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FACULDADE BIOCURSOS
PÓS GRADUAÇÃO EM ERGONOMIA
PALOMA DE PAULA BOMFIM
USABILIDADE DA REALIDADE AUMENTADA COMO
FERRAMENTA APLICADA A ERGONOMIA DE
CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO DE CORTE DE
CASTANHA NA FABRICAÇÃO DO BISCOITO DE
CASTANHA EM MANAUS
MANAUS – AM
2016
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PALOMA DE PAULA BOMFIM
USABILIDADE DA REALIDADE AUMENTADA COMO
FERRAMENTA APLICADA A ERGONOMIA DE
CONCEPÇÃO DO POSTO DE TRABALHO DE CORTE DE
CASTANHA NA FABRICAÇÃO DO BISCOITO DE
CASTANHA EM MANAUS
Projeto de TCC da Pós Graduação
para obtenção do Título de
Especialista em Ergonomia:
Processo e Produto pela Faculdade
Biocursos.
MANAUS-AM
2016
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Usabilidade da realidade aumentada como ferramenta aplicada a
ergonomia de concepção do posto de trabalho de corte de
castanha na fabricação do biscoito de castanha em manaus
Paloma de Paula Bomfim1
Dra. Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Ergonomia: Produto e Processo – Faculdade Biocursos
Resumo Este trabalho apresenta uma proposta de gerenciamento do risco ergonômico através
da usabilidade da realidade aumentada como ferramenta aplicada a ergonomia de
concepção do posto de trabalho de corte de castanha na fabricação do biscoito de
castanha em Manaus. O objetivo deste trabalho é realizar uma pesquisa bibliográfica,
descritiva e documental para testar a projeção de um posto de trabalho
ergonomicamente aceitável pela legislação vigente de característica virtual com a
utilização do programa FLARAS, que aborda a realidade aumentada com a interação
real, propondo assim, a aplicação de ferramenta ergonômica considerada e
reconhecida pela comunidade científica, de forma a concretizar os estudos. Os
resultados esperados para este trabalho implicam em testar o posto de trabalho de
corte de castanha, principal matéria-prima do processo de fabricação o modelo do
biscoito de castanha virtualmente a ponto de evidenciar o melhorias que virtualmente
testadas possam eliminar, antes de sua implantação, evitando o retrabalho de
melhorias no processo e adoecimento dos trabalhadores do posto de trabalho de corte
de castanha.
Palavras-chave: Ergonomia; Ergonomia de Concepção; Realidade Aumentada.
1. Introdução
Com o avanço tecnológico os processos de fabricação e de transformação da matéria-
prima dos mais variados segmentos produtivos, ganharam notoriedade, deixando para
um outro momento a adaptação do homem a esse novo ambiente.
A Ergonomia apresenta ao mundo o conceito de que o ambiente deve ser adaptado ao
homem e não o contrário. Com isso, vem aumentando essa parcela da ciência, antes não
contemplada nos processos de fabricação e transformação da matéria-prima.
A Ergonomia de Concepção aborda um ramo da Ergonomia que estuda as idéias, antes
de suas implantações. A proposta de pesquisa bibliográfica, descritiva e documental,
busca aplicar a usabilidade da realidade aumentada como ferramenta aplicada a
ergonomia de concepção do posto de trabalho de corte da castanha na fabricação do
biscoito de castanha em Manaus.
A Realidade Aumentada nesse contexto servirá para concretizar virtualmente as
características e parâmetros aceitáveis ergonomicamente pela legislação aplicável
vigente. De modo que o ambiente de execução da atividade de corte da castanha, seja
estudado, tendo como objetivo deste trabalho esclarecer através da aplicação de
ferramenta de análise ergonômica do trabalho para membros superiores, como
1Pós Graduando em Ergonomia: Produtos e Processos
2 Orientador (a) Fisioterapeuta; Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Bioética e
Direito Aplicado a Saúde; Doutorando em Saúde Pública
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justificativa de preservação e atendimento da Norma Regulamentadora NR 17
Ergonomia, limitando o trabalho a esses parâmetros e características para a amostra do
processo de fabricação do biscoito de castanha.
2. Fundamentação Teórica
A primeira definição conhecida de trabalho está escrita nas Sagradas Escrituras em
Gênesis 3: 17-19 “ Para o homem ele disse: Porque ouviste a voz da tua mulher e
comeste da árvore de cujo fruto te proibi comer, a terra será amaldiçoada por tua causa.
