Estrutura e
Dinâmica Social (EDS)
Prof. Diego Araujo Azzi
2019.1
Aula 1
Apresentação do curso: verificação das pré-noções, conteúdo, metodologia e avaliações
A emergência da modernidade: contexto sócio-histórico de gênese da Sociologia
Documentários: Mundo material, BBC e Revolução Francesa, History Channel
HOBSBAWN, Eric. “A revolução industrial” e “A revolução francesa” In: A Era das Revoluções (1789-1848). 18a. ed. São Paulo, Paz e Terra, 2004.
BENJAMIN, Walter. "Paris, capital do séc. XIX". In: Walter Benjamin. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Ed. Ática, 1991.
• Ementa
I. Estrutura social e relações sociais;
II. Dinâmica cultural, diversidade e religião;
III. Estado, Democracia e Cidadania;
IV. Dimensão econômica da sociedade;
V. Desigualdade e realidade social brasileira.
• Resumindo... introdução à Sociologia
– uma ciência que perturba, que desconstrói
Aula 2
A emergência da Modernidade:
contexto sócio-histórico de gênese da Sociologia
• Nosso curso se desenrola em meio `a emergência da modernidade europeia (Ing; Fra; Ale;Hol)
• Rupturas na esfera religiosa (crenças), na esfera econômica (modo de produção), nas ideias (política) e na cultura (racionalização; distinção)
3 grandes processos decisivos na configuração da Era Moderna
• Revolução industrial
• Revolução francesa
• Reforma protestante
Europa
pré-Rev. Industrial
fragmentada e coadjuvante no mundo
– Desde a queda do Antigo Império Romano (séc. IV d.C.) até o séc. XVII outras civilizações foram muito mais proeminentes (a China; a Índia e o Império Otomano)
• Modo de produção feudal e relações feudais de produção
• Sociabilidade estamental: Clero; Nobreza Feudal; Nobreza de guerra (Cavaleiros); Servos
Alguns eventos-chave
– Descoberta do Novo Mundo (séc. XV-XVI)
• Vitória do Iluminismo, Astronomia, Física, Navegação, e desafio aos dogmas católicos
– Reforma Protestante (séc. XVI: 1517 - séc. XVII)
• Martinho Lutero x Roma (Papa, Igreja, Indulgências)
• Somente a fé
• Somente a escritura
• Somente Cristo
• Glória somente a Deus
• A palavra de Deus está em nós
– Revolução Francesa (séc. XVIII: 1789)
• Fim do direito divino de governar; democracia
• Liberdade, Igualdade Universais (e Fraternidade)
• Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
• H. Arendt – o efêmero “tesouro revolucionário” de criar o novo.
– Revolução Industrial (séc. XVIII-XIX)
• Transformações nos modos de produção
• Transformações nas relações de trabalho
• Inglaterra se torna “a” potência econômica
• Invenção da locomotiva a vapor (séc. XIX: 1804)
• Construção da primeira linha férrea (séc. XIX: 1825) Stockton-Darlington, na Inglaterra; logo depois, Manchester-Liverpool)
– Teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural (Charles Darwin, séc. XIX: 1859)
– Antropologia Evolucionista (séc. XIX: 1870)
– Invenção da lâmpada (Thomas Edison, séc. XIX: 1879)
– Psicanálise freudiana (séc. XIX: 1882-)
Emergência da Sociologia
• Sociologia: estudo científico da vida humana em sociedade, desde o encontro entre indivíduos nas ruas chegando até a investigação de relações internacionais e das formas globais de ação individual e coletiva (micro; meso e macro)
• Entender as maneiras sutis, porém complexas e profundas, pelas quais nossas vidas individuais refletem os contextos de nossa experiência social (biografia e história)
Busca de um diagnóstico científico (sociológico) dos tempos
modernos, do nosso tempo
Identificação dos males; caracterização (diagnóstico)
Quem somos nós? Qual a nossa identidade? Quem são os
outros? (nosso)
Rupturas do pensamento: processo; movimento; o tempo
tem uma dimensão histórico-social. Relativismo. (tempo)
• Êxodo rural (industrialização do campo), surgimento das metrópoles e difusão do uso do dinheiro
• Novos estilos de vida, emergência da moda, aceleração da velocidade da vida
• Consciência epocal do indivíduo moderno – o nosso tempo é uma nova Era
• O uso da palavra “modernus”, que significava o tempo presente, aparece pela primeira vez no século V d.C.
Era pagã |nascimento de Cristo| – Era Cristã – Era Moderna
• A base do surgimento da sociologia está nas mudanças
avassaladoras trazidas pela dupla Revolução, Francesa e
Industrial no séc. XVIII, atuando sobre o cenário forjado
pela Reforma Protestante
• Percepção moderna de que o tempo é também uma construção social e histórica, pode ser contínuo ou descontínuo. A história depende de quem a conta; não é dada pela mão de Deus, mas sim pela mão dos Homens.
• Na época moderna coexistem histórias e culturas muito diferentes e descontínuas.
– Intensifica-se o uso de conceitos como progresso; avanço; evolução
– Amplia-se a noção de haver uma simultaneidade do que não é simultâneo. Surgem críticas às narrativas lineares da história
• Na modernidade o tempo presente passa a ser muito mais instável, mais complexo, um tempo de constante transição.
• Desprendimento relativamente maior com relação às tradições
– Tradição = passado = negativo (religião, velhos costumes)
– Progresso = futuro = positivo (ciência, novidades)
Séc. XIX
com a aceleração da velocidade da vida e do ritmo das invenções e transformações sociais...
