Daniela Morim Gomes
Mestrado em Ecologia e Ambiente
Departamento de Biologia
2019
Orientador
Nuno Eduardo Malheiro Magalhães Esteves Formigo,
Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto
Integração dos
serviços de
ecossistema no
processo de Avaliação
de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas
de Pinus sp.
alexdebordeauxii.wordpress.com
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
II
Todas as correções determinadas
pelo júri, e só essas, foram efetuadas.
O Presidente do Júri,
Porto, ______/______/_________
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
III
Agradecimentos
Depois de mais de um ano dedicado a este trabalho, não podia concluir esta etapa sem
agradecer a todos aqueles que me apoiaram ao longo do percurso.
Começo por agradecer ao professor Nuno Formigo, pela orientação da tese e pelo apoio
sempre que surgiram dúvidas e incertezas no decorrer deste trabalho.
Agradeço também ao meu colega Paulo Sousa, que me acompanhou nesta fase, com
quem partilhei também muitas dessas dúvidas e incertezas e que esteve sempre pronto
a ajudar.
À minha família, com um agradecimento muito especial aos meus pais, que me
permitiram expandir os meus horizontes e me deram o apoio incondicional que precisei
para o fazer.
Aos amigos, em especial à Ana, à Andreia, à Maria e à Raquel, que me acompanham
desde que entrei na licenciatura de Biologia, já lá vão cinco anos, e com quem pude
sempre contar a partir daí.
Aos professores e colegas do mestrado em Ecologia e Ambiente com quem tive o prazer
de ingressar num curso que me fez aprender bastante e perceber melhor o que queria
para o meu futuro. Todos contribuíram para isso.
Queria ainda deixar um agradecimento àqueles que, mesmo não referidos acima,
tiveram influência no meu percurso e contribuíram de alguma forma para que eu
estivesse aqui agora.
Sem vocês, não tinha sido possível concretizar esta etapa da minha vida.
A todos, um muito obrigado.
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IV
Resumo
A Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) tem como objetivo final o desenvolvimento
sustentável, através da consideração equilibrada das vertentes económica, social e
ambiental. A interligação destas três dimensões na avaliação de impactes torna-se mais
evidente e fácil de entender com a incorporação da avaliação dos serviços de
ecossistema (SE), uma vez que permitem traduzir valores ambientais para termos
socioeconómicos. Apesar do crescente reconhecimento da importância desta temática
e do aumento do trabalho de investigação realizado nos últimos anos, continua a
verificar-se a falta de estratégias concretas que guiem a aplicação na prática.
Consequentemente, indicadores relativos aos SE são atualmente pouco considerados
em projetos de gestão ambiental. Como forma de verificar a tendência em Portugal,
realizou-se uma revisão dos estudos de impacte ambiental (EIA) elaborados até aos
dias de hoje, no que diz respeito à inclusão dos serviços de ecossistema. Os resultados
vieram corroborar a informação obtida a partir da literatura, visto que a percentagem de
estudos onde foram encontradas referências explícitas ao tema é muito reduzida (~1%).
A par desta análise, e dada a falta de incorporação dos SE, averiguou-se o que é
considerado atualmente nos EIA em relação aos impactes expectáveis, medidas de
minimização e planos de monitorização para os ecossistemas, procedendo-se à
sistematização destas três categorias. Este trabalho permitiu entender de que forma é
feita atualmente a avaliação de impactes e a proposta de medidas de minimização e
monitorização, e mostrou que é possível a sua adaptação de forma a englobar os SE.
Face à necessidade de desenvolver metodologias concretas, propusemo-nos à
elaboração de um guia metodológico, onde são propostas abordagens que permitem
incorporar os SE na AIA. Este guia é direcionado para as florestas de Pinus sp., um
ecossistema florestal que cobre uma percentagem considerável do território nacional,
mas que enfrenta atualmente um acentuado decréscimo. Por estas razões, considera-
se que há uma necessidade premente de melhorar a sua gestão. A existência de guias
como este poderá abrir caminho para um maior envolvimento dos decisores nas
questões de avaliação dos SE, facilitando assim a comunicação entre as diferentes
partes envolvidas no processo de AIA.
Palavras-chave: Estudo de Impacte Ambiental; serviços de ecossistema; CICES;
sistematização; desenvolvimento sustentável
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
V
Abstract
The Environmental Impact Assessment (EIA) has as its ultimate goal the sustainable
development, through the balanced consideration of economic, social and environmental
aspects. The connection of these three dimensions in impact assessment becomes
clearer and easier to understand with the incorporation of ecosystem services (ES)
evaluation, as they enable environmental values to be translated into socioeconomic
terms. Despite the growing recognition of the importance of this theme and the increased
research work in recent years, there is still a lack of concrete strategies to guide its
application in practice. Consequently, ES indicators are currently poorly considered in
environmental management projects. As a way of verifying the trend in Portugal, a review
of the environmental impact studies elaborated to the present day was conducted
regarding the inclusion of ecosystem services. The results corroborate the information
obtained from the literature, since the percentage of studies where explicit references to
the subject were found is very low (~ 1%). Along with this analysis, and given the lack of
incorporation of ES, it was investigated what is currently considered in the environmental
impact studies in relation to the expected impacts, minimization measures and
monitoring plans for the ecosystems, proceeding to systematize these three categories.
This task has made it possible to understand how impact assessment and the proposal
of minimization and monitoring measures are currently carried out and has shown that it
is possible to adapt them to encompass the ES. Faced with the need to develop concrete
methodologies, we elaborated a methodological guide, which proposes approaches that
allow the incorporation of ES in the EIA. This guide is directed to the Pinus sp. forests, a
forest ecosystem that covers a considerable percentage of the national territory, but
currently faces a steep decline. For these reasons, it is considered that there is a
pressing need to improve its management. The existence of guides like this could pave
the way for greater involvement of decision makers in the ES evaluation issues, thus
facilitating communication between the different parties involved in the EIA process.
Keywords: Environmental Impact Study, ecosystem services, CICES, systematization,
sustainable development
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VI
Índice
Agradecimentos ........................................................................................................... III
Resumo ....................................................................................................................... IV
Abstract ........................................................................................................................ V
Índice ........................................................................................................................... VI
Lista de tabelas .......................................................................................................... VIII
Lista de figuras ............................................................................................................ IX
Lista de abreviaturas.................................................................................................... XI
1. Introdução ............................................................................................................... 1
1.1. Avaliação de Impacte Ambiental .................................................................... 1
1.1.1. Legislação nacional aplicável ao processo de AIA ..................................... 1
1.2. Serviços de ecossistema ............................................................................... 7
1.3. Serviços de ecossistema em contexto de AIA ............................................. 12
1.4. Florestas: importância dos SE florestais e da sua incorporação em AIA ...... 15
1.4.1. Florestas de Pinus sp. .............................................................................. 16
1.5. Tentativas de integração dos SE no processo de AIA: revisão da literatura . 21
1.6. Objetivos ...................................................................................................... 22
2. Metodologia .......................................................................................................... 23
2.1. Integração dos SE no processo de AIA – revisão da situação atual ............ 23
2.2. Tipificação da AIA ........................................................................................ 23
2.3. Elaboração do guia metodológico para a integração dos serviços de
ecossistema na Avaliação de Impacte Ambiental, com aplicação às florestas
de Pinus sp. .............................................................................................................. 24
3. Resultados e Discussão ........................................................................................ 26
3.1. Integração dos SE no processo de AIA – revisão da situação atual ............ 26
3.2. Tipificação da AIA ........................................................................................ 28
3.2.1. Tipificação dos impactes .......................................................................... 28
3.2.2. Tipificação das medidas de minimização ................................................. 31
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VII
3.2.3. Tipificação da monitorização .................................................................... 34
3.3. Síntese da revisão ....................................................................................... 38
3.4. Integração dos serviços de ecossistema na Avaliação de Impacte Ambiental:
guia metodológico para as florestas de Pinus sp. ........................................ 39
4. Conclusões ........................................................................................................... 40
5. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 42
6. Anexos .................................................................................................................. 52
Anexo 1. Guia metodológico para a inclusão dos SE em AIA .................................. 52
Anexo 2. Publicações e participações em conferências no decorrer da realização da
dissertação .............................................................................................................. 99
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VIII
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Resumo da estrutura correspondente aos primeiros três níveis da
classificação CICES (secção, divisão e grupo) relativa aos serviços bióticos. ............ 10
Tabela 2 – Resumo da estrutura correspondente aos primeiros três níveis da
classificação CICES (secção, divisão e grupo) relativa aos serviços abióticos. .......... 11
Tabela 3 – Aspetos considerados no plano de monitorização: objetivos. .................... 35
Tabela 4 – Aspetos considerados no plano de monitorização: parâmetros a monitorizar.
................................................................................................................................... 35
Tabela 5 – Aspetos considerados no plano de monitorização: duração e frequência de
amostragem. ............................................................................................................... 35
Tabela 6 – Aspetos considerados no plano de monitorização: locais de amostragem. 36
Tabela 7 – Aspetos considerados no plano de monitorização: técnicas e métodos de
análise. ....................................................................................................................... 37
Tabela 8 – Aspetos considerados no plano de monitorização: periodicidade de relatórios.
................................................................................................................................... 37
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IX
Lista de Figuras
Fig. 1 - Esquema cronológico representativo da legislação aplicável ao processo de AIA
ao longo dos anos em Portugal (dados obtidos a partir de APA, 2019). ....................... 2
Fig. 2 - A base conceptual para a CICES pode ser ilustrada através do Modelo da
Cascata, descrito por Potschin and Haines-Young, (2011) & (2016). ............................ 9
Fig. 3 - Quadro conceptual para a avaliação dos ecossistemas na UE e a nível nacional,
ao abrigo da Ação 5 da Estratégia para a Biodiversidade até 2020 da UE (Maes et al.,
2016). ......................................................................................................................... 13
Fig. 4 – Alterações na área florestal de várias espécies arbóreas em Portugal, entre
1995 e 2015 (ICNF, 2019). ......................................................................................... 17
Fig.5 – Distribuição geográfica do pinheiro-bravo (Pinus pinaster) em Portugal; exemplar
de pinheiro-bravo (Clamote et al., 2019; Flora-on & Sociedade Portuguesa de Botânica,
2014). ........................................................................................................................ 18
Fig.6 – Distribuição geográfica do pinheiro-manso (Pinus pinea) em Portugal; exemplar
de pinheiro-manso (Clamote et al., 2019; Flora-On Sociedade Portuguesa de Botânica,
2014). ......................................................................................................................... 20
Fig.7 – Esquema representativo da organização definida para os estudos analisados
(grupos e subgrupos). Estruturas lineares estendem-se por grandes distâncias, mas
ocupam pouca área em cada local onde são estabelecidas; estruturas locais são mais
concentradas num determinado local; estruturas intermédias correspondem a um meio-
termo entre as duas anteriores. .................................................................................. 24
Fig.8 - Gráfico representativo da situação atual relativa à integração dos SE em AIA,
que sumariza a ocorrência (ou a falta dela) de referências ao tema nos estudos
analisados (amostragem total de 339 estudos). Mostra a % de estudos sem referências
e com referências explícitas ou implícitas. .................................................................. 26
Fig.9 – Gráficos representativos dos principais impactes referidos nos EIA analisados.
Cada gráfico é referente a uma das fases do projeto (construção, exploração e
desativação) e tem em conta os tipos de estrutura (linear, local e intermédia).
Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as
estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são 12 porque não inclui o
subgrupo das pedreiras) e 6 estudos para as estruturas intermédias. ........................ 29
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X
Fig.10 – Gráficos representativos da percentagem de estudos que referem o impacte
“Aumento do risco de incêndio”, para a fase de construção e fase de exploração (este
impacte não é referido para a fase de desativação). ................................................... 30
Fig.11 - Gráficos representativos da percentagem de estudos que referem o impacte
“Proliferação de espécies exóticas/invasoras”, para a fase de construção e fase de
exploração (este impacte não é referido para a fase de desativação). ........................ 30
Fig.12 – Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas
nos EIA analisados referentes à fase de construção, tendo em conta o tipo de estrutura
(linear, local e intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares,
12 estudos para as estruturas locais e 6 estudos para as estruturas intermédias. ...... 31
Fig.13 - Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas nos
EIA analisados referentes à fase de exploração, tendo em conta o tipo de estrutura em
questão (linear, local e intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas
lineares, 18 estudos para as estruturas locais e 6 estudos para as estruturas
intermédias. ................................................................................................................ 32
Fig.14 – Comparação entre a % de referências ao impacte “Aumento do risco de
incêndio” e a % de referências a medidas de minimização para prevenção de incêndios.
Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as
estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são 12) e 6 estudos para as
estruturas intermédias. ............................................................................................... 33
Fig.15 - Comparação entre a % de referências ao impacte “Proliferação de espécies
exóticas/invasoras” e a % de referências a medidas de minimização para controlo de
espécies exóticas/invasoras. Amostragem total de 18 estudos para as estruturas
lineares, 18 estudos para as estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são
12) e 6 estudos para as estruturas intermédias. ......................................................... 33
Fig.16 – Gráficos representativos da percentagem de estudos com plano de
monitorização que englobe flora, vegetação e habitats (% total e por subgrupo).
Amostragem total de 42 estudos. ............................................................................... 34
Fig.17 – Diferentes aspetos dos planos de monitorização abordados nos EIA analisados.
................................................................................................................................... 34
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XI
Lista de abreviaturas
AIA – Avaliação de Impacte Ambiental
APA – Agência Portuguesa do Ambiente
CA – Comissão de Avaliação
CBD – Convention on Biological Diversity
CCAIA – Conselho Consultivo de Avaliação de Impacte Ambiental
CICES - Common International Classification of Ecosystem Services (Classificação
Internacional Comum dos Serviços de Ecossistema)
COP8 – Eighth Session of the Conference of the Parties (8ª Conferência das Partes)
DIA – Declaração de Impacte Ambiental
EIA – Estudo de Impacte Ambiental
IFC – International Finance Corporation (Corporação Financeira Internacional)
IFN6 – 6º Inventário Florestal Nacional
IPBES – Intergovernmental Panel on Biodiversity and Ecosystem Services
MEA – Millennium Ecosystem Assessment
NEPA – National Environmental Policy Act
RECAPE – Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução
SE – Serviços de Ecossistema
SIAIA – Sistema de Informação sobre Avaliação de Impacte Ambiental
TEEB – The Economics of Ecosystems and Biodiversity
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1
1. Introdução
1.1. Avaliação de Impacte Ambiental
A avaliação de impacte é o processo de identificar as consequências futuras de uma
ação proposta ou a decorrer no presente (Honrado et al., 2013). Este conceito está na
raiz de diferentes instrumentos, sendo o mais generalizadamente utilizado a avaliação
de impacte ambiental (AIA) (Honrado et al., 2013). Atualmente, a AIA é aplicada de
forma global, tanto através de legislação nacional como de organizações internacionais
(Hansen et al., 2018). Esta pode ser definida como o processo de identificar, prever,
avaliar e mitigar os efeitos biofísicos, sociais e outros de determinadas propostas de
desenvolvimento, prévio à tomada de grandes decisões e à concretização de
compromissos (Senécal et al., 1999). É um processo que serve de base para decisões
legais e que assegura a participação pública na tomada de decisões, reforçando assim
a sua qualidade (Hansen et al., 2018).
A AIA contemporânea tem o seu início com a NEPA (National Environmental Policy
Act 1969), nos EUA (Unep, 2002). Na União Europeia, passa a ser um instrumento
chave na política ambiental a partir da implementação da primeira diretiva em 1985
(Diretiva 85/337/EEC), tendo havido vários melhoramentos na legislação e na prática ao
longo dos anos (Lantieri et al., 2017). Contudo, as melhorias na avaliação de impacte
em geral são principalmente sentidas na vertente económica, uma vez que a vertente
relacionada com os impactes ambientais e benefícios da proteção ambiental é ainda
considerada subvalorizada (Cecot et al., 2011). O uso da AIA tem sido crescentemente
promovido com o objetivo de integrar decisões políticas económicas e ambientais,
sendo uma das ferramentas mais importantes usadas na tomada de decisões orientadas
para o desenvolvimento sustentável (Chen, 2009; Morgan, 2012; Sánchez & Croal,
2012; Zawadzka et al., 2017).
1.1.1. Legislação nacional aplicável ao processo de AIA
Em Portugal, os primeiros passos em matéria de avaliação de impacte ambiental foram
dados em 1990, com a transposição da diretiva europeia n.º 85/337/CEE, do Conselho
de 27 de junho de 1985, através do Decreto-lei nº186/90, de 6 de junho. Este veio
introduzir na legislação nacional normas relativas à avaliação dos efeitos de
determinados projetos públicos e privados no ambiente. Após esta legislação, seguiram-
se várias alterações ao longo dos anos (Fig. 1), principalmente em resultado do
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
2
surgimento e consequente transposição de novas diretivas europeias para o direito
nacional, e também da necessidade de revisão, clarificação e harmonização de
procedimentos e práticas em sede de AIA ao longo do tempo. Estas alterações deram
origem a novos decretos-lei, nomeadamente em 2000, ano em que surgiu o Decreto-lei
n.º 69/2000, de 3 de maio, que veio revogar a legislação anterior, e em 2013, ano em
que se estabeleceu o atual regime jurídico de avaliação de impacte ambiental, através
da instituição do Decreto-lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro. Este foi, mais tarde,
alterado e republicado pelo Decreto-lei n.º 152-B/2017, de 11 de dezembro que transpõe
para a ordem jurídica interna a diretiva n.º 2014/52/UE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 16 de abril de 2014. Esta legislação mais recente entrou em vigor a 1 de
janeiro de 2018 (APA, 2019a).
Fig. 1 - Esquema cronológico representativo da legislação aplicável ao processo de AIA ao longo dos anos em Portugal
(dados obtidos a partir de APA, 2019). A metade a cinzento do esquema representa a legislação revogada, enquanto
que a metade a laranja resume a legislação atualmente em vigor. Associada às circunferências, encontra-se a legislação
que estabeleceu o regime jurídico relativo ao processo de AIA ao longo dos anos, destacando-se o estabelecimento do
atual regime jurídico em 2013, através do Decreto-lei nº151-B/2013. Associada aos círculos, está a legislação relativa a
alterações sofridas por esses regimes jurídicos.
A AIA encontra-se consagrada, enquanto princípio, no artigo 18º da lei n.º
19/2014, de 14 de abril, que define as bases da política de ambiente (APA, 2019a). Este
artigo, intitulado de “Instrumentos de avaliação” estabelece que “os programas, planos
e projetos, públicos ou privados, que possam afetar o ambiente, o território ou a
qualidade de vida dos cidadãos, estão sujeitos a avaliação ambiental prévia à sua
aprovação, com vista a assegurar a sustentabilidade das opções de desenvolvimento”.
No seguimento disso, estipula ainda que “a avaliação ambiental garante que o processo
de tomada de decisão integra a ponderação dos impactes relevantes em termos
biofísicos, económicos, sociais, culturais e políticos, tendo em conta, entre outros, o
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estado do ambiente, a avaliação entre alternativas, o cenário de referência, e os
impactes cumulativos com outros desenvolvimentos programados ou implementados,
bem como os contributos recebidos através de consulta e participação pública,
contemplando ainda uma análise do ciclo de vida no caso de projetos suscetíveis de
causarem impactes ambientais adversos significativos” (Diário da República, 2014).
A legislação em vigor (Decreto-Lei n.o 152-B/2017, de 11 de dezembro) estabelece
como objetivos do processo de avaliação de impacte ambiental:
▪ identificar, descrever e avaliar, de forma integrada, os possíveis impactes
ambientais significativos, diretos e indiretos, de um projeto e das alternativas
apresentadas, tendo em vista suportar a decisão sobre a respetiva viabilidade
ambiental, e ponderando nomeadamente os seus efeitos sobre: a população e
a saúde humana; a biodiversidade, em especial no que respeita às espécies e
habitats protegidos nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, na sua
redação atual; o território, o solo, a água, o ar, o clima, incluindo as alterações
climáticas; os bens materiais, o património cultural, arquitetónico e arqueológico
e a paisagem; a interação entre os fatores mencionados, incluindo os efeitos
decorrentes da vulnerabilidade do projeto perante os riscos de acidentes graves
ou de catástrofes que sejam relevantes para o projeto em causa;
▪ definir medidas destinadas a evitar, minimizar ou compensar tais impactes,
auxiliando a adoção de decisões ambientalmente sustentáveis;
▪ instituir um processo de verificação, a posteriori, da eficácia das medidas
adotadas, designadamente, através da monitorização dos efeitos dos projetos
avaliados;
▪ garantir a participação pública e a consulta dos interessados na formação de
decisões que lhes digam respeito, privilegiando o diálogo e o consenso no
desempenho da função administrativa.
No que diz respeito às entidades intervenientes, no âmbito da aplicação do atual regime
jurídico estão envolvidas a entidade licenciadora ou competente para a autorização do
projeto, a autoridade de AIA, a comissão de avaliação (CA), a autoridade nacional de
AIA e o conselho consultivo de AIA (CCAIA).
A legislação define igualmente as diferentes fases que constituem o processo de AIA:
▪ Definição do âmbito do estudo de impacte ambiental (EIA) – é uma fase
facultativa, que permite identificar as questões ambientais mais significativas,
que podem ser afetadas pelos potenciais impactes causados pelo projeto, e
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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sobre as quais o EIA deve incidir; a proposta de definição do âmbito do EIA,
acompanhada de uma declaração de intenção de realizar o projeto, contém uma
descrição sumária do tipo, características e localização do mesmo.
▪ Procedimento de avaliação – corresponde essencialmente à elaboração do EIA,
cujo conteúdo será analisado com mais detalhe adiante; inclui ainda a instrução
e apreciação prévia do estudo e um período de participação pública; segue-se o
parecer final e a emissão da Declaração de impacte ambiental.
▪ Declaração de impacte ambiental (DIA) – pode ser favorável, favorável
condicionada ou desfavorável, com base na avaliação ponderada dos impactes
ambientais do projeto; inclui a identificação do projeto, o resumo do conteúdo do
procedimento, o resumo do resultado da consulta pública e da forma como a
mesma foi tida em conta na decisão, as razões que justificam a decisão, o índice
de avaliação ponderada dos impactes ambientais, a informação das entidades
legalmente competentes sobre a conformidade do projeto com os instrumentos
de gestão territorial e as servidões e restrições de utilidade pública e de outros
instrumentos relevantes; a DIA desfavorável põe termo ao procedimento de AIA.
▪ Procedimento de verificação da conformidade ambiental do projeto de execução
– implica a elaboração do relatório de conformidade ambiental do projeto de
execução (RECAPE), e é obrigatório quando o procedimento de avaliação é feito
previamente ao projeto de execução; tem como objetivo verificar a concordância
do projeto com os termos e condições impostos pela DIA; o RECAPE é entregue
à autoridade de AIA em conjunto com o projeto de execução, para posterior
análise e elaboração do parecer técnico final sobre a conformidade ambiental.
▪ Procedimento de pós-avaliação – tem como objetivo avaliar a eficácia das
medidas fixadas durante as fases de construção, exploração e desativação do
projeto; inclui, designadamente, a análise dos relatórios de monitorização e de
outra documentação relevante, a realização de visitas ao local de implantação
do projeto e a realização de auditorias.
No decreto-lei em vigor é ainda regulamentado o acesso à informação e a participação
pública, sendo destacado que os procedimentos de AIA, RECAPE e pós-avaliação são
públicos. Todos os seus elementos e peças processuais encontram-se disponíveis na
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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autoridade de AIA, com exceção dos abrangidos pelo segredo industrial ou comercial
ou dos que sejam relevantes para a proteção da segurança nacional ou da conservação
do património natural e cultural.
Segundo o atual regime jurídico de AIA, o conteúdo mínimo do EIA engloba as seguintes
etapas:
1. Descrição do projeto, em especial, a descrição da sua localização, das
características físicas da totalidade do projeto, das principais características da
fase de exploração do projeto, por exemplo, a procura de energia e a energia
utilizada, a natureza e a quantidade de materiais e recursos naturais utilizados,
e também a estimativa dos tipos e quantidades de resíduos e emissões previstos
durante as fases de construção e de exploração.
2. Descrição das alternativas razoáveis estudadas e as suas características
específicas, bem como uma indicação das principais razões para a seleção da
opção escolhida, incluindo uma comparação dos efeitos no ambiente.
3. Descrição dos aspetos relevantes do estado atual do ambiente e um esboço da
sua provável evolução caso o projeto não seja executado.
