Departamento de Direito
GARANTIA DO PLURALISMO E DA LIBERDADE EXPRESSAtildeO DA
INTERNET UMA ANAacuteLISE JURISPRUDENCIAL NAS CORTES
SUPRANACIONAIS EUROPEIAS
Aluna Sofia Glasherster
Orientadora Samantha Moura Ribeiro
1 Introduccedilatildeo
A Internet se tornou um poderoso meio de comunicaccedilatildeo principalmente
por ser global ndash natildeo respeita nenhum limite de fronteira - raacutepido e relativamente
anocircnimo Com ela surgiram novas dimensotildees dos direitos embora jaacute existentes offline
ganham uma nova dimensatildeo online A internet assume uma funccedilatildeo de trazer cultura
informaccedilatildeo e educaccedilatildeo indagando-se ateacute mesmo se o acesso agrave internet natildeo seria um
proacuteprio direito 1 Como Barack Obama ressaltou em seu discurso feito ao povo cubano
em fevereiro de 2016
A internet deveria estar disponiacutevel em toda a ilha para que os cubanos
pudessem se conectar com o mundo maior e com um dos maiores motores de
crescimento da histoacuteria humana () Se vocecirc natildeo puder acessar ideias online se
natildeo puder ser exposto a pontos de vistas diferentes vocecirc natildeo alcanccedilaraacute seu
potencial pleno 2
Nesse trecho do discurso percebe-se que haacute duas dimensotildees do acesso agrave
Internet ter acesso agrave rede e ao seu conteuacutedo de forma livre isto eacute podendo encontrar
diversos pontos de vistas opiniotildees e ideologias Quando esse uacuteltimo aspecto estaacute
assegurado haacute o chamado pluralismo democraacutetico
Eacute inegaacutevel a forccedila pontecializadora que a Internet possui no sentido de
possibilitar o exerciacutecio pleno de direitos imprescindiacuteveis para uma ordem democraacutetica
tais como acesso a informaccedilatildeo e liberdade de expressatildeo Ao mesmo tempo ela tambeacutem
potencializa o aumento dos riscos de violaccedilotildees aos direitos humanos ndash poder de
restringir a liberdade de expressatildeo e o acesso agrave informaccedilatildeo violar a privacidade os
direitos autorais dar maior visibilidade aos discursos de oacutedio as incitaccedilotildees de
terrorismo e de discriminaccedilotildees e etc Aleacutem disso junto com o advento da internet
surgem novas formas de vigilacircncia online Assim a Internet tanto pode ser usada para
contribuir para a democracia como para um instrumento de controle manipulaccedilatildeo e
repressatildeo
Dada essa importacircncia da Internet surge a necessidade de uma regulaccedilatildeo
que efetivamente possa garantir uma miacutedia livre e autocircnoma Assim para facilitar o
exerciacutecio das liberdades eacute recomendaacutevel definir o que seraacute possiacutevel na rede
assegurando a livre manifestaccedilatildeo contra os ataques arbitraacuterios e autoritaacuterios Nesse
quesito o Brasil avanccedilou ao aprovar a Lei do Marco Civil da Internet que eacute
considerado um exemplo em outros paiacuteses
1 Freedom of expression And the internet Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Council of Europe
Publising 2013 2 httpwww1folhauolcombrmundo2016031753090-leia-a-integra-do-discurso-de-barack-obama-ao-povo-
cubano-em-havanashtml
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Nesse sentido o presente estudo baseou-se na Europa por causa da
existecircncia de um sistema nacional e outro supranacional permitindo a colheita de
diversos tratamentos dados agrave internet Tambeacutem para saber melhor como a margem de
apreciaccedilatildeo eacute usada pelas Corte Europeia de Direitos Humanos que em algumas
decisotildees reconhece que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender a realidade
local e consequentemente de buscar a soluccedilatildeo menos gravosa para o caso concreto
Assim estudo almeja compreender como as novas formas de regulaccedilotildees da
internet estatildeo sendo aplicadas nas diversas culturas juriacutedicas especificamente nos paiacuteses
europeus Indaga-se sobre a possibilidade de diversas ordens legais poderem resolver
seus conflitos sem bloquear ou destruir uma as outras por meio de uma construccedilatildeo
dialoacutegica e flexiacutevel de identidades constitucionais inspirada na teoria do
Transcontitucionalismo de Marcelo Neves3 Com essa pesquisa espera-se trazer esse
debate no acircmbito juriacutedico e social para o Brasil
2 Objetivos
Dessa forma o objetivo primaacuterio da presente pesquisa de iniciaccedilatildeo
cientiacutefica eacute investigar como satildeo garantidos a liberdade de expressatildeo e a privacidade na
internet A tese principal eacute que as decisotildees que optam por aplicar a margem de
apreciaccedilatildeo seriam mais eficientes para resolver os problemas que emergem da
Internet
A partir dessa anaacutelise espera-se ser possiacutevel desenhar as formas mais
efetivas de garantir os direitos online se seria atraveacutes de decisotildees que (a) garantem a
existecircncia do pluralismo democraacutetico diretamente ou (b) das que optam por dar
liberdade ao Estado garanti-lo ainda que no caso concreto natildeo proteja a liberdade de
expressatildeo
3 Metodologia
31 Criteacuterio para a seleccedilatildeo da Europa
O foco da pesquisa foram os Tribunais Europeus por ter sido a Corte
Europeia de Direitos Humanos famosa por utilizar a margem de apreciaccedilatildeo meacutetodo o
qual se buscou verificar que seria o mais produtivo para resolver os conflitos que
atingem diferentes ordens constitucionais Quanto ao Tribunal de Justiccedila foi
investigado se eou como leva em consideraccedilatildeo a diversidade de visotildees de mundo
quando analisa questotildees prejudiciais envolvendo a internet
Vale salientar que os dois satildeo tribunais supranacionais a CEDH tem
competecircncia para julgar os paiacuteses que assinam a Convenccedilatildeo Europeia de Direitos
Humanos enquanto o TJUE julga os paiacuteses do bloco europeu com base nos tratados da
Uniatildeo Europeia
Pelo exposto os consideramos os mais apropriados para a anaacutelise da
aplicaccedilatildeo praacutetica da nossa teoria
3 NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
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32 ndash Dimensotildees teoacutericas e praacuteticas da pesquisa
O trabalho desde o iniacutecio foi realizado com reuniotildees presenciais
quinzenais e com a leitura da bibliografia baacutesica da pesquisa Foi utilizada a lista de
casos do livro ldquoFreedom of expression and the Internetrdquo para a coleta dos julgados
pertinentes especificamente os abrangendo a liberdade de expressatildeo privacidade e
proteccedilatildeo de dados na Internet Aleacutem da a lista foi realizada pesquisa jurisprudencial no
proacuteprio site Corte Europeia de Direitos Humanos4 e do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo
Europeia5 onde as palavras chaves utilizadas foram ldquoliberdade expressatildeordquo
ldquoprivacidaderdquo e ldquointernetrdquo Nessa coleta a CEDH foi mais rica para a pesquisa pois a
maioria dos casos versando sobre internet no TJUE eram sobre comeacutercio eletrocircnico6
Com base nesses estudos foi possiacutevel concluir o que seraacute apresentado a
seguir
4 Resultados
41 Breve apontamento das bases legais da Corte Europeia de Direitos Humanos e
do Tribunal de Justiccedila Europeu
A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) tem a funccedilatildeo de garantir a
aplicaccedilatildeo da Convenccedilatildeo Europeia de Direitos Humanos Nenhum paiacutes eacute obrigado a
assinar a Convenccedilatildeo consequentemente tambeacutem natildeo precisam se submeter a Corte A
Convenccedilatildeo apenas se torna vinculante quando o paiacutes a assina Jaacute o Tribunal de Justiccedila
Europeu eacute o tribunal da Uniatildeo Europeia isto eacute dos paiacuteses que fazem parte do bloco
europeu A CEDH soacute aceitam recurso apoacutes estarem esgotados todas as possibilidades
internas enquanto o TJUE se pronuncia acerca de questotildees prejudicais com o objetivo
de unificar a interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo da Uniatildeo Europeia
O artigo principal referente a nossa pesquisa que serviu de base para a
seleccedilatildeo dos casos foi o art 10 da Convenccedilatildeo
ldquo1 Qualquer pessoa tem direito agrave liberdade de expressatildeo Este direito
compreende a liberdade de opiniatildeo e a liberdade de receber ou de
transmitir informaccedilotildees ou ideias sem que possa haver ingerecircncia de
quaisquer autoridades puacuteblicas e sem consideraccedilotildees de fronteiras O
