Entrevista Pesquisa da Enfa. Mestre Carmen Eulalia Pozzer propõe mudança de paradigma no CME
Opinião do EspecialistaProfa. Dra. Paulina Kurcgant discorre sobre gerenciamento de Enfermagem
Controle é complexo e requer a integração de uma série de medidas preventivas
Infecção de sítio cirúrgico
Ano IV • Nº 15 • Jul-Set/2017
Matriz: Rua Itaúna, 418 | Vila Maria - São Paulo/SP | Fone: 55 (11) 2631-8562
Mais informações: [email protected]
A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO PRECISA PARA UM PROCEDIMENTO BEM SUCEDIDO!Linha de monitoramento de temperatura DeRoyal
A temperatura é um sinal vital
que requer controle rigoroso
e seguro, principalmente na
assistência prestada aos pa-
cientes durante sua internação.
A DeRoyal desenvolveu uma li-
nha de sensores com alta tec-
nologia, projetada para atender
com qualidade, o monitoramen-
to da temperatura corpórea.
Editorial 4Bem-vinda, nova presidente!
Agenda 6Programação de eventos
Revista SOBECC 6Artigos publicados na edição de setembro de 2017
Giro de notícias 7Destaques da SOBECC Nacional
Eleição 10Giovana de Abrahão Araújo Moriya assume
presidência da SOBECC Nacional
Opinião do Especialista 12A Profa. Dra. Paulina Kurcgant discorre sobre
gerenciamento de Enfermagem
Entrevista 14A Enfermeira Mestre Carmen Eulalia Pozzer
comprova em sua pesquisa que produtos para
saúde termodesinfetados podem ser armazenados
Especial 16Infecção de sítio cirúrgico e
novas recomendações da OMS
AORN 24Ferramentas para melhoria no controle de tráfego
Bem-Estar 27Empatia como habilidade essencial
do mundo moderno
Fora da profissão 28Voluntariado como propósito de vida
Resenha 30Simulação realística e habilidades na saúde
nesta edição
EXPEDIENTEDiretoria da SOBECC - Gestão 2015-2017
Presidente: Márcia Hitomi Takeiti • Vice-presidente: Lígia Garrido Calicchio • Primeira-secretária: Simone Garcia Lopes • Segunda-secretária: Fernanda Patrícia dos Santos • Primeira-tesoureira: Maria Lucia Leite Ribeiro • Segunda-tesoureira: Liraine Laura Farah Diretora do Conselho Fiscal: Kátia Aparecida Ferreira de Almeida • Membro do Conselho Fiscal: Mariângela Belmonte Ribeiro • Membro do Conselho Fiscal: Mércia Pacheco • Diretora da Comissão de Assistência: Marcia Cristina Pereira • Membro da Comissão de Assistência: Ana Lucia Gargione Sant´Anna • Membro da Diretoria da Comissão de Assistência: Vanessa de Brito Poveda Diretora da Comissão de Educação: Giovana Abrahão de Araújo Moriya • Membro da Diretoria de Educação: Rafael Bianconi • Membro da Comissão de Educação: Simone Maria Marciano Montoro Garcia • Diretora da Comissão de Publicação e Divulgação: Elena Bohomol Membro Comissão de Publicação e Divulgação: Eliane da Silva Grazziano • Membro da Comissão de Publicação e Divulgação: Ana Lucia de Mattia Diretora de Eventos Regionais: Andréa Alfaya Acunã.
Órgão oficial da Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização.
Comissão de Publicação e Divulgação – Diretora: Dra. Elena Bohomol (Escola Paulista de Enfermagem – UNIFESP) • Membros: Dra. Eliane da Silva Grazziano (Universidade federal de São Carlos – UFSCAR) e Dra. Ana Lúcia de Mattia (Universidade Federal Minas Gerais – UFMG).
Equipe Técnica – Coordenação: Sirlene Aparecida Negri Glasenapp Redação: Andrea Fagundes (MTb 40.376) e Evelina Fyskatoris (MTb 46.219) • Revisão: Profa Dra Rachel de Carvalho • Projeto Gráfico: Ivan Goersch • Produção Gráfica: Ivan Goersch • Secretária: Maria Elizabeth Jorgetti • Claudia Martins Stival • Tiragem: 6.000 exemplares Impressão: Editora Referência Ltda.
A SOBECC com Você é uma publicação trimestral da SOBECC, dirigida a profissionais de Enfermagem do Bloco Operatório, com o objetivo de divulgar notícias, eventos, cases, boas práticas de assistência à saúde, ideias, opiniões e lançamentos de produtos para área. A reprodução parcial ou total de qualquer matéria desta edição só é permitida mediante autorização.
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A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO PRECISA PARA UM PROCEDIMENTO BEM SUCEDIDO!Linha de monitoramento de temperatura DeRoyal
A temperatura é um sinal vital
que requer controle rigoroso
e seguro, principalmente na
assistência prestada aos pa-
cientes durante sua internação.
A DeRoyal desenvolveu uma li-
nha de sensores com alta tec-
nologia, projetada para atender
com qualidade, o monitoramen-
to da temperatura corpórea.
SOBECC com Você 3
Marcia Hitomi Takeiti
Presidente da SOBECC Nacional
Gestão 2015/2017
Bem-vinda, nova presidente!Durante duas gestões consecutivas na presidência da SOBECC
Nacional utilizei este editorial para estar perto de você, conversar so-
bre as iniciativas do período para promoção da nossa classe e, so-
bretudo, para disseminar o conhecimento, pois acreditamos que é
essa a forma pela qual seguiremos no caminho da excelência da as-
sistência à saúde.
Aproveito este espaço para me despedir e dar as boas-vindas à nova
presidente da Associação, Giovana Abrahão de Araújo Moriya, que
está conosco desde 2001, passando pela gestão de várias diretorias.
Com seu histórico junto à SOBECC Nacional somado à ampla ex-
periência profissional na Enfermagem Perioperatória, Giovana assu-
me a presidência com o propósito que desejamos e temos lutado:
continuar engajando os profissionais a aprimorar suas competên-
cias e elevar cada vez mais a qualidade da saúde, visando a seguran-
ça do paciente.
Conhecendo o time da gestão 2017-2019, do qual também faço par-
te, e a sua dedicação, certamente, a SOBECC Nacional continua-
rá protagonizando no cenário perioperatório brasileiro, promoven-
do as melhores práticas.
Nesse aspecto, estamos muito contentes com o aumento das pes-
quisas científicas que vêm contriuindo para melhoria dos nossos pro-
cessos. A Enfa. Ms. Carmen Eulália Pozzer acaba de concluir uma
pesquisa de dissertação de mestrado, que trará uma mudança de pa-
radigma no CME. Confira na seção “Entrevista”. Leia também a opinião
da especialista Profa. Dra. Paulina Kurcgant sobre gerenciamento na
Enfermagem, e também o especial sobre infecção de sítio cirúrgico.
Como habitual, a revista traz o nosso movimento de atividades e re-
comendações publicadas pela AORN. O tema desta edição são as
ferramentas para melhora no controle de tráfego. Leia em “AORN”.
Veja também a história de um jovem enfermeiro do Pará, que en-
controu no voluntariado uma forma de levar assistência à saúde
àqueles que não têm acesso, em “Fora da Profissão”. Saiba, ainda,
como praticar a empatia no seu dia a dia, para melhorar suas percep-
ções, na seção “Bem-Estar”.
Boa leitura!
Marcia Hitomi Takeiti
A SOBECC Nacional
continuará protagonizando
no cenário perioperatório
brasileiro, promovendo as melhores
práticas.
EDITORIAL
SOBECC com Você4
Data: 15 a 17 de novembro de 2017
Local: Mar Hotel Conventions - Recife, PE
Informações: [email protected]
ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO
Data: 24 a 28 de março de 2018
Local: Ernest N. Morial Convention Center
New Orleans, EUA
Informações: http://www.aorn.org/surgicalexpo
65TH GLOBAL SURGICAL CONFERENCE & EXPO
Data: 27 a 29 de novembro de 2017
Local: UNIARA – Araraquara, SP
Informações: http://www.uniara.com.br/
eventos/2-simposio-seguranca-paciente/
II SIMPÓSIO DE SEGURANÇA DO PACIENTE11º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTERILIZAÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO RELACIONADO À ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Data: 29 a 31 de agosto de 2018
Local: Palácio das Convenções do Anhembi
São Paulo, SP
Inscrições: www.sobecc.org.br
AGENDA
REVISTA SOBECC
Artigos onlineConfira os artigos científicos que estão na edição de setembro da Revista SOBECC.
Para acessar os artigos, digite no seu navegador
www.sobecc.org.br, clique na aba Publicações >
Revista SOBECC-SEER/OJS. Faça o seu cadastro se
ainda não tiver), com login e senha, e acesse todos os
artigos científicos publicados.
