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O Manuscrito de Toledo
O SÍMBOLO SECRETO
Patrick Ericson
Tradução:
Mirian Ibañez
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O SÍMBOLO SECRETO
Copyright © 2009 by Patrick Ericson
1ª edição – Novembro de 2009
Grafi a atualizada segundo o Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Editor e PublisherLuiz Fernando Emediato
Diretora EditorialFernanda Emediato
Capa e Projeto Gráfi coAlan Maia
Diagramação
Preparação de Texto
Revisão
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ericson, PatrickO Símbolo Secreto - O Manuscrito de Toledo / Patrick Ericson.-- São Paulo : Geração Editorial, 2009.
ISBN 978-85-615
1. I. Título.
09-09782 CDD: 920.50981
Índices para catálogo sistemático
1. Brasil :
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2009Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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Sumário
Prólogo ........................................ 5
Capítulo 1 ..................................... 9
Capítulo 2 .................................... 12
Capítulo 3 ....................................26
Capítulo 4 .................................... 31
Capítulo 5 ....................................34
Capítulo 6 ....................................42
Capítulo 7 ....................................49
Capítulo 8 ....................................56
Capítulo 9 ....................................63
Capítulo 10 ...................................67
Capítulo 11 ................................... 71
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Capítulo 12 ...................................78
Capítulo 13 ...................................82
Capítulo 14 ...................................88
Capítulo 15 ...................................97
Capítulo 16 ..................................112
Capítulo 17 ..................................119
Capítulo 18 ................................. 126
Capítulo 19 ................................. 132
Capítulo 20 ................................ 136
Capítulo 21 ................................. 144
Capítulo 22 ................................ 152
Capítulo 23 ................................ 158
Capítulo 24 ................................ 162
Capítulo 25 .................................172
Capítulo 26 .................................177
Capítulo 27 ..................................181
Capítulo 28 ................................ 185
Capítulo 29 .................................191
Capítulo 30 ................................ 199
Patrick Ericson
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Capítulo 31 ................................. 206
Capítulo 32 ................................ 215
Capítulo 33................................. 225
Capítulo 34 ................................ 231
Capítulo 35 ................................. 239
Capítulo 36................................. 247
Capítulo 37 ................................. 261
Capítulo 38................................. 277
Capítulo 39................................. 284
Capítulo 40 ................................ 306
Capítulo 41 ..................................317
Capítulo 42 ................................ 327
Capítulo 43 ................................ 337
Capítulo 44 ................................ 345
Capítulo 45 ................................ 349
Capítulo 46 ................................ 358
Capítulo 47..................................371
Capítulo 48 ................................ 378
Capítulo 49 ................................ 392
O SÍMBOLO SECRETO
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Iacobus olhou para trás, diante da necessidade de escapar de
seus perseguidores, os quais aceleravam o passo, com a intenção
de dar a volta nas construções e cercá-lo, antes que alcançasse a
porta de entrada principal e se abrigasse na imunidade outorgada pela
religiosidade do santuário. Sabia muito bem qual era o castigo reserva-
do a quem desobedecia aos preceitos da loja. Só de pensar, sentiu o
sangue congelar nas veias. Tanto foi assim que, ao perceber a luz das
lanternas, à direita e à esquerda dos muros da catedral, não teve mais
remédio senão buscar amparo no pórtico chamado de os Apóstolos*.
Ali se encolheu, na esperança de desaparecer, de fundir-se aos íco-
nes ocultos atrás das sombras da noite. Olhou para o céu. O fulgor das
estrelas lhe falou dessa magia imortal que alçava seu ofício acima da
ignorância comum das pessoas e imediatamente compreendeu que ha-
via sido um estúpido ao pretender memorizar o mistério dos templos,
para depois deixar um legado à humanidade. De nada lhe serviu lamen-
tar-se. A sorte estava lançada e ele teria de pagar caro por seu erro.
Prólogo
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* Corporação de ofício: é uma associação de pessoas que têm um interesse comum em determi-nado trabalho, negócio ou profi ssão, cujo propósito é a ajuda mútua e a proteção. O termo é particularmente aplicado a dois tipos de associações que fl oresceram na Europa durante a Idade Média, as corporações de comerciantes e as de artesãos. Também é utilizado para referir-se aos mestres pedreiros de uma catedral. (N.A.)
