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MERCADO DE TRABALHO PARA O IDOSO EM TOLEDO-PR
Veronica Mareth1
RESUMO: O presente artigo tem como tema: “O mercado de trabalho para o Idoso no Município de
Toledo-PR”, cujo recorte para a pesquisa prioriza aqueles com idade entre 60 e 75 anos. Os sujeitos
deste estudo foram procurados em instituições públicas e privados do setor trabalhista. O problema da
pesquisa: Existe em Toledo uma política de incentivos por parte do Poder Público e privado para
criação de vagas de trabalho para idosos, conforme exigência da legislação? Sendo elencado o
objetivo primário: “Conhecer a realidade do Mercado de Trabalho para idosos em Toledo, junto aos
setores públicos e privados responsáveis”. O universo foi a população de idosos de Toledo com idade
entre 60 a 75 anos, que perfaz o total de 8.892 cidadãos. A técnica utilizada foi a entrevista
semiestruturada com a utilização de gravador, com o prévio consentimento dos entrevistados. Os
dados foram tabulados e apresentados através de resultados quantitativos. O problema que motivou a
pesquisa foi confirmado, visto que em Toledo não existe uma política de incentivos por parte do Poder
Público para criação de vagas de trabalho para idosos, como prevê a legislação atual.
PALAVRAS-CHAVE: Mercado de Trabalho; postos de trabalho ; direitos do idoso.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como tema: O Mercado de Trabalho para o Idoso em Toledo-PR, e o
recorte prioriza aqueles cuja idade localiza-se entre 60 e 75 anos. Para elucidar essa realidade
realizou-se uma pesquisa teórica com revisão documental e de campo, com nove sujeitos,
sendo estas instituições públicas e privadas de natureza trabalhista como: Sindicato dos
Empregados no Comércio de Toledo, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Toledo, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos de Toledo (STIA), Associação
Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo,
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos
de Serviços de Saúde de Toledo e Região (SINDE SAÙDE), Agência do Trabalhador
(Sistema Nacional de Emprego - SINE), e a Agência do Ministério do Trabalho e Emprego.
Cabe ressaltar que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2012) apontam que no Brasil há 20.060.000 (vinte milhões e sessenta mil) idosos e destes
¹ Universidade de Estadual do Oeste do Paraná-Unioeste- Campus de Toledo. E-mail:
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l.200.000 (um milhão e duzentos mil) residem no Paraná. Em Toledo este número é de 11.975
(onze mil, novecentos e setenta e cinco) idosos, mas o recorte pela idade de 60 e 75 anos o
número de idosos é de 8.892 (oito mil oitocentos e noventa e dois).
Quanto à legislação pertinente, a Constituição Federal de 1988 afirma que todos são
iguais perante a lei [...] onde se estabelece o livre exercício de qualquer trabalho ou profissão,
quando atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. O Estatuto do Idoso
garante que os direitos sociais são assegurados às pessoas com idade igual ou superior a
sessenta anos, especificamente no artigo 28 “O Poder Público criará e estimulará programas
de: inciso I- profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e
habilidades para atividades regulares e remuneradas”, bem como no inciso “III- estímulo às
empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho” (BRASIL, 2012a). Com base nessa
legislação e nos direitos dos idosos, o problema da pesquisa centrou-se na questão: Existe em
Toledo uma política de incentivos por parte do Poder Público e Privado para criação de postos
de trabalho para idosos, conforme a exigência da legislação?
OBJETIVOS
Esta investigação teve como objetivo geral: Conhecer a realidade do mercado de trabalho
para idosos em Toledo, junto aos setores públicos e privados responsáveis. E os objetivos
secundários: 1- Verificar a legislação específica da área do idoso, conhecendo os seus direitos
sociais. 2- Conhecer o mercado de trabalho disponível para o idoso em Toledo, contribuindo para a
socialização dos dados junto às instituições trabalhistas públicas e privadas sobre a realidade local.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Severino (2007, p.124) [...] “as técnicas na pesquisa são procedimentos
operacionais que servem de mediação prática para a realização da pesquisa”. Nesse sentido,
definiu-se a utilização da técnica da entrevista de natureza semiestruturada porque podemos
combinar perguntas abertas e fechadas com vistas a garantir a identificação da realidade numa
perspectiva de totalidade.
