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Page 1: Machado de assis

Machado de Assis:

Um autor universal

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Singularidade

Seu “Realismo” se distanciava do programa Realista literário, pois sua maior preocupação não era com a representação da sociedade, mas sim da verdade;

Inaugurou na literatura brasileira o chamado romance psicológico (análise do caráter e do comportamento humano).

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A obra machadiana

Machado atuou como jornalista, cronista, contista, romancista, crítico literário e teatral, poeta e teatrólogo;

Sua obra ficcional começou a ser produzida quando o Romantismo ainda fazia muito sucesso entre o público leitor, portanto, ele começou como um escritor romântico.

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A obra machadiana Sua obra literária foi amadurecendo aos poucos;

Alcançou plenitude como escritor graças à leitura de obras de grande valor literário, como as de Shakespeare;

A partir de sua obra de vertente realista torna-se o mais extraordinário contista de língua portuguesa e um dos raros romancistas brasileiros a alcançar interesse universal.

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A obra machadiana: Crônica “Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por não me escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um direito que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.

Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe chamo filho do diabo; coisas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.”

Abolição e liberdade

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A obra machadiana: Crônica Publicada em 19 de maio de 1888, um homem reúne seus amigos para um jantar e anuncia que, mesmo sem a escravidão ser abolida, dar alforria ao seu escravo Pancrácio. Tamanho ato de humanidade é elogiado por todos os seus companheiros. O homem permite que o negro continue morando em sua casa e trabalhando em troca de um salário. No entanto, mesmo alforriado, o negro apanha constantemente do patrão, o qual almeja um cargo na política. O autor busca, através deste irônico caso em particular, demonstrar sua opinião acerca da escravidão e, sobretudo, criticar a postura hipócrita daqueles que buscam, através de demonstrações públicas de um falso caráter, angariar a simpatia e admiração da sociedade, quando, em seus íntimos, continuam a ser pessoas mesquinhas e pobres de espírito.

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A obra machadiana: Crônica Escreveu mais de 600 crônicas;

Geralmente os cronistas do tempo de Machado eram escritores (jornalismo – literatura);

A “arte das transições” (habilidade para transitar entre assuntos aparentemente díspares) foi treinada em alto grau por Machado em suas crônicas;

Ajudam a mapear seu desenvolvimento intelectual (Montaigne, Xavier de Maistre, Sterne, Stendal etc.)

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A obra machadiana: Crônica Suas crônicas nos dizem muito sobre a história

intelectual do Brasil em geral e sua história em particular:

a. Era discreto (não temos cartas);b. Crônicas escritas “ao correr da pena”;c. Revelam seu interesse por outras sociedades

(em especial porque forneciam meios de ele entender sua própria sociedade);

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A obra machadiana: Crônica As crônicas dos Bons Dias! revelam suas opiniões

políticas, por coincidirem com a abolição da escravatura e o fim gradual e inevitável do Império:

a. Não era a favor do fim do Império (o federalismo só iria fortalecer um regime oligárquico);

b. É pessimista e esclarecido, consciente do que a natureza social pode ou não permitir.

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A obra machadiana: Contos “Era decisivo. Simão Bacamarte curvou a cabeça juntamente alegre e triste, e ainda mais alegre do que triste. Ato continuo, recolheu-se à Casa Verde. Em vão a mulher e os amigos lhe disseram que ficasse, que estava perfeitamente são e equilibrado: nem rogos nem sugestões nem lágrimas o detiveram um só instante. —A questão é científica, dizia ele; trata-se de uma doutrina nova, cujo primeiro exemplo sou eu. Reúno em mim mesmo a teoria e a prática. —Simão! Simão! meu amor! dizia-lhe a esposa com o rosto lavado em lágrimas. Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica, trancou os ouvidos à saudade da mulher, e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí mas esta opinião fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato; e boato duvidoso, pois é atribuído ao Padre Lopes. que com tanto fogo realçara as qualidades do grande homem. Seja como for, efetuou-se o enterro com muita pompa e rara solenidade.”

O Alienista, 1882

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A obra machadiana: Contos Simão Bacamarte é o protagonista. Médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo dapsiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Instalou-se em Itaguaí, onde funda a Casa Verde, um hospício, e abastece-o de cobaias humanas para as suas pesquisas. Passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas; o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa, sendo que na verdade eram apenas comportamentos, às vezes, estranhos. Durante o trama, a opinião das pessoas sobre a Casa Verdes irá mudar inúmeras vezes, por vez apoiando Simão Bacamarte, e por vez querendo matá-lo. Tão revolucionária foi essa história que a Casa Verde chega a mudar até a política da cidade. No final, o Alienista então percebe que todos ali eram diferentes, sendo ele apenas o único ser perfeito, assim se julga o único louco e anormal de Itaguaí. (Wikipédia)

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A obra machadiana: Contos

Escreveu por volta de 200 contos.

