Mercado de Carbono pós-2012: perspectivas, oportunidades e políticas para o Brasil
Edson Paulo Domingues Professor Associado – FACE/UFMG
Aline Souza Magalhães Doutora em Economia – Cedeplar/UFMG
Baseado nos resultados de trabalho desenvolvido para o PROGRAMA DE
FOMENTO A PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - PDE/BNDES/ANPEC 2011
Linhas de Pesquisa
• Desenvolvimento de modelos de equilíbrio geral computável (EGC) em diversos temas; – no inicio com foco em questões regionais, ampliação
para questões de políticas públicas, mudanças climáticas e infraestrutura
• Pesquisas no Cedeplar em cooperação com os Professores Ricardo Machado Ruiz, Mauro Borges Lemos, Monica Viegas, Roberto Monte-Mor, Rodrigo Simões, Frederico Gonzaga Jayme Jr., Marco Flavio Resende, Alisson Barbieri, entre outros
Temas de Estudo
• Impactos regionais: PPA, PAC, Copa 2014
• Mudanças Climáticas
– Impactos, políticas de redução de emissões GEE
• Meio Ambiente
– Desmatamento, urbanização na Amazonia Legal
• Diversos: crise financeira, retornos crescentes, discriminação, aspectos demográficos, política industrial, energia
Publicações recentes
1. DOMINGUES, E. P. ; OLIVEIRA, H. C. ; VIANA, F. D. F. . Investimentos em Infraestrutura no Nordeste: projeções de impacto e perspectivas de desenvolvimento. Revista Econômica do Nordeste, v. 43, p. 10-35, 2012.
2. DOMINGUES, E. P., MAGALHÃES, A. S., RUIZ, R. M. Cenários de Mudanças Climáticas e Agricultura no Brasil: impactos econômicos na Região Nordeste. Revista Econômica do Nordeste , v.42, p.229 - 246, 2011.
3. DOMINGUES, E. P.; BETARELLI JUNIOR, A. A.; MAGALHÃES, A. S. Quanto vale o show? Impactos econômicos dos investimentos da Copa do Mundo 2014 no Brasil. Estudos Econômicos, vol.41, n.2, pp. 409-439, 2011.
4. HADDAD, E. A.; PEROBELLI, F. S.; DOMINGUES, E. P.; AGUIAR, M. Assessing the ex ante economic impacts of transportation infrastructure policies in Brazil. Journal of Development Effectiveness, v. 3, p. 44-61, 2011.
5. BARBIERI, A. F.; DOMINGUES, E. P. ; QUEIROZ, B. L. ; RUIZ, R. M. ; RIGOTTI, J. I. ; CARVALHO, J. A. M. ; RESENDE, M. F. C. Climate change and population migration in Brazil’s Northeast: scenarios for 2025-2050. Population and Environment, v. 31, p. 344-370, 2010.
6. MIRANDA, R. A.; DOMINGUES, E. P. Commuting to work and residential choices in the metropolitan area of Belo Horizonte. Urban Public Economics Review, v. 12, p. 41-71, 2010.
7. DOMINGUES, E. P.; MAGALHÃES, A. S. ; FARIA, W. R. Infraestrutura, crescimento e desigualdade regional: uma projeção dos impactos dos investimentos do PAC em Minas Gerais. Pesquisa e Planejamento Econômico (Rio de Janeiro), v. 39, p. 121-158, 2009.
Bolsas e editais
• CNPq
– Produtividade em Pesquisa 2 , Universal (, 2011), Ciências Sociais Aplicadas (2011)
• PROCAD CEDEPLAR/UFMG E CMEA/FEA/UFJF
• Fapemig: Programa Pesquisador Mineiro VII
• RedeClima e INCT-Mudanças Climáticas
• Urbis-Amazônia
• PDE-BNDES 2011 e 2012
Motivação • A cidade de São Paulo baniu o uso de sacolas plásticas em maio de 2011. • Reclamação de consumidores, supermercados, empresas e jornais... • Em maio de 2012, ministério publico conseguiu um acordo e sacolinhas
voltaram a ser distribuídas. • Similar ao ocorrido em Belo Horizonte, mas proibição se manteve
forçando o uso de sacolas retornáveis.
• Caso ilustra a dificuldade de se obter uma substituição de em produto com grandes impactos ambientais negativos: nenhum agente econômico quer arcar com o custo. • Nenhuma medida em direção à sustentabilidade ambiental é custo-neutra: haverá, e deve haver a imposição de seus custos para a sociedade (consumidores, produtores, governos) • A externalidade negativa existe quando os agentes NÃO sofrem estes custos.