Artigo Original171. Avaliação e controle de instrumentais utilizados
em sala operatória durante cirurgias torácicas
191. Avaliação de danos em nasofibroscópio flexível
desinfetado com ácido peracético
234. Utilização de cenários para a educação sobre
segurança do paciente em centro cirúrgico
225. Testes desafio em cargas subsequentes na este-
rilização a vapor saturado: estudo comparativo
dos desempenhos
221. Efetividade do protocolo prevenção de lesões de
pele em cirurgias urológicas robóticas
Relato de Experiência280. Uso excepcional da veia epigástrica infe-
rior na anestesia de lactente com acesso
venoso impraticável
220. Elaboração de material didático para processa-
mento de produtos para saúde em unidades de
atenção primária à saúde
Revisão Narrativa281. Critérios para avaliação de novas tecnologias
para esterilização
SOBECC com Você6
Da esq. para dir.: Larissa Moreira de Souza dos Santos, Tangra Carvalho de Araújo Góes, Vanicleide Sá Nunes e Ligia Garrido Calicchio
GIRO DE NOTÍCIAS
II Simpósio em CME do Vale do São Francisco
V Jornada de Estudos em Porto Alegre
Realizado no dia 12 de agosto, em Petrolina (PE), o II
Simpósio em Central de Material e Esterilização do Vale
do São Francisco debateu o tema central: "Como garan-
tir a segurança do paciente dentro da realidade vivida pe-
los Centros de Materiais e Esterilização? Representando
a SOBECC Nacional, uma das entidades apoiadoras do
evento, a vice-presidente Lígia Garrido Caliccio partici-
pou da mesa de abertura e apresentou a palestra: "Será
a limpeza dos materiais o maior desafio do CME?. A gra-
de científica do simpósio abordou assuntos que nor-
teiam a segurança do paciente e os processos de traba-
lho, como: controle de qualidade, boas práticas no CME,
manutenção preventiva, entre outros, ampliando o co-
nhecimento da Enfermagem Perioperatória da região do
Vale do São Francisco.
O simpósio, que também contou com o apoio do
Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-
BA), subseção Juazeiro, foi organizado pelas enfermei-
ras Larissa Moreira, do Hospital Unimed de Juazeiro,
O Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto
Alegre (SINDIHOSPA), por meio do Comitê de
Processamento de Produtos para Saúde (PPS),
promoveu no dia 15 de agosto, em Porto Alegre
(RS), a V Jornada de Estudos sobre Processamento
de PPS. A iniciativa teve por objetivo levar para
discussão questões relacionadas à segurança
do paciente, enfocando a importância da quali-
ficação contínua dos processos de limpeza, es-
terilização e controle de infecção. A diretora da
Comissão de Educação da SOBECC Nacional,
Giovana Abrahão de Araújo Moriya, representan-
do a Associação, foi uma das especialistas con-
vidadas a palestrar. Giovana, além de compor a
mesa de abertura do evento, apresentou a pales-
tra “Perfil do profissional de CME”.
Tangra Carvalho de Araújo Góes, da Secretaria de
Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e do Conselho
de Desenvolvimento da Micro, Pequena e Média
Empresa (COPEME), e Vanicleide Sá Nunes, do Hospital
Universitário de Petrolina.
SOBECC com Você 7
I Jornada Científica em Barretos
VI Simpósio NEPIRCS em Belo Horizonte
No dia 1 de julho, a SOBECC Nacional realizou, na ci-
dade de Barretos (SP), a I Jornada Científica em Centro
Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material
e Esterilização. O evento reuniu profissionais de várias ci-
dades do interior, para debater assuntos sobre a seguran-
ça do paciente. Foram temas de destaque: novas orienta-
ções da Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto às
diretrizes de infecção de sítio cirúrgico, eficiência na ges-
tão do paciente na recuperação anestésica, importância
do conhecimento técnico-cientifico sobre qualificação
dos equipamentos de CME, práticas de reuso e mudan-
ças, avalição de riscos de lesões por pressão decorren-
tes do posicionamento cirúrgico, entre outros assuntos.
A Comissão Organizadora da I Jornada Científica con-
tou com as participações dos membros associados do
município de Barretos, as enfermeiras Camila Bertazzi
Augusto Zanotti, Elaine Regina de Souza Bueno, Fabiana
Favoretto Gonçalves e Paula Batiste Luize, e com os
membros da diretoria da SOBECC Nacional, que tam-
bém ministraram palestras.
Sob o tema “Qualidade assistencial fundamentada na
segurança do paciente”, o VI Simpósio do Núcleo de
Estudos e Pesquisa em Infecção Relacionada ao Cuidar
em Saúde (NEPIRCS/CNPq), da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), reuniu em Belo Horizonte (MG),
nos dias 29 e 30 de junho, profissionais de saúde e estu-
dantes da região.
Na ocasião, a vice-presidente da SOBECC Nacional, Lígia
Garrido Calicchio, apresentou a palestra: “Limpeza ma-
nual e automatizada – quais parâmetros monitorar?”. Lígia
enfatizou a importância de se realizar adequadamente o
processo de limpeza manual no processamento de pro-
dutos para saúde, reiterando que é uma etapa fundamen-
tal para que a desinfecção e a esterilização sejam bem-
-sucedidas. A vice-presidente abordou, ainda, a utilização
dos indicadores para avaliação do processo de limpeza,
seja manual ou automatizado, com base nas recomen-
dações da legislação brasileira – RDC Nº 15/2012 –, bem
como nas internacionais da Association of periOpera-
tive Registered Nurses (AORN) e da Association for the
Advancement for Medical Instumentation (AAMI).
O evento foi coordenado pela professora da UFMG
Adriana Oliveira, a fim de promover a discussão, di-
vulgação, troca de experiências e interação entre os
profissionais da área, estimulando a investigação na
prática de uma assistência de qualidade para a segu-
rança do paciente.
Da esq. para direita: Sirlene Ap. Negri Glasenapp, Elizabeth Jorgetti, Camila Mendonça, Elaine R. de S. Bueno, Camila B.
A. Zanotti, Giovana Abrahão de Araújo Moriya, Paula B. Luize, Andrea Alfaya Acunã, Laura Farah, Ligia Garrido Calicchio,
Fabiana F. Gonçalves, Cecilia da S. Ângelo e Catharina Meire.
Lígia Garrido Calicchio, ao fundo, durante palestra.
SOBECC com Você8
GIRO DE NOTÍCIAS
II Treinamento Latino- -americano em São PauloDe 12 a 16 de junho, a SOBECC Nacional orga-
nizou a segunda edição do Treinamento Latino-
-americano em Excelência na Segurança do
Paciente, na cidade de São Paulo. Voltado para os
representantes de vendas da 3M da América Latina, o
treinamento foi dividido entre teórico e prático e, para
melhor fixação do conteúdo, foi utilizado o método da
simulação realística, com a recriação de um ambien-
te contendo necessidades específicas dos participan-
tes. O treinamento contou com a infraestrutura do
Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do Hospital Sírio
Libanês, e incluiu visitas técnicas ao Centro Cirúrgico
e ao Centro de Material e Esterilização do Hospital
Santa Catarina e do Hospital do Coração.
Giovana Abrahão de Araújo Moriya assume a presidência da SOBECC Nacional
Eleita em chapa única, no dia 10 de julho, Giovana
Abrahão de Araújo Moriya é a nova presidente da
SOBECC Nacional, para gestão 2017-2019, tendo
sua posse oficial durante o 13º Congresso Brasileiro
de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material de Esterilização, even-
to promovido pela Associação.
A nova presidente é associada à entidade desde 2001,
e ocupou na última gestão o cargo de diretora da
Comissão de Educação. Giovana também fez parte da
diretoria Nacional em gestões anteriores. Toda essa ex-
periência no corpo diretivo lhe confere a competência, o
conhecimento e as habilidades necessárias para dar con-
tinuidade à missão da SOBECC Nacional. Ou seja, cola-
borar com o desenvolvimento técnico-científico, divul-
gar as melhores práticas de Enfermagem Perioperatória
e propor recomendações de boas práticas em Centro
Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material
e Esterilização. Tal missão deve estar sempre embasada
nos valores de Ética, Responsabilidade e Compromisso
Profissional, para que a Associação seja referência em
âmbito nacional como a entidade que atua para melho-
ria constante da área.
Giovana reforça que a missão é grande, mas, com
o apoio dos diretores eleitos e dos membros das
Comissões, para a realização de um trabalho conjunto
e efetivo, dará prosseguimento às ações que estavam
sendo desenvolvidas, com a qualidade SOBECC.
Pretende implementar iniciativas que estimulem a in-
tegração de novos associados.
O plano de ação da nova presidente tem como des-
taques: aumentar a representatividade da Associação,
por meio da participação de eventos de classe, expan-
dir e divulgar o conhecimento científico em âmbito na-
cional e internacional e promover o acesso às pesqui-
sas científicas, a fim de produzir novos conhecimentos.
“A nova gestão também focará em estreitar relaciona-
mentos com outras associações de classe e órgãos
reguladores, como o Ministério da Saúde, a ANVISA e
a ABNT, instituições de ensino e empresas parceiras,
que tragam benefícios aos profissionais associados e,
ainda, promover iniciativas que contemplem a maior
divulgação sobre a importância do trabalho da equi-
pe de Enfermagem do Bloco Operatório”, destaca a
nova presidente.
