UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Psicologia
Barbara Greici Beltani
Jéssica Aparecida da Silva Bazilio
Paula Fernanda de Carvalho Bezerra
Levantamento da desistência dos atendimentos dos
adolescentes no Serviço-Escola do Curso de Psicologia
do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium -
Lins
Lins – SP
2014
BARBARA GREICI BELTANI
JÉSSICA APARECIDA DA SILVA BAZILIO
PAULA FERNANDA DE CARVALHO BEZERRA
LEVANTAMENTO DA DESISTÊNCIA DOS ATENDIMENTOS DOS
ADOLESCENTES NO SERVIÇO-ESCOLA DO CURSO DE PSICOLOGIA DO
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILLIUM – LINS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Banca Examinadora do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium, curso de
Psicologia, sob a orientação da Profª Ma. Ana
Elisa Silva Barbosa de Carvalho e orientação
técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2014
Beltani, Barbara Greici; Bazilio, Jéssica Aparecida da Silva; Bezerra, Paula
Fernanda de Carvalho
Levantamento da desistência dos atendimentos dos adolescentes no
Serviço-Escola do Curso de Psicologia do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium - Lins / Barbara Greici Beltani; Jéssica Aparecida da
Silva Bazilio; Paula Fernanda de Carvalho Bezerra. – – Lins, 2014.
66p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2014.
Orientadores: Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho; Jovira Maria
Sarraceni.
CDU 159.9
1. Adolescência 2.Serviço-Escola 3.Psicoterapia 4.Desistência. I Título.
CDU 159.9
B391l
BARBARA GREICI BELTANI
JÉSSICA APARECIDA DA SILVA BAZILIO
PAULA FERNANDA DE CARVALHO BEZERRA
LEVANTAMENTO DA DESISTÊNCIA DOS ATENDIMENTOS DOS
ADOLESCENTES NO SERVIÇO-ESCOLA DO CURSO DE PSICOLOGIA DO
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM – LINS
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título Psicólogo.
Aprovada em: 10/12/2014
Banca Examinadora:
Prof. (a) Orientador (a): Prof. Ma. Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho
Titulação: Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie
Assinatura:_______________________________________
1º Prof.(a): Prof. Me. Aguinaldo José da Silva Gomes
Titulação: Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, UNESP.
Assinatura:_______________________________________
2º Prof.(a): Prof. Me. Oscar Xavier de Aguiar
Titulação: Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, PUC Campinas.
Assinatura:_______________________________________
Dedico este trabalho à minha querida mãe, Maria, razão da minha vida e meu
maior amor. A Sra. é, sem sombra de dúvidas, um exemplo de mulher, que me
ensinou que não se deve perder a fé e a esperança, sua alegria me contagia e me
inspira. Se Deus me concedesse a honra e a graça de escolher minha mãe, eu com
certeza escolheria você! Te amo!
Barbara Greici Beltani
Dedico a Deus, primeiramente, autor do meu destino, guia inquestionável,
amparo presente em todos os momentos, essencial em minha vida.
À minha mãe e ao meu pai, minha base, fonte inspiradora e motivadora, meus
exemplos. É com muito carinho que dedico este trabalho a vocês.
Aos meus familiares que construíram conosco um sonho que se tornou
realidade, através de apoio, incentivo e amor incondicional.
Aos amigos que indiretamente e/ou diretamente cooperaram. E aos
professores que forneceram suas bases teóricas e práticas, acrescentando
conhecimentos preciosos na nossa formação
Jéssica Aparecida dos Silva Bazilio
À minha família, Cicero, Dulcineia, Rodrigo, Igor, Hugo e Joao Marcos, por
acreditarem em mim, pelo cuidado e dedicação em alguns momentos me dando
esperança para seguir, pela presença de vocês que significa segurança e certeza de
que não estou sozinha nessa caminhada. Dedico essa conquista a minha família,
que é a maior de todas as minhas vitórias.
Paula Fernanda de Carvalho Bezerra
Agradeço à Deus, que me concedeu capacidade e força, que está sempre ao
meu lado me guardando e protegendo, que me ama incondicionalmente, que
abençoou esta trajetória, e que me concedeu a graça de conhecer pessoas
maravilhosas durante o percurso.
À minha mãe, Maria, pois sem o seu incentivo eu não conseguiria chegar até
aqui. Foram muitas as vezes em que pensei em desistir, mas com o seu amor e
apoio consegui seguir em frente, rumo à realização do nosso sonho. Obrigada por
sonhar comigo mãe, a Sra. tem a minha eterna gratidão.
Ao meu pai, Ijadiel, que tanto trabalhou e batalhou para me proporcionar a
realização desse sonho. Obrigada por todo esforço, obrigada pelo seu apoio e
obrigada por ter escolhido a nos escolhido como família.
Ao meu irmão, Bruno, que me apoia em todas as minhas escolhas, que é meu
melhor amigo e que guarda todos os meus segredos como se fossem seus. Eu não
tenho palavras para expressar o quanto eu te amo e sou grata a você.
À minha família querida, e em especial à minha avó, Eunice, que é pra mim
uma grande inspiração, fonte de um amor inesgotável, e a minha bisavó, Júlia, que
partiu pouco antes de ver a realização do nosso sonho, mas que com toda certeza
estaria orgulhosa. Amo vocês.
Às minhas amadas amigas, Jéssica e Paula, por terem me aceitado, me
acolhido e me amado independente das circunstancias, por terem se esforçado para
a realização desse trabalho, por me darem forças quando eu acreditava que não iria
mais conseguir. Saímos dessa jornada fortalecidas. Muito obrigada, eu amo muito
vocês, e agradeço a Deus pela vida de cada uma.
Aos meus amigos e amores pelo apoio e incentivo, por acreditarem que daria
certo. A vida sem vocês não teria o menor sentido, e pior, a menor graça!
Agradeço à Profa. Ma. Ana Elisa, que nos incentivou, ajudou e ensinou. Para
mim foi uma honra tê-la como orientadora desse trabalho. Sou grata pelo seu
esforço e empenho em nos ajudar, por ter nos acolhido e acreditado em nós.
E por último, porém muito importante, agradeço a Profa. Ma. Jovira, que foi a
capitã do barco durante essa jornada. Muito obrigada pelo apoio.
Barbara Greici Beltani
À Deus.
Não tenho palavras pra agradecer a bondade de Deus, dia após dia me deu
forças, renovou minha fé para acreditar nas suas promessas, passou comigo por
toda essa caminhada acadêmica me guiando, sendo sempre meu refúgio e socorro
bem presente nas horas de angústia.
Agradeço à minha mãe e ao meu pai que sempre estiveram ao meu lado,
projetando em minha vida amor, inspiração, forças, palavras de incentivo, apoio nas
minhas decisões, pela dedicação e disponibilidade. Essa vitória também é de vocês,
meu rei e minha rainha que tanto amo. Agradeço também ao meu irmão, minha
cunhada e a todos meus familiares que direta ou indiretamente me ajudaram.
Agradeço às pessoas que fizeram parte da minha vida acadêmica, colegas,
amigos e professores. Em especial quero citar meu querido professor Oscar Xavier
de Aguiar que sempre me ajudou, me deu forças, conselhos e sempre me alegrou,
um exemplo de ser humano e profissional. O meu muito obrigado de coração.
Em especial às minhas amigas Marcela Santana e Maria Lúcia Tavares,
obrigada pela amizade durante a graduação, pelos trabalhos realizados, pelos
momentos que passamos juntas e pelo apoio durante a realização do trabalho de
conclusão. Também agradeço às minhas amigas, Daniele Sirqueira, Francisca
Tatiana Xavier, Leslie Figueiredo e Paula Silva pela amizade e apoio, vocês foram
essenciais em minha vida amo vocês. Obrigado ao meu amigo Ricardo Gabriel que
com muita dedicação esteve presente sempre quando precisei. Deus os abençoe.
Agradeço às minhas companheiras de Trabalho de Conclusão de Curso
Barbara e Paula que estiveram comigo neste momento importante, a luta não foi
fácil, porém juntas conseguimos concluir essa etapa de nossas vidas. Amo vocês.
Agradeço à professora Jovira Maria Sarraceni que tem nos ajudado na parte
metodológica do trabalho, com paciência e sabedoria nos orientou, corrigiu quando
foi preciso e contribuiu muito para o sucesso deste trabalho.
Agradeço aos amigos que indiretamente e/ou diretamente cooperaram e aos
professores que forneceram suas bases teóricas e práticas acrescentando
conhecimentos preciosos na nossa formação.
À professora, supervisora e coordenadora do curso, Ana Elisa, pessoa
especial que aceitou me orientar, me acolheu de braços abertos, e me conduziu
pelos caminhos da pesquisa com paciência, maestria, dedicação, incentivo e
sabedoria. Sem você este trabalho seria impossível.
Jéssica Aparecida da Silva Bazilio
Aos meus pais, Cicero e Dulcineia, que mais do que me proporcionar uma
boa infância e vida acadêmica, formaram os fundamentos do meu caráter e me
apontaram uma vida eterna. Obrigada por serem a minha referência de tantas
maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável.
Ao meu futuro marido, Joao Marcos, que representa minha segurança em
todos os aspectos, meu companheiro incondicional, o abraço espontâneo e tão
necessário. Obrigada por me fazer sentir tão amada, também nos momentos mais
difíceis da nossa vida.
A Rodrigo, Igor e Hugo, meus irmãos e amigos, que mesmo já adultos,
é aqueles em quem enxergo as mesmas raízes que me alimentam.
A professora e orientadora deste trabalho, Profa. Ma. Ana e Profa. Ma.
Jovira, me dando apoio, e principalmente a minhas amadas amigas Barbara e
Jessica, companheiras de caminhadas nesse trabalho, foram momentos alegres,
tristes e difíceis, porém fomos capazes de superar as diferenças que por muitas
vezes nos fizeram descordar uma das outras, dando lugar a uma grande amizade.
Muito obrigada nunca será suficiente para demonstrar a grandeza do que recebi de
vocês. Peço a Deus que os recompense à altura.
E é a Ele que dirijo minha maior gratidão. Deus, mais do que me criar, deu
propósito à minha vida. Vem dEle tudo o que sou, o que tenho e o que espero. Não
devo nada, por que Ele pagou por todas as dívidas.
Paula Fernanda de Carvalho Bezerra
RESUMO
O curso de Psicologia foi regulamentado através da Lei nº 4.119 de 27 de Agosto de 1962 – Conselho Federal de Psicologia. Essa Lei determinou que toda faculdade que mantivesse o curso de Psicologia deveria organizar Serviços de Atendimento na área, com objetivo de proporcionar estágios supervisionados e prestação de serviços a comunidade. No município de Lins, há o Serviço-Escola do Curso de Psicologia do Unisalesiano de Lins, que possibilita o estágio aos alunos do Curso de Psicologia da universidade, e presta serviço de atendimento gratuito à comunidade. Ao longo dos anos, foram observados problemas durante a prestação desses serviços, pois muitas pessoas acabavam desistindo do atendimento, sobretudo os adolescentes. No Brasil, a medicina do adolescente teve maior mobilização a partir da década de 70, pois nesse tempo houve aumento na taxa de mortalidade de jovens. A adolescência, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – é o período compreendido entre a idade de 12 e 18 anos, sendo uma fase de transição entre a infância e a idade adulta. Nessa fase, o adolescente vive um conflito interno, onde ora se vê sonhador e com necessidade de independência, ora se vê retraído. O atendimento com adolescentes acaba se tornando mais dificultoso para o profissional, devido haver divergências entre a queixa do responsável e a dele. O objetivo deste trabalho é levantar os motivos da desistência de adolescentes do atendimento psicoterápico do Serviço-Escola do Curso de Psicologia, por meio de pesquisa documental e entrevista semi estruturada com os ex-alunos do curso de Psicologia do Unisalesiano de Lins.
Palavras-chave: Adolescência. Serviço-Escola. Psicoterapia. Desistência.
ABSTRACT
The psychology course was regulated by law No. 4,119 of August 27, 1962-Federal Council of Psychology. This law determined that every college to keep the psychology course should organize care services in the area, aiming to provide supervised internships and community service. In the city of Lins, there's the Service-School of psychology course of Unisalesiano of Lins, which allows the stage to the pupils of the course of psychology at the University, and provides free service to the community. Over the years, problems were observed during the provision of such services, since many people end up giving up the attendance, especially teenagers. In Brazil, the adolescent medicine had increased mobilization from the Decade of 70, because at that time there was an increase in the mortality rate of young people. Adolescence, in accordance with the Statute of the child and adolescent-ECA – is the period between the age of 12 and 18 years, with a transition phase between childhood and adulthood. In this phase, the teenager lives an internal conflict, where well see dreamer and need for independence, now finds himself retracted. Meeting with teenagers becomes more difficult for the professional, because there are differences between the charges of the person responsible and his. The aim of this paper is to raise the reasons for cancellation of the psychotherapeutically care service Teens-School of psychology course, through documentary research and semi structured interview with the former students of psychology course of Unisalesiano of Lins.
