UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DEMAT
MÁRCIO ANTÔNIO FULINI
HISTÓRIA DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL
SÃO JOÃO DEL-REI
2016
MÁRCIO ANTÔNIO FULINI
HISTÓRIA DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL
Trabalho de conclusão de curso,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em
Matemática, do curso de Licenciatura em
Matemática a Distância, da Universidade
Federal de São João Del-Rei.
Orientador: Profa. Andréia Malacarne
SÃO JOÃO DEL-REI
2016
MÁRCIO ANTÔNIO FULINI
HISTÓRIA DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL
.
Trabalho de conclusão de curso,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em
Matemática, do curso de Licenciatura em
Matemática a Distância, da Universidade
Federal de São João Del-Rei.
Os componentes da banca de avaliação, abaixo identificados, consideram este trabalho
aprovado.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof.ª Dr. (nome)
(Instituição)
_______________________________________________
Prof.º Dr. (nome)
(Instituição)
Data da aprovação: São João del-Rei, ____ de _________________ de _____.
“Um bom ensino da Matemática forma
melhores hábitos de pensamento e habilita
o indivíduo a usar melhor a sua
inteligência”.
(Irene de Albuquerque)
Dedico este trabalho a minha filha Pâmela, por
todo sofrimento que estamos passando devido a
leucemia. Se Deus aprouver pela sua graça, sua
bondade e sua misericórdia para que consigamos
em nossa família um doador compatível e que este
transplante de medula seja abençoado.
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida.
A meus pais (In memoriam).
À professora Andréia Malacarne pela dedicação na orientação е incentivo que tornaram
possível а conclusão deste trabalho TCC.
Aos meus amigos: David, Eliane, Marcos, Nilson e Roseli. Valeu!
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo um estudo da história do Cálculo Diferencial e Integral,
através de pesquisa bibliográfica. O Cálculo Diferencial e Integral é uma poderosa ferramenta
matemática utilizada nas mais variadas áreas da ciência, e por isso está presente na grade
curricular básica de muitos cursos de graduação, tais como: Engenharias, Física, Química, entre
outros; e está fundamentado nos conceitos de limite, derivada e integral. A história da
Matemática é antiga, quase como a própria história da humanidade; remonta a povos que após
inventar a escrita e a se fixar na terra necessitaram vencer a natureza, e com isso desenvolveram
a tecnologia e a Matemática. Os conceitos de Cálculo são estudados pela humanidade há
séculos, na busca de soluções de problemas envolvendo áreas e tangentes. Esses conceitos
foram sendo aperfeiçoados ao longo do tempo. Grandes nomes deram suas contribuições ao
avanço do Cálculo, tais como Arquimedes, Kepler e Fermat. No século XVII, Newton e Leibniz
chegaram, de forma independente, a importantes resultados no campo do Cálculo, e por isso,
são considerados os criadores do Cálculo. Após Newton e Leibniz, outros grandes nomes da
Matemática também contribuíram para o aperfeiçoamento da teoria, como: L’Hospital,
Lagrange, D’Alembert, Cauchy, Weierstrass e Riemann.
Palavras-chave: Cálculo Diferencial e Integral. História do Cálculo.
ABSTRACT
The aims of this work is to study of the history of differential and integral calculus,
through literature. Differential and Integral Calculus is a powerful mathematical tool used in
various areas of science, and therefore is present in the basic curriculum of many undergraduate
courses such as Engineering, Physics, Chemistry, among others; and it is based on the concepts
of limit, derivative and integral. The history of mathematics is old, almost like the history of
mankind; dates back to people after inventing writing and settles on the ground needed to win
the nature, and it developed the technology and mathematics. Calculation of the concepts are
studied by mankind for centuries, the search for solutions to problems involving areas and
tangents, and were being perfected over time. Big names have given their contributions to the
advancement of the calculation, such as Archimedes, Kepler and Fermat. In the seventeenth
century, Newton and Leibniz arrived independently, important results in calculation of the field,
and therefore are considered the creators of the calculation. After Newton and Leibniz, other
great names of mathematics also contributed to the improvement of the theory, such as:
L'Hospital, Lagrange, D'Alembert, Cauchy, Weierstrass and Riemann.
Keywords: Differential and integral calculus. History of calculation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01: Tábula 13
Figura 02: Papiro 14
Figura 3: Arquimedes 17
Figura 04: Bonaventura 17
Figura 05: Pierre De Fermat 17
Figura 06: Isaac Barrow 18
Figura 07: Limite 19
Figura 08: Curva 21
Figura 09: Valor Médio 25
Figura 10: Função crescente e função decrescente 27
Figura 11: Calcular a área 29
Figura 12: Johann Kepler 35
Figura 13: Galileu Galilei 35
Figura 14: Arquimedes 38
Figura 15: Evangelista Torricelli 41
Figura 16: Christian Huygens 42
Figura 17: Isaac Newton 42
Figura 18: Gottfried Wilhelm Leibniz 44
Figura 19: Marquês De L’Hospital 46
Figura 20: Jean-le-Rond D’alembert 47
Figura 21: Maria Gaetana Agnesi 47
Figura 22: Joseph Louis Lagrange 48
Figura 23: Leonhard Euler 48
Figura 24: Augustin-Louis Caughy 49
Figura 25: Karl Weierstrass 50
Figura 26: Georg Riemann 50
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1 – CONHECENDO A MATEMÁTICA NA HISTÓRIA 12
2 – O ENSINO DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA GRADUAÇÃO 16
2.1 – Uma introdução ao limite de uma função 16
2.2 – Uma introdução ao Cálculo Diferencial 20
2.3 – Uma introdução ao Cálculo Integral 29
3 – Desvendando a história do Cálculo Diferencial e Integral 35
3.1 – O Cálculo na Antiguidade 37
3.2 – O Cálculo na Idade Média 39
3.3 – O Cálculo e a sua evolução no Século XVII 39
3.4 – Os “pais” do Cálculo: Newton e Leibniz 42
3.5 – O Cálculo na Idade Contemporânea 45
CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
10
INTRODUÇÃO
O Cálculo Diferencial e Integral é uma das disciplinas mais tradicionais nos cursos de
graduação na área das Ciências Exatas, e está presente na grade curricular básica de muitos
cursos, tais como: Engenharias, Física, Química, Ciência da Computação, entre outros. Sua
descoberta tem contribuído para a evolução de diversas outras ciências. Isto ocorre porque o
Cálculo Diferencial e Integral é uma poderosa ferramenta matemática utilizada na resolução
diversos problemas envolvendo várias áreas do conhecimento.
Segundo Eves (2012, p. 462), o Cálculo, apoiado pela Geometria Analítica, foi o maior
instrumento matemático descoberto no século XVII. Ele se mostrou notavelmente poderoso e
eficiente para solucionar problemas que antigamente não conseguiam resolver.
Em vista disso, a construção dos conceitos do Cálculo Diferencial e Integral se deu
graças às várias contribuições de diversos matemáticos em diferentes períodos históricos. Cada
matemático, ao seu tempo, desenvolveu novos métodos e aperfeiçoou as ideias para o estudo e
a aplicação do Cálculo em diferentes áreas do conhecimento. Segundo Melchiors e Soares
(2013), os primeiros registros datam de 1.800 a.C., e desde a antiguidade, grandes nomes, como
Arquimedes, Kepler e Fermat, deram suas contribuições, até que no século XVII, Newton e
Leibniz chegaram, de forma independente, à fórmula para utilizar o Cálculo de maneira
funcional. Após Newton e Leibniz, diversas outras personalidades matemáticas trabalharam
para aperfeiçoar os conceitos, como os irmãos Bernoulli, L’Hospital, Lagrange, D’Alembert,
Cauchy, Weierstrass e Riemann.
O desenvolvimento dos conceitos de Cálculo ocorreu na ordem inversa àquela que é
usualmente apresentada nas disciplinas de Cálculo e nos livros didáticos. O Cálculo Integral
surgiu muito antes que o Cálculo Diferencial. (THOMAS; et. al., 2012. p. 417).
A ideia da integração teve origem em processos somatórios, ligados ao cálculo de certas
áreas e certos volumes e comprimentos. A diferenciação, criada bem mais tarde, resultou de
problemas sobre tangentes a curvas e de questões sobre máximos e mínimos. Mais tarde ainda,
verificou-se que a integração e a diferenciação estão relacionadas entre si, sendo cada uma delas
operação inversa da outra. (EVES, 2011, p. 417).
Segundo Godoy e Faria (2012), tem ocorrido um alto índice de reprovações nas
disciplinas de Cálculo nos cursos de graduação que têm essa disciplina na grade curricular, o
que tem se tornado uma rotina e considerado como um fator natural para professores e alunos.
Para Gomes (2012, p. 1), isto acontece devido à disciplina de Cálculo I ser ministrada no início
do curso, sendo um primeiro contato para os alunos como uma Matemática muito diferente das
11
quais formam trabalhadas no Ensino Médio. Garzella (2013), em sua pesquisa publicada no
Jornal da UNICAMP, onde assistiu as aulas de um semestre de Cálculo I como observadora,
levantou um histórico de doze anos (1997 a 2009) de informações relativas à disciplina que
constataram taxas de até 77,5%, que incluíam reprovações e evasões dos estudantes.
A história da Matemática é de grande valia no processo de ensino e aprendizagem da
Matemática. Através dessa ferramenta, o professor tem a possibilidade de tornar suas aulas mais
contextualizadas, mais integrada com as outras disciplinas, incentivando o aluno à pesquisa.
Com isso, o aluno reconhecerá que a Matemática surgiu a partir da busca de soluções para
resolver problemas do cotidiano, conhecerá em diferentes momentos históricos e as
preocupações dos vários povos, e conforme Portanova (2004, p. 01), também conseguirá fazer
comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente.
Segundo Schender (2013, p. 10), a história é um instrumento importantíssimo para
explicar a origem dos vários axiomas, conceitos, fórmulas, postulados, enfim, situando o aluno
no tempo e no espaço e contextualizando o assunto estudado.
De acordo com Gasperi e Pacheco (2012, p. 03), a história da Matemática pode estar
presente na sala de aula em vários contextos diferentes, pode ser apresentada de forma lúdica
com problemas curiosos, “os enigmas”, como fonte de pesquisa e conhecimento geral, como
introdução de um conteúdo ou atividades complementares de leitura, trabalho em equipe e
apresentação para o coletivo.
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo principal apresentar o
desenvolvimento histórico da construção dos conceitos estudados nos cursos de Cálculo
Diferencial e Integral: limite, derivada e integral.
Este trabalho será feito através de uma pesquisa qualitativa, a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros,
artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos, páginas na internet.
O trabalho está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo, falaremos
brevemente sobre a história da Matemática. No segundo capítulo, trataremos sobre o Cálculo
Diferencial e Integral nos cursos de graduação, apresentando uma breve introdução aos
conceitos que compõem a disciplina: limite, derivada e integral. Já no Capítulo 3,
apresentaremos as ideias dos principais matemáticos e estudiosos, no contexto histórico, desde
a antiguidade, passando pelos matemáticos Newton e Leibniz, considerados os inventores do
Cálculo, até chegar a Idade Contemporânea.
