FICHA PARA CATÁLOGO
PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA
Título: A Produção Desigual do Espaço Urbano: Uma análise dos Equipamentos Públicos Educacionais no Bairro Cristo Rei.
Autor Catia Aparecida Basso.
Escola de Atuação Escola Estadual Cristo Rei Ensino Fundamental.
Município da escola Francisco Beltrão.
Núcleo Regional de Educação
Francisco Beltrão.
Orientador Eduardo Donizete Girotto.
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
Disciplina/Área Geografia.
Produção Didático-pedagógica
Unidade Didática.
Relação Interdisciplinar História.
Público Alvo 7ª série.
Localização Rua Padre Réus, S/N, bairro Cristo Rei, município de Francisco Beltrão.
Apresentação:
Conhecer ou reconhecer o espaço vivido e seu entorno como elemento integrante do todo é essencial para que a criança entenda e se sinta parte integrante do processo de transformação do lugar, compreenda que suas ações podem fazer a diferença. Cabe a geografia identificar para a criança os elementos de sua volta como parte real daquilo que ela estuda através dos livros.
Conforme o PPP da escola, a mesma deseja contribuir na formação de um cidadão crítico e atuante no seu espaço de vivência, por isso, a implementação deste projeto objetivo oportunizar as crianças a compreensão de que sua comunidade faz parte da totalidade do espaço geográfico e que tal relação pode ser interpretada a partir da categoria do lugar.
Palavras-chave Lugar; Escola; Cidadania.
2 ) INTRODUÇÃO
Entende-se que, para a formação de um aluno (a) consciente das relações
socioespaciais de seu tempo, o ensino de Geografia deve assumir o quadro
conceitual das abordagens críticas dessa disciplina, que propõem a análise dos
conflitos e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de
um determinado espaço, conforme consta nas diretrizes curriculares da educação
básica do Paraná, 2008, da disciplina de Geografia.
O Projeto Político Pedagógico da Escola Est. Cristo Rei deixa claro que a
mesma deseja contribuir para a formação de um (a) cidadão (ã) crítico e atuante no
seu espaço de vivência. Com base nestes documentos e a oportunidade que o PDE
nos trouxe de aprofundar conhecimentos, encontramos na autora Ana Fani suporte
para compreender a importância de conhecer e reconhecer o espaço vivido e seu
entorno como elemento integrante do todo, quando ela diz “o espaço é humano
porque o homem o produz e não, simplesmente, porque nele habita”.
Para que possamos compreender o lugar como espaço de vivência é preciso
entender como este espaço urbano se organizou, por isso recorremos a um estudo
sobre a origem das cidades.
Desde a antiguidade cidades vêm sendo construídas, a exemplo temos Ur e
Babilônia que foram construídas cerca de 3.000 anos antes da era cristã, na região
do atual Iraque. Naquela época tinham a função de centros de poder e de negócios,
e a maioria da população vivia no campo.
No feudalismo as cidades perderam importância devido à descentralização
político econômica, característica desse sistema produtivo.
É com o advento do capitalismo comercial que as cidades passam a ganhar
importância e voltam a ser o centro dos negócios. A grande mudança na geopolítica
populacional só ocorre com a Revolução Industrial nas sociedades européias –
Reino Unido, França e Alemanha, no final do séc. XVIII, que concentra as fábricas
no espaço urbano, gerando assim uma necessidade de mão de obra, que
anteriormente não havia, trabalhadores do campo são destituídos da terra e as
famílias migram em direção as cidades, pois estas oferecem empregos –
principalmente as indústrias – salários e uma vida livre. Vantagens capitalistas que
atraem e provocam a urbanização das cidades de forma gradativa.
Este mesmo processo de crescimento das cidades ocorre nos países
subdesenvolvidos, em meados do século XX, pois países como o Brasil
apresentaram um processo de industrialização tardio, isto é, dependente do capital
estrangeiro e expansão das empresas multinacionais. Como resultado deste
processo de industrialização tardio, diferentes territorialidades no interior do Brasil
foram se formando e é partir desta perspectiva que podemos compreender o
processo de produção do espaço urbano de nosso município.
O território que hoje se constitui no município de Francisco Beltrão era
ocupado por índios, posteriormente caboclos e luso-brasileiros que se dedicavam a
extração da erva-mate e criação de porcos.