Keywords: Adolescence. School Service. Psychotherapy. Waiver.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Índices de desistências por idade ............................................ 44
Quadro 2: Índices de desistência por sexo ............................................... 45
Quadro 3: Índices de desistência por motivo ............................................ 45
Quadro 4: Índices de desistência por abordagem..................................... 46
Quadro 5: Índices das queixas apresentadas pelos adolescentes ........... 46
Quadro 6: Questionário sobre demanda ................................................... 48
Quadro 7: Questionário sobre o terapeuta ................................................ 49
Quadro 8: Questionário sobre o desistência ............................................. 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABP – Associação Brasileira de Psicotécnica
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
ENC – Exame Nacional de Curso
FGV – Fundação Getulio Vargas
ISOP – Instituto de seleção e Orientação Profissional
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação
ONU - Nações Unidas
OMS - Organização Mundial da Saúde
SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10
CAPÍTULO I - BREVE HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DO SEVIÇO ESCOLA DE
PSICOLOGIA ................................................................................................... 13
1 HISTÓRIA DO CURSO DE PSICOLOGIA NO BRASIL ........................... 13
1.1 O Serviço Escola .......................................................................................... 19
1.2 Serviço Escola de Psicologia do Unisalesiano de Lins ................................ 22
CAPITULO II - ADOLESCENTES E PSICOTERAPIA ....................................... 26
2 PSICOTERAPIA ...................................................................................... 26
2.1 Adolescência ................................................................................................ 30
2.2 O Adolescente no Processo Psicoterapêutico ............................................. 35
2.2.1 Contexto histórico......................................................................................... 35
2.2.2 Aumento de problemas psicológicos na adolescência ................................. 36
2.2.3 Características do atendimento ao adolescente .......................................... 37
2.2.4 Características do atendimento em grupo .................................................... 39
CAPITULO III - A PESQUISA ........................................................................... 41
3 METODOLOGIA ...................................................................................... 41
3.1 Entrevista ..................................................................................................... 42
3.2 Pesquisa Documental .................................................................................. 44
3.3 Microsoft Office Excel ................................................................................... 46
3.4 Resultados e discussão ............................................................................... 46
3.4.1 Resultado da análise de prontuários ............................................................ 46
3.4.2 Resultado das respostas dos questionários ................................................. 50
3.4.3 Discussão dos resultados encontrados ........................................................ 53
CONCLUSÃO ................................................................................................... 54
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ...................................................................... 56
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 58
APÊNDICES ..................................................................................................... 63
ANEXO ............................................................................................................. 65
10
INTRODUÇÃO
Para compreender o significado de Clinica, buscou-se na história o significado
da palavra que vem do grego "klinê – leito”. Inicialmente os médicos realizavam
atividades visitando leitos e examinando - os a fim de chegar a um
diagnostico/prognostico e prescrever o tratamento preciso para a cura. (DORON e
PAROT, 1998, pp.144-145 apud MOREIRA, ROMAGNOLI, NEVES, 2007)
Hipócrates, o pai da medicina, instalou um meio facilitador para ajudar na
primeira etapa do exame médico, que é a observação e a anamnese. Ferramenta
utilizada na psicologia, possibilitando a reflexão da influencia do saber médico sobre
a mesma. (MOREIRA, ROMAGNOLI, NEVES, 2007)
Com isso pode-se concluir que “A clínica psicológica é herdada do modelo
médico [...] cabe ao profissional observar e compreender para, posteriormente,
intervir, isto é, remediar, tratar, curar.” (MOREIRA, ROMAGNOLI, NEVES, 2007, p.
613)
Guerra (2002 apud MOREIRA, ROMAGNOLI, NEVES, 2007) refere que
Freud e a Psicanálise têm influência na modificação do método clinico pautado no
modelo médico, no qual o olhar profissional é voltado para a patologia do paciente, a
clinica psicológica passa a olhar a demanda do sujeito utilizando a prática
fundamentada na escuta (do metafenomenal).
Com o crescimento da Psicologia houve necessidade de constituir leis com
intuito de regulamentar a profissão de psicólogo. A LEI nº 4.119 de 27 de Agosto de
1962 – Conselhos Federal de Psicologia - prescreveu um artigo que impõe a prática
de clinicas em escolas:
Art.16 - As Faculdades que mantiverem curso de Psicólogo deverão organizar Serviços Clínicos e de aplicação, à educação e ao trabalho - orientada e dirigida pelo Conselho dos Professores do curso - abertos ao público, gratuitos ou remunerados. (BRASIL, 1962)
O curso de graduação em Psicologia teve como base a última RESOLUÇÃO
Nº 5, DE 15 DE MARÇO DE 2011, na qual “Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para
o projeto pedagógico complementar para a Formação de Professores de Psicologia.”
11
(BRASIL, 2011, p 19). O curso de graduação tem como meta a formação do
psicólogo voltado para a atuação profissional, respeito e ética nas relações com os
clientes e usuários, desenvolvimento de habilidades, competência e conhecimentos
básicos necessários ao exercício profissional, articulação da teoria com a prática,
oferecimento de estágios supervisionados em vários ambientes. O projeto do curso
deve prescrever a instalação de um Serviço de Psicologia com função de habilitar o
formando a desenvolver-se profissionalmente e prestar serviço à comunidade.
(BRASIL, 2011)
Os serviços-escola contribuem de forma positiva na vida do acadêmico e
também na comunidade, porém nota-se que há problemas que dificultam que tais
objetivos sejam alcançados, como a evasão/desistência do atendimento.
(GUERRELHAS, SILVARES, 2000)
Geralmente os adolescentes não se auto-propõem para receber acompanhamento psicológico, o que poderá ter repercussões na sua atitude para com a psicoterapia e que se poderá refletir numa menor motivação para que ocorram mudanças terapêuticas (DIGIUSEPPE, Linscott, & Jilton, 1996 apud MIGUEL, 2011, p 7)
Muitos jovens que são referenciados para receber acompanhamento terapêutico encontram-se resistentes, vãos contrariados às sessões e não sabem o que esperar nem do psicólogo nem do processo terapêutico em si (DAY & Reznikoff, 1980a; Taylor, Adelman, & Kaser-Boyd, 1985 apud MIGUEL, 2011, p 7).
“O progressivo distanciamento dos pais, a procura de autonomia e a tomada
do grupo de pares como principal agente de socialização (BOISVERT, 2006 apud
MIGUEL, 2011, p 8) poderá conduzir a uma maior resistência por parte dos jovens
em aceitar algo imposto pelas figuras de autoridade, desafiando a sua autonomia
(SIGELMAN & MANSFIELD, 1992 apud MIGUEL, 2011, p 8).”
Com o número significativo de adolescentes que desistem do atendimento
psicológico este trabalho tem por objetivo identificar o motivo da desistência levando
em consideração a fase da adolescência, que de acordo com Aberastury e Knobel
(1981), é um período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso, caracterizado
por conflitos com o meio familiar e social.
12
Estudos apontam que os jovens dificilmente procurarão ajuda psicológica,
pois preferem dirigir-se aos amigos e familiares para tratar de assuntos pessoais
tendo a certeza de que é suficiente para resolução de seus problemas (MIGUEL,
2011).
(...) os adolescentes tendem a ver o psicólogo como uma figura de autoridade equiparada aos pais e professores, o que poderá influenciar a percepção dos jovens relativamente ao acompanhamento psicológico, vendo como uma punição ou castigo. (GARLAND e BESINGER 1996, apud MIGUEL, 2011, p.12)
Em observação no Serviço de Psicologia, notou-se que há um índice
relevante de desistência por parte dos adolescentes, o que despertou o interesse
pelo tema.
Levantou-se a hipótese de que os adolescentes veem para os atendimentos
porque os pais, responsáveis ou figuras de autoridade acreditam que eles
necessitam, e não por vontade própria, o que leva ao desinteresse pelo
atendimento, e assim, a desistência.
Considera-se que seja relevante para o Serviço de Psicologia a identificação
das causas da evasão, que se dará através da analise de prontuários de pacientes
atendidos, com o intuito de sugerir uma proposta interventiva que diminua a
desistência, possibilitando ao adolescente um atendimento de qualidade, e ao
aluno/estagiário a possibilidade de articular a teria e a prática.
Este trabalho foi divido em três capítulos, sendo eles:
CAPÍTULO I – Breve histórico da trajetória do serviço escola de psicologia.
CAPÍTULO II – Psicoterapia e adolescência.
CAPÍTULO III – Metodologia.
Seguidos de resultados, discussão, proposta de intervenção e conclusão.
13
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DO SEVIÇO ESCOLA DE PSICOLOGIA
1 HISTÓRIA DO CURSO DE PSICOLOGIA NO BRASIL
Regulamentada em 1962, a psicologia, enquanto profissão é nova para a
sociedade brasileira em comparação a outras profissões. Em contrapartida, não se
pode dizer o mesmo a respeito da ciência psicológica, pois é possível comprovar
que esta exista há um século e meio através de registros históricos e literatura.
(BOARINI, 2007)
O autor ainda salienta que os principais responsáveis por estimular e
popularizar a ciência psicológica foram os médicos (BOARINI, 2007).
No Brasil, a Psicologia foi construída a partir do território da Medicina. Ainda no século XIX, nas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, já eram discutidas questões comportamentais como parte da ampliação do conceito de saúde para os problemas de higiene, prevenção e bem-estar individual e social (MASSINI, 1990 apud BASTOS, GONDIM, 2010, p. 19).
No inicio do século XIX a Psicologia enquanto disciplina foi ganhando território
como objeto de estudo e de ensino teórico em diversas áreas como a Filosofia,
Direito, Medicina, Pedagogia e Teologia moral. (LISBOA; BARBOSA, 2009)
O objetivo desta disciplina nos cursos era proporcionar aos alunos o ensino
de uma ciência do homem mais abrangente, diferente dos objetivos dos Seminários
Episcopais e das escolas de formação religiosa, onde a Psicologia aparece no
âmbito da especulação ou dentro da teologia para conhecimento prático do
comportamento humano. (LISBOA; BARBOSA, 2009)
Ainda na segunda metade do século XIX este cenário começou a ser
modificado, com o surgimento de escolas normais, cujos objetivos, segundo Massimi
(1990, p.36 apud LISBOA; BARBOSA, 2009, p.720) eram “formar um corpo docente
competente e adequado às necessidades do sistema educacional brasileiro”.
Uma metodologia de ensino, inspirada no modelo europeu e norte-americano
era transmitida aos seus alunos, e com isso iniciou-se a chamada “era normalista”
14
que, segundo Cabral (2004, p.49 apud LISBOA; BARBOSA, 2009, p.720), “precedeu
a era universitária no ensino da Psicologia”.
A Psicologia como disciplina passa fazer parte da matriz curricular dessas
escolas normais em 1890 com a Reforma Benjamin Constant, e futuramente, no ano
de 1928, passaria a ser disciplina obrigatória em nível nacional. (LISBOA;
BARBOSA, 2009).
No século XX os médicos utilizavam da psicometria como instrumento para
atender as demandas.
Diante das necessidades do Brasil da época e do nacionalismo exacerbado que se observava nos países em geral, a avaliação psicológica é reconhecida pelos médicos como uma importante aliada no trabalho de classificar a população, de acordo com suas aptidões e habilidades cognitivas, e desta forma contribuir na transformação do Brasil em uma grande Nação. Esta idéia é absorvida e potencializada pelos integrantes da Liga Brasileira de Higiene Mental cuja fundação aconteceu em 1925, no Rio de Janeiro. (BOARINI, 2007, p. 443)
Ainda de acordo com Boarini (2007), a psicometria foi utilizada para
avaliar e classificar diversas áreas sociais que necessitassem de instrumento preciso
e científico.
“Os testes psicológicos foram utilizados para avaliar e classificar os alunos na
escola, integrantes do exército brasileiro, os operários das indústrias e daí por
diante” (BOARINI, 2007, p. 443).
Apesar de ter os recursos necessários para benefício de avaliações não havia
muitos profissionais que dominavam as técnicas, por exemplo, nas escolas:
[...] eram preparadas professoras do ensino primário (atual Ensino Fundamental), que após esta capacitação passavam a denominar-se “psicologistas” e como tal responsáveis pela aplicação e interpretação dos testes psicológicos, sob a supervisão medica. (BOARINI, 2007, p.443)
No ano de 1906, José Joaquim Medeiros Albuquerque criou o que
provavelmente foi o primeiro laboratório de Psicologia do país, o qual se manteve
em funcionamento durante 15 anos, sob a direção de Manoel Bomfim, tendo sua
contribuição em pesquisas realizadas e publicadas na revista Educação e
15
Pediatria,organizando também nesse período, vários cursos de aperfeiçoamento e
conferências destinados à estudantes e normalistas (LISBOA; BARBOSA, 2009).
No ano de 1923 mais um laboratório foi criado, sendo este da Colônia de
Psicopatas do Engenho de Dentro, sob a direção do polonês Waclaw Radeki, que foi
em 1931 transformado no Instituto de Psicologia do Ministério da Educação e Saúde
Pública. Radeki tinha como foco três objetivos, que são a realização de pesquisas
cientificas, aplicações práticas e efetivação de uma escola superior de Psicologia.
(CENTOFANTI, 2004; ESCH e JACÓ-VILELA, 2001 apud LISBOA, BARBOSA,
2009)
Seu projeto foi o primeiro documento de domínio público no Brasil que relatou
sobre a formação em psicologia. (BERNARDES, 2004 apud LISBOA, BARBOSA,
2009)
Nos dias atuais é possível encontrar nas faculdades de Psicologia
semelhanças com os projetos desenvolvidos por Radeki, porém apesar de sua
grande importância na história da formação em Psicologia no país, pode-se dizer
que seus objetivos não foram atingidos, pois o laboratório foi fechado em menos de
um ano provavelmente por motivos financeiros e perseguições dos médicos e
católicos. (CENTOFANTI, 2004 apud LISBOA, BARBOSA, 2009)
Em 1933 foi reaberto este Instituto que atualmente é a Universidade Federal
do Rio de Janeiro. (PENA, 1992 apud LISBOA, BARBOSA, 2009).
Na década de 1930, finalmente ocorre a efetiva inserção da Psicologia no ensino superior. Com a criação da primeira universidade do País, a Universidade de São Paulo (USP), em 1934, o Instituto de Educação Caetano de Campos (antiga Escola Normal de São Paulo) é transformado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Com isso, o Laboratório de Psicologia Educacional do Instituto de Educação é incorporado à cátedra de Psicologia educacional. Também a partir de 1934, na USP, a Psicologia torna-se disciplina obrigatória durante os três anos dos cursos de Filosofia, Ciências Sociais e Pedagogia, além de estar inserida na grade curricular de todos os cursos de licenciatura. Fora de São Paulo, a Psicologia também mostrava sua força no meio universitário, com destaque para as Universidades do Brasil, Católica e Federal de Minas Geral e Federal do Rio Grande do Sul. (LISBOA, BARBOSA, 2009, p. 721)
Durante esse período o curso de Psicologia conseguiu conquistar a inserção
na matriz curricular em diversos cursos para complementar na formação dos
16
profissionais, mas ainda não tinha sua independência.
Em 1946, entrou em vigor a Portaria nº 272 referentes ao Decreto-Lei nº
9.092. Tal portaria institucionalizou a profissão do psicólogo pela primeira vez na
história do Brasil. (SOARES, 2010)
“O psicólogo habilitado legalmente deveria freqüentar os três primeiros anos
de filosofia, biologia, fisiologia, antropologia ou estatística e fazer então os cursos
especializados de Psicologia” (SOARES, 1979 apud PEREIRA; PEREIRA NETO,
2003, p.23).
Este decreto passa a ilusão de que houve um avanço rumo à independência,
porém este curso de especialização em Psicologia não alterou o processo de
formação dos psicólogos, que permaneceu com caráter difuso e superficial.