4. Descrição dos fatores suscetíveis de serem significativamente afetados pelo
projeto, nomeadamente a população e a saúde humana, a biodiversidade, o
território, o solo, a água, o ar, a paisagem, o clima, incluindo as alterações
climáticas, os bens materiais, o património cultural, incluindo os aspetos
arquitetónicos e arqueológicos e a paisagem, bem como a interação entre os
fatores mencionados.
5. Descrição dos prováveis efeitos significativos do projeto no ambiente,
resultantes: da construção e da exploração do projeto; da utilização de recursos
naturais; da emissão de poluentes, ruído, vibrações, luz, calor e radiação; dos
riscos para a saúde humana, para o património cultural ou para o ambiente; da
acumulação de efeitos com outros projetos existentes e/ou aprovados; do
impacto do projeto sobre o clima (ao nível do microclima); da vulnerabilidade do
projeto às alterações climáticas; e das tecnologias e das substâncias utilizadas.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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6. Descrição e hierarquização dos impactes ambientais (efeitos diretos e indiretos,
secundários e cumulativos, transfronteiriços, a curto, médio e longo prazos,
permanentes e temporários, positivos e negativos) decorrentes do projeto e das
alternativas estudadas. Esta análise deverá ter em conta os objetivos de
proteção do ambiente, estabelecidos a nível nacional, europeu ou internacional,
que sejam pertinentes para o projeto.
7. Indicação dos métodos de previsão ou de prova, utilizados para identificar e
avaliar os impactes no ambiente, bem como da respetiva fundamentação
científica.
8. Descrição das medidas previstas para evitar, prevenir, reduzir ou, se possível,
compensar os impactes negativos no ambiente. Esta descrição deve abranger
as fases de construção, exploração e desativação.
9. Descrição dos impactes negativos significativos esperados do projeto no
ambiente, decorrentes do risco de acidentes graves e/ou de catástrofes aos
quais o projeto pode ser vulnerável, que sejam relevantes para o projeto em
causa. Se adequado, a descrição deverá incluir medidas previstas para prevenir
ou minimizar os efeitos negativos significativos dessas ocorrências no ambiente
e os pormenores relativos à prontidão e à resposta proposta para estas
emergências.
10. Descrição dos programas de monitorização previstos nas fases de construção,
exploração e desativação.
11. Resumo das eventuais dificuldades, incluindo lacunas técnicas ou de
conhecimentos encontradas na compilação das informações requeridas e as
principais incertezas envolvidas.
12. Referência a eventuais sugestões do público e às razões da não adoção dessas
sugestões.
13. Resumo não técnico de todos os itens anteriores, se possível acompanhado de
meios de apresentação visual.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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14. Lista de referências com uma discriminação das fontes utilizadas para as
descrições e avaliações efetuadas.
O EIA deve, ainda, incluir as diretrizes da monitorização, identificando os parâmetros
ambientais a avaliar, as fases do projeto nas quais irá ter lugar e a sua duração, bem
como a periodicidade prevista para a apresentação dos relatórios de monitorização à
autoridade de AIA.
Como já foi referido, a última alteração na legislação nacional relativa ao processo
de AIA resultou da transposição da Diretiva n.º 2014/52/EU. Esta apresenta como
principais linhas de orientação o aumento da eficiência e a redução de encargos, o
aproveitamento de sinergias com outros instrumentos jurídicos, o reforço da qualidade
e a harmonização de procedimentos. Por outro lado, vem enaltecer a relevância de
questões ambientais como a eficiência e sustentabilidade na utilização dos recursos, a
proteção da biodiversidade, as alterações climáticas, o território, o solo e os riscos de
acidentes e catástrofes na conceção das políticas, razão pela qual passaram a constituir
elementos importantes na avaliação e nos processos de tomada de decisões. Com esta
alteração, procede-se ainda à definição de requisitos que garantem que os peritos
envolvidos na elaboração dos estudos de impacte ambiental são qualificados e
competentes, de forma a garantir um elevado nível de qualidade da informação
prestada.
No que respeita às alterações climáticas, torna-se particularmente importante ter em
conta este fenómeno, uma vez que a AIA considera os impactes a médio e longo-prazo
dos projetos. Neste período de tempo, prevê-se que a alteração do clima obrigue a
alterações profundas em vários setores sujeitos à AIA, nomeadamente, no planeamento
espacial e regional, no desenvolvimento de infraestruturas e na gestão dos
ecossistemas (IAIA 17 & Secretariat of the Convention on Biological Diversity, 2017).
Já relativamente a questões como a sustentabilidade e a proteção da
biodiversidade, o papel da AIA poderá ser potenciado através da integração do conceito
de serviços de ecossistema.
1.2. Serviços de ecossistema
Os serviços de ecossistema (SE) podem ser definidos como as contribuições dos
ecossistemas para o bem estar humano (Haines-Young & Potschin, 2018).
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Nas últimas décadas, o conceito de SE tem vindo a ganhar grande atenção nas
ciências ambientais, sendo, nos dias de hoje, amplamente utilizado, tanto por cientistas
como por políticos, como forma de salientar a importância do ambiente (Costanza &
Kubiszewski, 2012; Koschke et al., 2014; Maes et al., 2016). Os serviços de ecossistema
são agora utilizados, de forma generalizada, para compreender melhor os benefícios
para o Homem que advêm dos ecossistemas (Danley & Widmark, 2016; Schmidt,
Lautenbach, Seppelt, Eppink, & Dormann, 2011). Da mesma forma, são uma ferramenta
bastante útil na identificação de uma grande gama de variáveis ambientais consideradas
na gestão e no desenvolvimento de políticas que integrem perspetivas sociais,
económicas e ecológicas (Danley & Widmark, 2016; Schmidt et al., 2011).
Os benefícios derivados dos SE cobrem várias dimensões do bem-estar humano,
nomeadamente necessidades básicas, económicas, ambientais e o bem-estar subjetivo
(Summers, Smith, Case, & Linthurst, 2012). O valor destes serviços não se restringe ao
valor monetário, sendo de destacar igualmente o valor relativo à saúde, o valor
sociocultural e de conservação (Maes et al., 2016).
Embora seja um conceito mais abordado nas últimas décadas, este existe há
bastante mais tempo. Aliás, é sabido que, ao longo da História, várias sociedades
ancestrais reconheceram a contribuição do ambiente para o bem-estar humano (Folke,
Berkes, & Colding, 2000). Por essa razão, a ideia de que a sociedade humana beneficia
do ambiente de várias maneiras, tanto direta como indiretamente, não é de todo recente
(Lele, Dash, Deb, Lakerveld, & Springate-Baginski, 2014). O conceito moderno surge na
década de 70, ainda como “serviços ambientais”, sendo renomeado na década de 80
para “serviços de ecossistema” (Ehrlich & Mooney, 1983; Wilson & Matthews, 1970). No
entanto, começa a ganhar maior reconhecimento a partir de 1997, com o surgimento de
várias publicações, nomeadamente do livro “Nature's Services: Societal Dependence
On Natural Ecosystems”, de Gretchen Daily e do artigo “The value of the world's
ecosystem services and natural capital” na revista Nature, sobre o valor dos serviços de
ecossistema (Baveye, Baveye, & Gowdy, 2013; Costanza et al., 1997; Daily et al., 1997).
Com o início do século XXI surgem diversos projetos importantes, como o Millennium
Ecosystem Assessment (MEA) em 2005, The Economics of Ecosystems and
Biodiversity (TEEB) em 2010, e o Intergovernmental Panel on Biodiversity and
Ecosystem Services (IPBES) em 2012 (Chaudhary, McGregor, Houston, & Chettri,
2015). A urgência no desenvolvimento do conceito deveu-se essencialmente à perda
cada vez mais notória de SE, devido à rápida diminuição do capital natural resultante da
exploração excessiva na 2ª metade do século XX (Beddoe et al., 2009).
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Apesar dos enormes progressos conseguidos através da investigação, e do
crescente interesse na incorporação do conceito na política mundial, persistem ainda
vários obstáculos. O desenvolvimento de múltiplos projetos levou ao surgimento de
múltiplos sistemas de classificação, assim como originou uma grande quantidade de
ferramentas e redes conceptuais e empíricas (Albert et al., 2015). Esta variedade de
fontes de informação promoveu o surgimento de inúmeras interpretações da
terminologia relativa aos SE, o que acabou por tornar-se um obstáculo à disseminação
do conceito (Boerema, Rebelo, Bodi, Esler, & Meire, 2016; Geneletti et al., 2016). A
necessidade de sistematizar a definição e descrição dos SE, levou ao desenvolvimento
e publicação da classificação CICES (Common International Classification of Ecosystem
Services) em 2013, cuja base conceptual está representada na Fig. 2. Esta foi elaborada
pela Agência Europeia do Ambiente e tornou-se uma referência na investigação desta
temática (European Environment Agency, 2019). Com esta classificação, é reconhecida
a importância da padronização no desenvolvimento de métodos e no estabelecimento
de comparações, mas também quando se trata de fazer a ponte com a vertente
económica (European Environment Agency, 2019).
Fig. 2 - A base conceptual para a CICES pode ser ilustrada através do Modelo da Cascata, descrito por Potschin and
Haines-Young, (2011) & (2016).
Mais concretamente, nesta classificação os serviços são inicialmente agrupados
em três secções, de acordo com o tipo de contribuição para o bem-estar humano que
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representam. Estas secções englobam o fornecimento de matéria e energia, a regulação
e manutenção do ambiente para o Homem, e ainda as características não materiais dos
ecossistemas que afetam o estado físico e mental das pessoas, ou seja, a sua
significância cultural (European Environment Agency, 2019). Uma particularidade desta
classificação reside no facto de não considerar os serviços de suporte. Estes são
considerados partes integrantes das estruturas, processos e funções que caracterizam
os ecossistemas (European Environment Agency, 2019). A principais categorias da
CICES encontram-se resumidas, de seguida, nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1 – Resumo da estrutura correspondente aos primeiros três níveis da classificação CICES (secção, divisão e
grupo) relativa aos serviços bióticos.
Serviços bióticos
Secção Divisão Grupo
Provisionamento Biomassa Plantas terrestres
cultivadas
para nutrição,
materiais e
energia Plantas aquáticas
cultivadas
Animais de criação
Animais aquáticos
de criação
Plantas selvagens
(aquáticas e
terrestres)
Animais selvagens
(aquáticos e
terrestres)
Material genético De plantas, algas ou fungos
De animais
Outros Outros
Regulação e
Manutenção
Transformação de
componentes bioquímicos e
físicos que entram no
ecossistema
Mediação de resíduos ou substâncias
tóxicas de origem antropogénica, através
de processos vivos
Mediação de perturbações de origem
antropogénica
Regulação de condições
físicas, químicas ou
biológicas
Regulação de fluxos basais e eventos
extremos
Manutenção do ciclo de vida, proteção
do habitat e do gene pool
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Controlo de pestes e doenças
Regulação da qualidade do solo
Condições da água
Condições e composição atmosférica
Outros Outros
Culturais Interações diretas, in-situ e
ao ar livre com sistemas
vivos, dependente da
presença no ambiente
Interações físicas e experienciais
Interações intelectuais e representativas
Interações indiretas,
remotas e indoor com
sistemas vivos, que não
requerem presença no
ambiente
Interações espirituais, simbólicas e
outras
Outras características bióticas que têm
valor que não é derivado do uso
Outras características de
sistemas vivos com
significância cultural
Outros
Tabela 2 – Resumo da estrutura correspondente aos primeiros três níveis da classificação CICES (secção, divisão e
grupo) relativa aos serviços abióticos.
Serviços abióticos
Secção Divisão Grupo
Provisionamento Água Água superficial para nutrição,
materiais ou
energia
Água subterrânea
Outros
Produtos naturais não
aquosos que saem do
ecossistema
Substâncias minerais para nutrição,
materiais ou
energia
Substâncias não-
minerais
Outros
Regulação e
Manutenção
Transformação de
componentes bioquímicos e
físicos que entram no
ecossistema
Mediação de resíduos ou substâncias
tóxicas de origem antropogénica, através
de processos não vivos
Mediação de perturbações de origem
antropogénica
Regulação de fluxos basais e eventos
extremos
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Esta classificação consiste numa estrutura hierárquica com cinco níveis, em que cada
nível é progressivamente mais detalhado e específico. Às secções, divisões e grupos,
seguem-se classes e tipos de classe (European Environment Agency, 2019).
1.3. Serviços de ecossistema em contexto de AIA
No seguimento dos projetos acima referidos, e como já foi dito anteriormente, o conceito
entra na agenda política, contribuindo para estratégias como a EU biodiversity strategy
para 2020 (explicada em parte na Fig.3) e a Diretiva Habitats (Diehl, Burkhard, & Jacob,
2016). Ao longo dos anos, foi surgindo um interesse crescente no papel que os SE
podem ter na tomada de decisões, nomeadamente quando há conflito entre argumentos
ambientais e económicos (Baker, Sheate, Phillips, & Eales, 2013). Em resultado disso,
têm atualmente uma importante função no enquadramento do ambiente na política
(Baker et al., 2013).
Uma das ferramentas que pode beneficiar da incorporação deste conceito é a
AIA. A avaliação de impactes sobre os SE veio inovar o processo de AIA, na medida em
que permite uma avaliação mais completa, holística e integrativa (várias áreas de
conhecimento) do sistema socio ecológico e um enquadramento mais efetivo do
ambiente em termos de comunicação com as partes interessadas, incluindo decisores
e comunidade afetada (Baker et al., 2013; Rosa & Sánchez, 2016; Slootweg, Rajvanshi,
Regulação de condições
físicas, químicas ou
biológicas
Manutenção de condições abióticas
físicas e químicas
Outros Outros
Culturais Interações diretas, in-situ e
ao ar livre com sistemas
físicos naturais, dependente
da presença no ambiente
Interações físicas e experienciais
Interações intelectuais e representativas
Interações indiretas,
remotas e indoor com
sistemas físicos, que não
requerem presença no
ambiente
Interações espirituais, simbólicas e
outras
Outras características bióticas que têm
valor que não é derivado do uso
Outras características
abióticas da natureza com
significância cultural
Outros
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
13
Mathur, & Kolhoff, 2009; Zawadzka et al., 2017). Por outro lado, esta inovação veio
também trazer um novo nível de complexidade ao processo (Chan, Satterfield, &
Goldstein, 2012; Fish, 2011). A incorporação do conceito neste tipo de avaliação pode
levar ainda a outras melhorias: maior eficácia na definição do âmbito; facilitação de uma
abordagem integrada para recolher informação de base inclusive oriunda do
conhecimento local; melhor identificação e entendimento dos impactes cumulativos;
identificação e análise mais completa dos impactes sociais (devido à sua capacidade de
demonstrar as consequências sociais das alterações biofísicas); facilitação da tradução
dos efeitos biofísicos em impactes para o bem estar humano, com consequente
melhoria da comunicação com decisores e outras partes interessadas; fortalecimento
do processo de determinação da significância do impacte; uma nova perspetiva em
relação à mitigação, pretendendo melhorar ou pelo menos manter o bem estar dos
beneficiários afetados e alargando o foco da mitigação para o melhoramento; e
facilitação da delimitação da área de estudo (Baker et al., 2013; Landsberg, Treweek,
Stickler, Henninger, & Venn, 2013; Rosa & Sánchez, 2016).
Fig. 3 - Quadro conceptual para a avaliação dos ecossistemas na UE e a nível nacional, ao abrigo da Ação 5 da Estratégia
para a Biodiversidade até 2020 da UE (Maes et al., 2016).
Uma das grandes vantagens da inclusão dos SE no processo de AIA relaciona-
se com o desenvolvimento sustentável. A avaliação de impactes foi institucionalizada
pela Comissão Europeia como passo obrigatório na legislação da UE com o objetivo de
introduzir uma consideração equilibrada dos targets de desenvolvimento relativos aos
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14
três pilares da sustentabilidade (Hertin et al., 2009). Esta abordagem ao
desenvolvimento sustentável é baseada no entendimento de que as dimensões
económica, social e ambiental são igualmente cruciais, interligadas e urgentes (Council
of the European Union, 2006). Os SE constituem em grande parte aquilo que é
entendido como o pilar ambiental (Diehl et al., 2016; Helming, Diehl, Geneletti, &
Wiggering, 2013). Ao mesmo tempo, ao mapear os ecossistemas em justaposição com
os sistemas humanos e ao traduzir os constituintes ambientais para termos económicos
(monetários), sociais e biofísicos (não monetários), o conceito permite uma ligação
conceptual aos outros dois pilares da sustentabilidade, permitindo assim concretizar a
interligação das três dimensões, muitas vezes consideradas estáticas e separadas
(Braat & de Groot, 2012; Groot, 2010; Häyhä & Paolo Franzese, 2014).
Apesar das inúmeras vantagens, inclusive no que se refere à temática da
sustentabilidade, a inclusão dos SE na avaliação de impactes enfrenta também alguns
desafios. Para que esta seja eficaz, é necessário desenvolver um entendimento comum
destes serviços, algo que é dificultado pela complexidade e subjetividade do conceito
(Baker et al., 2013; Rosa & Sánchez, 2016). Adicionalmente, há ainda algumas
limitações no que diz respeito à coleta de dados a múltiplas escalas, à quantificação do
fornecimento de serviços e à implementação de medidas de mitigação e monitorização
de forma integrada (Baker et al., 2013; Rosa & Sánchez, 2015, 2016). Nos últimos anos,
numa tentativa de ultrapassar esses desafios, a investigação foca o desenvolvimento
de abordagens mais robustas e holísticas para a quantificação dos serviços de
ecossistema, através da elaboração de bases de dados e avaliações espaciais da oferta
e da procura (Alkemade et al., 2014; Burkhard et al., 2012).
Embora se tenha vindo a assistir ao surgimento de uma grande quantidade de
trabalho conceptual nesta área, considerada cada vez mais pela comunidade científica
como uma ferramenta viável na integração do ambiente na formulação de políticas,
existem ainda poucos estudos que mostrem o caminho para a aplicação concreta desta
abordagem na tomada de decisões (Diehl et al., 2016; Hansen et al., 2018). Há
atualmente a necessidade urgente de harmonizar terminologias, sistemas de
classificação, métodos de investigação e requisitos relativos à elaboração de relatórios
(Polasky et al., 2015; Wong et al., 2015). Em resultado, tem-se verificado que continua
a haver falta de inclusão de indicadores relativos aos SE na avaliação de impactes (Diehl
et al., 2016). A falta de guias e bons exemplos práticos de como incluir os SE, em
conjunto com a falta de obrigatoriedade de incorporação do conceito patente nas
diretivas europeias, resulta num grande desfasamento entre a investigação e a
aplicação, sendo notória a falta de transferência dos conhecimentos científicos para a
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
15
política e gestão ambiental (Diehl et al., 2016; Fischer, 2016; Hauck, Schweppe-Kraft,
et al., 2013; Honrado et al., 2013).
1.4. Florestas: importância dos SE florestais e da sua
incorporação em AIA
A floresta é o maior ecossistema terrestre na Europa, ocupando cerca de 33% da sua
área (de acordo com o relatório State of Europe’s Forests 2015), e alberga grande parte
da sua biodiversidade (Forest Europe, 2015). A conservação desta biodiversidade é
crucial para a estabilidade das funções dos ecossistemas florestais, e para manter o
fornecimento dos mais variados serviços, cujos benefícios se estendem para além do
setor florestal, nomeadamente em termos de regulação do clima, proteção do solo e dos
recursos hídricos, fornecimento de energia, entre muitos outros (San-Miguel-Ayanz et
al., 2016). Os produtos e serviços prestados por este ecossistema têm um valor
significativo em termos socioeconómicos e, para além disso, podem contribuir em larga
escala para a mitigação das alterações climáticas (através de processos como a
sequestração de carbono ou a substituição de materiais e energia com origem em
combustíveis fósseis) (FAO, 2018; Forest Europe, 2015; San-Miguel-Ayanz et al., 2016).
Analisando por outra perspetiva, as alterações do clima, nomeadamente da
temperatura, precipitação e concentração de CO2 poderão potenciar fenómenos como
a seca, incêndios, pragas e doenças, pressionando os povoamentos florestais a
adaptarem-se a novas condições (Reboredo, 2014).
A importância deste ecossistema e dos serviços por ele prestados, em conjunto
com a crescente pressão a que vem estando sujeito, tornam urgente a concretização de
estratégias tendo em vista a proteção e uma melhor gestão destas áreas. A AIA é um
dos instrumentos que pode ter um papel importante neste processo, nomeadamente
através de abordagens que permitam uma avaliação mais aprofundada dos impactes
de determinados projetos sobre as florestas, assim como uma maior reflexão sobre as
medidas de minimização a aplicar, com um particular enfoque nos SE prestados.
Em Portugal, de acordo com o 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6), em 2015,
a floresta correspondia à maior percentagem de uso de solo, cobrindo cerca de 36% da
área total (ICNF, 2019). Segundo o Global Forest Resources Assessment 2015, 28%
corresponde a florestas plantadas, 71,2% a florestas regeneradas naturalmente1 e
1 Resultam do restabelecimento de uma floresta por meios naturais, após a ocorrência de perturbação/destruição da
floresta primária; incluem florestas de espécies introduzidas, como o eucalipto (Eucalyptus globulus, Labill.).
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
16
apenas 0,8% são florestas primárias (FAO, 2015). Em termos estruturais, funcionais e
paisagísticos, a floresta do continente pode ser organizada em quatro grandes grupos:
pinhais; folhosas perenifólias (sobreirais, azinhais e montados de sobro e azinho);
folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras); e folhosas silvo-industriais
(eucaliptais). Os pinhais são a segunda formação florestal em área de ocupação (logo
a seguir às folhosas perenifólias), com uma área próxima de 1 milhão de hectares (em
2015), sendo os ecossistemas florestais com maior redução na área ocupada nas
últimas décadas. Estima-se que esta redução seja ainda mais acentuada, uma vez que
nestes dados não estão incluídos os grandes incêndios rurais de 2017 (ICNF, 2019).
A queda acentuada que se tem verificado na floresta de pinheiro é um sinal evidente
e preocupante de que a gestão deste tipo de floresta não está a ser feita da melhor
maneira. A juntar a esta quebra, está o facto de que em áreas anteriormente ocupadas
por pinhal, verifica-se principalmente o surgimento de eucaliptos, ou matos e pastagens,
que terão menor valor conservacionista (ICNF, 2019). Face a este problema, considera-
se de especial importância focar o pinhal (florestas de Pinus sp.) daqui para a frente,
assim como os vários SE prestados por ele, no que diz respeito à elaboração de
abordagens que permitam incorporar os SE no processo de AIA.
1.4.1. Florestas de Pinus sp.
Em território nacional, as florestas de Pinus sp. são essencialmente compostas por
pinheiro-bravo (Pinus pinaster, Aiton), e, em menor extensão, por pinheiro-manso (Pinus
pinea, L.). De acordo com o IFN6, o pinheiro-bravo é a terceira espécie florestal mais
abundante, cobrindo 22% da área florestada, enquanto que o pinheiro-manso apresenta
também uma cobertura significativa, de cerca de 6% (ICNF, 2019). Apesar de nos
últimos anos ter sido ultrapassado pelo eucalipto e atingido valores de cobertura
inferiores ao sobreiro (Quercus suber, L.) (Fig. 4), o pinheiro-bravo continua a ter uma
grande importância em termos ambientais, económicos e sociais, sendo a espécie
resinosa autóctone mais comum em Portugal (com presença há 33 000 anos, pelo
menos) (Dias & Arroja, 2012; Figueiral, 1995; Oliveira, 2000; Reboredo, 2014). Ao longo
dos tempos, esta espécie assumiu um importante papel no desenvolvimento das áreas
florestadas e foi, até 2005, a espécie florestal mais abundante em Portugal, muito devido
à sua importância económica e características ecológicas (ICNF, 2019; Reboredo,
2014). O declínio começa na década de 80 e pode ser explicado pelos sucessivos
incêndios, que não permitem a regeneração e promovem a proliferação do eucalipto e,
mais recentemente, fica a dever-se também a doenças como a provocada pelo
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
17
nemátodo da madeira do pinheiro (Bursaphelenchus xylophilis), que causa a morte dos
espécimes afetados, e também à expansão de espécies invasoras como a acácia
(Acacia sp.) (ICNF, 2019; Reboredo, 2014). Contudo, verificou-se uma desaceleração
deste declínio entre 2010 e 2015, muito devido à resiliência da espécie face a
perturbações, mas estima-se que os grandes incêndios de 2017 tenham invertido essa
tendência. Segundo o relatório elaborado pela Comissão Técnica Independente, o
pinheiro-bravo foi a espécie florestal mais afetada, correspondendo a 49,6% da área de
floresta ardida (Comissão Técnica Independente, 2018). Numa tendência contrária, a
área ocupada pelo pinheiro-manso tem aumentado (Fig. 4), adquirindo uma importância
crescente no setor florestal (ICNF, 2019; Reboredo, 2014). No entanto, também esta
espécie foi afetada pelos incêndios de 2017 (3,5% da floresta ardida) (Comissão
Técnica Independente, 2018).