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Não havia tempo a perder. Pegou a talhadeira e o pequeno martelo
que guardava na bolsa e, rapidamente, gravou suas iniciais na parte
inferior da porta, esperando que as gerações vindouras pudessem
compreender a mensagem de angústia que tentava transmitir.
Em seguida, ao perceber que seu esconderijo não o privaria do cas-
tigo e que seria impossível chegar até a capela da virgem templária,
tratou de fugir até o rio — sua última esperança.
Vários de seus companheiros o seguiram, rodeando-o como a um
animal ferido a quem desejavam matar, com o intuito de evitar que
sofresse mais ainda. Permaneceram em silêncio, observando com fi r-
meza o homem que os havia traído, ao anotar às escondidas os conhe-
cimentos dos Filhos da Viúva. Iacobus percebeu, nos rostos deles, a
condenação. Sentiam-se enganados. Ele os decepcionara.
O mais velho, que vestia uma túnica púrpura e uma capa de veludo
azul, se aproximou; as cores do cobre e do ferro com que é forjado o
compasso do maçom. Era o Mestre de Obras.
— Dinos... onde tu o escondestes? — perguntou, com voz grave, o
que se chamava Justo Bravo.
Iacobus de Cartago se surpreendeu com sua própria valentia ao
negar com a cabeça, respirando apressadamente enquanto tratava de
tomar fôlego, de adquirir forças diante da letal ameaça que pairava
sobre ele.
— Não preciso dizer-te qual é a decisão da irmandade em relação
aos traidores — recordou. Se continuas com essa atitude, eu me verei
obrigado a consumar o castigo que aguarda a quem quebra o juramento.
Justo falava sério. Cumpriria o prometido, apesar da amizade que
existia entre ambos os pedreiros, havia muitos anos.
— Tomei uma decisão e não pretendo retratar-me — ousou dizer de
Cartago, mesmo sabendo que, ao fazê-lo, assinava sua própria sentença
de morte. Creio que nos apossamos de um direito que pertence a todos
e já é hora de que o homem compreenda a importância de decifrar o
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segredo da Sabedoria, o poder dos templos perdidos e o mistério que
envolve a obra dos antigos mestres. O Trono de Deus não é apenas um
símbolo celestial privativo do bispo, também pertence ao povo. Não po-
demos continuar ocultando a verdade deles.
— Assim tem sido há milhares de anos e assim deve continuar, até
que a humanidade esteja preparada para escutar a voz do grande Ar-
quiteto. Nenhum de nós deve romper o elo que nos une à tradição.
Sem poder evitar, Iacobus começou a rir. Achou graça que se falas-
se em elos, sobretudo depois de ter cinzelado, durante meses, os enor-
mes elos de pedra que pendiam da parte alta da capela octogonal,
ainda em construção, façanha que foi elogiada pelo próprio Pedro Fa-
jardo, marquês dos Velez.
— Sabias que um dos elos da cadeia está rachado de um lado a
outro? — perguntou a seu antigo mestre. Eu mesmo o danifi quei, por-
que a tradição deve cessar.
Justo Bravo se virou para ver a resposta dos demais membros da loja.
Na expressão rigorosa de seus companheiros reconheceu a necessida-
de de pôr fi m ao desenfreado esforço de Iacobus. Os pedreiros, em
uníssono, gritaram a máxima da irmandade:
— Não conte a ninguém os segredos da câmara, nem nada do que
fazem na loja! Não conte a ninguém os segredos da câmara, nem nada
do que fazem na loja! — vociferavam, ao mesmo tempo em que estrei-
tavam o círculo ao redor do traidor.
Antes que todos caíssem sobre o artista e o assassinassem com
suas próprias mãos, pois os ânimos exaltados dos congregados signifi -
cavam uma ameaça de morte, mestre Justo ordenou que o rebelde
fosse conduzido à parte de trás da catedral, onde se localizavam as
áreas reservadas ao descanso e reunião dos companheiros maçons.
