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Jornal de Escola - Fundado em 1990 - Nº 11 - III Série - Março /2010 Agrupamento de Escolas Mestre Martins Correia Periodicidade: Trimestral (Período Lectivo)
MESTRE MARTINS CORREIA
Centenário do Nascimento 07 de Fevereiro 2010
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Coordenadores (Deste número)
Professores:
Fernanda Silva
Lurdes Marques
Manuel André
Alunos: 5º Ano -Turma A
Gonçalo Lino Rafael Martinho
Madalena Morgado Ângelo Carvalho
5º Ano -Turma B Paulo Caixinha
Catarina Piedade Beatriz Escabelado
6º Ano - Turma C Ricardo Carvalho
Reprodução Luís Farinha
Propriedade Agrupamento de Escolas Mestre Martins Correia
(Golegã, Azinhaga e Pombalinho)
Sede: Escola Mestre Martins Correia
Rua Luís de Camões - Apartado 40
2150 GOLEGÂ
Telefone: 249 979 040
Fax: 249 979 045
E-mail: [email protected]
Página Web: www.eps-golega.rcts.pt
Tiragem 50 exemplares
MESTRE
Espero que me perdoes o tratamento por Tu. Não leves a mal, não é falta de
respeito, mas sentimos-Te assim mais próximo. Também quando dirigimos
uma prece ao Senhor sentimo-nos mais ouvidos com “Senhor ajuda-me a
encontrar o caminho” do que “Senhor ajudai-me a encontrar o caminho” ou
“Senhor ajude-me a encontrar o caminho” ou quando entoamos o hino soa-nos
melhor “Ensina-me Senhor a ser generoso” do que “Ensinai-me Senhor “ ou
“Ensine-me Senhor a ser generoso”.
Julgamos que sabes, mas queremos dizer-Te como nos orgulhamos de Ti e Te
estamos gratos.
És português, da Golegã. É verdade que cometemos o pecado da vaidade.
Confessamos, quando recebemos alguém na nossa terra não conseguimos
disfarçar o brilhozinho nos olhos quando o levamos ao Museu Martins Correia
e não conseguimos, quando nos perguntam de onde somos, calar a frase “Da
Golegã, a terra do Mestre Martins Correia”. O mesmo se passa com quem tra-
balha ou estuda na Escola da Golegã, não é possível dizer Escola Mestre Mar-
tins Correia de modo indiferente.
Seres o nosso patrono deixa-nos muito satisfeitos. Pensando nos significados
da palavra patrono és protector, pois todos os dias aprendemos contigo e, para
nós, quem nos ensina protege-nos; mas és também patrono naquele sentido
mais científico, do professor que conduz um trabalho, já que a Tua obra e Tu
enquanto Homem nos orientam.
Mestre tem em Ti toda a propriedade. Na verdade és para nós um Mestre, ou
melhor o Mestre, na medida em que és um exemplo, um modelo e nós somos
Teus discípulos. Fazes-me lembrar o Mestre de O Nome da Rosa de Umberto
Eco. Guilherme de Baskersville leva o seu discípulo Adso a reflectir, a questio-
nar, não lhe dando propriamente respostas, mas ensinando-o a pensar.
Também Tu e a Tua obra nos continuam a interpelar e sabes Mestre não sabe-
mos quem mais admiramos, se o artista se o Homem – estarão ex aequo claro.
A Tua generosidade e humildade mostram a Tua grande estatura. E não pode-
mos deixar de apreciar o Teu ar jovial, afável e de quem está a bem com tudo
e todos.
Lembras-Te Mestre quando nos falaste, naquela conversa para o jornal
Encontro, a propósito dos rapazes casapianos, da importância de os jovens
aprenderem e desenvolverem as suas capacidades? E também de nos falares
dos É verdade, já faz 100 anos que nasceste e estamos a comemorar o Teu
aniversário e não podemos esquecer as Tuas palavras. Os alunos este ano
têm feito visitas ao Museu Martins Correia e também à estação do Metro de
Picoas e têm realizado trabalhos em Educação Visual, inspirados na Tua obra
e escrito textos em Língua Portuguesa sobre a Tua obra, as visitas que fize-
ram…
E não cuides que o nosso propósito é apenas homenagear-te. Também é, cla-
ro, mas é sobretudo porque ensinar, partilhar experiências artísticas, contactar
com o belo, a arte torna os nossos alunos mais sábios, mais preparados, dife-
rentes e mais felizes. Nós não somos os mesmos depois de apreciarmos a
Vitória de Samotrácia, a Pietá ou a Tua obra, Mestre.
E como pertences àqueles Homens que, nas palavras de Camões, “se vão da
lei da morte libertando” nós vemo-nos por aí.
Obrigada
Os Teus Discípulos - (Lurdes Pires Marques) Texto lido no dia 07.02.2010 aquando da deposição de uma coroa de flores junto às cinzas do Mestre no
âmbito das comemorações do centenário do nascimento do Mestre Martins Coreia.
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Ao Mestre Martins Correia no seu centenário Para quê marcar o tempo com uma batuta de tempo, quando o tempo é intem-poral? Para quê limitar as coisas e as vistas quando se desfruta uma imensidade de tudo num nada… ou em tudo?... Deixem que a liberdade do tempo, do saber ou do sentir se espreguice como a onda na areia… Não lhe ponham a pequenez duma teia….
Golegã, 7 de Fevereiro 2010 Maria Tereza Trancas
Ficha Técnica Editorial
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Comemorações do Centenário do Nascimento de Mestre Martins Correia
Tributo a Mestre Martins Correia
Auditório do Edifício Equuspolis
Palestra - “Um museu uma escola”
Grupo de alunos e professoras que dinamizaram a Palestra - “Um museu uma escola”
Em fundo - Trabalhos elaborados pelos alunos
Trabalhos elaborados pelos alunos
As Comemorações do Centenário do Nascimento de Mestre
Martins Correia, Patrono da Escola Sede do Agrupamento de
Escolas de Golegã, Azinhaga e Pombalinho, tiveram o seu
início a 26 de Janeiro e o seu culminar com a deposição de
uma coroa de flores na lápide do Mestre, junto ao Palácio do
Pelourinho, na Golegã, no dia do centenário do seu nasci-
mento, a 7 de Fevereiro de 2010.
A cerimónia simples, mas sincera, contou com a presença de
familiares, de amigos, de elementos da Tertúlia a que perten-
ceu, de representantes da Autarquia, de professores e da
Direcção do Agrupamento de Escolas.
Depois da leitura de um texto evocativo da vida de Martins
Correia, por um membro da Comissão Coordenadora das
Comemorações, Elsa Correia, filha do Mestre, procedeu à
leitura emotiva do poema “O Cavalo Branco” escrito por seu
pai. De seguida, a comitiva dirigiu-se à Escola EB 2,3/S Mes-
tre Martins Correia, onde foi inaugurado um painel comemora-
tivo do Centenário do nascimento do Patrono da Escola.
As comemorações tiveram o seu epílogo com uma visita à
exposição de trabalhos efectuados pelos alunos do 5º ao 12º
ano e ao Museu Mestre Martins Correia, no Edifício Equuspo-
lis, onde foram recordados alguns episódios da vida deste
distinto escultor, pintor e poeta goleganense, de renome
nacional e internacional.
É de salientar que, das comemorações do Centenário, fize-
ram parte as visitas ao Museu Mestre Martins Correia, pelos
alunos do 2º e 3º Ciclo; as visitas à Estação de Metro de
Picoas; a realização de desenhos, pinturas e textos pelos
alunos; a Exposição na Galeria do Equuspolis dos trabalhos
elaborados e uma Palestra intitulada “Mestre Martins Correia -
Um Museu Uma Escola”, dinamizada pela professora Elisabe-
te Semedo.
Como corolário de todo o trabalho desenvolvido ao longo des-
tas comemorações, será publicado, no mês de Março de
2010, uma edição especial do jornal “Encontro” do Agrupa-
mento de Escolas de Golegã, Azinhaga e Pombalinho, total-
mente dedicado a Mestre Martins Correia, fruto da Oficina de
Jornalismo, dinamizada pelos professores Fernanda Silva,
Lurdes Marques e Manuel André, e contando com a colabora-
ção dos alunos de todos os níveis de ensino.
Um apelo é lançado a todos os que conheceram ou convive-
ram de perto com Martins Correia, para que divulguem teste-
munhos sobre a vida e a obra do Mestre.
Martinho Branco
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Comemorações do Centenário do Nascimento de Mestre Martins Correia
O dia 7 de Fevereiro de 2010 em registo fotográfico
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Comemorações do Centenário do Nascimento de Mestre Martins Correia
O dia 7 de Fevereiro de 2010 em registo fotográfico
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Comemorações do Centenário do Nascimento de Mestre Martins Correia
O dia 7 de Fevereiro de 2010 em registo fotográfico
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Entrevista com o Escultor José Aurélio
obra era a de um admirador. Já consi-
derava então e continuo a considerar a
sua escultura uma das raras referên-
cias no panorama daquela época.
Como jovem aprendiz de feiticeiro, eu
buscava na escultura que ia vendo, os
elementos qualitativos que melhor
podiam ajudar a identificar a minha
própria personalidade como “promissor
artista”, como o Mestre tanta vez me
dizia. E a obra do Mestre era uma das minhas referências não
só pela sua qualidade intrínseca, mas também pela leitura
histórica que ela representa.
Como aluno, muitas vezes discordava de certas posições que
ele tomava em relação ao meu trabalho escolar, mas esse
facto dava um sabor especial aquelas aulas cujo saldo era
sempre positivo. Uma das características que mais admirava
nele, primeiro como aluno, depois como profissional, era a
sua imensa capacidade de reinventar e a sua permanente
busca de novas mitologias sempre ligadas às suas raízes
mais profundas.
Como se pode ver pelas palavras que acabei de escrever, o
Mestre tem um lugar bastante significativo na minha memória,
pelo que é fácil entender a razão que me terá levado a acei-
tar o convite que me foi feito, primeiro pela filha do Mestre, D.
Elsa Correia,depois pelo Presidente da Câmara Municipal da
Golegã, para encontrar uma forma de preparar, dez anos
depois da sua morte, o centenário do seu nascimento que vai
acontecer no dia 07 de Fevereiro do próximo ano. Foi assim
que surgiu a ideia dos Encontros com Martins Correia, encon-
tros que permitiram de forma clara e bastante concludente, ter
a noção da importância que a obra do Mestre tem na memória
das várias personalidades que participaram neles. Críticos de
arte, artistas e professores de várias gerações falaram da
importância de uma obra ímpar na panorâmica da escultura
portuguesa e também da figura tutelar que este homem foi
como artista multifacetado e como professor de várias gera-
ções de artistas.
