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    HISTRIA DA OCUPAO E DAS INTERVENESNA VRZEA DO RIO TIET

    HISTORY OF THE OCCUPATION AND THE INTERVENTIONSIN THE FLOODPLAIN OF THE RIVER TIET

    Slvia Helena Zanirato*

    Resumo: No texto se discute o processo histrico de ocupao da vrzea do rio Tiet, em So Paulo, que resultouem uma profunda degradao do rio, bem como as intervenes que visaram a adequ-lo ocupao urbanaprocessada em seu entorno. A constatao da ineficcia das intervenes e a percepo da degradao sofridaexplicam a atual preocupao com a conservao da vrzea e os limites para que essa ao seja efetivada.

    Palavras chave: Vrzea do Rio Tiet, ocupao, degradao, conservao.

    Abstract: This text discusses the historical process of occupation of the floodplain Tiet river in So Paulo, which

    resulted in a profound degradation of the river, as well as interventions that aimed to adapt it to urban settlementprocessed around it. The finding of the ineffectiveness of the interventions and the perceived degradation explain thecurrent preoccupation with the preservation of floodplain and limitations for this action takes effect.

    Keywords: Floodplain of the Tiete River, occupation, degradation, conservation.

    Apresentao

    O texto tem por objetivo discorrer sobre o processo histrico de ocupao da Vrzea do

    Rio Tiet, no estado de So Paulo, que permite compreender o estado atual de degradao do

    rio. Tambm so analisadas algumas iniciativas propostas pela Secretaria do meio ambiente doEstado de So Paulo, que visam a adequar as vrzeas s funes originais. Com esse propsito

    o texto organizado em trs partes. Na primeira apresentado como se processou a ocupao

    da vrzea e em que medida o tipo de ocupao contribuiu para a degradao do rio e de seu

    entorno. Na sequncia so discutidas as intervenes que se fizeram no rio e em sua vrzea,

    com o objetivo de adequ-los s necessidades da urbanizao. Ao final a anlise incide sobre as

    propostas de conservao da vrzea e os limites que ainda persistem para que a conservao

    seja, de fato, restauradora.

    Ocupao e degradao da vrzea do Tiet

    O Tiet, o maior rio do Estado de So Paulo, nasce nos contrafortes ocidentais da Serra

    do Mar, a 840 metros de altitude, no municpio de Salespolis, distante 22 quilmetros do

    Oceano Atlntico. Seu percurso se faz em direo ao interior do Estado de So Paulo, no rumo

    *

    Doutora em Histria, professora do Curso de Gesto Ambiental da Escola de Artes, Cincias e Humanidades eintegrante dos Programas de Ps-graduao em Mudana Social e Participao Poltica e de Cincias Ambientais,todos da Universidade de So Paulo. [email protected]

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    sudeste/noroeste, num trajeto de 1.100 quilmetros at desaguar no rio Paran, na divisa com

    Mato Grosso do Sul (AbSaber, 2004).

    um rio que tem sua histria intrinsecamente relacionada com as atividades humanas

    desenvolvidas em seu entorno, que contriburam para a degradao de suas guas, sobretudo

    no trecho do Alto Tiet, local onde o rio se espraia em sua vrzea. Essas atividades remontam

    ao incio da colonizao portuguesa, a um tempo em que toda a vida da ento capitania de So

    Paulo circulava pelas guas desse rio. Por isso se pode afirmar que o Tiet identifica-se, em

    determinado perodo, com a prpria vida alma e corpo, tradio e progresso, glria e misria

    de So Paulo (Nbrega, 1978, p. 30).

    As margens desse rio j eram locais habitados pelos indgenas, antes da chegada dos

    portugueses. Foi nas bandas dos terraes, prximo da linha dgua que se estabeleceram as

    aldeias indgenas, vivendo na primeira terra firme e tendo gua para banho, para cozinhar e para

    beber, peixe para pescar (AbSaber, 2004a, p. 7).