12
1 – CONHECENDO A MATEMÁTICA NA HISTÓRIA
Os primeiros habitantes da terra viviam da caça e coleta de frutas e raízes, eram nômades
e se deslocavam a procura de alimento e pelas mudanças climáticas. Tudo era adaptado a caça
e a religião era uma simples forma de entender a natureza obscura. Para sobreviver ao meio
hostil à sua volta, o homem teve que se apropriar de processos mentais eficazes na solução dos
problemas; e assim, surge a ciência, sendo a Matemática um dos primeiros campos do saber
humano.
O encontro de objetos de formas definidas nos primórdios da humanidade já
demonstrava o início da geometria, passando, assim, o homem a ultrapassar os limites impostos
pela natureza. Essa mesma natureza obrigou os homens a grandes mudanças, pois os extensos
períodos de seca e os animais escassos fizeram com que eles procurassem vales que ofereciam
água. Dessa forma, homens e mulheres se fixaram nessa terra e se tornaram agricultores. Isso
levou a uma espécie de “revolução agrícola”, que precipitou profundas modificações culturais,
como por exemplo a criação da escrita.
A necessidade de controlar as inundações e fazer a irrigação motivou o desenvolvimento
da tecnologia e da Matemática concomitantemente, principalmente no Oriente Antigo. Essas
atividades necessitavam do cálculo de um calendário, do desenvolvimento de um sistema de
pesos e medidas para ser empregado na colheita, armazenamento e distribuição de alimentos,
da criação de métodos de agrimensura para a construção de canais e reservatórios, para fazer a
divisão de terras e instituir práticas financeiras e comerciais, como a arrecadação de taxas e os
propósitos mercantis.
Os registros dos povos antigos são difíceis de localizar no tempo, pois o material usado
era perecível, como casca de árvore e bambu. Os babilônios, por sua vez, usavam tábuas de
argila cozida e os egípcios usavam pedras e papiros, o que felizmente era mais duradouro. Na
região da Mesopotâmia foram encontradas tábulas estritamente matemáticas, que apresentavam
listas de problemas. Muitos processos aritméticos eram efetuados com ajuda de várias tábulas,
como por exemplo: de multiplicação, de inversos multiplicativos, de quadrados e cubos, e até
mesmo de exponenciais...
13
Figura 01: Tábula: Plimpton 322. Esta tábula é da coleção G. A. Plimpton da Universidade de Colúmbia,
catalogada sob o número 322. A tábula foi escrita no período Babilônico Antigo (aproximadamente entre 1900 e
1600 a. C.). (EVES, 2011. p. 65).
A geometria babilônica se relaciona intimamente com a mensuração prática, enquanto
que a aritmética já havia evoluído para uma álgebra retórica bem desenvolvida, como as
equações quadráticas. Conclui-se que os babilônios eram mais fortes em álgebra do que em
geometria. É impressionante a profundidade e a diversidade dos problemas considerados por
eles. (EVES, 2011, p. 60-63).
Conforme Eves (2011, p. 63-71), contrariamente à opinião popular, a Matemática no
Egito antigo nunca alcançou o nível obtido pela Matemática babilônica. Não obstante, até que
se decifrassem tantas tábulas matemáticas babilônicas, o Egito foi o mais rico campo de
pesquisa histórica sobre a antiguidade. Isso se deu pela construção de tumbas e templos, como
as famosas pirâmides, e a preservação de muitos papiros, que de outra forma teriam perecido;
como por exemplo, um papiro de 1650 a.C., contendo 85 problemas copiados em escrita
hierática de um trabalho mais antigo, que descreve os métodos de multiplicação e divisão dos
egípcios, o uso que faziam das frações unitárias, seu emprego da regra de falsa posição, sua
solução para os problemas da determinação da área de um círculo e muitas aplicações da
Matemática a problemas práticos.
14
Figura 02: Trecho do Papiro de Ahmes. Circa – 1650 a. C. (Museu Britânico). (EVES, 2011. p. 74).
Os gregos antigos faziam distinção entre o estudo das relações abstratas envolvendo os
números e arte prática de calcular com os números. Esta era conhecida como logística e aquela
como aritmética. Os gregos antigos já faziam cálculos de áreas e volumes de figuras. Com isso,
um dos grandes desafios para os matemáticos daquele período era o cálculo da quadratura de
figuras curvas. (EVES, 2011, p. 98-100).
Os primeiros problemas da história do Cálculo diziam respeito ao cálculo de áreas,
volumes e comprimentos de arcos. Papiros egípcios e tábuas babilônicas já tratavam certos
problemas de mensuração. Embora tais regras fossem aceitas, não havia uma prova rigorosa
para as mesmas.
Por conseguinte, o uso de símbolos e representações de objetos bem como a metodologia
de construção do conhecimento matemático, pode ser entendida, em cinco períodos:
1 – O período empírico: que se confunde com os primórdios das civilizações. A
Matemática está exclusivamente ligada à cultura e à sociedade da época. Um exemplo clássico
é a Geometria no Egito Antigo, que estava associada à medição dos campos depois das cheias
do rio Nilo e construção de pirâmides.
2 – O período dedutivo: inicia-se com o nascimento da filosofia grega no século VI a.
C., no momento em que ocorre a ruptura entre o prático e o teórico, entre o concreto e o abstrato.
A força de uma ideia passa a estar na sua forma, na Lógica. Um exemplo marcante desse período
foi Euclides de Alexandria, em 300 a. C.
15
3 – O período racional: se inicia com o advento da Ciência Moderna, no século XVII.
O conhecimento matemático, incluído o procedimento dedutivista, passou a explicar e a
justificar os fenômenos observados. Newton e Leibniz criam o Cálculo Diferencial e Integral,
para dar explicações aos fenômenos que estão sendo estudados em sua época.
4 – O período simbólico: inicia-se no século XIX, com os trabalhos de Frege e depois
Russell. Esta fase do desenvolvimento do conhecimento matemático apresenta três tendências:
Logicismo (a Matemática depende da lógica), Intuicismo (a Matemática deve ser aceita pela
sua evidência e o princípio do terceiro excluído) e o Formalismo (estuda as estruturas
matemáticas, e a partir de uma desenvolve-se outras, por semelhança).
5 – O período simulatório: com o advento do computador, a Matemática tem mostrado
sua ampla aplicabilidade, através da criação de modelos aplicados às diferentes áreas do
conhecimento, desde a linguística até a teoria do caos. O computador nasceu graças a
Matemática e ciências afins, e ele “não é senão um instrumento matematizador de informações”
(ALMEIDA, 1988. p. 59).
16
2 – O ENSINO DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA GRADUAÇÃO
O Cálculo Diferencial e Integral é uma parte muito importante da Matemática, muito
diferente do que o aluno ingressante na Universidade já estudou, pois o Cálculo é dinâmico e
trata de variação, de movimento, de quantidades que mudam e que dependem de outras
quantidades, sendo considerado, por muitos, uma das grandes realizações do intelecto humano.
As ferramentas modernas do Cálculo Diferencial e Integral permitem uma ampliação da
percepção do comportamento do sistema descrito por funções aplicados em problemas práticos
do cotidiano. Por isso, as disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral fazem parte do currículo
básico de muito cursos de graduação, como Engenharias, Física, Química, Estatística, Ciências
da Computação, entre outros.
O Cálculo é fundamentalmente diferente da Matemática que o aluno já estudou. O
Cálculo é menos estático e mais dinâmico. Ele trata de variação e de movimento, bem como de
quantidades que tendem a outras quantidades. (STEWART, 2012. p. 28).
As disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral I são, de forma simplificada,
apresentadas em três partes (e nessa sequência): estudo de limite, derivadas e integrais de
funções de uma variável.
A seguir, apresentaremos uma breve introdução dos conceitos básicos estudados na
disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I.
2.1 – Uma introdução de limite de uma função
Qualquer pessoa tem uma noção intuitiva do que é limite. Estamos acostumados a uma
série de limites, impostos pela sociedade e pelas leis, como os limites de velocidade, das cotas
que regulam compras no exterior, limites territoriais, entre outros. Na Matemática, a ideia de
uma variável aproximando-se de um valor limite é dada em geometria elementar.
O início do Cálculo é encontrado nos problemas envolvendo o cálculo de áreas e
volumes pelos gregos antigos, como Eudoxo e Arquimedes. Embora aspectos da ideia de um
limite estejam implícitos em seu “método de exaustão”, Eudoxo e Arquimedes nunca
formularam explicitamente o conceito de limite. Da mesma maneira, matemáticos como
Cavalieri, Fermat e Barrow, precursores imediatos de Newton no desenvolvimento do Cálculo,
não usaram limites realmente. Foi Isaac Newton quem primeiro falou explicitamente sobre
17
limites. Ele explicou que a ideia principal de limites é que as quantidades se aproximam mais
do que por qualquer diferença dada. Newton declarou que o limite era um conceito básico no
Cálculo, mas foi deixado para outros matemáticos posteriores, como Cauchy, esclarecer suas
ideias sobre limites. (STEWART, 2013. p. 120).
Figura 03: Arquimedes. (EVES, 2011. p. 192).
Figura 04: Bonaventura Cavalieri. (EVES, 2011. p. 426).
Figura 05: Pierre De Fermat. (EVES, 2011. p. 390).
18
Figura 06: Isaac Barrow. (EVES, 2011. p. 433).
Definição 1: Suponha que 𝑓(𝑥) seja definido quando está próximo ao número 𝑎. (Isso
significa que 𝑓 é definido em algum intervalo aberto que contenha 𝑎, exceto possivelmente no
próprio 𝑎.) Então dizemos que “o limite de 𝑓(𝑥), quando 𝑥 tende a 𝑎, é igual a 𝐿” e escrevemos
lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) = 𝐿,
se pudermos tornar os valores de 𝑓(𝑥) arbitrariamente próximos de 𝐿 (tão próximos de 𝐿 quanto
quisermos), tornando 𝑥 suficientemente próximo de 𝑎 (por ambos os lados de 𝑎), mas não igual
a 𝑎.
Em outras palavras, usamos a notação lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) = 𝐿 para dizer que os valores de 𝑓(𝑥)
tendem a ficar cada vez mais próximos do número 𝐿 à medida que 𝑥 tende ao número a (por
qualquer lado de 𝑎), mas 𝑥 ≠ 𝑎. Uma notação alternativa para lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) = 𝐿 é 𝑓(𝑥) → 𝐿
quando 𝑥 → 𝑎.
A frase “mas 𝑥 ≠ 𝑎” na definição de limite significa que, ao procurar o limite de 𝑓(𝑥)
quando 𝑥 tende a 𝑎, nunca consideramos 𝑥 = 𝑎. Na verdade, 𝑓(𝑥) não precisa sequer estar
definida quando 𝑥 = 𝑎. A única coisa que importa é como 𝑓 está definida próximo de 𝑎.
A Figura 07 mostra os gráficos de três funções. Observe que, na parte (𝑐), 𝑓(𝑎) não está
definida e, na parte (𝑏), 𝑓(𝑎) ≠ 𝐿. Mas, em cada caso, não importando o que acontece em 𝑎,
é verdade que limx→a
𝑓(𝑥) = 𝐿.
19
Figura 07: lim
𝑥→𝑎𝑓(𝑥) = 𝐿 nos três casos. (STEWART, 2013, p. 108).
