UNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ –––– UNIVALI UNIVALI UNIVALI UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS URÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS E SOCIAIS ---- CEJURPS CEJURPS CEJURPS CEJURPS CURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITO
PENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVAS
JORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGIIII
Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.
UNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALEUNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ DO ITAJAÍ –––– UNIVALI UNIVALI UNIVALI UNIVALI CENTRO DCENTRO DCENTRO DCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICASE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAI, POLÍTICAS E SOCIAIS S S S ---- CEJURPS CEJURPS CEJURPS CEJURPS CURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITOCURSO DE DIREITO
PENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVASPENAS ALTERNATIVAS
JORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGJORGE ALEXANDRE JORGIIII
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Direito. OOOOrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Camposrientador: Professor Esp. Eduardo Erivelton Campos
Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.
AGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTO
A Deus, que nos momentos em que necessitei
de um guia, Ele soube iluminar meu caminho;
Aos meus pais, Maria Sálvia Jorgi e Oni Sérgio
Jorgi, que me oportunizaram a ir mais longe e
alcançar meus objetivos;
A meu irmão, que caminhará ao meu lado
em busca da justiça;
Aos avós, que com a sabedoria adquirida,
foram meus professores fora da sala de aula;
Aos amigos, que fiz ao longo desta jornada e
que sempre torceram por mim;
Aos amigos, Diego Fernando e Sá dos Santos
e Karita Reinert Pereira, em especial, pois
incentivaram e não permitiram que jamais eu
desistisse;
Ao meu colega, Wolfgang Walter Schultheis,
que me acolheu em seu lar e compartilhou
de sua sabedoria e experiência;
Ao Professor, orientador e amigo, que nos
momentos de necessidade esteve presente;
E aos demais professores, que ajudaram de
forma indireta para que este sonho torna-se
realidade.
DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA
À minha mãe, uma pessoa forte, que com muito carinho e sabedoria me confortou e incentivou em
todos os momentos de minha vida.
iv
TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADERESPONSABILIDADERESPONSABILIDADERESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade
pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a
Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade
acerca do mesmo.
Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.
Jorge Alexandre JorgiJorge Alexandre JorgiJorge Alexandre JorgiJorge Alexandre Jorgi Graduando
5
PÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃOPÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade
do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Jorge Alexandre
Jorgi, sob o título Penas Alternativas, foi submetida em 26/06/2006 à banca
examinadora composta pelos seguintes professores: Eduardo Erivelton
Campos (Orientador e Presidente da Banca), Débora Ferreira de Souza
(Membro da Banca) e Marcelo Petermann (Membro da Banca) e
aprovada com a nota 9.69.69.69.6 (nove ponto seis).
Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.Itajaí (SC), abril de 2006.
Eduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton CamposEduardo Erivelton Campos Orientador e Presidente da Banca
Prof. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto LapaProf. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia
6
ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS ROL DE ABREVIATURAS E SIGLASE SIGLASE SIGLASE SIGLAS
a.C. Antes de Cristo
Art. Artigo
CEJURPS Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e Sociais
CP Código Penal
CRFB/88 Constituição de República Federativa do Brasil
ed. Edição
LEP Lei de Execução Penal
nº Número
ONU Organização das Nações Unidas
p. Página
séc. Século
tir. Tiragem
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
vol. Volume
ROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIASROL DE CATEGORIAS
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos
operacionais.
AçãoAçãoAçãoAção
“Ato de agir, modo de atuar, de objetivar a vontade”1.
OmissãoOmissãoOmissãoOmissão
“Consiste em deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem
risco pessoal”2.
DoloDoloDoloDolo
“Ocorre quando o evento criminoso corresponde à vontade do sujeito
ativo”3.
PenaPenaPenaPena
“É uma sanção aflitiva imposta pelo Estado, através da ação penal, ao
autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito,
consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é evitar novos
delitos”4.
Pena Correcional
“Designada as penas impostas às pessoas como corretivos à contravenção e
delitos de menor potencial”5
1 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. – 9ª ed. ver. , atual. E ampl. – São Paulo : Editora Jurídica Brasileira, 1998. 2 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 3 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 4 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 246 5 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.
viii
CulpaCulpaCulpaCulpa
“É a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o
desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la,
com resultado não objetivado, mas previsível, deste que o agente se
detivesse na consideração das conseqüências eventuais da sua atitude”6.
Imprudência Imprudência Imprudência Imprudência
“É uma atitude em que o agente atua com precipitação, inconsideração,
com afoiteza, sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores”7.
ImperíciaImperíciaImperíciaImperícia
“É a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de
arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou
deve saber”8.
NegligênciaNegligênciaNegligênciaNegligência
“É inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as
cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental”9.
PrisãoPrisãoPrisãoPrisão
“Medida judicial ou administrativa, de caráter punitivo, restritiva de
liberdade de locomoção”10
PrincípiosPrincípiosPrincípiosPrincípios
“Normas elementares ou requisitos primordiais instituídos como base”11
6 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 7 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 8 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 9 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p.149 10 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 11 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva.
ix
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
RESUMORESUMORESUMORESUMO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 12121212IIIIIIII
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................01010101
Capítulo 1
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS
1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS1.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS......... DOS TEMPOS........................................................................................................................................................................................03...............03...............03...............03
1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Priv1.1.1 Vingança Privaaaada......................................................... ......da......................................................... ......da......................................................... ......da......................................................... ............................03......................03......................03......................03
1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Div1.1.2 Vingança Diviiiina........................................................................................04 na........................................................................................04 na........................................................................................04 na........................................................................................04
1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públ1.1.3 Vingança Públiiiica................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05ca................................. ....................................................05
1.1.4 P1.1.4 P1.1.4 P1.1.4 Prrrriiiisão...........................................................................................................07são...........................................................................................................07são...........................................................................................................07são...........................................................................................................07
1.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................071.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO.....................07
1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine.............................................1.2.1 O Aborígine................................................................................................07...................................................07...................................................07...................................................07
1.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................081.2.2 Brasil Colonial.............................................................................................08
1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............1.2.3 Império........................................................... ............................................10................................10................................10................................10
1.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................101.2.4 República........................................................... ........................................10
1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO P1.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PEEEENAL.........................................12NAL.........................................12NAL.........................................12NAL.........................................12
1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalid da Reserva Legal ou da Legalidaaaade........................................13de........................................13de........................................13de........................................13
1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Mín1.3.2 Princípio de Intervenção Míniiiima.............................................................14ma.............................................................14ma.............................................................14ma.............................................................14
1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade..............................................1.3.3 Princípio da Culpabilidade.......................................................................15.........................15.........................15.........................15
1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei P1.3.4 Princípio da Irretroatividade da Lei Peeeenal...............................................15nal...............................................15nal...............................................15nal...............................................15
1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da P1.3.5 Princípio da Individualização da Peeeena....................................................16na....................................................16na....................................................16na....................................................16
1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionali1.3.6 Princípio da Proporcionalidade................................................................17dade................................................................17dade................................................................17dade................................................................17
x
Capítulo 2
2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGENS DAS PENAS ALTERNATIVAS
2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE T2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓÓÓÓQUIO.............................................19QUIO.............................................19QUIO.............................................19QUIO.............................................19
2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica......................2.1.1 Escola Clássica..........................................................................................20....................................................................20....................................................................20....................................................................20
2.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................202.1.2 Escola Positiva............................................................................................20
2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética................................................2.1.3 Escola Eclética...........................................................................................22...........................................22...........................................22...........................................22
2.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................232.1.4 Escola Sociológica Francesa....................................................................23
2.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................232.1.5 Escola Moderna Alemã.............................................................................23
2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Itali2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Italiaaaano...................................................24no...................................................24no...................................................24no...................................................24
2.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................242.1.7 Escola Correcionalista...............................................................................24
2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.........................2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO.................................................................................29........................................................29........................................................29........................................................29
2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PÁTRIO ---- LEI LEI LEI LEI
9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34 9.714/1998............................................................................................................34
Capítulo 3
3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO
3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIRE3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREIIIITO.....................................................................36TO.....................................................................36TO.....................................................................36TO.....................................................................36
3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária..........................................................................3.1.1 Prestação Pecuniária.................................................................................36.......36.......36.......36
3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Val3.1.2 Perda de Bens e Valoooores...........................................................................38res...........................................................................38res...........................................................................38res...........................................................................38
3.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........393.1.3 Prestação de Serviço a Comunidade ou a Entidades Públicas...........39
3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos.......................3.1.4 Interdição Temporária de Direitos............................................................41.....................................41.....................................41.....................................41
3.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................423.1.5 Limitação de Final de Semana.................................................................42
3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITU3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITUIIIIÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44ÇÃO......................................................44
3.3 CONVE3.3 CONVE3.3 CONVE3.3 CONVERRRRSÃO......SÃO......SÃO......SÃO..................................................................................................47............................................................................................47............................................................................................47............................................................................................47
xi
3.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................493.4 PENA DE MULTA..............................................................................................49
CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................51515151
REFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTEREFERÊNCIA DAS FONTES S S S CITADASCITADASCITADASCITADAS ............................................................................................................................................................................................................................................................................53535353
RESUMORESUMORESUMORESUMO
Esta monografia tende a demonstrar a importância das
penas alternativas para os crimes de menor potencial ofensivo. O presente
trabalho é composto de três capítulos, que se destacam pelos seguintes
conteúdos e objetivos específicos: O primeiro capítulo trata do resultado
da pesquisa acerca da evolução histórica das penas através do tempo,
sua evolução no Brasil e os princípios fundamentais; No segundo capítulo
abordar-se-á o estudo acerca da origem das penas alternativas, citando
o momento de seu surgimento, previsto nas regras de Tóquio; No terceiro
capítulo trata especificamente sobre as penas alternativas, também
denominadas como restritivas de direito e requisitos para sua
aplicabilidade. Portanto, a finalidade desta pesquisa é destacar as penas
alternativas, bem como seu benefício para com o apenado e a
sociedade.