Pouco depois, amarrado a um poste do andaime que rodeava a capela
em construção, foi açoitado pelo próprio Justo, diante do olhar compla-
cente de todos os demais. Apesar do rigor do suplício, Iacobus resistia
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a dar a eles um motivo de prazer, afogando em silêncio os gritos de dor.
Seus dentes rangiam às carícias do chicote, sem deixar escapar um só
gemido. O corpo se arqueava para frente, a cada investida, fl exionando
a cabeça e as costas, no momento em que ele sentia como sua pele se
rasgava em farrapos sanguinolentos. E, mesmo assim, o castigo não
conseguiu subjugar seu espírito nem fazer com que ele dissesse onde
havia escondido o manuscrito da discórdia. A fi rme convicção que ele
mantinha em suas ideias era maior do que o propósito de salvar sua
própria vida.
Terminada a fl agelação, e vendo que seu velho amigo era incapaz
de reconhecer o absurdo de seu esforço, Justo Bravo ordenou que lhe
trouxessem uma broca para perfurar e também uma adaga bem afi a-
da. Iacobus reagiu ao pedido do mestre tensionando os músculos do
corpo, agora dilacerado pelas bolas pungentes do silício.
— Não me deixas alternativa — afi rmou, com voz glacial, o respon-
sável pelas obras. Já que decidistes esconder de nós o paradeiro de
teus escritos, eu me vejo obrigado a cumprir fi elmente o castigo que
corresponde ao juramento da loja. Para garantir que tu não possas re-
cuperá-los sem ajuda de alguém, se é que conseguirias sobreviver, le-
varei o castigo mais longe.
Antes que o mestre cumprisse a promessa, Iacobus olhou para o
alto, em direção à escura e eterna noite. As fi guras que sustentavam e
protegiam o escudo de armas dos Chacón y Fajardo, nascidas de sua
imaginação de artista, o observavam com signifi cativa tristeza. O guin-
daste mecânico, os objetos do canteiro de obras, o andaime central,
que serviria para construir a cúpula estrelada lhe dera o último adeus,
em absoluto silêncio. Apesar de tudo, sentia-se satisfeito. Jamais en-
contrariam seu testemunho.
Sem retardar mais a cruel sentença, Justo Bravo perfurou, sem pie-
dade, os olhos do condenado, e, depois de lhe fazer um corte profundo
no maxilar inferior, arrancou sua língua por baixo do queixo. Os gritos
do infeliz podiam ser ouvidos muito além dos bairros de ruas estreitas
localizados do outro lado do rio.
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Capítulo 1
Seu espírito viajou do recôndito do quarto até as longínquas
terras do norte. Viu-se a sobrevoar um mar imenso e escuro,
salpicado por diversos pedaços de gelo, que balançavam de
um lado ao outro, levados pelo movimento das ondas. Tentou lem-
brar o que estava fazendo em uma região tão distante, um lugar onde
era impossível que um homem pudesse sobreviver devido à tremen-
da inclemência dos elementos, e foi quando se deu conta de que nem
sequer recordava seu próprio nome, embora não lhe causasse ne-
nhum confl ito interior descobrir que carecia de personalidade. A
única coisa que importava era ser testemunha do que ia acontecer.
O vento gemia ao seu redor. Revolto, o mar se agitava em altas
ondas, como um deus imenso de espuma branca, ameaçando inun-
dar o planeta. Na tênue obscuridade da noite, a pálida coloração dos
pingos de gelo agora adquiria um tom azulado, devido à luminosida-
de que fl uía prodigamente da Lua cheia. Era um contraste de extra-
ordinária beleza, em que se fundiam a coerência e a desordem. Nada
era real, mas tudo parecia tão autêntico, tão vivo, que até seu espírito
sentiu como se levantava o véu, etéreo e aparente, da pele, que apri-
sionava seu corpo.