    Essas mesmas terras foram as primeiras ocupadas pelos colonizadores portugueses na

    segunda metade do sculo XVI. O Tiet foi considerado pelos Jesutas como o principal motivo

    para a instalao, em 1554, do povoado que acabou por se transformar, em 1560, na Vila de

    So Paulo.

    Nos primeiros sculos de colonizao o rio era um importante meio de transporte e fonte

    de abastecimento de gua e de alimento. De suas guas eram retirados jaus, dourados, pacus,

    surubis, piracanjubas e piabuus. A caa tambm era abundante ao longo de todo o percurso

    fluvial, e os principais animais eram "capivaras, catetes, pacas e tatus, alem de vrias espcies

    de aves (Nbrega, 1978, p. 76).

    A importncia do rio para o fornecimento de alimentos, gua e transporte acabou por

    favorecer instalao, na segunda metade do sculo XVI, dos aldeamentos indgenas da regio:

    So Miguel, Guarulhos e Itaquaquecetuba e do povoado de Mogi das Cruzes, convertido em

    1661 em Vila. Tambm levou formao, na direo oeste da Vila de So Paulo, dosaldeamentos de Barueri e Carapicuba e do povoado de Santana de Parnaba (Bruno, 1967, p.

    6).

    Em 1681 a Vila de So Paulo foi elevada capital da Capitania. As vilas em geral eram

    modestas, com casas, igrejas, cmaras e cadeias construdas em taipa de pilo, uma tcnica

    construtiva barata, pois tinha na terra a principal matria prima. Isso se via, por exemplo, em

    Santana de Parnaba, que deixou de ser um povoado para se tornar uma vila em 1625. A

    transformao foi motivada pelo crescimento do lugar, um ponto de pouso para as tropas deburro.

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    Nesse tempo, So Paulo era um local de cruzamento de rotas comerciais. Ao Leste da

    Vila se abria o caminho que os tropeiros percorriam para atingir o Rio de Janeiro; ao Sul, se

    acessava o litoral e a Oeste, a boca do serto que levava s terras do Mato Grosso.

    Desde os primeiros momentos da instalao de colonos nas terras brasileiras havia a

    preocupao em encontrar ouro. Entre o final do sculo XVI e incio do XVII foi descoberto o

    ouro de aluvio na vrzea do Tiet, na regio de Guarulhos. O mtodo utilizado para a extrao

    consistia na lavagem direta dos cascalhos, atravs do desvio da drenagem da rea a ser

    lavrada, pela construo de pequenos diques de cascalhos e blocos (Pinheiro, 2008, p. 83).

    A descoberta das minas de ouro nas regies de Cuiab e de Minas Gerais favoreceu

    intensificao da navegao do rio Tiet e resultou no crescimento do mercado da capitania de

    So Paulo, em face do fornecimento de gneros para o abastecimento interno das minas (Blaj,

    2002).

    Em 1711 a Vila de So Paulo foi elevada categoria de cidade. O final dessa dcada

    registrou outra ao que acabou por mudar tanto a cidade quanto a capitania: a entrada do caf.

    Segundo Nbrega, foi justamente beira do Tiet, em 1788, na Casa Verde, que floriu e

    frutificou o primeiro cafezal de que se h notcias em terras paulistas (Nbrega, 1978, p. 190).

    Meio meio sculo depois o plantio se expandia pelo interior paulista e propiciava um significativo

    crescimento econmico e demogrfico para a provncia.

    A riqueza gerada pela economia cafeeira proporcionou transformaes urbanas em so

    Paulo como a abertura de ruas e de lojas com mercadorias diferenciadas e a construo de

    edifcios pblicos imponentes. O crescimento experimentado pela cidade se distribuiu por seu

    entorno e no tardou a trazer problemas para a vrzea do Tiet. Isso foi decorrente, entre outros

    fatores, do incio do processo de impermeabilizao do solo de So Paulo, de 1873, quando a

    cidade recebeu os primeiros paraleleppedos. Tambm em 1894, em face s cheias do rio

    Tamanduate, foi feita a retificao das margens do rio, afluente do Tiet. Entre 1867 e 1900 as

    vrzeas desses dois rios foram ocupadas pelas ferrovias que chegaram a So Paulo(Fracalanza, 2004).

