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Page 1: Kin Kin / Divulgação EDITORIAL Permanente exclusãobiblioteca.fmlf.salvador.ba.gov.br/phl82/pdf/Hemeroteca/recorte67.pdf · SALVADOR DOMINGO 7/5/2017 OPINIÃO A3 71 3340-8991 (Cidadão

SALVADOR DOMINGO 7/5/2017 OPIN IÃO A3

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N a década de 80 ou 90 do século XX,não me lembro bem, houve umafeira de tecnologia no Centro de

Convenções. Pela primeira vez, a internetfoi apresentada ao público soteropolitano.O técnico, depois de passar informaçõesbásicas sobre a grande novidade no cenárioda informática, se colocou à disposição pa-ra esclarecer dúvidas. Fiz-lhe uma pergun-ta: quem é o responsável pela internet?Disse ele: ninguém.

A sua resposta me atemorizou. Com-preendi que um invento de tanto poderna sociedade seria um perigo funcionarsem alguém que controlasse prováveisações da fraqueza humana. Entregar ainternet à consciência individual e co-letiva é utopia quando ainda temos pro-vas inequívocas de que o homem nemsempre orienta a sua liberdade pelos câ-nones da ética e do bem comum.

E agora a pergunta mais angustianteainda, diante da última novidade digital:a Baleia Azul. Como pescá-la e mantê-lanuma prisão para ela não causar maistragédias a internautas imaturos, jovensinexperientes incapazes de enfrentar ofuror das suas guelras?

Atribuem-se ao fatídico jogo fenôme-nos horripilantes como flagelações e atésuicídios entre crianças e adolescentes.Isto não deve ocorrer num momento emque o ser humano está descobrindo omistério da vida e as motivações da fe-licidade. Será que a turma jovem não estásatisfeita com o novo jeito de viver da suageração? Para ela, na verdade muitastransformações acontecidas que a bene-ficiaram, representam a conquista de no-vos direitos em reação aos dogmas davelha guarda.

Na gênese de um suicídio está o de-sencanto que pode levar o homem aodesespero. Não viola o instinto de con-servação tão forte na pessoa humanaquem é feliz. Santo Agostinho, cérebrogenial, confessa depois de tanto procurara paz interior: “Senhor, fizeste-nos para Tie nosso coração não descansa enquantonão descansar em Ti”. Será que Deus nãoestá fazendo falta a eles?

Lamentavelmente fica provado que otodo poderoso cidadão da pós-moderni-dade evoluiu racionalmente, multiplicouconquistas científicas e tecnológicas, masnão conseguiu controlar os frutos dassuas vitórias. A Baleia Azul e outros fe-nômenos da cultura digital sinalizamuma defasagem entre os avanços da ciên-cia e da técnica e o amadurecimento hu-mano. Está na hora dos responsáveis pe-las comunidades sentirem a necessidadede parâmetros na saga tecnológica. Nãopodemos continuar a reboque da loucurade alguns perniciosos que agem sem dis-cernimento. É utopia pensar-se que aconsciência coletiva pode rastrear a li-berdade do homem. Se não houver li-mites impostos por legislações, as ferassatânicas continuarão destruindo a feli-cidade da criatura humana e arruinandoo próprio destino da humanidade.

Yvette AmaralProfessora universitá[email protected]

EDITORIAL Permanente exclusão

A morte e as mortes do centro histórico

Onde está alucidez humana?

atarde.com.br/bahia

DESTAQUESDO PORTAL

A TARDE

Loja promove aulade adestramento decães e feira de doação

Kin Kin / Divulgação

atarde.com.br/esportes

Acompanhe emtempo real os lancesde Vitória x Bahia

A exclusão do índiono processohistórico do Brasilé irreparável,uma exclusãopermanente

A brutalidade contra indígenas no do-mingo passado em Bahias, povoado noestado do Maranhão, antes de qualquerjulgamento ou apontamento de quem écerto e o errado, é um caso que expõe afragilidade de ser descendente de nativosamericanos e viver num Brasil que poucoresguardou do passado pré-invasão por-tuguesa em 1500 – numa outra ótica, oque são apenas palavras trocadas, do pas-sado pré-descobrimento.