13
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A presente Monografia tem como objetivo geral a
análise das Penas Alternativas no Direito Penal, como objetivo específico a
definição, delimitação, exemplificação e diferenciação dos casos de
aplicabilidade das Penas Alternativas e o seu objetivo institucional é
produzir uma monografia para obtenção de grau de bacharel em Direito,
pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
O presente tema apresenta ampla discussão na
doutrina, que torna-se um fator facilitador para realização da monografia,
e, sendo assim o tema visado é de grande importância, pois tratará da
pena privativa de liberdade, especialmente no tocante à substituição da
pena privativa de liberdade pelas chamadas penas alternativas,
tecnicamente conhecidas como penas restritivas de direitos.
No presente trabalho adotar-se-á o método dedutivo,
que no entendimento de Passold12, busca os elementos legais, doutrinários
e jurisprudenciais com o prévio compromisso científico de, a organizar e
compor o material recolhido, atender à formulação geral que
previamente estabeleceu. Para o relato dos resultados da investigação,
adotou-se a metodologia proposta por Colzani13.
Para tanto, principiar–se-á, no Capítulo 1, tratando da
evolução histórica das penas através do tempo e sua evolução no Brasil,
passando em seguida a estudar acerca dos princípios fundamentais do
Direito Penal.
12 PASSOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o Prática da pesquisa jurídica: Idéias e Ferramentas Úteis para o PePePePessssquisador do Direito. quisador do Direito. quisador do Direito. quisador do Direito. 9ª ed. rev. Florianópolis: OAB/SC, 2005. p. 92-93. 13 COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Guia para redação do Trabalho Científico. Curitiba: Juruá, 2001.
14
No Capítulo 2, tratar-se-á da origem das penas
alternativas onde não poderemos deixar de citar as regras de Tóquio, suas
razões e origens, pois estas ensejaram para criação da Lei nº 9.714/98,
onde trata da introdução das penas alternativas do direito pátrio.
No Capítulo 3, tratar-se-á acerca das penas
alternativas, ou também denominadas como restritivas de direito,
passando por suas modalidades e requisitos para sua aplicabilidade.
O presente Relatório de Pesquisa encerrar-se-á com as
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das
reflexões sobre as penas alternativas.
Para a presente monografia foram levantadas as
seguintes hipóteses:
1º Problema: Tem-se a possibilidade de recuperação
do apenado aplicando-se pena diferenciada da pena de reclusão?
1ª Hipótese: As penas alternativas são benéficas ao
apenado, uma vez que este não se submeterá ao recolhimento prisional;
2º Problema: O sistema prisional brasileiro tem
condições de recuperar o apenado?
2ª Hipótese: A pena alternativa é benéfica não só
para o apenado, como para sociedade, pelo fato do detentor do
benefício não recolher-se a prisão juntamente com criminosos de maior
periculosidade, evitando assim o seu corrompimento;
3º Problema: Existe problemas na conversão da
pena restritiva de liberdade em pena alternativa, pelo não cumprimento
das condições estabelecidas no benefício?
15
3ª Hipótese: O não cumprimento dos requisitos
impostos às penas alternativas, implicará na perda do benefício e na
conversão por pena privativa de liberdade.
Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as
técnicas, do referente, da categoria, do conceito operacional e da
pesquisa bibliográfica.
16
CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS
Neste primeiro capítulo, estudar-se-á acerca da
evolução histórica das Penas através dos tempos, suas teorias punitivas,
sua evolução no Brasil, bem como seus princípios fundamentais.
1.11.11.11.1 AS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOSAS PENAS ATRAVÉS DOS TEMPOS
Pode-se classificar as penas através dos tempos como:
vingança privada, vingança divina, vingança pública e a prisão.
1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada1.1.1 Vingança Privada
A primeira forma de punição foi a vingança privada.
Neste diapasão, ensina Martins14:
Nos primórdios, a punição por um crime restringia-se à
vingança privada. Vigia a lei do mais forte, do que detinha
maior poder, que não encontrava limites para o alcance ou
forma de execução da reprimenda que entendia em
aplicar, ai incluída a morte, a escravização, o banimento,
quando não atingia toda a família do infrator.
Já para Maggio15 “cometido um crime, ocorria a
reação da vitima, dos parentes e ate do grupo social (tribo), que agiam
sem proporção à ofensa, atingindo não só o ofensor, como também todo
seu grupo”.
14 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas Alternativas.Penas Alternativas.Penas Alternativas.Penas Alternativas. 1. ed., 2. tir. Curitiba: Juruá, 1999. p. 21. 15 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. 3. ed., rev., atual. ampli., Bauru, São Paulo: Edipro, 2002. p. 30.
17
Noronha16 afirma que:
A princípio, reação do indivíduo contra indivíduo, depois,
não só dele como de seu grupo, para, mais tarde, já o
conglomerado social colocar-se ao lado destes. É quando
então se pode falar propriamente em vingança privada,
pois, até ai, a reação era puramente pessoal, sem
intervenção ou auxilio de estranhos.
A lei de Talião veio posteriormente amenizar tal
barbarismo trazendo evidente evolução acerca das apenações, onde
dispunha que se houver dano, urge dar vida por vida, olho por olho, dente
por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida
por ferida, golpe por golpe e por conseqüência tudo aquilo que fosse
lesado seria penalizado na mesma proporção.
Segundo Noronha17, uma “conquista igualmente
importante foi a composição, preço e moeda, gado, vestes, armas etc.,
porque o ofensor comprava do ofendido ou de sua família o direito de
represália, assegurando-se a impunidade.
Neste mesmo entendimento Mirabete18 relata que
“surge a composição, sistema pelo qual o ofensor se livrava do castigo
com a compra de sua liberdade (pagamento em moeda, gado, armas
etc.)”.
Em seguida entrou em vigor o período da vingança
divina.
16 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal. vol. 1. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 20. 17 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal.Direito Penal. p. 21 18 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal.Manual de Direito Penal. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 36
18
1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina1.1.2 Vingança Divina
Neste contexto, pronuncia-se Martins19:
A pena que até então era aplicada ao sabor e à vontade
do ofensor, ou de seu grupo, como pura vingança pelo mal
praticado, ou mesmo como um ato instintivo de defesa,
passa a ter como fundamento uma entidade superior, a
divindade – omnis potestas a Deo. A punição, pois, existe
para aplacar a ira divina e regenerar ou purificar a alma do
delinqüente, para que, assim, a paz na terra fosse mantida.
O Código de Manu (Séc. XI a.C.), sob o fundamento de que
a pena purificava o infrator, determinava o corte de dedos
dos ladrões, evoluindo para os pés e mãos no caso de
reincidência. O corte da língua para quem insultasse um
homem de bem; a queima do adúltero em cama ardente;
a entrega da adúltera para a cachorrada.