• Acumulação dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera terrestre.
• Processo ocorre de forma natural, porém algumas atividades econômicas intensificam o processo
Efeito Estufa
Principais Gases de Efeito Estufa
Vapor d'água (H2O)
Ozônio (O3)
Dióxido de carbono (CO2)
Metano (CH4)
Óxido nitroso (N2O)
Clorofluorcabonos (CFCS)
Hidrofluorcarbonos (HFCS)
Perfluorcabonos (PFCS)
• Temperatura média do planeta subiu 0,6oC nos últimos 100 anos.
• Maior crescimento na temperatura média da Terra nos últimos mil anos.
• No cenário otimista, estima-se aumento da temperatura média em 1,5oC nos próximos 100 anos.
• No pessimista, o aumento estimado é de 5,8oC.
Aquecimento Global
Cenários de Emissões e Temperatura do IPCC
Fonte: IPCC. Climate Change 2007: Synthesis Report. 2007.
Fonte: MODIS images from NASA's Terra satellite supplied by Dr. Ted Scambos; National Snow and Ice Data Center, University of Colorado, Boulder
Conjunto de imagens de satélite da Península Antartica gravam a catastrófica quebra de uma parte imensa da camada de gelo Larsen B – uma área de 4000 km2 (cerca de metade da área da RMBH)– em 2002
Fonte: MODIS images from NASA's Terra satellite supplied by Dr. Ted Scambos; National Snow and Ice Data Center, University of Colorado, Boulder
Fonte: MODIS images from NASA's Terra satellite supplied by Dr. Ted Scambos; National Snow and Ice Data Center, University of Colorado, Boulder
Efeitos da mudança climática
• Mudança climática é a mãe de todas as externalidades: maior, mais complexa, e com maior incerteza do que qualquer outro problema ambiental (Tol, 2009) – Origem dos GEE são as mais difusas e variadas
possíveis. Toda família, firma, fazenda emite GEE.
– Os efeitos dos GEE também são amplos: agricultura, emergia, saúde, natureza
– Países de baixa renda, que menos contribuem com GEE, são os mais vulneráveis a seus efeitos
Possíveis conseqüências do aquecimento global
• Elevação dos níveis dos oceanos
• Mudanças nos regimes de chuvas e ventos
• Desertificação
• Perda da biodiversidade
• Perda de áreas agricultáveis
• Aumento da incidência de doenças
Atividades econômicas e emissões de GEE GEE Atividade econômica emissora
Dióxido de carbono (CO2) Combustão de combustíveis fósseis
(GWP=1) Desmatamentos
Mudaças no uso dos solos
Queimadas florestais
Atividades industriais: Metalurgia
Siderurgia
Produção de cimento
Metano (CH4) Agropecuária
(GWP=25) Plantios alagados (arroz)
Mudanças no uso dos solos
Produção de lixo e esgoto
Prospecção de petróleo, gás natural, carvão mineral
Óxido Nitroso (N2O) Agropecuária
(GWP=298) Processos industriais
Clorofluorcarbonos (CFCs) Sprays e aerossóis
Hidrofluorcarbonos (HFCs) Aparelhos de refrigeração
Perfluorcabonos (PFCs) Fabricação de isopor
Processos econômicos e o aquecimento global
• Intensificação do Aquecimento Global
– Marco histórico: Revolução Industrial
Fonte: Stern Report
RedeClima e Economia: Pesquisas em desenvolvimento
1. Modelagem
i. “Downscaling”
ii. Análise de impacto
iii. Construção de cenários
iv. Políticas de mitigação
2. Integração metodológica
i. Uso da terra e Economia
ii. Energia e Economia
iii. Transporte e Economia
iv. Saúde Pública e Economia
22
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
23
“Downscaling”: O caso de Minas Gerais (1.i)
Se os custos de MCG até 2050 fossem antecipados para hoje, a
uma taxa de desconto intertemporal de 1,0% a.a., o custo em
termos de PIB para Minas Gerais seria de aproximadamente entre
R$ 155 bilhões (cenário A2-BR) a R$ 446 bilhões (cenário B2-
BR), o que representaria de 55% a 158% do PIB estadual de 2008.
Quais regiões seriam (potencialmente) mais afetadas?