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Além disso, foi utilizado o instrumento gravador com vistas a garantir a fidelidade das
informações transmitidas pelos sujeitos da pesquisa com a autorização destes.
Tem-se como universo e amostra da pesquisa o Sindicato dos Empregados no Comércio de
Toledo, Sindicato dos Servidores Municipais de Toledo, Sindicato dos Empregados na Indústria de
Alimentos de Toledo (STIA), Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT), Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Toledo, Instituto Nacional do Seguro Social Agencia de Toledo
(INSS), Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Toledo e Região
(SINDE SAÚDE), Agência do Trabalhador de Toledo (SINE), e Agência do Ministério do
Trabalho que são referência ao atendimento do total de 8.892 (oito mil, oitocentos e noventa e dois)
idosos no Município de Toledo-PR na faixa etária de 60 (sessenta) a 75 (setenta e cinco) anos
conforme a proposta da pesquisa, que tem como problema: Existe em Toledo uma política de
incentivos por parte do Poder Público e Privado para criação de vagas de trabalho para idosos
conforme a exigência da legislação?
A partir da coleta de dados realizou-se a tabulação com base nas categorias de análise
da discussão teórica no desvendamento da realidade evidenciada pelas informações obtidas.
Foram abordados os dados referentes à identificação dos entrevistados, e em
complementaridade, aspectos direcionados à situação de demanda de trabalho dos idosos em
Toledo, dados estes que estão sendo apresentados através de resultados quantitativos. As
entrevistas realizadas foram semiestruturadas com todas as instituições trabalhistas citadas
anteriormente, para responder ao tema ou problema da pesquisa. Além disso, a análise
documental favorece a complementação das informações.
RESULTADOS
Para conhecermos e também entender a historicidade de cada instituição entrevistada
esta primeira questão traz o nome completo e o ano em que foi criada no município de
Toledo. O dado interessante apontado foi que os Sindicatos na sua maioria foram criados nos
anos 1980 e 1990, que correspondem no contexto dos movimentos sociais e abertura política,
ou seja, fim da ditadura militar e a promulgação da Constituição Federal de 1988.
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TABELA– NÚMERO TOTAL DA CATEGORIA E DE ASSOCIADO
RESPOSTAS
Entrevistado 1 – Sindicato dos Empregados no Comércio de Toledo
Sócios hoje nós temos 107 associados, mas quem é beneficiário de toda a luta do sindicato é
em torno de quatro a cinco mil são as pessoas integrantes da categoria que se beneficiam
todos com estas convenções coletivas que e os trabalhos que a gente faz.
Entrevistado 2- Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Toledo
A nossa categoria ela é formada por aproximadamente 2900 mais 400 eu diria 3.300
servidores ativos e inativos. Associados sindicalizados em torno de 2.100, mas nós devemos
ter em torno de 200 aproximadamente associados idosos.
Entrevistado 3- Sindicato dos trabalhadores nas Indústrias de Alimentos de Toledo
(STIA)
O número de trabalhadores na base da alimentação é em torno de doze a treze mil
trabalhadores e o número de sócios é de oito mil para fazer uma conta exata.
Entrevistado 4- Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT)
Nós temos hoje 2400 associados, consideramos na casa de 5.200 a 5.500 empresas oficiais
abertas e em atividade.
Entrevistado 5- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo
A nossa categoria mais de três mil, mas a média de 900 associados.
Entrevistado 6- Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
São 22 funcionários, e um funcionário cedido pelo município de Maripá, mais os 6
servidores de serviços gerais e 3 vigilantes são terceirizados.