    As primeiras indstrias que se instalaram em so paulo tambm ocuparam os terrenos

    da vrzea. O motivo para isso foi a proximidade com as ferrovias, o que facilitava o recebimento

    de matria prima e maquinrio vindos do exterior. Indstrias de tecido, de mveis, de vidros e

    pequenos negcios como carpintarias, sapatarias, penses e restaurantes passaram o ocupar os

    terrenos inundveis da vrzea, que sofria aterros para que a ocupao pudesse ocorrer.

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    A instalao da ferrovia, depois a construo da rodovia So Paulo - Rio e a instalao

    de fbricas nesse eixo contriburam para mais uma ocupao da vrzea, agora pelos bairros

    operrios que se formaram s margens do Tiet (Prado Jr, 1966).

    No incio da dcada de 1930, o municpio de So Paulo j contava com um milho de

    habitantes. Em decorrncia desse crescimento, no s as chcaras que rodeavam a cidade

    foram loteadas e urbanizadas como houve a derrubada das vigorosas matas existentes no seu

    territrio, pouco exploradas no sculo XIX. Dessas matas, sobretudo da vrzea das regies de

    So Miguel e de Mogi das Cruzes, saia a madeira para as construes, assim como a lenha e

    carvo vegetal (Bomtempi, 1970, p. 155).

    Essas matas eram tambm exploradas para atender queima nos fornos das olarias

    existentes ao longo do Tiet. Desde os tempos coloniais havia a prtica de se retirar areia e

    cascalho do leito do rio para o fabrico de cermica. Segundo Bomtempi, a vrzea era

    considerada um "inexaurvel manancial de matria-prima" (Bomtempi, 1970, p. 155).

    Das margens do rio se retirava no s a argila plstica para a indstria cermica, como

    "areia e pedregulho para as construes urbanas, assim como rocha grantica (Nbrega, 1978,

    p.186). A minerao de argila e areia ocorria indiscriminadamente pela vrzea e as telhas e

    tijolos, "moldados na tabatinga de beira-rio eram ali mesmo queimados, em inmeros fornos que

    se espalha(va)m, pela vrzea inundvel (Nbrega, 1978, p. 67).

    Tambm nas margens do rio se desenvolvida, desde finais do sculo XIX, a criao de

    gado e sunos, sobretudo nas regies de Mogi das Cruzes, So Miguel e Guarulhos. Os resduos

    provenientes da criao eram jogados diretamente nas guas do Tiet. A poluio do rio piorou

    no incio do sculo XX, quando este comeou a receber sistematicamente os resduos slidos e

    lquidos da cidade de So Paulo. A partir de ento, o Tiet tornou-se "o destino final do esgoto,

    que era jogado, sem tratamento, em suas guas" (Fracalanza, 2004).

    Mas, nesse incio do sculo, ainda que j houvesse poluio nas guas do Tiet, a se

    lavavam roupa, a eram os banhos pblicos, a se improvisavam campos de folguedos para ascrianas ... a os estudantes realizavam ruidosas serenatas luz do luar (Nbrega, 1978, p.

    200). Essas atividades no tardaram a deixar de ocorrer no lugar em face instalao de

    fbricas entre o bairro da Penha e a cidade de Mogi das Cruzes. As indstrias que se fixaram

    nessa regio no s despejavam seus resduos nas guas do Tiet, como interferiam na vrzea

    para a implantao ou expanso de suas instalaes (Jordo, 1991).

    A empresa Nitro-Quimica Brasileira, por exemplo, instalou-se na vrzea do rio, na regio

    de So Miguel, na dcada de 1930. At ento esse bairro tinha uma populao pequena,distribuda ao redor das olarias, nas proximidades do rio. A chegada da indstria resultou no

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    aumento populacional do bairro, que passou a contar com arruamento em todas as direes. As

    antigas chcaras foram fragmentadas "em milhares de pequenos lotes ... onde se ergue(ra)m

    modestas casas, sempre por terminar (Bomtempi, 1970, p. 160).