presente artigo natildeo impede que os Estados submetam as empresas de
radiodifusatildeo de cinematografia ou de televisatildeo a um regime de
autorizaccedilatildeo preacutevia
2 O exerciacutecio desta liberdades porquanto implica deveres e
responsabilidades pode ser submetido a certas formalidades condiccedilotildees
restriccedilotildees ou sanccedilotildees previstas pela lei que constituam providecircncias
necessaacuterias numa sociedade democraacutetica para a seguranccedila nacional a
integridade territorial ou a seguranccedila puacuteblica a defesa da ordem e a
4 httphudocechrcoeintengdocumentcollectionid2[GRANDCHAMBERCHAMBER] 5 httpcuriaeuropaeujurisrecherchejsflanguage=pt 6 Lrsquooreal vs EBay Google vs Louis Vuitton Rynair vs PR Aviation Air Berlim vs
Verbraucherzentrale Bundesverband e V Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Portkabin
Pilkingtom Group Weltimmo vs Nemzeti
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prevenccedilatildeo do crime a proteccedilatildeo da sauacutede ou da moral a proteccedilatildeo da
honra ou dos direitos de outrem para impedir a divulgaccedilatildeo de
informaccedilotildees confidenciais ou para garantir a autoridade e a
imparcialidade do poder judicial ldquo
O artigo ao mesmo tempo em que garante a liberdade de expressatildeo de
opiniatildeo e de receber ou de transmitir informaccedilotildees tambeacutem a restringe em diversas
hipoacuteteses desde que estejam previstas por lei e sejam necessaacuterias numa sociedade
democraacutetica Pode-se notar que as hipoacuteteses satildeo bem amplas e subjetivas por isso a o
presente estudo procurou analisar exatamente como essas possibilidades de restriccedilotildees agrave
liberdade de expressatildeo na internet estatildeo sendo tratadas nos Tribunais Europeus se estaacute
sendo respeitado o pluralismo e a neutralidade da rede e caso natildeo esteja porque
ocorreu esta interferecircncia (se foi prevista por lei necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica e proporcional)
42 Apresentaccedilatildeo dos casos da Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH)
Foram analisados 21 casos versando sobre a aplicaccedilatildeo do art 10 da
Convenccedilatildeo Dentre esses casos listados na tabela em apecircndice dos 20 apenas 47 natildeo
aplicaram a margem de apreciaccedilatildeo ou seja a Corte modificou totalmente o
entendimento nacional
Quando a Corte reconhece integralmente a decisatildeo nacional quer dizer
quer dizer que haacute uma ampla margem de apreciaccedilatildeo enquanto haacute a margem de
apreciaccedilatildeo parcial quando apenas daacute liberdade para uma determinada questatildeo Em todos
os casos vistos a Corte soacute deu margem de apreciaccedilatildeo quando a decisatildeo nacional atendeu
ao teste dos trecircs requisitos (previsibilidade legalidade e legitimidade) ou seja para a
Corte reconhecer a decisatildeo nacional ela deve no miacutenimo preencher esse teste
No julgamento do Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia a decisatildeo nacional
natildeo foi reconhecida porque natildeo atendeu ao primeiro requisito ldquoprevisatildeo legalrdquo porque a
7 Ahmet Yildrim v Turkey Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullaye v Azerbaijan
Aplicaccedilatildeo da margem de apreciaccedilatildeo
20 natildeo utilizaram 80 utilizaram total ou parcialmente
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legislaccedilatildeo nacional natildeo era clara explicita e acessiacutevel sobre os limites da liberdade de
expressatildeo na Internet O mesmo ocorreu em Ahmet Yildrim v Turkey em que as
autoridades nacionais bloquearam todos os sites do Google porque um deles violou uma
lei nacional A Corte entendeu que a decisatildeo nacional foi abusiva e desproporcional
uma vez que a intervenccedilatildeo natildeo era legalmente prevista Bem como no caso Max Mosley
v United Kingdom a margem de apreciaccedilatildeo deixou de ser aplicada totalmente porque o
Estado-Membro natildeo respeitou o consenso da maioria dos paiacuteses europeus sobre o tema
em pauta Por isso a Corte natildeo reconheceu a obrigaccedilatildeo de uma lei no Reino Unido que
exigisse a preacute-notificaccedilatildeo quando o conteuacutedo que iria ser pulicado pudesse ferir a
privacidade de algum cidadatildeo A Corte reconheceu que havia no art 10 a possibilidade
de haver restriccedilatildeo mas como apenas a minoria dos Estados-Membros possuem uma lei
nesse sentido foi dado margem de apreciaccedilatildeo ao Estado para escolherem o que era
melhor dentro da sua realidade social Essas decisotildees contribuem para o pluralismo
democraacutetico na internet posto que consideram uma violaccedilatildeo ao art 10 da Convenccedilatildeo a
restriccedilatildeo do acesso da internet sem um quadro juriacutedico rigoroso
Jaacute nos casos Renaud v France e Fatullaye v Azerbaijan que versam sobre
difamaccedilotildees a figuras puacuteblicas a Corte natildeo reconheceu a decisatildeo nacional porque ela
natildeo atendia ao terceiro requisito isto eacute natildeo era uma medida necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica Nesses julgados a Corte assegurou o discurso e ressaltou que a liberdade
de expressatildeo eacute mais ampla quando haacute interesse puacuteblico envolvido Afinal em uma
efetiva democracia o governo deve estar sujeito as criacuteticas da opiniatildeo puacuteblica
Desse modo pode-se concluir que todos os casos que natildeo aplicaram a
margem de apreciaccedilatildeo contribuiacuteram para assegurar o pluralismo democraacutetico online
Quanto aos casos em que foi aplicado a margem de apreciaccedilatildeo pode ser
percebido que a Corte Europeia de Direitos Humanos costuma restringir o discurso
quando haacute (a) discurso de oacutedio (b) menores envolvidos e (c) propriedade intelectual
bem como costuma ser favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d) interesse
puacuteblico
A (a) proibiccedilatildeo de discursos de oacutedio8 eacute um direito constantemente
considerado superior a liberdade de expressatildeo uma vez que quando haacute discursos
xenoacutefobos discriminatoacuterios ou que incitam o terrorismo geralmente a liberdade de
expressatildeo eacute restringida
Outro direito limitador do discurso eacute a (b) proteccedilatildeo aos menores9 pois
frequentemente nos casos em que houve exposiccedilatildeo da privacidade do menor ou
exposiccedilatildeo de conteuacutedo natildeo indicado a menores de idade o conteuacutedo foi retirado da rede
O uacutenico caso analisado em que foi parcialmente protegida a liberdade de expressatildeo foi
no caso Movement Raelien Suisse v Switzerlan porque a Corte proibiu o movimento
poliacutetico-religioso de expor suas propagandas possivelmente incitadoras de pedofilia em
locais puacuteblicos mas permitiu a manutenccedilatildeo do seu site Assim foi assegurando o
pluralismo democraacutetico apenas na rede permitindo que a internet seja um espaccedilo para
livre associaccedilatildeo de ideias aleacutem de proteger em certa medida o menor uma vez que as
crenccedilas da religiatildeo natildeo seriam ldquojogadasrdquo a eles
8 Delfi AS v Estonia Feregravet v Beacutelgica 9 KU v Finland Aleksey Ovchinniko v Russia Karttunen v Finland e Perrin v UK
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O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
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intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
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Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
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coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
Nesse sentido o presente estudo baseou-se na Europa por causa da
existecircncia de um sistema nacional e outro supranacional permitindo a colheita de
diversos tratamentos dados agrave internet Tambeacutem para saber melhor como a margem de
apreciaccedilatildeo eacute usada pelas Corte Europeia de Direitos Humanos que em algumas
decisotildees reconhece que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender a realidade
local e consequentemente de buscar a soluccedilatildeo menos gravosa para o caso concreto
Assim estudo almeja compreender como as novas formas de regulaccedilotildees da
internet estatildeo sendo aplicadas nas diversas culturas juriacutedicas especificamente nos paiacuteses