Giovana Abrahão de Araújo Moriya é doutora em
Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade
de São Paulo (EEUSP) e coordenadora de Enfermagem
do Centro de Material e Esterilização do Hospital
Israelita Albert Einstein (HIAE). É docente nos cur-
sos de pós-graduação em Enfermagem Lato sensu
do Centro Universitário São Camilo e da Faculdade
Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).
A presidente segue o compromisso de evidenciar o protagonismo da Associação no cenário nacional
SOBECC com Você10
Presidente
GIOVANA ABRAHÃO DE ARAÚJO MORIYAHospital Israelita Albert Einstein (HIAE)
Vice-Presidente
MARCIA CRISTINA DE OLIVEIRA PEREIRA Hospital São Luiz – Itaim – Rede D´Or
1ª Secretária
ANDREA ALFAYA ACUNÃHospital Sírio Libanês
2ª Secretário
RAFAEL BIANCONI Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)
1ª Tesoureira
MARA LUCIA LEITE RIBEIRO Hospital do Coração (HCor)
2ª Tesoureira
ANA LUCIA GARGIONE
GALVÃO DE SANT´ANNAFaculdade de Medicina do ABC
Diretora do Conselho Fiscal
MARCIA HITOMI
TAKEITIInCor – HC – FMUSP
Membro
LIRAINE LAURA FARAH UNIMED de Guarulhos
Membro
CECÍLIA DA SILVA
ANGELO A. C. Camargo Cancer Center
Diretora da Comissão de Assistência
SIMONE GARCIA LOPES Faculdade de Medicina do ABC
Membro
JULIANA RIZZO
GNATTA Hospital Universitário (HU)
Membro
THIAGO FRANCO
GONÇALVESHospital e Maternidade Brasil
– Rede D´Or
Diretora da Comissão de Educação
VANESSA DE
BRITO POVEDA Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo (EEUSP)
Membro
DÉBORA CRISTINA
POPOVUniversidade Santo Amaro (UNISA) /
Universidade Paulista (UNIP)
Membro
WAGNER AGUIAR
JUNIOR Hospital Universitário (HU)
Diretora da Comissão de Publicação e Divulgação
RACHEL DE CARVALHO Faculdade Israelita de Ciências da Saúde
Albert Einstein (FICSAE)
Membro
RITA CATALINA
AQUINO CAREGNATO Unv. Fed. de Ciências da Saúde de
Porto Alegre (UFCSPA)
Membro
MARIA BELEN
SALAZAR POSSOFaculdade de Pindamonhangaba
(FUNVIC)
Diretora de Eventos Regionais
SORAYA PALAZZO Centro Universitário São Camilo
ELEIÇÃO
SOBECC com Você 11
Gerenciamento em Enfermagem
Uma reflexão sobre o tema Gerenciamento em
Enfermagem deve considerar, entre outros, alguns
pontos essenciais. Um deles explicita que o desempe-
nho do enfermeiro, nas diferentes áreas da assistên-
cia à saúde, demanda competências profissionais nos
quatro processos de trabalho que integram seu âmbi-
to de atuação: o processo assistencial, o gerencial, o
educacional e o processo investigativo. Outro pron-
to evidencia que, frente a esta realidade, a atuação do
enfermeiro em um Centro Cirúrgico abarca os quatro
processos de trabalho, exigindo, assim, o domínio de
competências nas dimensões técnico-científica, so-
cioeducativa e ético-política.
Um outro ponto considera algumas premissas no res-
gate do cotidiano onde se desenvolve a assistência à
saúde, com o foco na relação vivida entre os diferen-
tes profissionais e entre estes e a organização. Assim
as premissas: o trabalho é competitivo frente ao mun-
do globalizado; o domínio atualizado da tecnologia é
um dos indicadores de desempenho individual e orga-
nizacional e, o fator econômico é elemento hegemô-
nico na avaliação dos resultados organizacionais, são
elementos fundantes nesta análise.
Neste contexto, para o desempenho das competências
técnico-científicas é exigido do enfermeiro, conheci-
mento científico pertinente, contextualizado e atualiza-
do, bem como destreza na sua área de atuação, sendo,
esta capacitação, imprescindível para o profissional se
manter qualificado no mercado de trabalho.
No que se refere às competências socioeducativas
do enfermeiro, que atua como responsável em um
Centro Cirúrgico, emergem como atribuições especí-
ficas: a capacitação permanente do pessoal de enfer-
magem e a orientação, em saúde, demandada pelos
pacientes e familiares. Quanto às competências éti-
co-políticas, o enfermeiro participa, ou deveria parti-
cipar, da proposição e/ou modificação da estrutura
formal da organização, bem como das políticas, dire-
trizes, normas, programas e protocolos institucionais
gerais, e da área de atuação específica, uma vez que
estes fatores influenciam, e até determinam, as condi-
ções nas quais os profissionais de enfermagem desen-
volvem o trabalho.
Apreende-se, também, que respeitada a natureza de
cada um dos processos de trabalho, estes se concre-
tizam, no cotidiano da prática profissional, de forma
complementar e não excludente.
Quando o foco a ser analisado é o processo de traba-
lho gerencial desenvolvido pelo enfermeiro de Centro
Cirúrgico, chama atenção a capacitação do enfermei-
ro no referente às competências ético-políticas, por
serem estas as mais emblemáticas e problemáticas,
tanto na formação e capacitação do enfermeiro como
na sua atuação profissional.
Sem a pretensão de explicar o complexo processo das
relações profissionais, pode-se refletir sobre alguns fa-
tores que ajudam no entendimento desse fenômeno
e, assim, conduzir, de maneira mais consensual e hu-
mana, as decisões que envolvem o convívio no traba-
lho em saúde.
Por Profa. Dra. Paulina Kurcgant*
SOBECC com Você12
Dois elementos que integram e caracterizam o con-
ceito de competências ético-políticas explicam a di-
ficuldade dos enfermeiros para esta capacitação: a
compreensão dos significados de poder e de cultu-
ra organizacional. Por serem elementos conceituais
e de difícil apreensão concreta, devem ser aborda-
dos partindo da realidade vivida.
Assim, a relação estreita entre cultura e poder pode
ser entendida pelo carater relacional existente em
ambos. Desse modo, assim como a cultura, o po-
der concretiza-se nas relações e nas práticas coti-
dianas, extrapolando os limites da estrutura formal e
de todo aparato legal.
Como os mecanismos do poder guardam os mes-
mos valores, crenças, e ideologias da cultura or-
ganizacional, também agem como elementos de
manutenção do status quo e como reforço da iden-
tidade organizacional.
Por outro lado, a atuação do enfermeiro, frente às
decisões e ações gerenciais, tem sido efetivada de
forma técnica e não contextualizada. Para que haja
esta contextualização, há a necessidade de se aco-
plar, às atividades técnicas do processo de trabalho,
a dimensão ético-política. Para que isto aconteça, o
enfermeiro tem que rever, humilde e reflexivamen-
te, a leitura que faz da realidade onde atua, deci-
de e age. Deve refletir sobre como assume o papel
de interlocutor dos profissionais de Enfermagem, os
quais representa junto ao grupo deliberativo da ins-
tituição e, como reconhece e encaminha, à equipe
de Enfermagem que representa, sua percepção a
respeito dos interesses e intencionalidades do gru-
po de maior poder na instituição. Estas pontuações
integram o significado de competências ético-po-
líticas do enfermeiro quando passa de uma leitura
ingênua e linear da realidade para a aceitação de
diferentes posicionamentos, interesses e intencio-
nalidades como fatores considerados nas decisões
e ações gerenciais.
Por outro lado, o desenvolvimento de competências
ético-políticas avança quando o enfermeiro e a equi-
pe de Enfermagem passam a acoplar, às atividades
técnicas, novos significados, ou seja, passam a ter
novas leituras da realidade vivida com a percepção
de novos caminhos e possibilidades de atuação e de
transformação da realidade.
Esta nova capacitação e apreensão da realidade dá
consistência à formação de vínculos e compromis-
sos pessoais e institucionais que são significativos,
tanto para a realização profissional, de cada agen-
te, como para as inovações necessárias ao avanço
da organização.
Finalizando este momento de reflexão, deve-se
considerar que o enfermeiro com conhecimentos
atualizados nas dimensões técnico-científica e so-
cioeducativa somente terá um desempenho de qua-
lidade se esses conhecimentos forem concretiza-
dos, na prática, de forma politica e ética.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Paulina Kurcgant é Professora Emérita da Escola de Enfermagem da USP
– EEUSP, Professora Sênior e Titular do Departamento de Orientação
Profissional da EEUSP e Professora Doutora, Livre-Docente do
Departamento de Orientação Profissional da EEUSP.
SOBECC com Você 13
Um novo paradigma no CME
Com uma longa trajetória na Enfermagem, a coor-
denadora do CME da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, Carmen Eulalia Pozzer,
identificou uma lacuna no conhecimento sobre a pre-
servação da desinfecção de Produtos para Saúde (PPS)
submetidos à desinfecção térmica. A pesquisa reali-
zada por Carmen, em sua dissertação de mestrado
“Desinfecção térmica de Produtos para Saúde (PPS)
e sua preservação em sistema de barreira”, compro-
va que os PPS termodesinfetados podem ser armaze-
nados no CME por até 70 dias após processamento,
quebrando o paradigma existente de que produtos de-
sinfetados devem ser utilizados imediatamente após a
desinfecção. O estudo contou com profissionais: Profa.