Quanto às comemorações do centenário do seu nascimento,
muitas ideias andam no ar, mas temo que poucas se consi-
gam materializar, pois como todos bem sabemos, a cultura
continua a ser uma parente pobre. Assim, penso que vai ser
muito difícil conseguir organizar umas comemorações dignas
da efeméride e da memória que este escultor nos merece,
tanto mais que estamos a dois meses do início do centenário
e como acabei de dizer, nada me consta ainda de concreto,
nem a nível local nem a nível nacional.
Apesar desta nota negativa, é com natural satisfação que eu
desfiei estas memórias para o Jornal Encontro, jornal que
reflecte o pulsar de uma escola da sua terra, que ostenta
orgulhosamente o seu nome.
Como aluno, como amigo e como admirador da sua obra, não
podia deixar de participar nesta evocação.
José Aurélio - Alcobaça/2009
Sobre o Mestre Martins Correia, Patrono da Escola Sede,
colocámos as seguintes questões ao Escultor José Aurélio:
Como conheceu o Mestre? Em que circunstâncias?
Poderia fazer um retrato do Mestre enquanto pessoa e
artista?
Pode falar um pouco sobre a obra do Mestre?
Tem dinamizado os Encontros promovidos pela Câma-
ra sobre Martins Correia. Qual o balanço que faz des-
tes encontros?
O centenário do nascimento do Mestre aproxima-se.
Estão previstas actividades comemorativas (nível
nacional, local,...)?
Obtivemos a resposta que publicamos na íntegra:
O escultor Martins Correia foi meu professor na Escola Supe-
rior de Belas Artes de Lisboa, e foi, sem dúvida, um prfessor
que me abriu várias portas no complexo caminho que a escul-
tura obriga a percorrer por quem, ainda jovem, lhe quer dedi-
car a alma e a vida.
Tendo trabalhado nos vários ateliers de Belém, trabalho que,
sendo pago à hora, permitia que o estudante que eu então
era, não só ganhasse uns tostões, mas ganhasse prática e
conhecimento, que a escola nunca tem condições para dar.
Embora o atelier onde mais trabalhei tenha sido o do escultor
Lagoa Henriques, meu amigo e meu orientador, tive o privilé-
gio de frequentar todos os ateliers, de entre os quais destaco
o do Mestre Martins Correia, que ficava ali mesmo ao lado e
com quem mantive sempre uma relação privilegiada para
além da relação escolar.
Aliás era fácil ser amigo do Mestre, pois, sendo ele uma pes-
soa simples e afável, estava sempre disponível para uma boa
conversa poética, pois a minha posição em relação à sua
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Entrevista a Martins Correia—Publicada neste Jornal em Dezembro /1995
dos outros rapazes. Os rapazes de hoje têm outras
diversões visuais, que são de tal maneira mais libertas
que destroem muitos conceitos".
Depois do curso técnico o Mestre entrou nas Belas-Artes para
fazer um curso de desenho.
A certa altura o Mestre passou uma ideia muito interessante,
definindo o artista como aquele que nasce com qualidades de
percepção mais multiplicadas que o homem comum e con-
cluiu deliciosamente:
"Os olhos do artista são simultaneamente olhos/ouvidos
- ouvir para ver / ver para ouvir".
O Mestre Martins Correia quando nos disse que foi professor
das escolas técnicas referiu, com pena, o facto de os homens
hoje se dedicarem pouco a ofícios, haver menos artesãos,
embora pense que eles voltarão a existir dado serem neces-
sários.
Como dissemos no princípio o Encontro com Martins Correia
deu-se no museu. Martins Correia não foi indiferente a este
facto e isto motivou-o a falar sobre a importância dos museus
"Os museus são necessários, são uma arrecadação de
coisas visuais que entusiasmam os homens das tecnolo-
gias a respeitar o visual e que contribuem para a edu-
cação estética das pessoas. Antigamente os Mestres da
criatividade eram mais respeitados. Formavam uma
elite eram eles que conduziam as coisas do ponto de
vista visual. A arte evolui com o tempo. O que é perfeito
para uns poderá não o ser para outros. Dentro de cada
homem há um estilo. É a estética, é o cunho, é a graça
de uma pessoa ou objecto. A arte é inexplicável e aí é
que está a criatividade. Não se pode explicar o inexpli-
cável. Nasceu uma obra, não se pode explicar como
aconteceu. Existe entre o artista e a obra a mesma rela-
ção que existe entre pai e filho. A obra é a continuidade
do artista. Muitas vezes o artista não sabe como surgiu
a obra, ela simplesmente aconteceu. Cada nação tem o
seu céu, os dois limites do homem são o céu e a terra."
(Continua na página seguinte)
Nasceu em 1910 na Golegã. Foi aluno da Casa Pia. Estudou
Belas-Artes. Foi
p rofessor das
Escolas Técnicas e
p o s t e r i o r m e n t e
assistente na Esco-
la Superior de
Belas-Artes.
Uma carreira longa
em que o desenho,
a pintura e a escul-
tura estão presen-
tes. Martins Cor-
reia, um homem de
vasto curriculum,
conhecido nacional
e internacional-
mente soma vários
prémios que testemunham o seu inegável valor.
Foi este homem que tivemos o privilégio de ver e ouvir duran-
te várias horas no Museu Martins Correia. Confessamos que
levávamos elaboradas algumas perguntas. Porém o Mestre
revelou-se tão rico que algumas deixaram de ser pertinentes.
Que importava saber com que idade foi para onde, ou quan-
tas horas trabalhou onde ou em quê, face ao que nos dizia?
Que pena não termos pensado fixar através da imagem, com
e sem movimento, este Encontro. Percebemos tarde que para
conhecer o Mestre, em toda a sua dimensão, não basta ouvi-
lo, é preciso vê-lo: o seu movimento, os seus gestos, o seu
olhar...
Quando pedimos ao Mestre que nos falasse um pouco do seu
percurso e do despertar da sua vocação o Mestre destacou a
importância dos recreios.
"Muito jovem fui aluno da Casa Pia. Fazia um curso
técnico. Éramos seiscentos e tal rapazes e criámos acti-
vidades livres para nos entretermos. Entre essas activi-
dades tínhamos os jornais de recreio: havia os repórte-
res, um professor director, os redactores, sendo eu um
redactor - o principal. A minha actividade era a visual,
eu fazia tudo o que dizia respeito à actividade do
recreio através do desenho. O recreio agarrava as
potencialidades que ali se revelavam, as minhas e as
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carreira.
"Não, eu já me deparei com tudo isto. Eu penso que o
homem para ser verdadeiramente homem devia passar
primeiramente pela rusticidade e depois então mais
facilmente iria para o urbano".
Contrapomos que o Mestre já alcançou um estatuto que lhe
permite fazer a escolha de estar aqui. Martins Correia respon-
de:
"Não sei, pode ser que seja. Se uma autêntica educação
passasse justamente pelo ensino rural, pela educação
dada nas próprias terras, onde se contactaria com a
natureza, a terra, as árvores, a relva, as pedras, todas
estas coisas que envolvem o homem... Depois entraria
na cidade".
Não pudemos deixar de falar no mais recente trabalho do
Mestre - a estação de Picoas do Metropolitano. Martins Cor-
reia elogiou esta iniciativa - A Arte no Metro - e considera isto
" um grande exercício estilístico.".
Aqui fica o convite para a visita a Picoas.
Quem conhece o Mestre nota o seu prazer de viver. Confessa
-nos não haver segredo nenhum nisso
"é apenas querer viver".
Alunos: 11° Ano - Turma B
Professores: Lurdes Pires — Fernanda Silva — Manuel André
Diz ainda o Mestre, a propósito de Ihe causarem admiração
algumas obras por si feitas passado algum tempo, não che-
gando mesmo mais tarde a rever-se nelas, e interrogando-se
no sentido de saber como as conceberia no presente, que
cada obra está condicionada pelo lugar e época em que é
realizada.
Todos nós temos dificuldade em definir o que é arte. O Mestre
fê-lo de uma forma sublime
"O artista sente quando a sua obra está completa por-
que há uma voz interior que lhe diz - Pára! A obra não
se pode considerar mal feita nem bem feita, mas sensi-
velmente feita".
O Mestre tentou exemplificar o nascer de uma obra. Pegou
num pedaço de papel e num marcador, "rabiscou" umas
linhas e disse que isto podia ter- -se passado com Leonardo
da Vinci. Depois espantado olharia e diria
"Que coisa tão sensível que eu fiz, que linda... Se eu
pudesse dar continuidade a esta linha, se eu a pudesse
tornar útil à sociedade, isto é tão sensível... Se isto fosse
maior, do tamanho do mundo."
Quisemos saber onde habitualmente trabalha o Mestre, se cá
se em Belém.
"É tanto lá, no meu atelier como cá. Hoje por causa das
pernas e dos olhos é mais cá, porque encontro melhor
ambiente para estar descansado. Mas tanto num lado
como no outro, felizmente na minha vida, quis o destino
que tivesse sempre muita gente ao meu lado.''
Quando perguntámos a Martins Correia onde sentia mais
inspiração - se no meio rural se no urbano - ele apontou-nos a
coluna e a bilha, que se encontravam lado a lado, e que são
símbolos do urbano e do rústico respectivamente, afirmando-
nos que a inspiração pode vir dos dois lados.
Referimos aqui a comparação que fez o Mestre: a coluna / a
pessoa em pé, a bilha / a pessoa de mãos na cintura. O Mes-
tre fez o gesto e nós pasmámos da semelhança.
Veio também à baila o traço inimitável do Mestre e a predomi-
nância de certas cores. Em relação às cores diz-nos que são
mediterrânicas e que gosta da cor.
Perguntámos-lhe se estar na província constitui uma dificulda-
de, se é limitador para quem por exemplo quer fazer uma
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Nascido na Golegã, a 7 de Fevereiro
de 1910. Distinguiu-se no campo das
artes plásticas em Portugal, principal-
mente na escultura. Órfão desde
pequeno, na sequência da morte dos
pais com a chamada “pneumónica”,
ficou ao cuidado de uma senhora que
o veio a colocar na Casa Pia. Com o
nº 393, ingressou na Casa Pia, em
Novembro de 1922, onde concluiu o
curso industrial, tendo-lhe sido conce-
dida uma bolsa de estudo para fre-
quentar a Escola de Belas Artes de
Lisboa, onde se matriculou no curso
de desenho no ano de 1928, apesar
de se ter diplomado em escultura.