Fig. 4 – Alterações na área florestal de várias espécies arbóreas em Portugal, entre 1995 e 2015 (ICNF, 2019).
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
18
Pinus pinaster é uma espécie de conífera originária da zona oeste da bacia
Mediterrânica, crescendo naturalmente em regiões quentes temperadas e com
influência oceânica (San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Assistiu-se à sua expansão,
durante os séculos XIX e XX, devido a plantações artificiais e à sua consequente
naturalização, no seguimento do abandono de campos agrícolas e motivado pela
necessidade de proteção do solo e reflorestação das áreas degradadas (Aljos Farjon &
Filer, 2013; Fisher, 2011; Le Maitre, 1998). É uma espécie termófila, de crescimento
rápido e resiliente, ocupando uma larga gama de altitudes, climas e solos e tendo uma
grande variedade genética como resultado (Alía, 1996; Praciak et al., 2013; San-Miguel-
Ayanz et al., 2016). A versatilidade ecológica deriva também da variedade de atributos
no que diz respeito ao crescimento, à resistência ao gelo e à adaptação à seca no verão
e aos substratos calcários. Por outro lado, não tolera sombra e prefere solos arenosos,
dunas e outros substratos pobres (San-Miguel-Ayanz et al., 2016).
Face aos incêndios, apresenta uma grande capacidade de regeneração natural,
devido à elevada produção e consequente disseminação de sementes (Reboredo,
2014). Em Portugal, ocorre principalmente nas zonas norte e centro, como se pode
observar na Fig. 5 (Clamote et al., 2019; Reboredo, 2014).
Fig.5 – Distribuição geográfica do pinheiro-bravo (Pinus pinaster) em Portugal; exemplar de pinheiro-bravo (Clamote et
al., 2019; Flora-on & Sociedade Portuguesa de Botânica, 2014).
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
19
O pinheiro-bravo foi amplamente utilizado para estabilização de dunas e como
cinto de proteção contra a salsugem, de forma a permitir o uso agrícola de largas áreas
costeiras na Península Ibérica (Farjon, 2010; Pereira, 2002). Devido ao seu rápido
crescimento e tolerância a solos pobres, é também usado para conservação do solo,
proteção contra a erosão e ainda em zonas com propósitos recreacionais, para
fornecimento de sombra (San-Miguel-Ayanz et al., 2016). O principal produto obtido é a
madeira, que tem como destino final uma grande variedade de subprodutos (materiais
de construção, mobília, entre outros) (Praciak et al., 2013). A resina constitui também
um produto importante, sendo utilizada, por exemplo, em óleos, vernizes e ceras
(Farjon, 2010). Os povoamentos de pinheiro-bravo constituem também um ecossistema
ideal para o desenvolvimento de cogumelos comestíveis (Pereira, 2002).
Embora seja uma espécie pirófita, para a qual o fogo pode ser vital para a
manutenção, os incêndios constituem um grande perigo para as plantações e é a
ameaça mais significativa na bacia mediterrânica, sendo estes potenciados pela grande
densidade de espécimes (maximização da produção) e pela consequente grande
acumulação de combustível (Alexander, 1998; Barbéro, Loisel, Richardson, Quézel, &
Romane, 1998; Fernandes & Rigolot, 2007). Para além disso, o pinheiro-bravo é
também ameaçado por fatores bióticos, nomeadamente por pragas de nemátodos ou
fungos (San-Miguel-Ayanz et al., 2016).
Pinus pinea é uma espécie com uma origem incerta, que se distribuiu largamente
pela Europa no último milénio, tendo sido introduzida na região Mediterrânica devido ao
interesse pelas suas sementes comestíveis (Eckenwalder, 2009; Aljos Farjon & Filer,
2013; San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Ocupa uma larga gama de climas e solos
principalmente ao longo da bacia mediterrânica, e em zonas costeiras. Apesar disso,
verifica-se que tem muito pouca variação genética e não são conhecidos casos de
hibridação com outras espécies de pinheiro (Barbéro et al., 1998; Eckenwalder, 2009;
Fady, Fineschi, & Vendramin, 2008; A Farjon, 2013). É uma espécie considerada
heliófila, xerófila e termófila, isto é, prospera com luz solar direta, baixa humidade e altas
temperaturas (Retana, 2012). A sua distribuição em Portugal encontra-se representada
no mapa da Fig. 6. Esta espécie de pinheiro é cultivada para múltiplos propósitos,
nomeadamente produção de pinhão, madeira, resina e proteção contra a erosão do
solo. Adicionalmente, o pinheiro-manso serve objetivos estéticos e tem-se mostrado
importante na consolidação de dunas nas áreas costeiras. Não tem grande expressão
na produção de madeira, sendo o produto economicamente mais importante o pinhão,
cuja procura continua a aumentar, sendo Portugal um dos principais produtores (Borrero
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
20
Fernández, 2004; Boutheina, El Aouni, & Balandier, 2013; Cutini, 2002; Eckenwalder,
2009; Fady et al., 2008).
Fig.6 – Distribuição geográfica do pinheiro-manso (Pinus pinea) em Portugal; exemplar de pinheiro-manso (Clamote et
al., 2019; Flora-On Sociedade Portuguesa de Botânica, 2014).
Também para esta espécie a principal ameaça é o fogo, embora o pinheiro-
manso seja menos suscetível devido à casca mais grossa e à coroa alta desprovida de
galhos baixos. Apesar da sua baixa variabilidade genética, raramente é atacada por
pestes ou doenças, contudo, pode ser alvo de fungos e outros agentes infestantes que
podem ter graves implicações ao nível do desenvolvimento dos espécimes (Fady et al.,
2008; Reboredo, 2014; Retana, 2012; San-Miguel-Ayanz et al., 2016).
As florestas de pinheiro podem constituir povoamentos monoespecíficos de
Pinus pinaster ou Pinus pinea, que também podem estabelecer-se em conjunto. Para
além disso, podem coexistir com mais espécies, nomeadamente outras espécies de
Pinus (e.g. Pinus halepensis, Mill.) ou com o eucalipto. Para além das florestas naturais
e seminaturais, no que diz respeito ao pinhal é importante distinguir as florestas
plantadas destinadas a produção, uma vez que são as que têm maior expressão em
território nacional e, consequentemente serão as mais afetadas por eventuais projetos
de construção e/ou exploração. A importância desta distinção reside no facto de
geralmente haver diferenças em relação aos outros tipos de florestas no que diz respeito
à diversidade de espécies, características de regeneração, funcionamento do
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
21
ecossistema e, como consequência, diferenças no fornecimento dos serviços
associados (Baral, Guariguata, & Keenan, 2016). Apesar de não serem naturais, estas
florestas podem também fornecer uma grande quantidade de serviços de ecossistema,
podendo até igualar florestas naturais, principalmente quando se trata de plantações
estabelecidas há mais tempo (Baral et al., 2016). Numa floresta de produção, os
serviços referentes ao provisionamento de madeira e de outros recursos correspondem
à maior percentagem de serviços fornecidos, enquanto que os serviços de regulação e
manutenção serão os que terão uma menor expressão (Brockerhoff, Jactel, Parrotta, &
Ferraz, 2013; Ferraz, Lima, & Rodrigues, 2013).
1.5. Tentativas de integração dos SE no processo de AIA:
revisão da literatura
Em 2006, a Convenção sobre a Diversidade Biológica aprovou, no contexto da 8ª
Conferência das Partes (COP8), o documento “Voluntary Guidelines on Biodiversity-
Inclusive Impact Assessment”, que estabeleceu orientações relativas à consideração da
biodiversidade e dos SE em processos de avaliação de impactes (Roel Slootweg,
Kolhoff, Verheem, & Hoft, 2006). Este documento foi considerado um ponto de partida,
contribuindo em larga escala para a adoção de medidas por parte de outras entidades,
destacando-se a Corporação Financeira Internacional (IFC), que estabeleceu em 2012,
no padrão de desempenho 6, que os projetos financiados têm de preservar os benefícios
dos SE (IFC, 2012). As orientações propostas pela CBD abrem igualmente caminho
para o surgimento de várias abordagens para incorporação dos SE em AIA (Domínguez-
Gómez, 2016; Geneletti, Biasiolli, & Morrison-Saunders, 2017; Hauck, Görg, Varjopuro,
Ratamäki, & Jax, 2013; Helming et al., 2013; Honrado et al., 2013; Karjalainen,
Marttunen, Sarkki, & Rytkönen, 2013), na sua maioria, numa vertente mais teórica e
conceptual. Destacam-se as metodologias propostas por Hanson et al., 2008
(Guidelines for Identifying Business Risks and Opportunities Arising from Ecosystem
Change) e por Landsberg et al., 2011, 2013 (Weaving Ecosystem Services into Impact
Assessment), que explicam, através de métodos passo-a-passo, como avaliar os
impactes sobre os SE. No primeiro caso, trata-se de um guia direcionado para uma
vertente mais económica, que não faz a ligação à AIA, mas que demonstra uma forma
de avaliar os SE (Hanson et al., 2008). O segundo caso já corresponde a uma
metodologia mais específica para a incorporação da avaliação dos SE na AIA, e que
não é direcionada para nenhum tipo de projeto em particular. Esta propõe a divisão do
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
22
processo em várias etapas: identificação dos SE mais relevantes/prioritários; definição
dos objetivos e da informação necessária para a avaliação dos SE; estabelecimento de
valores de referência para os SE prioritários; avaliação dos impactes do projeto sobre
os SE; e mitigação e gestão desses mesmos impactes (Landsberg et al., 2013).
Contudo, na revisão de literatura realizada, não foram encontradas metodologias ou
abordagens direcionadas especificamente para as florestas, nem para qualquer
ecossistema específico. Nos casos em que houve alguma especificação, esta foi relativa
ao tipo de projeto, mas sem referências a SE. Como exemplo disso, temos os guias
metodológicos disponíveis no site da APA relativos a parques eólicos, linhas elétricas e
estações de tratamento de águas residuais (APA, 2019b).
1.6. Objetivos
Este trabalho pretende colmatar, pelo menos em parte, a falta de guias e metodologias
práticas para a incorporação dos SE no processo de AIA, com especial foco nos
ecossistemas florestais. Dada a evidente importância da integração dos SE na avaliação
de impactes e a necessidade de uma melhor gestão da floresta, nomeadamente, do
pinhal, torna-se urgente a concretização de abordagens simples que facilitem a
aplicação em contexto de AIA. Por essa razão, neste trabalho pretende-se elaborar um
guia metodológico para a avaliação de impactes sobre os SE nas florestas de Pinus sp..
Previamente à elaboração do guia, pretende-se ainda fazer uma revisão da forma como
os EIA integram, na atualidade, a vertente ecológica e, mais concretamente, os serviços
prestados pelos ecossistemas.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
23
2. Metodologia
2.1. Integração dos SE no processo de AIA – revisão da situação
atual
Com o objetivo de avaliar a situação atual da integração dos SE no processo de AIA,
procedeu-se à recolha e análise de estudos de impacte ambiental (EIA). Estes foram
obtidos no site do Sistema de Informação sobre Avaliação de Impacte Ambiental
(SIAIA), recorrendo à listagem de todos os processos AIA. A partir das entradas
referentes aos 3250 processos AIA existentes à data (outubro de 2018), foi possível
analisar apenas 339 estudos, uma vez que a maioria dos processos incluídos nesta
base de dados não incluem o relatório. O intervalo temporal no qual se inserem os EIA
analisados corresponde ao período de 2005 a 2018. Nestes estudos procedeu-se à
procura de referências explícitas a SE ao longo de todo o documento (procura de termos
como “serviços de ecossistema”, “serviços ecossistémicos” ou “serviços ambientais”).
Nos casos em que estas não foram encontradas, verificou-se ainda se haveria algum
tipo de referência implícita, ou seja, se era referido algo que pudesse corresponder a
categorias de SE do CICES, sem que fossem utilizados termos pertencentes a este
sistema de classificação. Mais concretamente, procurou-se, por exemplo, referências a
locais de alimentação, de reprodução, locais de produção florestal ou menções a algum
tipo de mecanismo de regulação e manutenção do ar, do solo ou da água. Esta segunda
procura foi concentrada principalmente na secção do EIA correspondente aos sistemas
ecológicos.
2.2. Tipificação dos EIA
O passo seguinte foi a análise e sistematização do processo de AIA implementado até
aos dias de hoje relativamente aos sistemas ecológicos. Para esse efeito, foi definida
uma subamostragem a partir dos 339 relatórios retirados do SIAIA, na qual os estudos
foram agrupados de acordo com o tipo de projeto em avaliação: estruturas lineares,
locais e intermédias. Cada um destes grupos engloba alguns dos principais tipos de
projeto alvo de AIA (subgrupos), conforme representado na Fig. 7. A escolha destes
subgrupos deveu-se ao facto de corresponderem aos tipos de projeto mais
frequentemente encontrados durante a fase de recolha dos EIA, sendo, por isso, os
mais representativos da amostragem inicial (que incluiu também outros tipos de projeto
submetidos ao processo de AIA). As estruturas lineares, como as estradas, resultam em
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
24
impactes com maior extensão, em termos espaciais, mas com menor significância em
cada local (efeito mais “diluído”). Por outro lado, nas estruturas locais, como as unidades
industriais, os impactes concentram-se num espaço menor, mas têm, à partida, grande
significância nesse local. As estruturas intermédias, representadas pelos parques
eólicos, têm menor extensão do que as lineares, no entanto, não se encontram tão
concentradas como as locais, algo que se traduz em diferenças nos impactes
expectáveis em comparação com estes dois tipos de estruturas.
Fig.7 – Esquema representativo da organização definida para os estudos analisados (grupos e subgrupos). Estruturas
lineares estendem-se por grandes distâncias, mas ocupam pouca área em cada local onde são estabelecidas; estruturas
locais são mais concentradas num determinado local; estruturas intermédias correspondem a um meio-termo entre as
duas anteriores.
Para cada um dos 7 subgrupos estabelecidos (Fig. 7), foram analisados 6
estudos, de forma a uniformizar o processo de aquisição de dados, uma vez que para
alguns dos subgrupos não era possível ter uma amostragem maior. Desta forma, a
amostragem perfez um total de 42 estudos. O propósito desta análise foi sistematizar
três das principais secções de um EIA: os impactes expectáveis, as medidas de
minimização e os planos de monitorização. De salientar que, nos diferentes estudos
analisados, ocorre a distinção de diferentes fases do projeto: construção, exploração e
desativação. Esta diferenciação foi igualmente tida em conta ao longo da
sistematização.
2.3. Elaboração do guia metodológico para a integração dos
serviços de ecossistema na Avaliação de Impacte
Ambiental, com aplicação às florestas de Pinus sp.
O guia foi elaborado com base na pesquisa bibliográfica, na qual se incluiu a análise
dos EIA, realizada para a fase de revisão e explicada nos subcapítulos 2.1 e 2.2.
Estruturas lineares
EstradasLigações
ferroviáriasLinhas
elétricas
Estruturas locais
Aproveitamentos hidroelétricos
PedreirasUnidades industriais
Estruturas intermédias
Parques eólicos
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
25
Dessa pesquisa, resultou a definição da estrutura do guia e de uma metodologia,
organizada por etapas, para a integração dos SE na AIA. Adicionalmente, resultou
na elaboração de listagens de indicadores para avaliar o estado dos SE, e listagens
ou sugestões de impactes expectáveis, medidas de minimização e monitorização
específicas para os SE, a serem incluídas nos EIA.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
26
3. Resultados e Discussão
3.1. Integração dos SE no processo de AIA – revisão da situação
atual
A partir da análise realizada, foi possível verificar que os SE não têm sido integrados no
processo de AIA, pelo menos de forma sistemática e explícita. O resultado desta análise
encontra-se sintetizado no gráfico apresentado na Fig. 8, e vai de encontro às
conclusões do estudo realizado anteriormente por Honrado et al., 2013, acerca da
inclusão dos SE na AIA e na Avaliação Ambiental Estratégica.
Fig.8 - Gráfico representativo da situação atual relativa à integração dos SE em AIA, que sumariza a ocorrência (ou a
falta dela) de referências ao tema nos estudos analisados (amostragem total de 339 estudos). Mostra a % de estudos
sem referências e com referências explícitas ou implícitas.
De facto, a caracterização dos sistemas ecológicos associados aos locais a
intervencionar raramente abrange a descrição dos serviços prestados por estes. Na
maioria dos estudos, a avaliação deste fator ambiental resume-se à identificação,
inventariação e descrição generalista dos valores naturais existentes. Normalmente, é
dada particular importância às espécies de maior sensibilidade ou interesse
conservacionista, e aos habitats prioritários possivelmente existentes na área
(abrangidos pela Diretiva 92/43/CEE), sendo que, muitas vezes, a caracterização não
se estende muito mais além de uma listagem destas espécies e habitats. De acordo
com o que foi possível apurar, a avaliação da área é feita com base na presença de
espécies e formações raras ou ameaçadas, presença de habitats prioritários e
proximidade do coberto vegetal à cobertura primitiva.
Poucos são os estudos que referem explicitamente SE. Mais concretamente,
apenas cerca de 1%, segundo a análise realizada aos documentos em estudo. E mesmo
Sem referência45%
Referência implícita54%
Referência explícita1%
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
27
esses, apresentam apenas breves referências à importância destes serviços (algumas
vezes designados de serviços ambientais), que dificilmente se estendem para além do
capítulo referente à caracterização da situação de referência. Num destes estudos (nº
1916 - Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua), é apenas usado um serviço
ecossistémico em particular (“refúgio de biodiversidade específica de plantas
vasculares”) como critério na valorização dos habitats. Apenas num dos casos (nº 3020
- Prolongamento entre a Estação Rato e a Estação cais do Sodré, incluindo as novas
Ligações nos Viadutos do Campo Grande), as referências a SE estendem-se ao capítulo
da avaliação de impactes expectáveis, onde é realçada a importância de conduzir a
análise para este aspeto, mais do que para a valorização intrínseca das espécies.
Apesar da falta do uso do termo “serviço”, há um número considerável de EIA,
correspondente a cerca de 54% da amostragem, onde se verifica a referência implícita
àquilo que podem ser considerados serviços prestados pelos ecossistemas,
frequentemente designados de funções ecossistémicas nestes casos. Verificou-se que,
nas referências implícitas encontradas, é possível estabelecer correspondência com as
três secções de serviços definidas pelo CICES. A referência mais frequente é relativa à
importância da área em estudo como local de alimentação, refúgio, nidificação,
reprodução e/ou berçário para várias espécies faunísticas. Neste foco, podemos
encontrar uma clara correspondência com o grupo de serviços de regulação e
manutenção relativo à manutenção do ciclo de vida, habitat e proteção do gene pool.
Ainda associada a esta secção de serviços, e embora menos frequente, há também a
referência a “funções” como a purificação do ar (remoção de CO2 da atmosfera), a
retenção do solo e de poeiras, a regulação do ciclo da água ou da temperatura e a
criação de melhores condições edáficas. É referida ainda a importância de ecossistemas
particulares, como os ripícolas e os estuarinos, para a estabilização das margens, para
a regularização e retenção de águas e para a acumulação e retenção de nutrientes e
poluentes. Aqui, podemos encontrar correspondência com vários grupos de serviços
pertencentes à secção de regulação e manutenção.
Embora menos frequentemente, é destacada ainda a importância da produção
agrícola e florestal, que resulta na obtenção de produtos para alimentação e de materiais
como a madeira e a pasta de papel. É também referido o interesse cinegético e
piscatório de algumas áreas. Todos estes parâmetros encaixam na secção de serviços
de provisionamento, nomeadamente de biomassa, tanto de plantas como de animais.
Em alguns casos mais pontuais, é ainda referido o valor científico e paisagístico
do local, e a utilização dos espaços para fins de lazer, turismo, educação e divulgação
científica, o que se enquadra na secção de serviços culturais, estabelecida pelo CICES.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
28
3.2. Tipificação da AIA
3.2.1. Tipificação dos impactes
Em resultado da análise da secção dos EIA relativa aos impactes expectáveis, verificou-
se que a maioria das referências se insere em sete categorias (conforme representado
na Fig. 9):
▪ destruição direta da vegetação (Dest dir);
▪ destruição ou afetação indireta da vegetação, devido ao aumento da perturbação
(derivada da compactação do solo, emissão e deposição de poeiras e poluentes,
entre outros) (Dest indir);
▪ proliferação de espécies exóticas e/ou invasoras (Ex/Inv);
▪ aumento do risco de incêndio (Inc);
▪ afetação dos habitats (degradação, fragmentação ou destruição) (Hab);
▪ efeito barreira à propagação de sementes e outros propágulos, com
consequente aumento da fragmentação (Ef barr);
▪ afetação de espécies de interesse para a conservação (Int cons).
Numa primeira análise dos gráficos da Fig. 9, é notória uma diminuição das
referências à medida que se avança nas fases do projeto, algo que se torna bastante
significativo na fase de desativação. A contribuir para isso, está o facto de alguns dos
subgrupos considerados, nomeadamente estradas, ligações ferroviárias e
aproveitamentos hidroelétricos, na sua maioria, nem sequer considerarem a fase de
desativação no que diz respeito a impactes expectáveis.
Em relação à fase de construção, os principais impactes referidos para todos os
grupos são a destruição direta e indireta da vegetação, assim como a afetação dos
habitats (em consequência dessa destruição). Este pode ser considerado um resultado
expectável, na medida em que estes serão os impactes mais evidentes numa fase de
construção, independentemente do tipo de estrutura em questão, uma vez que a
construção implica grandes movimentações, criação de acessos, emissão de poeiras,
resíduos, entre outras fontes de perturbação.
Na fase de exploração, e uma vez terminada a construção, verifica-se uma
diminuição das referências aos três impactes referidos anteriormente. Nesta fase
destacam-se as estruturas locais, para as quais ainda existe uma elevada percentagem
de referências relativa à afetação indireta da vegetação e à degradação dos habitats.
Neste caso, isto poderá ser explicado olhando para a constituição deste grupo, visto que
inclui pedreiras e unidades industriais, onde será frequente a produção de poluentes,
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
29
resíduos e poeiras. Por outro lado, inclui também as barragens, que serão responsáveis
pela alteração do regime hidrológico e consequente afetação dos ecossistemas
envolventes. Ainda nesta fase, destaca-se o aumento das referências ao risco de
incêndio, principalmente nas estruturas lineares. Este deve-se à consideração do
aumento de risco de acidentes rodoviários.
Fig.9 – Gráficos representativos dos principais impactes referidos nos EIA analisados. Cada gráfico é referente a uma
das fases do projeto (construção, exploração e desativação) e tem em conta os tipos de estrutura (linear, local e
intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as estruturas locais (exceto
na fase de construção, onde são 12 porque não inclui o subgrupo das pedreiras) e 6 estudos para as estruturas
intermédias.
Para além das sete categorias de impactes referidas, é de destacar ainda as
menções encontradas ao impacte positivo resultante da reabilitação paisagística,
maioritariamente na fase de desativação dos estudos relativos a pedreiras.
De seguida, procede-se a uma análise mais detalhada dos impactes “Aumento
do risco de incêndio” e “Proliferação de espécies exóticas/invasoras”, conforme
apresentado na Fig. 10 e Fig.11, respetivamente. Estes são impactes que se
consideraram particularmente relevantes no que diz respeito às florestas de Pinus sp.,
uma vez que, como já foi referido anteriormente, são problemas que têm afetado
bastante este ecossistema, com graves consequências para o seu funcionamento. De
uma forma geral, e apesar da sua importância, estes dois impactes são pouco referidos
0 20 40 60 80 100
Dest dir
Dest indir
Ex/Inv
Inc
Hab
Ef barr
Int cons
Pri
nc
ipais
im
pa
cte
s r
efe
rid
os
no
s E
IA
Fase de construção
0 20 40 60 80 100
Fase de desativação
0 20 40 60 80 100
Fase de exploração
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
30
nos EIA analisados. A maior percentagem de referências ocorre na fase de exploração
em ambos os casos, mas não vai além dos 28%. No caso do aumento do risco de
incêndio, verifica-se uma prevalência de referências nos projetos relativos a estruturas
lineares. Já em relação à proliferação de espécies exóticas/invasoras, as referências
encontram-se mais dispersas pelos três tipos de estrutura.