Heloisa Helena Karnas Hoefel da UFRGS, a enfermeira
Celia Maria Rabaioli, a bióloga Ivana Gottardo Rocha, a
engenheira Clínica Dra. Léria Rosane Holsbach, além
das equipes da Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre e a Profa. Dra. Rita Catalina Aquino Caregnato,
orientadora do mestrado da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). “As pes-
quisas cada vez mais enriquecem com a participação
de equipes multidisciplinares”, assinala Carmen.
SOBECC: O que a motivou a realizar esta
pesquisa?
Carmen Eulalia Pozzer: Na prática, os Estabe-
lecimentos de Assistência à Saúde (EAS) acabam ar-
mazenando o produto, porque é impraticável utilizá-lo
imediatamente. A recomendação para uso imediato
de PPS desinfetado é baseada em um conceito de que
a umidade propicia o crescimento de microrganis-
mos. As recomendações de uso imediato não consi-
deram que hoje dispomos de equipamentos, como as
lavadoras termodesinfetadoras de PPS, que permitem
o processamento (pré-limpeza, limpeza, desinfecção
térmica e secagem) automatizado, oferecendo vanta-
gens como padronização dos processos e a garantia
de secagem que, ainda, poderá ser complementada
por secadora própria. Outro benefício é a possibilida-
de de utilização de um Sistema de Barreira (SB) espe-
cífico para produtos desinfetados.
Diante desse cenário, fez-se necessário buscar novos
conhecimentos, e um protocolo baseado em evidên-
cias, a fim de garantir a segurança do paciente. Assim,
conduzimos a investigação para conhecer o tempo
de preservação dos PPS após a desinfecção térmica
em condições controladas, embalados em SB próprio
e armazenamento em local limpo e seco. A finalidade
da pesquisa foi buscar o aperfeiçoamento do proces-
so, considerando que é fundamental garantir a efeti-
vidade do processamento propiciando, assim, a segu-
rança do paciente no reuso dos PPS processados.
SOBECC: Comente sobre a pesquisa.
Carmen: Em 2013, realizamos um estudo piloto so-
bre carga microbiana de PPS utilizados na assistên-
cia respiratória pediátrica após desinfecção térmica
e armazenamento sob condições controladas. Para
essa pesquisa, foi desenvolvido um SB próprio em
parceria com uma indústria, para a guarda e prote-
ção dos produtos semicríticos submetidos à desin-
fecção, garantindo que eles pudessem ser utiliza-
dos sem causar danos. Esse SB próprio e seguro não
existia até então. O estudo mostrou não ter ocor-
rido crescimento de microrganismos patogênicos
nos PPS de assistência ventilatória armazenados até
49 dias. Porém, não apontava o conhecimento da
carga microbiana de todas as amostras estudadas, o
que nos levou a dar continuidade à pesquisa nesta
Pesquisa comprova que PPS termodesinfetados podem ser armazenados por até 70 dias
SOBECC com Você14
ENTREVISTA
O uso imediato de PPS desinfetado é baseada em um conceito antigo, de 1968, que determinava o tipo de tratamento requerido ao material, e não considera que hoje temos uma ampla oferta de PSS, que surge com o avanço tecnológico, além de equipamentos modernos.
dissertação de mestrado, validando, portanto, com
a carga microbiana conhecida.
Para a investigação da pesquisa, foram utilizados PPS
de assistência respiratória: máscaras, traqueias e ex-
tensores. As amostras, primeiramente, foram esterili-
zadas no CME, para serem artificialmente contamina-
das com microrganismos Pseudomonas aeruginosa
ATCC 27853, um dos prevalentes nas infecções res-
piratórias em EAS do Brasil. Após um tempo neces-
sário para secagem do inóculo, as amostras retorna-
ram ao CME para o processamento, passando pelas
etapas: limpeza, desinfecção térmica, secagem, em-
balagem em SB próprio, selagem e armazenamen-
to. Imediatamente após o processamento, parte das
amostras (120 unidades) foi encaminhada para análi-
se no laboratório e as demais (140 unidades) envia-
das gradativamente ao longo de 70 dias. O resulta-
do comprovou que todas as amostras analisadas não
apresentaram crescimento bacteriano.
SOBECC: Quais são as condições ideais de
processamento que asseguram o uso de
PPS armazenados?
Carmen: No Brasil, não existem determinações dos
órgãos oficiais para operacionalização de tempo e
temperatura das lavadoras termodesinfetadoras.
Todo o equipamento em todo o mundo necessita de
comprovação da efetividade do seu desempenho por
meio de qualificações e com intervenções preventi-
vas periódicas determinadas pelos fabricantes e reco-
mendações técnicas. Nesta pesquisa, foram utiliza-
dos os seguintes parâmetros físicos para desinfecção
térmica: água com temperatura entre 90°C e 93°C
por 10 minutos e secagem por 20 minutos a 60°C.
O detergente utilizado para a limpeza foi um mul-
tienzimático, cinco enzimas, em conformidade com
a Legislação Sanitária vigente. Para garantir o proces-
samento dos produtos até o momento de uso, fo-
ram embalados em SB desenvolvido especificamen-
te para PPS desinfetados. Os resultados do estudo
encontrados sugerem que PPS mantêm-se seguros
para uso por até 70 dias após processamento, tempo
da condução do estudo. Vale ressaltar que cada insti-
tuição deve validar seus processos e que esses dados
só podem ser utilizados se o processamento for rea-
lizado nas mesmas condições aqui descritas.
SOBECC: Quais são os próximos passos?
Carmen: Com os resultados desta pesquisa, desen-
volvemos um vídeo educativo sobre desinfecção tér-
mica de PPS para assistência ventilatória e sua pre-
servação em SB, que demonstra detalhadamente
todos os passos do processamento validado. O estu-
do também será submetido a publicações científicas,
a fim de informar aos profissionais de CME essa pos-
sibilidade de mudança de paradigma.
A Enfermeira Carmen Eulalia
Pozzer é Mestre em Ensino
na Saúde, com ênfase em
Integração e Serviços de Saúde
na Formação Profissional, MBA
em Gestão Empresarial e ocu-
pa o cargo de coordenadora
de CME da Irmandade da Santa
de Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Contato: [email protected]
SOBECC com Você 15
Infecção de Sítio CirúrgicoUma das principais infecções ocorridas em serviços de saúde em âmbito mundial
SOBECC com Você16
ESPECIAL
O último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2009,
aponta que 1,4 milhão de infecções ocorre a qualquer momento, tanto
em países desenvolvidos, quanto em desenvolvimento1. Entende-se por
Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) as infecções da incisão, do órgão ou da
cavidade que ocorrem após uma cirurgia. Nos EUA, entre 2006 e 2009, as
infecções em local primário complicaram aproximadamente 1,9% das cirur-
gias. Especialistas estimam que o número verdadeiro seja maior, conside-
rando que cerca de metade das ISC se manifesta após a alta.
De acordo com a Dra em Enfermagem e Especialista em Prevenção e
Controle de Infecção, Julia Yaeko Kawagoe, “as ISC têm sido destaque nas
últimas décadas, seja na mídia, devido aos relatos de surtos infecciosos, ou
na comunidade científica. Os riscos para ISC são multifatoriais e a preven-
ção destas é complexa e requer a integração de uma série de medidas pre-
ventivas nos períodos antes, durante e após a cirurgia”, afirma.
Sobre a magnitude das ISC, Julia cita um estudo de revi-
são sistemática das Infecções Relacionadas à Assistência à
Saúde (IRAS) em países em desenvolvimento (1995-2008),
para o qual os pesquisadores avaliaram as ISC. De acor-
do com esse estudo: “Dos 57 artigos, nove eram estudos
brasileiros. Os resultados mostraram incidência acumula-
da de ISC de 11,8 por 100 pacientes submetidos a procedi-
mento cirúrgicos (IC 95%: 8,6-16,0). Quando estratificadas
por potencial de contaminação (cirurgias limpas, potencial-
mente contaminadas, contaminadas e infetadas, a média
de ISC foi 7,6 (IC 95%: 1,3-79,0), 13,7 (IC 95%: 1,5-81,0), 14,3
(IC 95%: 0,5-65,5) e 39,2 (IC 95%: 0,2-100,0) por 100 proce-
dimentos cirúrgicos respectivamente2”.
A especialista destaca que a epidemiologia e a magnitude das ISC são des-
conhecidas no Brasil por não existir um sistema de notificação nacional.
A tendência das cirurgias ocorrerem ambulatorialmente também dificul-
ta a vigilância e o diagnóstico dessas infecções. No Brasil, a ISC ocu-
pa a terceira posição entre todas as infecções ocorridas em serviços de
saúde, compreendendo cerca de 14% a 16% daquelas encontradas em
pacientes hospitalizados3.