europeus Indaga-se sobre a possibilidade de diversas ordens legais poderem resolver
seus conflitos sem bloquear ou destruir uma as outras por meio de uma construccedilatildeo
dialoacutegica e flexiacutevel de identidades constitucionais inspirada na teoria do
Transcontitucionalismo de Marcelo Neves3 Com essa pesquisa espera-se trazer esse
debate no acircmbito juriacutedico e social para o Brasil
2 Objetivos
Dessa forma o objetivo primaacuterio da presente pesquisa de iniciaccedilatildeo
cientiacutefica eacute investigar como satildeo garantidos a liberdade de expressatildeo e a privacidade na
internet A tese principal eacute que as decisotildees que optam por aplicar a margem de
apreciaccedilatildeo seriam mais eficientes para resolver os problemas que emergem da
Internet
A partir dessa anaacutelise espera-se ser possiacutevel desenhar as formas mais
efetivas de garantir os direitos online se seria atraveacutes de decisotildees que (a) garantem a
existecircncia do pluralismo democraacutetico diretamente ou (b) das que optam por dar
liberdade ao Estado garanti-lo ainda que no caso concreto natildeo proteja a liberdade de
expressatildeo
3 Metodologia
31 Criteacuterio para a seleccedilatildeo da Europa
O foco da pesquisa foram os Tribunais Europeus por ter sido a Corte
Europeia de Direitos Humanos famosa por utilizar a margem de apreciaccedilatildeo meacutetodo o
qual se buscou verificar que seria o mais produtivo para resolver os conflitos que
atingem diferentes ordens constitucionais Quanto ao Tribunal de Justiccedila foi
investigado se eou como leva em consideraccedilatildeo a diversidade de visotildees de mundo
quando analisa questotildees prejudiciais envolvendo a internet
Vale salientar que os dois satildeo tribunais supranacionais a CEDH tem
competecircncia para julgar os paiacuteses que assinam a Convenccedilatildeo Europeia de Direitos
Humanos enquanto o TJUE julga os paiacuteses do bloco europeu com base nos tratados da
Uniatildeo Europeia
Pelo exposto os consideramos os mais apropriados para a anaacutelise da
aplicaccedilatildeo praacutetica da nossa teoria
3 NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
Departamento de Direito
32 ndash Dimensotildees teoacutericas e praacuteticas da pesquisa
O trabalho desde o iniacutecio foi realizado com reuniotildees presenciais
quinzenais e com a leitura da bibliografia baacutesica da pesquisa Foi utilizada a lista de
casos do livro ldquoFreedom of expression and the Internetrdquo para a coleta dos julgados
pertinentes especificamente os abrangendo a liberdade de expressatildeo privacidade e
proteccedilatildeo de dados na Internet Aleacutem da a lista foi realizada pesquisa jurisprudencial no
proacuteprio site Corte Europeia de Direitos Humanos4 e do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo
Europeia5 onde as palavras chaves utilizadas foram ldquoliberdade expressatildeordquo
ldquoprivacidaderdquo e ldquointernetrdquo Nessa coleta a CEDH foi mais rica para a pesquisa pois a
maioria dos casos versando sobre internet no TJUE eram sobre comeacutercio eletrocircnico6
Com base nesses estudos foi possiacutevel concluir o que seraacute apresentado a
seguir
4 Resultados
41 Breve apontamento das bases legais da Corte Europeia de Direitos Humanos e
do Tribunal de Justiccedila Europeu
A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) tem a funccedilatildeo de garantir a
aplicaccedilatildeo da Convenccedilatildeo Europeia de Direitos Humanos Nenhum paiacutes eacute obrigado a
assinar a Convenccedilatildeo consequentemente tambeacutem natildeo precisam se submeter a Corte A
Convenccedilatildeo apenas se torna vinculante quando o paiacutes a assina Jaacute o Tribunal de Justiccedila
Europeu eacute o tribunal da Uniatildeo Europeia isto eacute dos paiacuteses que fazem parte do bloco
europeu A CEDH soacute aceitam recurso apoacutes estarem esgotados todas as possibilidades
internas enquanto o TJUE se pronuncia acerca de questotildees prejudicais com o objetivo
de unificar a interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo da Uniatildeo Europeia
O artigo principal referente a nossa pesquisa que serviu de base para a
seleccedilatildeo dos casos foi o art 10 da Convenccedilatildeo
ldquo1 Qualquer pessoa tem direito agrave liberdade de expressatildeo Este direito
compreende a liberdade de opiniatildeo e a liberdade de receber ou de
transmitir informaccedilotildees ou ideias sem que possa haver ingerecircncia de
quaisquer autoridades puacuteblicas e sem consideraccedilotildees de fronteiras O
presente artigo natildeo impede que os Estados submetam as empresas de
radiodifusatildeo de cinematografia ou de televisatildeo a um regime de
autorizaccedilatildeo preacutevia
2 O exerciacutecio desta liberdades porquanto implica deveres e
responsabilidades pode ser submetido a certas formalidades condiccedilotildees
restriccedilotildees ou sanccedilotildees previstas pela lei que constituam providecircncias
necessaacuterias numa sociedade democraacutetica para a seguranccedila nacional a
integridade territorial ou a seguranccedila puacuteblica a defesa da ordem e a
4 httphudocechrcoeintengdocumentcollectionid2[GRANDCHAMBERCHAMBER] 5 httpcuriaeuropaeujurisrecherchejsflanguage=pt 6 Lrsquooreal vs EBay Google vs Louis Vuitton Rynair vs PR Aviation Air Berlim vs
Verbraucherzentrale Bundesverband e V Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Portkabin
Pilkingtom Group Weltimmo vs Nemzeti
Departamento de Direito
prevenccedilatildeo do crime a proteccedilatildeo da sauacutede ou da moral a proteccedilatildeo da
honra ou dos direitos de outrem para impedir a divulgaccedilatildeo de
informaccedilotildees confidenciais ou para garantir a autoridade e a
imparcialidade do poder judicial ldquo
O artigo ao mesmo tempo em que garante a liberdade de expressatildeo de
opiniatildeo e de receber ou de transmitir informaccedilotildees tambeacutem a restringe em diversas
hipoacuteteses desde que estejam previstas por lei e sejam necessaacuterias numa sociedade
democraacutetica Pode-se notar que as hipoacuteteses satildeo bem amplas e subjetivas por isso a o
presente estudo procurou analisar exatamente como essas possibilidades de restriccedilotildees agrave
liberdade de expressatildeo na internet estatildeo sendo tratadas nos Tribunais Europeus se estaacute
sendo respeitado o pluralismo e a neutralidade da rede e caso natildeo esteja porque
ocorreu esta interferecircncia (se foi prevista por lei necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica e proporcional)
42 Apresentaccedilatildeo dos casos da Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH)
Foram analisados 21 casos versando sobre a aplicaccedilatildeo do art 10 da
Convenccedilatildeo Dentre esses casos listados na tabela em apecircndice dos 20 apenas 47 natildeo
aplicaram a margem de apreciaccedilatildeo ou seja a Corte modificou totalmente o
entendimento nacional
Quando a Corte reconhece integralmente a decisatildeo nacional quer dizer
quer dizer que haacute uma ampla margem de apreciaccedilatildeo enquanto haacute a margem de
apreciaccedilatildeo parcial quando apenas daacute liberdade para uma determinada questatildeo Em todos
os casos vistos a Corte soacute deu margem de apreciaccedilatildeo quando a decisatildeo nacional atendeu
ao teste dos trecircs requisitos (previsibilidade legalidade e legitimidade) ou seja para a
Corte reconhecer a decisatildeo nacional ela deve no miacutenimo preencher esse teste
No julgamento do Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia a decisatildeo nacional
natildeo foi reconhecida porque natildeo atendeu ao primeiro requisito ldquoprevisatildeo legalrdquo porque a
7 Ahmet Yildrim v Turkey Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullaye v Azerbaijan
Aplicaccedilatildeo da margem de apreciaccedilatildeo
20 natildeo utilizaram 80 utilizaram total ou parcialmente
Departamento de Direito
legislaccedilatildeo nacional natildeo era clara explicita e acessiacutevel sobre os limites da liberdade de
expressatildeo na Internet O mesmo ocorreu em Ahmet Yildrim v Turkey em que as
autoridades nacionais bloquearam todos os sites do Google porque um deles violou uma
lei nacional A Corte entendeu que a decisatildeo nacional foi abusiva e desproporcional
uma vez que a intervenccedilatildeo natildeo era legalmente prevista Bem como no caso Max Mosley
v United Kingdom a margem de apreciaccedilatildeo deixou de ser aplicada totalmente porque o