(LISBOA, BARBOSA, 2009)
Segundo Baptista (2010), a década de 50 foi marcada por importantes passos
na busca pela regulamentação. A autora cita que na cidade de Curitiba, foi realizado
no ano de 1953 o I Congresso Brasileiro de Psicologia, onde profissionais de todo o
Brasil passaram a discutir sobre a regulamentação, e publicar em periódicos.
Observando essa luta para o reconhecimento do curso o Conselho Nacional
de Educação se mobilizou e solicitou às entidades de Psicologia sugestões para a
regulamentação.
Dessa forma, surge, em 1953, uma resposta concreta para a solicitação do Conselho: é elaborado pela Associação Brasileira de Psicotécnica (ABP) e pelo Instituto de Seleção e Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas (ISOP/ FGV) o primeiro anteprojeto de lei referente à regulamentação da formação e da profissão dos “psicologistas” (ESCH e JACÓ-VILELA, 2001 apud LISBOA, BARBOSA, 2009). Contudo, em 1958, chega à Câmara dos Deputados o Anteprojeto de Lei n° 3.825, elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) em substituição ao anteprojeto pioneiro. Insatisfeita, a recém-criada Associação Brasileira de Psicólogos confecciona uma proposta substitutiva, que, por sua vez, não agrada ao MEC (ROSAS et al., 1988 apud LISBOA, BARBOSA, 2009 ). Por tudo isso, a lei não é aprovada. (LISBOA, BARBOSA, 2009, p. 722)
Um dos acontecimentos considerados como mais importante na luta pela
regulamentação foi à instituição do curso de Psicologia da Universidade de São
Paulo (USP), através da Lei Estadual n° 3862, de 26/05/1957. (SILVA JUNIOR;
CANTARINI; PRUDENTE, 2006)
No ano de 1962 foi emitido pelo Conselho Federal de Educação o Parecer
17
n°403/62 que definiu o currículo mínimo para os cursos de Psicologia, determinando
as matérias necessárias para os níveis de bacharelado, licenciatura e formação de
psicólogos. Além disso, fixou a duração de 4 anos para bacharelado e licenciatura, e
5 anos para formação de psicólogos. (COSTA et al., 2012)
Paralelo ao Parecer, a Lei n° 4119/62, que regulamenta a profissão de
Psicólogo no Brasil, possui um capítulo que define as condições de funcionamento
dos cursos na área. (COSTA et al., 2012)
Na década de 1970 houve aumento tanto na demanda da população em
procura de serviço de Psicologia quanto de profissionais formados na área da
psicologia. Instituições particulares também incluíram o curso de Psicologia
(LISBOA, BARBOSA, 2009)
“A criação da profissão do psicólogo é um dos resultados mais positivos e
promissores do desenvolvimento da Psicologia no Brasil”. (BASTOS, GONDIM,
2010, p.17).
Devido a Reforma Universitária (Lei n° 5.540/68) o governo militar recorreu à
resolução da chamada crise universitária, com intuito de privatizar o ensino. “Nesta
década também são criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de
Psicologia, o primeiro Código de Ética Profissional bem como o primeiro curso de
doutorado em Psicologia no País, na USP” (PEREIRA e PEREIRA NETO, 2003
apud LISBOA, BARBOSA, 2009, p. 723).
Diferentemente das décadas anteriores, a década de 80 foi um período de
relativa calmaria, onde ocorreram reflexões sobre o que acontecia na profissão, o
que pode ser comprovado com a publicação do livro Quem é o Psicólogo Brasileiro?
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA [CFP],1998), que foi o primeiro relato
sobre o diagnóstico da formação dos profissionais de psicologia do país.
A década de 90 foi de mobilização das entidades profissionais, dentre elas os
Conselhos Regionais e o Conselho Federal, buscando debater e concretizar
mudanças referentes à formação dos psicólogos. No ano de 1992, foi realizado o I
Encontro de Coordenadores de Curso de Formação de Psicólogos, e deste encontro
resultou um importante documento que relatava sobre a formação profissional do
Psicólogo no Brasil, conhecido como a Carta de Serra Negra. (BERNARDES, 2004
apud LISBOA, BARBOSA, 2009).
“Mais à frente, em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/96), o Ministério da Educação (MEC) institui
18
a Comissão de Especialistas em Ensino de Psicologia” (YAMAMOTO, 2000 apud
LISBOA, BARBOSA, 2009, p. 723) com o objetivo de criar um novo projeto de
diretrizes curriculares em substituição ao modelo antigo.
A LDB instituiu à partir de 1996 o sistema de avaliação dos cursos de
graduação denominado Exame Nacional de Curso (ENC), mas somente no ano
2000, os cursos de Psicologia passaram a fazer parte desta avaliação (LANDEIRA-
FERNANEZ; PRIMI, 2002 apud LISBOA, BARBOSA, 2009).
Após vários debates foi aprovado em 2004, através da resolução nº 8 de
12/05/2004 um novo projeto que teve como foco desenvolver competências e
habilidades dos estudantes durante a graduação (FERREIRA NETO, 2004 apud
LISBOA, BARBOSA, 2009).
Segundo Witter e Ferreira (2005 apud LISBOA; BARBOSA, 2009), devido à
mudança no governo, a Psicologia ficou fora da avaliação nos anos de 2004 e 2005,
quando uma nova sistemática foi implantada, apesar de manter os aspectos
fundamentais para avaliação.
Esse novo sistema, implementado em 2004, foi chamado de Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Inserido neste sistema, o
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) foi aplicado aos
estudantes de 294 cursos de graduação em Psicologia no ano de 2006, com os
resultados divulgados em 2007 (LISBOA, BARBOSA, 2009).
Os autores concluem que o perfil do psicólogo no Brasil em geral é do sexo
feminino, jovem, atuando predominantemente na área clinica, recebendo baixa
remuneração, com formação em cursos de graduação presencial em universidades
privadas com fins lucrativos, sendo a maioria localizada no interior do País,
principalmente na Região Sudeste, com funcionamento parcial, geralmente noturno,
duração de 10 semestres, carga-horária média de aproximadamente 4.000 horas e
nas avaliações nacionais obtém o conceito na média.
O patamar em que a psicologia se encontra nos dias atuais, após 45 anos de
sua regulamentação no Brasil, era inimaginável aos pioneiros. Somente conhecendo
as lutas do passado é possível entender o tamanho das conquistas obtidas, e
projetar novos avanços e novas conquistas pela categoria. (LISBOA, BARBOSA,
2009)
19
1.1 O Serviço Escola
A clinica-escola foi instituída no curso de graduação de psicologia, em 1962
junto a consolidação da psicologia como profissão, com o objetivo de garantir aos
graduandos a formação profissional, relacionando teoria e prática e desenvolvendo
as técnicas psicológicas, aprendidas em sala de aula. (BOECKEL et al., 2010)
A Clínica-Escola foi criada em função do Curso de Formação de Psicólogos, servindo como um lugar de Estágio ao aluno, possibilitando-o a desenvolver atividades teóricas-práticas vinculadas à Psicologia Clínica. O estágio supervisionado foi instituído de acordo com a Resolução do C.F.E., de 19.12.62: “disciplina obrigatória” para o Curso de Formação de Psicólogos, compreendendo a carga horária mínima de 510 horas. O Decreto 87.497/82, que regulamentou a Lei 6494/77, dispõe sobre o estágio curricular, definindo-o “como uma atividade de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionada ao aluno pela participação em situações reais de vida e de trabalho no seu meio, devendo ser realizado junto à comunidade em geral ou a pessoas jurídicas de
direito público ou privado.” (OLIVEIRA et al., p.1)
A formação da psicologia profissional se deu através de atendimentos em
consultórios. Até os dias de hoje se estabelece esse modelo, porém algumas
mudanças foram estabelecidas em relação à intervenção e a demanda da
comunidade, sendo estas formuladas através do próprio curso de Psicologia. Na
trajetória da psicologia social, entendeu-se que havia um distanciamento das
comunidades sobre atividades, e hoje compreende - se a importância da
aproximação da comunidade com a realização de ações e intervenção. (BOECKEL
et al., 2010)
Na década 80, com o movimento de valorização da Psicologia Social no âmbito nacional, iniciou-se um estágio em Psicologia Comunitária. Pela fragmentação do curso e escassa formação do aluno no que diz respeito a uma visão social e antropológica mais abrangente, os estagiários tinham a expectativa de aplicar, nas comunidades, um
modelo de atendimento de consultório. (OLIVEIRA et al., p.2)
Pensando sobre a formação de psicologia fica claro a importância da relação
da teoria com a prática, pontuando o desenvolvimento das ciências psicológicas, e
as necessidades da população onde está inserida. Levando em consideração a
formação profissional, é preciso que os graduandos em psicologia compreendam e
venham perceber qual a realidade social em que estão inseridos para então atender
20
essa demanda, oferecendo serviços à comunidade e desenvolvendo as atividades
curriculares profissionalizantes. (BOECKEL et al., 2010)
O artigo 25 da referida Resolução refere que “O projeto de curso deve prever a instalação de um Serviço de Psicologia [...]”, destacando como os objetivos do mesmo: “[...] responder às exigências para a formação do psicólogo, congruente com as competências que o curso objetiva desenvolver no aluno e a demandas de serviço psicológico da comunidade na qual está
inserido. (BOECKEL et al., 2010 p.4)
No 12° Encontro de Clinicas-Escola do Estado de São Paulo em 2004 o termo
clínica-escola veio a ser substituído por serviço - escola, ampliando a visão de
atendimentos estritamente clínicos, com o objetivo de desenvolver outros meios de
intervenção e pensando no desenvolvimento da profissão, promovendo debates e
pesquisas que envolvem serviços - escola ligados às universidades, sobre o
desenvolvimento de pesquisas e formação dos alunos e os serviços de extensão à
comunidade. Construindo caminhos para desenvolver e estender os atendimentos a
um maior número de pessoas e mantendo a qualidade destes. (HERZBERG,
CHAMMAS 2009, apud Ancona-Lopez, 1995; Herzberg, 1996, 2007; Macedo, 1984;
Melo-Silva, Santos, & Simon, 2005; Romaro e cols., 2005; Silvares, 2006).
Diante dos estudos realizados entende-se que há dois pontos fundamentais
para a consolidação do serviço - escola, que estão relacionados ao desenvolvimento
das competências do curso de psicologia e a prestação de serviço à comunidade em
que os alunos estão inseridos. (BOECKEL et al., 2010)
Portanto, pode-se entender a finalidade dos serviços-escolas em duas perspectivas fundamentais, a saber, a possibilidade de treinamento de alunos mediante a aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula e a oferta de atendimento à população menos favorecida. O treinamento deve contribuir para a formação de profissionais habilitados e capazes de desenvolver as práticas psicológicas de acordo com as novas realidades e
demandas sociais, políticas e culturais atuais. (AMARAL et al., 2012 p.2 apud HERZBERG, 1999)
O perfil de formação dos serviços - escola vem se modulando e sendo
direcionada a necessidade da população, através de pesquisas e debates a clinica-
escola vem estendendo as áreas de atuação, dando abertura para as práticas
vinculadas a uma inserção social. (BOECKEL et al., 2010)
21
Ancona-Lopez (1995) e Gorayeb, Colares e Bessa, (1992) considerou que estudos sobre a temática eram necessários para pro-mover continuamente melhor adequação dos serviços, propiciando ampliação dos conhecimentos e das necessidades específicas da população, visando adequar à atuação profissional oferecida, orientar a implantação de novas atividades, acompanharem a evolução do funcionamento de serviços diversos e contribuir para maior inserção social da Psicologia. Essas características, para a autora, são inerentes à própria função dupla do serviço-escola, qual seja oferecer condição de treinamento clínico para os alunos e prestar serviço psicológico à comunidade. Desta forma, os estudos relativos a essa prática devem verificar não apenas se o atendimento corresponde às expectativas dos pacientes, mas também se oferece oportunidade
para a formação adequada dos profissionais. (AMARAL et al., 2012
p3)
É preciso que os educadores repensem sobre quem são os profissionais que
estes pretendem formar, levando em consideração que a realidade não se enquadra
perfeitamente em uma visão teórica. É preciso repensar a concepção sobre a
formação deste profissional diante da realidade, e transformar o modelo que este
tem como padrão, para que as reflexões não sejam feitas através de uma
perspectiva ultrapassada. (BOECKEL et al, 2010)
O centro de serviços de Psicologia dispõe de realizar e desenvolver ações
com outros cursos através de programas comunitários, visando atividades da prática
clinica com um olhar sobre as demandas da região. (BOECKEL et al; 2010)
O objetivo da clinica-escola é a prestação de serviço à comunidade
oferecendo atendimentos clínicos, diagnóstico, orientação, psicoterapia e orientação
teórica. (BOECKEL et al; 2010)
Todas as atividades desenvolvidas pelos estagiários são acompanhadas, orientadas e avaliadas pelos supervisores. Desta forma, é na supervisão semanal que ocorre a discussão da prática realizada pelo acadêmico estagiário, exercendo importante papel na formação, por permitir que os estagiários sistematizem e avaliem suas intervenções. Ademais, é nos seminários teóricos que os estagiários discutem e fortalecem os subsídios teóricos que nortearão as práticas. Os seminários são realizados mediante leituras de diversos materiais cientificamente validados. Esta atividade familiariza os estagiários com os procedimentos e técnicas de que podem dispor em seu exercício de estágio e posterior prática profissional. Além disso, neste espaço discute-se a implicação
prática dos conceitos estudados. (BOECKEL et al., 2010, p. 8)
22
É necessário que os alunos desenvolvam habilidades por meio das ênfases
curriculares oferecidas pelo serviço-escola, construindo uma formação de teoria,
prática, pesquisa e extensão, sempre alicerçada nas demandas da comunidade.
(BOECKEL et al., 2010)
Na construção do projeto pedagógico dentro de uma instituição sobre os
cursos de psicologia é importante possibilitar ao aluno a compreensão da
problematização e ampliação dos modos tradicionais de atuação profissional, indo
além da perspectiva de atendimento individual do cliente em clínicas ou gabinetes
privados, buscando desenvolver novas formas de intervenção sobre as demandas
populacionais. (BOECKEL et al., 2010)
Assim todas as ações e atividades desenvolvidas são de grande relevância
para a formação dos acadêmicos e do seu compromisso com a realidade social,
desenvolvendo nestes estagiários a capacidade de perceber e questionar as
implicações sociais de suas atividades. (BOECKEL et al., 2010)
1.2 Serviço Escola de Psicologia do Unisalesiano de Lins
O Serviço Escola de Psicologia do Unisalesiano de Lins foi fundado em 10 de
Fevereiro de 2005, e é parte integrante do curso de Psicologia do Centro
Universitário Católico salesiano Auxilium.
