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IMAGEMRepresentao mental de uma realidade sensvel que funciona como um recurso lingusticoem textos literrios, quando se faz a associao inconsciente ou indirecta de dois mundos ourealidades separadas no tempo eno espao. Nesta definio esto contidos os dois usosmais comuns da imagem no espao literrio: a possibilidade de reconstruo mental de umarealidade de que se pretende criar umefeito de verosimilana e a possibilidade deconstruo de um discurso feito de analogias e similitudes com padr!es conecidos. " termoimagemsignificava em latim #imago$ mais uma c%pia da realidade do que umarepresentao artstica, portanto, convencional e trabalada esteticamente. "s sbios gregosantigos falavam antes da ideia ou forma sensvel, que dizia mais respeito ao aspecto que umdado ob&ecto se nos representava mentalmente, o que envolvia domnios de abstraco.'odernamente associa(se ao conceito de imagemuma visualidade, logo umapercepo ob&ectiva e concreta, de que necessita para ser reconecida como tal e no seconfundir com impresso ou simples vestgio. ) importante acrescentar que a modernidadedoconceitodeimagemdizapenasrespeitoaopensamentodosfinaisdos*culo+,+eposterior,poisentreoRenascimentoeoRomantismo, oconceitodeimagemexigeumprocesso racional de identificao simb%lica entre dois ob&ectos, do tipo -a gua * como umcristal. ou-aguacristalina../enotar aindaqueaspo*ticasrom0nticasentendiamaimagem como simples representao no mental, mas refinada e sublimada na sua forma.1ara esta concepo, contriburam teorias como a de 2oleridge que distinguia entre smboloe alegoria e imaginao e fantasia, partindo do pressuposto de que no primeiro caso se tratade imagens -superiores., intelectualizadas e sublimadas, e no segundo caso, tido por-inferior., falamos apenas de imagens exteriores ao intelecto e presas 3 sensibilidadeimediatadascoisas. 4poesiados*culo++emparticular,evoluiupararepresenta!esmetaf%ricascomimagensdissimuladasousimplesmentesugeridas, semobedecer aumpadro comparativo que qualquer leitor menos informado literariamente pode reconecer deimediato. 5e&a(se a construo metaf%rica conseguida por 6ug*nio de 4ndrade no poemaseguinte, onde predominam imagens de identificao simb%lica entre o su&eito e as amoras:-" meu pas sabe as amoras bravas 7 no vero. 7 Ningu*m ignora que no * grande, 7 neminteligente, nem elegante o meu pas, 7 mas tem esta voz doce 7 de quem acorda cedo paracantar nas silvas. 7 Raramente falei do meu pas, talvez 7 nem goste dele, mas quando umamigo 7 me traz amoras bravas 7 os seus muros parecem(me brancos, 7 reparo que tamb*mno meu pas o c*u * azul. #-4s amoras., in O Outro Nome da Terra, 89::$. " efeito imagistano se d por correspond;ncias anal%gicas directas #amoras umaimagemconstruir(se(tamb*mdeacordocomumavisocultural epoltica do mundo. /e um ponto de vista estritamente literrio, a imagem participa nos conceitos demetfora, smile, comparao, alegoria e smbolo e em muitas figuras de pensamento quebaseiamasuacapacidadefigurativanacriaodeimagens. =maimagem, arigor,*aomesmotemposempreumametfora#aproximaoentreduascoisasdiferentes$eumadescrio #uma relao lingustica entre palavras para revelar uma viso do mundo, real ounoreal, representvel ouirrepresentvel pelaracionalidade$. Nestesentido, sovlidasexpress!es como imagem metafrica ou imagem simblica. /istinguir entre uma imagem eumametforapodeser difcil, quandoaceitamos queentreambas apenas existeumadiferena de intensidade est*tica #uma imagem simples como -o ?oo * um omem forte.no transporta a mesma intensidade de uma metfora como -o ?oo * um touro.