Neste mesmo sentido, Mirabete20 ensina que:
A fase da vingança divina deve-se à influência decisiva da
religião na vida dos povos antigos. O direito penal
impregnou-se de sentido místico desde seus primórdios, já
que se devia reprimir o crime como satisfação aos deuses
pela ofensa praticada no grupo social. O castigo, ou,
oferenda, por delegação divina era aplicado pelos
sacerdotes que infligiam penas severas, cruéis e desumanas,
visando especialmente à intimidação. Legislação típica
dessa fase é o Código de Manu, mas esses princípios foram
adotados na Babilônia, no Egito (cinco livros), na China (livro
das cinco penas), na Pérsia (avesta) e pelo povo de Israel
(pentateuco).
Posteriormente, deu-se a era da vingança pública.
19 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 22 20 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 36
19
1.1.1.1.1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública1.3 Vingança Pública
Na vingança pública, o Estado visava à segurança
transferindo a um grupo organizado o poder de atribuir ao criminoso a
pena devida, mantendo-se o caráter desumano e rigoroso das
apenações. Assim, o objetivo do Estado era garantir seu poder, evitando
assim, ficar enfraquecido ou até mesmo ter seus interesses contrariados21.
Assim, ensina Maggio22:
Nesta fase, com maior organização social, visando maior
estabilidade do Estado, o objetivo era a segurança do
príncipe ou soberano, através da pena ainda severa e
cruel, cuja finalidade básica era a intimidação. Ainda sob a
influência religiosa, o Estado justificava proteção ao
soberano que, na Grécia, por exemplo, governava em
nome de Zeus e do qual era interprete e mandatário.
Com o decorrer do tempo, a população passou a não
aceitar mais este método, pelo fato do caráter público e espetáculo das
apenações.
Com isso, evoluiu-se para o período humanitário, como
mostra Martins23:
Na segunda metade do séc. XVII, consolida-se a corrente
de pensamento contrária à crueldade e aos absurdos que
se cometiam em nome do direito penal absolutista. As idéias
político-filosóficas e jurídicas emergentes já não admitiam
que o direito penal pudesse utilizar-se, com tanta freqüência
e de forma tão abusiva, dos castigos corporais, dos suplícios
os mais diversos, dos trabalhos forçados e da pena de
morte.
21 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 22 22 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 31 23 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 23
20
Este pensamento de insatisfação era generalizado, pois
atingia os mais importantes seguimentos das sociedades de então, pois
viam no tratamento penal uma situação que não servia para reparar o
erro praticado24.
1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão1.1.4 Prisão
As formas utilizadas para reprimir a criminalidade,
como já fora mencionado, era da pena de morte e dos suplícios, sendo
que as penas de prisão eram pouco utilizadas. Com o passar dos tempos
as penas de prisão passam a ser utilizadas, mas apenas como uma
medida preventiva, onde aprisionava-se apenas enquanto não houvesse
um julgamento definitivo25.
Por fim, com a chegada do séc. XVIII, a prisão passa a
ser pena definitiva, conforme expõe Martins26:
O séc. XVIII foi um marco, em razão da prisão ter se
consubstanciado em pena definitiva, em substituição às
demias modalidades de reprimenda. Mesmo assim, as
condições do encarceramento, o tratamento dispensado
aos presos, tudo ainda era primigênio, surgindo aos poucos,
a preocupação com suas recuperações, com a
perspectiva de reinserção à sociedade.
Não tão somente definitiva como também utilizada nos
dias de hoje.
1.21.21.21.2 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃOHISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO E SUA EVOLUÇÃO
A história do direito penal brasileiro pode ser dividida
em quatro períodos: o Aborígine, o Brasil Colonial, o Império e a República.
24 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 24 25 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 26 26 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27
21
1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine1.2.1 O Aborígine
A história do direito penal brasileiro inicia-se com o
período chamado de aborígine.
Noronha27 afirma que:
[...] entre os selvagens, o direito consuetudinário entrega o
criminoso à própria vitima ou aos parentes desta; e se
aquele que delinqüiu pertence a uma tribo ou taba
estranha, o dano ou delito deixa de ser pessoal e se
converte numa espécie de crime de Estado. Acrescenta
que não só o homicídio – por sinal que muito raro – mas
também o adultério, a perfídia, a deserção, principalmente,
da tribo (onde melhor se consolidava o direito) e o roubo
(praticado noutra taba, já que na mesma taba tudo era
comum) eram punidos.
Nos delitos de certa gravidade as penas eram
aplicadas por um juiz. Já em outros casos, onde a gravidade dos crimes
era maior, o julgamento cabia a uma assembléia, a qual era constituída
por um tribunal, que aplicavam penas de castigos corporais e provações,
até a morte28.
Esse direito consuetudinário não veio a influenciar o
descobridor que aqui chegou trazendo suas leis.
1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial1.2.2 Brasil Colonial
As normas adotadas por Portugal na época do
descobrimento (1500) eram as Ordenações Afonsinas. Esse ordenamento
previa a prisão como uma medida cautelar e não como uma forma de
sanção autônoma29.
27 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 54 28 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 54 29 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27
22
As Ordenações Afonsinas duraram até 1512, sendo
substituídas pelas Ordenações Manuelinas.
Ensina Martins30 que, com a aplicação das
Ordenações Manuelinas, “manteve-se quase idêntica a situação, em vista
de a prisão existir, via de regra, como forma de coerção ate a prolação
da decisão final e consequentemente condenação”.
As Ordenações Manuelinas persistiram até 1569, as
quais foram substituídas pelo Código Sebastiânico, o qual durou até 1603.
Este, por sua vez, foi substituído pelas Ordenações Filipinas31.
Assim, foram as Ordenações Filipinas o primeiro
estatuto vigente em nosso país.
Neste sentido, aponta Noronha32:
Refletiam as Ordenações Filipinas o direito penal daqueles
tempos. O fim era incutir temor pelo castigo. O “morra por
ello” se encontrava a cada passo. Aliás, a pena de morte
comportava várias modalidades. Havia a morte
simplesmente dada na forca (morte natural); a precedida
de torturas (morte natural cruelmente); a morte para
sempre, em que o corpo do condenado ficava suspenso e,
putrefazendo-se, vinha ao solo, assim ficando, até que a
ossamenta fosse recolhida pela Confraria da Misericórdia,
uma vez por ano; a morte pelo fogo, até o corpo ser feito
em pó. Cominados também eram os açoites, com ou sem
baraço e pregão, o degredo para as galés ou para a África
e outros lugares, mutilação das mãos, da língua etc.,
queimadura com tenazes ardentes, capela de chifres na
cabeça para os maridos tolerantes, polaina ou exaravia
vermelha na cabeça para os alcoviteiros, o confisco, a
infâmia, a multa etc.
30 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 27 31 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 45 32 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 55
23
As Ordenações Filipinas consagravam as
desigualdades de classes perante o crime, pois o juiz deveria aplicar a
pena de acordo com a qualidade da pessoa e com a gravidade do
caso. Os nobres eram punidos com multa, ao passo que, os peões eram
punidos com os castigos mais severos e humilhantes33.
Este ordenamento foi o que teve maior vigência,
regeu-se de 1603 a 1830.
1.2.3 Império1.2.3 Império1.2.3 Império1.2.3 Império
O período Imperial nasce com a Proclamação da
Independência, em 1822.
Porém, as Ordenações Filipinas continuaram em vigor,
até a criação do Código Criminal do Império, de 1830.
Segundo Maggio34, disciplinava o Código Criminal do
Império:
Individualização da pena; previu a existência de atenuantes
e agravantes; estabeleceu um julgamento especial para os
menores de 14 anos; deu ênfase à pena de morte como
forma de coibir a prática de crimes pelos escravos.
Nesta época, segundo Martins35, “privilegiou-se o
aprisionamento do criminoso como a forma mais usual de punição, muito
embora por vezes se visse acompanhada da obrigação de exercício de
trabalho no recinto dos presídios”.
O período do Império cessa-se com a República.
33 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 56 34 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Gera Parte Gera Parte Gera Parte Gerallll. p. 45 35 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 28
24
1.2.4 República1.2.4 República1.2.4 República1.2.4 República
Com o fim do regime imperial deu-se a necessidade
da elaboração de um projeto de reforma da legislação penal, não só
porque sua vetustez exigia, mas também porque a abolição da
escravatura demandava modificações inadiáveis36.
