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MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA
PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2016 (últimos 05 anos)
ATUALIZADO ATÉ 02/MAIO/16
1 - Introdução
A nafta (do árabe, naft) é um derivado de
petróleo utilizado principalmente como matéria-
prima da indústria petroquímica (“nafta
petroquímica” ou “nafta não-energética”), na
produção de eteno e propeno, além de outras
frações líquidas, como benzeno, tolueno e
xilenos.
A nafta petroquímica é um líquido incolor, com
faixa de destilação próxima à da gasolina. Este
derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no
Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o
processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes
aromáticas.
A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo
parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais
Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas
necessidades.
A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é
produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do
processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a
produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a
NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma
catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade
de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as
correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas
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to liquid – processo que transforma correntes de gases em hidrocarbonetos líquidos,
através do processo Fischer Tropsch).
A nafta petroquímica é predominantemente originária do processo de destilação
atmosférica (nafta DD – destilação direta), e difere das naftas que compõem a gasolina
automotiva, pois este último derivado resulta da mistura de diversas correntes oriundas
de diferentes processos de refino. As naftas da gasolina diferem entre si pelos tipos e
porcentagem de hidrocarbonetos que contêm, o que faz variar a constituição da
gasolina. A gasolina apresenta em sua composição hidrocarbonetos parafínicos (normais
e ramificados) naftênicos, aromáticos e olefínicos, na faixa de C5 a C12, originados de
diversos processos de refino, a exemplo da destilação, craqueamento catalítico, reforma
catalítica, aquilação, isomerização, hidrocraqueamento catalítico, coqueamento
retardado. Os processos de reforma catalítica, aquilação e hidrocraqueamento
favorecem a produção de gasolina automotiva, pois aumentam a quantidade de octanas
deste derivado.
2 - PETROQUÍMICA E PROCESSOS PETROQUÍMICOS
A petroquímica é o setor industrial responsável
pela transformação de produtos do
processamento do petróleo e do gás natural em
bens de consumo e industrais para finalidades
diversas. Exemplos: filmes, potes, fibras e
embalagens.
2.1 - Visão Geral da Petroquímica Brasileira
A cadeia petroquímica é organizada em
produtores de primeira, segunda e terceira
geração com base na fase de transformação de várias matérias-primas ou insumos
petroquímicos. Representa a transformação de subprodutos do refino do petróleo bruto,
principalmente a nafta, em bens de consumo e industriais, utilizados para diversas
finalidades. Outra matéria-prima de grande importância na indústria petroquímica é o
gás natural.
No Brasil, a nafta é a principal matéria-prima da cadeia petroquímica, seguida do gás
natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no Brasil,
atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com importações. Seu
monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais petroquímicas começaram a
importar nafta por conta própria, para complementar suas necessidades.
A nafta e/ou gás natural passam inicialmente por um processo chamado craqueamento,
que resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e aromáticos. O tipo de
matéria-prima empregado tem rendimentos variados e determina um mix diferenciado
de produtos.
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2.2 - Produtores de Primeira Geração
Os produtores de primeira geração do Brasil, denominados "craqueadores", fracionam
ou "craqueiam" a nafta (subproduto do processo de refino de petróleo) ou o gás natural,
seus principais insumos, transformando-os em petroquímicos básicos. Os craqueadores
compram nafta da Petrobras, principalmente, e também de outros fornecedores no
exterior. Os craqueadores de base gás têm seu insumo fornecido pela Petrobrás. Os
petroquímicos básicos produzidos pelas unidades de craqueamento de nafta incluem:
Olefinas, principalmente eteno, propeno e butadieno; e
Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos.
A Braskem tornou-se a única empresa brasileira de 1ª geração, com quatro unidades de
craqueamento. Os petroquímicos básicos são vendidos a produtores de segunda geração,
promovendo a integração da cadeia.