Estado-Membro natildeo respeitou o consenso da maioria dos paiacuteses europeus sobre o tema
em pauta Por isso a Corte natildeo reconheceu a obrigaccedilatildeo de uma lei no Reino Unido que
exigisse a preacute-notificaccedilatildeo quando o conteuacutedo que iria ser pulicado pudesse ferir a
privacidade de algum cidadatildeo A Corte reconheceu que havia no art 10 a possibilidade
de haver restriccedilatildeo mas como apenas a minoria dos Estados-Membros possuem uma lei
nesse sentido foi dado margem de apreciaccedilatildeo ao Estado para escolherem o que era
melhor dentro da sua realidade social Essas decisotildees contribuem para o pluralismo
democraacutetico na internet posto que consideram uma violaccedilatildeo ao art 10 da Convenccedilatildeo a
restriccedilatildeo do acesso da internet sem um quadro juriacutedico rigoroso
Jaacute nos casos Renaud v France e Fatullaye v Azerbaijan que versam sobre
difamaccedilotildees a figuras puacuteblicas a Corte natildeo reconheceu a decisatildeo nacional porque ela
natildeo atendia ao terceiro requisito isto eacute natildeo era uma medida necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica Nesses julgados a Corte assegurou o discurso e ressaltou que a liberdade
de expressatildeo eacute mais ampla quando haacute interesse puacuteblico envolvido Afinal em uma
efetiva democracia o governo deve estar sujeito as criacuteticas da opiniatildeo puacuteblica
Desse modo pode-se concluir que todos os casos que natildeo aplicaram a
margem de apreciaccedilatildeo contribuiacuteram para assegurar o pluralismo democraacutetico online
Quanto aos casos em que foi aplicado a margem de apreciaccedilatildeo pode ser
percebido que a Corte Europeia de Direitos Humanos costuma restringir o discurso
quando haacute (a) discurso de oacutedio (b) menores envolvidos e (c) propriedade intelectual
bem como costuma ser favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d) interesse
puacuteblico
A (a) proibiccedilatildeo de discursos de oacutedio8 eacute um direito constantemente
considerado superior a liberdade de expressatildeo uma vez que quando haacute discursos
xenoacutefobos discriminatoacuterios ou que incitam o terrorismo geralmente a liberdade de
expressatildeo eacute restringida
Outro direito limitador do discurso eacute a (b) proteccedilatildeo aos menores9 pois
frequentemente nos casos em que houve exposiccedilatildeo da privacidade do menor ou
exposiccedilatildeo de conteuacutedo natildeo indicado a menores de idade o conteuacutedo foi retirado da rede
O uacutenico caso analisado em que foi parcialmente protegida a liberdade de expressatildeo foi
no caso Movement Raelien Suisse v Switzerlan porque a Corte proibiu o movimento
poliacutetico-religioso de expor suas propagandas possivelmente incitadoras de pedofilia em
locais puacuteblicos mas permitiu a manutenccedilatildeo do seu site Assim foi assegurando o
pluralismo democraacutetico apenas na rede permitindo que a internet seja um espaccedilo para
livre associaccedilatildeo de ideias aleacutem de proteger em certa medida o menor uma vez que as
crenccedilas da religiatildeo natildeo seriam ldquojogadasrdquo a eles
8 Delfi AS v Estonia Feregravet v Beacutelgica 9 KU v Finland Aleksey Ovchinniko v Russia Karttunen v Finland e Perrin v UK
Departamento de Direito
O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
Departamento de Direito
intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
32 ndash Dimensotildees teoacutericas e praacuteticas da pesquisa
O trabalho desde o iniacutecio foi realizado com reuniotildees presenciais
quinzenais e com a leitura da bibliografia baacutesica da pesquisa Foi utilizada a lista de
casos do livro ldquoFreedom of expression and the Internetrdquo para a coleta dos julgados
pertinentes especificamente os abrangendo a liberdade de expressatildeo privacidade e
proteccedilatildeo de dados na Internet Aleacutem da a lista foi realizada pesquisa jurisprudencial no
proacuteprio site Corte Europeia de Direitos Humanos4 e do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo
Europeia5 onde as palavras chaves utilizadas foram ldquoliberdade expressatildeordquo
ldquoprivacidaderdquo e ldquointernetrdquo Nessa coleta a CEDH foi mais rica para a pesquisa pois a
maioria dos casos versando sobre internet no TJUE eram sobre comeacutercio eletrocircnico6
Com base nesses estudos foi possiacutevel concluir o que seraacute apresentado a
seguir
4 Resultados
41 Breve apontamento das bases legais da Corte Europeia de Direitos Humanos e
do Tribunal de Justiccedila Europeu
A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) tem a funccedilatildeo de garantir a
aplicaccedilatildeo da Convenccedilatildeo Europeia de Direitos Humanos Nenhum paiacutes eacute obrigado a
assinar a Convenccedilatildeo consequentemente tambeacutem natildeo precisam se submeter a Corte A
Convenccedilatildeo apenas se torna vinculante quando o paiacutes a assina Jaacute o Tribunal de Justiccedila
Europeu eacute o tribunal da Uniatildeo Europeia isto eacute dos paiacuteses que fazem parte do bloco
europeu A CEDH soacute aceitam recurso apoacutes estarem esgotados todas as possibilidades
internas enquanto o TJUE se pronuncia acerca de questotildees prejudicais com o objetivo
de unificar a interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo da Uniatildeo Europeia
O artigo principal referente a nossa pesquisa que serviu de base para a
seleccedilatildeo dos casos foi o art 10 da Convenccedilatildeo
ldquo1 Qualquer pessoa tem direito agrave liberdade de expressatildeo Este direito
compreende a liberdade de opiniatildeo e a liberdade de receber ou de
transmitir informaccedilotildees ou ideias sem que possa haver ingerecircncia de
quaisquer autoridades puacuteblicas e sem consideraccedilotildees de fronteiras O
presente artigo natildeo impede que os Estados submetam as empresas de
radiodifusatildeo de cinematografia ou de televisatildeo a um regime de
autorizaccedilatildeo preacutevia
2 O exerciacutecio desta liberdades porquanto implica deveres e
responsabilidades pode ser submetido a certas formalidades condiccedilotildees
restriccedilotildees ou sanccedilotildees previstas pela lei que constituam providecircncias
necessaacuterias numa sociedade democraacutetica para a seguranccedila nacional a
integridade territorial ou a seguranccedila puacuteblica a defesa da ordem e a
4 httphudocechrcoeintengdocumentcollectionid2[GRANDCHAMBERCHAMBER] 5 httpcuriaeuropaeujurisrecherchejsflanguage=pt 6 Lrsquooreal vs EBay Google vs Louis Vuitton Rynair vs PR Aviation Air Berlim vs
Verbraucherzentrale Bundesverband e V Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Portkabin
Pilkingtom Group Weltimmo vs Nemzeti
Departamento de Direito
prevenccedilatildeo do crime a proteccedilatildeo da sauacutede ou da moral a proteccedilatildeo da
honra ou dos direitos de outrem para impedir a divulgaccedilatildeo de
informaccedilotildees confidenciais ou para garantir a autoridade e a
imparcialidade do poder judicial ldquo
O artigo ao mesmo tempo em que garante a liberdade de expressatildeo de
opiniatildeo e de receber ou de transmitir informaccedilotildees tambeacutem a restringe em diversas
hipoacuteteses desde que estejam previstas por lei e sejam necessaacuterias numa sociedade
democraacutetica Pode-se notar que as hipoacuteteses satildeo bem amplas e subjetivas por isso a o
presente estudo procurou analisar exatamente como essas possibilidades de restriccedilotildees agrave
liberdade de expressatildeo na internet estatildeo sendo tratadas nos Tribunais Europeus se estaacute
sendo respeitado o pluralismo e a neutralidade da rede e caso natildeo esteja porque
ocorreu esta interferecircncia (se foi prevista por lei necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica e proporcional)
42 Apresentaccedilatildeo dos casos da Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH)
Foram analisados 21 casos versando sobre a aplicaccedilatildeo do art 10 da
Convenccedilatildeo Dentre esses casos listados na tabela em apecircndice dos 20 apenas 47 natildeo
aplicaram a margem de apreciaccedilatildeo ou seja a Corte modificou totalmente o
entendimento nacional
Quando a Corte reconhece integralmente a decisatildeo nacional quer dizer
quer dizer que haacute uma ampla margem de apreciaccedilatildeo enquanto haacute a margem de
apreciaccedilatildeo parcial quando apenas daacute liberdade para uma determinada questatildeo Em todos