Fig.10 – Gráficos representativos da percentagem de estudos que referem o impacte “Aumento do risco de
incêndio”, para a fase de construção e fase de exploração (este impacte não é referido para a fase de desativação).
Nestes gráficos, encontra-se discriminada a percentagem de estudos correspondente a cada subgrupo.
Fig.11 - Gráficos representativos da percentagem de estudos que referem o impacte “Proliferação de espécies
exóticas/invasoras”, para a fase de construção e fase de exploração (este impacte não é referido para a fase de
desativação). Nestes gráficos, encontra-se discriminada a percentagem de estudos correspondente a cada subgrupo.
72%
12%
7%
7%
2%
28%
Fase de exploração
89%
8%
3%
11%
Fase de construção
(Estruturas lineares)
(Estruturas locais)
75%
8%
6%
3%
8%
25%
Fase de construção
72%
5%2%
7%
10%
2%
2%
28%
Fase de exploração
(Estruturas intermédias)
(Estruturas locais)
(Estruturas lineares)
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
31
3.2.2. Tipificação das medidas de minimização
Relativamente às medidas de minimização propostas, verificou-se, tal como nos
impactes, que estas diminuem ao longo das fases do projeto, algo que se torna evidente
ao comparar os gráficos da Fig. 12 e da Fig. 13, relativos às fases de construção e
exploração, respetivamente. No caso da fase de desativação, considerou-se que não
se justificava a elaboração de um gráfico, na medida em que as referências existentes
são poucas e apenas relativas a medidas de recuperação paisagística.
Na fase de construção, destacam-se as medidas relativas à restrição da
intervenção, seleção de áreas de menor valor conservacionista e medidas de integração
e recuperação paisagística.
Na fase de exploração, há uma quebra geral nas medidas propostas, sendo as mais
recorrentes as relativas à prevenção de incêndios e, no caso específico das estruturas
locais, a gestão de efluentes líquidos, resíduos e poeiras, e a integração e recuperação
paisagística.
Fig.12 – Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas nos EIA analisados referentes à
fase de construção, tendo em conta o tipo de estrutura (linear, local e intermédia). Amostragem total de 18 estudos para
as estruturas lineares, 12 estudos para as estruturas locais e 6 estudos para as estruturas intermédias. (A falta da barra
correspondente a alguma das estruturas em algumas medidas significa que não foram encontradas referências a essa
medida).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ações de formação e sensibilização ambiental
Prospeção e acompanhamento sistemático dosvalores florísticos
Restrição da intervenção ao estritamentenecessário
Seleção preferencial de áreas de baixo valorconservacionista
Sinalização de acessos / uso de caminhos jáexistentes
Medidas para controlo de espéciesexóticas/invasoras
Medidas para prevenção de incêndios
Medidas para contenção de poeiras, substânciaspoluentes e outros resíduos
Integração e Recuperação Paisagística
% de estudos que referem a medida de minimização
Pri
nci
pai
s m
ed
idas
de
min
imiz
ação
re
feri
das
no
s EI
A
Fase de construção
Estruturas lineares Estruturas locais Estruturas intermédias
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
32
É de salientar que muitas das medidas propostas nos EIA com o objetivo de
minimizar os impactes dos projetos são de caráter obrigatório, de acordo com a
legislação nacional. Por essa razão, não deveriam ser designadas de medidas de
minimização. Nestas, incluem-se, por exemplo, medidas relacionadas com a prevenção
de incêndios, tratamento de resíduos, e medidas tendo em vista a recuperação e
integração paisagística.
Fig.13 - Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas nos EIA analisados referentes à
fase de exploração, tendo em conta o tipo de estrutura em questão (linear, local e intermédia). Amostragem total de 18
estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as estruturas locais e 6 estudos para as estruturas intermédias. (A
falta da barra correspondente a alguma das estruturas em algumas medidas significa que não foram encontradas
referências a essa medida).
Ao analisar em maior detalhe a comparação entre as referências ao impacte
“Aumento do risco de incêndio” e às medidas para prevenção de incêndios (Fig. 14),
observa-se que há mais estudos a propor medidas de minimização do que a considerar
o aumento do risco de incêndio como um impacte do projeto (à exceção das estruturas
lineares na fase de exploração). Isto poderá ser explicado pela obrigatoriedade de
existirem estratégias de prevenção de incêndios, independentemente de ser
considerado que o projeto em causa aumente esse risco, conforme estipulado em
documentos como a Lei de Bases da Política Florestal (Decreto-lei n.º.33/96, de 17 de
agosto) e no Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (versão mais
0 20 40 60 80 100
Ações de formação e sensibilização ambiental
Acompanhamento periódico das condições davegetação
Restrição das intervenções ao estritamente necessário
Evitar a afetação de áreas mais sensíveis
Medidas para gestão de efluentes líquidos e outrosresíduos e controlo de poeiras
Medidas para controlo de espécies exóticas/invasoras
Medidas para prevenção de incêndios
Integração e Recuperação Paisagística
% de estudos que referem a medida de minimização
Pri
nci
pai
s m
ed
idas
de
min
imiz
ação
re
feri
das
no
s EI
A
Fase de exploração
Estruturas lineares Estruturas locais Estruturas intermédias
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
33
atualizada aprovada no Decreto-lei n.º14/2019) (Diário da República, 1996; Diário da
República, 2014).
Fig.14 – Comparação entre a % de referências ao impacte “Aumento do risco de incêndio” e a % de referências a medidas
de minimização para prevenção de incêndios. Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos
para as estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são 12) e 6 estudos para as estruturas intermédias.
No caso do impacte relativo às espécies exóticas potencialmente invasoras,
verifica-se a tendência contrária (Fig.15). A maioria dos estudos que abordam este tema
consideram que o projeto pode potenciar a proliferação destas espécies, no entanto não
propõem medidas para minimizar esse efeito. Isto pode significar que o problema é
reconhecido, mas como as medidas de controlo podem ser bastante complexas, estas
não são aplicadas.
Fig.15 - Comparação entre a % de referências ao impacte “Proliferação de espécies exóticas/invasoras” e a % de
referências a medidas de minimização para controlo de espécies exóticas/invasoras. Amostragem total de 18 estudos
para as estruturas lineares, 18 estudos para as estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são 12) e 6 estudos
para as estruturas intermédias.
020406080100
Impacte "Proliferação de espécies
exóticas/invasoras"
0 20 40 60 80 100
Medidas para controlo de espécies
exóticas/invasoras
Fase de Construção
Fase de Exploração
020406080100
Impacte "Aumento do risco de incêndio"
0 20 40 60 80 100
Medidas para prevenção de incêndios
Fase de Construção
Fase de Exploração
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
34
3.2.3. Tipificação da monitorização
Numa primeira análise, observou-se que apenas 57% dos estudos analisados
continham plano de monitorização relativo a sistemas ecológicos e direcionado para
flora, vegetação e habitats (Fig. 16). Entre estes, os subgrupos mais representados são
os parques eólicos, os aproveitamentos hidroelétricos e as estradas. Nos estudos
referentes a linhas elétricas não foi encontrado nenhum plano de monitorização sobre
esta vertente.
Fig.16 – Gráficos representativos da percentagem de estudos com plano de monitorização que englobe flora,
vegetação e habitats (% total e por subgrupo). Amostragem total de 42 estudos.
Nos planos de monitorização encontrados e analisados, foi possível identificar
uma organização comum, com base nas secções mencionadas na Fig. 17 e
posteriormente detalhadas nas Tabelas 3 a 8.
Fig.17 – Diferentes aspetos dos planos de monitorização abordados nos EIA analisados.
Plano de monitorização
Objetivos
Parâmetros a monitorizar
Duração e Frequência da amostragem
Locais de amostragem
Técnicas e métodos de análise
Periodicidade de relatórios
57%
43%
C/ plano de monitorização
S/ plano de monitorização
20,83
12,50
20,83
12,5
12,5
20,83
Parques eólicos
Unidades industriais
Pedreiras
Aproveitamentoshidroelétricos
Linhas elétricas
Ligações ferroviárias
Estradas
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Tabela 3 – Aspetos considerados no plano de monitorização: objetivos.
Objetivos
Estruturas
lineares
Avaliar a extensão e evolução dos impactes
decorrentes do projeto.
Acompanhar a implementação e avaliar a
eficácia das medidas de minimização e do
Plano de Recuperação Paisagística.
Caracterizar e acompanhar a evolução das
áreas mais sensíveis (habitats e espécies
florísticas mais relevantes).
Estruturas
locais
(Unidades industriais) Avaliar a
potencial bioacumulação de
alumínio na cadeia trófica,
decorrente da exploração.
Estruturas
intermédias
Acompanhar a possibilidade de
instalação de espécies
exóticas potencialmente
invasoras.
Tabela 4 – Aspetos considerados no plano de monitorização: parâmetros a monitorizar.
Parâmetros a monitorizar
Estruturas
lineares
Composição florística, distribuição, grau de
desenvolvimento, estrutura e
enquadramento fitossociológico das
comunidades vegetais.
Estado de conservação das comunidades
vegetais e habitats, principalmente dos mais
relevantes.
Evolução das comunidades vegetais face
aos impactes expectáveis e às medidas de
minimização aplicadas.
Nível de controlo de espécies
florísticas invasoras.
Estruturas
locais
(Unidades industriais)
Concentração de alumínio em
espécimes das espécies
arbóreas mais representativas.
Estruturas
intermédias
Presença de espécies de
plantas vasculares
consideradas exóticas em
Portugal, com particular
atenção às potencialmente
invasoras.
Tabela 5 – Aspetos considerados no plano de monitorização: duração e frequência de amostragem.
Duração e frequência de amostragem
Estruturas
lineares
Duração: desde o ano anterior à fase de construção até 3 anos após a
construção (mínimo de 3 a 5 anos).
Frequência: anual ou bianual, entre a primavera e o outono.
Prospeção de invasões biológicas: durante a fase de exploração, com 3
campanhas durante 5 anos.
Estruturas locais (Aproveitamentos hidroelétricos)
Duração: fase de construção e 3 anos de fase de exploração.
Frequência: anual ou semestral, entre a primavera e o outono.
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(Unidades industriais)
Duração: começa com o início da linha de produção de fio de alumínio
(estabelece situação de referência).
Frequência: anual, entre o verão e o outono.
(Pedreiras)
Duração: fase de exploração e de desativação, e após este período, de 2
em 2 anos até ao restabelecimento da área.
Frequência: anual para a flora transplantada e trienal para os habitats
prioritários; outra alternativa passa por uma regularidade anual na fase de
exploração e dois ciclos anuais na fase de desativação; no período de
floração (fevereiro a junho).
Estruturas
intermédias
Duração: desde o ano anterior à construção até o mínimo de 3 anos na
fase de exploração.
Frequência: duas campanhas por ano, na primavera e no outono.
Prospeção de invasões biológicas: uma campanha anual.
Tabela 6 – Aspetos considerados no plano de monitorização: locais de amostragem.
Locais de amostragem
Estruturas
lineares
Ao longo de toda a área de projeto e da sua envolvente próxima, com a
definição de quadrados fitossociológicos em zonas não intervencionadas
(controlo) e em zonas onde as intervenções são mais profundas e os
biótopos afetados são os mais representativos da área ou têm elevado
valor ecológico.
Prospeção de invasões biológicas: todas as áreas intervencionadas que
venham a ser alvo de recuperação.
Estruturas locais (Aproveitamentos hidroelétricos)
Áreas mais sensíveis e com maior valor conservacionista, com
estabelecimento de parcelas de amostragem para diferentes usos do solo,
devidamente cartografadas.
(Unidades industriais)
Envolvente imediata à empresa, na área de maior concentração de
poluentes atmosféricos, com 3 pontos de recolha por campanha (árvores
de fruto, com médio porte e bom estado fitossanitário).
(Pedreiras)
Seleção de 2 parcelas por habitat alvo e 3 ou 4 por cada espécie alvo,
distribuídas a diferentes distâncias das fontes de impacte ou divididas por
zonas de afetação direta e indireta, com uma parcela de controlo para cada
habitat.
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Estruturas
intermédias
Critérios de seleção passam pela presença de comunidades vegetais
representativas dos habitats alvo, presença de núcleos populacionais
conhecidos das espécies alvo e acessibilidade aos locais; 3 a 5 pontos de
amostragem por habitat, com definição de pontos de controlo.
Prospeção de invasões biológicas: trilhos que venham a ser construídos
ou beneficiados.
Tabela 7 – Aspetos considerados no plano de monitorização: técnicas e métodos de análise.
Técnicas e métodos de análise
Estruturas
lineares
Métodos baseados na observação direta, como o
método do quadrado e dos transeptos lineares
(metodologia de Braun-Blanquet, por exemplo) para
levantamentos florísticos relativos a
presença/ausência, riqueza específica, abundância,
densidade, estratificação, diversidade, equitabilidade
e para avaliar a presença de focos de perturbação.
Comparação entre amostragens para avaliar
crescimento, decréscimo, aparecimentos e
extinções.
Registo fotográfico.
Georreferenciação e elaboração de mapas de
distribuição de espécies e habitats.
Prospeção de invasões biológicas: realização de
transeptos para avaliar a ocorrência de invasão,
focos de perturbação, % de cobertura e estado
vegetativo; marcação por GPS de cada local onde se
assinala presença.
Estruturas
locais
Análise estatística dos
dados recolhidos no
campo para quantificar
a regeneração da
vegetação e a
evolução dos habitats;
recurso a análise
multivariada para
avaliar diferenças
entre parcelas.
(Unidades industriais)
Seleção de espécimes
em bom estado
fitossanitário,
marcação e recolha de
amostras (ex. frutos ou
folhas).
Estruturas
intermédias
Tabela 8 – Aspetos considerados no plano de monitorização: periodicidade de relatórios.
Periodicidade de relatórios
Estruturas lineares Anual, com análise comparativa em relação aos anos anteriores e uma
revisão geral do plano de monitorização no último relatório.
Possibilidade de 3 tipos de relatórios - parcelares, de rotina e
extraordinários.
Estruturas locais
Estruturas
intermédias
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Ao analisar os diferentes planos de monitorização, é notória a disparidade de
estratégias no que toca à concretização desta fase da AIA. Em todos os aspetos
considerados (à exceção da periodicidade de relatórios), foram encontradas diferenças
entre estudos, inclusive dentro do mesmo grupo.
3.3. Síntese da revisão
De uma forma geral, a análise realizada permitiu verificar que o processo de Avaliação
de Impacte Ambiental apresenta sérias lacunas no que diz respeito à consideração dos
serviços de ecossistema. Embora muitas vezes seja possível estabelecer
correspondência entre o que é mencionado nos EIA e estes serviços, raramente existem
referências claras a esta temática. Isto dever-se-á a vários fatores, que, aliás, já foram
sendo mencionados na introdução: complexidade do conceito, que dificulta a sua
aplicação; falta de obrigatoriedade legal de referir expressamente os SE nos EIA; e falta
de exemplos práticos e guias que ajudem a orientar o processo. Esta falta de
incorporação dos SE torna-se notória nas três secções dos EIA analisadas aqui em
maior detalhe: impactes expectáveis, medidas de minimização e monitorização. Nestes
capítulos, não foram encontradas quaisquer referências explícitas a SE, no entanto, a
sua análise serviu também para perceber de que forma é feita atualmente a avaliação
de impactes e a proposta de medidas de minimização e de planos de monitorização. No
seguimento disso, a análise mostrou ainda que é possível a sua adaptação de forma a
englobar os SE.
Este trabalho serviu adicionalmente para tirar as seguintes ilações:
▪ em relação aos impactes expectáveis, registou-se que há, no geral, poucas
referências a impactes importantes como o aumento do risco de incêndio ou a
proliferação de espécies invasoras;
▪ as medidas de minimização propostas baseiam-se em larga escala no que é
obrigatório perante a lei portuguesa;
▪ a monitorização é muitas vezes escassa, particularmente no que diz respeito aos
sistemas ecológicos, e é evidente a falta de sistematização deste processo;
▪ nos EIA analisados, mais concretamente no capítulo referente aos impactes
expectáveis, não foram encontradas diferenças significativas entre tipos de
estrutura (linear, local e intermédia).
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3.4. Integração dos serviços de ecossistema na Avaliação de
Impacte Ambiental: guia metodológico para as florestas de
Pinus sp.
No sentido de inverter a tendência de falta de incorporação dos SE na AIA,
procurou-se contrariar um dos fatores que tem contribuído para isso: a falta de guias e
exemplos práticos. Para esse efeito, procedeu-se à elaboração de um guia
metodológico, que pretende mostrar como incluir os SE na elaboração de um EIA, e que
se encontra em anexo (Anexo I). Este guia foi elaborado para um ecossistema particular
e bastante representativo no território nacional, as florestas de Pinus sp., visto que é um
ecossistema cuja gestão é urgente melhorar, pelas razões já referidas anteriormente.
Mais concretamente, o guia começa por propor a realização de uma primeira
análise da área de pinhal potencialmente afetada pelo projeto, para verificar quais os
serviços que poderão ser prestados. De seguida, apresenta metodologia para avaliar o
estado desses SE, a partir da medição de indicadores específicos para cada serviço. A
utilização destes indicadores permitirá determinar quais os SE mais significativos na
área e, consequentemente, os que devem ser integrados no EIA. Para estes, são ainda
propostos possíveis impactes expectáveis e respetivas medidas de minimização (de
forma geral e específica para cada serviço) para serem incluídas na AIA. Para além
disso, é também apresentada uma breve referência a parâmetros de monitorização,
especificamente para os serviços prestados pelos ecossistemas.
Apesar do trabalho já realizado no sentido de reunir metodologias, este guia
necessita ainda de ser aplicado na prática, ou seja, na realização de EIA, de modo a ser
validada a sua aplicabilidade, facilidade e flexibilidade. Nesse sentido, foi feita uma
tentativa de aplicação do guia a um EIA já realizado. O estudo em causa foi relativo à
Central Fotovoltaica do Pereiro (nº 3018, no SIAIA), realizado em 2018, e cuja área
potencialmente afetada incluía povoamentos de pinheiro-manso. Tendo por base a
informação já recolhida para esse mesmo estudo e disponível no SIAIA, o objetivo foi
tentar usar essa informação para inferir sobre o estado dos SE na área do projeto. Como
resultado, verificou-se que é possível avaliar alguns indicadores, no entanto, estes não
chegam para permitir uma avaliação suficientemente completa dos SE. Apesar disso,
esta análise serviu também para reforçar a ideia de que, em muitos casos, basta fazer
pequenas alterações ou acrescentos ao trabalho que já é feito, nomeadamente no
trabalho de campo ou na pesquisa, para que seja possível avaliar os indicadores
propostos no guia metodológico.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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4. Conclusões
O reconhecimento da importância dos SE no contexto da política ambiental,
nomeadamente da AIA, é fundamental para garantir a sua preservação e os inúmeros
benefícios que deles advêm. Estes serviços, por refletirem o funcionamento dos
ecossistemas, são fundamentais para o funcionamento da nossa sociedade e
economia. Assim, a sua divulgação e incorporação em ferramentas de gestão do
ambiente é importante, sendo uma forma eficaz de dar a conhecer a interligação entre
as três vertentes (ambiente, sociedade e economia). Assim, permite ir além do conceito
ambiental, passando para uma perspetiva mais abrangente, rumo ao desenvolvimento
sustentável.
Este reconhecimento é hoje mais urgente que nunca, na medida em que são
esperados cada vez mais e maiores desafios relacionados com os impactes de projetos
nos SE à medida que emerge o problema das alterações climáticas e se expandem as
espécies invasoras. Se não forem tomadas medidas concretas para a sua conservação,
muitos dos serviços prestados pelos ecossistemas correm o risco de ficar
irremediavelmente comprometidos a médio e longo prazo, com graves consequências
para todos os sistemas que beneficiam deles.
A revisão dos EIA mostrou que ainda há muito a fazer no que diz respeito à
incorporação dos SE no processo de AIA. Até aos dias de hoje, poucos são os estudos
que os referem, e mesmo estes, fazem-no de uma forma bastante superficial, sem
aproveitar a abrangência do conceito e a possibilidade de ligar o ambiente a outras
vertentes normalmente distantes, como é o caso da vertente económica.
Face à comprovada falta de inclusão dos SE na AIA, torna-se de especial
importância considerar novos métodos que permitam esta inclusão da forma mais
simples e prática possível, aproveitando a informação já existente nas avaliações feitas
atualmente. Desta forma, tornar-se-á mais fácil a aceitação deste conceito por parte dos
responsáveis pela elaboração dos EIA, e a sua integração em ferramentas de gestão
ambiental como a AIA. No sentido de contribuir para esta mudança, é proposto um guia
metodológico cujo principal objetivo é impulsionar esse processo de adaptação da AIA.
Com este guia, pretende-se facilitar a integração dos SE, mostrando abordagens
concretas para o fazer, no âmbito de um EIA. Todo o trabalho foi realizado com base na
ideia de que é fundamental simplificar ao máximo este processo de forma a despertar o
interesse de potenciais utilizadores do guia, dado que não há nenhuma obrigação legal
no que diz respeito à inclusão dos SE na AIA. A necessidade de simplificação do
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
41
processo fez com que uma das principais preocupações fosse ajustar, na medida do
possível, a metodologia proposta, de forma a exigir o mínimo de alterações aos
procedimentos já realizados. Assim, o guia metodológico promove a adaptação do que
já é feito na AIA para a vertente ecológica (e que foi sistematizado no trabalho de
revisão), para que seja possível abarcar os SE.
Visto que não foi possível aplicar corretamente o guia num estudo já realizado,
o passo seguinte seria a sua aplicação no âmbito de um estudo ainda em
desenvolvimento. O acompanhamento ao longo do período de realização do EIA
permitiria, por um lado, maior acesso a informação mais detalhada e, por outro lado, a
adaptação, por exemplo, do trabalho de campo e da pesquisa bibliográfica realizada no
âmbito do estudo.
Este guia foi elaborado especificamente para as florestas de Pinus sp., no
entanto, com este trabalho, pretende-se também encorajar o surgimento de novas
propostas de guias e metodologias neste âmbito, nomeadamente para outros tipos de
ecossistema que tenham uma representação significativa em Portugal. Esta
especificidade é importante porque cada ecossistema tem um funcionamento particular
e presta diferentes tipos de serviços. Desta forma, os SE poderão ser incorporados em
qualquer processo de AIA, independentemente do tipo de ecossistema em risco de ser
afetado.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
42
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FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
52
6. Anexos
Anexo I.
Integração dos serviços de ecossistema na Avaliação de Impacte
Ambiental: guia metodológico para as florestas de Pinus sp.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
53
Integração dos serviços de ecossistema na
Avaliação de Impacte Ambiental: guia metodológico
para as florestas de Pinus sp.
alexdebordeauxii.wordpress.com
Daniela Morim Gomes
Mestrado em Ecologia e Ambiente
Departamento de Biologia
2019
Orientador
Nuno Formigo, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
54
Índice
Lista de tabelas ........................................................................................................... 55
Lista de figuras ........................................................................................................... 55
Introdução ................................................................................................................... 56
Enquadramento .......................................................................................................... 57
Metodologia para a incorporação dos SE na AIA: organização do guia metodológico 60
Avaliação dos SE - indicadores e metodologia ........................................................... 62
Serviços de provisionamento .................................................................................. 62
Serviços de regulação e manutenção ..................................................................... 70
Serviços culturais .................................................................................................... 80
Impactes expectáveis na prestação de SE ................................................................. 83
Medidas de minimização relativas aos SE .................................................................. 88
Monitorização da prestação de SE ............................................................................. 92
Considerações finais................................................................................................... 93
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 94
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
55
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE,
no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores
e a respetiva metodologia. Indicadores direcionados para os serviços de
provisionamento. ........................................................................................................ 62
Tabela 2 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE,
no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores
e a respetiva metodologia. Indicadores direcionados para os serviços de regulação e
manutenção. ............................................................................................................... 70
Tabela 3 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE,
no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores
e a respetiva metodologia. Indicadores direcionados para os serviços culturais. ........ 80
Tabela 4 – Possíveis impactes sobre a prestação de SE que podem advir de um projeto
sujeito a AIA. .............................................................................................................. 84
Tabela 5 – Possíveis medidas de minimização a propor num EIA, relativas aos SE. .. 89
Lista de Figuras
Fig. 1 – Distribuição geográfica do pinheiro-bravo (Pinus pinaster) em Portugal;
exemplar de pinheiro-bravo (Clamote et al., 2019; Flora-on & Sociedade Portuguesa de
Botânica, 2014). .......................................................................................................... 57
Fig. 2 – Distribuição geográfica do pinheiro-manso (Pinus pinea) em Portugal; exemplar
de pinheiro-manso (Clamote et al., 2019; Flora-On Sociedade Portuguesa de Botânica,
2014). ......................................................................................................................... 58
Fig. 3 – Esquema representativo da metodologia proposta neste guia para a
incorporação dos SE nos EIA. .................................................................................... 60
Fig. 4 - Equações de biomassa ajustadas para as várias componentes da árvore,
nomeadamente, equações para Pinus pinaster (equação 5, 6 e 7) ajustadas por LOPES
(2005) (Nunes et al., 2010) ......................................................................................... 63
Fig. 5 - Calculador de impactes: método de avaliação qualitativa dos impactes
expectáveis para um determinado projeto, adaptado por Lopes, 2013. ...................... 87
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
56
Introdução
Os serviços de ecossistema (SE) têm vindo a ganhar grande destaque no panorama
ambiental, sendo cada vez mais consensual a sua importância em termos
socioeconómicos e o seu papel na aproximação desta vertente ao ambiente. Por estas
razões, a consideração dos serviços prestados pelos ecossistemas nas políticas
ambientais pode representar um forte contributo para o desenvolvimento sustentável.
