ÍNDICES DE PREÇOS
NA CADEIA DE ABASTECIMENTO ALIMENTAR
CEREAIS – PÃO E ALIMENTAÇÃO ANIMAL
4º RELATÓRIO
MAIO 2013
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
1
ÍNDICE
NOTA INTRODUTÓRIA ......................................................................................................................... 4
PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES ................................................................................................................. 5
CAPÍTULO I – FILEIRA DO TRIGO ............................................................................................................ 6
I.1 ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO NA FILEIRA DO TRIGO ............................... 6
I.2 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO NO PRODUTOR DO TRIGO .......................................... 9
I.3 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL NA FILEIRA DO TRIGO ............................. 12
CAPÍTULO II – FILEIRA DO MILHO ........................................................................................................ 16
II.1 ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO NA FILEIRA DO MILHO ........................... 16
II.2 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS NO PRODUTOR DE MILHO ........................................................... 19
II.3 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL NA FILEIRA DO MILHO ........................... 22
III NOTA METODOLÓGICA .................................................................................................................. 26
ANEXO: INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA ..................................................................................................... 29
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1. ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO TRIGO NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR ................... 7
GRÁFICO 2: ÍNDICES DE PREÇOS REAL DA FILEIRA DO TRIGO E CEREAIS NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR
(RÁCIO ENTRE OS ÍNDICES DE PREÇOS E OS ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMIDOR -TOTAL ............................... 8
GRÁFICO 3: EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE DA AGRICULTURA .. 9
GRÁFICO 4: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NO PRODUTOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DE ALGUNS CONSUMOS
INTERMÉDIOS .................................................................................................................................. 10
GRÁFICO 5: ÍNDICE DE PREÇOS DO TRIGO NO PRODUTOR E DO PREÇO IMPLÍCITO NAS IMPORTAÇÕES .............. 11
GRÁFICO 6: EVOLUÇÃO DO PREÇO MUNDIAL DE CEREAIS, PREÇO DO TRIGO NO PRODUTOR E NA INDÚSTRIA .... 12
GRÁFICO 7: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DA FARINHA NA INDÚSTRIA E O ÍNDICE DE PREÇOS DO TRIGO NO
PRODUTOR/PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS ........................................................................................... 13
GRÁFICO 8: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DO PÃO NA INDÚSTRIA E O ÍNDICE DE PREÇOS DA FARINHA NA
INDÚSTRIA ...................................................................................................................................... 14
GRÁFICO 9: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DO PÃO NO CONSUMIDOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DO PÃO NA
INDÚSTRIA ...................................................................................................................................... 14
GRÁFICO 10. ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO MILHO NO PRODUTOR E INDÚSTRIA ................................... 17
GRÁFICO 11: ÍNDICES DE PREÇOS REAL DA FILEIRA DO MILHO NO PRODUTOR E INDÚSTRIA (RÁCIO ENTRE OS
ÍNDICES DE PREÇOS E OS ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMIDOR -TOTAL ..................................................... 18
GRÁFICO 12: EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE DA AGRICULTURA
..................................................................................................................................................... 19
GRÁFICO 13: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NO PRODUTOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DE ALGUNS CONSUMOS
INTERMÉDIOS .................................................................................................................................. 20
GRÁFICO 14: ÍNDICE DE PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR E DO PREÇO IMPLÍCITO NAS IMPORTAÇÕES ........... 20
GRÁFICO 15: EVOLUÇÃO DO PREÇO MUNDIAL DE CEREAIS E PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE
CEREAIS E FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS ............................................................................ 22
GRÁFICO 16: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS E O ÍNDICE DE
PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR / PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS ........................................................... 23
GRÁFICO 17: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS E
O ÍNDICE DE PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR / PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS .......................................... 24
GRÁFICO 18: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS E
O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS ....................................................... 25
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3
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: ÍNDICES DE PREÇOS NA FILEIRA DO TRIGO E RESPETIVA TAXA DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL E TAXA
DE VARIAÇÃO EM 2005-2012 ........................................................................................................... 15
QUADRO 2: ÍNDICES DE PREÇOS NA FILEIRA DO MILHO E RESPETIVA TAXA DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL E TAXA
DE VARIAÇÃO EM 2005-2012 ........................................................................................................... 25
QUADRO A1: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO TRIGO:
PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR ............................................................................................... 29
QUADRO A2: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO MILHO:
PRODUTOR E INDÚSTRIA .................................................................................................................... 29
QUADRO A3: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE
CONSUMO CORRENTE NA AGRICULTURA – FILEIRA DO TRIGO ................................................................... 30
QUADRO A4: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE
CONSUMO CORRENTE NA AGRICULTURA – FILEIRA DO MILHO................................................................... 30
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. ESQUEMA DA FILEIRA DO TRIGO – PARA PÃO ................................................................. 6
FIGURA 2. ESQUEMA DA FILEIRA DO MILHO – ALIMENTAÇÃO ANIMAL ............................................. 16
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NOTA INTRODUTÓRIA
Por Despacho conjunto do Ministro da Economia e do Emprego e da Ministra da Agricultura,
do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (Despacho n.º 15480/2011, de
15/11/2011), foi criada a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia
Agroalimentar (PARCA), com a missão de promover a análise das relações entre os sectores de
produção, transformação e distribuição de produtos agrícolas, com vista ao fomento da
equidade e do equilíbrio na cadeia alimentar.