O principal resultado projetado é a ameaça maior das
mudanças climáticas às regiões mais pobres do Estado. Sob
a ótica espacial, pode-se concluir que as MCG são concentradoras e
intensificam as desigualdades regionais em Minas Gerais. Os
custos em termos de PIB regional são maiores, em termos
proporcionais, nas regiões mais pobres e se intensificam com o
tempo.
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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Vulnerabilidade a Mudanças Climáticas (2)*
* Quociente Locacional dos Impactos: Relação entre a Participação Regional nos Impactos Totais de MCG no Estado e a Participação Regional no PIB Estadual
Cenário A2-BR
Cenário B2-BR
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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Análise de impacto: Eventos extremos (1.ii)
“Integrating GIS and Input-Output systems for assessing the
impacts of floods in São Paulo” (Eliane Teixeira dos Santos, IPE-
USP)
Qual o impacto econômico
das enchentes em São Paulo?
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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Cenários
Influence
Zone
Affected
Firms
Influence
Zone
Affected
Firms
Influence
Zone
Affected
Firms
Influence
Zone
Affected
Firms
50 m 352 100 m 1.004 200 m 3.905 500 m 21.395
Scenario 1 Scenario 2 Scenario 3 Scenario 4
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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Exemplo
The most severe flood point in 2008
Influence
Zone
Affected
Firms
100 m 137
Longitude -46.70449
Latitude -23.57267
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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Resultados: Perdas potenciais de produção
Scenario 1 Scenario 2 Scenario 3 Scenario 4
50 m 100 m 200 m 500 m
São Paulo 6.296.382 16.888.093 47.584.343 565.876.814
Rest of São Paulo Metropolitan Region 0 0 0 0
Rest of São Paulo (state) 0 0 0 0
Rest of Brazil 0 0 0 0
6.296.382 16.888.093 47.584.343 565.876.814
Direct Damage (in R$)
Scenario 1 Scenario 2 Scenario 3 Scenario 4
50 m 100 m 200 m 500 m
São Paulo 8.971.487 24.679.478 72.637.226 938.946.439
Rest of São Paulo Metropolitan Region 1.225.752 3.177.525 8.667.814 113.064.773
Rest of São Paulo (state) 2.187.005 5.083.498 11.898.803 143.264.062
Rest of Brazil 3.715.509 7.480.972 16.074.355 185.498.488
16.099.752 40.421.473 109.278.198 1.380.773.763
Total Damage (in R$)
Emissões e cenários econômicos (i.III)
• Efeito de eficiência energética sobre cenário
de emissões?
• Quais os custos e benefícios de uma
taxação de carbono para atingir meta de
redução de emissões no Brasil?
Bolsista: Aline Souza Magalhães
Orientador: Edson Paulo Domingues
*Não considera emissões associadas ao uso da terra
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Eficiência Energética – PDEE 2020 inclui a reposição tecnológica pelo término da vida útil de equipamentos e os efeitos de programas e ações de conservação já em execução . Resultados consistentes com os valores considerados no PNEf (Plano Nacional de Eficiência Energética).
Mudanças Climáticas e Saúde (2. iv)
• A partir de cenários de mudanças
climáticas futuras, o que se pode
esperar de novos padrões de
mortalidade e morbidade?
• Quais os impactos econômicos regionais
dos efeitos das mudanças climáticas
sobre a saúde no Brasil?
• Existem grupos populacionais ou regiões
mais vulneráveis em relação a algumas
doenças?
• O impacto sobre o sistema público de
saúde será relevante em termos
nacionais ou regionais?
• Quais seriam as políticas de adaptação
necessárias para o Brasil?