No caso da Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), a avaliação de impactes sobre os SE
vem também trazer uma avaliação mais completa e integrativa de várias áreas de
conhecimento e um enquadramento mais efetivo do ambiente em termos de
comunicação com os decisores e a comunidade afetada. Contudo, apesar do crescente
reconhecimento da importância desta temática e do aumento do trabalho de
investigação realizado nos últimos anos, continua a verificar-se a falta de estratégias
concretas que guiem a aplicação na prática. Como consequência, indicadores relativos
aos SE são atualmente pouco tidos em conta em projetos de gestão ambiental.
Com este guia metodológico, pretende-se colmatar esta lacuna nos Estudos de
Impacte Ambiental (EIA), mostrando uma forma de incorporar os SE no que já é feito
atualmente neste tipo de avaliação. A escolha das florestas de Pinus sp. como
ecossistema alvo deste guia deve-se maioritariamente a duas razões: é um ecossistema
florestal bastante comum em território nacional, e está a sofrer uma queda acentuada
em termos de área ocupada. Por estas razões, torna-se urgente melhorar a sua gestão.
Apesar de este guia ser direcionado apenas para este ecossistema, o objetivo final seria
existirem mais guias semelhantes a abranger os ecossistemas mais representativos em
Portugal (florestas de Quercus sp., por exemplo). A existência de guias como este
poderá abrir caminho para tomadas de decisões mais realistas e assertivas pelos
decisores, facilitando assim a comunicação entre as diferentes partes envolvidas no
processo de AIA.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
57
Enquadramento
Em território nacional, as florestas de Pinus sp. são essencialmente compostas por
pinheiro-bravo (Pinus pinaster, Aiton), e, em menor extensão, por pinheiro-manso (Pinus
pinea, L.). De acordo com o 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6), o pinheiro-bravo é
a terceira espécie florestal mais abundante em Portugal, cobrindo 22% da área
florestada, enquanto que o pinheiro-manso apresenta também uma cobertura
significativa, de cerca de 6% (ICNF, 2019).
Pinus pinaster é uma espécie de conífera originária da zona oeste da bacia
Mediterrânica, crescendo naturalmente em regiões quentes temperadas e com
influência oceânica (San-Miguel-Ayanz, de Rigo, Caudulio, Houston Durrant, & Mauri,
2016). É uma espécie termófila, de crescimento rápido e resiliente, ocupando uma larga
gama de altitudes, climas e solos e tendo uma grande variedade genética como
resultado (Alía, 1996; Praciak et al., 2013; San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Em Portugal,
ocorre principalmente nas zonas norte e centro, conforme mostra a Fig. 1 (Clamote,
Araújo, et al., 2019; Reboredo, 2014).
Fig.1 – Distribuição geográfica do pinheiro-bravo (Pinus pinaster) em Portugal; exemplar de pinheiro-bravo (F.Clamote,
P.V.Araújo, J.D.Almeida, A.Carapeto, J.Lourenço, D.T.Holyoak, M.Porto, E.P.Pereira et al., 2019; Flora-on & Sociedade
Portuguesa de Botânica, 2014).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
58
O pinheiro-bravo foi amplamente plantado para estabilização de dunas e como
cinto de proteção contra a salsugem, de forma a permitir o uso agrícola de largas áreas
costeiras na Península Ibérica (Farjon, 2010; Pereira, 2002). Devido ao seu rápido
crescimento e tolerância a solos pobres, presta também serviços de conservação do
solo, proteção contra a erosão e ainda em zonas com propósitos recreacionais, com
fornecimento de sombra (San-Miguel-Ayanz et al., 2016). O principal produto obtido é a
madeira, que tem como destino final uma grande variedade de subprodutos (materiais
de construção, mobília, …), mas também fornece resina, utilizada em óleos, vernizes e
ceras, e é um ecossistema ideal para o desenvolvimento de cogumelos comestíveis
(Farjon, 2010; Pereira, 2002; Praciak et al., 2013).
Pinus pinea é uma espécie com uma origem incerta, que se distribuiu largamente
pela Europa no último milénio (Eckenwalder, 2009; Farjon & Filer, 2013; San-Miguel-
Ayanz et al., 2016). Ocupa uma larga gama de climas e solos, principalmente ao longo
da bacia mediterrânica, e em zonas costeiras. É uma espécie considerada heliófila,
xerófila e termófila, isto é, prospera com luz solar direta, baixa humidade e altas
temperaturas (Retana, 2012). A sua distribuição em Portugal é bastante dispersa, como
é possível verificar no mapa da Fig. 2 (Clamote, Carapeto, et al., 2019).
Fig.2 – Distribuição geográfica do pinheiro-manso (Pinus pinea) em Portugal; exemplar de pinheiro-manso (F.Clamote,
A.Carapeto, J.D.Almeida, P.V.Araújo, D.T.Holyoak, J.Lourenço, M.Porto, A.J.Pereira et al., 2019; Flora-On Sociedade
Portuguesa de Botânica, 2014).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
59
Esta espécie de pinheiro serve múltiplos propósitos, nomeadamente produção de
pinhão, madeira, resina e proteção contra a erosão do solo. Adicionalmente, o pinheiro-
manso serve objetivos estéticos e tem-se mostrado importante na consolidação de
dunas costeiras. Não tem grande expressão na produção de madeira, sendo o produto
economicamente mais importante o pinhão, cuja procura continua a aumentar, sendo
Portugal um dos principais produtores (Borrero Fernández, 2004; Boutheina, El Aouni,
& Balandier, 2013; Cutini, 2002; Eckenwalder, 2009; Fady, Fineschi, & Vendramin,
2008).
A florestas de pinheiro podem constituir povoamentos monoespecíficos de Pinus
pinaster ou Pinus pinea, que também podem estabelecer-se em conjunto. Para além
disso, podem coexistir com mais espécies, nomeadamente outras espécies de Pinus
(e.g. Pinus halepensis, Mill) ou com o eucalipto (Eucalyptus globulus, Labill).
Para além das florestas naturais e seminaturais, é importante distinguir as
florestas plantadas destinadas a produção, uma vez que têm grande expressão em
território nacional. Apesar de não serem naturais, podem também fornecer uma grande
quantidade de SE, sendo que os referentes ao provisionamento de madeira e de outros
recursos correspondem à maior percentagem de serviços fornecidos, enquanto que os
serviços de regulação e manutenção são os que terão uma menor expressão (Baral,
Guariguata, & Keenan, 2016; Brockerhoff, Jactel, Parrotta, & Ferraz, 2013; Ferraz, Lima,
& Rodrigues, 2013).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
60
Metodologia para a incorporação dos SE na AIA: organização do guia
metodológico
Como o próprio nome indica, a aplicação deste guia pressupõe a ocorrência de pinhal
na área em estudo. Após a confirmação da existência deste ecossistema florestal, é
necessário fazer uma primeira análise, mais superficial, que permita identificar quais os
SE que poderão ser prestados no local em questão. No fundo, esta análise tem o
propósito de descartar os serviços que claramente não se verificam. De seguida, deve
ser feita a avaliação do estado dos SE identificados. Para esse efeito, neste guia são
propostos indicadores específicos para avaliar cada serviço, bem como é apresentada
metodologia para os aplicar. Com base nos indicadores utilizados, é proposta uma
avaliação final segundo uma escala numérica (1 a 5), conforme explicado no esquema
na Fig. 3. A avaliação do estado dos SE serve para perceber o quão significativa é a
prestação de cada serviço na área em estudo e, consequentemente, determinar os
serviços que é preciso preservar e incluir na AIA.
Fig.3 – Esquema representativo da metodologia proposta neste guia para a incorporação dos SE nos EIA.
Ecossistema:
Pinhal
1ª análise aos SE
prestados pelo
pinhal
Aplicação de
indicadores para
avaliação dos SE
Avaliação quantitativa
do estado dos SE
(1 a 5)
Avaliação = 1 ou 2
Não considerados no EIA
Avaliação = 3, 4 ou 5
Considerados no EIA
Impactes expectáveis
Medidas de minimização
Monitorização AIA
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
61
A partir do momento em que se estabelece quais os serviços a considerar no
estudo, é necessário definir quais os impactes que se espera que o projeto em avaliação
venha a ter sobre esses mesmos serviços. Este guia fornece uma listagem de impactes
expectáveis, tanto gerais como específicos, para cada secção de SE. Nesta fase, deve
ainda ser avaliado o valor de cada um dos impactes definidos.
Ainda no âmbito do EIA, e depois de estabelecidos os impactes expectáveis,
segue-se a proposta de medidas de minimização. Também para este capítulo, foi feita
uma sintetização de medidas, gerais e específicas, para minimizar possíveis impactes
do projeto em análise.
Por fim, apresenta-se, de forma breve, uma proposta de monitorização
direcionada para os SE, com o objetivo de que esta seja incorporada no plano de
monitorização normalmente estabelecido nos EIA.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Avaliação dos SE - indicadores e metodologia
Este capítulo centra-se na avaliação do estado dos SE na área em estudo. Para esse efeito, é proposta uma lista de indicadores destinados a
avaliar cada tipo de serviço, conforme representado nas Tabelas 1, 2 e 3.
A aplicação destes indicadores tem como objetivo a seleção dos SE cuja preservação é prioritária, isto é, aqueles que é necessário incluir na
AIA. Priorizar serviços pressupõe que estes apresentem algumas características (Landsberg, Treweek, Stickler, Henninger, & Venn, 2013):
▪ são importantes para potenciais beneficiários;
▪ vão ser afetados pelo projeto, impedindo o seu usufruto por parte desses beneficiários;
▪ aqueles para os quais não existe alternativa.
Serviços de provisionamento
A escolha dos SE prestados pelas florestas de Pinus sp. teve como base a seguinte literatura: (Baral et al., 2016; Berghöfer & Schneider, 2015; EEA, 2016;
Maes et al., 2014; Ministry of Agriculture and Environmental Protection, 2014; Neugarten et al., 2018; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Tabela 1 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE, no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores e a respetiva
metodologia. Indicadores direcionados para os serviços de provisionamento.
Biomassa > plantas (cultivadas ou selvagens) > fibras ou outros materiais para uso direto ou processamento: madeira e polpa,
materiais para construção, óleos essenciais, resinas
Stock de biomassa florestal (Kg/ha ou m2) Essencialmente biomassa arbórea, pode corresponder à biomassa total ou comercial. Pode ser
avaliada diretamente, através de uma amostragem destrutiva, ou seja, através do corte e
pesagem das árvores de uma determinada parcela (com medições de volume e densidade),
seguido de uma extrapolação para o local de interesse.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Pode ser avaliada indiretamente através de correlação da biomassa com alguma variável obtida
através de medições de campo; estas incluem principalmente a medição da altura e do diâmetro,
resultando num inventário florestal, que pode incluir outras variáveis; estas podem ser inseridas
em equações alométricas como as da Fig. 4, de forma a obter a biomassa. Esta pode também
ser obtida através de índices de vegetação, que têm origem em imagens de satélite ou outras
técnicas de deteção remota (Embrapa Florestas & Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento, 2014; A. S. Ferraz et al., 2014; Maes et al., 2014; Preston & Ciara Raudsepp-
Hearne, 2017; Silveira, Koehler, Sanquetta, & Arce, 2008).
Fig.4 - Equações de biomassa ajustadas para as várias componentes da árvore, nomeadamente, equações para Pinus pinaster
(equação 5, 6 e 7) ajustadas por LOPES (2005). (Nunes et al., 2010)
Produtividade primária líquida (Kg/ha/ano) Obtida a partir da biomassa:
PPL = ∆B + Perdas
em que ∆B representa o acréscimo de biomassa no estrato arbóreo, num determinado período
de tempo, e inclui ainda o crescimento em biomassa do subcoberto, no mesmo período (Waring
et al., 1998) (Nunes et al., 2010; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017).
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Volume e taxas de colheita de árvores com
valor comercial / consumo de madeira
(Maes et al., 2014)
Através da chamada biomassa comercial, que em caso de abate das árvores, pode ser obtida
através de amostragem destrutiva; esta informação poderá já existir e ser fornecida pela entidade
responsável pelo abate das árvores e comercialização da madeira.
Consumo de resinas (Maes et al., 2014) Valores podem ser obtidos através do cálculo da biomassa comercial; esta informação poderá já
existir e ser fornecida pela entidade responsável pela comercialização de resinas.
Valor comercial da madeira (Berghöfer &
Schneider, 2015)
Avaliar o preço de mercado.
Área ocupada e distribuição de árvores
para produção de madeira (Maes et al.,
2014)
Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG).
Biomassa > plantas (cultivadas ou selvagens) > propósito nutricional: pinhão, cogumelos, frutos silvestres, …
Produtividade primária líquida (Egoh et al.,
2012; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne,
2017)
Obtida a partir da biomassa:
PPL = ∆B + Perdas
em que ∆B representa o acréscimo de biomassa no estrato arbóreo, num determinado período
de tempo, e inclui ainda o crescimento em biomassa do subcoberto, no mesmo período (Waring
et al., 1998) (Nunes et al., 2010; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017).
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Parâmetros climatológicos (Egoh et al.,
2012)
Parâmetros como temperatura, humidade atmosférica, precipitação, insolação, vento e pressão
atmosférica influenciam o desenvolvimento de uma floresta; a sua análise permite avaliar se há
condições para a ocorrência deste SE; a informação sobre estes parâmetros já existe atualmente
nos EIA, na secção correspondente ao clima, e tem origem em dados obtidos a partir de estações
meteorológicas (Ahmed et al., 1998; Xia, Fabian, Stohl, & Winterhalter, 1999).
Distribuição do pinheiro-manso, de frutos
silvestres e/ou cogumelos (Maes et al.,
2014)
Avaliada a partir de reconhecimentos de campo e/ou de deteção remota, o que poderá permitir a
elaboração de mapas de distribuição para cada espécie.
Densidade populacional / área ocupada
por cada espécie (incluindo do pinheiro-
manso, para produção de pinhão)
(Berghöfer & Schneider, 2015)
Determinar nº de indivíduos por unidade de área; é necessário trabalho de campo, com a
definição do método de amostragem a utilizar, que vai depender da espécie em causa e da
dimensão do local em estudo (transeptos, quadrados, contagens totais).
Valor comercial destes produtos (€/ha/ano)
(Berghöfer & Schneider, 2015; Preston &
Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Avaliar diretamente preço de mercado dos bens alimentares produzidos no local em estudo.
Volume de colheita/comércio de frutos
silvestres, cogumelos e/ou pinhão
(Kg/ha/ano) (Berghöfer & Schneider, 2015;
Maes et al., 2014)
Esta informação poderá ser fornecida pela entidade responsável pela colheita e comercialização
destes produtos.
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Biomassa > plantas (cultivadas ou selvagens) > fonte de energia: biocombustíveis (madeira)
Stock/consumo de madeira usada como
combustível (fração do stock de biomassa
florestal) (Maes et al., 2014)
Na maioria dos casos, a madeira usada para combustível corresponde a resíduos resultantes do
corte das árvores ou a desperdícios e subprodutos derivados das indústrias de processamento
da madeira; por essa razão, torna-se difícil determinar qual a % da biomassa florestal total usada
como combustível (EEA, 2016). Para além disso, o processo de usar a madeira como fonte de
energia não tem grande expressão em Portugal, correspondendo apenas a 7,7% da madeira
retirada das florestas (Eurostat, 2019).
Distribuição das árvores para produção de
madeira (Maes et al., 2014)
Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG).
Biomassa > animais (criados ou selvagens) > propósito nutricional: criação ou caça de animais para obtenção de carne e outros
produtos alimentares
Densidade populacional das espécies
cinegéticas mais características (Berghöfer
& Schneider, 2015)
Método de amostragem vai depender da espécie em causa e da dimensão do local em estudo
(transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Registos de caça (animais mortos) (Maes
et al., 2014; Preston & Ciara Raudsepp-
Hearne, 2017)
Implica entrevistar caçadores ou contactar entidades como o ICNF para ter acesso a este tipo de
informação.
Volume de comércio da carne resultante da
caça numa determinada área (Berghöfer &
Schneider, 2015)
Esta informação poderá ser fornecida pelos caçadores da área.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Nº de indivíduos de espécies de criação
(Maes et al., 2014)
Informação obtida a partir dos criadores de gado na área.
Área total usada/propícia para pastoreio
(Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Informação obtida a partir dos criadores de gado ou através da análise da cobertura e uso do
solo.
Produção / volume de comércio de carne e
outros produtos alimentares derivados de
espécies de criação (Berghöfer &
Schneider, 2015; Maes et al., 2014)
Informação obtida a partir dos criadores de gado na área
Biomassa > animais (criados ou selvagens) > fibras e outros materiais
Densidade populacional das espécies
cinegéticas mais características (Berghöfer
& Schneider, 2015)
Método de amostragem vai depender da espécie em causa e da dimensão do local em estudo
(transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Registos de caça (animais mortos) (Maes
et al., 2014)
Implica entrevistar caçadores ou contactar entidades como o ICNF para ter acesso a este tipo de
informação.
Volume de comércio de fibras e materiais
derivados tanto de espécies de criação
como de espécies selvagens (Maes et al.,
2014)
Esta informação poderá ser fornecida pelos caçadores e criadores de gado da área.
Nº de indivíduos de espécies de criação
(Maes et al., 2014)
Informação obtida a partir dos criadores de gado na área.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Área total usada/propícia para pastoreio
(Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Informação obtida a partir dos criadores de gado ou através da análise da cobertura e uso do
solo.
Material genético
Nº total de espécies e subespécies (Egoh
et al., 2012; Preston & Ciara Raudsepp-
Hearne, 2017)
Análise da diversidade e da riqueza específica, através da análise da cobertura do solo, o que
requer pesquisa bibliográfica e trabalho de campo (definição do método de amostragem).
Distribuição de espécies de plantas com
uso bioquímico / farmacêutico (Maes et al.,
2014)
Implica primeiramente identificar quais as espécies de interesse entre o nº total de espécies,
através de pesquisa bibliográfica; a distribuição dessas espécies será avaliada a partir de
reconhecimentos de campo e/ou de deteção remota, o que poderá permitir a elaboração de
mapas de distribuição para cada espécie.
Água (superficial ou subterrânea) > para beber: filtração, retenção e armazenamento de água doce para consumo humano
A informação poderá ser obtida, de forma geral, através dos dados recolhidos em estações de monitorização dos recursos hídricos (fontes de
informação: SNIRH, SNIAmb).
Presença de reservas de água (Preston &
Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Informação obtida a partir do Plano de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) correspondente à
área em estudo, e disponibilizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Disponibilidade anual de água superficial
(Km3/ano) (Berghöfer & Schneider, 2015)
Informação obtida a partir dos Plano de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) correspondente
à área em estudo, e disponibilizada pela APA.
Disponibilidade hídrica subterrânea
(hm3/ano)
Dados obtidos a partir do PGRH correspondente à área em estudo.
Extração de águas subterrâneas
(estimativa)
Dados obtidos a partir do PGRH correspondente à área em estudo.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Fornecimento total de água superficial por
área de floresta (Maes et al., 2014)
Modelação a partir de dados do PGRH correspondente à área em estudo (informação
disponibilizada pela APA).
Água (superficial ou subterrânea) > como material: água doce para uso industrial
A informação poderá ser obtida, de forma geral, através dos dados recolhidos em estações de monitorização dos recursos hídricos (fontes de
informação: SNIRH, SNIAmb).
Presença de reservas de água (Preston &
Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Informação obtida a partir do Plano de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) correspondente à
área em estudo, e disponibilizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Disponibilidade anual de água superficial
(Km3/ano) (Berghöfer & Schneider, 2015)
Informação obtida a partir dos Plano de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) correspondente
à área em estudo, e disponibilizada pela APA.
Fornecimento total de água superficial por
área de floresta (Maes et al., 2014)
Modelação a partir de dados do PGRH correspondente à área em estudo (informação
disponibilizada pela APA).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Serviços de Regulação e Manutenção
A escolha dos SE prestados pelas florestas de Pinus sp. teve como base a seguinte literatura: (Baral et al., 2016; Berghöfer & Schneider, 2015; EEA, 2016;
Maes et al., 2014; Ministry of Agriculture and Environmental Protection, 2014; Neugarten et al., 2018; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Tabela 2 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE, no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores e a respetiva
metodologia. Indicadores direcionados para os serviços de regulação e manutenção.
Transformação de inputs físicos e bioquímicos nos ecossistemas > mediação de resíduos ou substâncias tóxicas de origem
antropogénica: regulação do ciclo de nutrientes
(inclui-se o SE prestado por corpos de água associados às florestas de Pinus sp.)
Turbidez da água A avaliação pode ser feita através de um medidor de turbidez ou pelo uso de tubos de turbidez.
Temperatura da água Análise física.
Oxigênio dissolvido (% saturação) A partir de dados do SNIRH. A alternativa implica recolha de amostras e posterior análise
laboratorial (análise físico-química).
pH da água Análise físico-química.
Total de sólidos em suspensão
Implica recolha de amostras e posterior análise laboratorial (análise físico-química).
Nutrientes (fósforo, azoto) na água
Implica recolha de amostras e posterior análise laboratorial (análise físico-química).
Comparação das concentrações de
poluentes entre a água que entra e sai do
sistema
Identificação e cálculo da concentração de determinados poluentes, após recolha de amostras e
análise laboratorial (com recurso a espetrofotometria, por exemplo).
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Bioindicadores (macroinvertebrados
bentónicos e fitobentos)
Análise da composição e abundância de macroinvertebrados bentónicos, cuja tolerância à
poluição seja conhecida (colheita fácil e rápida em rios e complexa em lagos; fácil identificação
taxonómica ao nível de família; procedimentos laboratoriais relativamente morosos, mas fáceis).
A classificação dos mesmos pode ser feita através de índices tais como o “AMIIB@: Aplicação
para o cálculo de Métricas e Índices de Invertebrados Bentónicos”, sugerido pela APA. Para o
fitobentos, pode-se utilizar o grupo das Diatomáceas (Classe Bacillariophyceae) para avaliação
da qualidade biológica. Na amostragem e análise, deve-se seguir o “Manual para a avaliação
biológica da qualidade da água em sistemas fluviais - Protocolo de amostragem e análise para o
Fitobentos – Diatomáceas” (INAG, I.P. 2008).
Patógenos (bactérias, por exemplo, E. coli;
vírus) na água
Recolha de amostras e posterior análise laboratorial, para possível identificação de patógenos.
Presença de zonas húmidas e de
vegetação ripícola (funcionam como filtro
de nutrientes e sedimentos)
Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG).
Retenção de fósforo no solo (saturação)
(Graetz & Nair, 2000)
Implica realização de amostragem e posterior análise laboratorial.
Dias de florescimento de algas nocivas
(eutrofização)
Número de dias necessários para uma determinada zona do curso de água iniciar o processo de
eutrofização (necessário trabalho de campo).
Vulnerabilidade à poluição
Através do índice DRASTIC, do PGBH e da cartografia do índice EPPNA, do PGRH.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Transformação de inputs físicos e bioquímicos nos ecossistemas > mediação de perturbações de origem antropogénica
Presença de faixas de vegetação a separar
o ecossistema de determinadas estruturas
nas proximidades
Averiguar a existência de barreiras naturais que filtrem cheiros, ruído e que atenuem possíveis
impactes visuais.
Níveis de ruído, cheiros e/ou impacte visual Averiguar se há diferenças a nível de ruído, cheiros e/ou impacte visual dentro e fora do
ecossistema florestal.
Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > regulação de fluxos basais e de eventos extremos > controlo de taxas de
erosão e atenuação de movimentos em massa
Estabilidade da composição do solo O teste de estabilidade do solo fornece informações sobre a integridade dos agregados do solo,
o grau de desenvolvimento estrutural e a resistência à erosão. Também reflete a integridade
biótica do solo, porque a matéria orgânica que une as partículas do solo deve ser constantemente
renovada pelas raízes das plantas e pelos organismos do solo. Este teste mede a estabilidade
do solo quando exposto a humedecimento rápido. A estabilidade do agregado do solo é afetada
pela textura (tamanho das partículas do solo) e pelos constituintes bióticos e minerais que podem
estar presentes, por isso é importante limitar as comparações com solos semelhantes que
possuam quantidades semelhantes de areia, silte e argila. Este método requer um kit de
estabilidade do solo (Herrick & Zee, 2009).
Erodibilidade do solo A fim de inferir sobre a erosão do solo sugere-se a medição da camada superficial do solo em
locais onde não existe vegetação e a comparação com zonas onde o solo se encontra protegido
com vegetação.
Área e grau de compactação do solo Uso de um penetrómetro. Técnica descrita em (Herrick & Jones, 2002).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Cobertura do solo Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG). (Maes et al., 2014).
Análise da topografia (ângulo de
inclinação, comprimento de inclinação)
Análise de declives e da topografia, que pode ser feita através de modelos digitais de terreno e
de mapas topográficos existentes, ou a partir de outros tipos de dados derivados de trabalho de
campo e/ou da deteção remota (uso de software como o SIG). O uso de um aparelho chamado
clinómetro ótico pode também ser uma metodologia usada em trabalho de campo.(Native, Code,
& No, 2007).
Abundância de macrofauna do solo (Lima
et al., 2007; Swift & Bignell, 2001)
É necessário trabalho de campo. O método de amostragem a utilizar depende da espécie em
causa e da dimensão do local em estudo (transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Percentagem de cobertura florestal em
condição imperturbada
Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG). (Maes et al., 2014). Após esta análise, divide-se a área florestal
imperturbada pelo total de área florestal.
Percentagem de solo danificado Relação entre solo danificado e solo que não foi perturbado. Implica análise do solo.
Área florestal como proporção da área total Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG) (Maes et al., 2014), Após esta análise, divide-se a área florestal pela área
total analisada.
Incidência de deslizamentos de terra Número de ocorrências de deslizamentos de terra por um determinado período de tempo.
Pesquisa de registos relativos à área em estudo.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Volume de produção (florestal e agrícola)
por unidade de área
A atividade florestal e/ou agrícola pode comprometer a estabilidade do solo. Informação relativa
a este indicador pode ser disponibilizada pelos produtores (Maes et al., 2014).
Metodologia suplementar: Visual Soil Assessment (Shepherd, Stagnari, Pisante, & Benites, 2008).
Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > regulação de fluxos basais e de eventos extremos > regulação do fluxo de
água e do ciclo hidrológico
Capacidade de retenção de água nos solos
(nomeadamente, água das chuvas)
No local, o solo é humedecido até à saturação, sendo a superfície depois coberta com um
revestimento impermeável de modo a evitar perdas por evaporação; posteriormente, são
recolhidas amostras para determinar o teor de água do solo e, assim, determinar o momento em
que a drenagem termina e a capacidade de campo é atingida (teor de água na zona das raízes
a partir do qual a drenagem se torna quase nula) (Ramos et al., 2015).
Influência da retenção de água no regime
hidrológico
Modelação a partir de dados do PGRH e de Planos Florestais Nacionais relativos à área em
estudo.
Impacto da vegetação no fluxo de água Modelação a partir de dados do PGRH e de Planos Florestais Nacionais relativos à área em
estudo.
Fluxos de pico (cheias)
Informação obtida a partir do PGRH correspondente à área em estudo.
Redução no fluxo / escoamento Modelação a partir de dados do PGRH e de Planos Florestais Nacionais relativos à área em
estudo.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Taxas de infiltração no solo A taxa de infiltração é uma medida da velocidade com que a água entra no solo. Este processo
afeta o escoamento superficial, a erosão do solo e a recarga das águas subterrâneas. Um
infiltrómetro é o dispositivo usado para medir a taxa de infiltração de água no solo. No entanto, a
infiltração não pode ser medida com esse método em locais muito pedregosos ou com cascalho,
declives íngremes ou áreas com densas esteiras de raízes na superfície (Gregory, Dukes, Miller,
& Jones, 2005).
Volume de escoamento natural anual (m3) Com base nos dados do PGRH.
Mudanças na sazonalidade de inundações Comparação de dados bibliográficos históricos onde se encontram quais os períodos em que as
inundações ocorrem com maior frequência.
Tendências de danos derivados de
desastres naturais (tempestades, por
exemplo)
Número de desastres naturais que causaram danos significativos, num determinado período.
Pode ser uma forma de avaliar o papel do pinhal no controlo de cheias.
Cobertura de área natural / seminatural Análise da cobertura do solo, que pode ser feita através de mapas de uso do solo existentes ou
de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de
software como o SIG), (Maes et al., 2014) Após a análise, divide-se a área natural e/ou
seminatural pela área com influência antrópica.
Zonas húmidas em áreas com risco de
inundação
Presença de zonas húmidas em áreas historicamente propensas a fenómenos de inundação.
Estas zonas têm um papel importante no controlo de cheias.
Mudança no uso do solo ao longo dos
cursos de água sob risco de inundação
Verificar, usando referências bibliográficas e dados históricos, a relação entre a alteração no uso
do solo e o aumento ou decréscimo de fenómenos de inundação.
Número de eventos de inundação por ano Informação obtida a partir do PGRH correspondente à área em estudo.
Metodologia suplementar: Stream Visual Assessment Protocol (SVAP) (Boyer, 2009)
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > regulação de fluxos basais e de eventos extremos > proteção do vento
Presença de determinadas estruturas de
vegetação, nomeadamente quebra-ventos
(filas de árvores)
Averiguar a existência de barreiras naturais, com capacidade de proteção contra tempestades.
Implica uma avaliação da cobertura do solo.
Análise da topografia Análise de declives e da topografia, que pode ser feita através de modelos digitais de terreno, e
de mapas topográficos existentes ou de outros tipos de dados derivados de trabalho de campo
e/ou da deteção remota (uso de software como o SIG).
Comprimento e largura de cinturões de
vegetação existentes
Medição direta.
Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > manutenção do ciclo de vida, proteção do habitat e do gene pool: refúgio
para a biodiversidade
Número de espécies transitórias e
respetiva abundância
Método de amostragem vai depender da espécie em causa e da dimensão do local em estudo
(transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Presença de espécies polinizadoras e
respetiva abundância
Método de amostragem vai depender da espécie em causa e da dimensão do local em estudo
(transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Dependência do serviço de habitat por
parte de outros ecossistemas ou serviços
Necessita de análise caso a caso.
Topografia Existência de estruturas topográficas que dividam populações.
Metodologia suplementar para estes serviços
▪ Métodos de pesquisa participativa, como questionários, entrevistas, discussões de grupos focais, etc. Com estes métodos, pode ser
coletada uma ampla gama de informações.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > controlo de pestes e doenças
Percentagem de ocorrência de doenças e
pestes que limitam a colheita e
produtividade pecuária
Esta informação pode ser disponibilizada pelos produtores (Maes et al., 2014).
Presença de espécies que atuam como
agentes de controlo de pestes ou doenças
Averiguar a existência de espécies que tenham função conhecida no controlo de pestes e
doenças; em caso de presença, averiguar a abundância e a distribuição.
Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > regulação da qualidade do solo: formação do solo
Largura da camada de matéria orgânica
Medição do horizonte O do solo (camada superficial do solo formada por matéria orgânica).
Percentagem de matéria orgânica Um dos métodos mais simples encontra-se descrito no “Soil Quality Kit- Guide for Educators”
(USDA, 2010).
Abundância de macrofauna do solo (Lima
et al., 2007; Swift & Bignell, 2001)
É necessário trabalho de campo. O método de amostragem a utilizar depende da espécie em
causa e da dimensão do local em estudo (transeptos, contagens totais, amostragem à distância).
Retenção de fósforo no solo (saturação)
(Graetz & Nair, 2000)
Implica realização de amostragem e posterior análise laboratorial.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > condições da água > regulação da composição química da água
(inclui-se o SE prestado por corpos de água associados às florestas de Pinus sp.)
Bioindicadores (macroinvertebrados
bentónicos e fitobentos)
Análise da composição e abundância de macroinvertebrados bentónicos, cuja tolerância à
poluição seja conhecida (colheita fácil e rápida em rios e complexa em lagos; fácil identificação
taxonómica ao nível de família; procedimentos laboratoriais relativamente morosos, mas fáceis).
A classificação dos mesmos pode ser feita através de índices tais como o “AMIIB@: Aplicação
para o cálculo de Métricas e Índices de Invertebrados Bentónicos”, sugerido pela APA. Para o
fitobentos, pode-se utilizar o grupo das Diatomáceas (Classe Bacillariophyceae) para avaliação
da qualidade biológica. Na amostragem e análise, deve-se seguir o “Manual para a avaliação
biológica da qualidade da água em sistemas fluviais - Protocolo de amostragem e análise para o
Fitobentos – Diatomáceas” (INAG, I.P. 2008).
Patógenos (bactérias, por exemplo, E. coli;
vírus) na água
Recolha de amostras e posterior análise laboratorial, para possível identificação de patógenos.
Qualidade da massa de água subterrânea
A partir de dados do PGRH e SNIRH.
Qualidade da massa de água superficial
A partir de dados do PGRH e SNIRH.
Oxigénio dissolvido (% saturação) A partir de dados do SNIRH. A alternativa implica recolha de amostras e posterior análise
laboratorial (análise físico-química).
Regulação das condições físicas, químicas e biológicas > composição e condições atmosféricas > regulação da composição química
da atmosfera: regulação climática
Uso do solo (Bastian, Haase, & Grunewald,
2012)
Através de mapas de uso do solo existentes ou de outro tipo de dados derivados de trabalho de
campo e/ou da deteção remota (uso de software como o SIG).
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
79
Quantidade de gases de efeito estufa
fixados e/ou emitidos
Num cenário normal, o principal gás de efeito estufa a ter em conta é o CO2, no entanto, numa
situação em que os incêndios sejam frequentes é necessário ter em consideração gases como o
metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Para inferir sobre a quantidade de gases com efeito de
estufa que se encontram fixados e/ou emitidos, sugere-se a metodologia proposta nos capítulos
2 e 4 do volume 4 (Agriculture, Forestry and Other Land Use) do documento “Guidelines for
National Greenhouse Gas Inventories” (IPCC, 2006).
Diferença na concentração de poluentes
dentro e fora da floresta
Implica medição da concentração de gases poluentes em locais dentro e fora do pinhal, de forma
a averiguar se há diferenças.
Troca de carbono entre a biosfera e
atmosfera
Medição da biomassa disponível acima do solo e abaixo do mesmo. Para inferir sobre as trocas
de carbono, sugere-se a metodologia proposta nos capítulos 2 e 4 do volume 4 (Agriculture,
Forestry and Other Land Use) do documento “Guidelines for National Greenhouse Gas
Inventories” (IPCC, 2006).
Efeito da vegetação nos parâmetros
climáticos (por exemplo cobertura total da
coroa)
Medição do Índice de Área Foliar (Leaf Area Index), definido como metade da área total das
folhas verdes por unidade de superfície horizontal do solo. Mede a área da folha das espécies
vegetais presentes no ambiente especificado (Chang & Chang, 2018).
Dados para este indicador (para modelação) podem ser encontrados em:
Copernicus Global Land Service
(http://land.copernicus.vgt.vito.be/PDF/portal/Application.html#Home);
CEOS Working Group on Calibration and Validation, Land Product Validation Subgroup
(https://lpvs.gsfc.nasa.gov/producers2.php?topic=LAI);
Satellite ECV Inventory by the CEOS/CGMS Working Group on Climate (WGClimate)
(http://climatemonitoring.info/ecvinventory) .
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
80
Serviços culturais
A escolha dos SE prestados pelas florestas de Pinus sp. teve como base a seguinte literatura: (Baral et al., 2016; Berghöfer & Schneider, 2015; EEA, 2016;
Maes et al., 2014; Ministry of Agriculture and Environmental Protection, 2014; Neugarten et al., 2018; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Tabela 3 – Listagem de possíveis indicadores a utilizar na avaliação do estado dos SE, no âmbito de um EIA. Para cada serviço (a laranja), são apresentados vários indicadores e a respetiva
metodologia. Indicadores direcionados para os serviços culturais.
Interações diretas, in-situ e ao ar livre com sistemas naturais (vivos ou físicos), dependentes da presença no ambiente > interações
físicas e experimentais: provisão de paisagens que proporcionam áreas de recreação importantes na manutenção da saúde física e
mental, e uso dos ecossistemas naturais para desporto e ecoturismo/turismo local
Áreas protegidas (Egoh et al., 2012; Preston & Ciara
Raudsepp-Hearne, 2017)
Verificar se o local em estudo está inserido numa área protegida.
Uso do solo (Egoh et al., 2012) Através de mapas de uso do solo existentes ou de outro tipo de dados derivados de
trabalho de campo e/ou da deteção remota (uso de software como o SIG).
Valor da paisagem / existência de características
naturais apreciadas pelos visitantes (ex: proporção de
área em condições atrativas) (Berghöfer & Schneider,
2015)
Avaliação do valor atribuído à paisagem pelos visitantes, através de questionários
e entrevistas; pode implicar trabalho de campo para avaliação da cobertura do solo.
Números relativos a visitantes (anual) (Berghöfer &
Schneider, 2015; Egoh et al., 2012; Maes, et al., 2014)
Pode ser difícil de obter este tipo de dados se não forem mantidos registos relativos
a visitas.
Acessibilidade (Egoh et al., 2012) Avaliar a existência de acessos e qual o seu estado.
Existência de alojamento (Egoh et al., 2012) Aplicação direta
Existência de trilhos (Egoh et al., 2012)
Aplicação direta
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Lucro obtido a partir do ecoturismo (€/área/ano)
(Berghöfer & Schneider, 2015)
No caso de ser um local onde existam infraestruturas direcionadas para o turismo
(alojamentos, estabelecimentos de restauração, estruturas ligadas à prática
desportiva).
Distribuição e abundância de espécies
selvagens/emblemáticas associadas à floresta
(Berghöfer & Schneider, 2015; Maes et al., 2014)
Implica verificar a existência de espécies emblemáticas na área em estudo, através
de pesquisa bibliográfica ou consulta com especialistas e população local; caso se
verifique a ocorrência, define-se o método de amostragem, sendo a distribuição e
abundância dessas espécies avaliada a partir de reconhecimentos de campo e/ou
de deteção remota.
Áreas importantes para aves associadas à floresta
(Maes et al., 2014)
Verificar a ocorrência no local de áreas importantes para determinadas espécies de
aves, o que pode ser feito a partir de reconhecimentos de campo, mas também
através da consulta de especialistas e pesquisa bibliográfica.
Interações diretas, in-situ e ao ar livre com sistemas naturais (vivos ou físicos), dependentes da presença no ambiente > interações
intelectuais e representativas: educação e investigação
Nº de estudos científicos associados à zona (Maes et al.,
2014; Preston & Ciara Raudsepp-Hearne, 2017)
Através de pesquisa bibliográfica.
Nº de visitas escolares (Preston & Ciara Raudsepp-
Hearne, 2017)
Pode ser difícil de avaliar se não houver alguma entidade ou associação a gerir as
visitas ao local.
Presença de vestígios arqueológicos
Pesquisa bibliográfica e trabalho de campo.
Interações indiretas, remotas e indoor com sistemas naturais (vivos ou físicos), que não requerem a presença no ambiente >
interações espirituais e simbólicas: valores espirituais e religiosos
Número anual de visitantes (Maes et al., 2014) Pode ser difícil de obter este tipo de dados se não forem mantidos registos relativos
a visitas.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
82
Presença de características da paisagem ou espécies
com valor espiritual (Preston & Ciara Raudsepp-Hearne,
2017)
Informação obtida a partir da consulta de especialistas e da população local.
Número e área de locais com valor sagrado, assim como
o seu estado (Berghöfer & Schneider, 2015; Maes et al.,
2014)
Verificar a existência de locais com valor sagrado através da consulta de
especialistas e da população local; avaliar o estado desses locais através de
reconhecimentos de campo e entrevistas/questionários à população.
Interações indiretas, remotas e indoor com sistemas naturais (vivos ou físicos), que não requerem a presença no ambiente > outras
características sem valor de uso: valor existencial e de legado
Número anual de visitantes (Maes et al., 2014) Pode ser difícil de obter este tipo de dados se não forem mantidos registos relativos
a visitas.
* Potenciais perguntas para questionários aos visitantes (Forest Stewardship Council, 2018):
- informação geral (duração e propósito da visita, recorrência)
- atributos da floresta (atratividade visual, naturalidade, limpeza, número de avistamentos de espécies carismáticas)
- disponibilidade e manutenção de infraestruturas recreacionais (postos de informação, caminhos, …)
- satisfação no geral
- atribuição de um valor/preço (se aplicável) ou disponibilidade para pagar por atributos relativos ao ecoturismo (quantificar)
Para alguns atributos os visitantes poderão usar uma escala de avaliação.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
83
Impactes expectáveis na prestação de SE
Após a escolha dos SE a inserir no EIA, é necessário estabelecer quais os impactes
que podem advir do projeto em estudo relativamente à prestação destes serviços. A
prestação de serviços pelos ecossistemas depende do seu bom funcionamento. Por
essa razão, podemos assumir que os impactes já considerados nos EIA para os
ecossistemas afetam igualmente os SE, seja de forma direta ou indireta. Para além dos
impactes diretos, é igualmente importante considerar efeitos indiretos, que se
encontram associados principalmente à perda de conetividade, podendo estender-se a
áreas não abrangidas pelo projeto (Tardieu, Roussel, Thompson, Labarraque, & Salles,
2015). Posto isto, podemos considerar expectáveis para os SE impactes mencionados
atualmente na AIA para os ecossistemas:
▪ destruição direta da vegetação;
▪ destruição ou afetação indireta da vegetação devido ao aumento da perturbação
(derivada da compactação do solo, emissão e deposição de poeiras e poluentes,
entre outros);
▪ proliferação de espécies exóticas e/ou invasoras, nomeadamente o eucalipto
(Eucalyptus globulus) ou espécies de Acacia sp., que têm um grande impacte
negativo nas zonas de pinhal;
▪ aumento do risco de incêndio;
▪ afetação dos habitats (degradação, fragmentação ou destruição);
▪ efeito barreira à propagação de sementes e outros propágulos, com
consequente aumento da fragmentação;
▪ afetação de espécies de interesse para a conservação;
▪ proliferação de pragas e doenças, como a causada pelo nemátodo-da-madeira-
do-pinheiro (Bursaphelenchus xylophilis), devido ao corte e transporte
inapropriado.
Estes impactes têm a capacidade de afetar a generalidade dos SE. No entanto, é
também importante especificar quais os impactes que afetam a provisão das diferentes
secções de SE (provisionamento; regulação e manutenção; culturais), conforme
exemplificado na Tabela 4. No pior cenário, a implantação do projeto em avaliação
poderá resultar na perda destes serviços, com graves consequências para o
ecossistema e para a população que beneficia deles.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
84
Tabela 4 – Possíveis impactes sobre a prestação de SE que podem advir de um projeto sujeito a AIA.
Provisionamento Regulação e
Manutenção Culturais
- Destruição/degradação
de árvores destinadas à
produção de madeira,
resinas, óleos ou
materiais de construção
- Destruição/degradação
de espécies vegetais com
propósito nutricional,
como cogumelos, frutos
silvestres, …
- Destruição/degradação
do pinheiro-manso, com
afetação da produção de
pinhão
- Destruição/degradação
de espécies de plantas
medicinais/ com uso
farmacêutico ou
bioquímico
- Perda de áreas de pasto
para o gado
- Perda de áreas de caça
- Perda/afetação do
habitat de espécies
importantes do ponto de
vista cinegético
- Afetação de espécies de
microrganismos, algas,
plantas e animais
responsáveis pela
mediação de nutrientes,
resíduos e substâncias
tóxicas (biorremediação,
filtração, armazenamento,
diluição, …)
- Perda de barreiras
naturais proporcionadas
pela vegetação ou pela
própria topografia, que
filtram cheiros, ruído, e
atenuam o impacte visual
de certas estruturas
- Destruição de
vegetação, cuja presença
é responsável pela fixação
do solo, prevenindo a sua
erosão e movimentos em
massa
- Perda da capacidade de
retenção de água devido à
destruição do coberto
vegetal, com influência no
ciclo hidrológico e no
controlo de cheias
- Perda/perturbação de
áreas importantes para
recreação, turismo e/ou
desporto
- Perturbação de
populações de espécies
emblemáticas/ de
interesse para o turismo
da natureza
- Perda/degradação de
locais e/ou populações de
espécies com interesse
para a educação e
investigação
- Perda/degradação de
locais e/ou espécies com
valor espiritual e religioso
- Perda/degradação de
locais e/ou espécies com
valor existencial e de
legado
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
85
- Redução do nº de
espécies, com
consequente perda de
diversidade genética
- Afetação do
provisionamento de água
(devido à poluição de
cursos de água ou de
aquíferos próximos)
- Diminuição da proteção
do vento devido à
destruição da vegetação
ou à alteração da
topografia
- Perda/degradação de
habitats de nursery, e
para espécies
polinizadoras e/ou
responsáveis pela
dispersão de sementes
- Perda/degradação de
habitats de espécies
nativas que atuam como
agentes de controlo de
doenças e pestes,
nomeadamente de
espécies invasoras
- Perda de vegetação com
capacidade para
decompor minerais e
materiais biológicos (estes
últimos com posterior
incorporação), levando à
diminuição da qualidade
do solo e de corpos de
água próximos
- Perda da capacidade de
regular a concentração de
gases na atmosfera pela
floresta devido à
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
86
Feita a identificação dos impactes, segue-se a avaliação qualitativa dos mesmos.
Nesta fase, os EIA seguem normalmente uma metodologia baseada em parâmetros
como o sinal (positivo ou negativo), magnitude (reduzida, média ou elevada),
probabilidade (certo, provável ou improvável) ou a reversibilidade (irreversível ou
reversível) para avaliar um determinado impacte. Estes parâmetros são depois
considerados em conjunto para determinar a significância (muito significativo,
significativo ou pouco significativo). No entanto, nem os parâmetros utilizados são
sempre os mesmos, nem o método de ponderação da significância é uniforme, sendo
que às vezes baseia-se numa escala numérica atribuída aos parâmetros e outras vezes
apresenta uma base mais subjetiva. Face à discrepância relativa à avaliação dos
impactes, é sugerido neste guia a utilização do calculador de impactes adaptado por
Lopes (2013), que estabelece 10 parâmetros avaliados através de uma escala, e que
posteriormente servem para avaliar a significância, intensidade, caráter e, por último, o
valor total do impacte, conforme explicado na Fig. 5.
destruição do coberto
vegetal (diminuição do
sequestro de carbono)
- Perda de mecanismos
de regulação da
temperatura e humidade
na floresta (destruição de
vegetação, responsável
por processos de
ventilação e transpiração)
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
87
Fig.5 – Calculador de impactes: método de avaliação qualitativa dos impactes expectáveis para um determinado projeto,
adaptado por Lopes, 2013.