Iniciou uma longa actividade profissio-
nal na pedagogia da arte, ainda como
aluno, quando foi encarregue, pela
direcção da Casa Pia de Lisboa, de
auxiliar os professores de desenho da
escola . De 1936 a 1938, foi professor
do Ensino Técnico Profissional, na
Escola Rafael Bordalo Pinheiro nas
Caldas da Rainha, e em Lisboa, nas
Escolas Marquês de Pombal (ano
lectivo de 1938/1939), Machado de
Castro ( 1939/1940), Afonso Domin-
gues (1940/1941) e António Arroio
(1941/1942). Começou a expor no
ano de 1938. Em 1940 os seus traba-
lhos mereciam destaque na exposi-
ção da Missão Estética de Viana do
Castelo, onde o Cruzeiro do Minho
mereceu referencias de primeira pagi-
na no Jornal O Século. Esteve pre-
sente na Exposição do Mundo Portu-
guês, em Lisboa, com os escultores
Barata Feio, Leopoldo de Almeida,
Canto da Maia, António da Costa, Rui
Gameiro, Francisco Franco, António
Duarte e João Fragoso. Durante os
anos de 1936 e3 1942, participou
assiduamente nos salões do SPN-
S e c r e t a r i a d o d e P r o p a g a n -
da Nacional, sendo premiado em
escultura, assim, como nos salões da
Sociedade Nacional de Belas Artes
Arte”, na antiga Emissora Nacional. A
sua estatuária é composta de originais
soluções decorativas policromáticas
que aligeiram as suas figuras do solene
compromisso do Infante D. Henrique;
em Pinhel, o grupo escultórico
em bronze do Palácio da Justiça; tal
como a decoração dos Palácios da
Justiça na Figueira da Foz e em Leiria,
acrescendo, neste último, também a
escultura da Justiça que decora a
fachada. Do seu vastíssimo espólio
distribuído pelo País inclui-se também
a estátua do Papa Pio XII, para a Expo-
sição de Arte Sacra Missionaria, reali-
zada no Mosteiro dos Jerónimos , que
foi oferecida ao Seminário de Almada .
Também fora deste Portugal à beira
mar plantado, o Mestre perpetuou sua
obra fazendo em gesso a estátua do
Santo S. Francisco Xavier, em Goa,
aquando do seu centenário. Em 1958,
ainda para esta cidade, executou as
estátuas em bronze de Luís de
Camões, que lhe valeram o Prémio
Diário de Noticias. Na cidade de Lou-
renço Marques, hoje denominada
Maputo , realizou a decoração escultó-
rica da Capela do Paquete de Vera
Cruz, as estátuas de Dada Vaidia e as
dos quatro evangelistas, em pedra,
para a Catedral de Bissau, bem como
os bustos em bronze de Jaime Corte-
são, Augusto de Castro, Nuno Simões
(Continua na página seguinte)
Artes. De 1944 a 1945 esteve em
Espanha e Itália, com uma bolsa de
estudos que recebeu do Estado.
Nesta década, Martins Correia acumu-
lou os Prémios Nacional da IV Missão
Estética de Ferias de Viana do Castela
(1940), do Mestre Soares dos Reis( em
1942), do Mestre Manual Pereira, nos
anos de 1943 e de 1947, de Escultura
do Secretariado Nacional de Informa-
ção, do Salão de Lisboa de 1947 e
ainda, a 1ª medalha do III Salão Pro-
vincial da Beira Alta( 1949). Em 1951,
tornou-se Presidente da Secção de
Cultura Artística da Sociedade de Geo-
grafia de Lisboa. Em 1957, faz uma
exposição individual na Galeria do Diá-
rio de Noticias, pela qual obteve o pré-
mio Mestre Luciano Freire, da Acade-
mia Nacional de Belas Artes, sendo
também Medalha de Prata da Junta de
Turismo de Cascais. Foi ainda conde-
corado com a Ordem da Instrução
Pública, pelo Ministério da Educação
Nacional. Seis anos depois obtém o 2º
prémio com o Monumento ao Padre
Manuel Nóbrega/ em São Paulo, no
Brasil, e com o Monumento à Mulher
Portuguesa do Ultramar. A Rádio mere-
ceu também o seu contributo ao reali-
zar em 1965, o programa “Assuntos de
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com 26 desenhos coloridos, foi vogal
efectivo da Academia Nacional de
Belas artes e ainda conseguiu tempo
para publicar um livro de poesia/
poemas. Em 1998, nesta vila, inaugura
a estátua “O Povo de Amor Cantava”,
junto à Igreja Nossa Senhora dos
Anjos. A Galeria Verney, em Oeiras,
prestou-lhe homenagem no dia do seu
90º aniversario de nascimento, nos
denominados “Encontros de Escultura”
com a presença do Presidente da
Câmara Municipal da Golegã, Dr. José
Veiga Maltez, Dr. Nuno Lima de Carva-
lho e Professor escultor Lagoa Henri-
ques, que abordaram a arte escultórica
deste Mestre goleganense. Falecido
aos 89 anos, no dia 30 de Julho de
1999, o Mestre Escultor Martins Cor-
reia deixa uma obra que marca várias
décadas da escultura, que o torna um
dos maiores escultores portugueses do
século passado. Uma das suas últimas
preocupações foi a conservação do
seu espólio, pois encontrava-se num
edifício setecentista, sem condições
para seu acolhimento. O pelouro da
Cultura da Câmara Municipal, em
2002, projecta a sua transferência para
o edifício Equuspolis, pensado para o
acolher com dignidade e para que as
gerações vindouras dele possam des-
frutar, o que se veio a verificar em 10
de Maio de 2003
Texto in www.cm-golega.pt Câmara Municipal da Golegã 2004
Olegário Mariano, Miguel Torga, Fer-
nando Namora, Natércia Freire, Sofia
de Mello Breyner e a estátua de Barto-
lomeu Dias (1973). A sua obra retrata-
va bem o pensamento deste artista que
considerava que «(…) a arte do século
XX será (…) idealista e poética ao
mesmo tempo que popular» e « (…)
nenhuma coisa pode ser nacional, se
não é popular». Mestre Martins Correia
foi também membro do Conselho Téc-
nico de Exposição Portuguesa do Rio
de Janeiro, assim como fez parte das
exposições internacionais do Rio de
Janeiro, de Bruxelas, na Ibero-
Americana de Barcelona, e na de dese-
nhos de Lausanne, na Suiça. Em 1971,
foi Prémio de Grande Mérito Artístico
na Exposição de Lourenço Marques.
Em 1973, foi convidado pela Sociedade
Nacional de Belas Artes a fazer uma
exposição retrospectiva onde apresen-
tou 300 obras de escultura, desenho,
medalhística e desenho colorido, ver-
sando sobre o período de 1939 a 1973.
no dia 24 de Março, desse mesmo ano,
proferiu a sua última lição na secção
casapiana de Pina Manique e das
várias cerimónias que assinalaram a
sua despedida ficou também a sua
condecoração com a Ordem de Santia-
go da Espada. Sete anos depois, já na
década de oitenta, como decano dos
escultores casapianos, também não
faltou à Exposição Casa Pia de Lis-
boa /200 Anos– Artistas Casapianos.
Em Novembro de 1982, foi homena-
geado, aqui na Golegã, em cerimónia
presidida pelo então Presidente da
República, General Ramalho Eanes´,
com a inauguração da sua estátua “A
Camponesa”, defronte à antiga Cadeia
e Estação Telégrafo, e a abertura do
Museu Municipal Martins Correia, com
um vastíssimo espólio doado ao Muni-
cípio, dois anos depois. No ano de
1990, voltou a ser agraciado com a
Ordem de Santiago de Espada (grau
de Grande Oficial), pelo Presidente da
República, Dr. Mário Soares, distinção
que assumiu como sendo a sua arte a
ser medalhada. Foi igualmente galar-
doado no estrangeiro, nomeadamente
na Noruega, com o Prémio Internacio-
nal de Gravura, e em Bruxelas, com o
Prémio Internacional de artes Plásticas.
Temas como o cavalo, o touro, a terra
e a mulher são representativos nas
suas obras, evidenciando a ligação
profunda de Martins Correia às suas
raízes goleganenses, ribatejanas e
portuguesas. Está representado no
Museu de Arte Contemporânea de Lis-
boa, no Museu Soares dos Reis, na
Invicta, no Museu Regional de José
Malhoa, no Museu de Arte Moderna de
Madrid e claro, neste Museu. Até à
data da sua morte esteve representado
em apenas algumas colecções particu-
lares, porque não gostava de vender a
sua obra como refere no artigo “Martins
Correia– Um escultor com condão da
poesia”: “Sempre me custou muito ven-
der as coisas, por isso é que tenho
assim tanta coisa acumulada. Tenho
muitas coisas que as pessoas até que-
rem comprar quando vêm cá, mas tam-
bém há uma grande insuficiência que é
não terem, de facto, dinheiro para as
comprar. O nosso trabalho tem que ser
um dia compensado. Ou em vida, que
é a minha, ou então na minha ausên-
cia. Mas paguem, pelo menos, isso que
eu fiz, tenho uma obra pouco basta”.
No decorrer da sua vida Mestre Martins
Correia também colaborou para a Anto-
logia Poética da Mulher
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Cavalo Branco
A raiz da erva
estava ferida;
O Sol do dia
não chegava lá
por causa de uma pedra
que ao lado da erva tapava o sol de cá.
Mas um dia,
outro dia,
um animal,
cavalo branco
de muita beleza,
tendo visto a erva presa
tirou a pedra e pensou:
o Sol poderoso
nem sempre aquece
e muitas vezes esquece
o que a terra gerou.
Martins Correia in Livro Poemas Martins Correia
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visitas de estudo e posteriores redacções sobre o que se viu/
aprendeu. É preciso “levar” a escola para dentro do museu e,
fundamentalmente, “instalar” o museu dentro da escola. Para
que isso seja possível, há que sustentar todo este processo
numa profunda formação do corpo docente e, obviamente,
criar um diálogo permanente deste com os responsáveis/
técnicos do Museu. É necessário criar programas que reúnam
em si capacidade para ensinar, cativar e estimular o conheci-
mento.
Não é fácil escrever-se uma biografia; não é fácil escrever
sobre alguém que deixou o seu nome gravado na memória
colectiva dos homens.
Nem sempre são justos, equilibrados, verdadeiros os elemen-
tos disponíveis para nos debruçarmos sobre a personalidade
de um artista plástico, de um escritor, de um político, em
suma, sobre a personalidade de quem transpôs o quotidiano
modesto do viver anónimo e o deixou vinculado à reflexão.