Mais tarde, na década de 40, chegaram aqui, vindos de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, descendentes de italianos, alemães, poloneses e outros para se fixar
na terra e trabalhar na agricultura.
As primeiras casas desta cidade surgiram em 1947 à margem direita do rio
Marrecas, onde se formou o povoado batizado de “Vila Marrecas”. Com a
emancipação política em 14/12/1952, recebeu o nome de Francisco Beltrão. A
legalização de posse das terras ocorreu entre 1962 e 1974 pela Getsop (Grupo
Executivo para as terras do sudoeste do Paraná.) que forneceu mais de 50 mil
títulos, realizando verdadeira reforma agrária na região.
Até a década de 70 a população urbana era inferior a população rural, o
surgimento e expansão de atividades industriais e comerciais alteraram esse
quadro, já na década de 80, aproximadamente 60% da população beltronense era
urbana.
A área que constitui o bairro teve sua ocupação ainda no período inicial da
colonização do município, quando ainda era “Marrecas”, conforme contou seu
Sebastião Albuquerque de Souza, conhecido pelo apelido de “seu Pureza” em
entrevista realizada por alunos da Escola em 1993. Ele contou que chegou junto
com seu sogro Prudente Alves da Silva e seu irmão Florindo Albuquerque de Souza
em 1942. Derrubaram a mata que cobria a encosta do Morro do Calvário para
plantar milho, feijão e outros alimentos para a sobrevivência de sua família. Mais
tarde com a instalação do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) a ocupação
se ampliou.
O bairro Cristo Rei é assim constituído: Ponto de partida: Rua Piquiri com a
divisa do lote n° 510; seguindo pela divisa do lote n° 510 até alcançar a divisa do lote
n° 940, daí seguindo pela divisa do lote n° 940 até alcançar a rua Santa Inês;
seguindo pela rua Santa Inês até alcançar a rua São Miguel; daí seguindo pela rua
São Miguel até alcançar a Avenida Progresso, seguindo até o rio Marrecas; pelo rio
Marrecas, margem esquerda até encontrar a Avenida Cristo Rei; continuando por
esta até encontrar a rua do Aeroporto; seguindo esta até encontrar a rua São Lucas
esquina com a rua São Luiz; seguindo por esta até encontrar a rua Santa Luzia; daí
segue pela divisa do lote n° 73 da gleba n° 57-FB até alcançar a rua Piquiri, ponto de
partida.
Dessa forma, pensar sobre a produção do espaço urbano é também exercitar
a análise critica das formas de vida e das condições estruturais, políticas e
socioeconômicas que existem. Tal análise, por sua vez, pode possibilitar ao sujeito
efetivamente se situar no mundo, trabalhar nele tendo as condições necessárias a
viver de modo decente (CALLAI, 2004, p.36).
É no lugar, resultado desta produção desigual do espaço urbano, que a
escola é construída e vivenciada, segundo as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica (2008, p.21) “A escola é um espaço de confronto e diálogo entre os
conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular...” Nesse
sentido, esse estudo propõe demonstrar que a escola é um espaço de afirmação da
identidade, de liberdade de expressão, de reflexão e construção, pois esta
intrinsecamente ligada aos problemas do lugar dando atenção ao seu entorno social,
cultural e econômico entre a teoria e prática que é motivação de aprendizagem.
Acreditamos que são pelas ações de homens e mulheres que a educação se
realiza diariamente. Para a geógrafa Ana Fani é preciso pensar o homem por inteiro
em sua dimensão humana e social, que atua dinamicamente no mundo moderno.
Portanto em sua obra “O lugar do/no mundo” escreve que:
É no plano do lugar que é possível, por exemplo, compreender
a racionalidade homogeneizante inerente ao processo de
acumulação, que não se realiza apenas a partir da produção de
objetos e mercadorias, mas liga-se cada vez mais à produção
de um novo espaço, de uma nova divisão e organização do
trabalho, além de produzir modelos e comportamentos que
induzem ao consumo e norteiam a vida cotidiana. (CARLOS,
2007, p.11).
3- ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
Unidade Didática no PDE são atividades interligadas entre si que
encaminham o desenvolvimento de um plano de aula sobre um determinado tema.
O objetivo de desenvolver esta unidade didática é levantar e analisar as
condições dos equipamentos educacionais públicos existentes no bairro Cristo Rei.