Na fase de avaliação dos impactes, tornam-se mais notórias as diferenças entre
as fases de construção, exploração e desativação do projeto. Os impactes referidos
acima podem manifestar-se em todas as fases, mas com valores diferentes no que se
refere aos parâmetros de avaliação (extensão e intensidade, por exemplo).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
88
Medidas de minimização relativas aos SE
No seguimento dos impactes expectáveis, a AIA inclui a proposta de medidas que
permitam minimizar esses mesmos impactes. Tal como no caso destes, as medidas de
minimização atualmente propostas nos EIA para os ecossistemas podem também
aplicar-se aos SE, com vista à sua preservação. De entre estas, destacam-se as
seguintes:
▪ prospeção dos valores florísticos existentes na área;
▪ ações de formação e de sensibilização ambiental;
▪ implementação de um mecanismo de comunicação com o público em geral, para
esclarecimento de dúvidas e para eventuais reclamações;
▪ acompanhamento sistemático por parte de um biólogo;
▪ restrição da intervenção ao estritamente necessário, com a devida vedação e
sinalização;
▪ evitar a afetação de áreas de maior sensibilidade ecológica e de espécies com
maior interesse para a conservação, selecionando áreas anteriormente
intervencionadas, com baixo valor conservacionista;
▪ condicionamento da circulação, com sinalização dos acessos definidos;
▪ recolha e armazenamento da camada superficial do solo, para utilizar na
recuperação do local;
▪ medidas para prevenção de incêndios, que incluem vigilância, retirada de focos
ou meios de propagação, como o material lenhoso resultante da obra, e a
limpeza de acessos e zonas envolventes para garantir uma barreira à
propagação de incêndios;
▪ medidas para controlo de espécies exóticas/invasoras, nomeadamente, evitar a
abertura de espaços que potencie a proliferação destas espécies;
▪ evitar o derrame de substâncias poluentes e, em caso de ser necessária a
contenção, utilizar áreas impermeabilizadas;
▪ aspersão regular de água em locais onde possa ocorrer produção e acumulação
de poeiras e outros resíduos;
▪ promover a recuperação natural através da limpeza do local e da
descompactação dos solos;
▪ reflorestar através de plantações e sementeiras de espécies autóctones, com
elementos provenientes de populações locais.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
89
Mais uma vez, estas medidas aplicam-se à generalidade dos SE e, assim, é também
necessário especificar para cada secção de serviços, como mostra a Tabela 5. As
propostas mais específicas para minimização dos impactes do projeto são definidas de
acordo com os SE prestados na zona, e em conformidade com os impactes
considerados expectáveis para esse mesmo serviço.
As medidas de minimização podem ter um caráter mais preventivo, no sentido de
evitar a afetação de determinadas áreas e/ou espécies, ou podem ser mais direcionadas
para a recuperação após a ocorrência de degradação ou destruição. A prevenção será
mais recorrente e eficaz na fase de construção, enquanto que a recuperação ocorre
mais nas fases de exploração e desativação. No entanto, podemos ter ambos os tipos
de medidas de minimização em qualquer uma das fases do projeto e por isso, não é
feita essa distinção.
Tabela 5 – Possíveis medidas de minimização a propor num EIA, relativas aos SE.
Provisionamento Regulação e
Manutenção Culturais
- Evitar a
afetação/destruição de
exemplares arbóreos
destinados à produção de
madeira, resinas, óleos ou
materiais de construção
- Evitar a
afetação/destruição de
espécies vegetais com
propósito nutricional,
como cogumelos, frutos
silvestres, …
- Evitar a
afetação/destruição do
pinheiro-manso, destinado
à produção de pinhão
- Evitar a perturbação
(afetação do habitat) de
espécies responsáveis
pela mediação de
nutrientes, resíduos e
substâncias tóxicas
- Evitar a destruição de
barreiras naturais que
protegem do vento, filtram
cheiros, ruído, e atenuam
o impacte visual de certas
estruturas
- Evitar a destruição do
coberto vegetal em zonas
mais suscetíveis à erosão
e a movimentos em massa
- Evitar a
afetação/destruição de
áreas importantes para
recreação, turismo e/ou
desporto
- Evitar a perturbação de
populações de espécies
emblemáticas/ de
interesse para o turismo
da natureza
- Evitar a
afetação/destruição de
locais e/ou populações de
espécies com interesse
para a educação e
investigação
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
90
- Evitar a
afetação/destruição de
espécies de plantas
medicinais/com uso
farmacêutico ou
bioquímico
- Restringir a intervenção
a áreas não utilizadas
para pastagem de gado
- Restringir a intervenção
a áreas não utlizadas para
caça
- Evitar a
afetação/destruição do
habitat de espécies
importantes do ponto de
vista cinegético
- Evitar a
afetação/destruição do
habitat das espécies mais
características e/ou
representativas da zona
- Evitar o derrame de
substâncias poluentes,
passíveis de contaminar
cursos de água ou
aquíferos próximos,
afetando o
provisionamento de água
- Evitar a
perda/degradação de
habitats de nursery, e
para espécies
polinizadoras e/ou
responsáveis pela
dispersão de sementes
- Evitar a
perda/degradação de
habitats de espécies
nativas que atuam como
agentes de controlo de
doenças e pestes,
nomeadamente de
espécies invasoras
- Repor barreiras naturais
que protegem do vento,
filtram cheiros, ruído, e
atenuam o impacte visual
de certas estruturas,
através da reflorestação
ou da reposição das
condições iniciais
(topografia)
- Reflorestar áreas mais
suscetíveis à erosão e a
movimentos em massa
- Adotar medidas para
regular o fluxo de água e,
assim, prevenir cheias
(técnicas de
- Evitar a
afetação/destruição de
locais e/ou espécies com
valor espiritual e religioso
- Evitar a
afetação/destruição de
locais e/ou espécies com
valor existencial e de
legado
- Recuperar áreas
importantes para
recreação, turismo e/ou
desporto (através da
reflorestação ou da
reposição das condições
iniciais)
- Recuperar áreas com
interesse para a educação
e investigação
- Recuperar áreas com
valor espiritual e religioso
- Recuperar áreas com
valor existencial e de
legado
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
91
- Proceder à reflorestação
com pinheiro-bravo, de
forma a repor o
provisionamento de
materiais como madeira
ou resinas
- Proceder à reflorestação
com pinheiro-manso, de
forma a repor o
provisionamento de
pinhão
- Recuperar os habitats
das espécies mais
representativas da zona,
nomeadamente de
espécies importantes do
ponto de vista cinegético
(através da reflorestação
ou da reposição das
condições iniciais)
- Proceder à
descontaminação de
cursos de água e/ou
aquíferos afetados pelo
derrame de substâncias
poluentes que
comprometem o
provisionamento de água
(através de técnicas de
bioengenharia ou
biorremediação, por
exemplo)
bioengenharia, por
exemplo)
- Recuperar habitats de
nursery, e para espécies
polinizadoras e/ou
responsáveis pela
dispersão de sementes
(através da reflorestação
ou da reposição das
condições iniciais)
- Criar passagens
ecológicas para a
biodiversidade, como
forma de superar as
barreiras criadas pelo
projeto
- Recuperar habitats de
espécies nativas que
atuam como agentes de
controlo de doenças e
pestes, nomeadamente de
espécies invasoras
- Adotar medidas de
descontaminação do solo
e dos cursos de água
próximos, como forma de
substituir a vegetação
com capacidade para
decompor minerais e
materiais biológicos
(biorremediação, por
exemplo)
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
92
- Reduzir as emissões de
gases de atividades
relacionadas com o
projeto, para compensar a
diminuição do sequestro
de carbono devida à
destruição da vegetação
A implementação de medidas de minimização é crucial para impedir que um
dado projeto ponha em causa o bom funcionamento dos ecossistemas existentes e,
consequentemente, a prestação de SE. Para verificar se essa implementação é feita
eficazmente, é importante fazer um acompanhamento sistemático da resposta do
ecossistema às alterações impostas pelo projeto, o que se deve traduzir na elaboração
de um plano de monitorização.
Monitorização da prestação de SE
A monitorização passará por avaliar o estado dos SE de forma periódica ao longo das
diferentes fases do projeto. Para isso, podem ser utilizados os indicadores referidos
anteriormente neste guia, de modo a permitir a comparação dos valores obtidos com os
referentes à análise inicial, feita antes da inclusão dos serviços no EIA. Desta forma,
verifica-se a evolução dos SE prestados na área e, em simultâneo, avalia-se a eficácia
das medidas de minimização aplicadas. Os parâmetros a monitorizar, assim como os
métodos de análise, dependem dos SE prestados no local. Quanto à periodicidade,
aconselha-se que a monitorização seja feita de forma a cobrir as diferentes estações do
ano, nomeadamente através de uma avaliação trimestral, permitindo considerar as
diferenças normais para as várias fases do ano, no que respeita à avaliação dos
indicadores.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
93
Considerações finais
A concretização deste guia metodológico pretende, acima de tudo, ser uma chamada
de atenção para a enorme importância que os SE têm, não só no contexto do
ecossistema que os presta, mas também pelo que representam para a sociedade em
que vivemos. A existência de ferramentas que permitam a sua incorporação nas
políticas ambientais é fundamental para que estes não sejam menosprezados e
consequentemente comprometidos. Ao apresentar formas concretas e simples de
considerar estes serviços na AIA, este guia pretende conseguir um maior envolvimento
de todas as partes envolvidas neste processo na temática, contribuindo assim para o
objetivo comum de atingir o desenvolvimento sustentável.
Apesar do trabalho já feito no sentido de tornar possível este guia, é ainda
necessário aplicá-lo na prática, uma vez que a confrontação com a realidade da AIA
permitirá perceber o que é preciso melhorar para que este seja o mais eficaz possível.
Por essa razão, o passo seguinte será a aplicação do guia no âmbito de um EIA a
realizar no futuro.
Como já foi referido, este trabalho pretende também encorajar o surgimento de
novas propostas de guias metodológicos, nomeadamente para outros tipos de
ecossistema com uma representatividade significativa em Portugal. Esta especificidade
é importante porque cada ecossistema tem um funcionamento particular e presta
diferentes tipos de serviços. Desta forma, os SE poderão ser incorporados na
generalidade dos processos de AIA, independentemente do tipo de ecossistema em
risco de ser afetado.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
94
Referências Bibliográficas
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
99
Anexo II.
Publicações e participações em conferências no decorrer da
realização da dissertação
▪ Publicação de um artigo científico na revista científica Energy Reports, intitulado
“Ecosystem Services in Environmental Impact Assessment”.
▪ Participação na conferência internacional ICEER 2019 (6th International
Conference on Energy and Environment Research: “Energy and environment:
challenges towards circular economy”), com a elaboração de um poster
científico.
▪ Participação na CNAI'19 (8ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes -
Ensino e Investigação em Avaliação de Impactes), com uma comunicação.
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100
- Artigo científico publicado na revista Energy Reports em 2019, intitulado
“Ecosystem Services in Environmental Impact Assessment”
ICEER, Science and Engineering Institute, 2019, 22–25 July, Aveiro, Portugal
cosystem Services in Environmental Impact
Assessment
Paulo Sousaa*, Daniela Gomesa and Nuno Formigoa
aFaculdade de Ciências, Departamento de Biologia, Edifício FC4, R. do Campo Alegre, s/n, 4169-007
Porto, Portugal
Abstract
Environmental Impact Assessment (EIA) is an environmental management tool, whose function
is to predict and manage possible impacts arising from a given project. With the emergence of
new European legislation, there is a need to implement new procedures that make environmental
impact assessment more efficient, particularly from an ecological point of view. Incorporation
of Ecosystem services (ES) into EIA is an example of this new procedures, since they mirror the
functioning of ecosystems and reflect on the socio-economic well-being of populations.
This work is divided into two phases, the first of which consisted of a review of previously
carried out environmental impact studies, to assess the use of ES. The second phase will consist
of the creation of a methodological guide that allows the integration of ES in EIA, focused on
Quercus sp. Forests. In this paper the focus will be the first phase of the work.
© YEAR The Authors. Published by Elsevier Ltd.
Peer-review under responsibility of the scientific committee of the Name of the Conference, Conference Organizer Name, Year or
Edition of Conference.
Keywords: Ecosystem Services; Environmental Impact Assessment; Oak trees forest;
1. Introduction
Environmental Impact Assessment is a preventive instrument in environmental policy, based on studies
and consultations, with a focus on public participation and analysis of possible alternatives, whose purpose
is the collection of information, identification and forecasting of the environmental effects of certain
projects, as well as the identification and proposal of measures that avoid, minimize or compensate these
effects, with a view to a decision on the feasibility of such projects and their post-evaluation (Agência
Portuguesa do Ambiente, 2019). The International Association for Impact Assessment (IAIA) defines EIA
as the process of identifying, predicting, assessing and mitigating potential impacts before making decisions
(IAIA, 2019).
The concept of environment in an impact assessment study involves a focus on the biophysical
components. It aims to: provide information for decision making, that analyses the consequences on the
biophysical, social, economic and institutional components; promote transparency and public participation
in decision-making; identify the procedures for a post-project monitoring phase (mitigation and monitoring
E
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
101
of negative impacts) in policy, planning and project cycle; contribute to a healthy environment and
sustainable development (IAIA, 2009).
EIA procedures should be initiated when there is the intention to start a project and they extend to the
end of the impacts of that same project. Therefore, this process consists of a set of sequential phases: scope
definition; environmental impact study; evaluation phase; and post-evaluation phase.
The Environmental Impact Study phase should include a detailed description of the project,
characterization of the reference situation, identification and evaluation of the foreseeable impacts, positive
and negative aspects of the project, foreseeable evolution without project realization, mitigation measures
and management in order to compensate for negative impacts and a non-technical summary. One of the
biggest gaps in the EIA process can be found in this stage, particularly as regards to the assessment of
impacts on ecology (Briggs and Hudson, 2013; Geneletti, 2002).
Existing legislation requires that an assessment of impacts on the natural components (water, soil,
atmosphere, weather, minerals, landscape, plants and animals) is always present, however, this evaluation
is always carried out in a differentiated way, separating all groups, ignoring all the connections that exist
between the biotic and abiotic factors.
However, the European Union, on the 16th April 2014, approved a new directive, directive no. 2014/52
/ EU, later transposed into Portuguese legislation by Decree-Law no. 152-B / 2017, on December 11th, that
emphasizes the importance of incorporating in the evaluation and decision-making process other
components such as sustainability in resource use, protection of biodiversity and climate change (Decreto-
Lei n.o 152-B/2017 de 11 de Dezembro de 2017 do Ministério do Ambiente, 2017). This change has made
it even more evident that new methodologies for assessing impacts, namely on the ecological components,
are essential, and one of the possibilities is making a correct and detailed analysis of ecosystem services,
since from this one can infer about the structure of biodiversity as well as the interactions with the
environment (Nelson et al., 2009).
Ecosystem services are the benefits that ecosystems provide to people. These consist of all-natural
products and processes that contribute to well-being as well as personal and social enjoyment derived from
nature.
Fig.1. Connection between ecosystem services and human well-being (adapted Maes et al., 2013)
According to the CICES (Common International Classification of Ecosystem Services) approach,
ecosystem services can be classified into three categories: Provisioning services; Regulatory services;
Cultural services (CICES, 2019). There is a strong link between ecosystem services and the biological
community that constitutes a given ecosystem, as well as a link between ecosystem services and socio-
economic well-being, thus linking the three pillars of sustainability (economic, social and environmental)
(Landsberg et al., 2013).
Nowadays, according to the last national forest inventory (IFN6), prepared by the ICNF based on data
from 2010, the forest territory in mainland Portugal is represented by an area of about 3,155,103 hectares,
being the terrestrial ecosystem that occupies the largest area, as well as this ecosystem is responsible for
providing numerous ecosystem services, .The most abundant species are Pinus pinaster (714,000 hectares);
Eucalyptus globulus (812,000 hectares); and Quercus suber (736,000 hectares), corresponding respectively
to about 23, 26 and 23% of the area of continental Portugal (ICNF, 2013). The introduction of non-native
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
102
species such as Fagus sylvatica, Pinus spp., Eucalyptus spp. and Acacia spp. and the increasing human
pressure had a huge impact on autochthonous communities, leading to the disappearance and reduction of
many other types of forests (ICNF, 2013). As an example, the oak of forest is a type of Portuguese
autochthonous forest with high economic and patrimonial value.
The composition of the forest in Europe and Portugal has undergone numerous modifications over the
years, mainly in response to the numerous fluctuations in the climate, mostly due to climate change.
Nevertheless, in more recent time scales, changes in the forest composition have also been verified, not
only due to climatic factors, but also due to anthropic factors (San-Miguel-Ayan, J., de Rigo, D., Caudullo,
G. and T., Mauri, 2016).
Portugal is a country that, since its earliest days, has been linked to maritime activities, namely the
discovery of new lands and fishing activities, since it has a large stretch of coast. The need to obtain raw
material for these activities makes it very close to the existing forest, since it is from this that the necessary
raw materials are obtained. This straight link, together with exponential population growth and
demographic expansion that emerged in the following centuries, further increased the pressure on the forest,
leading to profound changes in the country's forest composition (Pinto et al., 2010).
Before the sea expansion and the time of Portuguese discoveries, the forests of Quercus spp. dominated
the landscape of mainland Portugal. Quercus pyrenaica and Quercus robur were dominant in the north of
the Tagus River, while the southern perennial species Quercus suber and Quercus rotundifolia dominated
to the south of the Tagus River, as well as extensive areas of Pinus pinea (Pais, 1996, 1989).
Today, oak forest ecosystems provide countless ecosystem services to mankind. The oak forests are a
type of native forest that provides a large amount of ecosystem services, including climate regulation, water
supply, wood, energy, air purification, erosion control and others (Ecosystem Assessment, 2005).
In Portugal, the oak forests can be divided in two categories: those with deciduous leafs (Quercus robur,
Quercus pyrenaica), which are generally distributed north of the Tagus River, and those with perennial
leafs (Quercus suber and Quercus rotundifolia) south of the Tagus River, except for the northeast region
of the country, call Trás dos Montes, where it is possible to find these species with some ease (Costa et al.,
1998).
This split on oak forests can be explained by biogeographic influences, since Portugal is inserted in the
Mediterranean region, with only a small strip of the territory in the Atlantic zone (Costa et al., 1998). The
region that finds itself with Atlantic influence is characterized by having a temperate and rainy climate
without a clear dry season. The most representative formations here are the forests of thin, flat, large,
deciduous winter tree trees such as oak trees (Quercus robur, Quercus pyrenaica), (Costa et al., 1998). The
Mediterranean Region is characterized by a climate in which rain is scarce in summer, but there may be
excess water in other seasons. (Costa et al., 1998).
The Quercus robur forests are characterized by having large deciduous trees, which achieve a high
longevity (more than 1000 years in some cases) and reach dimensions over 40 meters in height and 3 meters
in diameter. Numerous ecosystem services are currently being allocated to these forests, among which are
regulation services such as CO2 sequestration, climate regulation, prevention of natural disasters, water
cycle regulation, water supply, retention and soil formation, regulation of the nutrient cycle, disposal-
recycling of waste, biodiversity refuge; provisioning services: food production, production of wood;
cultural services: aesthetic information; recreation, artistic and cultural information, spiritual and cultural
information and education and science (ICNF, n.d.).
The Quercus pyrenaica forests are characterized by medium sized trees, usually growing between 20
and 25 meters in height. Although it is a deciduous leaf tree, the leaf of this species only falls in the spring,
the root system is strong, equipped with numerous shallow secondary roots, they also have a "taproot" deep,
which allows the trees to reach the water content in the soil. These two features constitute an adaptation to
climates of warmer characteristics (Lopez Lillo et al., 2007; San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Due to its
great capacity for regeneration, this species has always been used in silvo-pastoral regime, for firewood
and charcoal production. Currently the wood of this species continues to be exploited, however, due to its
enormous importance from a landscape point of view, forming forests rich in biodiversity, this species is
protected by European legislation (Velasco-Aguirre, 2014). Numerous ecosystem services are currently
being allocated to the forest of this species, among which are regulation services: CO2 sequestration, climate
regulation, prevention of catastrophic phenomena, water cycle regulation, water supply, retention and soil
formation, regulation of the nutrient cycle, disposal-recycling of waste, biodiversity refuge; provisioning
services: food production, production of wood; cultural services: aesthetic information; the recreation,
artistic and cultural information, spiritual and cultural information and education and Science (ICNF, n.d.).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
103
The Quercus rotundifolia forests, often known as holm oak, are characterized by a broadleaf or shrub
tree, which can grow up to 25 meters high and about 2 meters in diameter, and can reach a longevity of
1000 years (Praciak and International., 2013). In the Iberian peninsula, this species is often exploited in the
form of a “montado”, an agro-silvo-pastoral system, where the holm oaks are distant from each other’s and
where the cattle feeds (de Rigo and Caudullo, 2016). The holm oak is a species that is quite tolerant with
respect to soil, climate and altitude variations. Numerous ecosystem services are currently being allocated
to the forests of this species, among which are regulation services CO2 sequestration, water cycle regulation,
water supply, retention and soil formation, regulation of the nutrient cycle, biodiversity refuge; provisioning
services: food production; cultural services: aesthetic information, spiritual and historical information and
education and Science (ICNF, n.d.)
The Quercus suber forests, commonly known as Cork Ocher is native to the Mediterranean region. This
species can grow up to 20 meters in height, 1.5 meters in diameter and have a longevity of about 200 years
(Praciak and International., 2013). One of the most representative characteristics of the species is its bark,
called cork, which is harvested periodically, and used as raw material. However, the bark is an adaptation
to hot and dry climates since it allows the tree to survive fires (San-Miguel-Ayanz et al., 2016). It is often
associated with agro-silvo-pastoral ecosystems, called “montado”, where mature and dispersed trees coexist
with a sub-forest stratum composed of pastures and cereal crops. Numerous ecosystem services are
currently being allocated to the forest of this species, among which are regulation services CO2
sequestration, water cycle regulation, water supply, retention and soil formation, regulation of the nutrient
cycle, biodiversity refuge; provisioning services: cork production; cultural services: aesthetic information,
spiritual and historical information and education and Science (ICNF, n.d.)
The general trend is that pressure on ecosystems, include oak forests, will globally increase in the coming
decades, unless human attitudes and actions change (Pereira et al., 2010). The need to change the current
paradigm for using natural resources, leads to the need to change the context in which economic, political
and social decisions are made, in order to implement methodologies that allow the integration of ecosystem
services into decision making (Chan et al., 2012).
2. Material and Methods
In a first phase of this work, all the environmental impact studies available on the site of the Portuguese
Agency of the Environment were downloaded on October 29, 2018 and reviewed in order to evaluate the
use of ecosystem services in their making process. In the analysis was done a systematization, grouping the
several kinds of project according to their typology, have in account the different phases of the project
(construction, development and deactivation phases).
In this process, was analyzed the impacts and the mitigation and monitoring measures.
Fig. 2. Structures types used in the systematization of EIA in Portugal
The second part of this work, which is still underway, is the preparation of a practical guide, which will
contain methodological instructions on the integration of Ecosystem Services in the environmental impact
assessment process, for projects that are carried out where there are forests patches of Quercus sp.
3. Results
In total, 339 studies were analyzed in a first phase and, of these, approximately 54% percent already had
implicit references to ecosystem services, namely in relation to provisioning services, but only 1% explicitly
used Ecosystem Services. Even these only refer briefly their importance, usually on the characterization
phase. The implicit references found mention mostly the importance of study area as feeding, breeding,
nursing spots, for numerus species, which correspond to the service life cycle maintenance, habitat and
gene pool protection. Less frequently there are some references to air purification, soil retention, water
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
104
cycle and temperature regulation and creation of better edaphic conditions. Frequently is found a connection
between the production services and some ecosystems like agricultural and forest, like the production of
wood, and other nutrition products. The cultural services are even more rare, and usually connect to a
scientific and landscape value or tourism and education. These results evidence that the ecosystem services
are rarely consider in environmental impact studies, carried out in Portugal.
The systematization allowed to infer that in some cases the impacts caused by the different kinds of
projects could be very diverse, such as the mitigation and monitoring measures. Nevertheless, in most of
the cases, exists a consensus in this strand.
In the second phase, still in development, a guide will be created, with indications of how to evaluate
environmental impacts in ecosystem services. For this, indicators of ecosystem services are used, such as,
global climate regulation by reduction of greenhouse gas concentrations, or climatic parameters on
regulation services; raw material production by amount, type and use; and data on by visits/use, plants and
animals diversity, ecosystem type importance for cultural services (Müller et al., 2016). The evaluation in
the provision of services will be done on a scale of 1 to 5, where 1 means that a given ecosystem service is
no longer being provided, and that the project has had a major impact on that service and 5 means that the
service continues to be provided without any kind of impact. In addition to this methodology, mitigation
measures and ecological monitoring plans directly linked to ecosystem services will be suggested in order
to minimize the impacts on these ecosystem services.
4. Conclusion
The increase of anthropic pressure on ecosystems, especially on oak forests, has been increasing the
need to establish new methodologies that allow inferring about the impacts caused on ecosystems. The
guide that is being developed in the course of this work will focus on the evaluation of impacts applied to
ecosystem services, through the evaluation of ecosystem service indicators. With this, the guide seeks to
improve the mechanism of environmental impact assessment, thereby ensuring the sustainability of these
ecosystems for future generations.
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FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
106
- Poster científico elaborado para a conferência internacional ICEER 2019
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
107
- Comunicação elaborada no âmbito da CNAI'19
Integração dos serviços de ecossistema na Avaliação de Impacte
Ambiental (AIA) – guia prático aplicado às florestas de Pinus sp.