Entrevistado 7- Sindicato Dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde
de Toledo e Região (SINDE SAÙDE)
Associados que pagam a mensalidade 388, é um número pequeno comparado com o total de
trabalhadores, que deve ser em torno de oito mil nos 6 municípios da micro região de Toledo.
Entrevistado 8- Agência do Trabalhador de Toledo (SINE)
A de atendimentos por mês é de 1.100 a 2.000 atendimentos/mês. Nos últimos três meses
atenderam em média 2.800 pessoas.
Entrevistado 9- Ministério do Trabalho e Emprego.
Varia muito o número de atendimentos no momento estamos numa época baixa, emitimos
uma média de 600 carteiras/mês, 200 a 250 processos de Seguro/mês, 200 a 250/mês de
rescisões atendemos uma média de 1.800 a 2.000/mês em períodos de pico seria muito mais
que isso.
MARETH, Verônica. Dados coletados em pesquisa de campo. 2012.
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Na análise referente ao número total da categoria e de associados dos dados temos
como resultado concreto de que o número de trabalhadores envolvidos é de 16.027
associados; 32.300 beneficiários; 4.800 atendimentos a trabalhadores e 5.500 empresas em
Toledo no ano de 2012. Na fala do entrevistado nº 2(Sindicato dos Servidores Municipais de
Toledo); ficou evidente que há em média 200 sindicalizados com idade de 60 anos ou mais, e
que são muito comprometidos porque é algo novo participar ativamente dentro do sindicato.
Referente à fala do entrevistado nº 2 é que eles já estão aposentados e por isso participam
ativamente dentro do sindicato e não mais trabalho no Serviço Público.
Na análise dos depoimentos dos entrevistados referente ao número de idosos entre 60
e 75 anos inseridos no mercado de trabalho, foi levantada a seguinte realidade: na maior parte
das entrevistas realizadas não existem dados concretos levantados. Observou-se que no
Sindicato dos Empregados no Comércio de Toledo há 4 idosos com mais de 60 anos fazendo
parte da diretoria, portanto na condição de voluntário e não de trabalhador remunerado. A
partir das entrevistas realizadas e apesar de ainda não se ter projetos ou ações programadas
para admissão dos trabalhadores idosos em Toledo, esta realidade começa a mudar em alguns
segmentos, como na indústria de alimentos, onde o trabalhador com mais idade é aproveitado,
conforme a sua qualificação e capacidade física e psicológica para o trabalho. Para entender
esta realidade em Toledo, buscamos a fala do entrevistado nº 3,
[...] tenho conhecimento que uns dez a quinze anos atrás um quarentão ficava difícil de sair
do mercado e de entrar no outro, hoje nosso setor é o contrário as empresas já estão dando
prioridade para essa idade, com certeza te garanto que tem desta idade de 60 a 75 anos de
idade reinserção e permanência. Também tem bastante que estão se aposentando e querem
deixar o trabalho estão tendo dificuldade porque os chefes estão na cabeça deles pedindo
para ficar mais um pouco. Porque o jovem hoje não está muito preocupado principalmente o
trabalho no frigorífico na linha de produção que mais cansa o pessoal não está
permanecendo muito, então as pessoas que tem mais idade são mais comprometidas, este é
um dos motivos que as empresas não querem que os aposentados saiam. (Entrevistado nº 3).
O entrevistado 5 (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo) possui
aproximadamente 500 agricultores com 60 anos de idade ou mais. Quando o entrevista do nº
5 menciona ter 500 associados idosos, é porque o pequeno produtor também é associado do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Toledo assim como os trabalhadores empregados nas
propriedades rurais. Ainda temos a presença de trabalhadores bóia-fria, que em Toledo é uma
realidade.