Os petroquímicos básicos, que apresentam forma gasosa ou líquida, são transportados
por meio de dutos às unidades dos produtores de segunda geração, em geral localizadas
próximo às unidades de craqueamento, para passarem por processamento adicional.
2.3 - Produtores de Segunda Geração
Os produtores de segunda geração processam os petroquímicos básicos comprados das
unidades de craqueamento de nafta, produzindo petroquímicos intermediários, que
incluem:
Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno);
Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno);
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Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno);
Polibutadieno (produzido a partir do butadieno).
Os petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida em "pallete" de
plástico ou em pó e transportados, principalmente, por caminhões aos produtores de
terceira geração que, em geral, não ficam situados próximo aos produtores de segunda
geração. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de
resinas termoplásticas no Brasil.
2.4 - Produtores de Terceira Geração
Os produtores da terceira geração, denominados transformadores, compram os
petroquímicos intermediários dos produtores de segunda geração e os transformam em
produtos finais, incluindo:
Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC);
Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila);
Nylon (produzido a partir de fenol no Brasil);
Elastômeros (produzidos a partir de butadieno);
Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno).
Os produtores de terceira geração fabricam vários bens de consumo e industriais,
inclusive recipientes e materiais de embalagem, tais como sacos, filmes e garrafas,
tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônicos.
Existem mais de 11.500 produtores de terceira geração em atividade no Brasil.
Devido à grande importância da redução de resíduos sólidos gerados, a reciclagem de
plásticos é considerada a quarta geração da indústria petroquímica.
3 – OUTRAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA
PETROQUÍMICA
3.1 - GÁS NATURAL (GN):
a) Metano: principal constituinte do
gás natural é matéria-prima para a
produção de metanol e amônia,
que são produtos petroquímicos
básicos;
b) Etano: é a matéria´prima mais
valorizada quando se deseja
produzir eteno com uma mínima
geração de coprodutos;
c) Propano e butano (principais gases constituintes do GLP): podem ser
craqueados a olefinas, e o butano pode ser desidrogenado para a produção de
butadieno. O valor final dos produtos é muito superior ao do GLP;
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d) Nafta derivada de GN (C5+): fração correspondente à nafta, denominada
líquido de gás natutal (LGN), tem alto teor de compostos parafínicos e baixo
teor de enxofre, o que torna excelente carga para a produção de olefinas.
Onde existe grande disponibilidade de GN, a indústria petroquímica se desenvolve em
torno dessa fonte de matéria-prima, como ocorre nos Estados Unidos e no Oriente
Médio.
3.2 - FRAÇÕES DO REFINO DO PETRÓLEO
Diversas frações do refino do petróleo podem ser
também usadas como matérias-primas para a indústria
petroquímica. São eles:
a) Gás de refinaria: sua principal utilização é
como gás combustível na refinaria. No caso de
haver excedente desse gás, seus constuintes
podem ser separados e aproveitados pela
indústria petroquímica. O eteno e o propeno (em
pequena quantidade) podem ser utilizados
diretamente como petroquímicos básicos e o etano pode ser utilizado como
carga na unidade de pirólise a vapor para a produção de eteno.
b) GLP: o propeno presente no GLP gerado na unidade de craquamento catalítico
fluidico (UFCC) pode ser encaminhado para uma unidade de recuperação de
propeno onde se obtem um produto de alta pureza, de alto valor agregado e de
elevada demanda no mercado.
c) Querosene: As parafinas linerares presentes no querosene (C10 a C13) são
matérias-primas para a produção do LAB (linear alquilbenzeno), intermediário
para a fabricação do LASNa (linear alquilbenzeno sulfonado de sódio), principal
constituinte dos detergentes biodegradáveis.
d) Matérias-primas alternativas: pode-se citar o etanol para a geração de eteno; a
glicerina, subproduto da produção do biodiesel, para a produção de propeno; e
os açúcares para a produção de ácidos e alcoóis. Existem ainda processos
desenvolvidos para produção de petroquímicos a partir de acetileno, gerado em
grande quantidade na indústria do carvão.