os casos vistos a Corte soacute deu margem de apreciaccedilatildeo quando a decisatildeo nacional atendeu
ao teste dos trecircs requisitos (previsibilidade legalidade e legitimidade) ou seja para a
Corte reconhecer a decisatildeo nacional ela deve no miacutenimo preencher esse teste
No julgamento do Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia a decisatildeo nacional
natildeo foi reconhecida porque natildeo atendeu ao primeiro requisito ldquoprevisatildeo legalrdquo porque a
7 Ahmet Yildrim v Turkey Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullaye v Azerbaijan
Aplicaccedilatildeo da margem de apreciaccedilatildeo
20 natildeo utilizaram 80 utilizaram total ou parcialmente
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legislaccedilatildeo nacional natildeo era clara explicita e acessiacutevel sobre os limites da liberdade de
expressatildeo na Internet O mesmo ocorreu em Ahmet Yildrim v Turkey em que as
autoridades nacionais bloquearam todos os sites do Google porque um deles violou uma
lei nacional A Corte entendeu que a decisatildeo nacional foi abusiva e desproporcional
uma vez que a intervenccedilatildeo natildeo era legalmente prevista Bem como no caso Max Mosley
v United Kingdom a margem de apreciaccedilatildeo deixou de ser aplicada totalmente porque o
Estado-Membro natildeo respeitou o consenso da maioria dos paiacuteses europeus sobre o tema
em pauta Por isso a Corte natildeo reconheceu a obrigaccedilatildeo de uma lei no Reino Unido que
exigisse a preacute-notificaccedilatildeo quando o conteuacutedo que iria ser pulicado pudesse ferir a
privacidade de algum cidadatildeo A Corte reconheceu que havia no art 10 a possibilidade
de haver restriccedilatildeo mas como apenas a minoria dos Estados-Membros possuem uma lei
nesse sentido foi dado margem de apreciaccedilatildeo ao Estado para escolherem o que era
melhor dentro da sua realidade social Essas decisotildees contribuem para o pluralismo
democraacutetico na internet posto que consideram uma violaccedilatildeo ao art 10 da Convenccedilatildeo a
restriccedilatildeo do acesso da internet sem um quadro juriacutedico rigoroso
Jaacute nos casos Renaud v France e Fatullaye v Azerbaijan que versam sobre
difamaccedilotildees a figuras puacuteblicas a Corte natildeo reconheceu a decisatildeo nacional porque ela
natildeo atendia ao terceiro requisito isto eacute natildeo era uma medida necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica Nesses julgados a Corte assegurou o discurso e ressaltou que a liberdade
de expressatildeo eacute mais ampla quando haacute interesse puacuteblico envolvido Afinal em uma
efetiva democracia o governo deve estar sujeito as criacuteticas da opiniatildeo puacuteblica
Desse modo pode-se concluir que todos os casos que natildeo aplicaram a
margem de apreciaccedilatildeo contribuiacuteram para assegurar o pluralismo democraacutetico online
Quanto aos casos em que foi aplicado a margem de apreciaccedilatildeo pode ser
percebido que a Corte Europeia de Direitos Humanos costuma restringir o discurso
quando haacute (a) discurso de oacutedio (b) menores envolvidos e (c) propriedade intelectual
bem como costuma ser favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d) interesse
puacuteblico
A (a) proibiccedilatildeo de discursos de oacutedio8 eacute um direito constantemente
considerado superior a liberdade de expressatildeo uma vez que quando haacute discursos
xenoacutefobos discriminatoacuterios ou que incitam o terrorismo geralmente a liberdade de
expressatildeo eacute restringida
Outro direito limitador do discurso eacute a (b) proteccedilatildeo aos menores9 pois
frequentemente nos casos em que houve exposiccedilatildeo da privacidade do menor ou
exposiccedilatildeo de conteuacutedo natildeo indicado a menores de idade o conteuacutedo foi retirado da rede
O uacutenico caso analisado em que foi parcialmente protegida a liberdade de expressatildeo foi
no caso Movement Raelien Suisse v Switzerlan porque a Corte proibiu o movimento
poliacutetico-religioso de expor suas propagandas possivelmente incitadoras de pedofilia em
locais puacuteblicos mas permitiu a manutenccedilatildeo do seu site Assim foi assegurando o
pluralismo democraacutetico apenas na rede permitindo que a internet seja um espaccedilo para
livre associaccedilatildeo de ideias aleacutem de proteger em certa medida o menor uma vez que as
crenccedilas da religiatildeo natildeo seriam ldquojogadasrdquo a eles
8 Delfi AS v Estonia Feregravet v Beacutelgica 9 KU v Finland Aleksey Ovchinniko v Russia Karttunen v Finland e Perrin v UK
Departamento de Direito
O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
Departamento de Direito
intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
prevenccedilatildeo do crime a proteccedilatildeo da sauacutede ou da moral a proteccedilatildeo da
honra ou dos direitos de outrem para impedir a divulgaccedilatildeo de
informaccedilotildees confidenciais ou para garantir a autoridade e a
imparcialidade do poder judicial ldquo
O artigo ao mesmo tempo em que garante a liberdade de expressatildeo de
opiniatildeo e de receber ou de transmitir informaccedilotildees tambeacutem a restringe em diversas
hipoacuteteses desde que estejam previstas por lei e sejam necessaacuterias numa sociedade
democraacutetica Pode-se notar que as hipoacuteteses satildeo bem amplas e subjetivas por isso a o
presente estudo procurou analisar exatamente como essas possibilidades de restriccedilotildees agrave
liberdade de expressatildeo na internet estatildeo sendo tratadas nos Tribunais Europeus se estaacute
sendo respeitado o pluralismo e a neutralidade da rede e caso natildeo esteja porque
ocorreu esta interferecircncia (se foi prevista por lei necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica e proporcional)
42 Apresentaccedilatildeo dos casos da Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH)
Foram analisados 21 casos versando sobre a aplicaccedilatildeo do art 10 da
Convenccedilatildeo Dentre esses casos listados na tabela em apecircndice dos 20 apenas 47 natildeo
aplicaram a margem de apreciaccedilatildeo ou seja a Corte modificou totalmente o
entendimento nacional
Quando a Corte reconhece integralmente a decisatildeo nacional quer dizer
quer dizer que haacute uma ampla margem de apreciaccedilatildeo enquanto haacute a margem de
apreciaccedilatildeo parcial quando apenas daacute liberdade para uma determinada questatildeo Em todos
os casos vistos a Corte soacute deu margem de apreciaccedilatildeo quando a decisatildeo nacional atendeu
ao teste dos trecircs requisitos (previsibilidade legalidade e legitimidade) ou seja para a
Corte reconhecer a decisatildeo nacional ela deve no miacutenimo preencher esse teste
No julgamento do Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia a decisatildeo nacional
natildeo foi reconhecida porque natildeo atendeu ao primeiro requisito ldquoprevisatildeo legalrdquo porque a
7 Ahmet Yildrim v Turkey Pravoye Delo eShetekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullaye v Azerbaijan
Aplicaccedilatildeo da margem de apreciaccedilatildeo
20 natildeo utilizaram 80 utilizaram total ou parcialmente
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legislaccedilatildeo nacional natildeo era clara explicita e acessiacutevel sobre os limites da liberdade de
expressatildeo na Internet O mesmo ocorreu em Ahmet Yildrim v Turkey em que as
autoridades nacionais bloquearam todos os sites do Google porque um deles violou uma
lei nacional A Corte entendeu que a decisatildeo nacional foi abusiva e desproporcional
uma vez que a intervenccedilatildeo natildeo era legalmente prevista Bem como no caso Max Mosley
v United Kingdom a margem de apreciaccedilatildeo deixou de ser aplicada totalmente porque o
Estado-Membro natildeo respeitou o consenso da maioria dos paiacuteses europeus sobre o tema
em pauta Por isso a Corte natildeo reconheceu a obrigaccedilatildeo de uma lei no Reino Unido que
exigisse a preacute-notificaccedilatildeo quando o conteuacutedo que iria ser pulicado pudesse ferir a
privacidade de algum cidadatildeo A Corte reconheceu que havia no art 10 a possibilidade
de haver restriccedilatildeo mas como apenas a minoria dos Estados-Membros possuem uma lei
nesse sentido foi dado margem de apreciaccedilatildeo ao Estado para escolherem o que era
melhor dentro da sua realidade social Essas decisotildees contribuem para o pluralismo