Nesse Despacho está previsto que a PARCA pode constituir subcomissões com missões
específicas. Assim, em 10 de Janeiro de 2012, a PARCA constituiu uma Comissão Técnica com o
objetivo de reforçar a transparência na cadeia alimentar.
Esta Comissão, apresentou as suas conclusões em 14/03/2012 (reunião extraordinária da
PARCA), fazendo o ponto da situação da informação e das lacunas existentes.
Concluiu-se que, sem prejuízo de se ter que obter informação mais completa sobre preços e
margens, se devia proceder a análises da evolução dos preços na produção, na indústria e no
consumidor, através dos índices de preços1 já disponíveis, publicando relatórios trimestrais a
partir de Maio de 2012.
Dando seguimento a essa orientação, o Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP), em
colaboração com a Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE), publica relatórios
trimestrais de Evolução dos Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar, que se baseiam em
informação disponibilizada pelo INE. O presente relatório refere-se á quarta edição da
publicação.
Estes relatórios divulgam e analisam informação relativa a índices de preços de bens
alimentares, procurando assim, contribuir para a melhoria da informação aos consumidores,
às autoridades públicas e aos operadores do mercado e consequentemente contribuir para a
transparência ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.
Esta edição compreende uma análise da informação relativa aos índices de preços da fileira do
trigo e do milho para o período 2005-2012. Abordar-se-á igualmente a evolução dos preços
dos principais custos de produção.
1 Com limitações inerentes à sua utilização (ver nota metodológica).
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PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES
• O trigo e o milho de origem nacional destinam-se, na sua maioria, ao mercado interno,
como matéria-prima das indústrias alimentares (moagem e alimentos compostos).
• No período 2005-2012 observou-se uma grande variabilidade dos preços internos ao
produtor do trigo e do milho, que são determinados pelos preços mundiais. A
produção interna de cereais revela-se insuficiente face às necessidades da indústria, o
que faz com que o setor cerealífero seja tomador de preços das tendências do
mercado mundial.
• Na fileira do trigo, a volatilidade nos preços ao produtor reflete-se na indústria de
moagem mas dilui-se à medida que se caminha para jusante, em consonância com a
diminuição da proporção do seu custo nos custos intermédios da indústria
(panificação) e da distribuição. Assim, as alterações verificadas nos preços pagos ao
produtor não se refletiram nos preços ao consumidor dos produtos à base de
transformados de trigo, que se apresentaram estáveis no período em observação.
• A volatilidade dos preços do milho repercutiu-se nas indústrias a jusante (indústrias de
moagem e de alimentos para animais), embora de modo atenuado, em particular nos
movimentos descendentes.
• Entre 2005 e 2012 verifica-se uma evolução aproximada, tanto nos movimentos
ascendentes como descendentes, do preço do trigo no produtor e do preço dos
fertilizantes, um dos consumos intermédios com maior peso na estrutura de custos da
produção.
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CAPÍTULO I – FILEIRA DO TRIGO
I.1 ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO NA FILEIRA DO TRIGO
De uma forma simplificada, a fileira do trigo inicia-se com a produção de trigo mole. O trigo
mole (nacional e importado2) destina-se sobretudo à indústria da moagem onde é
transformado em farinha (1ª transformação). É de sublinhar os recursos disponíveis de trigo
mole, trigo duro e mistura de trigo e centeio são essencialmente importados3. A farinha, na
sua maioria nacional4, é transportada para a indústria da panificação e transformada em pão e
outros bens (2ª transformação), que são posteriormente fornecidos ao comércio e vendidos ao
consumidor.
No gráfico 1 observa-se a evolução anual dos índices de preços, para o período 2005 a 2012,
da fileira do trigo ao nível do produtor5, das indústrias (1ª e 2ª transformação) e do
consumidor.
Neste documento, diferentemente da metodologia usada nos relatórios anteriores, utilizaram-
se índices de preços anuais (e não mensais) já que, em termos agrícolas, a oferta de trigo tem
um ciclo anual, concentrando-se num espaço de tempo relativamente curto durante o ano,
não se devendo tirar ilações de preços mensais não representativos da oferta.
2 (GPP, a partir de QRE2005, CN INE).
3 Cerca de 90%.
4 84% dos recursos disponíveis de farinha e sêmolas de cereais são produção nacional (GPP, a partir de QRE2005, CN INE).
5 A opção pela série dos índices de preços do trigo mole e espelta no produtor justifica-se pela maior utilização deste cereal na fabricação de pão.
Fonte: GPP
FIGURA 1. ESQUEMA DA FILEIRA DO TRIGO – PARA PÃO
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Da análise do gráfico, verifica-se o seguinte:
• Os preços no produtor apresentaram uma grande volatilidade6, com subidas e
descidas superiores a 50% de campanha para campanha, não se devendo, por esse
motivo, tirar ilações sobre uma tendência representativa do período 2005-2012, que
representam anos extremos do período.
• Os preços da indústria da moagem (1ª transformação) tiveram uma evolução anual
tendencialmente similar7 (coeficiente de correlação: 0,92) à dos preços no produtor,
embora com variações menos acentuadas.