Duas fases: Estreou em pleno Romantismo (Contos fluminenses, 1869) e sofreu significativa mudança de perspectiva e de linguagem a partir da coletânea Papéis avulsos (1882).

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A obra machadiana: Contos Contos de destaque:

O alienista (alguns teóricos classificam como novela) Missa do galo A cartomante Noite de almirante Teoria do medalhão O espelho Cantigas de esponsais Sereníssima república Verba testamentária

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A obra machadiana: Romance“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1880-1881

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A obra machadiana: Romance

Nesta história fantasticamente narrada por um defunto-autor, Machado de Assis utiliza-se da pretensa superioridade do narrador-protagonista, Brás Cubas, para denunciar a precariedade da condição humana, num exemplo universal e intemporal de Realismo irônico, niilista, filosófico e metafísico.

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A obra machadiana: Romance Seus romances são divididos em dois grandes

grupos:

a. Os romances ainda dentro dos moldes do Romantismo (Ressurreição, Iaiá Garcia, Helena, A mão e a luva)

b. Os romances realistas (Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires)

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A obra machadiana: Romance

Mesmo seus romances escritos nos moldes do Romantismo do século XIX já apresentam aspectos que prenunciam a fase madura do escritor:

a. sondagem psicológica dos personagens;b. compreensão dos mecanismos que regem as

ações humanas.

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A obra machadiana: Romance

Com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), dá-se:

a. O início do Realismo na literatura brasileira;b. A produção dos romances maduros do

escritor.

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A obra machadiana: Romance

Os romances da segunda fase:

a. Trazem perspectiva inovadora da linguagem;b. rompem com seu trabalho anterior e;c. Com um modo mais ingênuo de se fazer

literatura no Brasil.

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A obra machadiana: Crítica literária

“O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço.”

Instinto de nacionalidade

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A obra machadiana: Crítica teatral (1859-1865)

“as duas missões do teatro, a moral e a poética, demandam dos poderes superiores alento e iniciativa.”

Periódico O Futuro, 1862

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A obra machadiana: Crítica teatral

A comédia realista deve conciliar moralidade e naturalidade;

Demonstrou preocupação com o trabalho dos artistas;

Defendeu a ideia de que o Governo deveria dar mais atenção à arte.

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A obra machadiana: PoemasCarolina

Querida, ao pé do leito derradeiroEm que descansas dessa longa vida,Aqui venho e virei, pobre querida,Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiroQue, a despeito de toda a humana lida,Fez a nossa existência apetecidaE num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores - restos arrancadosDa terra que nos viu passar unidosE ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidosPensamentos de vida formulados,São pensamentos idos e vividos.

1906

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A obra machadiana: Poemas

Na década de 1860 escreveu todas as suas comédias e os versos ainda românticos de Crisálidas.

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Os recursos estilísticos“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881

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Os recursos estilísticos“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881

Metalinguagem irônica e digressiva.

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Os recursos estilísticos“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881

Humor corrosivo, demolidor das ilusões

românticas.

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Os recursos estilísticos“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881

Conversa provocativa com o leitor, fazendo parecer sem

importância o que é fundamental e vice-versa.

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Os recursos estilísticos“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881

Comparação insólita, que ironiza o leitor acostumado

com o folhetim romântico e dá pistas de leitura do romance.

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Os recursos estilísticos“Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, — velhos todos, — em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como aconteceu isto assim, e mais assim. Aí está Bernardim �Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao seguinte capítulo". “

Quincas Borba, (1886-1891) 1892

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Os recursos estilísticos“Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, — velhos todos, — em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como aconteceu isto assim, e mais assim. Aí está Bernardim �Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao seguinte capítulo". “

Quincas Borba, (1886-1891) 1892

Digressão metalinguística

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Os recursos estilísticos“Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, — velhos todos, — em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como aconteceu isto assim, e mais assim. �Aí está Bernardim Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao seguinte capítulo". “

Quincas Borba, (1886-1891) 1892

Citação irônica de fontes literárias

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Os recursos estilísticos“Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, — velhos todos, — em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como aconteceu isto assim, e mais assim. Aí está Bernardim �Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao seguinte capítulo". “