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O entrevistado 7 Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de
Saúde de Toledo e Região possui 18 idosos sindicalizados e na região de Toledo o número
perfaz o total de 60. Dos 9 entrevistados 4 não apresentaram dados. E aqueles que
apresentaram o total foram de 582 idosos. Na perspectiva teórica, Teixeira assinala que,
As propostas e as iniciativas de proteção social que visam à ocupação do “tempo livre” dos
idosos, com atividades de lazer, educação, cultura, como medidas de valorização social, de
participação social, de inserção social são resultantes de um duplo e contraditório
movimento: de um lado, as lutas sociais em torno do envelhecimento e suas reinvindicações
por demandas para além das necessidades de sobrevivência, por direitos sociais, por
participação na gestão das políticas [...], mas as remete para domínio privado, da família, do
mercado, das organizações sociais, de forma geral, para a sociedade civil, em que a livre
iniciativa pode ditar as regras de inserção e de exclusão. (TEIXEIRA, 2008, p.41-42)
Há necessidade de uma organização e criação de mecanismos para se ter dados sobre a
realidade do Município de Toledo por parte das instituições públicas e privadas, visto que um
diagnóstico social demonstraria um perfil mais detalhado. Mesmo no segmento do idoso há
poucos dados que identifiquem particularidades como o mercado de trabalho para sua faixa
etária. Outro aspecto questionado se baseou sobre a demanda de vagas para o trabalhador
idoso, dos 9 entrevistados, 4 alegaram não ter demanda e 3 não tem dados registrados. Apenas
1 respondeu que há demanda, porém não possui dados registrados. Na resposta do
entrevistado nº 3:
Para que as pessoas tenham o livre aceso para trabalhar para quem pode é claro, na
minha visão como estou te falando não está ruim esta boa, hoje as empresas estão dando
mais atenção às pessoas que lá traz eram tratadas como nada, ficou velho joga no fora.
Hoje o nosso setor já está dando prioridade para as pessoas que estão bem preparadas
fisicamente e psicologicamente e vai ser mais pode ter certeza. (Entrevistado nº 3)
É importante que as empresas e instituições tenham programas ou ações para a
contratação ou inclusão de idosos no mercado de trabalho, porque a experiência adquirida
pelo idoso ao longo de sua trajetória profissional lhe dá condição de multiplicador de
conhecimentos. É uma visão de necessidade de mercado, pois estamos com algumas idéias no
momento que talvez nem vão entrar no mérito, mas caso venha acontecer, incluem buscar
alguns cursos, como já temos cursos de capacitação ou de readequação, ou melhor, uma
reciclagem desta mão-de-obra e também especificar a peculiaridade de cada candidato e a sua
compatibilidade com vaga oferecida. Um exemplo relatado por Baldrati (2012)
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Na agência do trabalhador de Curitiba, órgão público que faz a intermediação entre
empresas e trabalhadores, cerca de 15 das 800 pessoas atendidas todos os dias têm mais de
60 anos, de acordo com o gerente, Rafael dos Santos. As empresas que mais contratam
esses profissionais são em supermercados e escritórios, onde os idosos atuam como
auxiliares, na realização de serviços bancários e administrativos. ‘Não há limites de idade
para as vagas, mas naturalmente os mais velhos raramente são encaminhados para funções
que exigem muito esforço físico’, diz.
Com interesse de identificar quais as principais profissões ou atividades desenvolvidas
pelos idosos em sua inserção no mercado de trabalho, evidenciou-se as respostas:as principais
profissões ou atividades em que os idosos estão trabalhando em Toledo são: cargos
administrativos, limpeza, cozinha por meio de concursos, alimentação, eletricistas, mecânicos,
agricultura, auxiliar de enfermagem, panfletagem, repositores de mercadorias, pacoteiro,
vendedores ambulantes, costureiras, nos transportes, no setor de plásticos e construção civil.
Somente o entrevistado 6 - do INSS afirmou não ter idosos trabalhando. As profissões e ou
atividades desenvolvidas pelos idosos são atividades na área urbana são de pouca qualificação
e baixa escolaridade. Na área rural diminui o trabalho pesado quando tem patrão.