Os objetivos do Serviço Escola de Psicologia são beneficiar seus alunos
oferecendo estágios profissionalizantes supervisionados que garantam a integração
teórica - prática, bem como o desenvolvimento das competências e habilidades
necessárias ao futuro exercício da profissão, e à população, oferecendo atendimento
psicológico aos membros da comunidade, de acordo com as modalidades dos
serviços oferecidos, e segundos suas próprias possibilidades.
O coordenador do curso de Psicologia exerce a função de coordenador do
Serviço Escola de Psicologia, conta com o auxilio de um corpo administrativo e com
supervisores responsáveis pelas atividades do corpo discente. O coordenador é o
responsável técnico perante o Conselho Regional de Psicologia.
O corpo administrativo é composto por uma secretária e uma estagiária que
respondem pela recepção e inscrição dos pacientes, registros e manutenção
administração.
23
O corpo docente é constituído por professores e supervisores do Curso de
Psicologia que têm por função acompanhar as atividades desenvolvidas pelos
alunos-estagiários no serviço de Psicologia, elaborar e executar os projetos de
atuação em suas áreas de especialidades, atendendo às necessidades e demandas
da Clínica de Psicologia, de outros departamentos do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium e da comunidade.
O corpo discente é composto pelo conjunto dos estagiários, alunos do Curso
de Psicologia regularmente matriculados, que realizam atendimentos
supervisionados.
O horário de funcionamento do serviço de Psicologia é de segunda-feira à
sexta-feira das 13h às 22h, seguindo o calendário do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium.
O acesso aos serviços prestados pelo serviço de Psicologia dá-se através do
comparecimento pessoal dos interessados, sendo que os menores de 18 anos
deverão fazer-se acompanhar de seus pais ou responsáveis legais, no seu primeiro
comparecimento. Os interessados devem dirigir-se à recepção que se encarrega de
preencher uma ficha de inscrição contendo os dados de identificação do paciente
que deverá aguardar a chamada para ser atendido. O atendimento será realizado
por alunos-estagiários. As chamadas para os atendimentos, observadas as demais
condições, obedecem à ordem cronológica das inscrições e disponibilidade de
horário do paciente e do estagiário, os definidos como “urgentes” pelo supervisor
receberem prioridade para o atendimento. Os pacientes são convocados pelos
alunos do serviço de Psicologia através de ligação telefônica.
Os atendimentos no serviço de Psicologia ocorrerão de acordo com as
modalidades de atendimento e regulamentos pelo Código de Ética do Psicólogo,
podendo, dependendo da oferta e da demanda, configurar nas seguintes
modalidades: Triagem, Retorno da Triagem; Psicoterapia Infantil; Psicoterapia
Adolescente; Psicoterapia Adulta; Psicodiagnóstico Interventivo; Psicologia
Hospitalar; Orientação Profissional. Havendo necessidade de atendimentos
complementares em outras áreas e especialidades (fonoaudiologia, terapia
ocupacional, neurologia e etc.) os pacientes são encaminhados a instituições
públicas e/ou privadas. Todos os encaminhamentos são realizados, após indicação
dos supervisores, pela coordenação do serviço de Psicologia.
24
Os atendidos, ou seus responsáveis, obrigam-se ao rigoroso cumprimento de
todos os dias e horários fixados para os atendimentos. É considerado desistente, e o
seu prontuário irá para arquivo morto, o paciente que tiver duas faltas consecutivas
sem justificativa ou três faltas, mesmo que justificadas e não consecutivas, ou ainda
a critério do supervisor, após a devida comunicação à coordenação do Serviço
Escola. O paciente considerado desistente pode inscrever-se novamente e aguardar
nova chamada.
Toda conduta dos alunos-estagiários deve estar em estrita conformidade com
o Código de Ética Profissional do Psicólogo, e a nenhum é permitido alegar o seu
desconhecimento. É seu dever guardar o sigilo de tudo que ouvir, ver ou tomar
conhecimento em decorrência de seus atendimentos e de sua participação nos
grupos de supervisão, não se admite nenhum comentário informal ou fora do
contexto de supervisão acerca dos atendimentos, conforme regulamentado no art. 9º
do Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005, p.13): “É dever de o psicólogo
respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a
intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício
profissional”.
Não é permitido ao aluno-estagiário entrar em contato com seu paciente fora
da clinica, quando houver a necessidade esse contato é feito através da secretaria.
O aluno-estagiário deve manter uma escrita e rigorosa observância aos seus
horários de atendimento, não sendo permitida mudança de horário, falta sem aviso
prévio sem autorização do seu respectivo supervisor. Os casos específicos são
avaliados pelo supervisor. Os atendimentos não devem ultrapassar o limite de 50
minutos, em caso de falta não comunicada do paciente o aluno-estagiário deve
manter-se na sala de supervisão até o final do horário previsto.
Cabe ao aluno-estagiário informar e obter sua concordância quanto aos
procedimentos que serão utilizados; informar ao paciente de suas próprias
responsabilidades; informar a respeito do supervisor, do sigilo e do código de ética;
informar sobre o tempo da sessão e duração do atendimento.
O supervisor responsável obriga-se a verificar pessoalmente a capacitação
técnica de seu estagiário, supervisionando-o e sendo responsável direto pela
aplicação adequada dos métodos e técnicas psicológicas e pelo respeito à ética
profissional, conforme regulamentado no art. 17º do Código de Ética Profissional do
Psicólogo (2005, p.14): “Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores
25
esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a observância dos princípios e
normas conditas neste código”.
Os supervisores devem apresentar, no início de cada semestre, um plano
geral de atividades e suas respectivas necessidades para que a coordenação do
serviço de Psicologia possa tomar as devidas providências.
É de inteira responsabilidade de o supervisor observar a ordem dos
prontuários, o arquivamento e a entrega do relatório final. As eventuais infrações
serão devidamente apuradas pelo Conselho de Curso em convocação
extraordinária, que deverá, após a conclusão de seus trabalhos, tomarem as
medidas cabíveis.
26
CAPITULO II
ADOLESCENTES E PSICOTERAPIA
2 PSICOTERAPIA
A psicoterapia nasceu no final do século XIX na Europa com Joseph Breuer e
Sigmund Freud, onde pregavam a cura pela fala, um novo método de tratamento
para as disfunções da mente que desafiavam os clínicos da época, visando um
plano de tratamento sobre transtornos mentais, sendo eficaz no auxilio a pessoas
com problemas emocionais e dificuldades em relações interpessoais. Teve sua
origem na medicina antiga, na religião, na cura pela fé e no hipnotismo, sendo
utilizada no tratamento das doenças nervosas e mentais assim denominadas na
época. (CORDIOLI et al., 2008)
“A psicoterapia surgiu com o objetivo de tratar, remover ou modificar sintomas
de natureza emocional e promover o crescimento e o desenvolvimento da
personalidade” (PERES et al., 2007, p.2 ).
Era uma atividade medica direcionada aos psiquiatras, porém no decorrer do
século XX, outros profissionais como médicos clínicos, psicólogos, enfermeiros,
assistentes sociais e outros passarem a ter o direto de exercê-la (CORDIOLI et al.,
2008).
Na literatura existem mais de 400 tipos de psicoterapias, tendo a
necessidade de seus modelos e métodos serem organizados em sociedade
cientifica para assim promover congressos, cursos de formação estabelecendo regra
para uso da prática. Diante da elaboração e criação das técnicas, com novas
linguagens e métodos na área, gerando conflitos, criando confusão entre
profissionais e o pacientes. Apesar das mudanças alguns termos relacionados com
a origem médica foram conservados, como paciente, diagnósticos, doenças,
etiologia, plano de tratamento, prognostico, indicações e contra-indicações
(CORDIOLI et al., 2008).
Com as mudanças que foram se estabelecendo ao longo do tempo, não havia
uma preocupação em acompanhar a evolução sobre a teoria comprovando e
avaliando sua efetividade em relação aos métodos, estabelecendo quais foram os
alcances e limites (CORDIOLI et al., 2008).
27
Essa preocupação começou a surgir a partir da década de 1950, em particular, a partir da proposição do psicólogo inglês Eysenck de que os efeitos das psicoterapias eram devidos á simples passagem do tempo, e não decorrentes das técnicas utilizadas, o que acabou representando um desafio para os praticantes dos diversos modelos. Na mesma época, Carl Rogers afirmava, ainda, que os efeitos da terapia f não eram devidos as técnicas específicas de cada modelo, e sim decorrentes de fatores intrínsecos á relação humana que se estabelecia em qualquer terapia. (CORDIOLI et al., 2008, p.20)
Assim surgiu a competição entre os diferentes modelos e outros desafios, que
foram importantes para a realização, a partir da década de 1960, de pesquisas de
grande relevância para psicoterapia, como o Projeto Menninger, que teve como
objetivo comprovar as diferentes modalidades dentro da terapia. Através deste,
surgiu concordância sobre a efetividade da psicoterapia, e os seus efeitos e conjunto
de fatores que envolvem as técnicas especifica utilizadas em cada modelo e não
especificas comum em todas as terapias. (CORDIOLI et al., 2008)
A psicoterapia apresenta algumas características do contexto interpessoal do terapeuta, como a empatia, calor humano e interesses genuínos: a qualidade da relação terapêutica (aliança terapêutica e o vinculo) e os fatores pessoais do paciente, a capacidade de vincular-se ao terapeuta, seu nível educacional, sua cultura, suas crenças sua expectativas, sua motivação para efetuar mudanças, flexibilidade para adaptar-se aos métodos específicos. (CORDIOLI et al., 2008, p.20)
A influencia das técnicas utilizadas no processo terapêutico foi motivo de
grandes debates, porem houve mudanças em relação aos modelos e técnicas, tais
como a criação de manuais, padronizando e permitindo a realização da pesquisa.
Estes foram aperfeiçoados para diagnosticar e analisar a gravidade dos simtomas.
Surgiram alguns questionamentos sobre até onde a psicoterapia é diferente
de outras relações humanas. Através destes, pôde-se entender que a psicoterapia é
um meio de tratamento em que o profissional preparado, que faz uso de meios
psicológicos como a comunicação verbal e a relação terapêutica que se estabelece
entre os dois, para realizar uma variedade de intervenções com um cliente/
paciente, auxiliando-o a modificar situações da natureza emocional, cognitiva e
comportamental, pois ele o procurou com essa finalidade (CORDIOLI et al., 2008)
28
O tratamento psicoterápico é definido como um processo conduzido por um psicólogo, garantida pela resolução do CFP, com solida competência profissional em realizar diagnostico e procedimentos clínicos psicológicos. Trata-se, portanto, de um tratamento realizado por meio de técnicas fundamentadas em uma teoria de personalidade, com o proposito de reorganizar padrões de comportamentos geradores de sofrimento que interferem no bem estar do individuo e o impedem de criar possibilidades de realização pessoal. Envolve, também, o tratamento de transtornos psíquicos mais acentuados. (TEXEIRA, 2002, p.1)
Entende-se que a psicoterapia envolve a interação face a face, sendo um
tratamento primariamente interpessoal, baseado em princípios psicológicos, onde
ocorre a relação do profissional treinado e do paciente e cliente portador de
transtornos mentais no qual solicita ajuda. Outros meios de ajuda muito utilizados
são biblioterapia, exposição virtual, computador, conversa com amigos,
aconselhamento por telefone, porém quando todos esses meios de ajudas são
utilizados fora de um contexto interpessoal de uma relação profissional não se
classificam como psicoterapia. (CORDIOLI et al., 2008)
A psicoterapia se diferencia de outras modalidades por ser uma atividade que
necessita muito da colaboração do terapeuta e do paciente, sendo uma conjunção
de interesses e não algo unilateral, quanto aos objetivos e fundamentos teóricos.
(CORDIOLI et al., 2008)
Nos últimos cem anos, muitas teorias e pesquisas sistemáticas sobre aspectos do comportamento humano surgiram a partir do trabalho tenaz de médicos, filósofos, psicólogos, educadores e outros pensadores. E assim surgiram teorias variadas sobre como é o funcionamento do pensar, sentir e agir dos seres humanos em cada fase de seu desenvolvimento. Bastou outro “pulo” e surgiram formas de psicoterapia, atividade predominantemente entendida como terapia pela palavra, embora algumas variantes incluam exercícios de sensibilização e expressão corporal e/ou de expressão artística como parte do tratamento psicoterápico. Cada linha teórica de psicoterapia propõe uma forma específica de trabalho clínico e de relacionamento entre o cliente e o terapeuta, todas no intuito de propiciar mudanças objetivas ou subjetivas que atendam de modo adequado às necessidades psicológicas de um indivíduo, casal, família ou grupo. (WILENSKA, 2003, p.2)
Dentro das varias abordagens encontra-se a Hipnose Clínica, considerada a
mãe de todas as psicoterapias por ter sido o primeiro método de tratamento
psicológico usado na medicina, Psicanálise e Terapias Analíticas. Graças a hipnose,
alguns médicos resolveram deixar de lado os tradicionais métodos fisiológicos e
29
bioquímicos da medicina tradicional para se dedicar a compreensão da mente
humana. Psicoterapias Fenomenológicas e Humanistas surgiram como uma
alternativa a terapia psicanalítica que se alastrou por toda a medicina, muito embora,
a psicanálise pudesse também ser aprendida e praticada por não médicos. Terapias
Cognitivas Comportamentais reúnem as psicoterapias com maior comprometimento
científico. Elas foram desenvolvidas a partir do estudo do comportamento animal e
estudos sobre cognição, aprendizagem e processos de aprendizagem sociais
(VASCONCELOS, 2014).
Há alguns tipos de psicoterapias usadas dentro de cada necessidade e
configuração dos problemas dentro de cada junção. Sendo a psicoterapia individual
para crianças, adolescentes, adultos e idosos, psicoterapia de grupo, psicoterapia
de casal, psicoterapia de família e psicoterapia institucional (SCARPATO, 2003).
Todas essas inúmeras abordagens teóricas de psicoterapia se organizaram em associações profissionais e adentraram nas instituições de ensino para propiciarem formação especializada, principalmente a médicos e psicólogos. Algumas abordagens fundaram institutos que sediam cursos, caracterizam-se como espaços de reflexão, difusores do conhecimento ali produzido por meio de publicações, seminários, workshops e, por fim, prestação de serviços clínicos à comunidade onde estão sediados (WILENSKA, 2003, p.1).
