 390 205 107 59,0 45,1 40,5 49,3 105
75% 77,2 263 470 689 664 410 217 112 61,8 46,2 42,0 52,6 112
70% 91,2 289 492 704 681 428 227 119 64,4 46,9 43,6 55,2 119
65% 111 305 511 718 702 444 238 124 66,8 48,0 45,0 58,2 126
60% 134 323 530 730 714 462 248 130 69,6 49,2 45,8 62,9 132
55% 164 344 559 747 731 482 256 136 72,0 50,5 46,9 68,0 137
50% 205 371 590 769 746 495 267 141 74,4 51,9 48,3 72,8 143
45% 258 397 621 793 760 510 277 146 77,4 53,6 49,4 77,2 150
40% 322 423 642 810 778 529 286 152 79,6 54,6 50,8 81,0 159
35% 396 446 657 833 806 549 296 158 82,4 56,0 52,2 86,3 170
30% 475 479 673 850 828 572 307 165 86,3 58,2 54,8 92,2 181
25% 553 510 694 874 845 594 323 175 90,0 61,2 59,4 99,2 190
20% 633 553 719 912 873 625 343 183 95,2 65,4 63,6 108 206
15% 695 595 763 939 895 665 367 193 101 69,2 69,5 118 243
10% 761 636 842 981 926 700 399 207 109 74,0 74,6 129 294
39
5% 865 752 1012 1084 996 761 444 226 121 84,4 93,2 147 378
Depois de classificar os registros de cada série em ordem decrescente e calculada a
frequência de cada valor (Tabela 8), obteve-se a curva de permanência (Q95%), cujo a medida
de vazão mínima diária foi de 44 m³/s, aferindo que 95% das vezes a vazão mínima diária
para o trecho em que se encontra a estação pluviométrica é igual ou maior que a Q95%,
conforme exposto na Figura 9.
Figura 9 - Gráfico da Curva de Permanência 95% do tempo (Q95%).
A Figura 10 mostra a curva de permanência obtida para todos os meses da série e a
Figura 11 ressalta que os meses de setembro, outubro e novembro são os mais preocupantes,
estando estes, com valor menores ao da Q95% tida como referência.
0
75
150
225
300
375
450
525
600
675
750
825
900
975
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Vazã
o (
m³/
s)
Permanência (%)
40
Figura 10 - Gráfico da Curva de Permanência 95% do tempo (Q95%) para todos os meses da série
histórica.
Figura 11 - Ampliação de parte do gráfico correspondente a Figura 10 com destaque para os meses
com vazão inferior a Q95%.
3.4. Analise dos resultados da Curva de Permanência
1070
130190250310370430490550610670730790850910970
103010901150
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Vaz
ão (
m³/
s)
Porcentagem (%)
Jan Fev Mar AbrMai Jun Jul AgoSet Out Nov Dez
20222426283032343638404244464850
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
Vaz
ão (
m³/
s)
Porcentagem (%)
Set Out Nov
41
Sabendo da inexistência de uma legislação federal, a ANA estabelece para as estações
fluviométricas localizadas em estados brasileiros que não dispões de regras estabelecidas para
análise de outorga, que a vazão máxima outorgável corresponde a 70% da Q95% (ANA, 2007,
pág.33), podendo variar em função das peculiaridades de cada região.
Portanto, para exemplificação do método, cabe observar que a máxima vazão a ser
outorgada para rio Candeias corresponde a 70% de 44 m3/s, ou seja, 30,8 m3/s, permanecendo
no leito do curso d’água uma vazão mínima de 13,2 m3/s.
A Tabela 8 e a Figura 9 apresentam a vazão de referência Q95% e a Figura 10 um
comparativo entre a vazão de referência Q95% e a garantia de ocorrência diária desta mesma
vazão ao longo dos meses.