Com fadiga tirarás dela o alimento durante toda a tua vida. Ela produzirá para ti
espinhos e ervas daninhas, e tu comerás das ervas do campo. Comerás o pão com o suor
do teu rosto, até voltares a terra donde foste tirado. Pois tu és pó e ao pó hás de voltar”.
(BIBLIA, 2001).
O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, pelo polonês W.
Jastrzehowski, que publicou um “ensaio de ergonomia ou ciência do trabalho baseada
nas leis objetivas da ciência da natureza”.
Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área de
conhecimento humano, quando a II Guerra Mundial, pela primeira vez houve uma
conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas e
biológicas. Filósofos, Psicólogos, Antropólogos, Médicos e Engenheiros, trabalharam
juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares
complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão frutíferos, que foram
aproveitados pela indústria no pós-guerra. (DUL E WEERDMEESTER,1995).
O termo Ergonomia é relativamente recente criado e utilizado pela primeira vez pelo
inglês Murrel, passa a ser adotado oficialmente em 1949, quando da criação da primeira
sociedade de ergonomia, a Ergonomic Reseach Society, que congregava psicólogos,
fisiologistas e engenheiros ingleses interessados nos problemas da adaptação do
trabalho ao homem.
A etimologia do vocábulo Ergonomia não específica bem o objetivo dessa disciplina.
Podemos defini-la, em síntese como sendo o conjunto de conhecimentos a respeito do
desempenho do homem em atividade, a fim de aplicá-los a concepção das tarefas, dos
instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção. A Ergonomia nasceu de
necessidades práticas, ligadas a prática, já que sem aplicação perde a razão de ser, ela se
apóia em dados sistemáticos, utilizando métodos científicos. (LAVILLE, 1977).
Nas relações entre ergonomia e usabilidade de produtos tem-se que a questão
fundamental da usabilidade é que o produto deve ser fácil de usar. Este interesse sobre
usabilidade se intensificou no início do século XXI, mas já vinha sendo questionado
pelos ergonomistas na metade do século XX.
Apesar de ser fácil destacar as conseqüências por não se considerar a usabilidade do
produto, existem várias discussões sobre o que este termo significa realmente. Há
autores que sugerem que a usabilidade, nada mais é que, a introdução do user
friendliness (fácil de usar) novamente no projeto de produto, outros consideram que esta
questão já foi tratada no user – centred design (projeto centrado no usuário).
Acarretando em uma confusão de enfoques, dificultando a avaliação dos produtos.
Para que um produto tenha usabilidade, o mesmo deve ter efetividade, eficiência e
satisfação, onde os usuários específicos alcancem metas especificadas em ambientes
particulares, de maneira efetiva, eficiente, confortável e de modo aceitável (LIGEIRO,
2010).
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O Flash Augmented Reality Authoring System (FLARAS) é uma ferramenta de autoria
para aplicações interativas de Realidade Aumentada que são executadas diretamente do
navegador de internet através do Adobe Flash Player, de formato online como local.
Assim como seu predecessor, a ferramenta SACRA (Sistema de Autoria Colaborativa
com Realidade Aumentada) o FLARAS tem como principal característica, permitir que
pessoas leigas da área de computação possam desenvolver aplicações de realidade
aumentada, sem qualquer necessidade de conhecimento de programação de
computadores (SOUZA ET ALL, 2012).
A “Realidade Aumentada (RA) é a inserção de objetos virtuais no ambiente físico,
mostrando ao usuário, em tempo real, com o apoio de algum dispositivo tecnológico,
usando a interface do ambiente real adaptada para visualizar e manipular os objetos
reais e virtuais”. (KIRNER E KIRNER, 2008).
O mais largo passo em direção ao limiar da cientificidade, dado pela ergonomia, não
veio de uma inovação teórica, mas de uma ruptura no domínio metodológico com a
Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Esta representou uma ruptura com o limiar da
positividade e o alcance do limiar da teoria do conhecimento ao trazer uma nova
mentalidade sobre o que consiste estudar uma situação de trabalho colocando a
atividade como espaço privilegiado, o que demandou incluir todo um arcabouço
cientifico de outras disciplinas ( psicologia, antropologia, fisiologia, dentre outras) que
integradas, deveriam dar conta das características das atividades e do trabalho, posto
para a análise da ergonomia (JACOBY, 2007).