No geral, as diferentes abordagens teóricas apresentam alguns elementos básicos, como: (1) uma teoria sobre o funcionamento mental, (2) uma teoria do desenvolvimento, (3) uma explicação sobre a origem do sofrimento (psicopatologia) e (4) uma visão sobre o processo terapêutico (SCARPATO, 2003, p.1).
Dentro desta encontram-se também as terapias de apoio que se refere a um
tipo de terapia que é menos ambicioso, menos intensivo e menos provocador de
ansiedade do que as terapias designadas psicanalíticas, orientadas ao insight,
exploratórias ou expressivas. Entretanto, esse tipo de terapia fundamenta-se,
também, nas teorias psicanalíticas da personalidade. A terapia interpessoal (TIP) é
uma psicoterapia de tempo limitado desenvolvido por Gerald Klerman e Myrna
Weissmann, na década de 1970, para o tratamento de depressão, a terapia familiar
e de casal que se originaram da insatisfação de muitos clínicos com a evolução
muito lenta de pacientes quando tratados individualmente ou frustrados com o fato
de que, muitas vezes, tais progressos eram neutralizados por outros membros da
30
família. A partir dessas constatações, passaram a considerar não apenas o
individuo, mas a família, como foco para compreender o surgimento e a manutenção
da psicopatologia, e a psicoterapia de grupo que surgiu a partir da necessidade de
se estender a um numeram maior de pessoas as possibilidades de atendimentos
psicoterápicos (CORDIOLI, 2008).
Assim conclui - se que a psicoterapia é desenvolvida como um método de
tratamento, uma aplicação em psicologia e psicopatologia dentro da clinica
psicológica, sendo assim chamada de Psicologia Clinica. Sendo um recurso
importante para lidar com as dificuldades da existência e também um espaço para o
crescimento e amadurecimento do ser humano, oferecendo oportunidades para
compreensão e mudanças nos padrões do relacionamento interpessoal
(SCARPATO, 2003).
Já há algum tempo que as pesquisas cientificas tem demonstrado que as experiências de vida influenciam diretamente o processo de ativação genética, assim como influenciam as mudanças estruturais do cérebro. Deste modo torna-se cada vez mais artificial a distinção entre doenças mentais e doenças orgânicas (SCARPO, 2003, p.1).
Os aspectos psicológicos participam não somente da formação de muitas doenças como tem um papel fundamental na sua recuperação. A psicoterapia oferece recursos importantes para uma compreensão mais ampla do processo do processo de adoecimento assim como estratégias para uma vida mais saudável e integrada (SCARPATO, 2003, p.1).
Então a Psicologia Clinica passa a ocupar um lugar fundamental dentro da
área da saúde, por oferecer uma visão totalmente integrada do ser humano, dentro
das dimensões psíquicas, orgânicas, sociais e espirituais, trabalhando em conjunto
na produção da existência humana, assim como de seus equilíbrios e desequilíbrios.
Através desta visão é impossível hoje se falar em doenças orgânicas sem considerar
a dimensão psicológica e emocional, sendo clara a natureza psicossomática da
existência humana (SCARPATO, 2003).
2.1 Adolescência
A adolescência é caracterizada como um período de mudanças
biopsicossociais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) usa critérios cronológicos
31
para definir adolescência como o período que corresponde à idade de 10 a 19 anos,
a Organização das Nações Unidas (ONU) define como o período correspondente à
idade de 15 a 24 anos, já o Estatuto da criança e do adolescente (ECA) considera
adolescente a pessoa que tem entre 12 e 18 anos (SCHOEN-FERREIRA, AZNAR-
FARIAS, SILVARES, 2010).
Nessa fase inicia-se a puberdade, que é a fase de desenvolvimento e
maturação do corpo de criança para o corpo de adulto, onde se apresentam
mudanças visíveis, dando-lhes altura, forma e sexualidade de adultos (SCHOEN-
FERREIRA, AZNAR-FARIAS, SILVARES, 2010). Esse desenvolvimento acontece de
forma e em períodos diferentes em meninos e meninas.
Os caracteres sexuais primários e secundários apresentam-se em homens e mulheres em distintas idades. Nas meninas, que são mais precoces, o desenvolvimento dos seios é um dos primeiros indícios que afirmam o começo da maturação sexual. Logo aparece o pelo pubiano e, entre este e o pelo axilar, geralmente se instala a menstruação. No menino, ao contrario, o primeiro caráter sexual secundário é o pelo pubiano, uma vez que haja começado a aumentar o tamanho dos órgãos genitais. Logo aparece o pelo axilar e finalmente o facial. (ABERASTURY et al., 1990, p.17).
Para alguns autores, como Kalina e Laufer (1974 apud SCHOEN-FERREIRA,
AZNAR-FARIAS, SILVARES, 2010), há uma distinção entre puberdade e
adolescência. O primeiro corresponde somente às alterações fisiológicas que
compreendem as mudanças corporais e hormonais do corpo e o segundo os
componentes psicossociais deste mesmo processo. Para Aberastury (1990) as
mudanças psicológicas que ocorrem da adolescência derivam das modificações
corporais.
Todas as modificações corporais incontroláveis, como os imperativos do mundo externo, que exigem do adolescente novas pautas de convivência, são vividas a principio como uma invasão. Isto o leva como defesa, a reter muitos dos ganhos infantis, ainda que também coexistam o prazer e o afã de realmente ocupar seu novo status. Também o conduz para um refugio em seu mundo intimo, para poder religar-se com seu passado e então enfrentar o futuro. Estas mudanças, nas quais perde seu esquema corporal e sua identidade de criança, implicam a busca de uma nova identidade que vai se construindo em um plano consciente e inconsciente e a necessidade de incluir os genitais adultos no esquema corporal. (ABERASTURY et al., 1990, p. 25)
32
“A adolescência passou a ser reconhecida como fase do desenvolvimento
humano a partir da década de XX, até aqui, admitia-se que o sujeito transitava da
infância para a idade adulta, sem nenhum período intermédio” (FERREIRA e
NELAS, 2006 apud MIGUEL, 2011).
A adolescência é uma etapa evolutiva peculiar do ser humano... Até algum tempo atrás a adolescência era considerada meramente uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta [...] Nas ultimas décadas, contudo, a adolescência vem sendo considerada o momento crucial de desenvolvimento do individuo [...] (OSÓRIO, 1989, apud OZELLA, 2003, p.10)
O reconhecimento da adolescência como uma fase do desenvolvimento
humano permitiu uma crescente compreensão das necessidades e competências
psicológicas e físicas dos jovens (SPRINTHALL e COLLINS, 2008 apud MIGUEL,
2011).
Devido ao processo de mudança no corpo, o adolescente desenvolve
características onipotentes e provocadoras, negando a dor diante do que perdeu
quando passou do status de criança para o de adolescente.
Durante o processo do crescimento corporal, muitas vezes um adolescente mostra-se provocador, onipotente e nega a dor face ao passado perdido. Se isso se torna estereotipado, podemos duvidar sobre a futura saúde mental desse adolescente que se desprendeu, subitamente e de um modo desafiante, de sua infância e de seus pais, e, sobretudo sem nunca expressar dor. (ABERASTURY et al., 1990, p.26)
Segundo Aberastury et al. (1990, p.27) “as condições familiares poderão
mitigar, favorecer, demorar, ou precipitar o desenvolvimento, mas não poderão
impedir que o adolescente deva elaborar por si mesmo lutos tão importantes [...]”.
Diante das mudanças corporais, sociais e psíquicas que o adolescente enfrenta
durante seu desenvolvimento, os pais tendem a ter dificuldade de aceitar e conviver
com as mudanças tão significativas que os filhos estão enfrentando, devido aos
comportamentos apresentados pelo mesmo nas áreas da genitalidade e da
personalidade (ABERASTURY et al., 1990).
As dificuldades enfrentadas pelo adolescente durante seu desenvolvimento o
levam a fazer planos de como vai estruturar sua vida cotidiana, já que não tem
33
domínio sobre as mudanças biológicas e psicológicas que estão acontecendo em
seu corpo e mente.
Os conflitos, surgidos, sobretudo da dissociação da mudança corporal e a psicológica levam o adolescente à necessidade de planificação característica deste período, que abarca desde o problema religioso ou da colocação de um homem frente ao mundo, ate os fatos mais insignificantes da vida cotidiana. Não pode fazer planos sobre o seu próprio corpo ou suas identidades, que muitas vezes invadem tanto como o crescimento corporal, que recorre então a planificação do mundo externo e a verbalização... A dor que lhe produz abandonar seu mundo e a consciência de que vão se produzindo mais modificações incontroláveis dentro de si movem o adolescente a efetuar reformas exteriores que lhe assegurem a satisfação de suas necessidades na nova situação em que se encontra agora frente ao mundo (ABERASTURY et al., 1990, p.27-28).
Todo esse processo de desenvolvimento desencadeia no adolescente um
momento decisivo em meio à crise em que vive que é a criação dos selos
individuais, culturais sociais e históricos, o que faz com que o adolescente queira
buscar a liberdade, levando os pais a buscarem maneiras de inibir essa liberdade
(ABERASTURY et al., 1990).
Para o bom desenvolvimento do período da adolescência, é necessário que
existam climas que colaborem de maneira positiva no processo, pois é um momento
difícil da vida que necessita de um olhar compreensivo e atitudes que ajudem na
adaptação e na prevenção de conflitos que possam ocorrer nesse momento.
A prevenção de uma adolescência difícil deve ser buscada com a ajuda de trabalhadores de todos os campos de estudo do homem que investiguem para a nossa sociedade atual as necessidades e os limites úteis que permitam a um adolescente desenvolver-se até um nível adulto. Isso exige um clima de espera e compreensão para que o processo não se retarde e nem se acelere. A adolescência é o momento mais difícil da vida do homem e necessita uma liberdade adequada, com a segurança de normas que sigam ajudando-o a adaptar-se sem entrar em conflitos graves com seu ambiente e a sociedade. (ABERASTURY et al., 1990, p.29)
O adolescente em contato mais direto com a sociedade se torna participativo
em tudo que está envolvido no meio, tanto em direitos quanto em deveres
(ABERASTURY et al., 1990).
34
Para Aberastury et al., (1990), a sociedade tem papel fundamental na
adolescência, porém dificulta a vida do adolescente.
A sociedade, mesmo manejada de diferentes maneiras e com diferentes critérios, socioeconômicos, impõe restrições à vida do adolescente. O adolescente, com a sua força, com a sua atividade, com a força reestruturadora de sua personalidade, tenta modificar a sociedade, que, por outra parte, está vivendo constantemente modificações intensas (ABERASTURY,KNOBEL, 1981, p. 53).
Uma das características marcantes da adolescência é a alteração de humor,
que se da devido ao processo de luto que estão enfrentando, devido a perdas como
o corpo infantil e a perda dos pais da infância.
Um sentimento básico de ansiedade e depressão acompanhará permanentemente, como substrato, o adolescente. A quantidade e a qualidade da elaboração dos lutos da adolescência determinarão a maior ou menor intensidade desta expressão e destes sentimentos. ABERASTURY, KNOBEL, 1981, p. 57-58)
Para Aberastury e Knobel (1981), a adolescência é um processo universal de
troca e desprendimento, mas influenciado por características particulares de cada
cultura, o que favorecerá ou dificultara o processo de acordo com as circunstâncias.
Para a estabilização da personalidade é necessário passar por um grau de
conduta patológica, que, segundo Aberastury e Knobel (1981) faz parte da evolução
normal dessa fase da vida.
O adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas de acordo com o que conhecemos dele. Em nosso meio cultural, mostra-nos períodos de elação, introversão, alternado com audácia, timidez, descoordenação, urgência, desinteresse ou apatia, que se sucedem ou são concomitantes com conflitos afetivos, crises religiosas nas quais se pode oscilar do ateísmo anárquico ao misticismo fervoroso, intelectualizações e postulações filosóficas, ascetismo, condutas sexuais dirigidas para o heteroerotismo e ate a
homossexualidade ocasional. (ABERASTURY, KNOBEL 1981, p. 28)
Aberastury e Knobel (1981), chamam essa descrição de comportamentos de
entidade semipatológica, ou síndrome normal da adolescência. Descrevem também
o que chama de sintomatologia dessa síndrome normal da adolescência, que são
características como a busca por si mesmo; tendência grupal; necessidade de
intelectualizar e fantasiar; crises religiosas que podem ir do ateísmo mais
35
intransigente até o misticismo mais fervoroso; deslocalização temporal, onde o
pensamento adquire as características de pensamento primário; evolução sexual
manifesta, que vai de autoerotismo ate heterossexualidade genital adulta; atitude
social reivindicatória com tendências anti ou associais de diversa intensidade;
contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta dominada pela
ação, que constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da
vida; uma separação progressiva dos pais; e constantes flutuações de humor e do
estado de ânimo.
Encarar a fase e os conflitos da adolescência como condutas seminormais ou
semipatológicas, do ponto de vista da Psicologia, é algo coerente, lógico e normal.
(ABERASTURY, KNOBEL, 1981)
[...] esta maneira de encarar o problema permite aceitar os desajustes e desencontros, valorizá-los com maior correção e utilizar o impacto de gerações não como fonte de conflitos negativos, mas como um encontro inquietante que facilite o desenvolvimento da humanidade. (ABERASTURY, KNOBEL, 1981, p. 29)
2.2 O Adolescente no Processo Psicoterapêutico
2.2.1 Contexto histórico
Após a Segunda Guerra Mundial, nos EUA, foi manifesta a preocupação com
a fase da adolescência, pois os homens convocados para estar à frente dos
combates deixavam suas mulheres, que necessitavam ir para as indústrias e as
crianças que acabavam ficavando abandonadas (FERREIRA, 2010).
Essa situação gerou conflitos que refletiram na década de 50, pois causaram
problemas no estado psicológico dos adolescentes, o que alertou profissionais da
saúde como Erik Erickson e Peter Blos. “Foi à época das famosas gangues de
delinquentes, como Hell’ Angels e Black Knives, grupos de atuação psicopática, em
que a violência e o perigo eram altamente valorizados” (FERREIRA, 2010, p. 62).
No Brasil, foi a partir da década de 70 que a Medicina do adolescente passou
a ter uma maior abrangência, após resultado de observação da taxa de mortalidade
dos jovens estava crescendo gradativamente (FERREIRA et al., 2002).