A operação de cálculo de limites de uma função é importante para entender o que ocorre
na função. Os conceitos de limites laterais e continuidade dá condições de resolver limites de
funções complexas por meio de sua decomposição na forma de combinações de funções mais
simples. Para o estudo das funções assíntotas é importante o conhecimento dos limites infinitos,
limites no infinito e limites infinitos no infinito.
A definição de limite é utilizada para entender o comportamento de uma função nos
momentos de aproximação de determinados valores, mesmo que a função não esteja definida
nesses valores. O limite de uma função possui grande importância no Cálculo Diferencial e
Integral e em outros ramos da Análise matemática, definindo continuidade, derivadas e integrais
de funções.
Por conseguinte, o limite de uma função quando 𝑥 tende a 𝑎 pode muitas vezes ser
encontrado simplesmente calculando o valor da função em 𝑎. Funções com essa propriedade
são chamadas de contínuas em 𝑎. A definição matemática de continuidade tem correspondência
bem próxima ao significado da palavra continuidade no uso comum. (Um processo contínuo é
aquele que ocorre gradualmente, sem interrupções ou mudanças abruptas.).
Definição: Uma função 𝑓 é contínua em um número 𝑎 se lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎). Com isso,
implicitamente requer três coisas para a continuidade de 𝑓 em 𝑎:
1. 𝑓 (𝑎) está definida (isto é, 𝑎 está no domínio de 𝑓)
2. lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) existe
3. lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎)
A definição diz que 𝑓 é contínua em 𝑎 se 𝑓 (𝑥) tende a 𝑓 (𝑎) quando 𝑥 tende a 𝑎. Assim,
uma função 𝑓 contínua tem a propriedade de que uma pequena mudança em 𝑥 produz somente
20
uma pequena alteração em 𝑓 (𝑥). De fato, a alteração em 𝑓 (𝑥) pode ser mantida tão pequena
quanto se deseja, mantendo-se a variação em 𝑥 suficientemente pequena.
Se 𝑓 está definida próximo de 𝑎 (em outras palavras, 𝑓 está definida em um intervalo
aberto contendo 𝑎, exceto possivelmente em 𝑎), se diz que 𝑓 é descontínua em 𝑎 (ou que 𝑓 tem
uma descontinuidade em 𝑎) se 𝑓 não é contínua em 𝑎.
Os fenômenos físicos são geralmente contínuos. Por exemplo, o deslocamento ou a
velocidade de um veículo variam continuamente com o tempo, como a altura das pessoas. Mas
descontinuidades ocorrem em situações tais como a corrente elétrica.
Geometricamente, pode-se pensar em uma função contínua em todo número de um
intervalo como uma função cujo gráfico não se quebra. O gráfico pode ser desenhado sem
remover sua caneta do papel. No caso de função ser descontínua, há uma interrupção no gráfico,
o que obrigaria, no momento de traçar o gráfico, a tirar a caneta do papel. (ROCHA, 2013, p.
161).
2.2 – Uma introdução ao Cálculo Diferencial
A definição de derivada como é conhecida hoje, deve-se a Cauchy que a apresentou por
volta de 1823, como razão de variação infinitesimal, embora Newton e Leibniz, já no século
XVII tenham utilizado os fundamentos desse conceito como método para relacionar problemas
de quadraturas e tangentes. (SANTANA, 2010. p. 11).
O conceito de derivada é muito importante devido a grande quantidade de aplicações. A
derivada de uma função em um ponto (caso exista) mede a taxa de variação instantânea de uma
função no dado ponto, e portanto, é utilizada em problemas envolvendo taxas de variação, tais
como problemas envolvendo velocidade, aceleração, crescimento populacional, transferência
de calor, entre muitos outros. Geometricamente, corresponde à inclinação da reta tangente ao
gráfico da função naquele ponto.
Consideremos uma curva 𝐶, gráfico da função 𝑦 = 𝑓(𝑥). Queremos encontrar a reta
tangente à 𝐶 em um ponto 𝑃(𝑎, 𝑓(𝑎)). Para isso, consideremos um ponto 𝑄(𝑥, 𝑓(𝑥)), próximo
de 𝑃, onde 𝑥 ≠ 𝑎. Então, a inclinação da reta secante 𝑃𝑄 é dada por
𝑚𝑃𝑄
𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑎)
𝑥 − 𝑎.
21
Façamos agora 𝑄 se aproximar de 𝑃 ao longo da curva 𝐶, obrigando 𝑥 tender a 𝑎. Se
𝑚𝑃𝑄 tender a um número 𝑚, então definimos a reta tangente t como sendo a reta que passa por
𝑃 e tem inclinação 𝑚 (veja a figura 08).
Figura 08. Curva. Fonte: (BRITO, 2013. p. 17).
Definição 1: A reta tangente a uma curva 𝑦 = 𝑓(𝑥) em um ponto 𝑃(𝑎, 𝑓(𝑎)) é a reta
que passa por 𝑃 que tem inclinação
𝑚 = lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑎)
𝑥 − 𝑎,
desde que exista o limite.
Considerando ℎ o incremento de 𝑥 com relação a 𝑎, ou seja, ℎ = 𝑥 − 𝑎, temos que
quando x tende a 𝑎, h tende a 0. Assim, obtemos outra expressão para a inclinação da reta
tangente:
𝑚 = lim𝑥→0
𝑓(𝑎 + ℎ) − 𝑓(𝑎)
ℎ.
Definição 2: A derivada de uma função 𝑓 em um ponto a, denotada por 𝑓’(𝑎), é o valor
𝑓′(𝑎) = lim𝑥→𝑎
𝑓(𝑥)−𝑓(𝑎)
𝑥−𝑎.
A derivada de uma função: Seja 𝑓 uma função definida no intervalo (𝑎, 𝑏). Definimos
a função derivada de 𝑓, denotada por 𝑓’, por
𝑓′(𝑥) = limℎ→0
𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥)
ℎ,
22
para cada 𝑥 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que o limite acima existe.
Exemplo: Qual é a função derivada da função 𝑓(𝑥) = 3. 𝑥2?
Δ𝑦
Δ𝑥=𝑓(𝑥0 + Δ𝑥) − 𝑓(𝑥0)
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥=3(𝑥 + Δ𝑥)2 − 3𝑥2
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥=3(𝑥2 + 2. 𝑥. Δ + Δ𝑥2) − 3𝑥2
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥=3𝑥2 + 6. 𝑥. Δ + 3. Δ. 𝑥2 − 3𝑥2
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥=6. 𝑥. Δ + 3. Δ. 𝑥2
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥=Δ𝑥. (6𝑥 + 3. Δ𝑥)
Δ𝑥⇒
Δ𝑦
Δ𝑥= 6𝑥 + 3. Δ𝑥
E o limite quando Δ𝑥 → 0, será:
limΔ𝑥→0
Δ𝑦
Δ𝑥= lim
Δ𝑥→0(6𝑥 + Δ𝑥) = 6𝑥 + 0 = 6𝑥
Portanto, a função derivada da função 𝑓(𝑥) = 3. 𝑥2 é 𝑓′(𝑥) = 6𝑥.
Regras de Derivação
O processo de cálculo da derivada é denominado derivação. Assim, a derivação é o
processo de derivar uma função 𝑓’ de uma função f. Se uma função possui uma derivada em 𝑥1,
ela será derivável em 𝑥1. Isto é, a função f será derivável em 𝑥1 se 𝑓(𝑥1) existir. Uma função
será derivável em um intervalo aberto se ela for derivável em todo número no intervalo aberto.
23
Propriedades Operatórias, chamadas Regras das Derivadas segundo Rocha (2013, p.
167-172):
1. Função Constante
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑘, com 𝑘 ∊ 𝑅. Então 𝑓’(𝑥) = 0.
2. Função Identidade
𝑆𝑒𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑥, com 𝑥 ∊ 𝑅. Então 𝑓’(𝑥) = 1.
3. Produto de uma constante por uma Função
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑘. 𝑢(𝑥), com 𝑘 ∊ 𝑅. Então 𝑓’(𝑥) = 𝑘. 𝑢’(𝑥).
4. Função Soma ou Diferença
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑢(𝑥) + 𝑣(𝑥). Então 𝑓’(𝑥) = 𝑢’(𝑥) + 𝑣’(𝑥).
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑢(𝑥)– 𝑣(𝑥). Então 𝑓’(𝑥) = 𝑢’(𝑥)– 𝑣’(𝑥).
5. Função Produto
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑢(𝑥). 𝑣(𝑥). Então 𝑓’(𝑥) = 𝑢’(𝑥). 𝑣(𝑥) + 𝑢(𝑥). 𝑣’(𝑥).
6. Função Quociente
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) =𝑢(𝑥)
𝑣(𝑥), com 𝑣(𝑥) ≠ 0. Então 𝑓′(𝑥) =
𝑢′.𝑣−𝑢.𝑣′
𝑣2
7. Função Potência
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = [𝑢(𝑥)]𝑛, com 𝑛 ∊ 𝑅. Então 𝑓’(𝑥) = 𝑛. 𝑢𝑛−1 .
8. Função Logaritmo Natural
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝐿𝑛𝑢(𝑥), com 𝑢(𝑥) > 0. Então 𝑓’(𝑥) = 𝑢′
𝑢 .
9. Função Exponencial de Base Constante
Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑢(𝑥), com 𝑎 ∊ 𝑅+. Então 𝑓’(𝑥) = 𝑎𝑢. (𝐿𝑛𝑎). 𝑢’
10. Derivada de uma Função Composta (Regra da Cadeia)
Se g for derivável em 𝑥 e 𝑓 for derivável em 𝑔(𝑥), então a função composta 𝐹 = 𝑓º𝑔
definida por 𝐹(𝑥) = 𝑓𝑔(𝑥) é derivável em 𝑥 e 𝐹’ é dada pelo produto 𝐹1(𝑥) =
24
𝑓′(𝑔(𝑥)). 𝑔′(𝑥). Na notação de Leibniz, se 𝑦 = 𝑓(𝑢)𝑒𝑢 = 𝑔(𝑥) forem funções
deriváveis, então
𝑑𝑦
𝑑𝑥=
𝑑𝑦
𝑑𝑢=
𝑑𝑢
𝑑𝑥
Apresentaremos, a seguir, alguns resultados importantes da teoria das derivadas.
O Teorema de Rolle
Segundo Brito (2013. p. 22), para respaldar a demonstração do Teorema de Rolle, vamos
enunciar os Teoremas de Valor Extremo e o Teorema de Fermat: Teorema do Valor Extremo:
Se 𝑓 for contínua em um intervalo fechado [𝑎, 𝑏], então 𝑓 assume um valor máximo
absoluto 𝑓 (𝑐) e um valor mínimo absoluto 𝑓(𝑑) em algum número 𝑐 e 𝑑 em [𝑎, 𝑏]. Teorema
de Fermat: Se 𝑓 tiver um máximo ou mínimo local em 𝑐, e 𝑓’ (𝑐) existir, então 𝑓’ (𝑐) = 0.
Definição: Seja 𝑓:[𝑎, 𝑏] → 𝑅𝑒𝑐 ∈ (𝑎, 𝑏). O ponto c é dito crítico para 𝑓𝑠𝑒𝑓’(𝑐) = 0.