Gamala é o nome da etnia da triboque foi atacada por um grupo de pis-toleiros ligados a fazendeiros, que se-gundo o Conselho Indigenista Missio-nário (Cimi), foi consequência de dis-puta de terras no pequeno povoado do

município maranhense de Viana.O enredo é conhecido, apesar de ser

“coisa de índio”, como o popularesco bra-sileiro perpetuou de geração em geraçãopara diminuir um assunto ou ação: cadaparte reivindica que tem direito sobre a

terra, desde a década de 1980 sob o con-trole de fazendeiros. No entanto, líderesda etnia Gamala há três anos comandama retomada daquele espaço.

Esta é uma dinâmica que se arrasta emdiversos pontos do território nacional,nu-ma disputa complexa que nem lei oudocumentos, até mesmo intervenção dogovernofederaloudadesmanteladaFun-dação Nacional do Índio (Funai) – maisisolada do que qualquer etnia que resisteao contato com outros homens – têmconhecimento necessário para mediar ademarcação de terras no país. Tem a ver,mesmo, com representatividade, e a ex-clusão do índio no processo histórico doBrasil é irreparável, uma exclusão per-

manente. Na escola, por exemplo, pou-quíssimo se fala dos nativos brasileiros,suas etnias e resistências. Como inte-grá-los agora?

Sem apoio do governo para reavermuitas das terras ocupadas, algumasem episódios tão sanguinários como odo domingo passado no Maranhão, osíndios perdem direitos num Brasil emque os antepassados assistiram bestia-lizados ser desmatado e corrompido pa-ra bem longe do que as tantas etniasentendiam como habitat natural. Mas,quando interditam estradas, canteirosde obras e invadem o Palácio do Pla-nalto, os índios devem ser penalizadospelas mesmas leis que os excluem.

N ão é só o centro histórico que estáenfermo. O Comércio, antigo centrofinanceiro do estado, está enfermo

também. Conheço inúmeros edifícios re-lativamente novos que têm um só elevadorfuncionando e são abastecidos por carrospipas, porque têm dívidas enormes com aEmbasa e a Coelba. Os proprietários de suassalas buscam quem se comprometa apenasa pagar o condomínio e o IPTU. Não é muitodiferente a situação da Av. 7 de Setembro eRua Chile, a main street de Salvador até osanos 60.

Será que podemos criminalizar os pro-prietários desses imóveis por omissão, ouserá que o problema é mais profundo, re-sultante de políticas públicas comprome-tidas? O nosso centro tradicional foi con-denado com a transferência de suas fun-ções centrais, na década de 1970, para um

novo centro periférico, na maior transaçãoimobiliária que esta cidade já viu, quandose transformaram glebas rurais de patacasem lotes dourados comerciais com o in-vestimento público. O poder político e aadministração estadual foram transferidospara o CAB e o econômico e comercial parao Iguatemi. Como se não bastasse, em 1992se expulsou a população e se excluiu oCentro Antigo e o Comércio do projeto dometrô. O drama da área é resultado doconchavo imobiliário.

Quando o Iguatemi e a Paralela setransforma em um dos locais mais con-gestionados, e inóspitos da cidade, a Orlado Atlântico, sem um parque costeiro ca-paz de amenizar a maresia, vira uma zonade motéis e shoppings decadentes e oestoque de terrenos do Corredor da Vi-tória se esgota, o capital imobiliário sepropõe, candidamente, a revitalizar oCentro Antigo. Uma senhora compra 150imóveis em Santo Antônio Além do Car-mo, outro cavalheiro adquire igual nú-mero de imóveis na Rua Chile e projetosimobiliários para o Largo Dois de Julho e

o Sodré são apresentados. Se pensam quevão verticalizar o Centro Antigo, se en-ganam.

Acho positivo que a Prefeitura se in-teresse pelo Centro Antigo, mas não creioque vá se resolver o problema pela jus-tialização e mercado imobiliário. Para re-construir 1500 ruínas e recuperar umaárea tão extensa não bastam isenções fis-cais. Quem são esses proprietários vir-tuais? Tirando uma franja com vista paraa baia, que pode interessar à pequenahotelaria, não creio que a nossa burguesiapossa querer morar em apartamentossem garagem, playground e transporte naporta. Creio sim num plano urbanísticoque envolva União, Estado e municípiocom investimentos pesados em mobili-dade e recuperação de ruínas e pardieirospara uma clientela de “Minha casa, mi-nha vida”, que inclua as 3.000 famíliascarentes que foram o sal da área e outrossetores sociais, como funcionários públi-cos, comerciários e estudantes. Sem essadecisão política, vai se continuar mor-rendo e liquidando o Centro Antigo.

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