A Profa. Dra. Rita Catalina Aquino Caregnato, da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), ressalta que as ISC são con-
dições associadas aos cuidados de saúde, sendo, portanto, evitáveis e que
há a necessidade de um amplo empenho dos profissionais de saúde para
mantê-las sob controle. “O Centro Cirúrgico (CC) e a Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) são as áreas mais críticas em um ambiente hospitalar, por
oferecerem grande risco de transmissão de infecção em massa. Com a imu-
nidade abalada, o paciente está muito mais suscetível às infecções, devido
aos procedimentos invasivos”, assinala.
No Brasil, a ISC ocupa a terceira posição
entre todas IRAS
SOBECC com Você 17
Na docência com foco nas disciplinas de Centro
Cirúrgico (CC), Centro de Material e Esterilização (CME)
e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Rita, que anterior-
mente atuou na assistência, somando 36 anos de ex-
periência na área, enfatiza que a epidemiologia das ISC
é um processo dinâmico, que envolve fatores relacio-
nados ao ambiente hospitalar, ao instrumental, aos pro-
cessos de trabalho, ao paciente e aos patógenos.
Segundo a doutora, para controle das ISC se faz ne-
cessário conhecer a magnitude e a gravidade de sua
ocorrência na instituição de saúde. A identificação
das infecções é fator primordial, pois permite que se
atue nas causas do problema, utilizando diversas es-
tratégias. “A investigação ativa das ocorrências é fun-
damental para identificação, mensuração e controle
de ISC”, afirma.
O caminho da investigação, de acordo com Rita, deve
analisar as variáveis que estão interferindo em um sur-
to, que são: estado geral dos pacientes, procedimentos
aos quais os pacientes foram submetidos, processos de
assistência da equipe e, como último fator, influência
do ambiente. Ou seja, questionar se a causa do proble-
ma está relacionada ao paciente, aos materiais, à equi-
pe ou ao ambiente.
“Recordo sobre uma investigação de surto de esca-
biose em uma instituição de saúde. Ao avaliar essas
variáveis, identificamos que as roupas não estavam
sendo bem passadas. Um outro caso de investiga-
ção de infecções identificou que um residente usava
a máscara abaixo do nariz, transmitindo o microrga-
nismo causador da infecção para o paciente”, conta.
“Às vezes, é realizada uma enorme investigação epi-
demiológica e não é identificada a causa. Nesse
caso, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CCIH) deve atuar com medidas gerais de prevenção.
Por exemplo: fechar a UTI, revisar processos, higieni-
zar o ambiente e fazer um amplo trabalho de cons-
cientização da equipe”, diz.
Rita alerta que uma infecção pode afetar todo sis-
tema imunológico, dificultando o funcionamen-
to dos órgãos, causando o choque séptico. “Primeiro
ocorre a infecção, depois desencadeia a sepse”, diz.
O Brasil tem uma das mais altas taxas de mortalidade
por sepse do mundo, cerca de 55% dos casos, segundo
dados do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)4.
Microrganismos multirresistentesNa ocorrência de ISC, deve-se considerar também
a questão dos microrganismos multirresistentes, ou
seja, aqueles resistentes a várias classes de antimi-
crobianos. Segundo a ANVISA, “são introduzidos nas
instituições de duas formas principais: por pacien-
tes colonizados e/ou infectados por microrganismos
multirresistentes; e devido à pressão seletiva ocasio-
nada pelo uso de antimicrobianos”. Sobre a transmis-
são paciente a paciente, a ANVISA diz: “se dá usual-
mente por meio das mãos dos profissionais de saúde
ou de equipamentos contaminados, aumentando a in-
cidência desses patógenos multirresistentes”.
“A cada dia que passa, o uso inadequado de antimicro-
bianos vem aumentando a quantidade de cepas mul-
tirresistentes, sendo maior do que a quantidade de
SOBECC com Você18
antibióticos disponíveis no mercado. Sempre que há um
surto no CC ou na UTI, a CCIH deve realizar a investiga-
ção e implementar medidas de prevenção”, orienta Rita.
Para o surgimento de infecções por microrganismos
multirresistentes, de acordo com a ANVISA, são fato-
res: “a combinação de pacientes susceptíveis devido à
doença de base e o uso de procedimentos invasivos,
com a utilização prolongada e abusiva de antimicro-
bianos, juntamente com a ocorrência da transmissão
cruzada de microrganismos entre pacientes”.
“Prevenir as ISC é de fundamental importância, evitan-
do danos ao paciente, e também de grande contribui-
ção no controle das bactérias multirresistentes, no sen-
tido de evitar a terapia antimicrobiana”, reforça Julia.
Guia global da OMS para prevenir ISCSobre prevenção das ISC nos serviços de saúde, Julia,
que também é docente de Mestrado na Faculdade
Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE),
orienta que os profissionais sigam as recomendações
do guia global para prevenção de ISC da OMS (Global
Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection5),
e implementem as recomendações, de acordo com
seus recursos. Esse guia, publicado em novembro de
2016, foi elaborado a partir de 26 revisões sistemáti-
cas, sintetizando as evidências por meio de recomen-
dações divididas em medidas de prevenção de ISC para
os períodos pré-operatório, intra-operatório e pós-ope-
ratório (Ver guia na página 20).
“Cada recomendação de prevenção de ISC no pré, intra
e pós-operatório, foi descrita como forte (os especialis-
tas têm confiança que os benefícios da intervenção su-
peram os riscos) ou condicional (os especialistas consi-
deram que os benefícios da intervenção provavelmente
superam os riscos). Além disso, as evidências que em-
basam cada recomendação foram classificadas quan-
to à qualidade dos estudos, conforme a metodologia
GRADE (Grading of Recommendations Assessment,
Development and Evaluation) em: alta, moderada, bai-
xa ou muito baixa”, explica Julia.
“O enfermeiro como membro integrante da equipe mul-
tidisciplinar no cuidado ao paciente cirúrgico, é elemen-
to-chave na prevenção e no controle das ISC, no pré,
intra e pós-operatório. Conhecer essas recomendações
baseadas em evidências científicas, participar ativamen-
te na implementação das mesmas, atuando, desde o
planejamento, execução, até a avaliação dos resultados
(como indicadores de qualidade), é fundamental para
garantir sucesso de um programa de paciente cirúrgico
seguro, de qualquer especialidade”, assinala Júlia.
Julia destaca, ainda, que outros cuidados também de-
vem ser observados e fazer parte das políticas, rotinas
e procedimentos:
• Limpeza e desinfecção dos equipamentos e do
ambiente (limpeza concorrente e terminal);
• Adesão à higiene das mãos nos Cinco Momentos,
por parte das equipes;
• Controle do tráfego nas salas operatórias, mantendo
a porta fechada;
• Técnica asséptica na inserção e manutenção de
dispositivos invasivos (acessos vasculares, cateter
vesical, entre outros);
• Uso adequado de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI);
• Orientação de pacientes e familiares.
Referências: 1. World Health Organzization. Guidelines on Hand Hygiene
in Health Care. First Global Patient Safety Challenge Clean
Care is Safer Care. WHO, 2009.
2. Allegranzi B, Nejad SB, Combescure C, Graafmans W, Attar
H, Donaldson L, Pittet D. Burden of endemic health-care-
associated infection in developing countries: systematic
review and meta-analysis. Lancet 2011; 377: 228–41.
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Medidas de
Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde/
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Brasília: Anvisa,
2017. P 136. Disponível em: https://www20.anvisa.gov.br/
s e g u r a n c a d o p a c i e n t e / i n d e x . p h p / p u b l i c a c o e s /
category/cursos-aulas-e-seminarios
4. Instituto Latino-americano de Sepse. Sepse: um
problema de saúde pública. ILAS,2016. Disponível em:
http://www.ilas.org.br/assets/arquivos/ferramentas/livro-
sepse-um-problema-de-saude-publica-cfm-ilas.pdf
5. World Health Organization. Global Guidelines for the
Prevention of Surgical Site Infection. WHO, 2016. Disponível
em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/250680/
1/9789241549882-eng.pdf?ua=1
ESPECIAL
SOBECC com Você 19
Cuidados pré-operatórios (OMS, 2016)
Cuidado RecomendaçãoClassificação
recomendação
Qualidade
evidência
1. Banho pré-operatórioBanho antes da cirurgia com sabonete simples ou
antimicrobiano.Condicional Moderada
2. Descolonização
de Staphylococcus aureus
em portadores nasais
Cirurgia cardiotorácica ou ortopédica deve receber
aplicações perioperatórias intranasais de pomada
de mupirocina a 2% com ou sem a combinação de
banho corporal com clorexedina (CHG).
Forte Moderada
"Considerar tratar também pacientes submetidos
a outros tipos de cirurgia – avaliar dados
epidemiológicos locais e fatores de risco."
Condicional Moderada
3. Triagem para colonização
por bactérias produtoras de
beta-lactamases de espectro
estendido (ESBL) e impacto da
antibiótico profilaxia cirúrgica
Nenhuma recomendação por falta de evidência científica.
4. Momento ideal para a
profilaxia antimicrobiana
cirúrgica pré-operatória
Administrar profilaxia antimicrobiana antes da
incisão cirúrgica quando indicado (dependendo do
tipo de cirurgia).
Forte Baixa
Administrar profilaxia antimicrobiana em até 120
minutos antes da incisão, considerando a meia-vida
do antibiótico.