Em pouco tempo, era ele apresentado e convertido
em lei pelo Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890.
Infelizmente o novo estatuto estava longe de seu
antecessor e logo se viu alvo de veementes e severas críticas. Muito
embora, o mesmo procurou suprir lacunas da legislação passada,
definindo novas espécies delituosas, tais como a abolição da pena de
morte, substituindo-as por sanções mais brandas e criando também o
regime penitenciário de caráter correcional37.
O Código Penal Republicano caiu em desuso com o
advento da Consolidação das Leis Penais de 1932, instituída pelo Decreto
nº 22.213, de 14 de dezembro de 1932, que trouxe a redação original do
Código Penal de 194038.
Ensina Noronha39, acerca do Código Penal de 1940
que:
É o Código de 1940 obra harmônica: soube valer-se das
mais modernas idéias doutrinárias e aproveitar o que de
aconselhável indicavam as legislações dos últimos anos.
Mérito seu, que deve ser ressaltado, é que, não obstante o
regime político em que veio à luz é de orientação liberal.
37 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p.59 38 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 46 39 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 62
25
Ainda sobre o assunto, Noronha40 aduz:
Ao contrário do que alguns pensam, assisadamente elevou
as penas, em relação ao diploma anterior, lastimável sendo,
entretanto, que as mantivessem tão suaves no delito
culposo. Outro ponto não digno de encômios é o de não ter
fugido totalmente da responsabilidade objetiva. Todavia
não é este o momento de apontarmos lacunas e
deficiências que apresenta.
Pelo Decreto nº 1.490/1962, foi publicado o Anteprojeto
de Código Penal, sendo este submetido à apreciação de uma Comissão
Revisora, transformando-se em Código Penal, pelo Decreto-Lei nº
1.004/1969, porém este não chegou a entrar em vigor, já que após
sucessivos adiamentos, foi afinal revogado quase dez anos depois, no ano
de 197841.
Finalmente, após o insucesso da tentativa de reforma
do Código Penal, e por força da Lei nº 7.209/1984, eis que surge uma nova
estrutura legal atingindo a parte geral do Código Penal42.
Acerca da Lei nº 7.209/84, Noronha43 ensina:
As maiores e mais sensíveis modificações e inovações
introduzidas dizem respeito à disciplina normativa da
omissão, ao surgimento do arrependimento posterior, à
nova estrutura sobre o erro, ao excesso punível alargado
para todos os casos de exclusão de antijuridicidade, ao
concurso de pessoas, às novas formas de penas e à
extinção das penas assessorias, à abolição de grande parte
das medidas de segurança com o fim da periculosidade
presumida.
40 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 63 41 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 63 42 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 64 43 NORONHA, E. Magalhães. Direito PenalDireito PenalDireito PenalDireito Penal. p. 64
26
Com a nova estruturação legal acerca da parte geral
do Código Penal, eis que instituiu-se o novo sistema de execução penal,
por força da Lei nº 7.210/84.
1.31.31.31.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL
Os princípios fundamentais servem de alicerce para a
garantia do cidadão perante o poder punitivo estatal, previstos na
CRFB/88.
1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade1.3.1 Princípio da Reserva Legal ou da Legalidade
O princípio da reserva legal ou da legalidade está
previsto no art. 5º, XXXIX, da CRFB/88, bem como no art. 1º do Código
Penal.
Neste sentido, dispõe o art. 5º, XXXIX, da CRFB/8844:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal.
Dispõe também o art. 1º do CP: “Art. 1º não há crime
sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”.
44 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILCONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: promulgada em 05 de outubro de 1988. 29. ed. Atual. e ampl.- São Paulo: Saraiva, 2002. p. 9.
27
Assim, pronuncia-se Mirabete45 acerca do princípio da
legalidade:
Pelo princípio da legalidade alguém só pode ser punido se,
anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que
o considere como crime. Ainda que o fato seja imoral, anti-
social ou danoso, não haverá possibilidade de se punir o
autor, sendo irrelevante a circunstância de se entrar em
vigor, posteriormente, uma lei que o preveja como crime.
Aduz Maggio 46sobre o assunto:
[...] de acordo com o princípio da reserva legal, toda a
conduta que não esteja definida na lei penal incriminadora
é lícita. O princípio, todavia, não se aplica em relações às
normas penais não incriminadoras da parte geral do CP
que, neste caso, pode o interprete valer-se do auxílio da
analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito.
Assim, o princípio da legalidade é um dos mais
importantes, senão o mais, dentro do direito penal.
1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima1.3.2 Princípio da Intervenção Mínima
Por princípio da intervenção mínima, entende
Mirabete47 que, “o direito penal somente deve intervir nos casos de
ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes, deixando os
demais à aplicação das sanções extrapenais”.
Posiciona-se Bitencourt48 sobre o referido princípio:
O princípio da intervenção mínima, também conhecido
como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do
Estado, preconizando que a criminalização de uma
conduta só é legítima se constituir meio necessário para a
45 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 55 46 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 58 47 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57 48 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 35
28
proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de
sanção ou outros meios de controle social revelarem-se
suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é
inadequada e não recomendável. Se para o
restabelecimento da ordem jurídica violada for suficiente
medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser
empregadas e não as penais.
Já para Luisi49:
Tem se entendido, ainda, que o direito penal deve ser a
ratio estrema, um remédio último, cuja presença só se
legitima quando os demais ramos do direito se revelam
incapazes de dar a devida tutela de bens de relevância
para a própria existência do homem e da sociedade.
Assim, o princípio da intervenção mínima vem limitar o
Estado, para que uma conduta só se legitime se constituir meio necessário
para a proteção de determinado bem jurídico.
1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade1.3.3 Princípio da Culpabilidade
O princípio de culpabilidade é importante para
configurar a existência de um crime.
Por princípio da culpabilidade entende Mirabete50:
[...] além da exigência de dolo ou culpa na conduta do
agente, afastada a responsabilidade objetiva, é
indispensável que a pena seja imposta ao agente por sua
própria ação (culpabilidade pelo fato) e não por eventual
defeito de caráter adquirido culpavelmente pela sua vida
pregressa (culpabilidade pela forma de vida).
49 LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais PenaisOs Princípios Constitucionais Penais. 2. ed., Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 2003. p. 40 50 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57
29
Neste mesmo entendimento, ensina Bitencourt51:
Segundo o princípio da culpabilidade, em sua configuração
mais elementar, “não há crime sem culpabilidade”. [...] a
culpabilidade – como fundamento da pena – refere-se ao
fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao
autor de um fato típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei
penal. Para isso exige-se a presença de uma série de
requisitos – capacidade de culpabilidade, consciência da
ilicitude e exigibilidade da conduta – que constituem os
elementos positivos específicos do conceito dogmático de
culpabilidade.
1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretro1.3.4 Princípio da Irretroatividade da lei penalatividade da lei penalatividade da lei penalatividade da lei penal
O princípio da irretroatividade esta ligado ao princípio
da legalidade e da anterioridade da lei.
Conceitua Bitencourt52:
Desde que uma lei entra em vigor até que cesse a sua
vigência rege todos os atos abrangidos pela sua
destinação. Entre estes dois limites – entrada em vigor e
cessação de sua vigência – situa-se a sua eficácia. Não
alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois dos dois
limites extremos, não retroage e nem tem ultra-atividade.
Assim, o princípio da irretroatividade vige somente em
relação à lei mais severa.
Todavia, admite-se a aplicação retroativa da lei mais
favorável. Neste sentido, Bitencourt53 ensina que “[...] pode-se resumir a
questão no seguinte princípio: o da retroatividade da lei penal mais
benigna. A lei nova que for mais favorável ao réu sempre retroage”.
51 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 37 52 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 40 53 BITENCOURT, César Roberto. Novas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas AlternativasNovas Penas Alternativas. p. 40
30
1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena1.3.5 Princípio da Individualização da pena
O art. 5º da CRFB/8854, no seu inciso XLVI, prevê que “a
lei regulará a individualização da pena”.
Segundo Luisi55 :
Por individualização da pena se deve entender o processo
para, - segundo a límpida e notória frase de Nelson Hungria,
- “Retribuir o mal concreto do crime, com o mal concreto
da pena, na concreta personalidade do criminoso”.