$. @e aimagemfor-consci;nciadealgumacoisa.,comoprop!e?ean(1aul @artrenumdosmaiscompletos estudos sobre a imagem #Imagination, 89AB$, ento torna(se ainda mais difcildecidir qual adiferenaentreumaimagemeaquelasfigurasqueseservemdela. @eoprocesso psicol%gico * id;ntico na construo de uma metfora, de um smbolo e de umaimagem, por exemplo, ento o texto que abriga estas representa!es deve ser capaz de asdiferenciar pela capacidade que o escritor tem de registar por escrito, de uma forma original,uma viso do mundo. ) esta viso que o leitor vai partilar e reconecer.=ma das mais antigas fun!es ret%ricas reconecidas 3 figura da imagem * o retratoexemplar ou imago, de que ?esus 2risto pode ser ilustrao em qualquer literatura ocidental,onde aparece como modelo de comportamento, comcaractersticas intelectuais quetranscendem o omem comum. =ma imago forte como a de 2risto transforma(se sempre emmito, porque tem uma funo rituale mgica pr%pria de um ser superior, cu&a magnitudeer%ica * reconecida por vrias gera!es e durante vrios s*culos. 6ste tipo de imagemexemplar, que podemos encontrar em inCmeras personagens literrias de todos os temposcomo 4quiles, =lisses, 6neias, D*rcules, Eristo, ,solda, Featriz, /om Guixote, etc., * apenasuma representao particular e umana de uma realidade maior que a imago tamb*m podefigurar: o mundo. 4s imagens cosmol%gicas, como a cruz, a montana, o rio, o templo, etc.,so denominadas na tradio latina como imago mundi. " lugar representado numa imagomundi* sempre umapro&ecodomundo, emuitas vezes de ummundoidealizado,aperfeioado ou engrandecido at* aos limites da imaginao criativa. No se trata de umtoposclssico de uso limitado 3 literatura latina, pois * a poesia de todos os tempos, porexemplo, coneceu vis!es inspiradas de mundos idealizados a partir de uma matriz simples,como * o caso deste poema de ?os* Flanc de 1ortugal : -6u te louvo, % mundo, no teuespao 7 Gue atinge o c*u e o cont*m, 7 1or quem o tempo * 7 1or quem n%s somos 7 Nopor quem /eus * 7 'as no seu mist*rio renovado a cada instante 7 /ele * a imagem maior..#-"de 1rimria., in Cadernos de Poesia, nH B, 89IJ$. Guando a imagem que se pretendeconstruir * apenas do domnio do simb%lico, * possvel aproveitar a significao universal daexpresso imago mundipara conceder a toda uma obra a ideia de obra ecum*nica. Nestecaso, relembrando a enciclop*dia de Donorius ,nclusus, com o ttulo Imago mundi #c. 88KK$,* a pr%pria obra de arte que se apresenta como representao universal do conecimento,provavelmente a mais ampla das imagens que podemos construir imaginariamente. 2"'14R4LM"> N2"N6> ,'4O,N4LM"> ,'4O,@'"> '6EPQ"R4> @,ON"Fib.: 4ndreR "rtonS #ed.$: Metaphor and Thought#89:8$> O. 1. 2aprettini: -,magem., inEnciclopdia, 6inaudi, vol. A8 #899T$> 1ierre 2aminade:Image et mtaphore. Un problmede poti!ue contemporaine#89UK$> @idneS ?oelson @egal #ed.$: Imager"# Current Cogniti$e%pproaches#89U8$> V. ?. E. 'itcell:-Vat ,s an ,mageW., Ne& 'iterar" (istor"#89:T$> Volfgang2lemen: The)e$elopmentof *ha+espeare,sImager" #89UU$> Volfgang,ser:The %ct of -eading. % Theor" of %esthetic -esponse#89U:$.Fonte: Instituto Ita CulturalAcesso: 2 fev. 2013.


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