6 A série dos índices de preços no produtor apresenta o maior coeficiente de variação da cadeia de abastecimento, 0,24 face a
0,15 na indústria da moagem, 0,06 na indústria da panificação e 0,07 no consumidor. 7 O recurso a coeficientes de correlação evidenciou uma forte correlação entre o produtor e indústria da moagem (0,92), entre a indústria da moagem e da panificação (0,84) e entre as indústrias e o consumidor (respetivamente 0,88 com a indústria da moagem e 0,97 com a indústria da panificação). A correlação revelou-se mais moderada entre o produtor e indústria da panificação e entre produtor e consumidor, 0,72 e 0,71, respetivamente.
Fonte: GPP, a partir de INE
GRÁFICO 1. ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO TRIGO NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Preço do trigo mole e espelta no produtor
Índústria da Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
Índústria da Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha
Pão e produtos de padaria e biscoitos (base 2008)
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• Os preços da indústria da panificação (2ª transformação) e no consumidor foram
relativamente estáveis, verificando-se uma forte correlação entre as evoluções destes
dois elos da fileira (0,97).
O trigo mole é apenas uma das matérias-primas desta fileira, pelo que o impacto do seu preço
vai-se diluindo ao longo da fileira, com a diminuição do seu peso nos custos a jusante, não se
podendo tirar conclusões sobre margens.
No gráfico 2 apresenta-se a evolução dos preços corrigidos do efeito da inflação, permitindo
evidenciar os movimentos de preços que diferem da evolução média da economia. Nota-se
que o comportamento dos preços foi superior à inflação para toda a fileira, destacando-se os
anos 2008 e 2012 com evoluções no produtor e indústria da moagem muito superiores à
inflação.
GRÁFICO 2: ÍNDICES DE PREÇOS REAL DA FILEIRA DO TRIGO NO PRODUTOR, INDÚSTRIA E
CONSUMIDOR (RÁCIO ENTRE OS ÍNDICES DE PREÇOS E OS ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMIDOR -TOTAL
Fonte: GPP, a partir de INE
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Preço do trigo mole e espelta no produtor
Índústria da Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
Índústria da Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha
Pão e produtos de padaria e biscoitos (base 2008)
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I.2 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO NO PRODUTOR DO TRIGO
No gráfico 3 podemos observar os índices de preços dos bens de consumo intermédio com
maior peso na estrutura de consumos ao nível do produtor agrícola. Os fertilizantes e os
serviços agrícolas representam 82,3% (sementeira direta) ou 87,4% (tradicional) dos consumos
intermédios da atividade agrícola8, apresentando os primeiros a maior volatilidade de preços
(0,25).
A análise da correlação indiciou existir uma relação moderada entre o preço no produtor e o
preço dos fertilizantes (0,74).
No gráfico 4 observa-se a relação entre o preço do trigo no produtor e de alguns custos
inerentes à atividade. Destaca-se uma ligeira deterioração dos preços do trigo relativamente
8 Segundo dados do GPP, os consumos intermédios pesam aproximadamente 87,3% na produção total. Os
consumos intermédios com maior peso na atividade são os fertilizantes (35,7% no trigo com sementeira direta e 30,2% no trigo tradicional) e os serviços agrícolas (46,6% no trigo com sementeira direta e 57,2% no trigo tradicional), que incluem o aluguer de máquinas, perfazendo 82,3% (sementeira direta) ou 87,4% (tradicional) do total de consumos.
GRÁFICO 3: EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE DA
AGRICULTURA
Fonte: GPP, a partir de INE
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Preço do trigo mole e espelta no produtor
Preço dos fertilizantes
Preço implícito nos serviços agrícolas
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ao preço dos fertilizantes (o preço do trigo cresceu 8,7% ao ano e o preço dos fertilizantes
9,1% média anual), um dos consumos intermédios com maior peso.
Embora os preços dos consumos intermédios tenham algum efeito sobre o preço no produtor,
o preço de venda do trigo no mercado interno é determinado pelos preços internacionais,
funcionando o país como tomador de preços. Por observação do gráfico 5, nota-se uma
evolução similar9 dos preços interno e das importações.
9 A análise de correlação revela uma correlação forte entre o preço no produtor e preço implícito na importação
(coef. de correlação 0,98).
GRÁFICO 4: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NO PRODUTOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DE ALGUNS
CONSUMOS INTERMÉDIOS
Fonte: GPP, a partir de INE
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Linear (preço produtor/Fertilizantes)
Linear (preço produtor/serviços agrícolas)
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Preço do trigo mole e espelta no produtor
Preço implícito na importação de espelta, trigo mole e mistura de trigo com centeio (excepto parasementeira)
GRÁFICO 5: ÍNDICE DE PREÇOS DO TRIGO NO PRODUTOR E DO PREÇO IMPLÍCITO NAS IMPORTAÇÕES
Fonte: GPP, a partir de INE
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I.3 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL NA FILEIRA DO TRIGO
O trigo e a respetiva farinha constituem alguns dos principais custos de produção da indústria
da moagem e da panificação, respetivamente.
INDÚSTRIA DE 1ª TRANSFORMAÇÃO (INDÚSTRIA DA MOAGEM)10
O trigo11 é um dos cereais que constitui consumo intermédio da indústria da moagem e
provém predominantemente do exterior. A evolução do preço na indústria será assim
influenciada pelo comportamento do preço mundial dos cereais, e do trigo em particular, que
tem apresentado grande volatilidade.