4 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS A PARTIR
DA NAFTA PETROQUÍMICA
As naftas petroquímicas são utilizadas em processos
de obtenção de diversos insumos para a produção de
plásticos, borrachas, corantes e outros produtos. Os
principais processos que as utilizam são as seguintes:
4.1 – Pirólise - Reforma térmica por vapor d’água.
Este processo consiste no craquamento térmico de
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cargas líquidas e gasosas, na presença de vapor d’água, a altas temperaturas (> 700 ºC)
em pressões relativamente baixas (< kPa – quilopascal), gerando os seguintes produtos:
hidrogênio, metano, eteno, propeno, butenos, butadienos e hidrocarbonetos mais
pesados (C5+); o eteno é o principal produto. Para esse processo são desejadas naftas
com elevados teores parafínico, acima de 75%, para facilitar o craqueamento.
4.2 – Reforma catalítica - Por esse processo, a nafta é transformada em compostos
aromáticos por um conjunto de reações de desidrogenação e ciclização, ocorrendo um
ligeiro craqueamento que conduz à produção de propano e butano, gases que formam o
GLP. A carga do processo é a nafta de destilação ou a nafta de coqueamento, após
hidrotratamento, rica em hidrocarbonetos saturados, os quais são convertidos,
catalicamente, em aromáticos, a exemplo de benzeno, tolueno e xilenos (entre 40% e
65%). Para esse processo, não se necessita de nafta de teores tão elevados de
parafínicos, podendo se situar abaixo de 75%. Quanto mais hidrocarbonetos saturados
com seis ou mais atómos de carbono houver na nafta, maior será o rendimento de
aromáticos, mantidas constantes as demais condições.
As especificações da nafta petroquímica são definidas por negociação entre fornecedor
e usuário.
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TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA
PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2016 (ÚLTIMOS 08 ANOS)
ATUALIZADO ATÉ 02/MAIO/16
1 – Da incidência
Verifica-se a incidência nas operações de saídas internas e interestaduais. Na
importação a incidência se dá na entrada da nafta território nacional.
Importante observar que o Estado da Bahia, nas operações internas e de importação
adota o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações com nafta,
com se verá no item 6.
Por sua vez, as operações interestaduais são tributadas normalmente pelas alíquotas
incidentes em função do estado de origem ou de destino (vide itens 11 e 12).
Base legal: art. 1º, inc. I e § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no
RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 1º, inc. I e art. 2º, inc. V, (Lei
nº 7.014/96).
2 – Do momento da ocorrência do fato gerador
Nas operações internas e interestaduais por ocasião da saída do produto do
estabelecimento remetente. Na importação por ocasião da entrada no território nacional.
Observar as regras de diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações
internas e de importação (item 6).
Base legal: art. 2º, incs. I e XI do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, incs. I e IX (Lei nº 7.014/96).
3 – Da não incidência
Inexiste regra específica de não incidência em relação às operações com nafta.
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4 – Da importação
O ICMS importação é devido por ocasião da entrada da nafta no estabelecimento
importador e não no desembaraço aduaneiro, como se verifica com a maior parte das
mercadorias. Aplica-se ao caso as regras de diferimento do lançamento e do pagamento
do ICMS descritas abaixo, no item 6.
Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12
Observação Importante: a partir de 15/11/2013 é assegurado ao estabelecimento
refinador de petróleo a manutenção integral do crédito fiscal nas entradas decorrentes de
importação do exterior de nafta, utilizada como insumo na produção de combustíveis
(gasolina ou diesel), cujas saídas interestaduais sejam amparadas pela imunidade (desde
que o crédito seja apropriado no mês em que ocorrer o recolhimento do imposto).
Base legal: Art. 277-C, do RICMS/12 – dispositivo acrescentado pela alteração nº 19,
do RICMS, com efeitos a partir da publicação no DOE (15/11/2013).
5 – Da exportação
Não incide ICMS na operação que destine nafta ao exterior.
Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria
tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).
6 – Do diferimento (RICMS/97)
6.1– Nas entradas decorrentes de importação do exterior para o momento da entrada do
produto no estabelecimento importador situado neste Estado
Base legal: Art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)
6.2– Dispensa do lançamento e pagamento de 60% (sessenta por cento) do ICMS
diferido relativamente à importação de nafta para utilização em processo de
industrizalição;
Base legal: Art. 347, § 9º, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)
Observação importante: O § 9º foi revogado pelo Decreto nº 11807, de 27/10/09 -
DOE de 28/10/09, efeitos a partir de 01/11/09. A redação do § 9º do art. 347 foi
dada pela Alteração nº 82 (Decreto nº 10174, de 01/12/06. DOE de 02 e 03/12/06),
efeitos de 02/12/06 a 31/10/09:
"§ 9º É dispensado o lançamento e o pagamento de 60% (sessenta por cento) do valor
do imposto diferido, relativamente às entradas da mercadoria de que trata a alínea
“a” do inciso XXXIII do art. 343, para utilização em processo de industrialização."
6.3 Prazo de recolhimento do ICMS diferido. O pagamento do imposto nas operações
de saída de nafta quando não aplicável o diferimento ou encerrado o benefício, será
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o mesmo prazo assinalado para o recolhimento do ICMS das operações próprias do
responsável.
Base Legal: Art. 348, § 3º, inc. V, do RICMS/97.
7 – Do diferimento (RICMS/12)
Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre
estabelecimentos de empresa fabricante de produtos petroquímicos básicos (central
petroquímica).
A mencionada hipótese de diferimento, em relação à nafta, alcança as operações com o
produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre
estabelecimentos que operem na atividade de fabricação de produtos petroquímicos
básicos, eteno, propeno e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).
Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Alteração promovida pelo Decreto nº
14.681/13, de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, para “saídas
internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos pertencentes à mesma empresa,
fabricantes de produtos petroquímicos básicos.” (centrais petroquímicas).
8 - Do diferimento (Decreto nº 11.807/09)
8.1 – Nas entradas decorrentes de importação de nafta do exterior, para o momento da
entrada da mercadoria no estabelecimento do importador (efeitos de 1º/11/2009 a
31/03/2011)
Base legal: art. 2º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011)
8.2 - Dispensa do lançamento e pagamento de 65,88% (sessenta e cinco e oitenta e oito
décimos por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta, quando não
se aplicar o diferimento previsto no inc. XIII do “caput”, do art. 2º, do Decreto Estadual
nº 6.734/97, desde que o produto seja utilizado pelo importador em processo de
industrialização;
Base legal: art. 2º, parágrafo único do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a
31/03/2011)
8.3 – Nas entradas decorrentes de importação do exterior e nas operações internas com
nafta para o momento em que ocorrer a saída dos produtos resultantes da
industrialização.
Alguns produtos resultantes da industrialização da nafta: os gases eteno e propeno que
são utilizados, por exemplo, como matérias-primas na indústria de plásticos. Produtos
líquidos, a exemplo do benzeno, tolueno e xilenos, utilizados como solventes e na
produção de colas.
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Base legal: art. 3º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos a partir de 1º/04/2011)
8.4 - Observação importante: para a fruição do tratamento tributário previsto no
Decreto nº 11.807/09 o contribuinte que adquirir nafta para elaborar produtos
petroquímicos básicos deverá celebar termo de acordo com a Secretaria da Fazenda se
comprometendo a:
I – realizar investimentos em implatação, ampliação po modernização de linhas
de produção;
II – gerar novos empregos;
III – manter logística de aquisição do produto;
IV – utilizar créditos fiscais acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal, a
partir dos efeitos do tratamento tributário previsto no art. 3º do Decreto nº
11.807/09, obervando condiçoes e limites acordados.
9 – Da isenção
Inexiste regra específica de isenção em relação às operações com nafta.