Falar do Mestre Martins Correia envolve as mesmas dificulda-
des.
Há factores que reputamos como indicadores incontornáveis
da sua personalidade: factores de ordem familiar,do ambiente
sócio-económico em que cresceu, culturais ligados à envol-
vência geográfica que fazem despertar os seus sentidos.
Joaquim Martins Correia nasceu a 7 de Fevereiro de 1910,
sete anos mais tarde perdeu os pais, vítimas da Pneumónica.
É então acolhido por uma senhora que, pensando no seu
futuro e dado que na Golegã não havia estabelecimentos de
ensino para além do ensino básico, onde a criança pudesse
estudar, decidiu em 1922 interná-lo na Casa Pia.
Logo aí, Martins Correia revelou a sua aptidão para o dese-
nho, o que o levou a escolher, mais tarde, o Curso de Escultu-
ra na Escola Superior de Belas Artes, onde deixou um nome
conceituado e de referência, entre os alunos e os colegas.
Concluído o curso, foi professor em várias escolas no período
compreendido de 1936 e 1942, entre as quais a Escola Rafael
Bordalo Pinheiro (Caldas da Rainha).
Foi em 1938 que começou a expor. O seu mérito como pro-
fessor e escultor foi reconhecido através de prémios e conde-
corações nacionais e estrangeiras, concedidos em várias
décadas, como o Prémio de Escultura do SNP (1947) ou a
Ordem de Santiago da Espada (1973).
O Cavalo, a Terra e o Touro são temas presentes na sua obra
e evidenciam a sua ligação ao Ribatejo e à Golegã, terra onde
nasceu. No entanto, e como abandonou cedo a sua terra
natal, Martins Correia veio a sofrer, naturalmente, as influên-
cias de outras paisagens, outras gentes, outras culturas,
outras ideologias e movimentos artísticos que conheceu cá
(Continua na página seguinte)
Mestre Martins Correia
“Um museu uma escola”
Ninguém poderá sentir-se preparado para encarar o Futuro
sem conhecer e compreender o Passado. Partindo do princí-
pio que até aqui há um caminho percorrido, nada como trazer
e integrar, da melhor forma possível, os vários percursos que
foram trilhados para chegarmos onde estamos.
Não obstante o generalizado acesso às mais variadas tecno-
logias que colocaram o “mundo” à distância de um clique de
qualquer pessoa, existe um défice, quer por parte do corpo
docente, quer por parte dos alunos, no conhecimento sobre
muitas das ferramentas que podem ser usadas para colmatar
esta lacuna. É neste contexto que a ligação entre a Escola
Mestre Martins Correia e o Museu Municipal com o mesmo
nome faz sentido.
No que diz respeito aos museus, é importante desenvolver
diferentes recursos e actividades direccionados a cada tipo de
público. Quanto à escola, é fundamental que esta fomente o
desejo de aprender, formando os jovens para serem cidadãos
críticos e informados. Por isso, mais do que transmitir infor-
mações sobre as obras e os autores, é importante saber ver,
construir múltiplas leituras e sentidos nas obras.
Criar uma interligação entre a Escola e o Museu Municipal
Mestre Martins Correia não pode restringir-se a umas quantas
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dentro e lá fora.
Outro dos temas presentes na vasta obra do escultor é a
Mulher que tem uma larga representação. De facto, muitos
são os artistas que vêem na mulher o símbolo do seu amor
pela mãe e, Mestre Martins Correia não é excepção.
Podemos pensar que as cores quentes que escolheu para
decorar as suas esculturas, em pedra ou em bronze, têm as
suas raízes no clima mediterrânico e que, no dizer de Natália
Correia – sua admiradora - , “...ela (arte) me faz ver milénios
policromados que, em teus bronzes coloridos, vão dos frescos
minóicos aos etruscos.”Martins Correia deixou uma vasta
obra espalhada por Portugal, passando também por terras
longínquas, desde a Índia a Macau. Na Golegã existem rele-
vos em bronze no Palácio da Justiça; um painel em cerâmica
de 7mx3m, exposto na fachada da casa de convívio de Mar-
tins Correia; a estátua “A Camponesa”; o grupo escultórico “O
Povo de Amor Cantava”. Em Lisboa podemos dar como
exemplo a decoração artística da Estação do Metropolitano
de Picoas ou a estátua em pedra de D. Afonso V na Faculda-
de de Letras; em Coimbra a estátua de Garcia da Horta no
Instituto de Medicina Tropical ou, em Leiria a decoração do
Palácio da Justiça; em Goa a estátua em gesso de S. Francis-
co Xavier (aquando do seu centenário); em Maputo a decora-
ção escultórica da Capela do Paquete de Vera Cruz e no Bra-
sil (em São Paulo) o monumento ao Padre Manuel Nóbrega.
No entanto, a sensibilidade de Mestre Martins Correia não se
manifestou apenas no talhe da pedra, no modelar do gesso,
na obra feita em bronze, na tela e no azulejo pintado. Tam-
bém foi poeta, cantando o homem na sua globalidade, a natu-
reza na sua força criadora, o amor na expressão máxima da
sua generosidade. Foi incansável na sua produção artística,
evidenciando originalidade nos temas, na expressividade da
sua inspiração, pelo que o valioso espólio que deixou pode
ser apreciado na multiplicidade temática e na técnica usada.
O acervo de que pôde dispor doou-o à sua terra – a Golegã –
onde o Museu que tem o seu nome pode e merece ser visita-
do, para melhor se avaliar a diversidade dos motivos escolhi-
dos e a arte com que são concebidos.
Faleceu a 30 de Junho de 1999, com 89 anos.
A Escola Básica 2,3/Secundária da Golegã tem, muito justa-
mente, o seu nome, lembrando aos alunos que a frequentam
o valor e a lição de vida deixados por este grande artista que
a sua terra natal não esqueceu de homenagear.
De facto, a obra de arte é intemporal, atravessa as gerações
e, quando tocada pelo génio, o seu fascínio fica intacto, impõe
-se como um dogma. Assim acontecerá com Mestre Martins
Correia, presença viva na obra espalhada por tantos lugares
da terra, mensageiro da cultura das mulheres e homens riba-
tejanos.
Elisabete Semedo — Professora de Educação Visual
O Mestre e o jogo do peão
O jogo do pião, praticado intensamente pelos rapazes durante
a primeira metade do século passado sobretudo nos pátios
das escolas, é um daqueles jogos tradicionais que continuam
a ser uma fonte de inspiração para crianças, jovens e idosos,
que através da sua prática, não só desenvolvem e mantêm a
sua saúde física, mas também as suas capacidades mentais.
Nesta perspectiva, há alguns anos atrás tentámos que, duran-
te alguns dias, no período do intervalo, os nossos alunos acei-
tassem o desafio de “lançar o pião”.
Recordo que, na altura, ficávamos deliciados quando alguém
com mais idade por ali passava e não resistia a mostrar as
suas habilidades. O mestre Martins Correia não foi excepção.
Temos a certeza que ele se divertiu bastante naqueles
momentos – ou não soubéssemos nós o quanto ele gostava
de contactar com as crianças.
Teresa Cruz
Durante uma Visita de Estudo fazendo dobragens em papel
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No âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica, eu e os meus
colegas fomos visitar o Museu Mestre
Martins Correia na Golegã.
O Mestre Martins Correia foi escritor,
pintor, e escultor…
Nós vimos muitos quadros feitos de
bronze, e vários tipos de pedras.
No museu estava uma escultura muito
bonita e essa foi a minha preferida que
era o auto-retrato do Mestre Martins
Correia.
Se ele fosse vivo no dia 7 de Fevereiro
de 2010 faria 100 anos de idade.
A sua última obra, ”No enorme oceano
à sombras” foi publicada na Torre Vas-
co da Gama.
Eu gostei muito desta visita porque
aprendi outras formas de pintar e de
trabalhar.
Francisco Félix Simões - 6ºB
No âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica fui visitar o Museu
Mestre Martins Correia.
Quando entrei no Museu fiquei curiosa
para aprender o que o Mestre fez ao
longo da sua vida.
No início da visita aprendi que o seu
nome era Joaquim Martins Correia.
Eu apreciei estátuas, pinturas lindas,
como nunca tinha visto. À minha volta
era só obras dele. Ao longo da visita a
guia disse-nos que o Mestre Joaquim
Martins Correia foi pintor, escultor, põe
(Continua na página seguinte)
No dia 28 de Janeiro de dois mil e
dez, a minha turma teve o privilégio de
ir visitar o museu de Mestre Martins
Correia, na Golegã.
No museu vimos quadros lindos que
retratavam pessoas (algumas conheci-
das, exemplo: Sophia de Mello Brey-
ner, outras não) e além disso vimos
uma cabeça em mármore muito bem
construída.
Fiquei também a saber que o Mestre
Martins Correia, para além de ser pin-
tor foi também escultor, escritor e poe-
ta.
Após a sua morte, houve muitos ami-
gos que o retrataram.
O Mestre Joaquim Martins Correia fez
esculturas, utilizando vários materiais
entre eles o bronze, são exemplos Jai-
me Cortesão, Susanne, Miguel Torga e
Natália Correia.
Gostei de ficar a saber mais desta ilus-
tre personagem que deu o nome à nos-
sa escola.
Mariana Mota Nunes - 6ºB
No dia 28 de Janeiro de 2010, no
âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica, tive a oportunida-
de de ir visitar o museu Mestre Martins
Correia. A guia da visita foi a D. Isabel,
muito simpática e que me esclareceu
todas as minhas dúvidas.
Ao apreciar as obras de arte fiquei fas-
cinada com a sua cor e estilo.
Gostei imenso das esculturas assim
como dos quadros e fiquei a saber que
o Mestre retratava essencialmente, nos
quadros e esculturas, mulheres campo-
nesas, alguns cavalos entre outras
coisas.
Fiquei a conhecer o seu verdadeiro
nome, Joaquim Martins Correia e que
para além de ser escultor e pintor tam-
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
bém era poeta e escritor.
Foi-me ainda dado a conhecer que o
Mestre esculpia principalmente em
bronze, que era o seu material favorito.
Mariana Guia - 6ºB
No âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica, tive oportunidade
de visitar o museu Mestre Martins Cor-
reia.
Eu vi esculturas e quadros do Mestre,
que eram espectaculares. Fiquei tam-
bém a saber o nome completo do Mes-
tre, era Joaquim Martins Correia.