Destacam-se as evoluções muito correlacionadas (0,98) do preço mundial dos cereais e do
preço na 1ª transformação (indústria da moagem). Em particular, as evoluções do preço do
trigo no produtor e do preço implícito na importação apresentam, também, correlações
elevadas, (0,98).
10 Uma vez que não existe informação disponível no INE apenas para a indústria da transformação de cereais,
analisou-se a evolução do preço que agrega a indústria da transformação de cereais e de leguminosas, de fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins. 11
Em 2005, o trigo representava quase metade dos consumos intermédios da indústria da transformação de cereais. GPP, a partir de QRE 2005, CN INE.
GRÁFICO 6: EVOLUÇÃO DO PREÇO MUNDIAL DE CEREAIS, PREÇO DO TRIGO NO PRODUTOR E NA INDÚSTRIA
Fonte: GPP, a partir de INE e FAO
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Preço do trigo mole e espelta no produtor
Preço na Índústria da Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
Preço mundial dos cereais
Preço implícito na importação de espelta, trigo mole e mistura de trigo com centeio (excepto para sementeira)
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INDÚSTRIA DE 2ª TRANSFORMAÇÃO (INDÚSTRIA DA PANIFICAÇÃO)12
Na indústria da panificação, a farinha de trigo é um dos consumos intermédios da indústria13e
é maioritariamente de origem nacional. A evolução do preço da indústria estará, assim,
relacionada com preço farinha da indústria da moagem, apresentando uma correlação elevada
(0,84).
RELAÇÃO DE TROCA ENTRE PRODUÇÃO (E MERCADO MUNDIAL DE CEREAIS) E INDÚSTRIA DA MOAGEM
No gráfico 7 observa-se os rácios entre o preço da farinha e do trigo no mercado
nacional/preço mundial dos cereais, que apresentam uma diminuição.
RELAÇÃO DE TROCA ENTRE A INDÚSTRIA DA MOAGEM E A INDÚSTRIA DA PANIFICAÇÃO
No gráfico 8 observa-se a relação entre o preço do pão à saída da indústria da panificação (2ª
tranf.) e da farinha na indústria da moagem (1ª tranf.). A tendência revela-se decrescente,
evidenciando uma deterioração dos preços da indústria da panificação face à indústria da
moagem (o preço da farinha na indústria da moagem cresceu 5,2% média anual e o preço do
pão à saída da indústria da panificação 2,5% ao ano).
12 Como não existe informação disponível no INE apenas para a indústria da fabricação de pão, analisou-se a
evolução do preço que agrega a indústria da fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha. 13
As farinhas de cereais representavam 17% dos consumos intermédios da indústria da fabricação de produtos de padaria (GPP, a partir de QRE2005, CN INE).
GRÁFICO 7: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DA FARINHA NA INDÚSTRIA E O ÍNDICE DE PREÇOS DO
TRIGO NO PRODUTOR/PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS
Fonte: GPP, a partir de INE
Quociente entre o índice de preços na indústria da transformação de cereais e do trigo no produtor
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Quociente entre o índice de preços na indústria da transformação de cereais e o preço mundial de cereais
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
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RELAÇÃO DE TROCA ENTRE A INDÚSTRIA DA PANIFICAÇÃO E A DISTRIBUIÇÃO
GRÁFICO 8: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DO PÃO NA INDÚSTRIA E O ÍNDICE DE PREÇOS DA
FARINHA NA INDÚSTRIA
Fonte: GPP, a partir de INE
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
GRÁFICO 9: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS DO PÃO NO CONSUMIDOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DO
PÃO NA INDÚSTRIA
Fonte: GPP, a partir de INE
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
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Maio de 2013
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No gráfico 9 observa-se a relação entre o preço do pão no consumidor e do pão à saída da
indústria da panificação. Nota-se uma estabilidade na relação entre os preços do pão à saída
da fábrica e do pão no consumidor (o preço do pão à saída da indústria cresceu 2,5% média
anual e o preço do pão no consumidor 2,6% ao ano).