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Patrick Ericson
Não tardou a perceber que estava ali por uma razão especial:
aguardar a chegada do colosso de gelo. Este não se fez esperar. A pro-
fecia dos antigos se cumpriu, tal como era esperado. Ao longe, ocul-
tando a linha variável do horizonte, golpeada com fúrias pelas ondas
de um mar gélido e sombrio, se elevava o maior e mais volumoso
iceberg que ninguém jamais fora capaz de imaginar.
Flutuava sobre as águas, com seus enormes picos apontados para
o céu, à semelhança da torre de uma enorme catedral gótica de pila-
res brancos. Ia à deriva, sem rumo fi xo, a mercê da corrente marinha.
Seria inútil tentar descrever suas proporções. Somente na ima-
ginação febril de um louco poderia se desenvolver um pesadelo
semelhante.
Foi então que, das alturas, percebeu a sombra que se insinuava
abaixo dos limites que formavam o contorno do iceberg. Era a parte
oculta do maciço glacial, dez vezes maior que a área descoberta. Seu
espírito se viu, subitamente, lançado para baixo, atravessando a fria
massa de água que, agora, depois de sofrer uma transformação, pare-
cia plácida e amarelada como um deserto de areia. Sentiu, de impro-
viso, um vazio profundo no estômago. A grandiosidade do bloco de
gelo, submerso na imensidão do mar, era um espetáculo inimaginá-
vel; algo assim como estar na presença de Deus-todo-poderoso.
E foi aqui que a imagem daquele colosso conseguiu fazer com que
ele voltasse à realidade, despertando entre gritos de puro terror.
Quando abriu os olhos e descobriu, aliviado, que tudo havia sido
um sonho mau, respirou profundamente antes de acender a luz do
quarto. Em seguida, olhou para o despertador. Eram, ainda, quatro e
meia da madrugada.
Decidiu levantar-se para ir ao banheiro, ao mesmo tempo em que
pensava: “a próstata protesta”, referindo-se a essa maldição que se
arrastava havia meses e que o obrigava a urinar os vários gim-tônicas
que costumava saborear todas as noites, depois do trabalho. Quando
voltou ao dormitório, viu sobre o criado-mudo um livro cujo título
parecia ter certa relação com seu sonho. Tratava-se de Nas Monta-
nhas da Loucura.
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O SÍMBOLO SECRETO
— Ninguém, além de você, é capaz de ler Lovecraft antes de dor-
mir — disse em voz alta, apesar de estar sozinho no apartamento.
Nesse preciso instante, o telefone tocou. Não intuiu nada de bom,
pois era a primeira vez, desde que mudara para Madri, que era inco-
modado em horas tão tardias da madrugada. Foi um mau presságio
do que haveria de acontecer. Atendeu, não sem certa apreensão.
— Quem é? — perguntou com apatia, enquanto tratava de colo-
car a mente em ordem.
— Leo, sou eu... Cláudia. — respondeu uma conhecida voz de mulher.
— Cláudia... — repetiu inconscientemente. Aconteceu algo com você?
— Fique tranquilo, estou bem. Lamento despertá-lo a essas horas,
mas o que tenho a lhe dizer não pode esperar mais.
Leonardo sentou-se na beirada da cama, preparando-se para o
pior. A voz de Cláudia deixava entrever certa desgraça que devia afe-
tá-lo pessoalmente, já que parecia estar prestes a chorar. A primeira
coisa em que pensou é que talvez houvessem roubado alguns dos li-
vros que seriam leiloados dentro de alguns dias, entre os quais se
encontrava um incunábulo de grande valor econômico e artístico.
— Diga logo... — pediu em tom urgente. — Estou escutando você.
— Balboa morreu — disse ela, com pronúncia entrecortada.
— A polícia encontrou o cadáver na casa dele, há algumas horas.
Foi assassinado.
— O que você está dizendo?
— Você ouviu bem; não me faça repetir. Cláudia começou a cho-
rar, desmoronando, presa do nervosismo.
Leonardo fi cou gelado. Sentiu um nó no estômago. Jamais poderia
pensar que um indivíduo como Jorge Balboa, alguém que se importava
somente com livros, poderia ser vítima da violência inescrupulosa de
assaltantes. Não; claro que não; aquilo não fazia sentido em seu estilo
de vida.
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