    A dcada de 1950 marcou como um momento de concentrao industrial no Estado de

    So Paulo, com a instalao da indstria pesada de bens de produo, na regio da Grande So

    Paulo (Fracalanza, 2004). Tal fato igualmente levou ao maior aumento da poluio do rio Tiet e

    de seus afluentes, pelo lanamento de maior volume de esgotos industriais nesses rios.

    O crescente aumento populacional da regio da grande So Paulo, a busca de terreno

    para a acomodao das pessoas, de servios e de indstrias levou ao entendimento de se fazia

    necessrio retificar o canal do rio Tiet, o que foi feito pela Light entre as dcadas de 1930-1940.

    Tal medida contribuiu para a ocupao ainda mais acentuada das margens, tanto que na

    dcada de 1970, a vrzea entre Guarulhos e Osasco j se encontrava totalmente ocupada.

    As dcadas de 1960 e 1970 tambm foram momentos em que se viu o emprego

    generalizado de cobertura asfltica, sobretudo nas reas de urbanizao consolidada, o que

    contribuiu para o aumento da impermeabilizao do solo e para a drenagem das guas pluviais

    para os rios (Gouveia, 2010)

    A ocupao de terrenos na vrzea prosseguiu, agora na direo leste de So Paulo e na

    dcada de 1980 instalou-se na vrzea do Tiet, a maior favela cadastrada na regio - o Jardim

    Pantanal (Jordo, 1991).

    As mudanas tambm se fizeram presentes no municpios do Alto Tiet, igualmente

    formados na vrzea do rio.

    A regio de Mogi das Cruzes encontrou na agricultura, desde a dcada de 1950, seu

    principal ramo de atividade, fornecendo produtos hortifrutigranjeiros a So Paulo. A agricultura se

    fez mediante o manejo do solo e o uso intensivo de mecanizao, o emprego de insumos

    qumicos e produtos fitossanitrios (Tomiyama, 2002, p. 46).

    Guarulhos, Osasco, Barueri e Carapicuba seguiram o processo industrial de So Pauloe tornaram-se cidades conurbadas. Essas cidades foram impactadas pelo crescimento

    populacional e tambm tiveram loteamentos efetuados sem grandes preocupaes com a

    urbanizao, a infraestrutura e os servios de utilidade pblica, boa parte nas terras frgeis da

    vrzea.

    Em funo do acelerado processo de urbanizao vivido pela maioria das cidades do

    Alto Tiet, os problemas decorrentes da ocupao desordenada e irregular tambm se fizeram

    sentir nesses locais. Isso se verificou tanto no leste e extremo leste do municpio de So Paulo,quanto nos municpios de Itaquaquecetuba, Suzano e Mogi das Cruzes. Nessas regies a

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    populao de baixa renda construiu habitaes precrias, em reas ocupadas muitas vezes de

    forma irregular, espaos que avanam at o rio Tiet e s margens de seus afluentes. A maior

    parte dos municpios da regio 28 no possui tratamento de esgotos ou possuem ndices

    muito nfimos, abaixo de 6 % (Fracalanza, 2004).

    Assim, o Tiet tornou-se o receptculo de todo tipo de dejeto que as cidades construdas

    em seu entorno produzem, seja de guas pluviais, de esgoto, de resduos industriais. O rio e sua

    vrzea deixaram de ser os lugares aprazveis que inspiraram a edificao do ncleo inicial de

    So Paulo e das cidades que hoje se situam no denominado Alto Tiet e passaram a ser

    considerados estorvos.

    Com vistas a eliminar partes do estorvo, uma srie de intervenes foram feitas no leito

    e na vrzea do Tiet.