O mesmo autor, ainda destaca que estas características compreendem nas diversas
posturas que o colaborador assume em cada segmento corpóreo durante a jornada de
trabalho para realização da tarefa, nos aspectos do ambiente físico de trabalho nos
efeitos físicos e psíquicos da organização do trabalho, além das demais conseqüências.
(JACOBY, 2007).
A fidedignidade e a generalidade são características das técnicas que se utilizam para
realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho. Uma alta generalidade quer dizer que a
aplicável em muitos casos, mas provavelmente tenha uma baixa fidedignidade, quer
dizer que os resultados que se obtenham podem ser pobres em detalhes. Porém as
técnicas com alta fidedignidade, onde é necessária uma informação muito precisa sobre
os parâmetros específicos que se medem, parecem ter uma aplicação bastante limitada.
(COLOMBINI ET ALL, 2005).
Existem vários instrumentos para Análise Ergonômica do Trabalho, principalmente dos
riscos posturais, que podem ser classificados como Checklists, ferramentas
semiquantitativas ou ferramentas quantitativas (PAVANI, 2007)
3. Metodologia
O presente estudo constitui uma pesquisa bibliográfica, descritiva e documental com
finalidade em abordar a usabilidade da realidade aumentada como ferramenta aplicada a
ergonomia de concepção do posto de trabalho de corte de castanha na fabricação do
biscoito de castanha em Manaus, ao qual Marconi e Lakatos (2010), ressaltam que “[...]
pesquisar não é apenas procurar a verdade, é encontrar respostas para questões
propostas, utilizando métodos científicos”.
A pesquisa visou obter compreensões aprofundadas acerca dos problemas estudados. De
acordo com o Gil (2010), a pesquisa bibliográfica é uma pesquisa desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos
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científicos. Seu propósito é reunir conhecimento sobre um tópico e fornecer dados para
a compreensão do conhecimento atual.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi realizado um levantamento
bibliográfico de obras impressas, como livros e revistas, periódicos, bem como em
banco de dados de Bibliotecas Virtuais, no período de 1977 a 2016, entre outros
materiais.
Com a busca de dados foram utilizados os descritivos: Ergonomia, Ergonomia de
Concepção e Realidade Aumentada, os dados foram coletados e após breve leitura foi
feita uma seleção para análise criteriosa dos artigos e trabalhos.
Prosseguindo com a organização por semelhança e diferenças nas informações dos
autores.
A pesquisa e o texto foi construído fazendo anotações e registros após leitura e análise
crítica com a relevância para o assunto pesquisado.
Registra-se, assim, o trabalho, o artigo a partir do interesse acadêmico com a abordagem
do tema. Com respeito aos aspectos éticos, a pesquisa foi realizada conforme a literatura
encontrada, onde os resultados encontrados são apresentados nesta pesquisa.
A pesquisa foi desenvolvida em formato amostral onde a escolha da atividade
econômica foi adotada mediante a sua condição de processo de fabricação do biscoito
de castanha ser realizado de maneira artesanal/manual. A localização da presente
pesquisa ocorreu na cidade de Manaus, onde a característica dos sujeitos pesquisados
possui as variáveis, idade, sexo, altura, escolaridade, peso, estado civil e função.
A pesquisa possui as suas variáveis de estudo descritas em posto de trabalho, ambiente
virtual, ambiente real e ferramenta aplicadas à ergonomia de concepção.
4. Resultados e Discussão
Para esse trabalho, utilizamos a metodologia de intervenção ergonomizadora presente
em Moraes & Mont’Alvão (2003) constituindo-se em visitas para uma exploração e
observação do posto de trabalho, sendo realizadas entrevistas e observações
assistemáticas, seguida de identificação de problemas no posto de trabalho, observações
à respeito da organização do trabalho, dados ambientais e os impactos psicológicos
associados às tarefas.
Entrevista com a pessoa envolvida diretamente com o posto de trabalho estudada, a
cozinheira foram realizadas a fim de caracterizar melhor a situação de trabalho.
Para o acompanhamento das atividades, foram feitas observações sistemáticas no posto
de trabalho, onde trabalha a cozinheira. Durante a visita, foram realizadas observações
abertas e entrevistas informais com a finalidade de conhecer o ambiente e as pessoas
que interferem direta ou indiretamente sobre o posto de trabalho. Numa segunda fase,
foram realizadas observações armadas com máquina fotográfica e entrevistas, visando
obter maiores informações referentes à população, ao ambiente e organização do
trabalho.