democraacutetico na internet posto que consideram uma violaccedilatildeo ao art 10 da Convenccedilatildeo a
restriccedilatildeo do acesso da internet sem um quadro juriacutedico rigoroso
Jaacute nos casos Renaud v France e Fatullaye v Azerbaijan que versam sobre
difamaccedilotildees a figuras puacuteblicas a Corte natildeo reconheceu a decisatildeo nacional porque ela
natildeo atendia ao terceiro requisito isto eacute natildeo era uma medida necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica Nesses julgados a Corte assegurou o discurso e ressaltou que a liberdade
de expressatildeo eacute mais ampla quando haacute interesse puacuteblico envolvido Afinal em uma
efetiva democracia o governo deve estar sujeito as criacuteticas da opiniatildeo puacuteblica
Desse modo pode-se concluir que todos os casos que natildeo aplicaram a
margem de apreciaccedilatildeo contribuiacuteram para assegurar o pluralismo democraacutetico online
Quanto aos casos em que foi aplicado a margem de apreciaccedilatildeo pode ser
percebido que a Corte Europeia de Direitos Humanos costuma restringir o discurso
quando haacute (a) discurso de oacutedio (b) menores envolvidos e (c) propriedade intelectual
bem como costuma ser favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d) interesse
puacuteblico
A (a) proibiccedilatildeo de discursos de oacutedio8 eacute um direito constantemente
considerado superior a liberdade de expressatildeo uma vez que quando haacute discursos
xenoacutefobos discriminatoacuterios ou que incitam o terrorismo geralmente a liberdade de
expressatildeo eacute restringida
Outro direito limitador do discurso eacute a (b) proteccedilatildeo aos menores9 pois
frequentemente nos casos em que houve exposiccedilatildeo da privacidade do menor ou
exposiccedilatildeo de conteuacutedo natildeo indicado a menores de idade o conteuacutedo foi retirado da rede
O uacutenico caso analisado em que foi parcialmente protegida a liberdade de expressatildeo foi
no caso Movement Raelien Suisse v Switzerlan porque a Corte proibiu o movimento
poliacutetico-religioso de expor suas propagandas possivelmente incitadoras de pedofilia em
locais puacuteblicos mas permitiu a manutenccedilatildeo do seu site Assim foi assegurando o
pluralismo democraacutetico apenas na rede permitindo que a internet seja um espaccedilo para
livre associaccedilatildeo de ideias aleacutem de proteger em certa medida o menor uma vez que as
crenccedilas da religiatildeo natildeo seriam ldquojogadasrdquo a eles
8 Delfi AS v Estonia Feregravet v Beacutelgica 9 KU v Finland Aleksey Ovchinniko v Russia Karttunen v Finland e Perrin v UK
Departamento de Direito
O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
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intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
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coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
legislaccedilatildeo nacional natildeo era clara explicita e acessiacutevel sobre os limites da liberdade de
expressatildeo na Internet O mesmo ocorreu em Ahmet Yildrim v Turkey em que as
autoridades nacionais bloquearam todos os sites do Google porque um deles violou uma
lei nacional A Corte entendeu que a decisatildeo nacional foi abusiva e desproporcional
uma vez que a intervenccedilatildeo natildeo era legalmente prevista Bem como no caso Max Mosley
v United Kingdom a margem de apreciaccedilatildeo deixou de ser aplicada totalmente porque o
Estado-Membro natildeo respeitou o consenso da maioria dos paiacuteses europeus sobre o tema
em pauta Por isso a Corte natildeo reconheceu a obrigaccedilatildeo de uma lei no Reino Unido que
exigisse a preacute-notificaccedilatildeo quando o conteuacutedo que iria ser pulicado pudesse ferir a
privacidade de algum cidadatildeo A Corte reconheceu que havia no art 10 a possibilidade
de haver restriccedilatildeo mas como apenas a minoria dos Estados-Membros possuem uma lei
nesse sentido foi dado margem de apreciaccedilatildeo ao Estado para escolherem o que era
melhor dentro da sua realidade social Essas decisotildees contribuem para o pluralismo
democraacutetico na internet posto que consideram uma violaccedilatildeo ao art 10 da Convenccedilatildeo a
restriccedilatildeo do acesso da internet sem um quadro juriacutedico rigoroso
Jaacute nos casos Renaud v France e Fatullaye v Azerbaijan que versam sobre
difamaccedilotildees a figuras puacuteblicas a Corte natildeo reconheceu a decisatildeo nacional porque ela
natildeo atendia ao terceiro requisito isto eacute natildeo era uma medida necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica Nesses julgados a Corte assegurou o discurso e ressaltou que a liberdade
de expressatildeo eacute mais ampla quando haacute interesse puacuteblico envolvido Afinal em uma
efetiva democracia o governo deve estar sujeito as criacuteticas da opiniatildeo puacuteblica
Desse modo pode-se concluir que todos os casos que natildeo aplicaram a
margem de apreciaccedilatildeo contribuiacuteram para assegurar o pluralismo democraacutetico online
Quanto aos casos em que foi aplicado a margem de apreciaccedilatildeo pode ser
percebido que a Corte Europeia de Direitos Humanos costuma restringir o discurso
quando haacute (a) discurso de oacutedio (b) menores envolvidos e (c) propriedade intelectual
bem como costuma ser favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d) interesse
puacuteblico
A (a) proibiccedilatildeo de discursos de oacutedio8 eacute um direito constantemente
considerado superior a liberdade de expressatildeo uma vez que quando haacute discursos
xenoacutefobos discriminatoacuterios ou que incitam o terrorismo geralmente a liberdade de
expressatildeo eacute restringida
Outro direito limitador do discurso eacute a (b) proteccedilatildeo aos menores9 pois
frequentemente nos casos em que houve exposiccedilatildeo da privacidade do menor ou
exposiccedilatildeo de conteuacutedo natildeo indicado a menores de idade o conteuacutedo foi retirado da rede
O uacutenico caso analisado em que foi parcialmente protegida a liberdade de expressatildeo foi
no caso Movement Raelien Suisse v Switzerlan porque a Corte proibiu o movimento
poliacutetico-religioso de expor suas propagandas possivelmente incitadoras de pedofilia em
locais puacuteblicos mas permitiu a manutenccedilatildeo do seu site Assim foi assegurando o
pluralismo democraacutetico apenas na rede permitindo que a internet seja um espaccedilo para
livre associaccedilatildeo de ideias aleacutem de proteger em certa medida o menor uma vez que as
crenccedilas da religiatildeo natildeo seriam ldquojogadasrdquo a eles
8 Delfi AS v Estonia Feregravet v Beacutelgica 9 KU v Finland Aleksey Ovchinniko v Russia Karttunen v Finland e Perrin v UK
Departamento de Direito
O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
Departamento de Direito
intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
O uacuteltimo criteacuterio de restriccedilatildeo ocorre quando a publicaccedilatildeo viola a (c)
propriedade intelectual10 Esse criteacuterio seraacute melhor abordado abaixo porque a maioria
dos casos envolvendo violaccedilatildeo a direitos autorais satildeo do Tribunal de Justiccedila
Por fim a Corte eacute mais favoraacutevel a liberdade de expressatildeo quando haacute (d)
interesse puacuteblico11 Pela anaacutelise do rol de possibilidades de restriccedilatildeo do art 10 pode ser
observado que o interesse puacuteblico eacute um conceito subjetivo jaacute que existem diversas
hipoacuteteses que podem se encaixar nele tais como seguranccedila nacional integridade
territorial prevenccedilatildeo de crimes e defesa da ordem Quando se trata da internet poreacutem a
maioria dos casos em que o interesse puacuteblico eacute citado dizem respeito majoritariamente
aos casos em que haacute divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees confidenciais dados pessoais e
difamaccedilatildeo de figuras puacuteblicas Nesses casos normalmente eacute privilegiado e afirmado a
funccedilatildeo vital da internet de ldquowatch-dogrdquo (catildeo de guarda) puacuteblico uma vez que a internet
facilita a denuacutencia de poliacuteticos O Szima v Hungary foi o uacutenico caso analisado em que a
liberdade de expressatildeo foi restringida O Reclamante uma figura puacuteblica quis retirar
uma difamaccedilatildeo feita pelo presidente do seu sindicato sem mostrar nenhuma prova
Nesse caso como o presidente do sindicato tambeacutem era uma figura com ldquofeacute puacuteblicardquo