QUADRO 1: ÍNDICES DE PREÇOS NA FILEIRA DO TRIGO E RESPETIVA TAXA DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL E
TAXA DE VARIAÇÃO EM 2005-2012
Fonte: GPP, a partir de INE
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
taxa de crescimento
médio anual 2005-
2012 (%)
taxa de variação
2005-2012 (%)
Preço das sementes e plantas 100,0 98,1 99,1 101,8 105,2 103,1 108,3 120,8 2,7 20,8
Preço da energia e lubrificantes 100,0 109,6 112,7 130,4 109,2 125,2 144,4 153,5 6,3 53,5
Preço dos fertilizantes 100,0 108,6 117,8 194,0 172,6 149,4 180,6 183,6 9,1 83,6
Preço dos produtos de protecção das culturas 100,0 100,4 103,2 122,6 150,2 145,5 152,7 156,7 6,6 56,7
Preço implícito nos serviços agrícolas 100,0 103,1 105,6 108,3 110,4 112,3 113,7 113,7 1,9 13,7
Preço mundial dos cereais 100,0 113,9 147,3 192,6 150,4 150,7 183,2 176,6 8,5 76,6
Preço implícito na importação de espelta, trigo mole e
mistura de trigo com centeio (excepto para sementeira)100,0 110,0 151,2 176,9 122,2 137,1 183,0
Preço do trigo mole e espelta no produtor 100,0 95,4 144,8 166,4 111,8 121,6 165,7 178,8 8,7 78,8
Preço na indústria da moagem 1 100,0 98,6 119,1 147,7 124,4 120,6 142,8 142,9 5,2 42,9
Preço na indústria da panificação 2 100,0 102,4 105,1 111,0 112,5 113,7 116,8 119,2 2,5 19,2
Preço do pão e produtos de padaria e biscoitos (base 2008) 100,0 102,7 107,3 116,9 117,0 116,6 118,2 120,0 2,6 20,0
IPC Economia (base 2008) 100,0 103,1 105,6 108,4 107,5 109,0 113,0 116,1 2,2 16,1
1 - indústria da transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
2 - indústria da fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
16
CAPÍTULO II – FILEIRA DO MILHO
II.1 ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO NA FILEIRA DO MILHO
De forma simplificada, o milho (nacional e importado) pode destinar-se ao produtor pecuário,
onde é consumido diretamente na exploração (alimento simples), à indústria da moagem,
onde é transformado em farinha (simples ou composta) ou sêmolas de cereais, ou à indústria
da fabricação de alimentos para animais. A produção nacional de milho assegura um terço
das necessidades internas14.Neste último caso, o milho e a farinha/sêmolas, resultantes
respetivamente da produção de milho e da indústria da moagem, podem ser utilizados na
fabricação de alimentos para animais.
A fileira do milho é abordada neste relatório de forma parcial, da produção de milho até à
fabricação de alimentos para animais15.
14 32,4% do milho é nacional (QRE 2005, CN - INE).
15 A fileira do milho prossegue com o consumo de alimentos para animais pela pecuária e termina com o consumo de carne no
consumidor. As etapas presentes entre a produção pecuária e o consumo de carne no consumidor já foram abordadas no relatório sobre a fileira da carne de porco (2º relatório PARCA).
Fonte: GPP
FIGURA 2. ESQUEMA DA FILEIRA DO MILHO – ALIMENTAÇÃO ANIMAL
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
17
No gráfico 10 observa-se a evolução anual dos índices de preços, para o período 2005 a 2012,
da fileira do milho ao nível do produtor e das indústrias16 (indústria da moagem e indústria da
fabricação de alimentos para animais).
A evolução dos preços no produtor caracterizou-se por uma acentuada volatilidade17. Esta
variabilidade repercutiu-se nas indústrias a jusante, embora de modo atenuado, em particular
nos movimentos descendentes, e com desfasamento temporal18. Os preços nas indústrias de
moagem e de alimentos para animais evoluíram de forma similar, apresentando uma forte
correlação19.
16 A indústria da transformação de cereais inclui transformação de cereais e leguminosas (que inclui a moagem de cereais: compreende a produção de farinhas (simples ou compostas) e de sêmolas de cereais, incluindo sêmolas de milho - gritz) e fabricação de amidos, féculas e produtos afins. A indústria da fabricação de alimentos para animais inclui fabricação de alimentos para animais de criação (que inclui a fabricação de pré-misturas: compreende a mistura de aditivos ou a mistura de aditivos com matérias-primas, para incorporação nos alimentos para animais; inclui a fabricação de alimentos para animais de criação: compreende a fabricação de alimentos para suínos, bovinos, aves e de outros animais de criação e inclui tratamento de subprodutos de matadouros para alimentação destes animais) e de companhia (CAE Rev.3, INE). 17
A série dos índices de preços no produtor apresenta o maior coeficiente de variação da cadeia de abastecimento, 0,17 face a 0,15 na indústria da transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins e 0,13 na indústria da fabricação de alimentos para animais. 18
O desfasamento anual observado na evolução dos preços nas indústrias relativamente à evolução dos preços no produtor
deverá ser interpretado com prudência pois poderá decorrer da metodologia de apuramento dos preços anuais a partir de preços mensais. 19
As correlações revelaram-se fortes entre as indústrias (0,95).
Fonte: GPP, a partir de INE
GRÁFICO 10. ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO MILHO NO PRODUTOR E INDÚSTRIA
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Preço do milho (grão) no produtor
Preço na indústria da transformação de cereais
Preço na indústria fabricação de alimentos para animais
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18
No gráfico 11 apresenta-se a evolução dos preços corrigidos do efeito da inflação. De modo
geral, os preços foram superiores à inflação para toda a fileira.
GRÁFICO 11: ÍNDICES DE PREÇOS REAL DA FILEIRA DO MILHO NO PRODUTOR E INDÚSTRIA (RÁCIO
ENTRE OS ÍNDICES DE PREÇOS E OS ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMIDOR –TOTAL)
Fonte: GPP, a partir de INE
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Preço do milho (grão) no produtor
Preço na indústria da transformação de cereais
Preço na indústria de fabricação de alimentos para animais
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II.2 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS NO PRODUTOR DE MILHO
No gráfico 12 podemos observar os índices de preços dos bens de consumo corrente com
maior peso na estrutura de consumos ao nível do produtor. Os fertilizantes e as sementes
representam cerca de 44,8% dos consumos intermédios da atividade agrícola20 possuindo os
fertilizantes a maior volatilidade de preços (0,25).