Ele fez esculturas e quadros desde
1940 a 1998, o seu último quadro foi
feito na Expo 98, em homenagem a
Vasco da Gama.
Ele fez esculturas em metal em bronze.
Ele nasceu a 7 de Fevereiro de 1910 e
faleceu em 1999.
Neste museu encontram-se as obras
do Mestre e também dos seus amigos.
Eu penso que todos nós ficámos
espantados ao ver aquelas obras tão
bonitas.
Morreu um grande escultor e pintor,
que nunca será esquecido, também foi
ele que deu o nome a esta Escola.
João Francisco - 6ºB
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No âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica (E.V.T.) tive a
oportunidade de visitar o Museu Mestre
Martins Correia, que se situa na Gole-
gã.
No dia 7 de Fevereiro comemora-se o
centenário do nascimento do Mestre.
O Mestre, ao longo dos anos, fez traba-
lhos em muitos países mas nunca
abandonando a sua cultura.
O Mestre pintava e esculpia essencial-
mente mulheres do campo, pois como
ele nasceu na Golegã, apreciou desde
que nascera, as mulheres a trabalhar
no campo. Ele trabalhou ainda escultu-
ras a bronze, o que lhe agradava mui-
to.
O Mestre deixou-nos uma grande
variedade de esculturas e pinturas. De
todas as obras a que mais captou a
minha atenção, foi uma escultura efec-
tuada com mármore brilhante.
Fiquei ainda a conhecer o verdadeiro
nome do Mestre que era Joaquim Mar-
tins Correia.
Esta visita enriqueceu os meus conhe-
cimentos culturais.
Rita Lopes - 6º B
ta e escritor o que me surpreendeu
porque eu não sabia nem imaginava.
Eu fiquei admirada como é que ele
conseguiu conciliar as suas quatro pro-
fissões.
Eu vi muitas esculturas e pinturas, mas
o que eu mais gostei foi de uma cara
de uma senhora, uma escultura lindís-
sima feita de mármore.
O Mestre tinha grandes amigos e fez
esculturas das suas caras
Esses amigos também pintaram qua-
dros e ofereceram ao Mestre.
O Mestre tinha uma filha chamada Isa-
bel Martins Correia. Ele ficou cego
quando estava a pintar um quadro o
que tornou muito difícil conseguir aca-
bá-lo.
Ele fez muitas obras no período entre
1940 e 1998. Ele morreu em 1999, com
89 anos. Se fosse vivo o Mestre faria
100 anos no próximo dia 7 de Feverei-
ro.
Ana Raquel - 6ºB
No âmbito da disciplina de Educação
Visual e Tecnológica, tive a oportunida-
de de ir visitar o Museu Mestre Martins
Correia, no dia 28 de Janeiro de 2010.
Quando cheguei ao Museu, acompa-
nhada de duas professoras e os meus
colegas, uma senhora veio ter connos-
co fazendo-nos uma visita guiada.
Começou por se apresentar, dizendo
que se chamava Isabel, de seguida, o
nome do Mestre e que tinha nascido na
Golegã, mas que foi para uma escola
de adopção.
Na parte de cima do Museu vimos
vários quadros, esculturas, muitas
esculturas onde estavam imagens de
pessoas. O Mestre também gostava de
esculpir, em mármore, brita, etc…
No final da visita, fomos para uma sala
onde estavam muitos quadros e a D.
Isabel entregou-nos um documento
que referia as várias obras de Joaquim
Martins Correia.
Joana Silva - 6º B
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
No ano em que se comemora o cente-
nário do nascimento de Mestre Martins
Correia e no âmbito da disciplina de
EVT, visitámos o museu Mestre Mar-
tins Correia, na Golegã.
Nessa visita ficámos a conhecer muitas
coisas interessantes e curiosas sobre a
vida do Mestre. Por exemplo o seu
nome completo que era Joaquim Mar-
tins Correia, nasceu na Golegã, em
1910. Estudou na casa Pia e mais tar-
de tirou o curso de Belas Artes. Foi
professor das Escolas Técnicas e pos-
teriormente assistente na Escola Supe-
rior de Belas Artes.
O desenho, a pintura, a escultura e a
poesia fizeram parte de toda a sua
vida. Teve uma longa e gloriosa carrei-
ra.
A cor era um elemento obrigatório dos
seus quadros, como forma de transmitir
calor e felicidade.
O bronze era o material que mais gos-
tava de trabalhar.
Para o Mestre as suas obras eram uma
continuidade de si próprio, tinha com
elas uma relação de pai para filho.
Uma das obras mais emblemáticas do
Mestre é a Torre Vasco da Gama -
Painéis de Azulejo alusivos à viagem
de Vasco da Gama à Índia. Esta foi a
sua última obra e sobre ela referiu:
“No enorme Oceano há sombras
Tudo é fantástico
Os espaços alongam-se misteriosa-
mente
Ondas, uma caravela
Cem Portugueses dentro dela
Com um capitão navegador
Que medo Senhor, que pavor
Chegar à Índia assim
Já lá vai o século XV
Tão distante de mim”
Por tudo isto eu gostava de ter conhe-
cido pessoalmente o Mestre Martins
Correia.
Francisco Martinho - 6ºB
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No dia 28 de Janeiro, eu e a minha
turma fomos ao Museu Mestre Martins
Correia, na Golegã.
Quando lá chegámos, a nossa profes-
sora estava aborrecida connosco, pois
tínhamos ido a brincar durante todo o
caminho e, antes de entrarmos, tive-
mos de ouvir uma breve explicação das
regras, de maneira a não haver nenhu-
ma infracção, o que não aconteceu
porque não estivemos com a devida
atenção.
A indicação que os professores nos
deram quando entrámos no museu foi
a de esperarmos em silêncio, durante
alguns momentos. Passados já dez
minutos, passou-me pela cabeça que
tivesse acontecido algum imprevisto,
mas o meu pensamento foi interrompi-
do por uma voz feminina:
- Antes de mais nada, boa tarde!
Era a senhora que nos ia servir de guia
e que, como uma fonte de sabedoria,
nos iria explicar a história de cada pin-
tura, escultura ou medalha.
- Por favor, não façam barulho porque
está a realizar-se uma reunião.
Começámos a andar e fomos dar a
uma escada que subimos degrau a
degrau, e de onde se avistava uma
linda escultura feita pelo nosso querido
Mestre Martins Correia, que era ainda
mais bonita do que consigo dar a
entender.
Subidas as escadas, encostámo-nos a
um canto. A nossa «guia» começou por
nos perguntar:
- Já ouviram falar no Mestre Martins
Correia?
Ficaram todos calados, a pensar, até
que soou num murmúrio:
- Eu acho que era pintor, escultor,
No dia 28 de Janeiro de 2010, tive a
oportunidade de visitar pela primeira
vez o famoso museu do meritíssimo
senhor Joaquim Martins Correia.
O Mestre tornou-se muito famoso pelas
suas pinturas a óleo e esculturas a
bronze.
No museu encontravam-se várias
obras e pinturas suas e de vários ami-
gos. Além disso, também existem
vários auto-retratos e várias esculturas
de mulheres que trabalhavam no cam-
po.
As obras do Mestre Joaquim Martins
Correia fascinaram-me, nunca imaginei
ver obras tão bonitas feitas pela pes-
soa mais famosa da Golegã.
Bernardo Duarte - 6ºB
No dia 28 de Janeiro de 2010, fui com
a minha turma e com as professoras de
Educação Visual e Tecnológica ao
Museu Mestre Martins Correia uma vez
que era a comemoração do centenário
do Mestre Martins Correia que terá
lugar no dia 7 de Fevereiro.
Quando partimos rumo ao Museu
íamos todos animados para ver a expo-
sição e quando chegámos os nossos
olhos brilharam com tanta beleza.
Uma senhora fez-nos uma visita guia-
da, mas antes de começarmos a ver as
magníficas obras de Martins Correia,
ela explicou-nos um pouco da vida do
Mestre. Disse-nos que ele tinha nasci-
do na Golegã, a 7 de Fevereiro de
1910 e morrido a 30 de Julho de 1999.
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
Ficou órfão em criança, na sequência
da morte dos pais atingidos pela gripe
pneumónica, tendo ficado ao cuidado
de uma senhora. Em Novembro de
1922 foi para o Colégio Casa Pia onde
concluiu o curso industrial. Também
nos explicou que Mestre Martins Cor-
reia tinha sido professor do ensino téc-
nico profissional nas Caldas da Rainha
e em Lisboa.
Depois dessas informações, começá-
mos por ver uma fotografia do Mestre e
seguidamente várias obras, tais como:
medalhas em bronze (umas pequenas,
outras grandes) e vários quadros.
Reparámos que ele utilizava muito o
amarelo vivo, o castanho, o vermelho,
o laranja, o verde-garrafa, o azul, o
preto e o branco para pintar. Também
observámos que Martins Correia utili-
zava muito as pessoas do povo, as
mulheres e o cavalo nas suas obras.
Seguimos para uma sala onde estavam
os bustos de Sophia de Mello Breyner
Andresen, Miguel Torga, Jaime Corte-
são, Natália Correia e Fernando Namo-
ra, também da autoria de Martins Cor-
reia, juntamente com alguns quadros e
uma estátua que representava o mar.
Depois de observarmos essas obras
magníficas, voltámos para a escola
muito inspirados e motivados para tra-
balhar.
Rita Canelas - 6º A
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No dia 26 de Janeiro, fui com a minha
turma ao Equuspolis ver a exposição
de Martins Correia.
Eu gostei muito das obras do Mestre,
principalmente das esculturas de pes-
soas que foram colegas dele.
Ana Raquel - 5ºA
No Museu Martins Correia vi várias
obras.
Gostei de ver os quadros e as escultu-
ras.
Foi a terceira vez que lá fui, mas gostei
de lá ir na mesma.
No museu, também ouvi que o primeiro
nome dele era Joaquim, então o nome
completo é Joaquim Correia Martins.
Na exposição reparei no contraste do
preto com o branco.
Havia obras feitas de bronze a imita-
rem cabeças de pessoas que são ou
foram importantes, como Sophia de
Mello Breyner e Luís de Camões.
A nossa guia disse-nos que a última
obra que o Mestre Martins Correia fez
foi para a Expo, em 1998.
No museu, que se situa na Equuspolis,
deram-nos um papel onde estão as
obras dele.
Eu gostei muito de lá ir e espero voltar
lá, porque «o saber não ocupa espa-
ço».
Gonçalo Lino - 5ºA
doutor, … - era a voz de uma colega
minha, a Mariana.