Ao analisar a Figura 11 verifica-se que os meses mais críticos e seus respectivos
valores de Q95%, são: setembro Qset95% = 39,5 m3/s, outubro Qout95% = 31,5 m3/s e novembro
Qnov95% = 40,4 m3/s. Desta forma, pode-se dizer que, a vazão de referência está sendo
mantida, pois os valores não excederam a vazão remanescente. No entanto, o volume
autorizado aos usos consultivos deve satisfazer a todos os usuários cadastrados e a vazão
residual presente no curso de água deve cumprir a sua função ecológica.
De acordo com Sobrinho (2006), a sub-bacia do Baixo rio Candeias apresenta de
forma natural locais como pequenos lagos e restritas lagoas marginais onde os cardumes
costumam realizar suas desovas, mas com a poluição decorrente da extração de areia pelas
dragas e despejos industriais, há indícios da redução de animais aquáticos, estresse de
espécies, redução de alimentos para as espécies aquáticas e, consequentemente, para a
população local, pois o rio Candeias dentre os papéis que desempenha para a economia
regional, encontra-se a produção de pescado, que vem sofrendo com essas atividades
impactantes.
Souza Martins (2009) também alerta sobre as atividades impactantes com
agropecuária, queimadas, lançamento de esgoto doméstico, curtumes e garimpos contribuindo
com o impacto do sistema hídrico sofridos ao longo da bacia do rio Candeias.
Neste contexto, e conhecendo a importância em manter as vazão de referência, as
consequência das atividades impactantes mencionadas por Sobrinho (2006) e Souza Martins
(2009) tendem a serem agravadas caso as vazões de referência não sejam mantidas.
3.5. Comparativo da Q7,10 com a Q95%
42
Dizer qual método é mais eficaz torna-se muito relativo. No entanto, BRASIL (2011)
afirma que “o cálculo da Q7,10 é probabilístico, enquanto os da Q90% e da Q95% decorrem de
uma análise de frequências. Considerando esta afirmação, conclui-se que a Q95% é mais eficaz
do que a Q7,10 por se apresentar uma maior frequência com a qual ocorre, enquanto que a
frequência da Q7,10 é de ocorrer uma vez a cada 10 anos.
A partir dos dados obtidos podem ser feitas as seguintes comparações:
Primeiro, se levar em consideração os valores da Q7,10 = 29,9 m3/s e da Q95% = 44,0
m3/s, temos que a Q7,10 é mais rigorosa, pois apresenta menor valor para os mesmos
dados observados. No caso de outorga dos usos da água, a vazão outorgada para
cada usuário será menor, garantindo uma melhor preservação e manutenção do
corpo hídrico que se utilizasse a Q95%.
Segundo, se levar em consideração os parâmetros de outorga estabelecidos para o
estado de Rondônia, que é de 30% da Q7,10, tem-se um valor remanescente
preestabelecido, o que não ocorre para a vazão de permanência Q95%. Por meio
destas informações, para o estado de Rondônia, o método Q7,10 ainda é o mais
eficaz, visto que preestabelece um valor a ser mantido, o que não ocorre para a
Q95%.
Terceiro, se considerar a frequência de ocorrência de cada método nota-se que a
Q95% representaria melhor as características hidrológicas do corpo hídrico ao longo
do ano.
Em conformidade com Collischonn et al (2005), as metodologias que se baseiam no
conceito de vazão ecológica, isso inclui a Q7,10 e a Q95%, se limitam apenas a uma vazão
mínima, desconsiderando outros aspectos fundamentais para manutenção dos ecossistemas.
No entanto, essa vazão mínima é considerada “suficientemente alta para manter o
habitat das espécies nativas; a qualidade da água, especialmente a temperatura e a
concentração de oxigênio dissolvido; e o nível do lençol freático na planície.”
(COLLISCHONN et al, 2005).
Para Oliveira (2013) os índices da curva de permanência são mais simples de serem
determinados e compreendidos que a Q7,10. No entanto, adotar a Q7,10 como referência não é
vantajoso, pois ela reflete uma condição de escassez hídrica extrema, apresentando uma
probabilidade de 10% de ocorrência, enquanto que a curva de permanência além de fornecer
resultados diretos que auxiliam o aproveitamento hídrico, também funciona como ferramenta
de auxílio na caracterização do curso d’água (JÚNIOR, 2014).