36
O autor ressalta que, segundo dados levantados no Seade (São Paulo, 1998),
70% da taxa de mortalidade na fase da adolescência resultam de causas externas,
tais como, homicídios, suicídios e acidentes.
Os adolescentes não tinham possibilidade de expressar suas angústias frente
ao mal-estar social em que se encontrava o país com a ditadura militar. Como
refúgios voltaram-se para as drogas e sexualidade desencadeando a preocupação
dos pais que ficaram assustados e confundidos. Para atender essa demanda os
terapeutas se multiplicaram (FREITAS, 1989 apud CASTRO, STURMER,
COLABORADORES, 2009).
2.2.2 Aumento de problemas psicológicos na adolescência
A fase da adolescência se constitui por momentos ambíguos, ora querem
experimentar novas possibilidades e vivências, sendo sonhadores ou
independentes, ora se veem retraídos, inseguros, mesmo com o pensamento de que
não precisam de ninguém e são capazes de tudo, sentem-se temerosos, mas
acreditam que nada pode acontecer (FREITAS, 1990 apud DINIZ, 2010).
Seu maior conflito é com o universo adulto, pois ao sentirem-se atacados,
julgados ou ameaçados acabam reagindo com rejeição, incompreensão, e tentam
demonstrar autoridade (ABERASTURY e KNOBEL, 1981, p.18).
Os jovens têm estilos e costumes universais tais como:
[...] gangues, bandos nas saídas das escolas, nos “shopping-centers”, reunidos em blocos ou grupos, utilizando o mesmo estilo de roupa, uniformizados em seus jeans. Usam uma linguagem comum, com gíria e modismos próprios, um código quase exclusivo. São revolucionários, participam de grandes movimentos políticos, com extraordinária energia para mobilizar e contagiar a sociedade. Possuem uma força vital extremamente intensa que os impulsiona a viver, a se encontrar, iniciar jogos e vida sexual, namorar, “ficar”, a ter “rolos”, “pagar micos” e assim por diante. Geralmente, aproximam-se do mundo das delinquências e das drogas, usando maconha, cocaína, crack, LSD, cogumelos, ou, na sua gíria: fumar um beck ou dar um role, ou fumar um digestivo (maconha), usar “farinha” (cocaína), “pipar” (crack), ou tomar um “doce” (LSD). Engravidam e suicidam-se (FERREIRA, 2010, p. 61).
Este contexto social acabou resultando em aumento na taxa de mortalidade
dos jovens por causa externa, tais como acidentes com veículos a motor envolvendo
37
o uso de álcool, fumo e drogas, agressões, frequência de gravidez indesejada,
doenças sexualmente transmissíveis, conforme dados de pesquisa realizada pela
SEADE (WALDVOGEL; FERREIRA, 2003).
Isso ressalta a importância do acompanhamento psicológico na fase da
adolescência, onde é possível identificar e intervir para que o futuro não surja
problemas de nível grave (SEIFFGE-KRENK, 1989 apud MIGUEL, 2011).
De acordo com a opinião de Kimmel e Weiner (1998 apud FERREIRA et al.,
2002), problemas escolares e de comportamento são os fatores que mais causam
dificuldades no desenvolvimento normal do adolescente, o que leva à necessidade
de atendimento especializado.
2.2.3 Características do atendimento ao adolescente
Em relação aos atendimentos voltados ao adolescente, é necessário ter
ciência de que há características especificas que devem ser observadas. O
adolescente adoece com menos frequência do que adultos e crianças, porém
apresenta uma preocupação maior quanto às mudanças em seu comportamento.
Nesse sentido, é importante a inclusão do psicólogo em equipes de atendimentos
aos adolescentes (FERREIRA et al., 2002).
Para Meltzer (2005 apud AIRES; RUBINSTEIN, 2005) o trabalho com
adolescentes que buscam tratamento psicológico por conta própria, tendo a
consciência de que precisam de análise e investigação sobre seus conflitos, é uma
experiência enriquecedora e criativa, tanto para o paciente quanto para o analista.
Em contrapartida, há grupos de adolescentes que não buscam tratamento e
acabam por terem dificuldades externas devido à fase de modificações pela qual
estão passando. Isso faz com que seus conflitos reflitam na sociedade, podendo
levá-los inclusive a ter problemas com a lei (AIRES; RUBINSTEIN, 2005).
Um fator que dificulta o trabalho do psicólogo no processo terapêutico com
adolescentes é o fato de que muitos não iniciam o tratamento por iniciativa própria,
mas por indicação dos pais e professores (MIGUEL, 2011).
Isso faz com que o adolescente perceba o psicólogo como uma autoridade,
que busca desafiar a sua autonomia.
38
As razões que os jovens apontam para não recorrer a estas fontes de ajuda são o facto de terem alguma vergonha em expor os seus problemas, assumirem que os adultos não serão úteis para ajudar a solucionar o problema, questões relativas à confidencialidade, não serem ouvidos com atenção e medo de serem julgados pelo outro (ADELMAN, BARKER e NELSON, 1993 apud MIGUEL, 2011).
Em primeiro lugar, o profissional deve estabelecer uma relação de confiança
com o adolescente, pois em geral há desconfiança quanto à confidencialidade do
tratamento (CONTINI; KOLLER, 2002).
Veríssimo (2007) salienta a importância da relação terapêutica como uma
alavanca para formar a aliança terapêutica.
A aliança terapêutica permite ao paciente, na situação de tratamento analítico,
trabalhar com determinação, pois cria uma relação relativamente racional entre o
paciente e o analista (RESMINI; CAMARGO, 2005).
Alguns fatores podem fortalecer a aliança, tais como a tentativa de
compreender o paciente em seu mundo interno, a adoção de uma postura não
julgadora, a regularidade de horários, de frequência das sessões e honorários
(RESMINI; CAMARGO, 2005).
De acordo com Laufer (1981, apud MARCELLI; BRACONNIER, 2005) para o
terapeuta formar aliança terapêutica é necessário que os adolescentes tenham
confiança e a certeza de que ele pode oferecer ajuda para seus conflitos internos e
prestar assistência nas situações importantes da vida real.
Um passo importante para a formação dessa aliança terapêutica está no
primeiro contato. Nas primeiras entrevistas o clínico tem a possibilidade de observar
o paciente, seus potenciais de saúde e áreas livres de conflito, além de permitir que
o profissional identifique a dinâmica a ser utilizada para obter sucesso no tratamento
(RESMINI; CAMARGO, 2005).
É preciso compreender que os conflitos vividos pelo adolescente continuam
entrelaçados com os demais membros de sua família, o que possibilita uma maior
participação do grupo familiar no processo terapêutico, sendo de valor relevante as
interações com o mesmo durante todo o procedimento de trabalho clinico com
pacientes adolescentes (RESMINI; CAMARGO, 2005).
A beleza e a arte do trabalho com adolescentes podem ser pensadas pelas
características da própria etapa da vida, como disposição às mudanças, riqueza de
possibilidades, coragem em desbravar novos horizontes, rebeldia que faz com que
39
se questionem tudo, bem como imensa gratidão ao sentir-se compreendido
(CASTRO, STURMER et al., 2009).
As autoras listam alguns pontos a serem observados para auxiliar na
conquista de resultados positivos no processo terapêutico com adolescentes.
a) Conhecer a dinâmica da fase da adolescência, tendo assim a
sensibilidade de perceber em que momento do desenvolvimento o jovem se
encontra, para distinguir quais sinais são próprios da faixa etária e quais são
passiveis de interferência do psicoterapeuta;
b) Dedique-se emocionalmente e internamente para de fato estar com os
adolescentes. É necessário gostar de estar e de trabalhar com eles. É
importante respeitá-los, levá-los a sério, comunicar-se com eles de maneira a
ser acessível e compreendido, deixando transparecer, no entanto a diferença
entre a sua faixa etária e a do adolescente;
c) Ser criativo na busca por recursos que possibilitem acesso ao mundo
interno do adolescente, pois o silêncio é comum nessa fase, e para dar conta
disso a criatividade é uma aliada importante para que os jovens sintam-se
confiantes em se abrirem;
d) Trate os adolescentes com honestidade, pois são especialistas em
encontrar pontos fracos. Tenha calma e tranquilidade para tratar assuntos
considerados por eles como tabus, como sexo, drogas, homossexualidade,
doenças e morte;
e) Os pais devem ser coparticipantes do tratamento, a presença deles é
fundamental para firmar uma forte aliança terapêutica. Conceba uma
psicoterapia de adolescentes somente com a participação deles.
2.2.4 Características do atendimento em grupo
Durante a fase da adolescência, há uma tendência do ser humano em buscar
grupos onde possa encontrar características semelhantes as suas, e também
proteção. Ao agrupar-se, o adolescente esconde o temor às criticas diretas
(CONTINI, KOLLER, 2002).
Os autores, no entanto, explicam que mesmo em grupos diferentes podem
ser observadas características em comum.
40
É preciso que o coordenador estabeleça os critérios de seleção dos indivíduos que comporão o grupo (idade, interesse, patologia, sexo, escolaridade, etc.), atentando para o fato de que uma motivação frágil pode acarretar uma participação pobre ou um abandono
prematuro (CONTINI, KOLLER, 2002, p.37).
No âmbito da saúde mental existem diversas formas de utilização do
dispositivo grupal, sendo que uma das mais difundidas é a psicoterapia (BECHELLI;
SANTOS, 2005).
Segundo a literatura norte-americana, Joseph H. Pratt foi o criador da
psicoterapia de grupo. Ele trabalhava como clinico geral no Massachusetts General
Hospital na cidade de Boston (BECHELLI; SANTOS, 2004).
Dentro da psicoterapia de grupo, o papel do terapeuta é colaborar e buscar o
progresso e crescimento do paciente motivando-o a alcançar autoconfiança,
integração e independência, tornando-o capaz de encontrar suas próprias soluções.
Ele busca facilitar a interação dos pacientes membros do grupo, de maneira que
eles consigam verbalizar sem receios seus pensamentos e emoções (BECHELLI;
SANTOS, 2005).
Os autores salientam que um terapeuta habilidoso desenvolve seu método de
terapia usando de criatividade, flexibilidade, tolerância e competência, intervindo de
acordo com as respostas e evoluções de cada paciente e do grupo como um todo.
41
CAPITULO III
A PESQUISA
3 METODOLOGIA
Nesse trabalho levantou-se a hipótese de que os adolescentes veem para os
atendimentos porque os pais, responsáveis ou figuras de autoridade acreditam que
eles necessitam, e não por vontade própria, o que leva ao desinteresse pelo
atendimento, e assim, a desistência.
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética (anexo B).
Número do Parecer: 698.544
Data da Relatoria: 30/06/2014
O estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva, que “tem como objetivo
primordial a descrição de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2008, p.28) com caráter
exploratório e análise qualitativa.
Para a realização deste estudo foram utilizadas aplicação de questionário
com perguntas semi-estruturadas a ex-estagiárias do Serviço Escola de Psicologia
do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins, que prestaram
atendimento à adolescentes durante o ano de 2013. As perguntas foram divididas
em três temas, que seguem descritas de acordo com os temas: Demanda 1) Em sua
opinião, o trabalho de um psicólogo está claro para os clientes que procuram
psicoterapia? 2) Em sua opinião, no atendimento com o adolescente como se
estabelece o vínculo terapêutico? 3) Quais são as principais queixas que os
adolescentes apresentam em um processo psicoterápico?; Terapeuta 1) Em sua
opinião há uma abordagem teórica mais indicada para o atendimento com o
adolescente? 2) De acordo com a sua experiência no atendimento com
adolescentes qual a dificuldade encontrada no processo psicoterápico? 3) Durante o
atendimento em psicoterapia de adolescente seu paciente concluiu ou desistiu do
atendimento? Considerando os casos de desistência como você se sentiu diante
dessa situação? 4) A partir da experiência de desistência do processo psicoterápico
qual foi sua expectativa para iniciar o atendimento de um novo paciente? E
desistência 1) Em sua opinião porque os adolescentes desistem do atendimento
42
psicoterápico? 2) Em sua opinião, quais os motivos para a desistência do processo
psicoterápico pelo adolescente?, Pesquisa documental e análise de dados
estatísticos através da ferramenta do Microsoft Office Excel. Nos tópicos abaixo será
apresentada a definição de cada técnica, bem como suas diversidades e a
justificativa de cada escolha, com embasamento teórico e de acordo às
necessidades de levantamento de dados da pesquisa.
3.1 Entrevista
O termo entrevista surgiu a partir da junção das palavras entre e vista. Vista
quer dizer ver, preocupar-se com algo ou alguma coisa. Entre refere-se à relação de
lugar ou estado no espaço que separa dois seres ou objetos. Logo o termo
entrevista refere-se à percepção entre duas pessoas. (RICHARDSON 1999, p. 207
apud BRITTO JÚNIOR, FERES JÚNIOR, 2011).
A técnica da entrevista tem uma diversidade de funções e objetivos, tais
como, proporcionar diversão, trazer informação, entreter o público e avaliar
(ROCHA, DAHER, SANT’ANNA, 2004). É um encontro entre duas pessoas onde
uma delas tem interesse em obter algum tipo de informação a respeito de um
assunto especifico, o que ocorre por meio de uma conversação de natureza
profissional (LAKATOS; MARCONI, 1994, apud ROCHA; DAHER; SANT’ANNA,
2004).
Na área científica esta é uma técnica importante que auxilia o pesquisador
quando este precisa de informações sobre seu objeto de estudo, pois lhe permite ir
além das descrições das ações, conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores
subjacentes (RIBEIRO, 2008, p.141 apud BRITTO JÚNIOR, FERES JÚNIOR, 2011).
Embora seja comum às pessoas associarem entrevista à área psicológica, ela
não é um instrumento próprio apenas do psicólogo, pois também é utilizada como
recurso nos âmbitos escolar, hospitalar, empresarial, jurídico, esportivo (MACEDO;
CARRASCO, 2005).
Há duas modalidades de entrevista: face a face e mediada. A entrevista face
a face é aquela onde o entrevistador e entrevistado se encontra podendo ser
influenciados por comunicações verbais ou não-verbais. A modalidade mediada
abrange entrevistas feitas por telefone, computador e por questionários, sendo que
também estão sujeitas a influencias (FRASER, GONDIM, 2004).
43
No que se refere à estrutura, há três classificações de entrevista sendo a
estruturadas, semi-estruturadas ou não estruturadas. (FRASER, GONDIM, 2004).