- E achas bem! É isso mesmo!. – retor-
quiu a «guia».
Entretanto prosseguimos a visita:
vimos quadros, esculturas, medalhas
grandes e pequenas.
Por fim, visitámos a última sala e, de
seguida, fomos para baixo.
Agradecemos à nossa «guia». Os pro-
fessores deram-nos uma lista com
nomes de obras do Mestre Martins
Correia e partimos para a escola.
Foi assim a visita ao «Museu Mestre
Martins Correia».
Maria José Santos - 6º A
Fui visitar o Museu Mestre Martins
Correia, situado no Equuspolis, na
Golegã. Achei giro, só lá tinha estado
quando ainda só havia computadores.
Agora, como museu está muito bonito.
Gostei muito de uma escultura feita em
mármore brilhante.
Fiquei a saber que o Mestre Martins
Correia nasceu no dia 31 de Janeiro de
1910, viveu na Casa Pia e tirou o curso
de Desenho.
Xénia Soares - 7ºA
Eu vi muitas estátuas feitas pelo Mes-
tre Martins Correia. Vi quadros cheios
de cor, observei medalhas e muitas
esculturas bonitas, como por exemplo,
o pelourinho que é uma estátua de
uma mulher com um livro na cabeça.
É muito bonito.
Miguel Silva - 7ºA
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
Nesta visita eu gostei muito da criativi-
dade do Mestre Martins Correia, tanto
na escultura, como na pintura.
Adorei as cores que ele escolheu: o
vermelho, o amarelo, o azul… porque
antigamente as pessoas preferiam o
preto e branco.
Ana Carolina Bernardo - 7ºA
Eu gostei de ir ao museu porque é
bom ver o que Joaquim Correia Martins
fez.
Ele tinha muito talento para a escultura
e pintura, apesar de para nós serem
riscos, para Joaquim Martins Correia
são uma vida, uma palavra, um símbo-
lo, corpos, rostos e muitas coisas boni-
tas.
Daniela Domingos - 7ºA
Eu gostei muito do museu.
Gostei dos quadros, das esculturas,
das pinturas e dos rostos.
Se Joaquim Martins Correia ainda fos-
se vivo, gostava de o conhecer, para
aprender a fazer com ele a sua arte.
Rafael Gomes - 7ºA
No museu do Mestre Martins Correia,
eu vi esculturas tão bonitas que até as
gostava de desenhar na aula de E.V.T..
Vi pedras e nelas estavam desenhadas
umas casas, que pareciam as da Gole-
gã.
Vi algumas esculturas em bronze e
quadros pintados a preto, cinzento e
branco, como um quadro de um cavalo
que está junto da sala das esculturas.
Nesta sala de que eu vos falei agora,
está uma estátua em ponto pequeno
da estátua que está junto do pelourinho
da Golegã.
Foi o que eu vi no Museu Mestre Joa-
quim Martins Correia.
Rúben - 5ºA
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Quando fui ao museu, logo à entrada
havia uma obra que parecia ser um
soldado e estava bem pintado.
Subimos as escadas e vimos obras
feitas de mármore, de bronze e de
outros materiais.
Ele também fazia pinturas: umas colori-
das e outras a preto e branco. Entrá-
mos numa sala onde tínhamos quadros
por todo o lado, falámos sobre as suas
obras e deram-nos umas folhas com os
nomes das suas pinturas.
Foi óptima a visita e podemos dizer
que Joaquim Martins Correia tinha um
grande dom.
Miguel - 5ºA
Este ano comemoram-se os 100 anos
de Martins Correia.
Fomos ao Museu e vimos esculturas
de mármore, madeira…
Disseram-nos que o Mestre gostava de
cores porque sem cores as obras de
arte ficavam «frias».
O primeiro nome do mestre era Joa-
quim.
No museu, havia quadros onde ele
tinha pintado senhoras.
Este senhor fazia esculturas perfeitas,
mas esculpia mais senhoras, como a
Sophia de Mello Breyner entre outras.
No fim, havia uma sala com pinturas
que os amigos lhe ofereciam.
Sarah - 5ºA
Este ano comemora-se o centenário
do nascimento do Mestre Martins Cor-
reia. Como tal, visitámos o seu museu.
Este tem lá quase todas as esculturas
e pinturas do mestre.
Tem pinturas muito bonitas, às vezes
um pouco estranhas, mas tinham todas
uma particularidade: tinham quase
sempre rostos de mulheres. Nas escul-
turas também, mas mais de pessoas
conhecidas como Luís de Camões e
Sophia de Mello Breyner.
Fomos a uma sala que tinha muitas
pinturas e deram-nos umas folhas com
as obras que ele tinha feito.
Também ficámos a saber que o primei-
ro nome do mestre é Joaquim.
Foi uma visita muito interessante. Ado-
rei-a!
Ana Catarina - 5ºA
Este ano comemoram-se os cem anos
do Mestre Martins Correia.
Martins Correia gostava de retratar o
povo, a mulher e também alguns ami-
gos.
Gostava da cor porque pensava que
uma pintura ou escultura a preto e
branco era fria, para ele, a cor é que dá
todo o calor.
O Mestre também trabalhava muito
com materiais misturados.
Martins Correia ficou marcado na His-
tória por ser um dos primeiros artistas a
dar cor às esculturas.
Maria Madalena - 5ºA
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
Nós fomos ao museu onde estão
expostas as suas belas obras. Ele gos-
tava muito de desenhar rostos e escul-
pi-los em vários materiais. Também
gostava de desenhar mulheres nuas.
Vimos muitos quadros com o seu sím-
bolo. Tinham muitas cores e eram mui-
to alegres.
Ele esculpia a cara dos seus amigos e
conhecidos.
Martins Correia fazia obras de pedra,
mármore, estanho e ferro. Fez uma
cidade com pedras de calçada.
Na exposição, entrámos numa parte do
museu onde estavam expostas as
estátuas que ele fez. Depois fomos
para outra sala, onde estavam quadros
oferecidos por amigos.
A nossa guia disse-nos que ele se cha-
mava Joaquim Martins Correia e que
andou na Escola de Belas Artes, em
Lisboa.
Aquele museu é uma fonte de inspira-
ção.
Francisco - 5ºA
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No dia 28 de Janeiro, eu e a minha
turma fomos ao Museu Mestre Martins
Correia, tendo esta ida o propósito de
nos inspirar para um trabalho de Edu-
cação Visual e Técnológica.
Pelo caminho, a minha turma convivia,
ou seja, nós brincávamos uns com os
outros. Mas, quando chegámos, a Pro-
fessora Cristina Rodrigues, explicou-
nos todas as regras que deveríamos
seguir dentro do Museu.
Quando entrámos, fomos recebidos por
uma das funcionárias do Museu que
nos explicou quem fora Mestre Martins
Correia. Aprendemos logo que, no dia
7 de Fevereiro de 1910, na Golegã,
nascera um artista que cedo ficou
órfão, tendo, se seguida, ido para a
casa Pia onde mais tarde daria aulas.
Depois, quando subimos para o primei-
ro andar, começámos a ver as escultu-
ras e as pinturas a atravessarem-se
pelos olhos dentro. Só de pensar que
tinha sido um goleganense a fazer
aquelas obras de arte!!!…
Nas suas pinturas e até esculturas
podemos encontrar o preto, o branco, o
vermelho, o verde-garrafa como cores
predominantes. O Mestre também não
esqueceu de utilizar a sua bela vila da
Golegã, a mulher camponesa e os
cavalos, entre outros motivos, nas suas
obras.
Mariana Nunes - 6.ºA
No Museu Mestre Martins Correia, eu
vi pinturas e esculturas muito bonitas.
A guia disse-nos que o Mestre gostava
de usar cores quentes e não cores
frias. Também usava o contraste.
Eu e os meus colegas vimos as cha-
madas «pinturas pornográficas». Tam-
bém vimos esculturas de medalhas
sobre os Descobrimentos e vimos uma
escultura de Sophia de Mello Breyner.
Rafael - 5ºA
Quando cheguei ao museu, vi logo à
frente das escadas uma obra dele: era
a cara de uma pessoa.
Chegando lá acima, a senhora do
museu disse-nos que as obras dele
tinham todas cara, e era mesmo verda-
de! Ele dizia que uma obra sem cara,
era uma obra fria. Também reparei que
a maior parte das obras eram mulheres
e quase todas tinham uma coisa na
cabeça, era um pano enrolado e posto
em cima da cabeça para as bilhas não
estarem em contacto com a cabeça.
Martins Correia também desenhava
corpos de mulheres e camponesas.
No museu havia várias obras e muito
engraçadas.
Verónica - 5ºA
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos (textos)
Na minha aula de E.V.T., as minhas
professoras organizaram uma visita ao
Museu «Mestre Martins Correia».
No museu havia esculturas de mármo-
re e pinturas lindas. Dava para perce-
ber que Joaquim Martins Correia gosta-
va muito de mulheres, porque nas pin-
turas havia imensas mulheres dese-
nhadas. Algumas estavam nuas. Tam-
bém devia gostar muito da filha, era
uma das esculturas que lá havia.
Dentro de uma espécie de caixa de
vidro, estavam medalhas que pareciam
ser de barro. Lá, estavam desenhadas
caras e coroas.
Havia também esculturas de pessoas,
umas sem pernas, outras sem braços,
e havia quadros coloridos, porque o
Mestre Martins Correia achava que os
quadros sem cor não tinham muito
interesse.
Gostei imenso da visita, foi muito inte-
ressante, eu adorei!
David - 5ºA
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Jardim de Infância de Golegã Sala Verde
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COMO SE FOSSE UM FILME…
OLHARES
Homenagem dos alunos do 1º Ciclo ao Mestre Martins Correia (Escultor, Pintor e Poeta), ilustre Goleganense e Patrono da Escola sede do nosso Agrupamento.
Sala
CIBER-MIÚDOS No dia 22 de Fevereiro de 2010 as
turmas do 4º ano foram visitar o Museu Mestre Martins Correia.
Joaquim Martins Correia nasceu a 7 de Fevereiro de1910 e faleceu no dia 30 de Julho de 1999.
Martins Correia dedicava-se à pintu-
ra, escultura e escrita. Ele gostava mui-
to de desenhar corpos e rostos de
mulheres.
Sala dos Gatinhos)
Algumas das suas esculturas cha-mam-se: Homem do mar, Mulher do mar, Mulher do campo (Camponesa) … O Mestre também gostava muito de esculpir a cara dos seus amigos e dos seus parentes. Ele tinha cores preferi-das tais como: azul, vermelho, amare-lo, verde e preto.