Forte Moderada
5. Preparo mecânico do intestino
e uso de antibióticos orais
Administrar antibióticos orais pré-operatórios
combinados com o preparo mecânico do intestino
para reduzir o risco de ISC em pacientes adultos
submetidos à cirurgia colorretal eletiva.
Condicional Moderada
Nâo realizar preparo mecânico do intestino sem
a administração de antibióticos orais, com a
finalidade de reduzir risco de ISC em pacientes
adultos que farão cirurgia colorretal eletiva.
Forte Moderada
6. Tricotomia
Cabelos/pelos não devem ser removidos ou, se
absolutamente necessário apenas com máquinas
de aparar (clipper). Uso de lâmina é fortemente
desencorajado em qualquer momento,
seja no pré-operatório ou na sala operatótia.
Forte Moderada
7. Preparo do sítio cirúrgicoSoluções antissépticas alcoólicas à base de
clorexedina. Não utilizar em mucosas e neonatos.Forte Baixa a moderada
8. Selantes antimicrobianos
para a pele
Não devem ser usados após a preparação da pele
do sítio cirúrgico, com a finalidade de reduzir ISC.Condicional Muito baixa
9. Preparo cirúrgico das mãos
Realizar com sabonete antimicrobiano apropriado e
água ou friccionando as mãos e os antebraços com
preparação alcoólica antes de calçar luvas estéreis.
Forte Moderada
SOBECC com Você20
Cuidados pré-operatórios e/ou intraoperatórios (OMS, 2016)
Cuidado RecomendaçãoClassificação
recomendação
Qualidade
evidência
10. Melhoria do suporte nutricional
Considerar administrar fórmulas nutricionais orais
ou entéricas reforçadas com múltiplos nutrientes
para prevenir ISC em pacientes com baixo peso e
que passarão por grandes cirurgias.
Condicional Muito baixa
11. Suspensão perioperatória de
agentes imunossupressores
Não interromper medicamentos imunossupressores
antes da cirurgia com a finalidade de prevenir ISC.Condicional Muito baixa
12. Oxigenação perioperatória
Pacientes adultos submetidos à anestesia geral
com intubação endotraqueal para procedimentos
cirúrgicos devem receber uma fração de 80% de
oxigênio inspirado (FiO2) no intraoperatório e, se
possível, no pós-operatório imediato por 2-6 horas
para reduzir o risco de ISC.
Forte Moderada
13. Manter a temperatura
corporal normal (360 C)
Usar dispositivos de aquecimento na SO e
durante o procedimento cirúrgico para o
aquecimento corporal do paciente com a
finalidade de reduzir ISC.
Condicional Moderada
Reduz outros eventos - do miocárdio, perda de sangue e necessidade de transfusão.
14. Uso de protocolos para
controle intensivo de
glicemia no perioperatório
Protocolos, tanto para pacientes adultos
diabéticos, quanto não diabéticos submetidos
a procedimentos cirúrgicos para reduzir o risco
de ISC .
Condicional Baixa
15. Manutenção do controle
adequado do volume circulante/
normovolemia
Terapia de fluidos guiada por objetivos (goal-
directed fluid therapy (GDFT)) no intraoperatório
para reduzir o risco de ISC .
Condicional Baixa
16. Campos e aventais cirúrgicos
Campos estéreis de tecido reutilizáveis ou
descartáveis, assim como aventais cirúrgicos
(reutilizáveis ou descartáveis), podem ser utilizados
durante cirurgias com o objetivo de prevenir ISC.
Condicional Moderada a muito
baixa
Não utilizar campos adesivos de plástico com ou
sem propriedades antimicrobianas com a finalidade
de prevenir ISC .
Condicional Baixa a muito baixa
17. Dispositivos para
proteção de feridas
Considerar o uso de dispositivos de proteção de
feridas em cirurgias abdominais potencialmente
contaminadas, contaminadas e infectadas com a
finalidade de reduzir a taxa de ISC.
Condicional Muito baixa
ESPECIAL
SOBECC com Você 21
ESPECIAL
Cuidados pré-operatórios e/ou intraoperatórios (OMS, 2016)
Cuidado RecomendaçãoClassificação
recomendação Qualidade evidência
18. Irrigação da ferida incisional
Não há evidência suficiente para recomendar a
favor ou contra a irrigação da ferida incisional
com solução salina antes do fechamento com a
finalidade de prevenir ISC.
Nenhuma recomendação
Considerar irrigação da ferida incisional com uma
solução aquosa de PVP-I antes do fechamento
com a finalidade de prevenir ISC, particularmente
em feridas limpas e potencialmente contaminadas.
Condicional Baixa
Não realizar irrigação de feridas incisionais com
antibióticos antes do fechamento com a finalidade
de prevenir ISC.
Condicional Baixa
19. Terapia profilática
com pressão negativa
Pacientes adultos com fechamento primário de
incisão cirúrgica, desde que sejam feridas de
alto risco, com a finalidade de prevenção de ISC,
levando em consideração os recursos disponíveis.
Condicional Baixa
20. Utilização de luvas cirúrgicas
"Devido à falta de evidências, nenhuma
recomendação sobre uso luva dupla ou a troca
de luvas durante cirurgias, ou ainda o uso de tipos
específicos de luvas, quanto à eficácia na redução
do risco de ISC.
Nenhuma recomendação
21. Troca de instrumentais cirúrgicos
O painel decidiu não formular nenhuma
recomendação sobre este tema, devido à falta
de evidências.
Nenhuma recomendação
22. Fios de sutura revestidas
com antimicrobianos
Utilizar fios de sutura revestidas com triclosan
com a finalidade de reduzir o risco de ISC,
independentemente do tipo de cirurgia.
Condicional Moderada
23. Sistemas de ventilação
com fluxo laminar de ar
na sala cirúrgica
Sistemas de ventilação com fluxo laminar de ar não
devem ser usados para reduzir o risco de ISC para
pacientes submetidos a cirurgia de artroplastia total.
Condicional Baixa a muito baixa
Aconselhável assegurar uma boa taxa de ventilação da sala operatória e manutenção adequada dos
componentes do sistema de ventilação instalado.
Cuidados pós-operatórios (OMS, 2016)
Cuidado RecomendaçãoClassificação
recomendação Qualidade evidência
24. Profilaxia antimicrobiana
cirúrgica
Contraindica o prolongamento da administração de
profilaxia antimicrobiana cirúrgica após a conclusão
da cirurgia com o propósito de prevenir ISC.
Forte Moderada
25. Curativos avançados
Não usar qualquer tipo de curativo avançado ao
invés de um curativo padrão sobre feridas cirúrgicas
com fechamento primário com a finalidade de
prevenir ISC.
Condicional Baixa
26. Profilaxia antimicrobiana
na presença de um dreno e
tempo para remoção do
dreno da ferida operatória
Não deve ser continuada na presença de um dreno
na ferida com a finalidade de prevenir ISC.Condicional Baixa
Remover o dreno da ferida quando clinicamente
indicado. Nenhuma evidência foi encontrada para
recomendar um momento ótimo de remoção do
dreno da ferida com a finalidade de prevenir ISC.
Condicional Muito baixa
SOBECC com Você22
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Ferramentas para melhora no controle de tráfegoVocê ficaria surpreso ao saber que as portas do seu CC se abrem a cada 90 segundos durante um procedimento?
Coordenadores perioperatórios do Centro Médico
Eisenhower (Eisenhower Medical Center) na cidade
de “Rancho Mirage”, na Califórnia (EUA), surpreende-
ram-se ao constatar uma alta frequência de tráfego no
Centro Cirúrgico (CC), por meio de dados coletados
em uma avaliação que fizeram em 2015 após percebe-
rem o aumento do número de Infecções em CC (ICC),
diz a educadora clínica perioperatória Cera Salamone.
Ainda que a taxa de crescimento de ICC estivesse abai-
xo do padrão de referência, este crescimento do núme-
ro de infecções fez com que Salamone e seus colegas
na coordenação de serviços perioperatórios e preven-
ção de infecções explorassem a possibilidade do tráfe-
go ser uma possível causa disso. Eles desenvolveram
uma ferramenta de avaliação de tráfego bem simples,
que modificou o trabalho dos funcionários, durante a
observação de casos cirúrgicos. Ela consistia no regis-
tro de cada abertura de portas no CC durante um pro-
cedimento, assim como de quem as abria.
Além de observar a frequência do tráfego, os funcioná-
rios que faziam a pesquisa notaram que, muitas vezes,
as portas eram abertas por outros funcionários, que sim-
plesmente queriam fazer perguntas como: “Vocês preci-
sam de ajuda?” ou “Vocês precisam fazer um intervalo?”
“Quando se trabalha em um ambiente de CC diariamen-
te, não se percebe que o tráfego está maior que usual-
mente, porque tudo isso faz parte da prática do dia a
dia”, observa Salamone. “Avaliar o tráfego local realmen-
te abriu nossos olhos para o risco potencial que os pa-
cientes estão correndo”.