    Intervenes na vrzea do Tiet

    Desde o incio do povoamento da regio onde hoje se encontra o municpio de So

    Paulo, j se sabia que ocorriam periodicamente inundaes do rio durante a estao das chuvas.

    No entanto, nesse primeiro momento, as vazes do rio permaneciam dentro da calha principal ou

    em seu leito menor. Naquela poca essas inundaes apresentavam um aspecto positivo, pois

    transformavam a colina em verdadeira pennsula, garantindo a segurana da vila durante os

    meses de vero" (PMSP/SMC/DPH, 2006, s.p.)

    Quando o volume de chuvas era mais intenso, as guas extravasavam, inundavam a

    vrzea e ocupavam o seu leito maior. As enchentes ocorriam em mdia uma vez a cada dois ou

    trs anos, no causando prejuzos aos moradores. A situao mudou a partir de 1813, quando

    os rios transbordaram e quase transformaram a cidade de So Paulo em uma ilha (So Paulo,

    2010).

    Desde ento j ficara evidente os problemas de ocupao urbana em reas de vrzea,

    mas, ainda assim, continuou a haver a ocupao desordenada das margens do rio, o queagravou ainda mais a capacidade de vazo do leito maior do rio, e resultou no aumento das

    inundaes.

    Foram vrias aes que contriburam para o aumento das inundaes. Entre elas a

    impermeabilizao da cidade, o despejo de esgotos e resduos industriais, as canalizaes dos

    afluentes e as retificaes do leito original do Tiet.

    Data de 1871 o incio da impermeabilizao das ruas de So Paulo que receberam os

    primeiros paraleleppedos (Bruno, 1967, p. 163) medida que a infiltrao da gua no solo

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    diminua, mais deficiente se tornava o abastecimento do lenol fretico e aumentava o volume de

    guas captadas pelas galerias que as jogava para o Tiet.

    O perodo compreendido entre 1867 e 1900 foi um momento crucial para a vrzea do

    Tiet, em face da construo das ferrovias, assentadas preferencialmente sobre os terraos

    fluviais, ou nas partes mais enxutas da plancie de inundao (Gouveia, 2010). A instalao das

    ferrovias nessa parte da cidade contribuiu para a instalao de indstrias e bairros operrios

    nesse mesmo local, o que elevou a taxa de ocupao da vrzea.

    Em 1901 j se falava que as guas do rio Tiet eram poludas em funo da criao de

    sunos na regio de Mogi das Cruzes e Guarulhos e do despejo de esgoto, sem tratamento, das

    moradias ao seu redor. A implantao de indstrias no entorno e o despejo de resduos

    industriais colaborou para o aumento da poluio (Alvim, 2006).

    As enchentes com guas poludas motivaram estudos, ainda no final do sculo XIX, para

    o saneamento do rio Tamanduate, realizados pela Comisso de Saneamento do Estado de So

    Paulo, formada em 1893/4. Foram indicadas obras de drenagem da vrzea, com vistas a acabar

    com o alagamento (Campos, 2008).

    Desde o final do sculo XIX havia estudos que propunham a retificao do rio Tiet,

    desde a Ponte Grande at Osasco. As primeiras aes ocorreram no incio do sculo XX, como

    a abertura do canal de Osasco. Em 1913 foram feitos trabalhos com vistas a desobstruir o leito,

    retificar e balizar canais montante da cidade de So Paulo (Nbrega, 1978, p. 68).

    At 1920, o leito menor do rio Tiet variava entre 24 a 50 metros de largura e sua

    profundidade variava entre 2 a 3 metros. Suas guas percorriam 45 quilmetros entre a Penha e

    Osasco, toda essa uma vrzea larga e inundvel e na poca das cheias as guas subiam 5

    metros acima do nvel da estiagem. A vrzea, nesse trecho, ocupava uma faixa de 1,5 a 2,5

    quilmetros, contados a partir das margens (Jorge, 2006, p. 43).