As esculturas e as pinturas dele estão expostas ao público no Equuspo-lis. Antes, estas maravilhas estavam no Palácio do Pelourinho.
Golegã, 22 de Fevereiro de 2010 Rodrigo Toito
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 3º Ano
BRANCA DE NEVE
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Sala do 4º Ano
AMIGUINHOS
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Pedro Silva
Gustavo Susano
Rui Conceição
Liliana
Margarida Lourenço
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 2º Ano - PATITOS
Nicole Felício]
Rui Conceição
Mariana Sofia
Alexandre Lança
Francisco Barrote
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 4º Ano - GATINHOS
Joaquim Mestre Martins Correia, nas-ceu no ano de 1910, no dia 7 de Feve-reiro. Ele era uma pessoa que se inte-ressava pelas obras de arte. Martins Correia começou a pintar quando era jovem.
Ele pintava com azul, verde, amarelo, vermelho e cor-de-laranja.
As estátuas que fazia eram de pedra, bronze, mármore e pedra brilhante.
Mestre Martins Correia, quando já era idoso, deu as suas grandes, espan-tosas e bonitas estátuas, quadros e medalhas à Golegã.
É assim um pouco do passado de Joaquim Mestre Martins Correia.
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Francisco Costa
Joana Margarida
Joana Silvestre
João Pratas
Maria Constança Lagarto
Maria Teresinha Jorge
Sala do 1º Ano
GIRASSÓIS
Joana Margarida
Matilde Barrote
Maria Teresinha
Carlos Nunes
Ana Francisca
Ana Rita
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Carlos Cachado
Ana Francisca
Constança Nalha
Carlos Cachado
Fábio Lopes
Francisca
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Andreia Costa
André Contente
Duarte Almeida
Mariana Freire
Pedro Mendes
Sérgio Lopes
Marta Pereira
Matilde Barrote
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 3º Ano
BORBOLETAS e GRILOS
Ana Barradas
Cláudia Amarchande
Carolina Campino
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Sala do 1º Ano
GOLFINHOS
Cristiana Pimentel
Rúben Vilela
Diogo Alcobaça
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Lara Lourenço
Inês da Guia
Inês Alexandra
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 2º Ano
PAPAGAIOS DE PAPEL
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Morreu com 89 anos no dia 30 de
Julho de 1999. Tem várias esculturas
por todo mundo.
Foi um grande artista.
Kane D’Arcy
Testemunho
José Coelho
Escultor, Pintor e Poeta
Direi de Mestre Martins Correia, ami-
go que me acompanhou numa parte
importante da minha vida, o que Antoni
Tàpies, pintor catalão, quando chegou
a Paris, disse de Picasso depois de o
visitar no seu ateliê, após lhe ser atri-
buído o Prémio da Paz, “Tive a oportu-
nidade de constatar a grandeza do seu
espírito em todos os momentos em que
se precisou dele. E vi de forma palpá-
vel que um grande Artista é sempre um
grande Homem”.
Jamais me esquecerei da enorme
eloquência do mestre, quando este me
ajudou a organizar e a montar a minha
primeira exposição em Constância, no
início da década de oitenta.
Obrigado Mestre Martins Correia.
Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
Sala do 4º Ano
CIBER-MIÚDOS
O Mestre Martins Correia
Eu, esta tarde, fui aos Equuspolis ver
as várias esculturas do artista Joaquim
Martins Correia.
Aprendi muitas coisas. Ele nasceu
em 7 de Fevereiro de 1910. Se fosse
vivo faria 100 anos.
A vida dele foi triste porque os pais
morreram ainda ele era muito pequeno.
Ele ficou entregue a uma ama, mas
tornou-se um "senhor" porque naquela
altura nem todos tinham a sorte dele.
Ele foi para a Casa Pia, foi lá que
aprendeu a ler e a escrever e decidiu
ser escultor.
E assim foi, tornou-se também pintor,
escritor.
O produto com que gostava mais de
trabalhar era o bronze, para esculpir.
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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Visita ao Museu Mestre Martins Correia - Trabalhos realizados pelos alunos
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A arte entrou no jardim de infância!
Como estivemos atentos e interessa-
dos. Já repararam?... Estávamos vidra-
dos!
Foi muito enriquecedor este momento.
Ficámos a conhecer aspectos caracte-
rísticos da obra do M. M. Correia, como
por exemplo, a utilização frequente da
cor vermelha, a representação de
aspectos da vida rural e outros.
Fizemos algumas perguntas e, por fim,
até fizemos puzzles.
Portámo-nos tão bem, que consegui-
mos da parte da formadora a promessa
de voltar em breve.
Visita ao Museu Mestre Martins Correia
Jardim de Infância de Azinhaga - Sala dos Golfinhos
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Visita à Estação do Metropolitano - Picoas
_________________________________________________
Realizou-se, no dia 4 de Fevereiro do corrente ano, no
Equuspólis, um momento musical apresentado pela aluna
Rita Martinho do sétimo ano, turma B, aquando da apresenta-
ção do projecto intitulado Mestre Martins Correia “Um Museu,
Uma Escola”. A referida aluna apresentou uma peça de gui-
tarra clássica, preparada durante as aulas de guitarra na
Escola de Música do “Cantar Nosso” – Golegã.
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Outra homenagem….
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que vêm olhando realizam o que os
outros olhos têm em si para serem
ensinados, o que profundamente há
que exprimir no verdadeiro acto de ver.
Quando há amizade, ela é a comuna
que comunica É a união humana que
não se define, porque unindo-se tio
generosamente logo é inexplicável: É
a mão que aperta os dedos para em
sangue continuar, como o movimento
do rio para as grandes águas do mar A
verticalidade, que é o carácter, é a
linha desenhada de aprumo como a
verticalidade do remo da pescador fir-
me ao mar. É também o pinheiro hirto
no ar, na sensação de sentimento
móvel que se oferece, tanto manso em
terra, como bravo no mar. E esta ima-
gem fixa dos elementos que vos deixo
Que esta simples lição vos sirva ape-
nas para os entusiasmar na razão da
observação intensa e amante da natu-
reza, sentindo a criação plástica no
movimento de fluxo e refluxo que se
estabelece entre a terra e o mar
Em conclusão quero dizer o seguinte:
Cada país geográfico com as suas
diversas formas interiores constitui um
tema desenhado em si mesmo, que
esteticamente lhe é dado peta luz»
pela atmosfera, pela forma e pelo espí-
rito Mas tudo é diferente entre eles
Cada país tem o seu carácter próprio
no desenho da sua natureza e dos
seus homens que se desejam de espí-
rito modernamente jovem a um pro-
gresso ideal no dm H do amanhã *
Rapazes – que vos guie a minha men-
sagem de desenho pelo gosto da verti-
calidade e da amizade – nas formas
estéticas variadas – do real – do ima-
ginativo – do visionário – e do ideal
24 De Março de 1973
Um abraço! António Teme
MARTINS CORREIA
MORFOLOGIA POPULAR
Martins Correia é um nome que dis-
pensa apresentações O seu vastíssimo
e reconhecido currículo é por demais
evidente.
Desde 1922 que habita a zona de
Belém, foi aluno da Casa Pia Numa
carreira já longa, mais de 50 anos a
fazer Arte, são inúmeros os seus traba-
lhos; o mais recente pode ser aprecia-
do na estação de Picoas do Metropoli-
tano de Lisboa Na Golegã, onde nas-
ceu no ano de 1910, guarda-se o seu
espólio no Museu Municipal Escultor
Martins Correia já visitado por cerca de
9000 pessoas, entre elas nomes
sonantes como Mário Soares ou Aníbal
Cavaco Silva, como se poderá ler no
livro de registo aberto por Ramalho
Eanes que inaugurou aquele espaço
museológico.
Martins Correia soma vários prémios e
está representado em diversos museus
e colecções tanto em Portugal como
no estrangeiro. Foi Prémio Internacio-
nal na Noruega, recebeu também o
Prémio Diário de Noticias com a está-
tua em bronze de Amatos Lusitano.
Outros trabalhos que se poderá desta-
car, num total de mais de sessenta
trabalhos, a estátua de D Pedro V na
Cidade Universitária de Lisboa, a com-
posição, em Bronze no Tribunal de
Pinhel, a estátua de Pio XII para a
exposição de Arte sacra Missionária
nos Jerónimos ou ainda a estátua de S.
Francisco Xavier em Goa e o mármore
«A italiana» quando foi bolseiro do
Estado português em Espanha e Itália.
Ao doar grande parte do seu espólio à
terra onde nasceu, Martins Correia
espera que «com a sua presença de
artista estimulará a juventude da Golegã
ao trabalho e respeito pela moderna
obra de arte e seus artistas» Este seu
objectivo prende-se com aquilo que
mais gostaria de fazer «que os jovens
continuassem a amar a minha profis-
são - a nossa profissão de escultores
portugueses - pela forma e estilo da
corrente expressionista da função poé-
tica».
In Ecos de Belém, Abril 1995
Recordando
Última lição de Martins Correia:
O tempo não conta. Ainda foi ontem
que aqui entrei para o meu primeiro dia
na qualidade do aluno da Casa Pia.
Revejo os meus estimados professores
e muito particularmente evoco o sau-
doso Professor de Desenho e tam
bém, por sua vez, ex-aluno, Pintor
Pedro Guedes* que me preparou,
então para ingressar na Escola de
Belas Artes Evoco igualmente os meus
colegas e amigos de sempre, que
comigo conviveram nas aulas e vive-
ram as actividades recreativas todos
eles devo a minha formação e deles
destaco os 38 colegas que também a
expensas desta instituição se forma-
tam mi cursos superiores de Engenha-
ria, Medicina, Advocacia, Economia e
nos cursos superiores do Exército, da
Marinha e das Belas Artes: este é o
grau da minha mocidade que evoco.
Querendo transmitir assim o entusias-
mo juvenil de outrora à vossa consciên-
cia com o fim de que continuem a esti-
mar os vossos professores e condiscí-
pulos de aula e de actividades recreati-
vas no sentido de estimular o vosso
senso educativo para um dia virem a
dignificar o bom nome da Casa Pia.