Organização do Trabalho: Demanda de atividades entre setores, metas de
produtividade, tempos-padrões, ritmo de trabalho, horário e jornada de trabalho, horas-
extras, atendimento às necessidades pessoais, sistema de pausas, relacionamento entre
chefias e trabalhadores, fatores cognitivos, fadiga mental, nível de autonomia, retro-
informação.
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Sistema de Produção: Análise das linhas de montagem, células de produção, postos
enriquecidos, grupos semi-autônomos, ferramentas de produtividade, sistemas de
medição da produção, eficiência dos revezamentos entre postos.
Entrevista com a Trabalhadora: Realizadas no próprio posto de trabalho a fim de
criar envolvimento e levantar possíveis queixas, dificuldades, observações, relato de
dores, etc.
Condições Biomecânicas: Análise de repetitividade, quantificação de força aplicada,
verificação de compressão mecânica, posturas inadequadas, fontes vibratórias,
contrações musculares estáticas, condição do trabalho em pé e sentado.
Ferramentas, Dispositivos, Acessórios: Qualidade da pega, localização, estado de
conservação, condição de funcionamento, emissão de vibração, nível de força exigida
na operação, existência de quinas-vivas, peso, balancim, modelos de alicates, tesouras,
botões e botoeiras, manivelas, alavancas, jigs, parafusadeiras, bancada de trabalho,
cadeira, apoio para pés.
Ferramentas Quantitativas: Moore & Garg, Suzanne Rodgers: demonstram e
quantificam o índice de sobrecarga para os membros superiores gerados em
determinada tarefa através da avaliação do esforço, postura, ritmo e duração do
trabalho, força física aplicada, etc. e isso determina o risco de ocorrência de distúrbios
osteomusculoligamentares. Critério de NIOSH: estabelece um limite de peso para
levantamento manual de cargas para determinada condição de trabalho e demonstra qual
o risco de desenvolvimento de lesões na coluna vertebral à medida que esse limite não
esteja sendo respeitado. Os riscos são representados da seguinte forma: Baixo (Posto
Verde), Moderado (Posto Amarelo) e Alto (Posto Vermelho).
Condições Ambientais: Avaliação qualitativa das condições de temperatura e
luminosidade a fim de verificar se há algum tipo de relação com o agravo avaliado. Por
exemplo, se o operador trabalha com as mãos frias pode ocasionar vaso constrição e se
trabalha com nível baixo de iluminamento pode gerar uma postura inadequada.
Características Gerais da Empresa: A MR Doces, idealizada pela dona de casa Maria
Raimunda Pinheiro de Paula, foi fundada em julho de 1996. Desde então, com o
empenho de sua proprietária e de toda a equipe, vem proporcionando aos profissionais
da área de gastronomia de Manaus a oportunidade de se aprimorar através de cursos de
excelência e participação em eventos apresentando as suas inovações.
Análise da População Trabalhadora: Trabalham na cozinha da MR Doces quatro (4)
trabalhadores (3) do sexo feminino e (1) do sexo masculino com faixa etária entre 31 e
64 anos (até Abr/2016), na Função de Cozinheira, Auxiliar de Cozinheira e Auxiliar de
Produção.
Descrição da Área Analisada: A Cozinha da MR Doces tem estruturas e
travejamentos metálicos, pavimentos com pé direito de 3m, paredes em alvenaria,
fiações elétricas protegidas em eletrodutos, calhas ou bandejas, piso em concreto
nivelado e com cerâmica, instalação de pia, fogão, geladeira, balcão e estoque de
matéria-prima em armário.
Análise Ergonômica do Trabalho: A Cozinheira: Tarefa Prescrita - Organiza o
trabalho na cozinha, interpretando as ordens de serviços, especificando os materiais a
serem utilizados nas receitas, prepara o local de trabalho providenciando a liberação do
processo de fabricação do biscoito de castanha selecionando os ingredientes, coordena a
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distribuição dos materiais para a preparação do biscoito de castanha, acompanha e
coordena a fabricação e o controle de qualidade e liberação para a embalagem final dos
biscoitos de castanha e encaminha para a venda aos clientes e parceiros credenciados.