Teorema de Rolle: Seja f uma função que satisfaz as seguintes hipóteses:
(i) 𝑓 é contínua no intervalo [𝑎, 𝑏];
(ii) 𝑓 é derivável no intervalo aberto (𝑎, 𝑏);
(iii) 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏).
Então existe um número c no intervalo aberto (𝑎, 𝑏), tal que 𝑓’ (𝑐) = 0.
Demonstração: Pode acontecer que 𝑓 tenha valor constante 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏) em todo
o intervalo [𝑎, 𝑏]; nesse caso, sua derivada 𝑓’ é identicamente nula e o teorema está
demonstrado. Se 𝑓 não for constante, ela terá que assumir valores maiores ou menores que
𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏).
Se 𝒇(𝒙) < 𝒇(𝒂), para algum 𝒙 𝒆𝒎(𝒂, 𝒃), pelo Teorema do Valor Extremo assume
um valor mínimo em algum ponto de [𝑎, 𝑏]. Como 𝑓(𝑎) = 𝑓(𝑏) ela deve assumir esse
valor em um número 𝑐 no intervalo aberto (𝑎, 𝑏). Então f tem um mínimo local em 𝑐 e 𝑓 é
diferenciável em 𝑐 (pela hipótese de que 𝑓 é diferenciável no intervalo (𝑎, 𝑏)). Portanto,
𝑓’ (𝑐) = 0 pelo Teorema de Fermat.
Obs. A recíproca do Teorema de Rolle não é verdadeira. A hipótese de 𝑓 ser contínua em
[𝑎, 𝑏], mas derivável em (𝑎, 𝑏) é feita porque as derivadas 𝑓’(𝑎) e 𝑓’(𝑏) não intervêm na
demonstração.
25
O Teorema do Valor Médio
Conforme (STEWART, 2013, p. 285), o Teorema do Valor Médio (figura 09) nos diz
que dada uma função contínua 𝑓 definida num intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e derivável em (𝑎, 𝑏),
existe algum ponto 𝑐 em (𝑎, 𝑏) tal que:
𝑓′(𝑐) =𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.
Geometricamente, isto significa que a tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto de abcissa 𝑐 é
paralela à secante que passa pelos pontos de abcissas 𝑎 e 𝑏.
Figura 09: Valor Médio. Fonte: (BRITO, 2013. p. 23).
O Teorema do Valor Médio também tem uma interpretação em termos físicos: se um
objeto está em movimento e se a sua velocidade média é 𝑣, então, durante esse percurso
(intervalo [𝑎, 𝑏]), há um instante (ponto 𝑐) em que a velocidade instantânea também é 𝑣.
Vejamos a demonstração do Teorema do Valor Médio. Consideremos primeiramente, a
reta que passa pelos pontos (𝑎, 𝑓(𝑎))𝑒(𝑏, 𝑓(𝑏)), isto é:
𝑦 − 𝑓(𝑎) =𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.(𝑥 − 𝑎).
Essa reta é o gráfico da função
𝑇(𝑥) =𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.(𝑥 − 𝑎) + 𝑓(𝑎).
Seja g a função que é a diferença entre 𝑓 e 𝑇, isto é 𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥)– 𝑇(𝑥). Assim,
𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥) − (𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.(𝑥 − 𝑎) + 𝑓(𝑎)).
Quando 𝑥 = 𝑎, temos
𝑔(𝑎) = 𝑓(𝑎) − (𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.(𝑎 − 𝑎) + 𝑓(𝑎)) = 𝑓(𝑎) − 𝑓(𝑎) = 0.
e, quando 𝑥 = 𝑏, temos
𝑔(𝑏) = 𝑓(𝑏) − (𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎.(𝑏 − 𝑎) + 𝑓(𝑎)) = 𝑓(𝑏) − (𝑓(𝑏) − 𝑓(𝑎) + 𝑓(𝑎)) = 0.
26
Além disso, como g é a diferença entre duas funções contínuas em [𝑎, 𝑏] e deriváveis
em (𝑎, 𝑏), ela própria é contínua em [𝑎, 𝑏] e derivável em (𝑎, 𝑏). Logo, podemos usar o
Teorema de Rolle para 𝑔, concluindo que existe um número c no intervalo (𝑎, 𝑏), tal que:
𝑔’(𝑐) = 0.
Sendo 𝑔′(𝑥) = 𝑓′(𝑥) − (𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎), temos que 𝑔′(𝑐) = 𝑓′(𝑐) − (
𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎), e portanto,
𝑓′(𝑐) − (𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎) = 0, donde, 𝑓′(𝑐) = (
𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎). E a demonstração está completa.
Os Gregos da Antiguidade já tinham o conceito de reta tangente a uma curva em um
ponto. Como as equações eram então utilizadas para descrever curvas, a quantidade e variedade
de curvas estudadas aumentaram bastante em comparação àquelas conhecidas na época
clássica.
Para Marques (2006) a derivada pode ser compreendida geometricamente como sendo
um método para calcular o coeficiente angular da reta tangente. Considerando 𝑦 = 𝑓(𝑥) uma
curva e 𝑃(𝑥0, 𝑦0) um ponto sobre o gráfico. Se a função for derivável, a mesma é igual ao
coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto 𝑃, através do limite:
𝑡𝑔(𝛼) = lim𝑥→𝑥0
𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥0)
𝑥 − 𝑥0
quando que existir. Por conseguinte, a questão da derivada está intimamente ligada às retas
tangentes a curva nos pontos tomados e suas implicações com máximos e mínimos. Com isso,
através da derivada pode-se analisar o formato dos gráficos das funções.
A concavidade do gráfico de uma função num intervalo contido em seu domínio e os
pontos de inflexão
Seja 𝑓 uma função derivável num intervalo aberto I contido em seu domínio e 𝑛0 um
ponto de I.
A reta tangente ao gráfico de 𝑓 no ponto (𝑥0, 𝑓(𝑥0)) é dada por:
𝑌– 𝑓(𝑥0) = 𝑓’(𝑥0). (𝑥–𝑥0)
27
Ou seja, a reta tangente pode ser encarada como sendo o gráfico de uma função polinomial
de primeiro grau 𝑇, dada por:
𝑇(𝑥) = 𝑓(𝑥0) + 𝑓’(𝑥0). (𝑥–𝑥0)
Figura 10: Função crescente e função decrescente. Fonte: BIZELLI.1
Definição: Dizemos que o gráfico de 𝑓 tem concavidade para cima no intervalo aberto I
quando 𝑓(𝑥) > 𝑇(𝑥) quaisquer que sejam 𝑥 e 𝑥0 em I, sendo 𝑥 ≠ 𝑥0.
Analogamente, podemos definir o que vem a ser concavidade para baixo do gráfico de 𝑓.
Definição: Dizemos que o gráfico de 𝑓tem concavidade para baixo no intervalo aberto I
quando 𝑓(𝑥) < 𝑇(𝑥) quaisquer que sejam 𝑥 e 𝑥0 em I, sendo 𝑥 ≠ 𝑥0.
Finalmente, o ponto onde ocorre mudança de concavidade no gráfico tem um nome
especial que é ponto de inflexão. Mais precisamente, temos:
Definição: Seja 𝑓 uma função contínua e 𝑥0 um ponto de seu domínio. O ponto 𝑥0 é
denominado um ponto de inflexão de f quando nele ocorre mudança de concavidade do gráfico
de 𝑓.
Um resultado importante relaciona a derivada segunda da função com a concavidade do
gráfico de 𝑓.
Propriedade: Seja f uma função derivável pelo menos até segunda ordem num intervalo
aberto I.
1 BIZELLI, Maria Helena S. S. Aplicações da Derivada. Disponível em:
<http://www.calculo.iq.unesp.br/Calculo1/DerivadaDizSobreFuncaof.htm>. (Acesso em 28 out. de 2016).
28
a) Se 𝑓′′(𝑥) > 0 em I, então o gráfico de f terá concavidade para cima em I.
b) Se 𝑓′′(𝑥) < 0 em I, então o gráfico de 𝑓 terá concavidade para baixo em I.
Na figura 10, observa-se que em todos os pontos onde uma função é crescente, a
derivada é positiva (o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função nesses pontos é
positivo) e que nos pontos onde a função é decrescente, a derivada é negativa (o coeficiente
angular da reta tangente ao gráfico da função nesses pontos é negativo).
Máximos e Mínimos de uma Função
Fermat, em 1963, divulgou um novo método para determinação de tangentes, estudo
que levaria aos máximos e mínimos. Em aplicações simples, raramente precisa-se provar que
certo valor crítico é um máximo ou um mínimo, porém para ter um embasamento teórico
observe as seguintes definições:
Dada uma função 𝑓:𝐼 → 𝑅, um ponto 𝑥0 ∈ 𝐼 é chamado de:
Ponto de máximo relativo (ou local) da função, quando 𝑓(𝑥0) ≥ 𝑓(𝑥) para todo 𝑥 ∈ 𝐼.
Ponto de mínimo relativo (ou local) da função, quando 𝑓(𝑥0) ≤ 𝑓(𝑥) para todo 𝑥 ∈ 𝐼.
O valor 𝑓(𝑥0) é chamado de máximo ou mínimo relativo (ou local) de 𝑓, e (𝑥0, 𝑓(𝑥0))
são as coordenadas dos pontos de máximo ou de mínimo relativo de 𝑓.
Diz-se que um ponto x0 é um ponto crítico para a função 𝑓 quando 𝑓 é definida em 𝑥0
mas não é derivável em 𝑥0, ou 𝑓’(𝑥0)𝑥 = 0.
Segundo Flemming, Luz e Wagner (2006), o uso da derivada para determinar os
máximos e mínimos de uma função pode-se utilizar dois critérios enunciados por dois teoremas:
Teorema 1: Seja 𝑦 = 𝑓(𝑥) uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e possui derivada em todos
os pontos do intervalo (𝑎, 𝑏), exceto possivelmente num ponto 𝑐 ∈ (𝑎, 𝑏).
(a) Se 𝑓’(𝑥) > 0 para todo 𝑥 < 𝑐 e 𝑓’(𝑥) < 0 para todo 𝑥 > 𝑐, então 𝑦 = 𝑓(𝑥) tem
um máximo relativo em c.
(b) Se 𝑓’(𝑥) < 0 para todo para todo 𝑥 > 𝑐, então 𝑦 = 𝑓(𝑥) tem um mínimo relativo
em 𝑐.
29
Teorema 2: Seja 𝑦 = 𝑓(𝑥) uma função derivável num intervalo (𝑎, 𝑏), e 𝑐 ∈ (𝑎, 𝑏) é
um ponto crítico da função. Se 𝑦 = 𝑓(𝑥) admite derivada de segunda ordem em (𝑎, 𝑏), assim:
(a) Se 𝑓’’(𝑥) < 0, 𝑦 = 𝑓(𝑥) tem um valor máximo relativo em 𝑐.
(b) Se 𝑓’’(𝑥) > 0, 𝑦 = 𝑓(𝑥) tem um valor mínimo relativo em 𝑐.
Conforme Leithold (1994), quão grande foi à contribuição de Pierre de Fermat, pois
dentre as aplicações mais notáveis do cálculo estão aquelas que buscam valores de máximos ou
mínimos de funções. Pois, dentre as importantes aplicações de máximos e mínimos destacamos
os problemas que têm na sua estrutura o valor máximo ou mínimo de algumas variáveis tais
como: área, volume, força, potência, tempo, lucro ou custo, dentre outros.