Conforme artigo de Normanha Filho (2003),
[...] onde um mercado de trabalho no qual o preconceito relacionado com a idade do idoso é
fato concreto, o Brasil, em ritmo crescente, tem-se destacado pela longevidade de sua
população, deixando de ser, gradativamente um país de jovens. (2003, s/p)
Em complementaridade, no sentido de identificação da realidade social numa
perspectiva de totalidade, solicitou-se para os entrevistados sobre a existência de programa ou
ação específica para a contratação de idosos, dos 9 entrevistados, todos afirmaram não ter um
programa ou ação específica para a contratação de idosos. Apenas o entrevistado 3 justificou
que a contratação é de responsabilidade do mercado de trabalho. A preocupação em elucidar
esta realidade encontra-se em Normanha Filho:
A reflexão que nos conduz obriga à análise de qual técnica é relevante para uma capacidade
produtiva rentável. [...] Em busca de uma melhor clarificação de análise, é importante
observar que nem tudo deve, de forma leviana, ser creditado ao efeito da globalização
econômica (entendida aqui por neoliberalismo); não que seus efeitos não foram e não são
devastadores para as economias, em especial as dos países do terceiro mundo como o
Brasil: ela possui intencionalidade e é ideológica. [...] ao buscar caminhos, devemos
descentralizar o debate sobre a globalização econômica e centrar nossa atenção na
dimensão social, política e cultural; assim teremos uma nova visão com alternativas
múltiplas para a sociedade com todas as várias situações que se apresenta, se criam e se
multiplicam. (2003, s/p)
8
O entrevistado nº 6 reafirma essa posição:
Não é bem um incentivo, ela pode voltar a trabalhar, mas não vai ter nenhum retorno disso
se ficar doente não vai ter auxílio doença porque não pode ter acumulo de benefícios ao
trabalhador pago INSS. Tirando a pensão por morte, agora aposentado e trabalhando
apenas aumenta sua renda, mas não gerando direito posterior a sua aposentadoria. O
INSS é uma autarquia que trabalha com direitos previdenciários, a gente diz se vai ter
direito ou não a benefícios. Tem pessoas que se aposentam muito cedo faltando ainda
tempo, ou seja, aposentadoria parcial não existe a pessoa desaposentar algumas entram na
justiça, mas tem-se ganhado algumas vezes, mas é raro. (Entrevistado nº 6).
Os estudos e o aprofundamento da temática sobre o idoso com dados do último Censo
de IBGE no Brasil em 2010 na fase do envelhecimento são alarmantes. No município de
Toledo não há qualquer cadastro que registre o número de idosos no mercado de trabalho e
nem mesmo a demanda atual de profissionais. Referente ao salário pago para os idosos
evidenciaram-se os seguintes apontamentos: conforme os entrevistados 1, 3, 5, 6, 9, o salário
dos idosos oscila entre R$ 700,00 a R$ 800,00. Para os trabalhadores das indústrias o inicial é
de R$ 624,34 reais e no INSS dependendo da categoria entre R$ 800,00 a R$1.200,00, cujos
cargos são de técnicos de enfermagem. Nas empresas as políticas são individuais, sendo o
valor de R$ 800,00 inicial. Apenas o entrevistado 8 respondeu não ter demanda e nem salário
base para o trabalho do idoso.
Conforme a opinião dos entrevistados constitui-se requisitos principais para os idosos
serem inseridos no mercado de trabalho: os requisitos principais para os idosos serem
inseridos no mercado de trabalho são: entrevistado 1 qualificação, investimento dele próprio
através de cursos, os entrevistados 5, 6, e 8 não tem; o entrevistado 4 informou a necessidade
de ter vaga disponível e o entrevistado 9 confirmou o grande número de idosas no trabalho de
confecção, portanto, com capacitação contínua. E, por último o entrevistado 3 - exige
avaliação médica que confirme estado de saúde sem deficiências. No relato de Baldrati;
Pelo lado da oferta, a necessidade de complementar a renda, a busca por
satisfação pessoal e a melhora na qualidade de vida dos idosos contribuem
para o fenômeno. Chegando a velhice mais saudáveis, eles têm mais
capacidade e disposição para continuar na ativa. Do lado da demanda, as
empresas citam dificuldades em reter jovens, mais sujeitos a mudanças; a
escassez generalizada de mão de obra; e o maior engajamento dos mais
velhos no trabalho como fatores que influenciam a busca por esses
profissionais (2012).