Compreender a organização deste espaço urbano em relação a outros espaços do
município e as possibilidades de melhorias que podem ser efetuadas no mesmo,
visando garantir condições de cidadania aos moradores desta comunidade. Oferecer
aos educando (as) a vivência prática da geografia que deve considerar o lugar como
ponto de partida para a compreensão dos conteúdos e demonstrar as crianças que
eles fazem parte deste espaço que deve garantir direitos iguais de cidadania. Para
efetivar a implementação pedagógica na escola utilizaremos como recurso
metodológico, várias atividades desenvolvidas com os alunos.
4- ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS COM AS CRIANÇAS:
4.1- Para compreender melhor o espaço urbano que está inserido, vamos
trabalhar o texto a parte que aborda a história de organização do município
propondo às crianças a investigação sobre a origem e organização do bairro,
através de pesquisa junto à comunidade.
4.2-Organizar grupos para pesquisa referente às condições que a creche e as
Escolas existentes no bairro, oferecem para as crianças que freqüentam estes
espaços educacionais. Tanto no aspecto estrutural quanto pedagógico.
4.3- Trabalhando com mapa da área urbana do município.
O lugar neste trabalho é conceituado, ao mesmo tempo, como espaço vivido,
construído e reconstruído, impregnado de valores humanos pelos sujeitos que nele
vive e convive.
Tendo o aluno apropriado o conceito de lugar, que tem como ponto de
referência suas vivências cotidianas individuais ou coletivas (família, comunidade,
escola...), que produz relações de convivência, sente-se como cidadão que pertence
ao lugar, vamos trabalhar com o mapa da área urbana do município para:
a) Estabelecer a localização do bairro onde a Escola se situa.
b) A posição do bairro em relação ao centro.
c) Os limites do bairro Cristo Rei nas direções N, S, L, O.
d) Após a localização do bairro Cristo Rei, utilizar mapa do bairro e nele situar
as quadras, nas quais os equipamentos educacionais públicos existentes no mesmo
se localizam.
e) Solicitar que eles escolham outro bairro da cidade e pesquisem sobre as
condições dos equipamentos educacionais públicos existentes, para então fazer um
comparativo entre o mesmo e o bairro onde residem. As condições são as mesmas?
Se há diferenças, quais seriam os motivos?
Fonte:http://maps.google.com.br/m/maps?q=parana&ll=-26.068503, 53.067055&z=15
Acesso em: 05/06/2011 às 14h00min
Referências Bibliográficas
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. Editora Contexto 8ª edição 1ª reimpr. São
Paulo, 2007.
_________________________. O Lugar no/do Mundo. Editora FFLCH. São Paulo,
2007.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná,
Geografia. Paraná: SEED, 2008.
CAVALCANTI, Lana de Souza. A Geografia Escolar e a Cidade. Ensaios sobre o
ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas: Editora Papirus, 2008.
SEABRA, Odette; CARVALHO, Mônica de LEITE, José Corrêa. Território e
Sociedade: Entrevista com Milton Santos. 2ª. Ed. 2ª. Reimpr. São Paulo: Editora
Fundação Perseu Abramo, 2004.
Girotto, Eduardo Donizete. “Debates e Contribuições sobre a Escola Pública: De
professor para professor”. IN: Paulo Sérgio Garcia (org.) Debates e contribuições
sobre a escola pública: de professor para professor. São Paulo: LCTE, 2010.
FRANCISCO BELTRÂO. História e Geografia de Francisco Beltrão: educando
com o coração. 2ª edição. Paraná: Galga, 2007.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano: série Princípios. 4ª Ed. 3ª Reimpr.
Editora Ática, 2002.
SANTOS, Milton. O Espaço Dividido: Os Dois Circuitos da Economia Urbana
dos Países Subdesenvolvidos/Milton Santos; tradução Myrna T. Rego Viana. 2ª
Edição, 1ª reimpr.Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
CALLAI, Helena Copetti. Fundamentos Teórico-Metodológicos do Ensino de
Geografia. Contexto e Educação. Íjui. Ed. Unijui, 2004.
Sites consultados
HTTP://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/11/294909.shtml acesso em 02 de
março de 2011 – 03 – 02
:http://maps.google.com.br/m/maps?q=parana&ll=-26.068503, 53.067055&z=15
Acesso em: 05/06/2011 às 14h00min