Para os alunos de desenho quero
expressar esta mensagem: Portugal
possui geograficamente um contorno
desenhado e dentro dele cabem a luz
do sol e da lua que lhe empresta parti-
cularidades próprias de observação:
Com as árvores alimentadas pela natu-
reza e pelos homens que as querem,
crescem num conjunto de intensa har-
monia, onde recebeu* do sol nos dão a
sombra que é mancha fortemente colo-
rida do poisar e amar. Temos também
o oceano, que no desenho das suas
ondas sempre variadas nos ensina o
ritmo da natureza de que fazemos par-
te, é dentro destes conceitos poéticos -
estéticos de desenho retido pela obser-
vação (conceitos que adquiri peto habi-
to de observar a natureza e os
homens ) que se moveu a minha per-
sonalidade de aluno e de professor:
Involuntariamente, através dos olhos,
cultivei-me da verticalidade e da amiza-
de e num acto de amor, em que reflec-
ti, reconheço que os olhos são a pri-
meira inteligência que mergulham na
saúde do produzir. Quer dizer Os olhos
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do maior prestigio - quer em Portugal
quer noutros países - Ihe têm sido atri-
buídos
Porque sou uma leitora fiel que encon-
tra sempre na sua escrita um fascínio
inigualável, penso que escolher o seu
nome, é sobretudo um prestigio para a
nossa Escola
Celeste Isabel
Tal como cada indivíduo tem a sua
identidade, entendendo-se este concei-
to como tudo aquilo que faz com que
ele seja um determinado sujeito e não
outro, também a minha escola tem
identidade, é singular, porque a minha
escola não se confunde com nenhuma
outra, é a minha.
E donde lhe vem essa identidade que a
torna única? Vem-lhe do sitio onde está
(na Golegã, na Rua Luís Camões);
vem-lhe do aspecto que tem (os edifí-
cios aquele verde todo, as flores); vem-
Ihe das. pessoas, que não são umas
pessoas quaisquer.
É verdade,
as pessoas
na minha
escola não
são iguais
às outras:
os profes-
sores são
diferentes,
os funcio-
n á r i o s
"tios", os alunos são diferentes. Ou
então sou eu que os vejas diferentes.
Talvez seja porque gosto dela. Não
posso esquecer como ela tem também
contribuído para ir traçando a minha
identidade, para que eu seja eu. A
curiosidade faz-me imaginar como
seria eu se não estivesse aqui.
Mas penso em mim e no meu nome,
penso nas pessoas da minha família
que têm nome, penso nos meus ami-
gos que têm nome, penso nas ruas que
têm nome, no meu cão que tem nome,
. .
E por que razão a minha escola não
tem nome? E paradoxal numa terra em
que coexistem frequentemente dois
códigos para identificar os indivíduos,
Não tenho fome, dizem…
Quem sou e para onde vou,
também me pergunto..
Mais absurdo,
O que faço aqui…
Sinto-me vida
Cheia de nada,
Tudos que valem nadas,
Perante a vida que nos merece tudo.
Quero dar,
Quero partilhar,
Pela mudança caminhar,
Um mundo colorido imaginar,
Dar voz a quem quer amar
E o seu nome eternizar.
Martins Correia... Saramago…
Luís de Camões é a minha Rua.
Um nome, outro nome,
Quero um nome que me torne tua.
C+S da Golegã
Quando
nós nascemos os nossos Pais esco-
lhem para nós um nome pelo qual pas-
samos a ser chamados. A decisão de
atribuir este ou aquele nome a uma
criança, é sempre urna escolha que
envolve vários componentes. Escolhe-
se um nome ou porque se gosta dele,
ou porque se quer homenagear alguém
que se admira, ou porque se quer per-
petuar a memória de algum familiar
desaparecido, ou por qualquer outra
razão.
Assim, escolher um nome para atribuir
a uma pessoa é sempre uma escolha
que se faz. E essa escolha é importan-
te, porque o nome é aquilo que é ver-
dadeiramente nosso, que nos identifica
como pessoa, que faz com que eu seja
mesmo "eu" e não outro qualquer.
Daí a importância de sabermos os
nomes uns dos outros para podermos
ser individualizados, personificados,
À Procura de um Nome - Artigos Publicados neste jornal - (Nº 13 e 15 - II Série - Dez./1997 e Junho /1998)
e não nos
sen t i rmos
um colecti-
vo abstrac-
to. Quantos
de nós
sabemos os
nomes uns
dos outros?
Q u a n t o s
professores sabem os nomes dos seus
alunos?
Quantos alunos sabem os nomes dos
seus professores? Não saber o nome
da pessoa que vive ao nosso lado,
significa não ter com ela uma relação
personificada.
Ora, a que vem esta conversa toda a
propósito de nomes? E que a nossa
E s c o l a n ã o t e m n o m e !
Quando a ela nos referimos, costuma-
mos dizer "A C+S", ou pior ainda, "O
Ciclo". Ora estes "nomes", não são
nomes, são categorias, tipos, que até
já nem correspondem à realidade.
Identificam o tipo de Escola, como há
muitas no país inteiro, mas não esta
que fica situada na Golegã - a nossa -
onde passamos uma parte tão grande
do nosso tempo e da nossa vida.
Este ano, em que tão renovação nela
se deu, penso que é a altura ideal para
nos pormos todos a procura de um
nome que Ihe fique bem, de que goste-
mos e que esteja relacionado com a
zona em que vivemos: Ribatejo, conce-
lho da Golegã. vamos todos começar a
procurar um nome?
A redacção do Encontro esta pronta a
acolher todas as sugestões. Então aqui
vai a primeira.
Eu gostaria que a nossa escola se cha-
masse "Escola José Saramago".
Porque escolho eu este nome?
Uma escola é, por definição um local
que deve desenvolver em todos que
nela vivem- alunos, professores, fun-
cionários- o gosto pela cultura e pelas
letras. José Saramago, natural da Azi-
nhaga, é um escritor cuja escrita esta
marcada pelas suas origens rurais riba-
tejanas, tantas vezes preferidas pelo
próprio escritor quando de si fala. José
Saramago é hoje no mundo das letras
portuguesas em caso singular. Prémios
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oficial (nome do B. I. ) e o não oficial
(alcunha), como se uma denominação
não bastasse, não satisfizesse a
necessidade de nomear. Situação simi-
lar ocorre com a toponímia. A maior
parte das ruas são mais correntemente
conhecidas pela "alcunha" que pelo
nome cadastral.
Toca pois o absurdo que em relação à
nossa escola nos satisfaçamos com
ausência de nome, com a frieza e sen-
saboria de Escola C+S da Golegã. A
minha escola tem alma bolas ! Tem
que ter nome.
Vêm-me alguns nomes à cabeça. Mas
há um que volta sempre. Não vou dizê-
lo, não devo influenciar Porem não
consigo calar! E porque não dizê-lo?
Eu tenho as minhas razões. Então cá
vai - MARTINS CORREIA.
Não vou alongar-me a falar do Mestre
como artista. Está consagrado, todos o
sabemos e, portanto, ao lado da esco-
las como Luís de Camões, Gil Vicente
ou outros, ficaria entre pares. Mas o
Homem meu Deus! Esse é sublime!
Não é como alguns artistas, distantes,
e m p r o a d o s ! E u g o s t o d e l e .
Cruzo-me com ele na rua, vejo-o a
fazer a vida simples que nós fazemos,
encontro o no Central, vejo-o caminhar
para a sua casa.
Às vezes pergunta-me pela escola e
pelos meus alunos. O seu sorriso, a
sua simplicidade, a sua sensibilidade, o
seu estar aqui Tão Perto tocam-me
profundamente.
Confesso que me daria prazer dizer
que trabalho na Escola Mestre Martins
Correia, porque eu gosto da minha
escola e porque gosto do meu Mestre.
Desculpem o possessivo antecedendo
Mestre, mas eu sinto-o como meu,
como nosso.
Lurdes Pires Marques
O NOME QUE ENCONTRÁMOS
Pediu-me um dos responsáveis pelo "
Encontro ", que escrevesse sobre a
escolha que foi feita do nome a atribuir
à nossa Escola. Respondi que não era
a pessoa indicada, e que seria um "
risco " se fosse eu a escrever...! A
minha advertência não foi aceite, e
aqui estou eu a dar-vos conta da deci-
são final.
Os nomes propostos eram os seguin-
tes José Saramago e Martins Correia
( proposta de professores ); Maria
Amália da Câmara Pina ( proposta da
Associação de Estudantes ); Galvão de
Figueiredo ( proposta dos Funcioná-
rios ).
No Conselho Pedagógico de seis de
Maio, e com a presença de dois repre-
sentantes da Associação de Estudan-
tes e da Chefe do pessoal Auxiliar,
apresentaram-se oralmente as propos-
tas. Bastante tempo antes, tinham sido
apresentadas por escrito, para que
todas as pessoas as pudessem ler.
Após algum tempo de discussão, pro-
cedeu-se à votação. Ganhou a propos-
ta que apresentou o nome de Martins
Correia.
Como os leitores do " Encontro "
sabem, a minha proposta era José
Saramago. Não fiquei, pois, contente
com a escolha, e continuo com a con-
vicção clara, que a escolha não foi a
melhor. Não, obviamente, por não
reconhecer no Mestre um Homem de
Cultura mas por me parecer excessivo
ter numa terra tão pequena, um Museu
e uma Escola com o nome da mesma
pessoa. E para mim uma redundância.
Esta escola não serve só os alunos da
Golegã, mas também os da Azinhaga
( terra natal de José Saramago ), que
faz igualmente parte do Concelho.
Demonstrou-nos este século que ora
finda, que nem sempre as maiorias têm
razão, e por isso se ouve tanto hoje
falar no direito das minorias ".
É isso que sinto em relação a esta
questão, na convicção de que a Escola
e o Concelho ficariam prestigiados se
assinalassem de forma visível, a exis-
tência de um homem para quem a
dignidade humana e a liberdade são
valores fulcrais, e o escritor, que de
forma Ímpar, tem levado o nome de
Portugal às mais diversas culturas e
distantes países.
Resta a alegria de ver desaparecer a
placa " E. B. 2. 3. " para não termos a
sensação cada dia que passamos o
portão da Escola, de termos entrado
num quartel.
Acho que devia ser obrigatório todas as
escolas terem o nome de uma pessoa,
dado que é de pessoas que trata esta
casa.
Celeste Isabel
Propostas devidamente fundamenta-
das apreciadas em Conselho Peda-
gógico
Propostas de Professores:
Escultor Mestre Marfins Correia
Escritor José Saramago
Proposta da
Associação de Estudantes:
Dona Maria Amália da Câmara Pina
Proposta dos
Auxiliares de Acção Educativa:
Dr. Galvão de Figueiredo
Personalidade escolhida
Para Patrono da Escola
Mestre Martins Correia
À Procura de um Nome - Artigos Publicados neste jornal - (Nº 13 e 15 - II Série - Dez./1997 e Junho /1998)
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