As entrevistas estruturadas ou fechadas se caracterizam por uma estrutura
rígida quanto ao roteiro sem permitir que o entrevistado tenha espaço para fala
espontânea. O entrevistador deve manter uma postura neutra, quando for solicitado
para esclarecer algum conteúdo das questões deve apenas repetir o enunciado,
para não esboçar opinião pessoal. Este tipo de entrevista é indicado em pesquisas
quantitativas e experimentais. Há algumas preocupações com esta modalidade de
entrevista, tais como, hipóteses, ajuste do roteiro, o padrão das perguntas
apresentadas e limitação das opções de resposta com intuito de facilitar na hora do
planejamento das condições experimentais e análise estatística dos dados
(FRASER, GONDIM, 2004).
A entrevista semi - estruturada tem como foco um assunto onde é construído
um roteiro com as principais perguntas e com outras questões ligadas a
circunstâncias que surge durante a entrevista. Este tipo de entrevista pode fornecer
informações de forma livre e as respostas não são padronizadas de forma
alternativa (MANZINI 1990/1991, p. 154 apud MANZINI, 2012).
Na entrevista não estruturada, o entrevistador nem sempre utiliza apenas o
roteiro de pergunta, esta é uma entrevista profunda, intensa ou qualitativa. A
finalidade é obter informações de forma livre e com utilização das palavras inerente
do entrevistado na descrição e detalhamento das situações (CASSIANI, CALIRI,
PELÁ, 1996).
A entrevista pode ser individual ou em grupo. Geralmente utiliza-se a
entrevista em grupos, que também é conhecida como focus group, quando se quer
proporcionar melhor compreensão do problema, formular possibilidades e fornecer
elementos para a elaboração de instrumentos coletores de dados (GIL, 2008).
Entrevista, portanto é trabalho, não um bate-papo informal e nem conversa de
cozinha. A construção de uma entrevista deve ser feita de forma rigorosa e
adequada, e requer menos tempo na fase preparatória, mas demandam preparo
teórico e competência técnica por parte do pesquisador para obter um material
empírico rico e suficiente para investigação (DUARTE, 2004).
Questionário é um instrumento de investigação que tem por objetivo obter
informações sobre um grupo representativo da população que está sendo estudada.
44
São apresentadas questões que abrangem um tema de interesse para os
investigadores (AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
Este tipo de instrumento é útil quando o investigador tem a intenção de obter
informação a respeito de um determinado tema. Torna-se relevante pela eficiência
de interrogar um elevado número de pessoas, em um curto espaço de tempo
(AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
As questões formuladas devem conter os três princípios básicos: o princípio
da clareza, onde as questões são claras, concisas e unívocas; o princípio da
coerência- devem ser elaboradas questões correspondentes à intenção da própria
pergunta; e o princípio da neutralidade, não deve haver indução de respostas
(AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
Com o questionário é possível recolher uma amostra dos conhecimentos,
comportamentos, atitudes e valores do publico alvo. Por isso é importante ter
definido o que será avaliado e rigor na escolha do tipo de questionário de modo a
aumentar a credibilidade do instrumento aplicado (AMARO, PÓVOA, MACEDO,
2005).
Há três tipos de questionários: aberto, fechado e misto. O questionário do tipo
aberto utiliza-se de questões abertas, permitindo maior profundidade sobre o
assunto, onde o respondente tem maior liberdade para responder, porém é mais
dificultosa sua interpretação (AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
O questionário do tipo fechado tem base em questões de respostas fechadas
e objetivas, possibilitando a comparação com outros instrumentos de colheita de
dados. A análise das informações colhida deste tipo de questionário é facilitada e
exige menos tempo (AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
O tipo de misto apresenta questões de diferentes tipos permite respostas
abertas e fechadas (AMARO, PÓVOA, MACEDO, 2005).
Será utilizado neste trabalho o questionário do tipo questões semi-
estruturadas ou mistas em ex-alunos do curso de psicologia do Centro Universitário
Salesiano Auxilium de Lins que atenderam adolescentes que desistiram da
psicoterapia. O objetivo do questionário é recolher informação sobre a visão de
atender adolescentes desistentes da psicoterapia baseado na experiência que
tiveram.
3.2 Pesquisa Documental
45
A pesquisa documental é uma ferramenta de pesquisa bastante utilizada nas
áreas de ciências humanas e sociais.
Dependendo do objeto de estudo e dos objetivos da pesquisa, pode se caracterizar como principal caminho de concretização da investigação ou se constituir como instrumento metodológico complementar. Apresenta-se como um método de escolha e de verificação de dados; visa o acesso às fontes pertinentes, e, a esse título, faz parte integrante da heurística de investigação (SÁ-SILVA et al., 2009. p. 13).
Sua característica é a coleta de dados em documentos, escritos ou não.
Podem ser realizadas no momento em que ocorre o fato ou posteriormente. Utilizam-
se três variáveis: fontes escritas ou não; fontes primárias ou secundarias;
contemporâneas ou retrospectivas (MARCONI, LAKATOS, 2010).
Definiu-se como fontes primárias contemporâneas escritas: documentos de
arquivos públicos, publicações parlamentares e administrativas, estatísticas,
documentos de arquivos privados, cartas e contratos; e retrospectivas: diários,
autobiografias, relatos de visitas a instituições e relatos de viagem. Como fontes
secundárias escritas contemporâneas: relatório de pesquisa baseados em trabalho
de campo de auxiliares, estudo histórico recorrendo aos documentos originais,
pesquisa estatística baseada em dados de recenseamento e pesquisa utilizando a
correspondência de outras pessoas; e retrospectivas: pesquisa recorrendo a diários
ou autobiografias (MARCONI, LAKATOS 2010).
São definidas como fontes primárias contemporâneas não-escritas:
fotografias, gravações em fita magnética, filmes, gráficos, mapas e outras
ilustrações; e retrospectivas: objetos, gravuras, pinturas, desenhos, fotografias,
canções folclóricas, vestuários e folclores. Como fontes secundárias
contemporâneas não escritas: material cartográfico, filmes comerciais, rádio, cinema
e televisão; e retrospectivas: filmes comerciais, rádio, cinema e televisão
(MARCONI, LAKATOS, 2010).
Será utilizada a técnica da pesquisa documental em fontes escritas
contemporâneas em documentos de arquivos privados, prontuários de adolescentes
que já estiveram em atendimento no Serviço de Psicologia do Unisalesiano – Lins e
46
desistiram do atendimento, para obtermos após a analise dados referentes as
causas/motivos que levaram os mesmos a desistência.
3.3 Microsoft Office Excel
No ano de 1987 foi lançada a primeira versão do Windows, posteriormente
foram laçadas pela Microsoft várias versões do programa Excel. Em média a cada
dois anos era lançada uma nova versão (PACIEVITCH, 2006).
Este é um programa com planilhas eletrônicas organizadas através de linhas
e colunas. Na versão 2007 este programa houve alteração, passando a ter três
planilhas, cada uma com 16.384 colunas e 1.048.575 linhas, suas funções são
realizar cálculos matemáticos, armazenar dados de compras e vendas de produtos,
custos e orçamentos familiares (PACIEVITCH, 2006).
Será utilizado neste trabalho o programa Microsoft Office Excel para facilitar a
tabulação e a soma estatística dos dados colhidos dos prontuários de adolescentes
desistentes do tratamento psicoterápico.
3.4 Resultados e discussão
3.4.1 Resultado da análise de prontuários
Para descobrir os índices e os motivos que levaram à desistência de
adolescentes do tratamento oferecido pelo Serviço de Psicologia do Unisalesiano
Lins, foi realizada pesquisa nos prontuários arquivados no período de 2005 a 2013,
onde foram encontrados 190 prontuários de pacientes adolescentes que desistiram
do tratamento.
Foi realizada análise em cada um dos prontuários para identificar a idade, o
motivo da desistência, a forma de abordagem e o sexo dos pacientes desistentes,
sendo que os resultados encontrados, a análise e a discussão serão descritos nos
parágrafos a seguir e ilustrado através de tabelas construídas no Microsoft Office
Excel.
47
Tabela 1: Índices de desistências por idade
Rótulos de Linha 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Geral %
12 1 1 2 1,1%
13 2 5 2 5 2 22 2 40 21,1%
14 4 3 3 4 1 8 9 32 16,8%
15 4 9 4 8 6 5 2 14 5 57 30,0%
16 4 5 4 3 2 2 1 6 3 30 15,8%
17 4 3 3 3 1 1 1 8 3 27 14,2%
18 1 1 0,5%
Não Consta 1 1 0,5%
Total Geral 12 23 14 23 15 15 6 59 23 190 100% Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014
De acordo com a tabela 1, no período entre 2005 e 2013, a maior incidência
de desistentes ocorreu na idade de 15 anos, pois 30% do total de desistentes tinham
essa idade. Em contrapartida, nos períodos inicial e final da adolescência os índices
de desistência foram baixos, somente 2 desistências de adolescentes com 12 anos
e 1 desistência de adolescente com 18 anos.
O ano em que ocorreu maior número de desistências foi 2012, onde 59
adolescentes abandonaram o tratamento. Já no ano de 2011 foi registrado o menor
índice, apenas seis desistências.
Tabela 2: Índices de desistência por sexo
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014
De acordo com a tabela 2, do total de adolescentes desistentes entre 2005 e
2013 é possível verificar que houve maior incidência no sexo feminino, 57,4%.
Tabela 3: Índices de desistência por motivo
Rótulos de Linha 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Geral % Feminino 7 11 6 13 11 8 5 32 16 109 57,4% Masculino 5 12 8 10 4 7 1 27 7 81 42,6%
Total Geral 12 23 14 23 15 15 6 59 23 190 100%
48
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014
Com base nos dados da tabela 3, o motivo que mais levou os adolescentes à
desistência do tratamento foram as faltas sem justificativas, onde 77 adolescentes,
que representam 40,5% do total de desistentes, não compareceram às sessões
mesmo após os contatos feitos pelo Serviço de Psicologia do Unisalesiano.
29,5% dos pacientes desistiram do atendimento por não demonstrar interesse
na continuidade do tratamento.
Também ocorreram 29 casos onde não foi possível entrar em contato com o
adolescente devido problema com o número de telefone, sendo esses inválidos,
número transferido para outra pessoa, ou até mesmo não atenderem.
Já na tabela 4 abaixo, a forma de abordagem foi o item considerado para
averiguar o porquê da desistência. Verificou-se por essa tabela que a abordagem de
fenomenologia foi a que mais ocasionou desistências, representando 40% dos
pacientes que desistiram.
Tabela 4: Índices de desistência por abordagem
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014
Rótulos de Linha 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Geral %
Comportamental 1 36 1 38 20,0%
Fenomenologia 6 16 12 12 9 8 2 9 2 76 40,0%
Não consta 1 7 2 1 5 1 17 8,9%
Psicanálise 5 1 6 3,2%
Psicodrama 2 8 4 2 4 13 20 53 27,9%
Total Geral 12 23 14 23 15 15 6 59 23 190 100,0%
Rótulos de Linha 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total Geral % Desistência 2 4 6 9 2 5 3 20 5 56 29,5% Encaminhamento externo 1 1 1 1 2 6 3,2% Falta 2 13 6 9 10 9 2 15 11 77 40,5% Falta de relatório do estagiário 1 1 0,5% Mudança de endereço 1 1 3 5 2,6% Não consta 7 2 1 10 5,3% Não consta no relatório 2 2 1,1% Outros 2 2 1,1% Sem contato 1 2 3 1 16 6 29 15,3% Tratamento com profissional externo 1 1 2 1,1% Total Geral 12 23 14 23 15 15 6 59 23 190 100,0%
49
A tabela 5 mostra as principais queixas apresentadas pelos adolescentes no
momento da entrevista inicial, onde o profissional procura entender qual a
necessidade do adolescente para poder traçar o plano de intervenção a ser seguido
durante o tratamento.
Tabela 5: Índices das queixas apresentadas pelos adolescentes
Total geral %
Relacionamentos 8 3,29
Relacionamento familiar 31 12,76
Sexualidade 9 3,70
Queixa escolar 44 18,11
Orientação Profissional 5 2,06
Adolescente institucionalizado 2 0,82
Uso de psicotrópico 8 3,29
Morte figuras parentais 3 1,23
Auto Mutilação 2 0,82
Síndrome Normal da Adolescência 63 25,93
Sintomas psíquicos 49 20,16
Sintomas físicos 2 0,82
Desistência 9 3,70
Não consta no prontuário 4 1,65
Conflitos com a Lei 2 0,82
Outros 2 0,82
Total 243 100%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014
As queixas com maiores incidências entre os adolescentes desistentes foram
Síndrome Normal da Adolescência, representando 25,93% do total de queixas e
Sintomas Psíquicos, 20,16%. Queixa escolar e Relacionamento Familiar vieram logo
em sequência com 18,11% e 12,76% respectivamente.
50
3.4.2 Resultado das respostas dos questionários
Para auxiliar na busca pelos motivos que levam os adolescentes a desistirem
do tratamento psicoterápico, foi elaborado um questionário com questões sobre
temas considerados relevantes para o sucesso ou não do tratamento: demanda
terapeuta e desistência. As respostas seguem nos quadros 1, 2 e 3.
No quadro 1 logo abaixo, foram respondidas questões sobre a clareza do
trabalho do psicólogo, sobre a forma como se estabelece o vínculo terapêutico e
sobre as principais queixas apresentadas pelos adolescentes durante a entrevista
inicial.
Para a maioria das ex-alunas que responderam ao questionário, o trabalho do
psicólogo não é totalmente claro, os pacientes ainda confundem algumas atribuições
do psicólogo, e esperam alguns resultados que não estão relacionados ao
tratamento psicoterapêutico. O acolhimento, o estabelecimento da confiança e o
trabalho com o interesse do adolescente foram as formas indicadas para se
estabelecer o vínculo terapêutico. O relacionamento familiar e social, e os problemas
psicológicos, além das queixas escolares e sexualidade foram às principais queixas
apresentadas pelos pacientes atendidos por elas.
Quadro 1: Questionário sobre demanda
Ex-Estagiária 1 Sim
Ex-Estagiária 2 Não
Ex-Estagiária 3 Para a maioria sim
Ex-Estagiária 4 Não
Ex-Estagiária 5 Não respondeu
Ex-Estagiária 1 Estabelecimento de confiança
Ex-Estagiária 2 Trabalhar com o interesse do adolescente
Ex-Estagiária 3 Acolhimento
Ex-Estagiária 4 Acolhimento
Ex-Estagiária 5 Não respondeu
Ex-Estagiária 1 Relacionamento Familiar
Ex-Estagiária 2 Relacionamento Familiar; Relacionamento; Sintomas Psíquicos e Queixa Escolar
Ex-Estagiária 3 Relacionamento; Relacionamento familiar; Sexualidade
Ex-Estagiária 4 Queixas normalmente contradizem às daquele que o levou ao atendimento
Ex-Estagiária 5 Não respondeu
Em sua opinião, o trabalho de um psicólogo está claro para os clientes que procuram
psicoterapia?