9
As mudanças também dizem respeito à iniciativa privada e não tão somente aos órgãos
públicos, porque a nova estrutura da população obrigará as transformações profundas também
no mercado de trabalho. Não haverá espaço para preconceito, o processo de envelhecimento é
inevitável por isso as pessoas mais velhas terão de ser qualificadas para as inovações
tecnológicas existentes. Conforme depoimento do sujeito nº 3 que exemplifica esta legislação:
É a necessidade do mercado que está contratando a mão de obra que tem vaga, o cara está
bem e quer trabalhar as empresas estão pegando, e o pessoal está correspondendo está
produzindo e as empresas estão muito satisfeitas porque digamos a responsabilidade é
grande. (Entrevistado nº3).
Houve questionamento sobre a existência de incentivos para a inserção do idoso no
mercado de trabalho, dos 9 entrevistados, 7 afirmaram não ter incentivos para a inserção do
idoso no mercado de trabalho. Somente os entrevistados 1 e 4 explicaram que até o momento
não existem vagas, mas há propostas para iniciar. Com clareza o entrevistado nº 4 afirma:
[...] sonho um dia, mas penso e espero que a sociedade evolua e avance no entendimento
da importância dos idosos e ocupação decente para essa faixa etária, então em nível de
entidade se houve ou há algum trabalho nesta área específica até hoje não há, acho e
penso que uma discussão como essa da senhora ou trabalho como esse pode de alguma
maneira provocar, contribuir para que esta discussão de forma madura, consciente se
evoluísse para curso e treinamento e oportunizar vagas. (Entrevista nº 4)
Com razão, as discussões sobre determinados temas como é o caso das necessárias
oportunidades de trabalho para idosos, levam a investigação da realidade local. Esta
necessidade deve estar relacionada com as demandas dos próprios idosos onde a luta e os
movimentos sociais poderão estar atentos. Outro questionamento realizado foi referente à
dificuldade para a contratação de idosos com idade entre 60 e 75 anos. Em síntese, assinala-se
que as dificuldades encontradas para a contratação de idosos com idade de 60 - 75 anos são:
as empresas gostam de moldar seus funcionários; servidores com 50, 55 anos não tem
condições de trabalhar, executar as tarefas inerentes ao cargo; as dificuldades são pessoais, vai
depender de cada ser humano; a vaga tem que estar de acordo com a idade do trabalhador
idoso; os idosos da área rural deixam de trabalhar aos 60 anos; discriminação e preconceito e
a capacidade física em primeiro lugar. Como ressalta Pereira:
O surgimento de uma questão a partir de necessidades problematizadas nem sempre
engendra respostas públicas para o seu substantivo equacionado, isso porque as respostas
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através das políticas públicas ou a ausência destas expressam também interesses políticos
de classe, defesa de projetos de sociedade antagônicos e interesses contraditórios atendidos
pelo Estado. É, portanto, desse jogo político de interesses que se compõe o desenho das
políticas públicas. As formas de respostas do Estado capitalista são múltiplas. Ele pode
antecipar-se a essas lutas, nesse caso, a formulação pública de um problema social pode
surgir di próprio campo político, que encontra, nas expressões numéricas dos problemas
[...] uma causa de interesse geral a ser defendida. (TEIXEIRA, apud PEREIRA, 2008, p.43)
Diante disso, percebe-se uma ruptura entre os grandes centros e localidades menores,
onde o processo é mais lento na discussão e mais ainda na efetivação de medidas concretas na
consolidação de políticas públicas, especificamente dos direitos dos idosos. Na fala do
entrevistado nº 2 sobre sindicalizados idosos,
Fizemos encontros semestrais com os idosos promovemos diversas atividades, mas as
atividades que fizemos com eles não de qualificação profissional, então a gente não têm
esse foco com os idosos mesmo por que as grandes maiorias dos aposentados não querem
saber de voltar a trabalhar, querem viver a vida, quer dizer ficaram 35 a 40 anos no
serviço público, agora a maioria não quer nem ouvir falar em voltar a trabalhar, então nós
temos os encontros, mas com finalidades diferentes mais culturais e muito mais de lazer
nós fizemos este trabalho com eles.(Entrevistado nº 2).