    Com o crescimento urbano de So Paulo houve a valorizao mercantil das terras da

    vrzea e o avano da urbanizao pelas terras inundveis. A preocupao com as enchenteslevou a Companhia de Melhoramento do rio Tiet a solicitar em 1920, ao Engenheiro Saturnino

    de Brito, um projeto para a retificao desse rio (Alvim, 2006). Saturnino de Brito props no s a

    retificao do trecho entre a Penha e Osasco, que teria sua extenso reduzida para 26

    quilmetros, como a criao de comportas para regularizao de vazo e a manuteno da

    vrzea como rea destinada a receber as guas das cheias.

    Segundo o levantamento tcnico, as superfcies inundveis localizavam-se entre o bairro

    da Penha e Osasco. O controle de vazo foi pensado como um meio de conter as enchente epor isso haveria que represar os rios formadores do Tiet, nas proximidades de Mogi das

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    Cruzes. Tal interveno deveria regularizar a descarga do rio mediante a construo de

    pequenas barragens escaladas em degraus, amparadas por pequenos audes nos cursos dos

    ribeires Biritiba, Jundia, Vargem Grande, Taiassupeba, Paraitinga e Tiet Superior (Santos,

    2006).

    Esse projeto no chegou a ser executado mas, ao final da dcada de 1930 foi retomado,

    com alteraes, includas a a criao de avenidas laterais ao rio. O plano era construir avenidas

    ao longo das margens do Tiet, implantar um circuito deparkways nas marginais dos rios Tiet e

    Pinheiros, canalizar o Tiet para a circulao viria, ferroviria, a navegao e o lazer, e destinar

    a rea das margens de um lado para as estradas de ferro e de outro para residncias, passeios

    e indstrias. Tambm previa a canalizao dos rios Pinheiros e Tamanduate (Custdio, 2004).

    As obras comearam a ser executadas em 1938 e terminaram na dcada de 1960. O rio

    Pinheiros foi retificado entre 1937 e 1957 e sua retificao favoreceu expanso da urbanizao

    em direo ao sul da cidade (Alvim, 2006).

    Quando as avenidas marginais foram projetadas, foi argumentado que tal ao

    acarretaria uma srie de melhorias na regio. Porm, a ocupao urbana afetou as reas de

    amortecimento de cheias e levou a mais inundaes, de maiores propores.

    A retificao, canalizao, o despejo de resduos e a impermeabilizaram do entorno

    acentuaram a obstruo do rio Tiet. Em 1940 em trabalhos de dragagem se retirava 120.000m3

    de terra por ano do rio. Em 1963 esse volume chegou a 1.500.000m (Rolnik,Kowarick, Somekh,

    1990).

    Nas dcadas de setenta e oitenta foram retificados trechos do Tiet desde a Barragem

    da Penha, na zona leste da cidade de So Paulo, at as proximidades do Crrego Itaquera, no

    Bairro de So Miguel, e da Foz do Rio Pinheiros, na zona oeste, at o incio do lago da

    Barragem Edgard de Souza (So Paulo, 2010). O anos de 1998 a 2000 expressaram a

    acentuada degradao da vrzea pelo adensamento, pela impermeabilizao do solo e intenso

    fluxo de autos. Por isso se buscou, uma vez mais, a ampliao e o rebaixamento da calha do rio,agora no trecho de 16,5 km de extenso, compreendido entre a foz do Pinheiros e a Barragem

    Edgard de Souza.

    Entre 1998 e 2005, foram executadas obras que visavam o controle de inundaes em

    41 km do rio Tiet, no trecho montante da barragem Edgard Souza, at a Barragem da Penha.

    A eficcia das obras ficou condicionada liberao, na Barragem da Penha, de uma vazo

    mxima de 498 m/seg, a qual, por sua vez, dependia da capacidade de amortecimento de

    cheias na vrzea situada montante da barragem (So Paulo, 2010).

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    As cheias de 2010/2011 mostraram que esse limite nem sempre possvel de se atingir.

    Disso resultou a preocupao para a recuperao e conservao da vrzea, com vistas ao

    amortecimento natural de cheias.