Estes dados sobre tráfego foram compartilhados com
um grupo de alunos do “Periop 101”, que utilizaram as
descobertas obtidas para aprimoramento de um pro-
jeto para melhora de qualidade, desenvolvido para di-
minuir o tráfego do CC. Para começar, os alunos co-
letaram evidências sobre os efeitos prejudiciais do
tráfego intenso no CC. Um estudo que avaliou o trá-
fego em CC em relação a resultados obtidos com pa-
cientes, concluiu que somente 25% dos pacientes
submetidos à cirurgia para substituição articular total,
que desenvolvem infecção na articulação após a ci-
rurgia, voltam para casa.1
Desde que 40% dos casos cirúrgicos do Centro Médico
Eisenhower são ortopédicos, este estudo inspirou os
alunos a abordar este projeto diligentemente, para que
o tráfego intenso no CC fosse eliminado como um
possível fator contribuinte para resultados de cirurgias
abaixo do ideal, incluindo infecções, explica Salamone.
Implementando controle do tráfegoO grupo decidiu utilizar taxas atuais de ICC do último tri-
mestre fiscal de 2015 como métrica de base na compa-
ração do período anterior e posterior da implementação
de um protocolo baseado em evidência para minimiza-
ção do tráfego em CC. Como parte da elaboração desse
protocolo, os alunos, Salamone e outros coordenado-
res perioperatórios fizeram reuniões com funcionários
em gerência para compartilhar os dados das avaliações,
assim como as evidências sobre os padrões recomen-
dados para o tráfego em CC e políticas organizacionais,
para iniciar conversas que visassem descobrir as causas
principais do alto fluxo de tráfego em seus CC.
SOBECC com Você24
AORN
Eles descobriram que enfermeiros não sentem que
têm autonomia para falar com franqueza sobre aber-
turas de portas não essenciais. Eles também descobri-
ram que cartões preferenciais estavam desatualizados
e, em muitos casos, especialmente em CC ambulato-
riais, precisavam de itens que não estavam disponíveis
no local de uso.
“Também descobrimos discrepâncias sobre os acer-
tos pré-operatórios feitos com cirurgiões para escla-
recimento do que seria necessário para a cirurgia”,
diz Salamone. “Obter estes insights da coordena-
ção foi muito importante para o projeto, não somen-
te para compreensão dos empecilhos para um bom
controle de tráfego, mas também para que aprendês-
semos como adequar e aplicar soluções para o con-
trole de tráfego”.
Foram desenvolvidas sete intervenções específicas
para controle de tráfego, implementadas pelo gru-
po de alunos do “Periop 101”, com a colaboração de
Salamone, cirurgiões e outras partes interessadas na
prevenção de infecção e controle de materiais (para
supervisão de ações de controle de tráfego que afe-
tassem representantes). Essas intervenções incluem:
1. Elaborar placas laminadas para portas
em casos específicos
Tais placas incluem linguagem acordada, padrão
para indicação de entrada controlada, com palavras
como “não entre” ou “isolamento”.
2. Instalar quadros para recados na porta
do CC para mensagens de última hora
Este recurso serve para notas rápidas relacionadas a
um caso específico, como certos números de ramais
de funcionários para que seja possível falar com al-
guém que esteja trabalhando dentro do CC.
Ensinar sinais de mãos universais
Ao utilizar a Linguagem de Sinais Americana, o grupo
ensinou formas específicas de sinalização para co-
municar perguntas como: “Vocês precisam de aju-
da?” ou “Vocês precisam fazer um intervalo?”, que fo-
ram sinalizadas através da janela de vidro do CC.
3. Criar um treinamento para representantes
online a ser revisado à chegada
Em colaboração com colegas que gerenciam ma-
teriais, membros do grupo do projeto desenvolve-
ram um treinamento baseado em evidência, que
representantes da indústria utilizam presentemen-
te como condição para adquirirem um crachá de
acesso às instalações.
4. Promover encontros para instruções
pré-operatórias padrão com o cirurgião
Estes encontros devem ocorrer entre os funcioná-
rios do CC e cirurgiões para confirmação de ne-
cessidades especiais de cada caso, para que se
prepare e adquira todo o material a ser usado an-
tes do início do procedimento.
5. Atualizar cartões de preferência
Este trabalho tem sido feito como parte de um
projeto maior, que objetiva a transferência para
um novo sistema de registro de saúde eletrônico,
e um dos seus objetivos é fazer cartões sob me-
dida para que haja redução na necessidade de au-
sência da sala durante um procedimento.
6. Desenvolver uma linguagem de script
para solicitar que pessoas não essenciais
deixem o CC
Esta linguagem de script foi desenvolvida em cola-
boração com vários enfermeiros, cirurgiões e outros
membros do grupo, para que houvesse um meio de
comunicação não ameaçador, que qualquer funcio-
nário pudesse utilizar, para ser firme quando achasse
SOBECC com Você 25
que uma pessoa deveria sair do CC. Seguem alguns
exemplos desta linguagem de script:
“Com a segurança do paciente em mente, vou pedir
que saia desta sala neste momento”.
“Agradeço sua ajuda, mas acho que posso continuar
sozinho daqui para frente”.
“Entendo que este é um caso raro e interessante,
mas infelizmente terei que pedir que saia porque já
temos todos os membros do time que precisamos
nesta sala”.
Vendo e mantendo resultados
Após extenso treinamento dos funcionários e imple-
mentação do projeto, todos os membros do grupo
dedicaram-se ao máximo para seguir as novas regras
de tráfego e, assim, as taxas de ICC tiveram um de-
créscimo de 40% no primeiro trimestre de 2016, reco-
nhece Salamone. Ela diz que manter este mesmo ní-
vel de adesão inicial às medidas de controle de tráfego
tem sido um desafio. Um ano após a implementação,
as taxas de ICC têm permanecido em decréscimo es-
tável de 15%-20% da linha de base que também ficou
abaixo da marca de referência. Estas taxas também fo-
ram influenciadas por outras práticas utilizadas como
auditoria na preparação pré-operatória da pele e atua-
lização do treinamento.
Salamone e seus colegas coordenadores continuam
abordando o controle de tráfego seguro por meio de
treinamento regular e atualizações das taxas de ICC.
Ela diz, “Coordenadores da área perioperatória de-
sempenham um papel crítico na manutenção das prá-
ticas para um controle de tráfego seguro ao ajudar
membros do grupo a não voltarem à prática de ve-
lhos hábitos”.
Salamone descobriu que a melhor abordagem para este
reforço é começar conversas em grupo para reconhe-
cimento positivo, quando percebe que as práticas para
tráfego seguro estão sendo usadas. Quando ela perce-
be que um funcionário está deixando de executar a prá-
tica de tráfego, ela dá seu parecer negativo em conver-
sa individual com a pessoa e a reeduca em tempo real,
fazendo com que o funcionário reitere as ferramentas e
práticas padrão para minimização do tráfego no CC em
seu local de trabalho.
“A gente corre tanto que pode ser mais fácil simples-
mente entrar no CC para obter uma resposta ou sair
dali para buscar um item necessário”, admite Salamone.
“Utilizando as evidências que justificam a necessidade de
um tráfego seguro, podemos ajudar um ao outro a lem-
brar porque é tão imperativo minimizar o tráfego para
proteção de nossos pacientes”.
1. Greene, L. Sumário Executivo da Associação de Profissionais
em Controle de Infecção e Guia de Eliminação de Epidemiologia
(An Executive Summary of the Association for Professionals
in Infection Control and Epidemiology Elimination
Guide). Periódico americano de Controle de Infecção.
American Journal of Infection Control 2012: 40(4): 384-6.
http://www.apic.org/Resource_/EliminationGuideForm/
34e03612-APIC-Ortho-Guide.pdf
RECURSOS ADICIONAIS
Aprenda mais sobre este trabalho apresentado em pôs-
teres de pesquisa.
http://www.eventscribe.com/2017/posters/aorn/
SplitViewer.asp?PID=NzA3ODY5ODIyNQ
Revisão: Práticas baseadas em evidências para controle de trá-
fego da AORN no Guia por um ambiente de cuidados seguro,
parte II. Conferência de Cirurgia Internacional & Expo na AORN
2017 (AORN’s evidence-based practices for traffic control in
the Guideline for a safe environment of care, part II. at AORN’s
2017 Global Surgical Conference & Expo).
Fonte: AORN
Data da Publicação: 14 de Julho 2017
Tradução: SOBECC Nacional
AORN
SOBECC com Você26
BEM-ESTAR
Você é uma pessoa empática?
Nos últimos anos, a abordagem da empatia tem sido
defendida por vários estudiosos como uma habilida-
de essencial em várias áreas do relacionamento, seja
pessoal ou profissional, para a melhor convivência e
resgate dos laços humanos. Esse discurso global para
que sejamos mais empáticos está diretamente relacio-
nado à fragilidade das relações humanas.
Na percepção do sociólogo e filósofo Edison Silvestre
Petenussi da Silva, “a sociedade está em processo de
encapsulamento, de ausência de empatia e, em contra-
partida, de valorização da imagem, do estético. Um dos
fatores que vem contribuindo para isso são alguns dis-
positivos sociais muito presentes no dia a dia, como as
redes sociais, onde a vida ganha novas formas de inte-
ração e ares de espetacularização, com o indivíduo vi-
vendo dentro de si mesmo. Essa emergência midiática
diz muito a respeito do eu”, reflete. Outro ponto a ob-
servar nesse processo é o fato de que ninguém ouve
mais ninguém, e todos querem ser donos da verdade.