Em síntese, assinala-se que as dificuldades encontradas para a contratação de idosos
com idade de 60 - 75 anos são: as empresas gostam de moldar seus funcionários; servidores
com 50, 55 anos não tem condições de trabalhar, executar as tarefas inerentes ao cargo; as
dificuldades são pessoais, vai depender de cada ser humano; a vaga tem que estar de acordo
com a idade do trabalhador idoso; os idosos da área rural deixam de trabalhar aos 60 anos;
discriminação e preconceito e a capacidade física em primeiro lugar. Como ressalta Pereira:
O surgimento de uma questão a partir de necessidades problematizadas nem sempre
engendra respostas públicas para o seu substantivo equacionado, isso porque as respostas
através das políticas públicas ou a ausência destas expressam também interesses políticos
de classe, defesa de projetos de sociedade antagônicos e interesses contraditórios atendidos
pelo Estado. É, portanto, desse jogo político de interesses que se compõe o desenho das
políticas públicas. As formas de respostas do Estado capitalista são múltiplas. Ele pode
antecipar-se a essas lutas, nesse caso, a formulação pública de um problema social pode
surgir di próprio campo político, que encontra, nas expressões numéricas dos problemas
[...] uma causa de interesse geral a ser defendida. (TEIXEIRA, apud PEREIRA, 2008, p.43)
Diante disso, percebe-se uma ruptura entre os grandes centros e localidades menores,
onde o processo é mais lento na discussão e mais ainda na efetivação de medidas concretas na
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consolidação de políticas públicas, especificamente dos direitos dos idosos. Na fala do
entrevistado nº 2 sobre sindicalizados idosos,
Fizemos encontros semestrais com os idosos promovemos diversas atividades, mas as
atividades que fizemos com eles não de qualificação profissional, então a gente não têm
esse foco com os idosos mesmo por que as grandes maiorias dos aposentados não querem
saber de voltar a trabalhar, querem viver a vida, quer dizer ficaram 35 a 40 anos no
serviço público, agora a maioria não quer nem ouvir falar em voltar a trabalhar, então nós
temos os encontros, mas com finalidades diferentes mais culturais e muito mais de lazer
nós fizemos este trabalho com eles.(Entrevistado nº 2).
CONCLUSÕES
Este artigo alcançou o objetivo geral que era: Conhecer a realidade do Mercado de
Trabalho para o idoso em Toledo; e específicos como: verificar a legislação específica da área
do idoso, conhecendo os seus direitos sociais e ainda conhecer o mercado de trabalho
disponível para o idoso em Toledo, contribuindo para a socialização dos dados junto às
instituições trabalhistas públicas e privadas da realidade local.
Ao final deste estudo pode concluir-se que e a hipótese é de que em Toledo não existe
vagas suficientes às demandas por trabalho para idosos entre 60 e 75 anos de idade, foi
confirmada, uma vez que os dados da pesquisa demonstram uma realidade apresentada pelas
nove instituições ligadas à área trabalhista. As mesmas concordaram que é importante realizar
estudos na área do idoso, por ser um tema atual que preocupa devido o aumento da
longevidade. A permanência ou a reinserção do idoso no mercado de trabalho é necessária
para a sua sobrevivência, e também porque o trabalho é uma atividade fundamental onde o
homem se afirma como um ser social, além de lhe dar respostas práticas às suas necessidades.