Tema: Demanda
Em sua opinião, no atendimento com o adolescente como se estabelece o vínculo
terapêutico?
Quais são as principais queixas que os adolescentes apresentam em um processo
psicoterápico?
Fonte: Elaborado pelas autoras. 2014
51
No quadro 2 foram elaboradas questões abordando a opinião das ex-
estagiárias sobre a forma de abordagem que elas consideram mais indicada para o
atendimento com adolescentes; as dificuldades encontradas durante o processo
psicoterápico com adolescentes; também foi perguntado sobre a experiência que
tiveram durante o estágio, se houve conclusão ou desistência do paciente e qual foi
o sentimento que que cada uma. Por fim, foi perguntado sobre a expectativa ao
iniciar um novo atendimento.
As formas de abordagem comportamental e psicodrama foram indicadas em
duas das respostas, outras duas consideraram que não existe uma forma de
abordagem mais indicada, podendo ter sucesso independentemente da abordagem.
Em geral, a maior dificuldade encontrada por elas foi a de estabelecer o
vínculo de confiança com o adolescente, pois a maioria não vai por vontade própria,
e com isso não demonstra interesse em prosseguir com o tratamento.
Nenhuma delas obteve êxito no seu atendimento, havendo a desistência por
parte do paciente. Com isso, sentiram frustração, insegurança, impotência e culpa,
por não ter conseguindo concluir o seu trabalho, precisando trabalhar a ansiedade
antes de iniciar um novo tratamento. As respostas da entrevistada 2 nas duas
últimas questões deste tema precisaram ser anuladas, pois basearam-se em sua
experiência depois de formada, não atendendo à necessidade dos questionamentos.
52
Quadro 2: Questionário sobre o terapeuta
Ex-Estagiária 1 Não
Ex-Estagiária 2 Comportamental e Psicodrama
Ex-Estagiária 3 Comportamental e Psicodrama
Ex-Estagiária 4 Não
Ex-Estagiária 5 Não respondeu
Ex-Estagiária 1 Estabelecimento de confiança
Ex-Estagiária 2 Desisteresse do adolescente e falta de aderência dos pais.
Ex-Estagiária 3 Resistência do adolescente
Ex-Estagiária 4 Mobilização do adolescente
Ex-Estagiária 5 Não respondeu
Ex-Estagiária 1 Desistiu. Frustração; Impressão de que fez algo errado.
Ex-Estagiária 2 Anulada. Respondeu com base em sua vivência depois de formada.
Ex-Estagiária 3 Desistiu. Preocupada e insegura.
Ex-Estagiária 4 Deisistiu. Frustração; Impotência e culpa.
Ex-Estagiária 5 Não respondeu.
Ex-Estagiária 1 Ansiedade
Ex-Estagiária 2 Anulada. Respondeu com base em sua vivência depois de formada.
Ex-Estagiária 3 Boa, precisou trabalhar a ansiedade.
Ex-Estagiária 4 Ansiedade e medo
Ex-Estagiária 5 Não respondeu.
De acordo com sua experiência no atendimento com adolescentes qual a dificuldade
encontrada no processo psicoterápico?
Durante o atendimento em psicoterapia de adolescente seu paciente concluiu ou desistiu
do atendimento? Considerando os casos de desistência como você se sentiu diante
dessa situação?
A partir da experiência de desistência do processo psicoterápico qual foi sua expectativa
para iniciar o atendimento de um novo paciente?
Em sua opinião há uma abordagem teórica mais indicada para o atendimento com o
adolescente?
Tema: Terapeuta
Fonte: Elaborado pelas autoras. 2014
No quadro 3 as entrevistadas responderam sobre os motivos que
consideraram determinantes para a desistência de seus pacientes.
Embora com palavras diferentes, em geral elas tiveram a mesma visão, pois
consideraram a dificuldade em se estabelecer o vínculo terapêutico, a falta de
interesse e de adesão ao atendimento por parte do adolescente devido iniciar o
tratamento por imposição dos pais e/ou responsáveis, além da não adequação à
abordagem e o medo de enfrentarem seus piores pesadelos como principais motivos
que levaram à desistência do tratamento.
53
Quadro 3: Questionamentos sobre desistência
Ex-Estagiária 1 Por não se sentirem bem acomodados e não estarem preparados para a terapia
Ex-Estagiária 2 Não aderência, falta de empatia, demanda ser dos pais.
Ex-Estagiária 3 Falta de adesão e resistência.
Ex-Estagiária 4 Não ser responsável pela procura.
Ex-Estagiária 5 Não respondeu.
Ex-Estagiária 1 Não estar preparado; não se adequar à abordagem e medo.
Ex-Estagiária 2 Querem resultado imediato; resistem à aderência e à mudança.
Ex-Estagiária 3 Falta de motivação, de interesse e de vontade própria.
Ex-Estagiária 4 Dificuldade de estabelecer o vínculo terapêutico.
Ex-Estagiária 5 Não respondeu.
Em sua opinião, quais os motivos para a desistência do processo psicoterápico pelo
adolescente?
Tema: Desistência
Em sua opinião porque os adolescentes desistem do atendimento psicoterápico?
Fonte: Elaborado pelas autoras 2014
3.4.3 Discussão dos resultados encontrados
A análise dos prontuários dos desistentes possibilitou importantes
constatações quanto à desistência dos adolescentes no tratamento. Permitiu ter uma
visão detalhada dos principais motivos que levaram os adolescentes a procurarem o
atendimento psicológico e das principais causas de terem desistido.
As tabelas demonstraram que os motivos das desistências foram variados, e
conforme já citado anteriormente ocorreram com mais incidência na idade de 15
anos, onde o adolescente está em um momento de transição da fase da infância
para a fase adulta, é um momento onde ocorrem conflitos internos, e começam a ter
mudanças corporais, sociais e psicológicas, passam a ter uma visão diferente do
mundo e da sua própria existência (SCHOEN-FERREIRA, AZNAR-FARIAS,
SILVARES, 2010).
O índice elevado de pacientes que desistiram do tratamento por falta de
interesse reflete o que foi dito por Miguel (2011), onde as figuras de autoridade, pais,
professores e/ou responsáveis, incomodados com determinadas ações e
comportamentos, impõem o tratamento aos adolescentes, e esse tratamento não
progride devido à falta de adesão deste ao interesse daquele que, de certa maneira,
o obrigou a iniciar o tratamento.
54
As queixas dos adolescentes também foram variadas, e demonstraram que
muitas vezes a demanda pode não ser do adolescente, pois as maiores queixas
foram síndromes normais da adolescência. Aberastury (1981) descreve como
sintomatologia dessa da síndrome normal da adolescência características como
busca por si mesmo; tendência grupal; necessidade de intelectualizar e fantasiar;
crises religiosas que podem ir do ateísmo mais intransigente até o misticismo mais
fervoroso; deslocalização temporal, onde o pensamento adquiri as características de
pensamento primário; evolução sexual manifesta, que vai de auterotismo até
heterossexualidade genital adulta; atitude social reivindicatória com tendências anti
ou associais de diversa intensidade; contradições sucessivas em todas as
manifestações da conduta dominada pela ação, que contitui a forma de expressão
conceitual mais típica desse período da vida; uma separação progressiva dos pais; e
constante flutuação de humor e estado de ânimo.
O convívio do jovem com sua família e no ambiente escolar também estão
entre os principais motivos que levaram os jovens ao tratamento psicológico, pois
muitas vezes este não é compreendido em sua maneira de pensar e de agir, visto
como um problema que pode gerar conflitos no meio onde vive.
Os questionários respondidos pelas ex-estagiárias apresentaram respostas
parecidas com os dados levantados nos prontuários, pois demonstraram que as
maiores causas de desistências por parte dos adolescentes estão relacionadas ao
fato de que não iniciam o tratamento por vontade própria, o que leva a um
desinteresse em concluí-lo, e o psicólogo tem dificuldade em criar o vínculo
terapêutico, devido a esse desinteresse do adolescente.
Quanto às queixas dos adolescentes, as respostas também foram parecidas,
pois demonstraram que o relacionamento familiar e as queixas escolares estão entre
as principais apresentadas por eles durante a entrevista inicial.
CONCLUSÃO
A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta.
Nesse período o ser humano vive as maiores mudanças tanto biológicas quanto
psíquicas, o que leva a vivenciar novas sensações corporais, descobrir quais são
seus reais desejos, do que realmente gosta, com quem quer se relacionar tanto
55
socialmente quanto afetivamente, começa a impor suas opiniões e vontades, quer
que aquilo que ele pensa seja levado em consideração, quer ser levado a sério,
como o ser individual que é.
Diante de todas essas mudanças e transformações seu comportamento
começa a mudar, pois são sentimentos que não estão acostumados e geralmente
não sabem como lidar, o que leva aos conflitos internos, como comportamentos
agressivos, sintomas depressivos, extroversão ou introversão, e externos, como as
brigas com os pais, que geralmente entendem essas mudanças como rebeldia, o
que leva os pais a procurarem a psicoterapia para os filhos.
Verificou-se através de dados coletados que é necessário que haja nessa
fase um maior esclarecimento sobre como se dá adolescência e como esse período
reflete diretamente na vida do adolescente para que os pais, responsáveis,
professores e figuras de autoridade em geral consigam entender e lidar com esse
período cheio de turbulências e calmarias, e não procurem demandas que sejam
inexistentes nos adolescentes, o que leva a desistência dos mesmos do processo
psicoterápico.
Verificou-se também que seja necessária a compreensão dos alunos –
estagiários que atenderão esses adolescentes sobre as queixas apresentadas pelos
adolescentes e pelos responsáveis, já que ambos são ouvidos quando procuram o
atendimento no Serviço de Psicologia. Cabe a eles identificarem o que é demanda
dos pais e o que é demanda do adolescente, se realmente existe necessidade de
atendimento, ou se a demanda se encontra somente nos responsáveis por não
saberem como lidar com os filhos nesse período, e acreditarem que através da
psicoterapia o comportamento dos filhos poderá ser mudado voltando a ser o que
eles acreditam ser normal.
Os dados coletados confirmam a hipótese de que os na maioria dos casos os
adolescentes venham para os atendimentos porque os pais, responsáveis ou figuras
de autoridade acreditam que eles necessitam, e não por vontade própria, o que leva
ao desinteresse pelo atendimento, e assim, a desistência.
Este trabalho visou contribuir com o esclarecimento sobre os motivos da
desistência dos adolescentes do processo psicoterápico.
56
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Considerando os dados coletados nos prontuários do Serviço de Psicologia-
Lins referentes à evasão dos atendimentos realizados com adolescentes, observou-
se que o número de desistências é elevado. Neste sentido, propõe-se que sejam
retomadas algumas ações praticadas anteriormente pelo Serviço de Psicologia do
Unisalesiano-Lins, como o Plantão Psicologico.
O plantão psicológico é destinado às pessoas que buscam um atendimento
de apoio emergencial, em situações de crise ou traumas, situação que tire o
equilíbrio momentâneo e necessitam de uma ação interventiva imediata. Podendo
ser realizado em instituições, escolas, hospitais, clínicas, clínicas-escola. Sendo
assim, é necessário que se estabeleça um local adequado com horário fixado para
que a população possa ter acesso ao serviço. (MENESES, 2009)
Como uma forma de atividade das clínicas-escola, o plantão psicológico, tem
se mostrado uma tentativa de integração de duas necessidades: a formação e o
atendimento à população. (PAPARELLI, MARTINS, 2007)
[..] em clínicas-escola esse serviço consegue abranger a integração de dois pontos importantes: a função da formação dos estudantes e o atendimento a demanda da população. Para os alunos, isso representa trabalhar o inusitado, o emergencial, os coloca diretamente a prova, ou seja, entrar em contato com o que foi aprendido e avaliar sua formação, além de proporcionar um contato com uma prática diversificada em relação ás queixas trazida pelos clientes e a possibilidade de intervenção nos momentos de crises. Para a população representa poder contar com serviço de atendimento psicológico emergencial para atender suas necessidades. (MENESES, 2009 p.1 apud PAPARELLI, NOGUEIRA-MARTINS 2009)
Perches (2009) afirma que o plantão psicológico dentro da clinica escola é
uma proposta bastante viável e interessante para enfrentar problemas vivenciados
pelos clientes que buscam atendimetos psicologicos, tentando sanar problemas
como as filas de espera, e a necessidade emergencial de ajuda. Porém o plantão
psicologico não tem como objetivo fazer com que a filas de espera andem mais
depressa ou substituir a psicoterapia por atendimentos emergenciais.
57
Por meio da pesquisa realizada notou-se uma dificuldade na elaboração dos
relatórios e formulação da queixa. Sendo assim, propõe-se uma discussão a
respeito da confecção dos relatórios de atendimento fornecendo meios para que os
estagiários consigam elaborá-los de uma forma clara e concisa.
58
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59
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63
APÊNDICES
64
Apêndice A
Questionário
Tema: Demanda:
Em sua opinião, o trabalho de um psicólogo está claro para os clientes
que procuram psicoterapia?
Em sua opinião, no atendimento com o adolescente como se
estabelece o vínculo terapêutico?
Quais são as principais queixas que os adolescentes apresentam em
um processo psicoterápico?
Tema: Terapeuta:
Em sua opinião há uma abordagem teórica mais indicada para o
atendimento com o adolescente?
De acordo com sua experiência no atendimento com adolescentes qual
a dificuldade encontrada no processo psicoterápico?
Durante o atendimento em psicoterapia de adolescente seu paciente
concluiu ou desistiu do atendimento? Considerando os casos de desistência
como você se sentiu diante dessa situação?
A partir da experiência de desistência do processo psicoterápico qual
foi sua expectativa para iniciar o atendimento de um novo paciente?
Tema: Desistência:
Em sua opinião porque os adolescentes desistem do atendimento
psicoterápico?
Em sua opinião, quais os motivos para a desistência do processo
psicoterápico pelo adolescente?
65
ANEXO
66
Anexo A – Termo de Consentimento
67
ANEXO B – Termo de Autorização do CEP