10 – Da base de cálculo
10.1 – Base de cálculo nas operações de saída:
A base de cálculo nas operações de saídas interestaduais de nafta é o valor da operação.
Observar em relação às operações internas com nafta que o lançamento e o pagamento
do ICMS é diferido para o momento da saída dos produtos resultantes da
industrialização (art. 3º, do Decreto nº 11.807/09, com efeitos a partir de 1º/04/2011):
neste caso o ICMS da nafta será recolhido sobre o valor da operação de saída dos
produtos resultantes. Se estes produtos forem exportados, haverá a imunidade do ICMS,
com dispensa do pagamento do imposto diferido.
Nas operações de saídas internas não alcançadas pelo diferimento (anteriores a
1º/04/2011), a base de cálculo é o valor da operação.
10.2 - Base de cálculo na importação de nafta do exterior:
Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da
entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 – efeitos até
31/10/09 e art. 2º, do Decreto nº 11.807/09 – efeitos de 1º/11/09 a 31/03/2011).
A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,
acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à
importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes +
despesas aduaneiras + demais tributos incidentes) somando-se a estes também as
despesas até a entrada no estabelecimento importador.
Observar em relação às hipóteses de importação de nafta elencadas acima as dispensas
parciais de lançamento e pagamento do ICMS diferido, elencadas nos itens 6.2 e 7.2
acima.
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A partir de 1º/04/2011, com o encerramento da fase de diferimento do ICMS -
importação da nafta para a saída dos produtos resultantes da sua industrialização, a base
de cálculo será o valor da saída desses produtos.
Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem
correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc.
VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras “a” e “b", da Lei 7.014/96.
11 – Das reduções de base de cálculo
Redução de base de cálculo na operação interna que destine o produto a contribuinte
que o utilize na produção de produtos petroquímicos básicos, de forma que a carga
tributária incidente corresponda aos seguintes percentuais:
a. 10% nas operações internas realizadas até março de 2010
b. 8% nas operações internas realizadas de abril a setembro de 2010;
c. 5,5% nas operações internas realizadas de outubro de 2010 a março de
2011.
Base legal: art. 1º, incs. I, II e III, do Decreto nº 11.807/09.
12 - Alíquotas
12.1 – 18% (dezoito por cento), nas operações internas e de importação de nafta.
12.2 - Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES)
ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas
interestaduais com destino ao território da Bahia.
12.3 – 12% (doze por cento), nas operações interestaduais, em que ocorre a saída do
produto da Bahia com destino a contribuintes do imposto localizados em outras
unidades da Federação.
12.4 – 4% nas operações interestaduais originado de importação.
Observar que as operações de importação através da Bahia são alcançadas pelo
diferimento do lançamento e pagamento do ICMS, para o momento da saída dos
produtos resultantes da industrialização, a partir de 1º/04/2011 (item 8.3, acima).
Base legal: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.
Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96).
Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.
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13 - Informação adicional
Tratamento tributário dispensado à nafta petroquímica nas operações
interestaduais de acordo com o STF. O Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso
Extraordinário (RE) nº 193.074-RS, Relator Min. Ilmar Galvão, decidiu que a nafta
petroquímica não está excluída da incidência do ICMS, na forma prevista na alínea “b”,
do inciso X, do § 2º, do art. 155 da Constituição, visto que este subproduto, derivado do
refino de petróleo, não se encontra incluso no conceito de combustível líquido ou
gasoso dele derivado.
Em decorrência desse entendimento firmado pelo STF, as operações interestaduais com
nafta seguem, no ICMS, o regime de tributação das demais mercadorias. A arrecadação
do imposto é compartilhada entre os Estados de origem e de destino do produto.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS
1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,
processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]
André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA
/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –
Rio de Janeiro: Interciência, 2012;
3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,
especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:
LTC, 2012;
4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e
Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:
http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).
5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Nafta_(combustível); 6 - http://www.braskem.com.br/
7 - www.stf.gov.br/