Na análise dos dados temos como resultado concreto o número de trabalhadores
envolvidos que é de 16.027 associados; 32.300 beneficiários; 4.800 atendimentos à trabalhadores
e 5.500 empresas em Toledo no ano de 2012. Há necessidade de uma organização e criação de
mecanismos para se ter mais dados sobre a realidade do Município de Toledo por parte das
instituições públicas e privadas, visto que um diagnóstico social demonstraria um perfil mais
detalhado dessa realidade. No segmento do idoso há poucos dados que identifiquem
particularidades, como o mercado de trabalho para a terceira idade. Seria necessário que essas
instituições entrevistadas dessem maior atenção aos dados estatísticos.
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Explicando: as instituições pesquisadas não realizam qualquer cadastro que registre o
número de idosos no mercado de trabalho e nem mesmo a demanda atual, o que impede o
conhecimento sobre a carência ou não de postos de trabalho para os idosos. As dificuldades
relatadas pelos sujeitos da pesquisa para a contratação de idosos com idade de 60 - 75 anos
são: em primeiro lugar a limitação da capacidade física, a vaga tem que estar de acordo com a
idade do trabalhador, o trabalhador na área rural deixa de trabalhar aos 60 anos, as empresas
gostam de capacitar os seus funcionários e por isso requerem um trabalhador com experiência
em empregos anteriores. Em algumas empresas existem algumas restrições, discriminação e
preconceitos dos colegas mais jovens. No caso dos servidores aprovados em concurso com
idade de 50 - 55 anos não têm condições de executar as tarefas inerentes ao cargo e a própria
legislação trabalhista atual traz muitas dificuldades.
Em outros depoimentos ficou patente que não se pode generalizar a questão porque as
dificuldades são individuais em executar o trabalho e não simplesmente vinculadas à idade,
mas sim a sua capacidade e formação para assumir a vaga de trabalho. Na análise dos dados
foi ressaltado que para a contratação do idoso no mercado de trabalho é importante o exame
admissional, condição esta exigida de forma geral para as vagas de trabalho, independente do
candidato à vaga ser idoso ou não.
Com razão, as discussões sobre determinados temas, como é o caso das necessárias
oportunidades de trabalho para idosos levam a investigação da realidade local. Esta
necessidade deve estar relacionada com as demandas dos próprios idosos onde a luta e
movimentos sociais poderão estar atentos. Em Toledo, entre as atividades que empregam a
terceira idade, nenhuma delas exige qualificação. Todas são iniciativas da própria empresa, ou
melhor, a própria lei do mercado de trabalho é que determina sobre as vagas. Assim os
candidatos são avaliados pelo médico e o trabalhador é inserido nesta vaga independente de
sua idade. Finalmente a necessidade de se pensar a respeito e criar projetos e ações buscando
respaldo na Constituição Federal e no Estatuto do Idoso (2003), baseado em experiências em
grandes centros onde esta realidade do mercado para o idoso deve ser mais conhecida. Os
dados do IBGE, em especial do Estado do Paraná no ano de 2000, eram de 195 mil idosos
trabalhando e no ano de 2010 passou para 336 mil idosos. Esta pesquisa foi disponibilizada
para os sujeitos em cópia impressa como forma de dar retorno aos usuários, pois conforme o
13
Artigo 5º do Código de Ética Profissional do Assistente Social: São deveres do assistente
social nas suas relações com o usuário: Alínea D devolver as informações colhidas nos
estudos e pesquisa aos usuários, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento
dos seus interesses.
REFERÊNCIAS
BALDRATI, Breno. Mercado de Trabalho: número de idosos empregados aumenta 70% em 10 anos
no Paraná. Gazeta do Povo, Curitiba, 25 jan. 2012. Disponível em:
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