A análise da correlação indiciou existir uma relação forte entre o preço no produtor e o preço
dos fertilizantes21.
No gráfico 12 observa-se a relação entre o preço do milho no produtor e de alguns custos
inerentes à atividade. Destaca-se uma deterioração dos preços do milho relativamente ao
preço dos fertilizantes (o preço do milho cresceu 7,9% ao ano e o preço dos fertilizantes 9,1%
média anual), um dos consumos intermédios com maior peso.
20 Segundo dados GPP, os consumos intermédios pesam 57% na produção total. Entre estes, os que apresentam
maior peso na atividade são os fertilizantes (27,3%) e as sementes (17,5%), perfazendo 44,8% do total de consumos. 21
A análise de correlação evidenciou uma forte correlação entre o preço no produtor e o preço dos fertilizantes (0,84).
GRÁFICO 12: EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE DA
AGRICULTURA
Fonte: GPP, a partir de INE
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Preço do milho (grão) no produtor
Preço das sementes e plantas
Preço dos fertilizantes
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Preço do milho (grão) no produtor
Preço implícito na importação de milho (exceto para sementeira)
GRÁFICO 14: ÍNDICE DE PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR E DO PREÇO IMPLÍCITO NAS
IMPORTAÇÕES
Fonte: GPP, a partir de INE
GRÁFICO 13: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NO PRODUTOR E O ÍNDICE DE PREÇOS DE ALGUNS
CONSUMOS INTERMÉDIOS
Fonte: GPP, a partir de INE
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Linear (preço produtor/Sementes e plantas)
Linear (preço produtor/fertilizantes)
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
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21
No gráfico 14 é possível observar a evolução do preço no produtor de milho e o preço implícito
das importações de milho. Nota-se uma evolução tendencialmente similar, embora com
desfasamento temporal22.
22 Ver nota 16.
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
22
II.3 ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL NA FILEIRA DO MILHO
O milho constitui um dos principais custos de produção da indústria da moagem e da
fabricação de alimentos para animais.
O milho em grão pode ser utilizado de forma direta na alimentação animal ou como consumo
intermédio da indústria da moagem (transformação 123), ou da indústria da fabricação de
alimentos para animais (transformação 224), da qual constitui um dos principais custos de
produção25 na produção de pré-misturas e alimentos para animais de criação (produtos de
segunda transformação).
23 Em 2011, segundo a IACA, os produtos e subprodutos de grãos de cereais provenientes da indústria da moagem pesavam 8%
no consumo de matérias-primas da indústria de fabricação de alimentos para animais. 24 Segundo a IACA (2011), os grãos de cereais pesavam 58% no consumo de matérias-primas da indústria de fabricação de alimentos para animais. 25 O milho representa 11% dos consumos intermédios da indústria da moagem e 18% dos consumos intermédios da indústria da fabricação de alimentos para animais.
GRÁFICO 15: EVOLUÇÃO DO PREÇO MUNDIAL DE CEREAIS E PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS
E FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS
Fonte: GPP, a partir de INE e FAO
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Preço na indústria da transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
Preço na indústria fabricação de alimentos para animais
Preço mundial dos cereais
Preço implícito na importação de milho
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
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23
O milho provém maioritariamente do mercado externo, portanto, a evolução do preço nas
indústrias (moagem e fabricação de alimentos para animais) poderá estar relacionada com o
comportamento do preço mundial dos cereais26, que tem apresentado grande volatilidade.
Como se pode observar no gráfico 15 a evolução dos preços nas indústrias (moagem e
fabricação de alimentos para animais) e do preço mundial dos cereais é similar, explicitada nos
elevados graus de correlação27, assim como com a evolução do preço implícito nas
importações28 de milho.
RELAÇÃO DE TROCA ENTRE PRODUÇÃO (E MERCADO MUNDIAL DE CEREAIS) E INDÚSTRIA DA MOAGEM
No gráfico 16 observa-se a relação entre o preço na indústria da moagem e do milho no
mercado nacional/preço mundial dos cereais (respetivamente 7,9% e 8,5% ao ano, e o preço
na indústria apenas 5,2% média anual).
26 A análise de correlação evidenciou uma forte correlação entre o preço mundial dos cereais e indústrias (0,98 com
a indústria da transformação e 0,92 com a indústria da fabricação de alimentos para animais). 27
A análise de correlação revela uma forte correlação entre o preço no produtor e o preço nas indústrias (0,98 com a indústria da moagem e 0,92 com a indústria da fabricação de alimentos para animais). 28
A evolução da importação de milho, em volume, traduziu-se num aumento de 23,4% (média anual: 3,6%) no período 2005-2011. Mas em valor a tendência é mais acentuada, registando-se um aumento de 115,6% (média anual: 13,7%) no mesmo período. O contraste verificado entre as evoluções, em valor e em volume, deveu-se à forte volatilidade dos preços do milho.
GRÁFICO 16: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS E O
ÍNDICE DE PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR / PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS
Fonte: GPP, a partir de INE
Quociente entre o índice de preços na indústria de transformação de cereais e do milho no produtor
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24
RELAÇÃO DE TROCA ENTRE PRODUÇÃO (E MERCADO MUNDIAL DE CEREAIS) E INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE
ALIMENTOS PARA ANIMAIS
O rácio entre o preço na indústria de fabricação de alimentos para animais e do milho no
mercado nacional/preço mundial dos cereais acompanha a tendência de uma deterioração do
preço dos alimentos para animais face ao preço do milho no produtor/preço dos cereais no
mercado mundial (os preços do milho no produtor e dos cereais no mercado mundial
cresceram respetivamente 7,9% e 8,5% ao ano e o preço dos alimentos para animais 5,6%
média anual).