2.3 – Uma introdução ao Cálculo Integral
Assim como a derivada, a integral também é um dos conceitos mais importantes do
Cálculo, e pode ser utilizada em uma grande quantidade de aplicações. Já vimos que o conceito
de derivada está intimamente ligado ao problema de encontrar a inclinação da reta tangente a
uma curva em um determinado ponto. Agora, veremos que a integral está ligada ao problema
de determinar a área de uma figura plana qualquer.
Inicialmente, consideremos o seguinte problema: encontrar a área de uma região S que
está acima do eixo 𝑥 e sob a curva 𝑦 = 𝑓(𝑥), para 𝑥 de a até 𝑏. Isso quer dizer que 𝑆 (ver figura
10) está limitada pelo gráfico de uma função contínua 𝑓 (onde 𝑓(𝑥) ≥ 0), as retas verticais
𝑥 = 𝑎e𝑥 = 𝑏,e𝑜eixo𝑥.
Figura 11: Calcular a área. Fonte: (BRITO, 2013. p. 29).
Um conceito conhecido de área é o da área do retângulo. Calcular a área do retângulo é
relativamente fácil, assim como a de outras figuras geométricas elementares, como triângulo e
paralelogramo. Assim, a área da região 𝑆 pode ser calculada aproximando a região por regiões
mais simples, das quais já sabemos determinar a área pelos métodos da geometria elementar.
30
Para isso, vamos fazer uma partição P do intervalo [𝑎, 𝑏], isto é, vamos dividir o
intervalo [𝑎, 𝑏] em n subintervalos, por meio dos pontos x0, x1, x2, ..., xi-1, xi, ..., xn, escolhidos
arbitrariamente, da seguinte maneira, a = x0 < x1 < x2 < ... < xi−1 < xi < ... < xn = b.
Determinemos o comprimento do i-ésimo subintervalo [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖] como sendo
∆𝑥𝑖 = 𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1.
Vamos construir retângulos de base 𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1e altura 𝑓(𝑐𝑖) onde 𝑐𝑖 é um ponto do
intervalo [𝑥𝑖−1, 𝑥1]. Assim, a soma das áreas dos 𝑛 retângulos, que denotaremos por 𝑆𝑛, será
𝑆𝑛 = 𝑓(𝑐𝑖) × ∆𝑥1 + 𝑓(𝑐2) × ∆𝑥2+. . . +𝑓(𝑐𝑛) × ∆𝑥𝑛
que pode ser reescrito por
𝑆𝑛 = ∑ 𝑓(𝑐𝑖) × ∆𝑥𝑖𝑛𝑖−1 .
A soma acima é chamada de Soma de Riemann da função 𝑓 relativa à partição 𝑃.
Quando 𝑛 cresce, é “natural” esperar que a soma das áreas dos retângulos aproxime da área 𝑆
sob a curva.
Chamamos norma da partição 𝑃 o comprimento do seu subintervalo mais longo dado
por
||𝑃|| = 𝑚𝑎𝑥{∆𝑥𝑖; 𝑖 = 1, 2, 3, . . . , 𝑛}.
Definição 6: A medida da área A da região S que está sob um gráfico de uma função
contínua 𝑓 é
𝐴 = lim||𝑃||→0
∑ 𝑓(𝑐𝑖) × ∆𝑥𝑖𝑛𝑖=1 ,
se esse limite existir.
O limite acima parece em muitos outros problemas físicos, não somente em problemas
de área. Isso nos motiva a seguinte definição:
Definição 7: Seja 𝑓(𝑥) uma função limitada definida no intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e seja
𝑃 uma partição qualquer de [𝑎, 𝑏]. A integral de 𝑓(𝑥) no intervalo [𝑎, 𝑏], denotada por
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎, é dada por
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎= 𝑙𝑖𝑚
||𝑃||→0∑ 𝑓(𝑐𝑖𝑛𝑖=1 ) × ∆𝑥𝑖,
31
desde que exista o limite.
Nesse caso, temos que:
(i) ∫ é o sinal de integração;
(ii) 𝑓(𝑥) é a função integrando;
(iii) 𝑑(𝑥) é a diferencial que identifica a variável de integração.
Propriedades da integral definida:
As demonstrações das propriedades da integral definida não serão demonstradas e
podem ser encontradas em (STEWART, 2013, p. 337-348).
Sejam 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) funções integráveis no intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e seja 𝑘 uma
constante real qualquer, temos as seguintes propriedades:
(i) ∫ 𝑘𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑘𝑏
𝑎 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎.
(ii) ∫ (𝑓(𝑥) ± 𝑔(𝑥))𝑑𝑥 =𝑏
𝑎 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ±𝑏
𝑎 ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎
(iii) Se 𝑎 < 𝑐 < 𝑏, então ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 =𝑏
𝑎 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 +𝑐
𝑎 ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑐.
(iv) Se 𝑓(𝑥) ≥ 0 para todo 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏], então ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎≥ 0.
(v) Se 𝑓(𝑥) ≥ 𝑔(𝑥) para todo 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏], então, ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 ≥𝑏
𝑎∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥
𝑏
𝑎.
(vi) |∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎| ≤ ∫ |𝑓(𝑥)|𝑑𝑥
𝑏
𝑎.
Considerações: Calcular uma integral através do limite das Somas de Riemann é
geralmente uma tarefa trabalhosa. Dessa forma estabeleceremos o chamado Teorema
Fundamental do Cálculo que nos permite calcular integrais de maneira muita mais fácil.
O Teorema Fundamental do Cálculo - TFC
Segundo Brito (2013, p. 32), Considerado um dos mais importantes teoremas do estudo
do cálculo, o Teorema Fundamental do Cálculo relaciona os conceitos de derivada e integral e
nos permite calcular a integral de uma função utilizando uma primitiva da mesma.
Usaremos o teorema a seguir na demonstração do Teorema Fundamental do Cálculo.
32
Teorema do Valor médio para Integrais: Se 𝑓é contínua em [𝑎, 𝑏], então existe 𝑥0 ∈
[𝑎, 𝑏] tal que
𝑓(𝑥0) =1
𝑏−𝑎∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥𝑏
𝑎.
Demonstração: A demonstração pode ser vista em (STEWART, 2013, p. 257-261).
Teorema Fundamental do Cálculo - Parte I: Seja a função 𝑓(𝑥) contínua. Seja
𝐹(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡𝑥
𝑎,
então 𝐹’(𝑥) = 𝑓(𝑥) para todo 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏].
Demonstração: Considerando ℎ > 0, temos, pela definição de integral e pelas
propriedades da integral definida, que
𝐹(𝑥 + ℎ) − 𝐹(𝑥)
ℎ=∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 − ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑥
𝑎
𝑥+ℎ
𝑎
ℎ=∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 − ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑥
𝑎
𝑥+ℎ
𝑥
𝑥
𝑎
ℎ=
∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡𝑥+ℎ
𝑥
ℎ.
Pelo Teorema do Valor Médio para Integrais, existe 𝑡ℎ no intervalo fechado de extremos
𝑥 e 𝑥 + ℎ, tal que
∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡𝑥+ℎ
𝑥
ℎ= 𝑓(𝑡ℎ).
Portanto,
𝐹(𝑥 + ℎ) − 𝐹(𝑥)
ℎ=∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡𝑥+ℎ
𝑥
ℎ= 𝑓(𝑡ℎ).
Como limℎ→0
𝑓 (𝑡ℎ) = 𝑓(𝑥), já que th pertence ao intervalo fechado de extremo 𝑥 e 𝑥 + ℎ, temos:
limℎ→0
𝐹(𝑥+ℎ)−𝐹(𝑥)
ℎ= lim
ℎ→0+
∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡𝑥+ℎ
𝑥
ℎ= lim
ℎ→0+𝑓(𝑡ℎ) = 𝑓(𝑥).
De modo análogo, mostra-se o mesmo resultado para ℎ → 0−. Portanto, 𝐹’(𝑥) = 𝑓(𝑥).
Teorema Fundamental do Cálculo - Parte II: Se 𝐺 é tal que 𝐺’(𝑥) = 𝑓(𝑥) para 𝑥 ∈
[𝑎, 𝑏], então
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐺(𝑏) − 𝐺(𝑎)𝑏
𝑎.
Demonstração: Pelo TFC - Parte I, 𝐹’(𝑥) = 𝑓(𝑥). Portanto, como 𝐺’(𝑥) = 𝑓(𝑥), por
hipótese, temos 𝐺’(𝑥) = 𝐹’(𝑥) ⇒ 𝐺(𝑥) = 𝐹(𝑥) + 𝑐. Logo,
𝐺(𝑥) = 𝐹(𝑥) + 𝑐 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑐𝑥
𝑎.
Então,
33
𝐺(𝑎) = 𝐹(𝑎) + 𝑐 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑐 = 0 + 𝑐 ⇒ 𝐺(𝑎) = 𝑐𝑎
𝑎.
𝐺(𝑏) = 𝐹(𝑏) + 𝑐 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑐 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 + 𝐺 ⇒ ∫ 𝐹(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐺(𝑏) − 𝐺(𝑎)𝑏
𝑎
𝑏
𝑏
𝑏
𝑏.
Definição 8: Uma função 𝐹(𝑥) é chamada uma primitiva da função 𝑓(𝑥) em um
intervalo I, se para todo 𝑥 ∈ 𝐼, tem-se 𝐹’(𝑥) = 𝑓(𝑥).
Definição 9: Se a função 𝐹(𝑥) é uma primitiva da função 𝑓(𝑥), então a função 𝐹(𝑥) +
𝐶 também é uma primitiva de 𝑓(𝑥), para cada número real 𝐶. Definimos a integral indefinida
da função 𝑓(𝑥), denotada ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥, por
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝑥) + 𝐶.
Lê-se: Integral indefinida de 𝑓(𝑥) ou simplesmente integral de 𝑓(𝑥) em relação a 𝑥.
Chamamos de integração o processo que permite encontrar a integral indefinida de uma função.
Da definição de integral indefinida, temos as seguintes observações:
(i) ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝑥) + 𝐶 ⇔ 𝐹′(𝑥) = 𝑓(𝑥).
(ii) ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 representa uma família de funções, isto é, a família ou o conjunto de todas as
primitivas da função integrando.
(iii) 𝑑
𝑑𝑥(∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥) =
𝑑
𝑑𝑥(𝐹(𝑥) + 𝐶) =
𝑑
𝑑𝑥𝐹(𝑥) = 𝐹′(𝑥) = 𝑓(𝑥).
A partir delas observamos que:
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐹(𝑥) + 𝐶 ⇒𝑑
𝑑𝑥(∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥) = 𝑓(𝑥).
Isto nos permite que obtenhamos fórmulas de integração diretamente das fórmulas de
derivação.
Propriedades da integral indefinida
Sejam 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) funções reais definidas no mesmo domínio e 𝑘 uma constante real.
Então:
Proposição 1. ∫ 𝑘𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑘∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥.
Proposição 2. ∫ (𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥))𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 + ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥.