Nesse cenário, observa-se que a capacidade de o in-
divíduo tratar um estranho com humanidade é for-
temente prejudicada. “Estamos ficando anestesiados
para muitas coisas, e a imagem corrobora para esse
processo”, diz Edison. Dentro desse contexto, “a em-
patia surge absolutamente necessária no sentido de
ter a capacidade de perceber o próximo com mais
respeito, sensibilidade e afeto, de maneira a com-
preender seus sentimentos, desejos, ideias e reações.
Isso é se imaginar no lugar do outro. A pessoa que de-
tém a habilidade da empatia, naturalmente agirá pen-
sando em ajudar o próximo, em como efetivamente
poder mudar a situação”, destaca.
Desenvolvendo a empatiaSegundo Edison, “ninguém nasce empático. É uma
habilidade que precisa ser desenvolvida até se tor-
nar um sentimento natural. A empatia nasce de um
processo de fruição e isso leva tempo, e nos torna-
mos empáticos ou não. Se colocar no lugar do outro
é muito difícil”, afirma.
O sociólogo explica que para desenvolver a empatia
é preciso praticar, insistir. “É um exercício constante.
Se no processo você precisar refletir porque deve ter
determinada atitude como algo extraordinário, não é
empatia. É preciso sentir de maneira que não se per-
ceba que está sendo empático, mas está. Ou seja, fa-
zer sem se dar conta de que esteja fazendo, até que
compreenda que o seu melhor é de fato o seu me-
lhor. Exemplo: Eu amo quando não percebi mais que
amo. Ou seja, quando ama e não sabe explicar. A em-
patia é assim”, diz.
Em resumo, “a empatia é um sentimento da ordem
natural. Vale esclarecer que empatia não é ingenuida-
de ou caridade. É ser sensível à vida”, finaliza.
Edison Silvestre Petenussi Silva é mestre em Filosofia e Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica PUC-SP. Atua como professor no ensi-no médio na rede particular e no ensino superior. Autor do livro “O Estatuto da Imagem Fotográfica: uma abordagem da Bibliotheca de Rosângela Rennó”.
A empatia é tida hoje como uma habilidade essencial para viver bem na sociedade moderna
SOBECC com Você 27
O paraense, Herickson Lee, cria Projeto ‘Por Amor’
Voluntariado como propósito de vida
Entre as definições para a Enfermagem, esta é uma
das que melhor resume a profissão: a arte de cuidar
incondicionalmente do outro, por e com amor. Esse
sentimento de doação somado à tendência altruísta,
levou o jovem enfermeiro Herickson Lee a criar o pro-
grama de voluntariado ‘Por Amor’, em 2014, na cida-
de de Itaituba (PA), onde nasceu, para cuidar daque-
les que não têm acesso à assistência à saúde básica.
Itaituba está localizada no sudoeste do Pará e tem
cerca de 100 mil habitantes. A região apresenta áreas
protegidas pelo patrimônio natural, como o Parque
Nacional da Amazônia, às margens do rio Tapajós, que
abriga grupos indígenas.
Herickson é pós-graduado em Centro Cirúrgico,
Recuperação Anestésica e Centro de Material e
Esterilização, e também é formado em Geografia,
com especialização em Educação Ambiental.
Somando os conhecimentos, ele desenvolveu o ‘Por
Amor’, para levar a assistência à saúde para comuni-
dade carente da cidade, por meio do voluntariado,
reunindo estudantes de Enfermagem e profissionais
da saúde. O programa de voluntariado atendeu tam-
bém uma aldeia indígena da etnia dos Mundurukus,
que vive na proximidade.
Segundo Herickson, a oportunidade de iniciar o proje-
to ‘Por Amor’ surgiu quando ele já atuava como enfer-
meiro de Bloco Operatório e foi convidado para fazer
parte do corpo de docentes da Faculdade de Itaituba,
onde lecionou a disciplina de Centro de Cirúrgico.
Herickson diz que, “ajudar o próximo faz parte de
meus valores como ser humano. Sempre participei de
ações sociais, promovidas pela minha comunidade re-
ligiosa. A criação do ´Por Amor’ partiu do interesse de
praticar o bem por meio da Enfermagem, de forma
solidária, e também pela necessidade de propor um
diferencial prático ao aprendizado”.
Herickson conta que coordenou o projeto durante o
período que lecionou, promovendo ações de assis-
tência solidária em escola, posto de saúde, hospital
local e na aldeia Praia do Índio, reunindo estudantes
da área da saúde. As ações de atendimento foram rea-
lizadas em datas comemorativas: Dia das Crianças e
Dia do Índio, para que os voluntários colocassem em
prática o que foi ensinado em aula.
“Reunimos pais e crianças para apresentação de pa-
lestras sobre higiene geral, higiene bucal, saúde e
prevenção, como a importância de lavar as mãos na
prevenção de doenças. Pudemos levar uma assistên-
cia multidisciplinar e humanizada, com atendimen-
tos de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Fisioterapia
e Odontologia, com objetivo de promover acesso à
saúde de atenção básica. Especificamente no hospital,
conseguimos criar um ambiente também mais huma-
nizado, na unidade de Pediatria, com a promoção de
brincadeiras integrativas e apresentação de palhaços
e fantoches. Montamos, ainda, uma brinquedoteca,
para funcionar independentemente do projeto”, diz.
Já o atendimento assistencial aos índios, de acordo com
Herickson, contou com a intermediação de um profis-
sional de saúde de origem indígena. “Não conseguiría-
mos entrar na aldeia se não fosse assim. Fizemos duas
ações na reserva indígena nomeada Praia do Índio. Na
segunda, tivemos menor resistência, podendo oferecer
melhor assistência. Com maior receptividade, tivemos a
grata experiência de vivenciar a cultura indígena, partici-
pando da produção dos alimentos, do artesanato e da
pintura”, lembra.
Entre os casos diagnosticados na aldeia, um compli-
cado foi o do pagé, que precisava fazer uma cirurgia.
Segundo Herickson, “depois da assistência, contatamos
as autoridades municipais, para poder intervir com a ci-
rurgia e as medicações do pagé”, recorda. Assim era
SOBECC com Você28
feito também com as outras famílias de Itaituba.
“Foi um grande aprendizado para os graduandos ter
esse contato com a realidade de moradores que vi-
vem em condições bem precárias, como falta de sa-
neamento e dificuldade de acesso à saúde, seja pela
distância ou até pela falta de informação. “Para chegar
aos lugares, enfrentamos estradas de terra e trilhas, le-
vando as doações. Sinto-me agradecido por nossas vi-
sitas assistências terem plantado uma sementinha de
transformação”, diz.
O futuroAtualmente, Herickson trabalha como enfermeiro res-
ponsável pelo setor de Hemodinâmica, no Hospital
Regional do Baixo Amazonas (HRBA), que é referên-
cia na região e está entre os 10 melhores hospitais do
Brasil. “O hospital é o primeiro do interior a obter a
certificação ONA 3 e, em breve, receberá a acredita-
ção da Joint Comission International (JCI).
“Há um ano mudei para Santarém e pretendo imple-
mentar o ‘Por Amor’ na cidade. Em Itaituba, o projeto
sofreu alteração, mas continua. Um grupo de alunos
da faculdade abraçou o voluntariado e renomeou o
programa para ‘Espalhando Amor’, que passou a pro-
mover ações sociais nas comunidades de Itaituba e
Forlândia”, conta.
“Há cidades que o deslocamento para outro municí-
pio precisa ser feito de barco, tendo muita precarieda-
de na saúde, como falta de equipamentos e escassez
de profissionais. Eu me sinto realizado na Enfermagem
ajudando o próximo, e sempre farei o possível para
doar um pouco, sendo voluntário de saúde”, afirma.
A título de curiosidade, Herickson é um jovem de-
terminado. Para fazer a sua pós-graduação em São
Paulo, enfrentava deslocamento por barco de Itaituba
a Santarém e quilômetros de estrada até chegar ao ae-
roporto, para pegar o voo para São Paulo, repetindo
isso até o fim. Sobre o voluntariado: “é fundamental
ajudar pessoas”, conclui.
Michele Obama disse para o mundo: “sucesso é a di-
ferença que você faz na vida das pessoas”. Se o cami-
nho é esse, Herickson está na trilha certa, atuando na
Enfermagem com o propósito transformador.
FORA DA PROFISSÃO
1. Graduandos de Enfermagem em atendimento
à esposa do cacique; 2. Voluntária ensina sobre
saúde bucal para criança da aldeia; 3. Artesãos
da aldeia indígena mostram a transformação
do barro em arte; 4. Herickson Lee e grupo de
voluntários do ´Por Amor´
4
3
21
SOBECC com Você 29
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especialistas nacionais e internacionais que vivenciam na
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mento profissional no contexto da habilidade técnica e
comportamental e do trabalho em equipe, por meio da
realização de cenários que fazem parte do cotidiano da
assistência em saúde.
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