entendeu-se que ele natildeo tinha os mesmos direitos que um jornalista (que normalmente
mesmo na Internet pode divulgar informaccedilotildees mesmo quando natildeo haacute verificaccedilatildeo de
fonte)
Assim pode-se concluir que a margem de apreciaccedilatildeo vem sendo utilizada
quando a Corte percebe que o Estado-Membro eacute mais capaz de compreender sua
conjuntura social e a necessidade da medida de restriccedilatildeo da liberdade Apenas natildeo eacute
aplicada quando a Corte vecirc que a interferecircncia natildeo foi necessaacuteria numa sociedade
democraacutetica sendo abusiva e desproporcional Nesse sentido ainda que concretamente
a liberdade de expressatildeo seja restringida em prol de outro direito essas restriccedilotildees assim
como ocorre fora da internet atendem ao criteacuterio do teste de trecircs partes sendo portanto
previstas por lei legitimas e necessaacuterias numa sociedade democraacutetica
43 Apresentaccedilatildeo dos casos do Tribunal de Justiccedila da Uniatildeo Europeia (TJUE)
No TJUE foram analisados profundamente 3 casos sobre privacidade e 7
sobre direitos autorais conforme tabela em apecircndice Como a internet permite o acesso
raacutepido e global a diversas informaccedilotildees foi investigado os criteacuterios utilizados para a
retirada de um conteuacutedo da rede Vale lembrar que foi o Tribunal de Justiccedila que julgou
o caso mais famoso na internet - sobre ldquodireito ao esquecimentordquo12 - que permitiu o
Google ser condenado a indexar resultados quando determinadas palavras-chaves forem
digitadas no provedor de busca
Nos 3 casos13 versando sobre violaccedilatildeo a privacidade - dados pessoais e
informaccedilotildees da vida privada e da intimidade ndash foi permitido a retirada do conteuacutedo da
rede desde que natildeo houvesse o direito da populaccedilatildeo receber aquela informaccedilatildeo Assim
pode-se retirar da rede a informaccedilatildeo que a populaccedilatildeo quer receber ndash como aquela com
10 Ashby Donald and other v France Neij and Sunde Kolmisoppi (The Pirate Bay) v Sweden) 11 Pravoye Delo eShtekel v Ucracircnia Renaud v France Fatullayev v Azerbaijan Moviment Raelien Suisse v
Switzerland Wypych v Poland Times Newspaper Ltd v United Kingdom Ceyland v Turquia 12 Gonzalez v Google Espanha 13 Linqvist eDate Advertising e o e Gonzalez v Google Espanha
Departamento de Direito
intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
intuito de satisfazer exclusivamente uma curiosidade ndash mas natildeo a que ela deve receber
Esse entendimento eacute compatiacutevel com a jurisprudecircncia do CEDH que eacute mais favoraacutevel a
manutenccedilatildeo do discurso quando eacute de interesse puacuteblico ou seja quando a populaccedilatildeo tem
o direito de acessar aquela informaccedilatildeo
431 Apresentaccedilatildeo dos casos envolvendo o conflito entre direitos autorais e o de
trocar informaccedilotildees
(i) Scarlet Extended AS v SABAM (2011) e Sabam v Netlog (2012)
A SABAM eacute uma sociedade que representa os autores compositores e
editores de obras musicais enquanto a Scarlet eacute um fornecedor de serviccedilos de acesso agrave
internet Como os clientes da SCARLET utilizam software onde era partilhado
conteuacutedo sem autorizaccedilatildeo e sem pagar nenhum direito autoral a SABAM aduz que ela
deveria ser responsaacutevel em fazer cessar as violaccedilotildees autorais cometidas diariamente por
seus usuaacuterios
O TJUE reconhece o direito dos autores requererem medidas inibitoacuterias para
impedir o compartilhamento das suas obras bem como o de prevenir as novas mesmo
que elas sejam feitas por terceiros utilizadores do serviccedilo Por outro lado o tribunal
ressalta tambeacutem que natildeo pode haver uma obrigaccedilatildeo geral de vigilacircncia excessivamente
onerosa que ocorreria quando esta despesa eacute (a) exclusivamente de uma empresa (b)
sobre a totalidade da sua clientela (c) ilimitada no tempo e (d) com caraacuteter preventivo
O TJUE entendeu portanto que esse seria o caso de uma vigilacircncia desproporcional
pois teria que haver a vigilacircncia preventiva de todos os dados relativos aos clientes da
recorrente violando (a) a liberdade de empresa e o (b) o direito agrave informaccedilatildeo Aleacutem
disso natildeo haveria como proteger os dados pessoais sem acarretar a proacutepria ineficiecircncia
da medida pois eles continuariam disponiacuteveis na rede
No segundo caso o TJUE aplicou o mesmo entendimento do deste acima
permitindo que a NETLOG - uma rede social - reproduzisse obras musicais sem
autorizaccedilatildeo por meio da publicaccedilatildeo de viacutedeos e muacutesicas nos perfis dos seus usuaacuterios
Entendeu que como o conteuacutedo jaacute estava amplamente acessiacutevel natildeo seria razoaacutevel uma
obrigaccedilatildeo de um sistema informaacutetico complexo oneroso e permanente para proteger os
direitos autoras Nesse caso prevaleceu a liberdade de empresa e o direito de receber ou
enviar informaccedilotildees mais do que a proteccedilatildeo de dados pessoais
(ii) ITV Broadcasting e o v Tvcatchup (2013) Svensson e o v Retriever Sverige AB
(2014) C More Entertainment AB v Linus Sandberg (2015) e UPC Telekabel Wien
GmbH v Constantin Film e o (2014)
O primeiro caso segue o entendimento14 que se algo jaacute estaacute amplamente
divulgado natildeo haacute puacuteblico novo Nesse sentido natildeo haacute empecilho para a retransmissatildeo
de um programa num site online pois natildeo haveria puacuteblico novo natildeo importando o fato
de haver caraacuteter lucrativo e concorrecircncia direta com o raacutedio difusor de origem
14 SGAE v Rafael Hoteles AS
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
Na mesma linha foi decidido no segundo caso que natildeo constitui violaccedilatildeo a
direito autoral uma ldquohiperligaccedilatildeordquo remetendo a outro site sem o consentimento do
proacuteprio desde que seu conteuacutedo jaacute esteja livremente acessiacutevel online
No terceiro caso a L Sandberg criou ldquohiperligaccedilotildeesrdquo ao site da C Morre
Entertanmet um canal pago de televisatildeo que transmite jogos no seu site Essas
ldquohiperligaccedilotildeesrdquo possibilitavam contornar o sistema pago de acesso ou seja permitiram
o acesso gratuito ao site Foi decido em consonacircncia com os dois anteriores que como
o conteuacutedo era restrito (os usuaacuterios deveriam pagar para assistirem ao jogo) esse ato da
LB constituiacute violaccedilatildeo a propriedade intelectual
No uacuteltimo caso duas empresas de produccedilatildeo cinematograacutefica ajuizaram accedilatildeo
contra a UPC que disponibilizava online seus filmes sem autorizaccedilatildeo A decisatildeo fala
que apesar desse tipo de praacutetica ser amplamente feita online ela deve ser impedida ou
pelo menos de difiacutecil acesso Ressalta a importacircncia de continuar havendo
possibilidade de acessar legitimamente o conteuacutedo retirado Esse caso seguiu o
entendimento do citados anteriormente porque apesar de natildeo haver um puacuteblico novo a
retirada do conteuacutedo violador da propriedade intelectual natildeo seria excessivamente
onerosa complexa e permanente
(iii) Public Relations Consultants Association Ltd v Newspaper Licensing Agency Ltd
e o (2014)
Essa decisatildeo confirmou a legalidade de navegar livremente na internet sem
sem risco de violaccedilatildeo agrave propriedade intelectual do conteuacutedo do site Os autores dessa
accedilatildeo (NLA) questionam o chamado ldquocopyright brownsingrdquo (direitos autorais de
navegaccedilatildeo) que eacute uma praacutetica habitual da navegaccedilatildeo virtual Essa decisatildeo mostra como
os direitos na internet ainda podem ser fraacutegeis pois no Reino Unido a NLA conseguiu
ganhar os seus direitos autorais de navegaccedilatildeo
A PRCA eacute um associaccedilatildeo de profissionais de relaccedilotildees puacuteblicas que
utilizavam o serviccedilo de monitoramento de miacutedia prestado pelo grupo Meltwater uma
empresa que possibilitava o acompanhamento de relatoacuterios e notiacutecias de imprensa
publicados na internet enviando para seus clientes manchetes hiperlinks e artigos
enquanto a NLA eacute um organismo criado por editores de jornais do Reino Unido com o
objetivo de atribuir licenccedilas coletivas relativas ao conteuacutedo dos jornais A accedilatildeo foi