    Aes para a conservao da vrzea

    As aes para minimizar os efeitos da degradao que as atividades de ocupao

    provocaram no rio Tiet e em sua vrzea remontam a 1970, quando comeou a haver iniciativas

    governamentais mais pontuais.

    Na dcada de 1970, durante a retificao do Tiet, foi elaborado um estudo para o

    trecho compreendido entre Salespolis e Santana do Parnaba e proposta a implantao de um

    parque linear nas margens do rio, o Parque Ecolgico do Tiet. O objetivo era preservar o que

    ainda restava da vrzea e amortecer as cheias entre a cidade de Guarulhos e a barragem da

    Ponte Nova, em Salespolis. Tambm visava a aproveitar a rea para atividades de lazer,

    esporte, cultura e preservar a fauna e flora. Os projetos arquitetnico e paisagstico foram

    confiados ao arquiteto Ruy Ohtake. (DAEE, 2004).

    O Parque Ecolgico do Tiet foi implantado somente em um pequeno trecho de 14

    quilmetros quadrados, em dois ncleos: Tambor, perto de Osasco, e Engenheiro Goulart, na

    zona Leste de So Paulo.

    O ncleo Tambor foi inaugurado em 1979 em uma rea de de aproximadamente

    1.565.000,00 m, situada parte no municpio de Santana do Parnaba e parte no de Barueri. O ncleo

    Engenheiro Goulart foi concludo em 1982, situa-se montante da barragem da Penha e ocupa

    uma rea de aproximadamente sete quilmetros. Trata-se de uma rea outrora bastante

    degradada pela extrao de areia e por ter sido utilizada no incio do sculo XX como aterro

    sanitrio. Nesse local se veem ainda hoje lagos formados pelas crateras de onde foram retiradas

    areias e nele se encontra uma vegetao parcialmente extica (Teramussi, 2008, p. 34-35).

    Em 1987 foi instituda a rea de Proteo Ambiental Vrzea do Tiet, uma Unidade deConservao, que compreende a faixa de vrzea do rio Tiet, desde a Represa Ponte Nova, em

    Salespolis at a represa Edgard de Souza, em Santana de Parnaba. Por meio dela se declara

    a proteo ambiental de regies urbanas e/ou rurais dos Municpios de Salespolis, Biritiba

    Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Po, Itaquaquecetuba, Guarulhos, So Paulo, Osasco, Barueri,

    Carapicuba e Santana do Parnaba.

    O objetivo de criao dessa APA foi o de proteger a vrzea do rio Tiet, com vistas ao

    controle das enchentes. O argumento empregado para tal foi o de que a vrzea exerce funesreguladora das cheias do rio, minimiza as enchentes nas regies por onde o rio se distribui. A

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    rea total da APA foi estabelecida em 7.400 hectares e dividida em duas pores com

    caractersticas distintas: ao Leste, no setor que vai da barragem Ponte Nova (Salespolis) at a

    barragem da Penha (So Paulo), e a Oeste, de Osasco at a barragem do reservatrio Edgard

    de Souza (Santana do Parnaba). No primeiro setor o objetivo principal o de garantir a funo

    reguladora das cheias do rio, e, no setor Oeste, o objetivo o de manter as caractersticas do

    Parque Tambor.

    Como se v, a parte do rio Tiet que corta a cidade de So paulo, desde a barragem da

    Penha at Osasco ficou fora da APA. A razo apresentada para isso foi a de que as aes

    antrpicas havidas nesse trecho alteraram os atributos que configuram a vrzea e no havia

    razo para estender a proteo por esse espao.

    Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Lei 9985/2000), todas as

    unidades de conservao devem possuir um plano de manejo que defina as diretrizes e normas

    para o uso e ocupao da terra, bem como os programas e planos a serem implantados para a

    efetiva preservao e proteo dos recursos naturais (Brasil, 2000).