RELAÇÃO DE TROCA ENTRE A INDÚSTRIA DA MOAGEM E A INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA
ANIMAIS
No gráfico 18 observa-se a relação entre o preço à saída da indústria de fabricação de
alimentos para animais e da moagem. Nota-se uma estabilidade na relação entre o preço da
farinha e dos preços dos alimentos à saída da fábrica (o preço dos alimentos à saída da
indústria cresceu 5,6% média anual e o preço da farinha 5,2% ao ano).
GRÁFICO 17: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA
ANIMAIS E O ÍNDICE DE PREÇOS DO MILHO NO PRODUTOR / PREÇO MUNDIAL DOS CEREAIS
Fonte: GPP, a partir de INE
Quociente entre o índice de preços na fabricação de alimentos para animais e do preço mundial dos cereais
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GRÁFICO 18: RÁCIO ENTRE O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA FABRICAÇÃO DE ALIMENTOS PARA
ANIMAIS E O ÍNDICE DE PREÇOS NA INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS
Fonte: GPP, a partir de INE
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QUADRO 2: ÍNDICES DE PREÇOS NA FILEIRA DO MILHO E RESPETIVA TAXA DE CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL E
TAXA DE VARIAÇÃO EM 2005-2012
Fonte: GPP, a partir de INE
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
taxa de crescimento
médio anual 2005-
2012 (%)
taxa de variação
2005-2012 (%)
Preço das sementes e plantas 100,0 98,1 99,1 101,8 105,2 103,1 108,3 120,8 2,7 20,8
Preço da energia e lubrificantes 100,0 109,6 112,7 130,4 109,2 125,2 144,4 153,5 6,3 53,5
Preço dos fertilizantes 100,0 108,6 117,8 194,0 172,6 149,4 180,6 183,6 9,1 83,6
Produtos de protecção das culturas 100,0 100,4 103,2 122,6 150,2 145,5 152,7 156,7 6,6 56,7
Preço mundial dos cereais 100,0 113,9 147,3 192,6 150,4 150,7 183,2 176,6 8,5 76,6
Preço implícito na importação de milho 100,0 110,2 128,3 148,1 115,4 132,7 174,7
Preço do milho (grão) no produtor 100,0 113,5 154,8 107,9 100,1 143,2 147,1 169,8 7,9 69,8
Preço na indústria da moagem 1 100,0 98,6 119,1 147,7 124,4 120,6 142,8 142,9 5,2 42,9
Preço na indústria fabricação de alimentos para
animais100,0 101,5 114,8 132,3 118,5 119,8 137,0 146,0 5,6 46,0
IPC Economia 100,0 103,1 105,6 108,4 107,5 109,0 113,0 116,1 2,2 16,1
1 - indústria da transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
26
III NOTA METODOLÓGICA
O acompanhamento da evolução dos preços recorre a índices de preços que possibilitam a
comparação das dinâmicas evolutivas das séries temporais de uma forma clara e imediata
facilitando a sua compreensão e a deteção de variações sazonais características.
Contudo, existem limitações inerentes à sua utilização. É oportuno salientar para o fato de não
se estar a analisar margens, uma vez que para os sectores da indústria e comércio alimentar
não se dispõe de informação sobre custos de produção para o período em análise.
A análise baseou-se, essencialmente, em informação disponibilizada pelo INE. De seguida
apresentam-se os principais conceitos utilizados na análise.
COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO
O coeficiente de correlação mede o grau de associação linear entre duas variáveis, podendo
assumir valores negativos, caso as evoluções sejam divergentes, ou positivos, no caso de
evoluções no mesmo sentido. Quanto mais próximo da unidade, em valor absoluto, maior a
proximidade das respetivas evoluções, considerando existir correlação a partir de 0,75, em
valor absoluto.
No caso da análise de evolução de preços, assumindo que o coeficiente de correlação é
positivo, isto é, que as duas series de preços evoluem no mesmo sentido que é situação mais
comum, quanto maior a correlação maior a repercussão entre os preços ao longo da cadeia,
assim como, maior a manutenção das margens brutas. Se o coeficiente apresentar um valor
negativo, significa uma evolução divergente entre os preços, poderá por exemplo evidenciar
introdução de produtos importados no mercado. Este indicador é idêntico quando calculado a
partir dos índices de preços ou dos níveis de preços.
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO
O coeficiente de variação é uma medida relativa de dispersão para um conjunto de dados,
definida como o quociente entre o desvio-padrão e a média, ou seja, mede a dispersão dos
resultados face à média, e contrariamente ao desvio-padrão permite comparar a dispersão de
duas distribuições podendo ser usada para medir volatilidade de uma série. Quanto maior o
coeficiente de variação de uma série maior a sua volatilidade. Este indicador é idêntico quando
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
27
calculado a partir dos índices de preços ou dos níveis de preços.