Daniela Gomes (FCUP), [email protected]
Resumo
A AIA tem como objetivo final o desenvolvimento sustentável, através da consideração
equilibrada das vertentes económica, social e ambiental. A interligação destas três dimensões na
avaliação de impactes é facilitada pela incorporação dos serviços de ecossistema (SE), uma vez
que permite traduzir valores ambientais para termos socioeconómicos. Apesar do crescente
reconhecimento da importância desta temática e do aumento do trabalho de investigação realizado
nos últimos anos, continua a verificar-se a falta de estratégias concretas que guiem a aplicação na
prática. Como consequência, indicadores relativos aos SE são atualmente pouco tidos em conta
em projetos de gestão ambiental. Como forma de verificar a tendência em Portugal, realizou-se a
análise de vários estudos de impacte ambiental no que diz respeito à inclusão de SE. Os resultados
vieram corroborar a informação obtida a partir da literatura, dado que a percentagem de estudos
onde foram encontradas referências explícitas ao tema é muito reduzida ( ̴1%).
Face à necessidade de desenvolver metodologias concretas, propusemo-nos à elaboração de um
guia prático, onde são propostas abordagens que permitem incorporar os SE no processo de AIA.
Este guia é direcionado para o pinhal, que corresponde a uma percentagem considerável da
cobertura florestal em Portugal. Contudo, enfrenta atualmente um acentuado decréscimo, e
também por essa razão, considerámos que há uma necessidade premente de melhorar a gestão
destas áreas de floresta. A existência de guias como este poderá abrir caminho para um maior
envolvimento dos decisores, facilitando assim a comunicação entre as diferentes partes
envolvidas no processo de AIA.
Palavras-chave: Avaliação de Impacte Ambiental; serviços de ecossistema; florestas de Pinus
sp.; desenvolvimento sustentável
Introdução
Nas últimas décadas, o conceito de SE tem vindo a ganhar grande atenção nas ciências ambientais,
sendo, nos dias de hoje, amplamente utilizado, tanto por cientistas como por políticos, como
forma de salientar a importância do ambiente (Costanza & Kubiszewski, 2012; Koschke et al.,
2014; Maes et al., 2016). Com este reconhecimento, veio a necessidade de sistematizar a definição
e descrição dos SE, o que levou ao desenvolvimento e publicação da classificação CICES
(Common International Classification of Ecosystem Services) em 2013. Com esta classificação,
é reconhecida a importância da padronização no desenvolvimento de métodos e no
estabelecimento de comparações, facilitando assim a ponte com a vertente económica (European
Environment Agency, 2019). Mais concretamente, nesta classificação os serviços são agrupados
em três categorias principais, designadas de secções, de acordo com o tipo de contribuição para o
bem-estar humano que representam. Estas secções englobam o fornecimento de matéria e energia,
a regulação e manutenção do ambiente para o Homem, e ainda as características não materiais
dos ecossistemas que afetam o estado físico e mental das pessoas, ou seja, a sua significância
cultural (European Environment Agency, 2019).
Para além do grande destaque que têm ganho no panorama ambiental, é também cada vez mais
consensual a importância dos SE em termos socioeconómicos, assim como o seu papel na
aproximação desta vertente ao ambiente. Por essas razões, a consideração dos serviços prestados
pelos ecossistemas nas políticas ambientais pode representar um forte contributo para o
desenvolvimento sustentável, que assenta em três pilares: económico, social e ambiental (Braat
& de Groot, 2012; Groot, 2010; Häyhä & Paolo Franzese, 2014).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
108
No caso concreto da AIA, ferramenta de gestão ambiental integrada na legislação nacional desde
1990, a avaliação de impactes sobre os SE vem também trazer inovação, na medida em que
permite uma avaliação mais completa e integrativa de várias áreas de conhecimento e o
enquadramento mais efetivo do ambiente em termos de comunicação com os decisores e a
comunidade afetada (APA, 2019; Baker, Sheate, Phillips, & Eales, 2013; Rosa & Sánchez, 2016;
Slootweg, Rajvanshi, Mathur, & Kolhoff, 2009; Zawadzka, Corstanje, Fookes, Nichols, & Harris,
2017). Embora se venha a assistir ao surgimento de uma grande quantidade de trabalho conceptual
nesta área (a Fig.1 representa um exemplo), que é considerada cada vez mais pela comunidade
científica como uma ferramenta viável na integração do ambiente na formulação de políticas,
existem ainda poucos estudos que mostrem o caminho para a aplicação concreta desta abordagem
na tomada de decisões (Diehl, Burkhard, & Jacob, 2016; Hansen et al., 2018). Há atualmente a
necessidade urgente de harmonizar terminologias, sistemas de classificação, métodos de
investigação e requisitos relativos à elaboração de relatórios (Polasky, Tallis, & Reyers, 2015;
Wong, Jiang, Kinzig, Lee, & Ouyang, 2015). A falta de guias e bons exemplos práticos de como
incluir os SE, em conjunto com a falta de obrigatoriedade de incorporação do conceito patente
nas diretivas europeias, resulta num grande desfasamento entre a investigação e a aplicação na
prática, sendo notória a falta de transferência dos conhecimentos científicos para a política e
gestão ambiental (Diehl et al., 2016; Fischer, 2016; Hauck et al., 2013; Honrado et al., 2013).
Fig. 1 - Quadro conceptual para a avaliação dos ecossistemas na UE e a nível nacional, ao abrigo da
Ação 5 da Estratégia para a Biodiversidade até 2020 da UE (Maes et al., 2016).
Este trabalho pretende colmatar, pelo menos em parte, essa falta de guias e metodologias práticas,
com especial foco em ecossistemas florestais. Dada a evidente importância da integração dos SE
na avaliação de impactes e a necessidade de uma melhor gestão da floresta, torna-se urgente a
concretização de abordagens simples que facilitem a aplicação em contexto de AIA. Por essa
razão, procedeu-se à elaboração de um guia metodológico para a avaliação de impactes sobre os
SE nas florestas de Pinus sp.. Previamente à elaboração do guia, realizou-se uma revisão do modo
como os Estudos de Impacte Ambiental (EIA) integram, na atualidade, a vertente ecológica e,
mais concretamente, os serviços prestados pelos ecossistemas.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
109
Enquadramento – florestas de Pinus sp.
A floresta é o maior ecossistema terrestre na Europa, ocupando cerca de 33% da sua área (de
acordo com o relatório State of Europe’s Forests 2015), e alberga grande parte da sua
biodiversidade (Forest Europe, 2015). A conservação desta biodiversidade é crucial para a
estabilidade das funções dos ecossistemas florestais, e para manter o fornecimento dos mais
variados serviços, cujos benefícios se estendem para além do setor florestal (San-Miguel-Ayanz,
de Rigo, Caudulio, Houston Durrant, & Mauri, 2016).
Em Portugal, de acordo com o 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6), a floresta correspondia,
em 2015, à maior percentagem de uso de solo, cobrindo cerca de 36% da área total (ICNF, 2019).
Os pinhais (florestas de Pinus sp.) são a segunda formação florestal (logo a seguir às folhosas
perenifólias) com uma área próxima de 1 milhão de hectares, sendo os ecossistemas florestais
com maior redução na área ocupada. Estes têm sido principalmente afetados pelos incêndios e
por pragas como o nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (Bursaphelenchus xylophilis) (ICNF, 2019;
Reboredo, 2014). Estima-se que a redução seja ainda mais acentuada, uma vez que os dados não
incluem os grandes incêndios rurais de 2017 (ICNF, 2019). A juntar a esta quebra, está o facto de
que em áreas anteriormente ocupadas por pinhal, verifica-se principalmente o surgimento de
eucaliptos, ou matos e pastagens, que terão menor valor conservacionista (ICNF, 2019). Estes são
sinais evidentes e preocupantes de que a gestão deste tipo de floresta não está a ser feita da melhor
maneira. Face a este problema, considera-se de especial importância focar o pinhal daqui para a
frente, assim como os vários SE prestados por este, no que diz respeito à elaboração de abordagens
que permitam incorporar os SE no processo de AIA.
Em território nacional, as florestas de Pinus sp. são essencialmente compostas por pinheiro-bravo
(Pinus pinaster), e, em menor extensão, por pinheiro-manso (Pinus pinea). De acordo com o
IFN6, e segundo dados referentes a 2015, o pinheiro-bravo é a terceira espécie florestal mais
abundante em território nacional, cobrindo 22% da área florestada, enquanto que o pinheiro-
manso apresenta também uma cobertura significativa, de cerca de 6% (ICNF, 2019).
Pinus pinaster é uma espécie de conífera originária da zona oeste da bacia Mediterrânica,
crescendo naturalmente em regiões quentes temperadas e com influência oceânica (San-Miguel-
Ayanz et al., 2016). É uma espécie termófila, de crescimento rápido e resiliente, ocupando uma
larga gama de altitudes, climas e solos e tendo uma grande variedade genética como resultado
(Alía, 1996; Praciak et al., 2013; San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Em Portugal, ocorre
principalmente nas zonas norte e centro (Clamote, Araújo, et al., 2019; Reboredo, 2014).
O pinheiro-bravo foi amplamente plantado para estabilização de dunas e como cinto de proteção
contra o sal, de forma a permitir o uso agrícola de largas áreas costeiras na Península Ibérica
(Farjon, 2010; Pereira, 2002). Devido ao seu rápido crescimento e tolerância a solos pobres, presta
também serviços de conservação do solo, proteção contra a erosão e ainda em zonas com
propósitos recreacionais, para fornecimento de sombra (San-Miguel-Ayanz et al., 2016). O
principal produto obtido é a madeira, que tem como destino final uma grande variedade de
produtos (construção, mobília, …), mas também fornece resina, utilizada em óleos, vernizes e
ceras, e é um ecossistema ideal para o desenvolvimento de cogumelos comestíveis (Farjon, 2010;
Pereira, 2002; Praciak et al., 2013).
Pinus pinea é uma espécie com uma origem incerta, que se distribuiu largamente pela Europa no
último milénio (Eckenwalder, 2009; Farjon & Filer, 2013; San-Miguel-Ayanz et al., 2016). Ocupa
uma larga gama de climas e solos, principalmente ao longo da bacia mediterrânica, em zonas
costeiras. É uma espécie que prospera com luz solar direta, baixa humidade e altas temperaturas
(Retana, 2012). Quanto à distribuição em Portugal, esta é bastante dispersa, com maior incidência
em zonas costeiras do centro e do sul (Clamote, Carapeto, et al., 2019). Esta espécie de pinheiro
serve múltiplos propósitos, nomeadamente produção de madeira, pinhão e resina, proteção contra
a erosão do solo e consolidação de dunas costeiras, servindo ainda para objetivos estéticos. Não
tem grande expressão na produção de madeira, sendo o produto economicamente mais importante
o pinhão, cuja procura continua a aumentar, sendo Portugal um dos principais produtores (Borrero
Fernández, 2004; Boutheina, El Aouni, & Balandier, 2013; Cutini, 2002; Eckenwalder, 2009;
Fady, Fineschi, & Vendramin, 2008).
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
110
As florestas de pinheiro podem constituir povoamentos monoespecíficos de Pinus pinaster ou
Pinus pinea, que podem também estabelecer-se em conjunto. Para além disso, podem coexistir
com mais espécies, nomeadamente outras espécies de Pinus (Pinus halepensis, por exemplo) ou
com o eucalipto (Eucalyptus globulus). Para além das florestas naturais e seminaturais, é
importante distinguir as florestas plantadas destinadas a produção, uma vez que têm grande
expressão em território nacional. Apesar de não serem naturais, podem também fornecer uma
grande quantidade de SE, sendo que os referentes ao provisionamento de madeira e de outros
recursos correspondem à maior percentagem de serviços fornecidos, enquanto que os serviços de
regulação e manutenção são os que terão uma menor expressão (Baral, Guariguata, & Keenan,
2016; Brockerhoff, Jactel, Parrotta, & Ferraz, 2013; Ferraz, Lima, & Rodrigues, 2013).
Integração dos SE no processo de AIA – revisão da situação atual
Com o objetivo de avaliar a situação atual relativa a esta temática, procedeu-se à recolha e análise
de EIA. Estes foram obtidos no site do Sistema de Informação sobre Avaliação de Impacte
Ambiental (SIAIA), recorrendo à listagem de todos os processos AIA. A partir das entradas
referentes aos 3250 processos AIA existentes à data (outubro de 2018), foi possível analisar
apenas 339 estudos, uma vez que a maioria dos processos incluídos na base de dados não inclui
este relatório. Nestes estudos procedeu-se à procura de referências explícitas a SE ao longo de
todo o documento. Nos casos em que estas não foram encontradas, verificou-se ainda se haveria
algum tipo de referência implícita, ou seja, se era referido algo que pudesse corresponder a
categorias de SE do sistema de classificação CICES. Esta segunda procura foi concentrada
principalmente na secção dos EIA correspondente aos sistemas ecológicos (Sousa, Gomes, &
Formigo, 2019).
A partir da análise realizada, foi possível verificar que os SE não têm sido integrados no processo
de AIA, pelo menos de forma sistemática e explícita. Muito poucos estudos referem
explicitamente SE, conforme apresentado no gráfico da Fig.2.
Fig.2 - Gráfico representativo da situação atual relativa à integração dos SE em AIA, que sumariza
a ocorrência (ou a falta dela) de referências ao tema nos estudos analisados (amostragem total de
339 estudos). Mostra a % de estudos sem referências e com referências explícitas ou implícitas.
Mais concretamente, apenas cerca de 1% dos estudos têm referências explícitas, segundo a análise
feita. E mesmo esses, apresentam apenas breves referências à importância destes serviços
(algumas vezes designados de serviços ambientais), que dificilmente se estendem para além do
capítulo referente à caracterização da situação de referência. Apesar da falta do uso do termo
“serviços”, há um número considerável de EIA, correspondente a cerca de 54% da amostragem,
onde se verifica a referência implícita àquilo que podem ser considerados serviços prestados pelos
ecossistemas, frequentemente designados de funções ecossistémicas nestes casos. Verificou-se
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
111
que, nas referências implícitas encontradas, é possível estabelecer correspondência com as três
secções de serviços definidas pelo CICES (provisionamento; regulação e manutenção; culturais).
O passo seguinte foi a análise e sistematização do processo de AIA implementado até aos dias de
hoje relativamente aos sistemas ecológicos. Para esse efeito, foi definida uma subamostragem a
partir dos 339 relatórios retirados do SIAIA, na qual os estudos foram agrupados de acordo com
o tipo de projeto em avaliação: estruturas lineares, locais e intermédias (Sousa et al., 2019). Cada
um destes grupos engloba alguns dos principais tipos de projeto alvo de AIA (subgrupos),
conforme representado na Fig.3. As estruturas lineares, como as estradas, resultam em impactes
com maior extensão, em termos espaciais, mas com menor significância em cada local (efeito
mais “diluído”). Por outro lado, nas estruturas locais, como as unidades industriais, os impactes
concentram-se num espaço menor, mas têm à partida grande significância nesse local. As
estruturas intermédias, representadas pelos parques eólicos, têm menor extensão do que as
lineares, no entanto não se encontram tão concentradas como as locais, algo que se traduz em
diferenças nos impactes expectáveis em comparação com estes dois tipos de estruturas.
Para cada um dos 7 subgrupos estabelecidos (Fig.3), foram analisados 6 estudos, de forma a
sistematizar os principais impactes expectáveis, as medidas de minimização e os planos de
monitorização relativos aos sistemas ecológicos (Sousa et al., 2019). Desta forma, a amostragem
perfez um total de 42 estudos. De salientar que, nos diferentes estudos analisados, ocorre a
distinção de diferentes fases do projeto: construção, exploração e desativação. Esta diferenciação
foi igualmente tida em conta ao longo da sistematização.
Fig.3 – Esquema representativo da organização definida para os estudos analisados (grupos e
subgrupos). Estruturas lineares estendem-se por grandes distâncias, mas ocupam pouca área em
cada local onde são estabelecidas; estruturas locais são mais concentradas num determinado local;
estruturas intermédias correspondem a um meio-termo entre as duas anteriores.
De uma forma geral, a análise realizada permitiu verificar que o processo de AIA apresenta sérias
lacunas no que diz respeito à consideração dos serviços de ecossistema. Embora muitas vezes seja
possível estabelecer correspondência entre o que é mencionado nos EIA e estes serviços,
raramente existem referências claras a esta temática. Isto torna-se notório nas três secções dos
EIA analisadas em maior detalhe: impactes expectáveis, medidas de minimização e
monitorização. Nestes capítulos, não foram encontradas quaisquer referências explícitas a SE, no
entanto, a sua análise serviu também para perceber de que forma é feita atualmente a avaliação
de impactes e a proposta de medidas de minimização e de planos de monitorização, e mostrou
que é possível a sua adaptação de forma a englobar os SE.
Este trabalho serviu adicionalmente para tirar as seguintes ilações:
▪ em relação aos impactes expectáveis, registou-se que há, no geral, poucas referências a
impactes importantes como o aumento do risco de incêndio ou a proliferação de espécies
invasoras; é também notória uma progressiva diminuição das referências a impactes, à
medida que se avança nas fases do projeto (Fig.4);
▪ as medidas de minimização propostas baseiam-se em larga escala no que é obrigatório
perante a lei portuguesa; também estas medidas diminuem ao longo das fases do projeto,
algo que é bastante significativo na fase de desativação, onde as referências existentes
são apenas relativas a medidas de recuperação paisagística (não se justifica a elaboração
de um gráfico) (Fig.5 e Fig.6);
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
112
▪ a monitorização é muitas vezes escassa, nomeadamente no que diz respeito aos sistemas
ecológicos (Fig.7); a partir da análise dos diferentes aspetos considerados nos planos de
monitorização dos EIA (objetivos, parâmetros a monitorizar, duração e frequência da
amostragem, locais de amostragem, técnicas e métodos de análise, periodicidade de
relatórios), é evidente a falta de sistematização neste processo;
▪ nos EIA analisados não foram encontradas diferenças significativas entre tipos de
estrutura (linear, local e intermédia).
Fig.4 – Principais impactes referidos nos EIA analisados. Cada gráfico é referente a uma das fases
do projeto (construção, exploração e desativação) e tem em conta os tipos de estrutura (linear, local
e intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as
estruturas locais (exceto na fase de construção, onde são 12 porque não inclui o subgrupo das
pedreiras) e 6 estudos para as estruturas intermédias. (Dest dir – destruição direta da vegetação;
Dest indir – destruição ou afetação indireta da vegetação devido ao aumento da perturbação;
Ex/Inv – proliferação de espécies exóticas e/ou invasoras; Inc – aumento do risco de incêndio; Hab
– afetação dos habitats (degradação, fragmentação ou destruição); Ef barr – efeito barreira à
propagação de sementes e outros propágulos; Int cons – afetação de espécies de interesse para a
conservação)
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
113
Fig.5 – Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas nos EIA
analisados referentes à fase de construção, tendo em conta o tipo de estrutura (linear, local e
intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 12 estudos para as
estruturas locais e 6 estudos para as estruturas intermédias.
Fig.6 - Gráfico representativo das principais medidas de minimização consideradas nos EIA
analisados referentes à fase de exploração, tendo em conta o tipo de estrutura em questão (linear,
local e intermédia). Amostragem total de 18 estudos para as estruturas lineares, 18 estudos para as
estruturas locais e 6 estudos para as estruturas intermédias.
FCUP Integração dos serviços de ecossistema no processo de Avaliação de Impacte Ambiental
Aplicação às florestas de Pinus sp.
114
Fig.7 – Gráficos representativos da percentagem de estudos com plano de monitorização que
englobe flora, vegetação e habitats (% total e por subgrupo). Amostragem total de 42 estudos.
Guia metodológico para a integração dos serviços de ecossistema na Avaliação de Impacte
Ambiental, aplicado às florestas de Pinus sp. - organização do guia
Este capítulo serve o propósito de explicar a forma como o guia metodológico foi estruturado,
conforme é apresentado no esquema da Fig.8. Como o próprio nome indica, a aplicação deste
guia pressupõe a ocorrência de pinhal na área em estudo.
Após a confirmação da existência deste ecossistema florestal, é necessário fazer uma primeira
análise, mais superficial, que permita identificar quais os SE que poderão ser prestados no local
em questão. No fundo, esta análise tem o propósito de descartar os serviços que claramente não
se verificam. De seguida, deve ser feita a avaliação do estado dos SE identificados. Para esse
efeito, neste guia são propostos indicadores específicos para avaliar cada serviço, bem como é
apresentada metodologia para os aplicar. Com base nos indicadores utilizados, é proposta uma
avaliação final segundo uma escala numérica (1 a 5), conforme explicado na Fig.8. A avaliação
do estado dos SE serve para perceber o quão significativa é a prestação de cada serviço na área
em estudo e, consequentemente, determinar os serviços que é preciso preservar e incluir na AIA.
A partir do momento em que se estabelece quais os serviços a considerar no estudo, é necessário
definir quais os impactes que se espera que o projeto em avaliação venha a ter sobre esses mesmos
serviços. O guia metodológico proposto fornece uma listagem de possíveis impactes expectáveis,
tanto gerais como específicos, para cada secção de SE. Nesta fase, deve ainda ser determinado o
valor de cada um dos impactes definidos.
Ainda no âmbito do EIA, e depois de estabelecidos os impactes expectáveis, segue-se a proposta
de medidas de minimização. Também para este capítulo, foi feita uma sintetização de medidas,
gerais e específicas, para minimizar possíveis impactes do projeto sobre a prestação de SE.
Por fim, apresenta-se, de forma breve, uma proposta de monitorização direcionada para os SE,
com o objetivo de que esta seja incorporada no plano de monitorização normalmente estabelecido
nos EIA.
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
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Fig.8 – Metodologia proposta no guia para a incorporação dos SE na AIA. 22
Considerações finais
O reconhecimento da importância dos SE no contexto da política ambiental, nomeadamente da
AIA, é fundamental para garantir a sua preservação e os inúmeros benefícios que deles advêm.
Estes serviços, por refletirem o funcionamento dos ecossistemas, são fundamentais para o
funcionamento da nossa sociedade e economia. E por essa razão, a sua divulgação e incorporação
em ferramentas de gestão do ambiente é importante, sendo uma forma eficaz de mostrar a
interligação entre as três vertentes. Assim, permite ir além do conceito ambiental, passando para
uma perspetiva mais abrangente, rumo ao desenvolvimento sustentável.
Este reconhecimento é hoje mais urgente que nunca, na medida em que são esperados cada vez
mais desafios relacionados com os impactes de projetos nos SE à medida que emerge o problema
das alterações climáticas e se expandem as espécies invasoras. Se não forem tomadas medidas
concretas para a sua conservação, muitos dos serviços prestados pelos ecossistemas correm o
risco de ficar irremediavelmente comprometidos, com graves consequências para todos os
sistemas que beneficiam deles.
A revisão dos EIA mostrou que ainda há muito a fazer no que diz respeito à incorporação dos SE.
Até aos dias de hoje, poucos são os estudos que os referem, e mesmo estes, fazem-no de uma
forma bastante superficial, sem aproveitar a abrangência do conceito e a possibilidade de ligar o
ambiente a outras vertentes normalmente distantes, como é o caso da vertente económica. Face à
comprovada falta de inclusão dos SE na AIA, devida em parte à complexidade do conceito, torna-
se de especial importância considerar novos métodos que permitam esta inclusão da forma mais
simples e prática possível, aproveitando a informação já existente nas avaliações feitas
atualmente. Desta forma, tornar-se-á mais fácil a aceitação deste conceito por parte dos
responsáveis pela elaboração dos EIA, e a sua integração em ferramentas de gestão ambiental
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Aplicação às florestas de Pinus sp.
116
como a AIA. A concretização deste guia metodológico pretende, acima de tudo, ser uma chamada
de atenção para a enorme importância que os SE têm, não só no contexto do ecossistema que os
presta, mas também pelo que representam para a sociedade em que vivemos. A existência de
ferramentas que permitam a sua incorporação nas políticas ambientais é fundamental para que
estes não sejam menosprezados e consequentemente comprometidos. Ao apresentar formas
concretas e simples de considerar estes serviços na AIA, este guia pretende conseguir um maior
envolvimento de todas as partes envolvidas neste processo na temática, contribuindo assim para
o objetivo comum de atingir o desenvolvimento sustentável.
Este trabalho pretende também encorajar o surgimento de novas propostas de guias
metodológicos, nomeadamente para outros tipos de ecossistema com uma representatividade
significativa em Portugal, de forma a que os SE possam ser incorporados na generalidade dos
processos de AIA.
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