Tarefa Real: Selecionar as castanhas do depósito até o local de corte, Dimensionar e
cortar a castanha a ser utilizada, Cortar a castanha; Lavar a castanha, Separar o ralador,
Ralar a castanha, Preparar a massa; Alocar os gabaritos para corte do biscoito de
castanha, Preparar a assadeira, Dispor os biscoitos na assadeira, Ligar o forno do fogão,
Dispor a assadeira no forno, Acompanhar o tempo de preparo, Acondicionar os
biscoitos em recipientes para resfriar, Inspecionar os biscoitos, Dispor para o setor de
embalagem final os biscoitos aprovados, Liberar o lote para a venda. Nas suas
atividades, a Cozinheira está exposta a riscos potenciais como: sofrer contusões,
cortes, esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, máquinas e
equipamentos sem proteção, poeiras, postura incorreta, quedas, umidade. Observamos
que a trabalhadora não utiliza nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual. Não
foi observado nenhum tipo de Equipamento de Proteção Coletiva.
Durante suas atividades a Cozinheira, exercendo a tarefa de cortar castanhas, está
exposta a posturas inadequadas ao sistema músculo-esquelético: atividade repetitiva
com os membros superiores, onde na sua maioria são movimentos de abdução dos
braços, levantamento dos braços acima da linha dos ombros, prono-supinação de
antebraços e preensão com as mãos com aplicação de força. Levantamento manual de
cargas e fatores da organização do trabalho (horas-extras) também foram encontrados.
Algumas queixas são mais freqüentes entre os trabalhadores, como: dor nas mãos e nas
pernas. A demanda partiu de um artigo para a pós graduação proposto pela Biocursos.
Fomos recebidos na cozinha da MR Doces pela Cozinheira Sra. Maria Raimunda
Pinheiro de Paula que nos forneceu as informações pertinentes. Este trabalho apresentou
o desenvolvimento da aplicação da Realidade Aumentada online, que explora as
atuações do dispositivo de corte de castanha, por meio de mídias integradas, envolvendo
imagens, vídeos, objetos 3D e animações, associadas a descrições textuais e narrações
verbais, ativadas no ambiente de Realidade Aumentada. Esse trabalho é tipicamente um
software educacional que está disponível na internet, que visa apoiar a obtenção e
construção de conhecimento, buscando ampliar os estudos na área de ergonomia, tanto
em ambientes formais, quanto nos ambientes não formais como é o caso desta pesquisa.
A aplicação foi desenvolvida com o software de autoria de aplicações de Realidade
Aumentada online, usado em conjunto com o template Ref marker. O template foi
adaptado, de forma a atender certas especificidades incorporadas ao posto de trabalho e
o conteúdo sobre ergonomia foi preparado e inserido no template. A aplicação foi
exposta em uma reunião com a orientadora Dra. Dayana Priscila Maia Mejia, sendo
utilizado pelos participantes da reunião. Nesta ocasião, os participantes que usaram a
aplicação realizaram também a sua avaliação. Quanto ao desenvolvimento, a ferramenta
FLARAS mostrou-se de fácil utilização na adaptação, inserção do conteúdo e geração
da aplicação. Quanto à geração do conteúdo da aplicação, os processos seguidos
mostraram-se simples e acessível, mesmo para um desenvolvedor não especializado em
informática. Tal característica sugere que as aplicações podem ser construídas por
especialistas em ergonomia, que poderão adequar seus postos de trabalho, gerando
recursos em ambientes virtuais para a avaliação dos riscos ergonômicos que poderão
beneficiar a implantação das melhorias ergonômicas.
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5. Conclusão:
A avaliação da aplicação envolveu a consideração de atributos relativos aos recursos
táteis, visuais, auditivos e virtuais. Os resultados indicaram que os aspectos visuais
atenderam devido ao ambiente ter uma boa iluminação, pois o recurso não funciona em
ambiente com pouca iluminação e em que a experiência avaliativa foi satisfatória. Isso
poderá ser utilizado com o uso de caixas de som e fones de ouvido. Os aspectos visuais
também poderão ser melhorados se a aplicação for usada em ambientes mais
apropriados, além de se poder investir no design da aplicação, com uso adequado de
cores, imagens e objetos 3D, tamanho dos textos, etc. Foi possível observar que o grau
de motivação e de entendimento do assunto, por parte dos participantes da avaliação, foi
elevado. O objetivo desta pesquisa foi de validar a experiência de uso de um aplicativo
de Realidade Aumentada com a aplicação de ferramentas ergonômicas cientificamente
aprovadas em um posto de trabalho com o conceito de ergonomia de concepção, para a
implantação de parâmetros corretos e com atendimento a legislação aplicável vigente
em postos de trabalho em formato virtual e com a interação real do trabalhador.