ajuizada no intuito de obrigar o PRCA a pagar aos detentores do direito autoral quando
o conteuacutedo relativo a eles aparecessem na tela do computador dos usuaacuterios e quando
tivessem salvos no disco riacutegido do computador o que eacute feito automaticamente Queriam
obrigar que para fornecer e receber o serviccedilo de monitoramento deveria ser primeiro
obtido uma autorizaccedilatildeo dos detentores dos direitos autorais A Diretiva 200129 poreacutem
permite coacutepias no ldquoecratilderdquo (monitor tela) do computador do usuaacuterio e no disco riacutegido do
computador utilizado para a navegaccedilatildeo desde que fossem temporaacuterias Nesse sentido o
TJUE decidiu
O artigo 5deg da Diretiva 200129CE do Parlamento Europeu e do Conselho de
22 de maio de 2001 relativa agrave harmonizaccedilatildeo de certos aspetos do direito de
autor e dos direitos conexos na sociedade da informaccedilatildeo deve ser interpretado
no sentido de que as coacutepias no ecratilde de um computador do utilizador e as
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
coacutepias na memoacuteria de armazenamento temporaacuteria (memoacuteria laquocacheraquo) do
disco riacutegido desse computador efetuadas por um utilizador final durante a
consulta de um siacutetio Internet preenchem os requisitos segundo os quais essas
coacutepias devem ser temporaacuterias transitoacuterias ou episoacutedicas e constituir parte
integrante e essencial de um processo tecnoloacutegico bem como os requisitos
fixados no artigo 5deg ndeg 5 desta diretiva e podem por conseguinte ser
realizadas sem autorizaccedilatildeo dos titulares de direitos de autor
Essa decisatildeo foi uma grande conquista dos internautas pois
Sem essa decisatildeo [do TJUE] milhotildees de internautas europeus iriam infringir
uma lei todos os dias pelo simples ato de abrir o seu navegador aleacutem de deixar
uma lsquoporta abertarsquo para os editores de qualquer conteuacutedo na internet
reivindicarem direitos autorais sempre que uma paacutegina da web eacute vista15
Com base nesses julgados percebe-se que o TJUE ressaltou a importacircncia
de analisar se o conteuacutedo retirado (a) ainda poderaacute ser conseguido legalmente (b) se a
populaccedilatildeo tem o direito de recebe-la e (c) se haacute puacuteblico novo ou ela jaacute estava
amplamente acessiacutevel Aleacutem disso a medida para retirar a informaccedilatildeo natildeo pode ser (d)
excessivamente onerosa desproporcional e eterna
5 Conclusatildeo
Foi visto portanto que a CEDH aplicou a margem de apreciaccedilatildeo em 80
dos casos analisados Nessa anaacutelise pode-se concluir que tanto as decisotildees aplicando a
margem de apreciaccedilatildeo quanto as que natildeo a utilizaram respeitaram o teste de trecircs partes
da Corte bem como contribuiacuteram para garantir o pluralismo democraacutetico na internet
Quanto ao TJUE foram analisados 18 casos os quais 8 regulavam o
comeacutercio virtual e 10 sobre a retirada de um conteuacutedo paacutegina ou informaccedilatildeo da rede
Com base nessas decisotildees percebeu-se que o TJUE natildeo considera relevante a
pluralidade de pontos de vistas para julgar os casos envolvendo a internet
6 Bibliografia
BENEDEK Wolfgang Benedek and Matthias C Kettermann Freedom of expression
and the internet Council of Europe Publising 2013
ECO Umberto Como se faz um tese 19 ed Lisboa Editora Perspectiva 2005
NEVES Marcelo Transconstitucionalismo 3 ed Satildeo Paulo Editora WMF Ltda 2013
15httpwwwmeltwatercomblogsanity-prevails-end-european-court-cjeu-buries-previous-uk-copyright-rulings
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
CEDH CASO
HOUVE
MARGEM DE
APRECIACcedilAtildeO
ASSUNTO PALAVRAS-CHAVES DIREITO
PREPONDERANTE
1 Mosley v
United
kingdom
SIM Exigecircncia de uma lei nacional que
obrigasse a preacute-notificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
2 Ahmet Yildrim
v Turkey
NAtildeO Bloqueio total de um site restriccedilatildeo ao
acesso filtragem
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
3 Delfi v
Estonia
SIM Privacidade discurso de oacutedio
comentaacuterios discriminatoacuterios
responsabilidade do servidor
Proibiccedilatildeo de discursos de
oacutedio
4 Pravoye Delo
eShetekel v
Ucracircnia
NAtildeO Restriccedilatildeo agrave liberdade jornaliacutestica
republicaccedilatildeo de informaccedilotildees com o
conteuacutedo natildeo verificado
Direito de acesso a
informaccedilatildeo
5 KU v
Finland
SIM Direito agrave vida privada proteccedilatildeo ao
menor anonimato
Privacidade do menor
6 Times
Newspaper Ltd
v United
Kingdom
SIM Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade
Jornalismo responsaacutevel
exatidatildeo de informaccedilatildeo
histoacuterica
7 Aleksey
Ovchinniko v
Russia
SIM
Liberdade jornaliacutestica direito agrave
privacidade informaccedilotildees privadas
discurso poliacutetico interesse puacuteblico
Proteccedilatildeo aos menores
8 Ceyland v
Turquia
NAtildeO Discurso poliacutetico incitaccedilatildeo ao
terrorismo liacuteder sindical prevenccedilatildeo
ao terrorismo liberdade de expressatildeo
Liberdade de expressatildeo
9 Renaud v
France
NAtildeO Discurso poliacutetico difamaccedilatildeo de figura
puacuteblica interesse puacuteblico liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
10 Ashby Donald
and other v
France
SIM Direito autorais liberdade de
expressatildeo comercial
Propriedade intelectual
11 Fatullaye v
Azerbaijan
NAtildeO Discurso poliacutetico liberdade
jornaliacutestica presunccedilatildeo de inocecircncia do
Reacuteu difamaccedilatildeo
Interesse puacuteblico
12 Movement
Raelien Suisse
v Switzerland
SIM Ordem puacuteblica discurso poliacutetico
ofensas sexuais livre associaccedilatildeo
Ordem puacuteblica
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
13 Szima v
Hungary
SIM Difamaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo puacuteblica
discurso poliacutetico
Presidente do sindicato
(uma figura de feacute puacuteblica)
natildeo poderia difamar as
autoridades do seu proacuteprio
sindicato sem provas
14 Neij and Sunde
Kolmisoppi
(The Pirate
Bay) v
Sweden
SIM Direitos autorais liberdade de
expressatildeo e informaccedilatildeo pirataria
online
Propriedade intelectual
15 Wypych v
Poland
SIM Proteccedilatildeo a vida privada e familiar
privacidade dados pessoais exposiccedilatildeo
agrave crimes reduccedilatildeo da corrupccedilatildeo
interesse puacuteblico
Interesse puacuteblico
16 Feregravet v
Beacutelgica
SIM Liberdade de expressatildeo discurso
poliacutetico xenofobia discriminaccedilatildeo
propaganda eleitoral
Proibiccedilatildeo de discurso de
oacutedio
17 Perrin v UK SIM Condenaccedilatildeo criminal proteccedilatildeo de
valores morais jurisdiccedilatildeo
Proteccedilatildeo aos menores
18 Karttunen v
Finland
SIM Discurso artiacutestico discuso poliacutetico
liberdade de expressatildeo pornografia
infantil valores morais
Proteccedilatildeo aos menores
19 Jankovskis v
Lithuania
SIM Direito agrave informaccedilatildeo acesso agrave
internet direito agrave educaccedilatildeo
regulamentos penitenciaacuterios proibiccedilatildeo
de discriminaccedilatildeo liberdade de
expressatildeo
Interesse puacuteblico
20 Wegrzynowski
and
Smolczewski
v Poland
SIM Liberdade de expressatildeo direito agrave
privacidade difamaccedilatildeo direito a
retificaccedilatildeo
Liberdade de expressatildeo
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico
Departamento de Direito
TJUE CASO ASSUNTO PALAVRAS-
CHAVES
1 Linqvist Privacidade
2 eDate Advertising e o Privacidade
3 Scarlet Extended AS vs SABAM Direitos autorais
4 Sabam vs Netlog Direitos autorais
5 ITV Broadcasting e o vs Tvcatchup Direitos autorais
6 Svensson e o vs Retriever Sverige AB Direitos autorais
7 C More Entertainment AB vs Linus Sandberg Direitos autorais
8 UPC Telekabel Wien GmbH vs Constantin Film e o Direitos autorais
9 Public Relations Consultants Association Ltd vs
Newspaper Licensing Agency Ltd e o Direitos autorais
10 Gonzalez vs Google Espanha Direito ao esquecimento
11 Lrsquooreal vs EBay Comeacutercio eletrocircnico
12 Google vs Louis Vuitton Comeacutercio eletrocircnico
13 Rynair vs PR Aviation Comeacutercio eletrocircnico
14 Air Berlim vs Verbraucherzentrale Bundesverband e V Comeacutercio eletrocircnico
15 Content Services Ltda vs Bundesarbeitskammer Comeacutercio eletrocircnico
16 Portkabin Comeacutercio eletrocircnico
17 Pilkingtom Group Comeacutercio eletrocircnico
18 Weltimmo vs Nemzeti Comeacutercio eletrocircnico