Quincas Borba, (1886-1891) 1892

Conversa com o leitor, questionando o processo de criação literária

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Os recursos estilísticos“Aqui é que eu quisera ter dado a este livro o método de tantos outros, — velhos todos, — em que a matéria do capítulo era posta no sumário: "De como aconteceu isto assim, e mais assim. Aí está Bernardim �Ribeiro; aí estão outros livros gloriosos. Das línguas estranhas, sem querer subir a Cervantes nem a Rabelais, bastavam-me Fielding e Smollet, muitos capítulos dos quais só pelo sumário estão lidos. Pegai em Tom Jones, livro IV, cap. I, lede este título: Contendo cinco folhas de papel. É claro, é simples, não engana a ninguém; são cinco folhas, mais nada, quem não quer não lê, e quem quer lê, para os últimos é que o autor conclui obsequiosamente: "E agora, sem mais prefácio, vamos ao seguinte capítulo". “

Quincas Borba, (1886-1891) 1892

Microcapítulo metalinguístico

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Os recursos estilísticos“A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouvia-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de S. José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando.”

A causa secreta, 1885

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Os recursos estilísticos“A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouvia-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de S. José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando.”

A causa secreta, 1885

Imagens irônicas, inesperadas

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Os recursos estilísticos“A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouvia-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de S. José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando.”

A causa secreta, 1885Caracterização substantiva e refinada de um tipo sádico

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Principais características literárias de Machado de Assis

Antecipação da modernidade literária:a. Enredo não linear;b. Presença constante de digressões;c. Metalinguagem;d. Diálogo com o leitor e com outras tradições literárias;e. Análise psicológica / psicanalítica dos personagens;f. Humor sutil e permanente;g. Ironia fina e corrosiva;h. Visão metafísica relativista dos valores humanos

(pessimismo).

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Principais temas da prosa de Machado de Assis

Explorando intensamente o lado psicológico de seus personagens, trabalhou de maneira minuciosa a sua vida interior;

Traços do ser humano como a inveja, o ciúme, a culpa, a cobiça e o desejo de ascensão social são percebidos principalmente pela ação dos personagens, que são concebidos de maneira bastante complexa.

Page 40: Machado de assis

Principais temas da prosa de Machado de Assis

Abordando principalmente o modo de vida da classe dominante carioca, mostrou:

a. como, no Segundo Reinado, as vantagens e os privilégios sustentavam os mais ricos e permitiam que eles subjugassem e humilhassem os mais pobres;

b. Assim, o escritor traçou um painel desencantado e melancólico da sociedade brasileira de sua época.

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Principais temas da prosa de Machado de Assis

Entre os temas mais gerais tratados pelo autor, estão:

a. A identidade (em que medida existimos por meio da imagem que os outros fazem de nós?);

b. A loucura (quais são as fronteiras que separam os loucos e os sãos?);

c. A relação entre o fato real e o fato imaginado (em que medida modificamos a realidade para atender aos nossos interesses pessoais?);

d. A transformação do homem em objeto do próprio homem (por que e como submetemos as outras pessoas as nossos desejos e interesses pessoais?).

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Por que Machado de Assis continua atual

O escritor tem sido considerado um “autor moderno”, mesmo que sua obra tenha se encerrado em pouco mais de um século, porque:

a. Explorando o jogo construído entre essência e aparência dos seres e das coisas, criou personagens e histórias profundamente brasileiras que desnudaram o modo de funcionamento da nossa sociedade;

b. Sua obra ultrapassa os limites estreitos ao abordar problemas e sentimentos que dizem respeito às pessoas de outros tempos e lugares, ainda que seus romances se limitem historicamente e geograficamente à capital (Rio de Janeiro) do Segundo Reinado (1840-1889) do então Império brasileiro.

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Referências desta apostila:ALVES, Roberta Hernandes; MARTIN, Vilma Lia. Principais temas da prosa de Machado de Assis. In: Língua portuguesa. Curitiba: Positivo: 2013., v. II., 247-248 pp.AMARAL, Emília; FERREIRA, Mauro; LEITE, Ricardo; ANTÔNIO, Severino. Os recursos estilísticos. In: Novas palavras. 2 ed. São Paulo: FTD, 2013, V. 2, 126 p.ASSIS, Machado. Introdução (por John Gledson). In: Bons dias! São Paulo: Editora Hucitec / Editora da Unicamp, 1990, 11-27 pp.CARLOS, Édson. Fuga do hospício e outras crônicas, de Machado de Assis. Disponível em: http://www.passeiweb.com/estudos/livros/fuga_do_hospicio_e_outras_crônicas. Acesso em 19/08/2015.CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Machado de Assis: o grande salto na ficção brasileira. In: Português: linguagens. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, v. 2., 288 p.