ÍNDICES DE PREÇOS NO PRODUTOR POR PRODUTO AGRÍCOLA
Indicador económico que mede a evolução dos preços de primeira venda pelo
agricultor/produtor, à saída da exploração agrícola/unidade produtiva, excluindo subsídios ao
produto e incluindo prémios de qualidade (sempre que existam) e impostos, exceto o IVA
dedutível. (Fonte: a partir de INE/ Eurostat).
ÍNDICES HARMONIZADO DE PREÇOS NO CONSUMIDOR POR CONSUMO INDIVIDUAL POR OBJETIVO
Indicador que mede as variações dos preços de aquisição de bens e serviços de consumo,
utilizados ou pagos pelas famílias. O IHPC resulta dos Índices de Preços no Consumidor (IPC) a
nível da UE, calculados de acordo com uma abordagem harmonizada e com um conjunto único
de definições que possibilita comparações entre os diferentes países da União Europeia.
(Fonte: a partir de INE/ Eurostat).
ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Indicador económico que mede a evolução dos preços que o produtor industrial recebe do
adquirente de um bem produzido, deduzido dos impostos a pagar relativamente a esse bem,
em consequência da sua produção ou venda, e acrescido de qualquer subsídio a receber
relativamente a esse bem, em consequência da sua produção ou venda. Não engloba despesas
de transporte faturadas à parte pelo produtor industrial, mas inclui as margens de transporte
cobradas pelo produtor industrial na mesma fatura (Fonte: a partir de INE).
ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMIDOR
Indicador que mede a evolução, no tempo, dos preços de um conjunto de bens e serviços
considerados representativos da estrutura de consumo da população residente em Portugal. O
IPC é definido como um índice encadeado de tipo Laspeyres, isto é, um indicador da variação
dos preços de um painel de produtos transacionados no mercado nacional, assumindo
quantidades e qualidade constantes. O indicador corresponde deste modo ao rácio entre o
custo de aquisição de um conjunto de bens e serviços de qualidade constante e em quantidade
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
28
fixa em dois momentos diferentes no tempo (Fonte: a partir de INE/Eurostat).
ÍNDICES DE PREÇOS REAL
O índice de preços real traduz a evolução corrigida pela evolução geral dos preços (inflação).
Resulta do rácio entre o índice de preços e o índice de preços ao consumidor total.
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
29
ANEXO: INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA
QUADRO A1: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO
TRIGO: PRODUTOR, INDÚSTRIA E CONSUMIDOR
Fonte: GPP a partir de INE
ProdutorIndústria
Transformação
Indústria
FabricaçãoConsumidor
Preço mundial dos cereais 92,6 0,21 0,89 0,98
Preço implícito nas importações de
espelta, trigo mole e mistura de trigo com
centeio (excepto para sementeira) entre
2000 e 2011
83,0 0,23 0,98 0,92
Preço do trigo mole e espelta no produtor 83,5 0,24 1,00 0,92 0,72 0,71
Preço na indústria da Transformação de
cereais e leguminosas; fabricação de
amidos, de féculas e de produtos afins
49,1 0,15 1,00 0,84 0,88
Preço na indústria da Fabricação de
produtos de padaria e outros produtos à
base de farinha
19,2 0,06 1,00 0,97
Preço do Pão e produtos de padaria e
biscoitos20,0 0,07 1,00
Amplitude do índiceCoeficiente de
variação
Coeficiente de correlação
QUADRO A2: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DA FILEIRA DO
MILHO: PRODUTOR E INDÚSTRIA
Fonte: GPP a partir de INE
ProdutorIndústria
Transformação
Indústria
Fabricação
Preço mundial dos cereais 92,6 0,21 0,98 0,92
Preço implícito na importação de milho 74,7 0,19 0,56 0,87 0,93
Preço do milho (grão) no produtor 69,8 0,21 1,00 0,42 0,60
Preço na indústria da transformação de
cereais e leguminosas; fabricação de amidos,
de féculas e de produtos afins
49,1 0,15 1,00 0,95
Preço na indústria da fabricação de alimentos
para animais46,0 0,13 1,00
Amplitude do índiceCoeficiente de
variação
Coeficiente de correlação
4º Relatório - Índices de Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar
Maio de 2013
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Fonte: GPP, a partir de INE
QUADRO A4: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE
ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE NA AGRICULTURA – FILEIRA DO MILHO
Coeficiente de
correlação com Produtor
Preço das Sementes e plantas 22,7 0,07 0,60
Preço da Energia e lubrificantes 53,5 0,15 0,70
Preço dos fertilizantes 94,0 0,25 0,22
Preço dos Produtos de protecção das culturas 56,7 0,19 0,40
Amplitude do índiceCoeficiente de
variação
QUADRO A3: INDICADORES ESTATÍSTICOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇOS DE
ALGUNS BENS DE CONSUMO CORRENTE NA AGRICULTURA – FILEIRA DO TRIGO
Fonte: GPP, a partir de INE
Coeficiente de
correlação com Produtor
Preço das Sementes e plantas 22,7 0,07 0,66
Preço da Energia e lubrificantes 53,5 0,15 0,88
Preço dos fertil izantes 94,0 0,25 0,74
Preço dos Produtos de protecção das
culturas56,7 0,19 0,51
Preço implícito nos serviços agrícolas 13,7 0,05 0,66
Amplitude do índiceCoeficiente de
variação