O conceito do Cálculo Integral, bem como sua relação com o Cálculo Diferencial,
permite o estudo de diferentes métodos de integração para lidar com grande variedade de
funções elementares e situações que possam surgir ao longo da resolução de integrais, assim
34
como resolver problemas de estimar áreas limitadas por curvas e que podem representar as mais
variadas grandezas. O Teorema Fundamental do Cálculo representa uma forma alternativa para
o cálculo de integrais, bem como para o conceito de integrais indefinidas.
35
3 – Desvendando a história do Cálculo Diferencial e Integral
Foram necessários muitos anos e muitas contribuições de diversos grandes cientistas até
a formalização do Cálculo, como, por exemplo, Kepler e Galileu. Contudo, dois grandes nomes
entraram para a história, Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz, como precursores do
Cálculo Infinitesimal ou Cálculo Diferencial e Integral, como é conhecido hoje.
Figura 12: Johann Kepler. (EVES, 2011. p. 357).
Figura 13: Galileu Galilei. (EVES, 2011. p. 353).
Segundo Maor:
O nome “Cálculo” é uma abreviação de “Cálculo Diferencial e Integral”. A palavra
cálculo em seu sentido genérico significa qualquer manipulação sistemática de objetos
matemáticos, sejam números ou símbolos abstratos. O significado restrito da palavra
cálculo, ou seja, o Cálculo Diferencial e Integral é devido a Leibniz. Newton nunca usou
essa palavra preferindo chamar sua invenção de “método de fluxões”. (MAOR, 2008,
p. 103).
36
O desenvolvimento histórico do Cálculo seguiu em ordem contrária à daquela dos textos
e cursos básicos atuais sobre o assunto. Primeiro, surgiram os conceitos envolvendo o Cálculo
Integral e só muito tempo depois os conceitos do Cálculo Diferencial. A primeira vez em que a
ideia de limite apareceu, foi por volta de 450 a. C. Mas foi Isaac Newton o primeiro a
reconhecer, em certo sentido, a necessidade do limite, descobriu o papel preliminar que o limite
teria no Cálculo, sendo essa a semente da definição moderna. Deve-se a Cauchy grande parte
da abordagem do cálculo apresentado nos atuais textos universitários, como os conceitos
básicos de limite e continuidade.
Os processos somatórios ligados ao Cálculo Integral tiveram origem na ideia de
determinação de certas áreas, volumes e comprimentos. A diferenciação, criada bem mais tarde,
resultou de problemas sobre tangentes a curvas e de questões sobre máximos e mínimos.
O Cálculo Diferencial é o estudo das mudanças ou, mais especificamente, das taxas de
mudanças de uma quantidade variável. A maioria dos fenômenos físicos ao nosso redor envolve
quantidades que mudam com o tempo, tais como a velocidade de um carro em movimento, as
leituras de temperatura de um termômetro ou a corrente elétrica fluindo em um circuito. Hoje
tais quantidades são conhecidas como variáveis; Newton chamava de um termo fluente. O
Cálculo Diferencial está relacionado à descoberta da taxa de mudança de uma variável ou, para
usar a expressão de Newton, a fluxão de um determinado fluente.
Mais tarde ainda, verificou-se que a integração e a diferenciação estão relacionadas entre
si, sendo cada uma delas operação inversa da outra.
Sendo assim, Cálculo designa dois processos: a derivação e a integração. A derivação
‘relaciona-se com a descrição e a mensuração de como as coisas variam, se movem e crescem”
(Baron, 1985, p.1). E a integração constitui uma ferramenta básica nos processos de soma.
O Cálculo Diferencial e Integral surge e se desenvolve a partir de uma combinação entre
problemas e formulações de conceitos e teorias adequados para resolvê-los. E essas teorias
desencadearam novos problemas e novas teorias até a formulação de um conjunto de regras
operacionais para a solução de diversos problemas. Historicamente o modelo geométrico
exerceu um papel importante no desenvolvimento do Cálculo Diferencial e Integral.
Antes do século XVII os processos de Derivação e Integração eram estudados
separadamente. Só depois, foi possível associá-los através do Teorema Fundamental do
Cálculo.
37
3.1 O Cálculo na Antiguidade
O Papiro Egípcio de Moscou, escrito aproximadamente em 1890 a. C., é o primeiro
registro que se tem do que parece ser uma estimativa primitiva da área de uma superfície curva,
onde o escriba pede a área da superfície de um cesto e resolve a questão com um cálculo
semelhante a uma fórmula de integração. Esse mesmo Papiro traz outros problemas
matemáticos da vida quotidiana dos egípcios, como por exemplo, o cálculo do volume de um
tronco de pirâmide (BOYER, 2010).
Outro documento histórico do Cálculo é o Papiro Rhind, que é um papiro egípcio de
1600 a. C. e foi copilado pelo escriba Ahmes. Neste papiro encontramos resultados matemáticos
usados no Egito Antigo. Por exemplo:
O volume de uma pirâmide quadrada era calculado como 1/3 do volume do prisma
retangular;
A área de um círculo era obtida por um quadrado cujo lado é 8/9 do diâmetro círculo.
Essas regras eram aceitas sem uma prova rigorosa. No caso do volume da pirâmide, o
resultado está correto, mas sem demonstração. Para se chegar a esse resultado, seria necessário
o uso de infinitésimo, que é conhecido nos dias de hoje. A área do círculo, por sua vez, não é
exatamente a que conhecemos hoje, mas uma aproximação da fórmula atual 𝐴𝑐 = 𝜋. 𝑟2.
Eudoxo, matemático e astrônomo grego que viveu no século IV a. C., deu uma
significativa contribuição para a Matemática. Foi Eudoxo que desenvolveu o Método da
Exaustão, que articula os conceitos de infinitésimos.
Se de uma grandeza qualquer subtrai-se uma parte não menor que sua metade, do
restante subtrai-se também uma parte não menor que sua metade, e assim por diante, se
chegará por fim a uma grandeza menor que qualquer predeterminada da mesma espécie.
(EVES, 2013, p. 419).
Uma das aplicações desse método é calcular a área do círculo. Para isso, é necessário
inscrever e circunscrever polígonos regulares no círculo. À medida que o número de lados
aumentam, temos uma convergência para a área real do círculo. O Método da Exaustão
assemelha-se muito ao princípio da indução matemática.
Arquimedes de Siracusa, natural da cidade grega de Siracusa, situada na ilha da Sicília,
nasceu por volta de 287 a. C. e morreu durante o saque de Siracusa em 212 a. C. Era filho de
um astrônomo e desfrutava de alto prestígio junto ao rei Hierão. Foi um matemático, físico,
engenheiro, inventor e astrônomo grego. Entre os matemáticos antigos, foi quem aplicou da
38
melhor maneira o Método da Exaustão, chegando muito próximo da atual integração. Segundo
Eves (2013), Archimedes chegou a resultados equivalentes a muitas integrais definidas que são
utilizadas atualmente para o cálculo de áreas e volume.
Figura 14: Arquimedes. (EVES, 2011. p. 192).
Apenas por volta do início do século XVII, as ideias de Archimedes tiveram novos
desdobramentos. Segundo Melchiors e Soares (2013, p. 69), Arquimedes também desenvolveu
o Método do Equilíbrio para calcular a área de regiões limitadas por parábolas, expirais e várias
outras curvas. Archimedes usava o Método do Equilíbrio que se utilizavam do momento de um
corpo para auxiliar no cálculo da área ou volume, e usava o Método da Exaustão em seguida
para conseguir uma demonstração rigorosa dos seus resultados.
O método de exaustão é o fundamento de um dos processos essenciais do cálculo
infinitesimal. No entanto, enquanto no cálculo se soma um número infinito de parcelas,
Arquimedes nunca considerou que as somas tivessem uma infinidade de termos. Para poder
definir uma soma de uma série infinita seria necessário desenvolver o conceito de número real
que os gregos não possuíam. Não é, pois, correto falar do método de exaustão como um
processo geométrico de passagem para o limite. A noção de limite pressupõe a consideração do
infinito que esteve sempre excluída da matemática grega, mesmo em Arquimedes. Mas, no
entanto, o seu trabalho foi, provavelmente, o mais forte incentivo para o desenvolvimento
posterior da ideia de limite e de infinito no século XIX. De fato, os trabalhos de Arquimedes
constituem a principal fonte de inspiração para a geometria de século XVII que desempenhou
um papel importante no desenvolvimento do cálculo infinitesimal. (ALVARENGA, p. 2).
39
3.2 O Cálculo na Idade Média
Na Idade Média, o matemático indiano Brahmagupta Aryabhata nasceu perto da atual
Patna em 598 d. C. e morreu 668 com 70 anos, usou a noção infinitesimal em 499 d.C.,
expressando-a em um problema de astronomia na forma de uma equação diferencial básica.
Essa equação levou Bháskara II, no século XII, a desenvolver uma derivada prematura,
representando uma mudança infinitesimal, e ele desenvolveu também o que seria uma forma
primitiva do Teorema de Rolle. (EVES, 2011. p. 250-251).
No século XII, o matemático persa Sharaf al-Din al-Tusi descobriu a derivada de
polinômios cúbicos, um resultado importante no cálculo diferencial. No século XIV, Madhava
de Sangamagrama, juntamente com outros matemáticos-astrônomos da Escola Kerala de
Astronomia e Matemática, descreveu casos especiais da Série de Taylor, que no texto são
tratadas como Yuktibhasa.
Porém, nessa época, na Europa foram feitos poucos avanços na Matemática, incluindo
o Cálculo. A retomada apenas se deu com as invasões árabes, que trouxeram junto a introdução
do sistema hindu-arábico, apesar da resistência de certos grupos sociais, pois esses números
facilitavam as operações aritméticas.
Como esse sistema ameaçava democratizar os números, eles foram demonizados por
aqueles que tinham interesse em restringir o domínio dos números e reter isso como
instrumento especial das elites. Se a Matemática fosse aberta a todos, uma fonte de
poder seria perdida. (ROONEY, 2012. p. 60).
3.3 Cálculo e a sua Evolução no Século XVII
Na Renascença, pouco ou nada foi adicionado à geometria dos antigos gregos. Porém,
no ano de 1600, um inesperado reavivamento do assunto aconteceu. Nesse período, a atividade
dos matemáticos se estenderam para muitos campos. No começo, a revitalização foi através dos
escritos antigos, porém, os estudiosos começaram a adquirir mais confiança sobre as suas
próprias observações.
Havia uma necessidade de experimentar e determinar como as coisas aconteciam.
Enquanto que na Renascença acorreu uma volta os conceitos clássicos, no século XVII era
estabelecida uma matemática sobre fundamentos inteiramente novos.
O Cálculo apoiado pela Geometria Analítica, foi o maior instrumento matemático
descoberto no século XVII. Ele se mostrou notavelmente poderoso e eficiente para atacar
40
problemas insolúveis em tempos anteriores. Foi sua ampla e surpreendente aplicabilidade que
atraiu o grosso dos pesquisadores em Matemática da época, resultando daí uma profusão de
artigos poucos preocupados com o estado bastante insatisfatório dos fundamentos do assunto.
Os processos empregados eram frequentemente justificados com argumento de que eles
funcionavam. E só perto do fim do século XVIII, quando muitos absurdos e contradições
tinham-se insinuado na Matemática, sentiu-se que era essencial examinar as bases da análise
para dar-lhes uma fundamentação lógica rigorosa. O cuidadoso esforço que se seguiu, visando
a essa fundamentação, foi uma reação ao emprego descontrolado da intuição e do formalismo
do século anterior. A tarefa se mostrou difícil, ocupando em suas várias ramificações, a maior
parte dos 100 anos seguintes. (EVES, 2011. p. 462).