    Com vista a atender essa determinao e estabelecer as diretrizes para a gesto da

    APA Vrzea do Tiet, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo - SMA, iniciou em

    2006 um trabalho de zoneamento, fundamentado no roteiro orientador para a elaborao de

    planos de manejos das APAs paulistas, elaborado pela SMA/Coordenadoria de Planejamento

    Ambiental Estratgico e Educao Ambiental, - CPLEA. (So Paulo, 2006).

    Foi criado um grupo de trabalho, discutidas propostas, coletado dados, elaboradas

    oficinas de planejamento e apresentada uma proposta de zoneamento para a APA Vrzea do

    Tiet, mas o zoneamento no chegou a ser executado.

    Em 2010 a SMA, atravs da Fundao Florestal retomou as discusses para a

    elaborao de um completo plano de manejo para a APA Vrzea do Tiet e em janeiro de 2011

    foi aprovado o Termo de Referncia para a execuo do Plano de Manejo, que visa a

    condicionar o uso e ocupao do solo na regio da vrzea. A expectativa a de que o referidoplano possa limitar as intervenes e proteger a vrzea.

    No entanto, algumas normas havidas nesse nterim indicam que a conservao desse

    trecho no to fcil de se cumprir.

    A Resoluo SMA 13, de 25 de fevereiro de 2010, ampliou a rea da APA para 12,3 mil

    hectares (ha). A referida Resoluo tambm definiu procedimentos para o licenciamento

    ambiental de obras na rea de influncia do rio Tiet, tornando mais rigorosos os critrios para a

    implantao de qualquer empreendimento na regio (So Paulo, 2011).

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    Em conformidade com a Resoluo "quaisquer intervenes que impliquem em

    supresso de vegetao nativa em estgio mdio ou avanado, movimentao de terra em

    volume igual ou maior que 100m e impermeabilizao de reas com extenso igual ou superior

    a 1000 m" necessitam de licenciamento ambiental. Tambm qualquer interveno na vrzea do

    rio Tiet dever contar com a anuncia prvia do Departamento de guas e Energia Eltrica -

    DAEE.

    No entanto, outra Resoluo, a SMA N 122, de 23 de dezembro de 2010, suspendeu a

    Resoluo anterior at que sejam concludos os estudos do DAEE, que definiro o permetro da

    regio de influncia do Rio Tiet (So Paulo, 2011).

    Tais dispositivos so indicativos de conflitos de gesto na referida rea, e indicam

    dificuldades em fazer cumprir as diretrizes a serem definidas no Plano de Gesto da APA Vrzea

    do Tiet. Enquanto isso, seguem os problemas de poluio, inundao e ocupao irregular da

    vrzea, em toda a sua extenso.

    Consideraes finais

    O intenso processo de ocupao da vrzea do rio Tiet no se fez sem intervenes

    drsticas em seu trajeto, aes que culminaram por comprometer o funcionamento tanto do rio,

    quanto das cidades em seu entorno, de tal forma que, ainda na dcada de 1950, "o rio Tiet

    agonizava em sua passagem pela regio metropolitana de So Paulo" (Jorge, 2006, p. 208).

    As medidas para a contenso das aes que contribuem para a agonia que agora se

    estende para a maior parte da vrzea e que provocam sua morte no trecho da regio

    metropolitana de So Paulo no podem mais esperar. necessrio que haja vontade poltica e

    mobilizao social para impedir a continuidade da agresso ao Tiet e sua vrzea, uma

    agresso que no mais se restringe a esse espao, mas que se estende para o interior do

    Estado de So Paulo.

    No se pode esquecer de que o Tiet deu a So Paulo quanto possua: o ouro dasareias, a fora das guas, a fertilidade das terras, a madeira das matas, os mitos do serto.

    Despiu-se de todo o encanto e de todo o mistrio: despoetizou-se e empobreceu por So Paulo

    e pelo Brasil (Nbrega, 1978, P. 195).

    Por essa histria, por essas memrias, o rio no um estorvo, um patrimnio, que

    precisa ser protegido.

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    Artigo recebido em: 02/10/2011Aprovado em: 09/11/2011