6. Referências
SAGRADA, Bíblia. Bíblia Sagrada. Brasília: Editora Vozes Ltda, 2001.
DUL, J E WEERDMEESTER,B. Ergonomia Prática. Edgard Blucher, 1995.
LAVILLE, Antoine. Ergonomia; tradução: Marcia Maria Neves Teixeira. São Paulo: Ed da
Universidade de São Paulo, 1977.
R.C. Souza, H.D.F. Moreira e C. Kirner, FLARAS 2.0 – Flash Augmented Reality Authoring System,
2012. Disponível em: <http://ckirner.com/flaras/download/documentacao/livro-flaras.pdf>. Acesso em:
10 Abr 2016.
KIRNER, C; KIRNER, T. G. RVA – Definições, 2008. Disponível em:
<http://www.realidadevirtual.com.br/cmsimple-rv/?DEFINI%C7%D5ES>. Acesso em: 10 Abr 2016.
COLOMBINI, D ET all. II Método OCRA per analisi e La prevenzione del risehio da movimenti
repetuti. Manual per La Valutazione e La gestione del rischio. Milão: FrancoAngeli, 2005.
JACOBY, C. Internacional Labour Office Bureau international del travail oficina international del
trabajo. Encyclopedia of Occupational Health and Safety at Work, 4th Ed., Chapter 29, Geneva, 2007.
Traduzido por Ergohelp – São Paulo.
PAVANI, R. A. Estudo Ergonômico Aplicando o Método Occupational Repetitive Actions (OCRA):
Uma Contribuição para Gestão da Saúde do Trabalho. Dissertação de Mestrado em Gestão Integrada
em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. São Paulo: SENAC, 2007.
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia Cientifica. São Paulo: Editora
Atlas, 2010.
AVATAR - MAKING OF ESPECIAL DE 10 MINUTOS - LEGENDADO PORTUGUES
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=q_p0EszCfeA> . Acesso em: 10 Abr 2016
TECMUNDO Disponível em: < http://www.tecmundo.com.br/filmes/3262-as-novas-tecnologias-do-
filme-avatar.htm> . Acesso em: 10 Abr 2016
OLHAR DIGITAL Disponível em <http://olhardigital.uol.com.br/video/avatar-confira-os-detalhes-de-
producao/10124> . Acessado em 10 Abr 2016
10
TECMUNDO Disponível em <http://www.tecmundo.com.br/4468-aprenda-a-fazer-desenhos-3d-sem-ter-
nenhum-conhecimento-previo.htm> . Acessado em 10 Abr 2016
WIKIPEDIA Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade_aumentada>. Acessado em 10 Abr
2016
3D CRIAR Disponível em <http://www.3dcriar.com.br/> . Acessado em 10 Abr 2016
APRENDER3D Disponível em <http://aprender3d.org/> . Acessado em 10 Abr 2016
ERGOLTDA Disponível em <http://www.ergoltda.com.br/checklist/> Acessado em 10 Abr 2016
FBFSISTEMAS Disponível em <http://www.fbfsistemas.com/ergonomia.html> . Acessado em 10 Abr
2016
ALECCONSULTORIA <http://alecconsultoria.com.br/web/melhor-maneira-realizar-analise-ergonomica-
membros-superiores/> . Acessado em 10 Abr 2016
LIGEIRO, JOELLEN. Ferramentas de avaliação ergonômica em atividades multifuncionais: a
contribuição da ergonomia para o design de ambientes de trabalho. 2010. 219 f. Dissertação (mestrado) -
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, 2010. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/89709>. Acessado em 10 Abr 2016.
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ANEXO
Figura 1 – Matéria – Prima do Biscoito de Castanha
Figura 2 – Ferramenta Manual Faca de Corte
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Figura 3 – Corte da Castanha com Movimento de Abdução do Braço Direito
Figura 4 – Corte da Castanha com Movimento de Desvio do Punho
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Figura 5 – Preparação da Realidade Aumentada para a Simulação do Corte da Castanha
Figura 6 – Simulação do Corte da Castanha com a utilização de Prensa Automática em Ambiente de
Realidade Aumentada
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Figura 7 – Vista Frontal da Simulação do Corte da Castanha com a utilização de Prensa Automática em
Ambiente de Realidade Aumentada
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Figura 8 – Ferramenta de Análise Ergonômica do Trabalho Situação Atual
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Figura 9 – Ferramenta de Análise Ergonômica do Trabalho Simulação com o FLARAS