Bolsista: Glaucia Possas da Motta
Orientador: Edson Paulo Domingues/Kenya Valéria M. S. Noronha
Metas propostas em Copenhagen (COP-15) para 2020
Países Metas propostas na COP-15 para 2020
Austrália 5% a 25% de redução em relação aos níveis de 2000
Brasil 36,1 a 38,9% de redução nas emissões em relação a um cenário "business as
usual"
Canadá 17% de redução em relação aos níveis de 2005
China 40% a 45% de redução na intensidade de emissões em relação aos níveis de
2005
Estados Unidos 17% de redução em relação aos níveis de 2005
Índia 20% a 25% de redução na intensidade de emissões em relação aos níveis de
2005
Indonésia 26% de redução nas emissões em relação a um cenário "business as usual"
Japão 25% de redução em relação aos níveis de 1990
Nova Zelândia 20% de redução em relação aos níveis de 1990
Rússia 25% de redução em relação aos níveis de 1990
União Européia 20% a 30% de redução em relação aos níveis de 1990
Bolsista: Aline Souza Magalhães
Orientador: Edson Paulo Domingues
Mercado de Carbono pós-2012: perspectivas, oportunidades e políticas para o Brasil (1.iv)
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Simulações: Preços de carbono para diferentes alternativas de arranjos de comercialização (US$ por tonelada, ano base 2004)
Mercados Nacionais
Isolados
Mercado de Carbono
Internacional Restrito
Mercado de carbono
global
Brasil 126.51 85.67 67.8
Estados Unidos 69.23 85.29 67.5
União Européia 147.31 85.51 67.7
Japão 171.41 85.56 67.7
Rússia 84.84 85.41 67.8
Europa Oriental 0 84.6 67.1
Restante do Anexo I 122 85.72 67.8
China 116.02 85.43 67.7
Índia 50.19 85.08 67.5
Indonésia 41.57 85.07 67.5
Exportadores de Petroleo 0 0 67.6
Resto do Mundo 0 0 67.7
em dólares de 2004 por tonelada de carbono
Regiões
Bolsista: Aline Souza Magalhães
Orientador: Edson Paulo Domingues
Mercado de Carbono pós-2012: perspectivas, oportunidades e políticas para o Brasil (1.iv)
Sub-rede ECONOMIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Impacto sobre o PIB real de políticas de redução de emissões – desvios em relação a 2020
Mercados Nacionais
Isolados
Mercado de
Carbono
Internacional
Restrito
Mercado de carbono
global
Brasil -0.3 -0.21 -0.13
Estados Unidos -0.15 -0.23 -0.14
União Européia -0.64 -0.13 -0.04
Japão -0.28 -0.13 -0.07
Rússia -1.47 -1.86 -1.39
Europa Oriental 0 -0.7 -0.46
Restante do Anexo I -0.34 -0.25 -0.16
China -1.97 -1.58 -1.09
Índia -0.31 -0.77 -0.49
Indonésia -0.05 -0.23 -0.13
Exportadores de Petroleo 0.09 0.09 -0.3
Resto do Mundo 0.09 0.07 -0.27
Regiões
% PIB real
Exemplos imposto de carbono no Brasil
O “bom” imposto: para corrigir uma externalidade negativa.
Receita do imposto devolvida para a sociedade.
Mas a gasolina vai ficar mais cara...e o pão de queijo
também....
Imposto de carbono de R$100/ton CO2eq em todas as
emissões, a partir de 2014
Devolução da receita do imposto para famílias (decis de
renda mais baixo)
Modelo de simulação construído no Cedeplar-UFMG
(Magalhães, 2013)
Imposto de carbono de R$100/ton CO2eq em todas as emissões, a partir de 2014 – Devolução da receita para famílias (decis mais baixos)
-Politica de taxação com perfil redistributivo da receita do imposto, diminui seu efeito regressivo -Pequena queda da atividade e elevação de custos na economia -Emissões caem na razão 10 para 1: emissões caem 10x mais que o recuo do PIB. Mas a queda de emissões é pequena. - Aumento de custos dos produtos, inclusive cesta básica
var. % acumulada
2014-2030
PIB -0.32
Consumo das famílias -0.06
Investimento -1.45
Consumo do governo 0.00
Exportações -0.99
Importações -0.27
Emprego 0.02
Preços ao consumidor 0.19
Preço Investimento 0.35
Custo das Exportações 1.01
Totais -3.44
Agropecuaria -0.62
Energia -7.75
Industriais -3.17
Indicador
Emis
sões
Imposto de carbono de R$100/ton CO2eq em todas as emissões, a partir de 2014
Impacto setorial da taxação
de carbono: maiores
emissores e usuários de
combustíveis
Setor
var. %
acumulada
2014-2030
42 GasNatDist -7.92
26 FabAcoDeriv -4.49
24 Cimento -2.96
43 AguaEsgLimp -2.94
5 OutIndExtrat -2.88
16 ProdQuimicos -2.43
29 MaqEquipManu -2.01
27 MetNaoFerros -1.87
40 GerEletr -1.84
25 OutPrMNaoMet -1.78
35 AutomUtilita -1.61
28 ProdMetal -1.46
46 TranspArmCor -1.42
17 ResinaElasto -1.42
36 CaminhOnibus -1.29
44 Construcao -1.25
38 OutEqTransp -0.95
30 Eletrodomest -0.81
23 BorracPlast -0.78
21 TintasOut -0.78