Para Tanto, o entendimento de tal princípio se dá pelo
fato de que a punição não se estenderá além da pessoa do criminoso ou
apenado, cabendo somente a ele cumprir tal sanção.
1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade1.3.6 Princípio da Proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade apresenta-se como
uma das idéias fundantes da Constituição56, com função de
complementaridade em relação ao princípio da reserva legal (artigo 5o.,
II).
Afirmação esta se deve ao fato de que a ação do
Poder Público deverá estar em conforme com a lei formal, e que esta
deverá também ter como parâmetro a proporcionalidade, pois o
legislador não está livre de limites quando elabora as normas, sobretudo
quando estas tendem a reduzir a esfera de algum direito fundamental.
Uma vez que o princípio da legalidade tem como um
de seus aspectos complementares e essenciais à sua efetiva observação
o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (artigo 5o., XXXV),
54 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. p. 9. 55 LUISI, Luiz. Os PrincíOs PrincíOs PrincíOs Princípios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penaispios Constitucionais Penais. p. 56 BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de O princípio da proporcionalidade e o controle de constitconstitconstitconstituuuucionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitoscionalidade das leis restritivas de direitos fundamentaisfundamentaisfundamentaisfundamentais. Brasília, Editora e Livraria Brasília Jurídica, 1996. p. 89.
31
mister é notar que este se aplica a qualquer ato praticado pelo poder
público que seja considerado por aquele a quem prejudica como
desproporcional ao objetivo almejado.
Acerca do princípio da proporcionalidade, aduz
Mirabete57.
De acordo com o princípio da proporcionalidade, num
aspecto defensivo, exige-se uma proporção entre o
desvalor da ação praticada pelo agente e a sanção a ser a
ele infligida, e, num aspecto prevencionista, um equilíbrio
entre a prevenção geral e a prevenção especial para o
comportamento do agente que vai ser submetido à sanção
penal.
Já Gomes58 entende que “[...] pela proporcionalidade
em sentido estrito, pondera-se a carga de restrição em função dos
resultados, de maneira a garantir-se uma equânime distribuição de ônus”.
Assim, após um breve estudo acerca da evolução
histórica das penas, e dos princípios fundamentais do direito penal, passa-
se a estudar no segundo capítulo a origem das penas alternativas.
57 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal. p. 57 58 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à PrisãoPenas e Medidas Alternativas à Prisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999/2000. p.67
32
CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2
2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS2. ORIGEM DAS PENAS ALTERNATIVAS
Neste segundo capítulo, analisar-se-á sobre a origem
das penas alternativas, bem como a origem e regras de Tóquio,
estudando por fim a Lei 9.714/98.
2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO2.1 RAZÕES E ORIGENS DAS REGRAS DE TÓQUIO
Segundo o entendimento de Cappi59, as Regras de
Tóquio, ou Regras Mínimas das Nações Unidas sobre as medidas não
privativas de liberdade, surgiram como resposta à visão arcaica que antes
vigia, oriunda da Escola Clássica, que tratava o delito como uma ofensa
ao Estado, punida de forma severa, funcionando a severidade da pena
como fator inibidor da ocorrência de novos crimes e elemento retributivo
dirigido à pessoa do delinqüente. Via-se, então, a pena de prisão como a
forma mais eficaz para o desgosto da infração cometida, sem qualquer
caráter de ressocialização do apenado.
Ensina Garcia60:
Castigar ou punir, expiar, eliminar, intimidar, educar, corrigir
ou regenerar, readaptar, proteger ou defender – eis
variados verbos que, na diversidade das opiniões, indicam
as finalidades possíveis do Direito Penal e, através destas, as
raízes da sua existência. Para precisar essas finalidades,
elaboraram-se doutrinas, reunindo maior ou menor número
de adeptos. E algumas tiveram irradiação tão ampla, que
passaram a constituir escolas, as quais intentaram delimitar-
se pela fixação de toda uma série de idéias centrais sobre
as mais graves questões da nossa matéria.
59 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas.As regras de Tóquio e as medidas alternativas. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 60 GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. Instituições de direito penal. vol. 1. Tomo Garcia 1. 4ª ed., Ed. Max Limonad, 1973. p. 66.
33
Para o devido entendimento à origem das penas
alternativas, que está diretamente ligada as regras de Tóquio, dever-se-á
analisar, mesmo que superficialmente, a conceituação histórico-evolutiva
do Direito Penal, especificamente no que tange às Escolas Penais que
trataram diretamente sobre as funções da pena.
2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:2.1.1 Escola Clássica:
Aqueles que defendiam esta escola acreditavam que
a pena possuía caráter eminentemente purificatório.
Neste sentido, ensina Aníbal Bruno61:
É a pena o mal justo com que a ordem jurídica responde à
injustiça do mal praticado pelo criminoso, (...) seja como
retribuição de caráter divino ou de caráter moral, ou de
caráter jurídico, função retributiva que não pode ser
anulada ou diminuída por nenhum outro fim atribuído à
pena.
2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva2.1.2 Escola Positiva
Sobre a Escola Positiva, ensina Silva62:
Os seguidores da Escola Positiva advogavam as teorias
relativas, ou da prevenção, pois atribuíam à pena um fim
prático e imediato de prevenção geral ou especial do
crime. Viam a pena como instrumento de defesa social pelo
reajustamento ou inocuização do delinqüente.
Para Cappi63, os militantes da Escola Positiva
advogavam a tese de que o criminoso deveria ser considerado um
produto do meio social, e como tal ser tratado. Afirmavam que o
delinqüente era envolvido pelo convívio social, que condicionava e
61 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, Direito Penal, Direito Penal, Direito Penal, Tomo I, Parte GeralTomo I, Parte GeralTomo I, Parte GeralTomo I, Parte Geral. Ed. Nacional de Direito Ltda, 1956. p. 91. 62 SILVA, José Geraldo da. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Campinas: Bookseller, 1999. p. 72. 63 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
34
delimitava seu próprio caráter. Trata-se, portanto, a vontade humana, de
uma vontade viciada, visto que direcionada pelas condições do meio
social em que vive.
Necessário se faz enfatizar a diferença de enfoque
conceitual das duas escolas retro-analisadas
Para tanto, buscamos no ensinamento de Silva64 tais
conceitos:
Enquanto a Escola Clássica se preocupava apenas com o
crime e a pena, a Escola Positiva se preocupava com o
criminoso e as circunstâncias que o levaram à prática do
ato delituoso.
Não podemos deixar de citar, a evolução sofrida pelas
sociedades humanas, onde o aparato punitivo também acabou por
alcanar novas idéias acerca dos conceitos de crime, delinqüente,
culpabilidade, antijuridicidade e punibilidade, considerados elementos
reguladores da resposta estatal ao delito. Passou-se a instituir a defesa
social como novo elemento da pena. Não mais se via a prisão como
simples punição, retribuição pura e simples provinda do Estado frente ao
criminoso. Via-se, portanto, na prisão, além do essencial caráter de
desgosto, uma forma de proteção à sociedade65.
Houve então, uma significativa mudança no aspecto
figurativo da pena, passando da forma meramente retributiva, para a
tentativa de prevenção, ou seja, adequando-se a pena ao tipo de
delinqüente.
64 SILVA, José Geraldo da. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. p. 72. 65 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
35
2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética2.1.3 Escola Eclética
Analisa-se a seguir o esquema de Edmundo Oliveira66,
que resume os principais postulados de cada corrente da Escola Eclética,
obedecendo ao critério cronológico-evolutivo dos institutos nelas
abordados:
1. Substituição do livre-arbítrio pelo critério da
voluntariedade das ações; 2. Considera o delito um
fenômeno individual e social, como os positivistas; 3.
Confere importância ao princípio da responsabilidade
moral, advindo da Escola Clássica; 4. A pena, dotada de
caráter ético e aflitivo (pensamento clássico), tem por fim a
defesa social (pensamento positivista).
2.1.4 Esco2.1.4 Esco2.1.4 Esco2.1.4 Escola Sociológica Francesala Sociológica Francesala Sociológica Francesala Sociológica Francesa
Esta Escola aferia enorme importância ao exame
psicológico do delinqüente no momento da execução do crime, bem
com a valoração da vontade delitiva.