O século XVII foi um grande marco para o surgimento do Cálculo. Grandes estudiosos,
como Cavalieri, Torricelli, Barrow, Descartes, Fermat e Wallis, preparavam o caminho, para
que Newton e Leibniz chegassem a descoberta do Cálculo.
Dois nomes importantes dessa época foram Pierre de Fermat e René Descartes, que
simultaneamente fizeram a junção de Álgebra e Geometria, e produziram uma inovação
notável, a Geometria Analítica.
Fermat, embora seu nome tenha se mantido em obscuro por algum tempo, até metade
do século XIX resolveu muitos problemas fundamentais do Cálculo. Foi o primeiro a obter o
procedimento para diferenciar polinômios e conseguiu resolver problemas importantes de
maximização, minimização de área e de tangência, inspirando até a Isaac Newton.
O Método das Fluxões de Newton não era uma ideia inteiramente nova. Exatamente
como integração, ele estivera no ar durante algum tempo e ambos, Fermat e Descartes, usaram
em vários casos particulares. A importância do Método de Newton se dá pois forneceu um
procedimento geral, algoritmo, para se encontrar a taxa de mudança de praticamente qualquer
função. Seus predecessores abriram caminho, mais foi Newton quem transformou suas ideias
em uma ferramenta poderosa, universal, que logo seria aplicada com enorme sucesso em todos
os ramos da ciência. (MAOR, 2008, p. 106).
Outra importante contribuição foi a do italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), que
desenvolveu métodos semelhantes ao Cálculo para encontrar o comprimento do arco e os
infinitesimais.
Johannes Kepler (1571-1630), por sua vez, também desenvolveu ideias relativas a
infinitésimos para calcular área que estavam envolvidas com a segunda lei do movimento
41
planetário, que diz que áreas percorridas pelo raio vetor que une o centro do planeta ao centro
do Sol são iguais em períodos iguais. Para isso, Kepler usou o procedimento de integração.
John Wallis (1616-1703), por sua vez, publicou a Arthimetica infinitorum, uma
importante obra para o desenvolvimento do Cálculo, e sua obra Algebra: history and practive
foi a primeira a apresentar raízes complexas de equações em gráficos.
Figura 15: Evangelista Torricelli. (EVES, 2011. p. 397).
O francês Blaise Pascal (1623) também deu sua contribuição para o desenvolvimento
do Cálculo Diferencial. Pascal também é introdutor do símbolo ∞ (símbolo do infinito,
representa o conceito do que seria a eternidade, como algo que não tem um começo nem fim)
para representar um número muito grande de linhas, afirma existir uma diferença muito pequena
entre uma linha e um paralelogramo de altura infinitamente pequena, de tal modo que,
considerando uma certa espessura da linha e por um processo de multiplicação infinito, a linha
adquire uma altura igual à da figura na qual é inscrita. (CARVALHO, 2007. p. 9).
Com isso, Pascal demonstrou no trabalho “Triângulo aritmético”, publicado em 1854,
diversas propriedades do triângulo e aplicou-as no estudo das probabilidades. Antes de Pascal,
já Tartaglia usara o triângulo nos seus trabalhos e, muito antes, os matemáticos árabes e chineses
já o utilizavam. Este famoso triângulo que se pode continuar indefinidamente aumentando o
número de linhas, é conhecido como Triângulo de Pascal ou Triângulo de Tartaglia. Trata-se
de um arranjo triangular de números em que cada número é igual à soma do par de números
acima de si.
Por conseguinte, Christian Huygens (1629-1695), estudou probabilidade e publicou
importantes resultados geométricos. Além disso, na mesma época, o inglês Isaac Barrow (1630-
1677), ficou conhecido por unificar ideias e resultados matemáticos, aplicando com êxito a
Geometria e o Cálculo à óptica.
42
Figura 16: Christian Huygens. (EVES, 2011. p. 399).
James Gregory (1638-1675), nascido em Brumoak, esboçou o início de uma teoria sobre
convergência e foi o primeiro a publicar geometricamente o que hoje é conhecido como
Teorema Fundamental do Cálculo.
3.4 – Os “pais” do Cálculo: Newton e Leibniz
Como pioneiros na história do Cálculo, Newton e Leibniz merecem um destaque
especial. Eles unificaram métodos que se tornaram instrumentos importantíssimos da Ciência.
Figura 17: Isaac Newton – 1642 – 1727. (EVES, 2011. p. 437).
Isaac Newton, nascido na aldeia de Woolsthorpe no dia de Natal de 1642, foi um
cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também
astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo, Newton faleceu em 1727. Sua grande
contribuição para a Matemática foi o Método dos Fluxos, o seu trabalho de Cálculo usando
métodos infinitesimais. Segundo Newton, a taxa de variação de um fluente 𝑥 é o fluxo de 𝑥, e
indicou por �̇�. Nesta ideia de taxa de variação, estava a essência da fundamentação do cálculo,
43
a teoria dos limites, que será desenvolvida quase dois séculos mais tarde. Ele formulou regras
e procedimentos sistemáticos, procurando soluções gerais para a maioria dos problemas
relacionados ao Cálculo Infinitesimal. (SOUZA, 2001. p. 21).
Segundo Newton, na taxa de variação estava a essência da fundamentação do Cálculo,
que desenvolveria a teoria dos limites dois séculos mais tarde.
As obras de Newton sobre o Cálculo ficaram abandonadas por quase meio século, pois
ele era reservado em suas comunicações e era difícil na época a publicação de trabalhos
matemáticos complexos. Apesar do receio das controvérsias e críticas, mesmo assim,
pressionado pelo astrônomo Edmond Halley, Newton publicou o Principia Mathematica, onde
tornou pública sua versão do Cálculo. Anteriormente, ele já havia exposto suas primeiras ideias
sobre o Cálculo. Mostrou que a área sob a curva 𝑧 = 𝑝𝑎𝑥𝑝−1 (para 𝑝 ∈ 𝑄) é 𝑦 = 𝑎𝑥𝑝. Este
resultado aponta para a integral como inverso da derivada.
As séries infinitas foram indispensáveis para Newton para o desenvolvimento da
quadratura de curvas. Ele também foi capaz de calcular a integral de expressões que envolviam
raízes, mediante a expansão em série, integrando-as termo a termo. Por conseguinte, Newton
assume a noção de convergência de James Gregory e menciona constantemente a necessidade
do assegurar que o tempo deva ser suficientemente pequeno.
Newton também experimentou tipos de notações e formas de demonstrações, baseando
suas ideias em problemas de geração de curvas por movimentos, chamando o espaço percorrido
de fluente e a velocidade do móvel de fluxão. Para explicar as naturezas das curvas, com vista
ao espaço percorrido, ele propôs que qualquer movimento local fosse acelerado ou retardado.
Embora Newton pensasse que 𝑥 e 𝑦 variavam com tempo, ele terminou com uma
interpretação puramente geométrica das fluxões, a qual não depende do tempo. Ele precisava
da noção de tempo apenas como uma ajuda mental para cristalizar suas ideias. Newton então
aplicou seu método a numerosas curvas encontrando suas inclinações, seus pontos mais altos e
mais baixos e seus pontos de inflexão, todas propriedades geométricas relacionadas com a linha
tangente. Devido a essa associação com a tangente, o processo de encontrar a fluxão de um
determinado fluente era conhecido, na época de Newton, como problema de tangente.
Atualmente, chama-se esse processo de diferenciação e a fluxão de uma função chama-se de
derivadas. (MAOR, 2008, p. 105).
A invenção do Cálculo foi o evento singular mais importante da Matemática desde que
Euclides reunira a estrutura da geometria clássica em seus elementos, 2000 anos antes. Ela
44
mudaria para sempre o modo como os matemáticos pensam e trabalham, e seus métodos
poderosos afetariam todos os ramos da ciência, pura e aplicada. No entanto, Newton, que tinha
uma aversão ao envolvimento em controvérsias não publicou seus resultados. Ele meramente
comunicou, de forma informal, aos seus alunos e colegas mais chegados em Cambridge.
(MAOR, 2008, p. 109).
Assim, por mais de meio século, o mais importante desenvolvimento da Matemática
moderna permaneceu conhecido, na Inglaterra, apenas por um grupo de acadêmicos estudantes
reunidos em Cambridge. (MAOR, 2008, p. 110).
Gottfried Wilhelm Leibniz, o grande gênio universal do século XVII e rival de Newton
na invenção do cálculo, nasceu em Leipzig na Alemanha em 1646, filósofo, cientista,
matemático e diplomata alemão, faleceu em 1716. Para Leibniz, a ideia central do Cálculo era
a diferencial, que para ele, era uma diferença entre dois valores infinitamente próxima de uma
variável. Sendo Leibniz mais preocupado do que Newton com os símbolos, fórmulas e regras,
ele cria as notações: 𝑑𝑥, 𝑑𝑦, para as diferenciais de 𝑥, 𝑦, respectivamente.
Figura 18: Gottfried Wilhelm Leibniz – 1646 – 1716. (EVES, 2011. p. 442).
Leibniz criou também o símbolo ∫, um S alongado, que indica a soma de todas as áreas
infinitesimais. Mostrou que ∫ 𝑦𝑑𝑥 corresponde a uma área e que 𝑑∫ 𝑦𝑑𝑥 = 𝑦𝑑𝑥,
apresentando 𝑑 como inverso de∫ .
No desenvolvimento do Cálculo, Leibniz partiu de algumas premissas, como a
characteistica generalis (características gerais), sequência de diferenças, triângulos
característicos, a transmutação, sendo que as características gerais direcionaram os raciocínios
de Leibniz, pois constituem uma linguagem matemática através de símbolos. Assim, ele pôde
traduzir todos os seus raciocínios e argumentações. Essas características gerais foram muito
45
importantes para o desenvolvimento do Cálculo e se tornaram imprescindíveis para Leibniz em
suas demonstrações. Segundo Leibniz, “uma vez traduzido um problema em linguagem
matemática simbólica, a aplicação das regras conduzirá quase mecanicamente a sua solução”.
(Baron, 1985. v 3, p. 43).
Apesar de existir uma polêmica ao longo da história, Newton e Leibniz seguiram linhas
diferentes no desenvolvimento do Cálculo, chegando na mesma teoria por desenvolvimentos
independentes.
Por isso, quando Leibniz, um dos principais filósofos matemáticos da Europa, publicou
sua versão do Cálculo em 1684, poucos matemáticos no continente duvidaram de que sua
invenção fosse original. Somente 20 anos depois é que surgiram dúvidas quanto a se Leibniz
teria tomado algumas das ideias de Newton. Todas as consequências da relutância de Newton
agora tornavam-se evidente. A disputa de prioridade enviou ondas de choques que ecoariam por
toda comunidade científica durante os 200 anos seguintes. (MAOR, 2008, p. 110).
Após a época de Newton e Leibniz, o progresso na fundamentação do Cálculo foi quase
inexistente, por um período de quase 150 anos.