43
Paulo (2007) relata em sua pesquisa, baseado na revisão bibliográfica, que alguns
autores sugerem a curva de permanência 95% do tempo como sendo o melhor método para
determinação da vazão ecológica.
Em síntese, SÃO PAULO (2014) esclarece que a vazão Q7,10 é semelhante a Q98%,
implicando dizer que apenas 2% do tempo tem-se uma qualidade pior do que a prevista, mas
esta vazão é muito baixa (98% do tempo o rio pode estar acima desta vazão) significando que
há pouca capacidade de assimilação revertendo em uma exigência extremamente severa nos
tratamento de efluentes domésticos e industriais e encarecendo o plano de ação. Enquanto que
adotar a vazão Q95% significa ter uma vazão maior e um plano de ação ligeiramente mais
barato. Pois não adianta estabelecer uma meta tão restritiva que não se consiga cumprir, logo
é melhor se estabelecer uma meta menos restritiva que se consiga cumprir e, daqui a 10 anos,
se rever esta meta.
44
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o objetivo geral, determinar a vazão mínima de referência do rio
Candeias, pode-se dizer que houve cumprimento do mesmo, visto que, conseguir refletir o
comportamento hidrológico de uma bacia é necessário que as estações fluviométricas
possuam um período de observação de no mínimo 10 anos consecutivos, como é o caso da
estação Santa Isabel.
Entretanto, para que o estudo tenha mais consistência e seja determinada a vazão
ecológica de toda bacia hidrográfica do rio Candeias é necessário um período maior de
observação para as demais estações fluviométricas.
Quanto aos resultados da Q7,10, estes mostraram que a vazão de referência do rio
Candeias está sendo mantida em períodos hídricos críticos, pois os valores não excederam a
vazão de 20,93 m3/s, mas ao adotar o valor máximo outorgável para o estado de Rondônia,
teríamos um tempo de retorno maior que 10 anos.
Os resultados da Q95%, demonstram que vazão mínima necessária para atender os usos
consultivos na bacia e manter as condições adequadas para a sobrevivência do ecossistema
aquático seria de 13,2 m3/s.
Quanto à eficácia dos métodos empregados neste trabalho chega-se ao desfecho de que
determinar qual seria o mais eficaz é muito relativo, mas uma possível medida mitigadora
poderia ser a adoção dos dois métodos, sendo a Q7,10 para períodos de secas extremas e Q95%
para as condições mais corriqueiras, atendendo a sazonalidade regional.
É necessário ressaltar, que a outorga concedida com base na vazão de referência, seja
os valores da Q7,10 ou Q95% considerando apenas uma estação fluviométrica estaria
generalizando o regime hídrico e desconsiderando as diferentes vazões ao longo da bacia.
Caso haja solicitação de outorga em uma área de menor vazão que a de referência estaria
sendo concedida uma vazão em que o corpo hídrico seria incapaz de suprir.
Destaca-se também que, na maioria das vezes em períodos de estiagem, o escoamento
superficial do corpo hídrico se dá em função da descarga subterrânea. Assim, está outorgando
uma parcela da água subterrânea. Tais fatores, demostram a necessidade de uma legislação
mais específica e que as análises estatísticas trabalhem em conjunto com análises físicas,
químicas e biológicas garantindo subsídios para a construção de uma base de dados
hidrológicos que permita estimar a duração desse ecossistema.
45
Nota-se que o Brasil precisa de metodologias para determinação da vazão mínimas
com significado ecológico e não apenas por meio dos critérios estabelecidos pelos estados,
como tem acontecido.
46
REFERÊNCIAS
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estuário do rio Anil. Revista on line - Caminhos de Geografia, v.8, n.12, p.158-173, 2004.
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Vazões Ecológica em rios. Revista Brasileira de Recursos Hídricos – RBRH, v.8, n.2,
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BENETTI, A; BIDONE, F. O Meio Ambiente e os Recursos Hídricos. In: TUCCI, C.E.M.
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50p. Brasília: ANA, 2011.
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