... o passado torna-se o mais recente possível e o presente torna-se o imediato...
... portanto, o moderno torna-se o imediato, aquilo que é efêmero, que é fugidio
Séc. XIX
– época de esperanças sem precedentes e ansiedades desconhecidas
– modificações na própria natureza das mudanças
– É na cidade grande que se observa o ambiente mais propício para o surgimento inicial do individualismo. A cidade grande comporta os diversos conflitos de interesse
– crescimento dos subúrbios
– surgimento de novas formas de segregação e discriminação
– emergência da questão social (público|privado)
Séc. XIX
– forte influência das teorias evolucionistas
– tudo evolui do mais simples para o mais complexo; do indiferenciado para o diferenciado
– todos os fenômenos naturais são decorrentes de causas naturais (e não divinas ou metafísicas)
– evolução = progresso
• a ordem é uma condição necessária da vida social para que haja progresso.
• “Ordem e Progresso”
– Herbert Spencer: darwinismo social; os pobres seriam os menos adaptados e ajudá-los seria ir contra a seleção natural
• Sucesso nos EUA: legitima o mito americano do self made man
• O dinheiro é o símbolo do moderno; é a materialização da fixidez e do movimento. Onde há um sistema econômico desenvolvido, há modernidade. Caráter duplo do dinheiro (G. Simmel)
• O dinheiro é o equivalente geral universal, é o que mais se aproxima do eterno, é a representação máxima do movimento
• O dinheiro é o equivalente à ideia de onipotência, tranquilidade, em última instância, o dinheiro é a materialização mais próxima de Deus
Paris, capital do séc. XIX (W. Benjamin; Paris3D)
– primeiras ideias sobre a mercadoria
– formação do espaço público burguês (cafés, imprensa, clubes)
– formação de uma nova arquitetura capitalista - ferro
• arquitetura burguesa e arquitetura operária
– Aparecimento das vitrines. A mercadoria “sai” da loja e inevitavelmente chega às pessoas. Primórdios da publicidade
– início da intenção de se criar necessidades, mesmo que sejam ilusões artificiais
– pré-história dos shopping centers (galerias)
– surgimento de novas sociabilidades (bohème, flâneur), a cidade como panorama e paisagem
• O século XIX é o século da burguesia e o século da burguesia é o século da desordem (Nisbet)
Séc. XX
- 1ª Guerra – guerra de trincheiras e de baionetas, resquícios históricos
- 2ª Guerra – avanços tecnológicos sem precedentes mudam o modo de se fazer guerra
- Bomba atômica – consequências imprevistas dos avanços tecnológicos da modernidade
- Humanidade atinge a capacidade de autodestruição pela primeira vez na história
Séc. XX
- Holocausto
- Racionalização máxima da civilização moderna aplicada à realização do mais alto grau de barbárie
- Racismo ideológico e científico
- Rotinização burocrática do mal – banalidade do mal – Desumanização (H. Arednt)
- Nazismo, campos de extermínio como paradigma da “racionalidade irracional” moderna
- Modernidade mostra seu lado obscuro, assustador e fora do controle dos Homens
- novos problemas; novos desafios à Sociologia também
Tese da aula:
o moderno é o tema por excelência da sociologia
• O que é estrutura social?
– os contextos sociais de nossas vidas não são variedades aleatórias de fatos ou atos; eles são estruturados, persistentes, padronizados de diferentes maneiras.
Contexto: inter-relação de circunstâncias que acompanham um fato ou uma situação.
– Existem regularidades na maneira como agimos e nas relações que temos uns com os outros
– As sociedades humanas estão sempre em processo de estruturação, que é o resultado histórico das relações sociais. Mas por que são estruturadas como são?
• O que é dinâmica social?
– Como e por que as sociedades mudam (ou não).
• O que é teoria social?
– precisamos de teorias para conferir sentido aos fatos que observamos na sociedade
– teorias podem responder a questões de natureza filosófica ou empírica
– a teoria nos ajuda a saber o que procurar, por onde começar a estudar nosso objeto
– a teoria nos ajuda a interpretar os resultados finais da pesquisa sobre o objeto
• O trabalho sociológico depende da imaginação sociológica.
C. Wright Mills (1970)
– exige que nos afastemos, em nosso pensamento, das rotinas cotidianas para enxergá-las como algo novo
– ex. tomar um cafézinho:
• valor simbólico como parte coadjuvante de outras atividades sociais cotidianas
• os Cafés como espaços de fofoca, intriga e debate, esfera pública em formação a partir do séc. XVIII
• um droga estimulante socialmente aceitável, ligada à produtividade
• geopolítica do café conecta e separa ricos e pobres, sistemas econômicos e culturais, sobretudo a partir do XIX
• politização do consumo de café (comércio justo, etc) e sua relação com estilos de vida (mov. consumo consciente; fitness)
• Imaginação sociológica consiste basicamente em:
– ver que muitos fatos que parecem dizer respeito somente ao indivíduo na verdade refletem questões sociais mais amplas
– Ex: casamento, divórcio, suicídio, desemprego, linguagem, profissão, riqueza, gênero, raça, religião, etc.
– todas as ocasiões de interação social e encenação de rituais sociais são tema de interesse da sociologia
Instrumental analítico:
MÉTODO
CONCEITOS
CATEGORIAS
TIPOS
Escala de Análise:
MICRO
MESO
MACRO