Podemos perceber, segundo Cappi67, que a Escola
Sociológica Francesa em verdade não teve muita repercussão fora dos
limites do território francês, superada foi, rapidamente, pelo ideário
praxista da Escola Moderna Alemã.
2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã2.1.5 Escola Moderna Alemã
Para esta, Cappi68 em estudo afirma que, o crime é um
fato jurídico resultante de fatores humanos e sociais; o delito não é de
origem nata, nem de origem do livre-arbítrio, mas advém de causas
diversas, umas de caráter individual, outras de caráter externo, como as
causas físicas, sociais e econômicas; a imputabilidade deriva da
66 Edmundo Oliveira, transcrito por José Geraldo da Silva, in Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. Teoria do Crime. p. 74-80. 67 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 68 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
36
capacidade de autodeterminação normal da pessoa; a pena se funda
na culpa e se justifica pelo fim de manutenção da ordem jurídica (sentido
de pena finalística); a medida de segurança tem por base a
periculosidade do agente (no sentido de prevenção geral).
2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Te2.1.6 Escola do Tecnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italianocnicismo Jurídico Italiano
Referente a esta escola Cappi69 aborda da seguinte
forma:
1. cisão total entre Direito Penal e qualquer
investigação filosófico-axiológica acerca dos
elementos do Sistema Penal; 2. recusa à concepção
de livre-arbítrio (determinismo); 3. responsabilidade
moral do delinqüente; 4. o crime é um fato de
relação jurídica (subsunção típica); 5. adota o
princípio retributivo-expiatório de sanção penal;
6.faz distinção entre imputáveis e inimputáveis,
estabelecendo pena para imputáveis e medida de
segurança para inimputáveis.
2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:2.1.7 Escola Correcionalista:
Sobre a Escola Correcionalista, ensina Noronha70:
É, pois, norma de conduta indispensável à vida humana,
tanto externa quanto interna, e daí incumbe ao Estado não
só a adaptação do criminoso à vida social como também
sua emenda íntima. Com Roeder, o direito penal começa a
olhar o homem e não apenas o ato. Não o homem
abstrato, como sujeito ativo do crime, mas o homem real,
vivo e efetivo, em sua total e exclusiva individualidade.
69 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 70 NORONHA, Magalhães. Direito Penal. Direito Penal. Direito Penal. Direito Penal. p. 33.
37
No tocante à pena... se o fim é corrigir a vontade má do
delinqüente, deve ela durar o tempo necessário – nem mais,
nem menos – para se alcançar esse objetivo. Será,
conseqüentemente, indeterminada. Admitia Roeder que a
execução da pena findasse, demonstrada que estivesse sua
desnecessidade.
Portanto, a pena era vista, como uma espécie de
medida profilática, onde ao tempo em que protegia a sociedade,
oferecia tratamento e recuperação ao delinqüente.
Famosa é a frase de Concepcíon Arenal71, acerca da
possibilidade de ressocialização dos criminosos: “Não há criminosos
incorrigíveis, e, sim, incorrigidos”.
Acerca do assunto, Cappi72 avalia que, o paradoxo se
apresenta cristalino: enquanto a doutrina, a teoria, e mesmo a posição
oficial da política criminal brasileira, são unânimes em reverenciar o
trabalho como meio necessário para a eficácia da ressocialização do
criminoso, o Estado esquece de ofertar aos administradores do sistema
carcerário os mecanismos indispensáveis para a consecução real dos fins
almejados.
Indiscutível é a lição de Bobbio73:
Para quem exigir os fins e não oferecer meios eficazes
para se alcançar estes fins constitui odiosa ANTINOMIA
TELEOLÓGICA. Se a política criminal prevê a
ressocialização do delinqüente, a política
administrativa pública deve necessariamente oferecer
ao sistema carcerário os meios para se atingir o resgate
social do delinqüente.
71 BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. Falência da Pena de Prisão. p. 69 72 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 73 BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. O positivismo jurídico. Trad. Carlos Nelson Coutinho. p. 125
38
Portanto, conforme Cappi74, devemos recorrer à pena
privativa de liberdade tão somente como extrema ratio, quando a defesa
da sociedade e a impossibilidade de recuperação do criminoso por meios
alternativos à prisão exigem a exclusão do criminoso do convívio social
como medida racional e necessária. A pena é uma violência estatal,
agressão esta que deve ser sopesada em relação à real necessidade de
aplicação, ao princípio da proporcionalidade, ao balanço entre o bem
jurídico aviltado pelo criminoso e a resposta estatal sobre o próprio
criminoso, considerado como um bem jurídico em si mesmo, pessoa
humana que é.
Há, deste modo, uma busca com a criação de penas
e medidas alternativas, baseadas nas Regras de Tóquio, afim de que, haja
redução da pena privativa de liberdade, sendo em sua maioria
indispensável, contribuindo assim, para a ressocialização do delinqüente,
evitando com isto, uma possível reincidência delitiva.
Ensina Bitencourt75:
(...) as primeiras manifestações contrárias às penas privativas
de liberdade, de curta duração, surgiram com o Programa
de Marburgo de Von Liszt, em 1882, e a sua "idéia de fim no
Direito Penal", quando sustentou que "a pena justa é a pena
necessária".
Surgiu então, conforme Cappi76 a necessidade de uma
nova concepção acerca do sistema penal, que viesse a tornar mais eficaz
a entrega da prestação punitiva por parte do Estado. Diversas entidades
internacionais vêm buscando promover debates em busca do
aprimoramento das idéias do movimento de humanização do sistema
penal, iniciado na Idade Moderna com o Iluminismo de Bentham e
74 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 75 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas.Novas Penas Alternativas. p. 23 76 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
39
Beccaria, no sentido de tornar mais útil e humana a aplicação das penas,
confirmando a máxima que apregoa a "menor intervenção com o
máximo de resultado".
O maior problema da concepção teórica desta
escola, segundo Cappi77 é exatamente acreditar que a pena de prisão
possuía condições para a efetiva ressocialização do criminoso. Não
discutimos o caráter retributivo da pena, nem a necessidade de ofertar
maior segurança à sociedade face à figura do criminoso, nem mesmo a
indispensável diretriz ressociabilizadora que ora norteia a punição aos
delinqüentes. O que se discute, porém, é o completo estado de
abandono (material, psicológico, educacional, médico, etc.) em que são
deixados os presos, na práxis dos presídios.
Nos dizeres de Beccaria78:
O criminoso - segundo pensamos, mesmo aquele
imaginado posteriormente por Lombroso - é, antes de tudo,
um homem. Por mais decaído, perturbado, primitivo que
seja, ainda assim é um homem, e como tal deve ser tratado.
Beccaria afirma, portanto, que todo o criminoso é, antes de
tudo um ser humano.
2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO2.2 AS REGRAS DE TÓQUIO
Em pesquisa, Cappi79 ensina que, na época da
Revolução Francesa, em 02 de outubro de 1789, nascia a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, documento visionário e vanguardista,
eivado de ideais humanitários e fulcrado nos pilares da liberdade,
igualdade e fraternidade entre os homens. Mais de um século e meio se
77 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 78 BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas.Dos delitos e das penas. p. 183 79 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
40
passou até que o imaginário utópico dos revolucionários franceses se
tornasse ação política a nível mundial.
A Organização das Nações Unidas, em respaldo ao
mesmo propósito de defesa do ideário iluminista, promulgou, em 10 de
dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
verdadeira "Constituição Ética Mundial", nos dizeres de Luiz Flávio Gomes80,
influenciada pelo sentimento de defesa dos direitos humanos que ganhou
forças ao final da II Grande Guerra Mundial, ante aos crimes contra a
dignidade humana, representados pelo holocausto e pelos genocídios
cometidos.
Seguindo o entendimento de Cappi81, em 1955, a
mesma entidade promulgava as Regras Mínimas para o Tratamento dos
Reclusos, documento de suma importância para o estabelecimento de
limites à aplicação de penas privativas de liberdade. O ilustre penalista
goiano, Dr. Licínio Barbosa, em sua obra Direito Penal e Direito de
Execução Penal (ed. Zamenhof, 1993, p. 297), enumera as normas
editadas pelas supra-referidas Regras, quais sejam: classificação do
criminoso em categorias, higiene íntima, roupas de cama, alimentação
condigna, exercícios físicos, assistência médica, biblioteca, dentre outras
normas pertinentes.