3.5 – O Cálculo na Idade Contemporânea
Pickover (2011, p. 160) relata que foi matemático francês Guillaume François Antoine
(1661–1704), o Marquês de L’Hospital quem publicou o primeiro livro sobre Cálculo, em
1969, sob o título Analyse des infiniment petits, pour l’intelligence des lignes courbes, que pode
ser traduzido como “Análise dos infinitamente pequenos, para a compreensão das curvas”. Um
dos assuntos do livro de L’Hospital é a apresentação de um método que permite calcular o valor
limite de uma fração onde o denominador e o numerador tendem simultaneamente a zero ou ao
infinito, que ficou conhecida como Regra de L’Hospital. O objetivo do autor com a sua obra
era “... que o livro fosse um veículo para promover a compreensão das técnicas do cálculo
diferencial”.
46
Figura 19: Marquês De L’Hospital. (EVES, 2011. p. 445).
Devlin (apud PICKOVER, 2011, p. 160) declara que “De facto, até ao aparecimento do
livro de L’Hôpital, Newton, Leibniz e os irmãos Bernoulli eram realmente as únicas pessoas à
face da Terra que tinham sólidos conhecimentos em cálculo”. Outro matemático que enaltece a
obra de L’Hospital é Ball (apud PICKOVER, 2011, p.160): “O crédito de juntar o primeiro
tratado que explicava os princípios e a utilização do método é devido a L’Hopital... Este
trabalho foi amplamente difundido; generalizou o uso da notação diferencial em França, e
contribuiu para torna-lo conhecido na Europa”.
Após o falecimento de L’Hospital, Johann Bernoulli, tornou público o acordo realizado
entre ambos, sobre o uso dos estudos de Bernoulli, reclamando que muitas das descobertas
publicadas por L’Hospital eram suas (PICKOVER, 2011). Como Johann já possuía várias
desavenças que eram de conhecimento do público, inclusive com seu irmão Jacques, não lhe
foi dado crédito. O reconhecimento de que Johann foi autor da Regra de L’Hospital aconteceu
somente em 1922, quando foi encontrada uma cópia do curso de Bernoulli para o marquês de
L’Hospital. (PIEHOWIACK, 2008).
Piehowiak (2008) traz mais um nome importante da família Bernoulli para a história
do cálculo. É Daniel Bernoulli (1700–1782), filho de Johann Bernoulli. Daniel foi um grande
matemático, apesar de ser formado em medicina, como o pai, e aplicou a física-matemática para
se doutorar em medicina. O seu maior mérito na área do cálculo foi o fato de ter aceito e
utilizado as teorias de Newton em conjunto com o cálculo de Leibniz, o que contribuiu muito
para o desenvolvimento da Física-Matemática. Daniel também foi um precursor no campo das
equações diferenciais parciais.
Por volta de 1700, a maior parte do cálculo que hoje se vê nos cursos de graduação já
havia sido estabelecida, juntamente com alguns tópicos mais avançados. (EVES, 2004).
47
O matemático francês Jean Le Rond D’Alembert (1717–1783) afirmou que fora dada
“maior atenção a aumentar o edifício (da Matemática) do que a iluminar sua entrada, a elevá-
lo mais alto do que fortalecer suas fundações” (GARBI, 2009, p. 299). D’Alembert foi um dos
primeiros a afirmar que a ideia das grandezas infinitesimais como fundamento para os cálculos
era muito frágil, e tentou substituí-la pelo conceito de limites.
Figura 20: Jean-le-Rond D’alembert. (EVES, 2011. p. 478).
Maria Gaetana Agnesi nascida em Milão em 1718, foi linguista, filósofa e matemática.
Agnesi faleceu em 1799. Esta foi autora da primeira obra a unir as ideias de Isaac Newton e
Gottfried Leibniz; escreveu também um dos primeiros livros sobre Cálculo Diferencial e
Integral. É dela também a autoria da chamada “curva de Agnesi” em 1748.
Figura 21: Maria Gaetana Agnesi. (EVES, 2011. p. 480).
O italiano Joseph Louis Lagrange (1736–1813) foi o primeiro grande matemático a
reconhecer a precariedade dos fundamentos da análise, e se empenhou para atingir o rigor
necessário, influenciando as pesquisas matemáticas posteriores (EVES, 2004).
48
Figura 22: Joseph Louis Lagrange. (EVES, 2011. p. 485).
O cálculo de variações é considerado a maior contribuição de Lagrange para o cálculo.
Lagrange publicou sua obra apoiado pelo suíço Leonhard Euler (1707–1783), matemático que
deixou diversos trabalhos significativos em muitos ramos da matemática. Euler e Lagrange são
considerados os maiores matemáticos do século XVIII (GARBI, 2009).
Figura 23: Leonhard Euler. (EVES, 2011. p. 472).
O conceito de função ganha destaque no processo de formalização do Cálculo, ocorrido
durante o século XIX, chamado de idade do rigor na Matemática. E a partir desse conceito,
Cauchy, Weierstrass e Dedekind introduzem os conceitos formais de limite e de derivadas.
49
Figura 24: Augustin-Louis Cauchy. (EVES, 2011. p. 531).
Os matemáticos antigos lidaram com a ideia de aproximação e limites de modo intuitivo
por dois séculos. Percebiam a falta do mesmo nível de rigor ensinado pelos gregos antigos para
poderem justificar formalmente os procedimentos, e até mesmo evitar contradições e erros que
fizeram, mas a humanidade precisou esperar até o século XIV, para que este rigor fosse
finalmente encontrado pelo francês Augustin Louis Cauchy (1789-1857), que criou uma
definição formal de limite. Os estudos de Cauchy foram incompletos mas muito importantes
por terem dado início à investigação sobre os fundamentos do Cálculo Integral, levando ao
desenvolvimento da Análise Matemática e da teoria das funções.
Conhecido como “Apóstolo do Cálculo”, pelo seu rigor nas demonstrações
matemáticas, o também Cauchy, provou que D’Alembert estava correto, mostrando que era
possível fundamentar o Cálculo sem utilizar as grandezas infinitesimais utilizando a noção de
limite, que, Cauchy definiu como: “Quando os valores sucessivamente atribuídos a uma
variável aproximam-se indefinidamente de um valor fixo de modo que difiram dele por uma
quantidade tão pequena quanto quisermos, aquele valor é chamado limite de todos os outros.
(GARBI, 2009. p. 299).
O tratado de Cauchy abre com uma definição clara da derivada. (...) Stephen Howking
escreveu: ‘Cauchy (...) definiu a derivada de 𝑓 em 𝑥 como o limite da diferença do
coeficiente, à medida que i se aproxima de zero, que é a nossa definição moderna e não
geométrica da derivada. (PICHOVER, 2011, p. 220).
A definição de limite de Cauchy ainda continha expressões vagas e foi aperfeiçoada
pelo alemão Karl Theodor Wilhelm Weierstrass (1815–1897), chegando à definição que é
utilizada ainda hoje: “uma função 𝑓(𝑥) tem por limite o valor 𝐿 no ponto 𝑥 = 𝑥0 se, dado ɛ
tão pequeno quanto se queira, existir 𝛿 > 0 tal que, para todo 0 < |𝑥 − 𝑥0| < 𝛿, |𝑓(𝑥) −
𝐿| < ɛ.” (GARBY, 2009, p. 299). “Weierstrass tornou-se sinônimo de ‘raciocínio
50
extremamente cuidadoso’ (...) e tornou-se conhecido como ‘o pai da análise moderna’” (EVES,
2004, p. 613).
Figura 25: Karl Weierstrass. (EVES, 2011. p. 612).
A ideia ou o conceito de integral foi formulado por Newton e Leibniz no século XVII,
mas a primeira tentativa de uma conceituação precisa foi feita por volta de 1820, também por
Cauchy.
Eves (2004) afirma que o responsável pela definição de integral que é utilizada até hoje
é o alemão Bernhard Riemann (1826-1866). Por volta de 1854, Riemann realizou um estudo
bem mais aprofundado sobre a integral e, em sua homenagem, a integral estudada por ele passou
a receber o nome de Integral de Riemann. Tal nome serve para distinguir essa integral de outras
que foram introduzidas mais tarde, como por exemplo, a Integral de Lebesgue.
Figura 26: Georg Riemann. (EVES, 2011. p. 613).
51
A forma usada para introduzir o conceito de Integral de Riemann nos cursos de Cálculo
é a versão devida a Cauchy. O que justifica isto é que ela é simples e bastante acessível aos
alunos de um curso inicial de Cálculo, além de atender aos propósitos de um curso desta
natureza. Nos cursos de Análise Matemática, apresenta-se uma versão mais refinada, a Integral
de Darboux-Riemann, usando os conceitos de soma inferior, soma superior, integral inferior e
integral superior, que correspondem ao Método de Exaustão usando, respectivamente,
polígonos inscritos e polígonos circunscritos. Mas, para que ninguém alimente ideias
equivocadas, observamos que as diversas definições da Integral de Riemann mencionadas são
equivalentes e a diferença entre elas se situa na adequação das definições para a obtenção das
propriedades da referida integral.
Já no século XIX, o Cálculo foi abordado de uma forma muito mais elaborada. Foi
também durante este período que as ideias do Cálculo foram generalizadas ao espaço euclidiano
e ao plano complexo. Henri Lebesgue nasceu em 1875 na França, generalizou a noção de
integral.
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história do Cálculo Diferencial e Integral deve ser explorado pelo aluno, pois esclarece
ideias matemáticas e contribui para a construção de um olhar mais crítico sobre o seu
aprendizado.
Os conhecimentos da história do Cálculo permitem uma melhor compreensão de como
chegar às informações atuais e porque deve-se ensinar este ou aquele conteúdo.
Conhecer os matemáticos e a dedicação de cada um deles em explorar novas ideias,
mesmo partindo de insuficientes informações conseguiram desenvolver teorias e conceitos
referentes ao Cálculo Diferencial e Integral. Isso leva aos alunos a perceberem que também
podem permear o mesmo caminho.
Acompanhando o processo histórico da matemática podemos perceber que o Cálculo
Diferencial e Integral não surgiu pronto e acabado na cabeça de um único homem. O Cálculo
tem uma história de um longo desenvolvimento que inicia-se na antiguidade e estende-se até os
tempos modernos. Com o destaque de dois grandes matemáticos Newton e Leibniz.
O Cálculo tornou-se uma disciplina indispensável na formação científica do homem
contemporâneo, os conhecimentos que se adquire num curso de Cálculo Diferencial e Integral
capacita o aluno a analisar e resolver diversos problemas. Conhecer a história do Cálculo e
como ela se desenvolveu é participar da sua reconstrução e reconhecer seu valor para a
Educação Matemática da atualidade.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, Mauro Lopes. O MÉTODO DE EXAUSTÃO E SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO.
Universidade Católica de Brasília. Taguatinga – DF. Disponível em:
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Desenvolvimento do Cálculo. Trad. José Raimundo Braga Coelho. Editora Universidade de
Brasília: 1985.
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BRITO, Janilson Claydson Silva. O Cálculo Diferencial e Integral como ferramenta
interdisciplinar no Ensino Médio. Teresina: PROFMAT, 2013. Disponível em:
<http://www.seduc.pi.gov.br/arquivos/80089229.janilson_claydson_silva_brito.pdf>. (Acesso
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