Ainda Cappi82, em 1966 veio a lume o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos, e logo após, em 22 de novembro
de 1969, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mundialmente
conhecida como Pacto de San José. O contexto social já era outro: os
países do primeiro mundo dominavam as tecnologias de ponta,
implantavam a automação na base da terceira revolução industrial
representada pela informática. Aumentava o abismo entre países ricos e
80 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão. p. 21 81 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 82 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
41
pobres, entre povos do hemisfério Norte e do hemisfério Sul. A dignidade
humana era ofendida, por um processo gradual de exclusão social, que
priorizava a filosofia do Ter sobre a filosofia do Ser.
No preâmbulo desta convenção, já se podia
depreender a preocupação com a universalização dos Direitos Humanos,
bem como com o respeito ao princípio da não-intervenção e da auto-
determinação dos povos.
Visando a implementação de soluções alternativas à
prisão, coube ao Instituto da Ásia e do Extremo Oriente para a Prevenção
dos Delitos e Tratamento do Delinqüente formular os primeiros estudos
relacionados com o tema.
Aderindo aos impulsos humanitários promovidos pelos
filósofos reformistas, seguiram-se diversas convenções e seminários
apreciando e defendendo a temática dos direitos do homem e do
tratamento do recluso, entre eles, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, que em seu artigo 5º, designou: “... ninguém será submetido à
tortura, nem a tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou
degradantes". Ressalte-se que esta disposição por si só ilustra que a pena
de prisão é plenamente ineficaz, pois submete o sentenciado às
condições ali repudiadas83.
Estes eventos, em geral, clamavam pela aplicação de
medidas não-privativas de liberdade, ensejando o respeito à dignidade
humana e o propósito de reabilitar o delinqüente.
As Nações Unidas, em realização de tais eventos,
também ocupou relevante destaque para a transformação da política
punitiva nos sistemas repressivos mundiais.
83 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS DA PENA DE PRISÃO ÀS PENAS ALTERNATIVAS –––– LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. LEI 9.714/98. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm
42
Preparado o projeto das Regras Mínimas, foi então
levado à apreciação durante o 8º Congresso das Nações Unidas sobre
Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, realizado em Havana,
sendo prontamente recomendada a sua adoção; em 14/12/90, pela
Resolução 45/110 da Assembléia Geral, adotou-se as Regras Mínimas das
Nações Unidas sobre as Medidas Não-privativas de Liberdade, e decidiu-
se por denominá-las Regras de Tóquio.
Muito embora as Regras de Tóquio, por tratar-se de um
documento de caráter internacional, revestem-se de certa maleabilidade
e adaptabilidade, respeitando as peculiaridades de cada país signatário,
bem como o princípio da auto-determinação dos povos, inserto nos arts.
1º e 55 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e no art. 4º, III, de
nossa Carta Magna.
No que tange ao valor jurídico das referidas Regras, o
que não contrariar a Constituição Federal e as leis penais internas,
possuem caráter de norma cogente.
Parecer contrário oferece Gomes84 quando ensina:
Que as Regras de Tóquio sendo apenas um Acordo
Internacional, e não um Tratado, oferecem apenas
parâmetros mínimos a serem seguidos, não possuindo,
destarte, força cogente.
Sobre o caráter de cogência da norma de direito
internacional, em âmbito interno, assim leciona Rezek85:
O Estado soberano, no plano internacional, não é
originalmente jurisdicionável perante corte alguma. Sua
aquiescência, e só ela, convalida a autoridade de um foro
84 GOMES, Luiz Flávio. Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão.Penas e Medidas Alternativas à Prisão. p. 50-2 85 REZEK, J. F.. DireitDireitDireitDireito internacional público. o internacional público. o internacional público. o internacional público. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 2
43
judiciário ou arbitral, de modo que a sentença resulte
obrigatória e que seu eventual descumprimento configure
um ato ilícito.
Em nosso entender, razão assiste à doutrina de Paul
Reuter86, quando preleciona:
A igualdade soberana entre todos os Estados é um
postulado jurídico que ombreia com sua desigualdade de
fato: dificilmente se poderiam aplicar, hoje, sanções a
qualquer daqueles Estados que detêm o poder de veto no
Conselho de Segurança da ONU.
Importante frisar o posicionamento constante em nosso
Código Penal:
Art. 5ºArt. 5ºArt. 5ºArt. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
Norma cogente ou não, devem os países signatários
envidar esforços para introduzi-las no ordenamento jurídico interno. O
Brasil, de certa forma, realizou este intuito, com a edição das Leis 9.099/95
e 9.714/98. A Lei 9.099/95 instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais,
contendo em seu bojo 06 medidas alternativas. A Lei 9.714/98, por sua vez,
veio a ampliar para dez o número de penas alternativas à prisão.
As Regras de Tóquio estão organizadas na forma de
Seções. São, ao todo, 23 artigos, distribuídos em 08 diferentes Seções, é o
que preleciona Cappi87:
- Seção I – são desenvolvidas idéias gerais que formam
a base das Regras de Tóquio. Apresentam-se os princípios gerais, nos quais
86 REUTER, Paul. Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados.Introdução ao direito dos tratados. In REZEK, J. F.. Direito internacional Direito internacional Direito internacional Direito internacional ppppúúúúblico. blico. blico. blico. p. 2. 87 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
44
advoga-se a favor da promoção das medidas não-privativas de liberdade
e por uma participação maior da comunidade, além de destacar a
importância cabal da racionalização das políticas de Justiça Penal.
- Seção II – refere-se às medidas não-privativas de
liberdade que podem ser aplicadas em substituição a um procedimento
ou na fase anterior ao julgamento, de forma a evitar-se a prisão
preventiva. Apóia-se nos princípios da presunção de inocência e da
intervenção mínima, considerando a prisão como a ultima ratio, medida
extrema, só aceitável quando absolutamente necessária, face à
periculosidade do agente.
- Seção III – refere-se aos relatórios sobre a investigação
social e disposições proferidas por sentenças. Fornece uma lista não
exaustiva de medidas não-privativas de liberdade. Dentre as medidas
apresentadas, destacamos a liberdade condicional, as penalidades
pecuniárias, o confisco, a restituição à vítima, a "probation", a prestação
de serviços à comunidade, dentre outras.
- Seção IV – refere-se às medidas para reduzir a
duração das penas de prisão ou que oferecem alternativas para a
execução de sentenças que impõem pena privativa de liberdade. Trata-
se, portanto, das medidas aplicáveis na fase posterior à sentença. Dentre
elas, destacamos: libertação para fins de trabalho e educação, remição
da pena, indulto, dentre outras.
- Seção V – execução das medidas não-privativas de
liberdade. Afirma que as autoridades encarregadas da execução devem
orientar-se pelo princípio de que elas irão ajudar o delinqüente a não
voltar a cometer delitos. A finalidade da vigilância é construtiva, e não
punitiva, e seu objetivo precípuo é reduzir ao mínimo a reincidência,
ajudando o delinqüente em sua reintegração social.
45
- Seção VI – refere-se aos funcionários, que devem
receber treinamento adequado para a função que irão desempenhar. A
qualidade do material humano utilizado no trato com os delinqüentes é
fator primordial no reconhecimento e tratamento dos mesmos.
- Seção VII – refere-se aos voluntários e à sociedade
em geral. Como as penas não-privativas de liberdade proporcionam ao
criminoso uma interação maior com a sociedade, o auxílio do
voluntariado, patronato, pastorais da igreja e sociedade em geral, torna-
se elemento primordial na busca da ressociabilização do delinqüente.
- Seção VIII – diz respeito à pesquisa, planejamento,
formulação e avaliação de políticas criminais. É importante o intercâmbio
de conhecimentos entre os estudiosos do direito penal dos diversos países
e diferentes sistemas punitivos existentes, de modo a definir-se as medidas
mais acertadas para o tratamento do criminoso. Quando o país não
investe em pesquisa, seus institutos jurídicos acabam por perder solidez,
pois que alheios à nova realidade e à novel demanda de leis mais
adaptadas aos conhecimentos e crenças de uma sociedade em
constante e ininterrupta evolução.
Portanto, para Cappi88 os objetivos das Regras de
Tóquio poderão ser resumidos em cinco pontos principais:
1. promover o emprego de medidas não-privativas de
liberdade, entendidas estas medidas em sentido lato, abrangente;
2. obedecer as garantias mínimas ofertadas para a
pessoa do delinqüente;
3. promover maior participação da comunidade na
administração da Justiça Penal;
88 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
46
4. promover maior participação da comunidade no
tratamento do delinqüente;
5. estimular o senso de responsabilidade em relação à
sociedade, para com os delinqüentes.
Assim, as Regras de Tóquio tornaram-se um importante
instrumento de cunho internacional, que estabeleceu regras mínimas
sobre as medidas de prisão, superando assim, a visão clássica que
considerava a pena de prisão o mecanismo ideal e justo para a
regeneração do delinqüente.
2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO 2.3 INTRODUÇÃO DAS PENAS ALTERNATIVAS DO DIREITO PÁTRIO ---- L L L LEI EI EI EI
9714/19989714/19989714/19989714/1998
As penas alternativas à prisão surgiram dos princípios
norteados pelas Regras de Tóquio, visando primeiramente, oferecer uma
nova oportunidade aos condenados, antes de sentenciá-los a prisão,
devendo esta, se destinar somente aos criminosos de alta periculosidade.
Segundo Vládia Pimenta89, essas Regras estabelecem
as diretrizes mínimas para o tratamento do delinqüente, tendo como
objetivo precípuo sua reabilitação sem que se faça necessário remetê-lo à
prisão. Consignam ainda que a prisão, além de dispendiosas aos cofres
públicos, ocasiona prejuízos ainda mais graves, pois não reabilitam o
condenado para o convívio social e afastam-no bruscamente da família,
da sociedade e do trabalho, deixando de promover a reparação do mal
causado à sociedade e estimulando as possibilidades da reincidência.
Ainda para Vládia Pimenta90, a aplicação dessas
modalidades punitivas permitem ao condenado continuar exercendo
89 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm 90 PIMENTA, Vládia Leila Pesce. http://www.suigeneris.pro.br/direito_dp_direito25.htm
47
ocupação lícita e ainda não o distancia do convívio social e familiar,
proporcionando condições favoráveis para sua reabilitação.
Porém, em se tratando de introdução às penas
alternativas, não poderíamos deixar de citar a concepção teórica da
Escola Correcionalista, pois esta expressa exatamente a crença de que a
pena de prisão possua condições para a efetiva ressocialização do
criminoso.
Segundo Cappi91, não discutimos o caráter retributivo
da pena, nem a necessidade de ofertar maior segurança à sociedade
face à figura do criminoso, nem mesmo a indispensável diretriz
ressociabilizadora que ora norteia a punição aos delinqüentes. O que se
discute, porém, é o completo estado de abandono (material, psicológico,
educacional, médico, etc) em que são deixados os presos, nas instituições
carcerárias.
Aieta92 ensina:
No ano de 1998, a Comissão de Direitos Humanos da ONU
recebeu um relatório enviado pela Human Rights Watch,
apontando o Brasil entre os países que apresentam as piores
condições carcerárias do mundo.
Portanto, para Cappi93, tais evidências instigam a
sociedade brasileira a vislumbrar medidas urgentes que venham a otimizar
tal conjuntura. A aplicação de penas alternativas para delitos mais leves já
se consagrou como um bom passo em prol da reeducação das pessoas e
da melhora do sistema como um todo.
91 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118 92 AIETA, Vânia Siciliano, et. All. A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito.A Indução e a Analogia no campo do Direito. p. 22. 93 CAPPI, Carlo Crispim Baiocchi, http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3118
48
A respeito do assunto Martins94 pronuncia-se de tal
forma:
[...] a sociedade se acha lograda ao ver que um indivíduo,
em geral de poucas posses, que provocou um dano de
montante reduzido, motivado por sua origem, onde a falta
de acesso à educação e ao trabalho é comum, é
condenado a uma pena mais gravosa que outro, com
melhor condição social e geralmente econômica,
responsável por um resultado muito mais relevante em nível
financeiro, se vê atingido por apenação inferior.
Fica evidente que há uma elitização nos critérios
discriminatórios, porém a questão não se trata em elitização, e sim na
condenação em pena menos gravosa decorrente de dano, tanto de
quantia reduzida quanto de menor potencial ofensivo, indiferentemente
da classe social.
94 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 82
49
CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3
3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO3. DAS PENAS ALTERNATIVAS NO DIREITO PENAL BRASILEIRO
3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO3.1 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
As penas privativas e restritivas de direitos retiram ou
diminuem direitos dos condenados, assim a sanção pode ser dividida em
prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à
comunidade, interdição temporária de direitos e limitação de fim de
semana, conforme previsto no art. 43 do CP95.
Art. 43Art. 43Art. 43Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - (vetado)
IV - prestação de serviços à comunidade ou à entidades
públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
Passaremos agora a estudar acerca do aludido acima,
identificando sua previsão legal e os entendimentos doutrinários.
3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária3.1.1 Prestação Pecuniária
A prestação pecuniária está prevista no art. 45, § 1º do
Código Penal.
95 Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro:Código Penal Brasileiro: mini / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Luiz Eduardo Alves de Siqueira. – 7. ed. – São Paulo: Saraiva, 2001. – (Legislação Brasileira)
50
Segundo o entendimento de Mirabete96, é
conceituada da seguinte forma:
[...] consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com
destinação social, de importância fixada pelo juiz da
condenação. Por disposição expressa, não pode ser ela
inferior a um salário mínimo nem superior a 360 vezes esse
salário (art. 45, § 1º, do CP, com a nova redação). Assim, de
forma sumaria, deve o juiz fixar o quantumda reprimenda
com base apenas nos dados disponíveis no processo, uma
vez que não existe previsão legal específica de
procedimento para calcular-se o prejuízo resultante da
prática do crime.
O juiz, na sentença condenatória, fixará o valor da
prestação pecuniária, que vai de 1 a 360 salários mínimos. Esta fixação de
valor segue alguns critérios, conforme ensina Jesus97:
Haverá três posições: 1ª) o juiz, para fixar o quantum da
prestação pecuniária, entre um e trezentos e sessenta
salários mínimos, emprega o mesmo critério da aplicação
da multa comum: circunstancias judiciais do art. 59, caput,
do CP e a situação econômica do réu (art. 60, caput); 2ª)
considera-se o mesmo sistema da fixação da multa
vicariante (arts. 44, III, e 60, caput, do CP). Diferença entre
as duas orientações: reside na primeira operação, em que,
na primeira, leva-se em conta todas as circunstâncias
judiciais do art. 59, caput, do CP; na segunda, somente as
circunstâncias judiciais do art. 44, III; 3ª) considera-se o valor
do prejuízo da vítima. Nossa posição: a terceira. O critério
não pode ser o da multa, uma vez que esta possui caráter
retributivo. A prestação pecuniária é reparatória. Busca-se,
diante disso, analogicamente ao art. 45, § 3º, do CP (perda
de bens), o critério do prejuízo da vítima.
96 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 269 97 JESUS, Damásio Evangelista de. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 141
51
Salienta-se ainda que as formas de pagamento
podem ser à vista ou parceladas e que são destinatários a vítima, seus
dependentes ou entidade pública ou privada98.
3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores 3.1.2 Perda de Bens e Valores
Está previsto no art. 5º da CRFB/88, no seu inciso XLVI, a
“perda de bens”.
Para Maggio99, a perda de bens e valores consiste em:
[...] perda de bens (móveis e imóveis) e valores (ações,
debêntures, títulos de crédito, etc.) do condenado,
autorizado pela CRFB/88 nos termos do disposto no art. 5º,
inciso XLVI, alínea b. Em regra,a perda de bens e valores
dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional –
Funpen – , e seu valor terá como teto o montante do
prejuízo causado ou do provento obtido pela pratica do
crime, o que for maior (CP, art. 45, § 3º)
Acerca do assunto, ensina Mirabete100 que:
[...] confisco em favor do Fundo Penitenciário Nacional de
quantia que pode atingir até o valor referente ao prejuízo
causado ao provento obtido pelo agente ou por terceiro,
em conseqüência da prática do crime, prevalecendo
aquele que for maior.
Neste mesmo entendimento, ensina Martins101:
Diversamente do que preceitua o digesto penal, nesse caso
não se observara a perda dos bens e valores como efeito
da condenação, mas como sendo a condenação em si
mesma, independentemente de outra cominação.
98 JESUS, Damásio Evangelista de. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 142. 99 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192 100 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 269 101 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 134
52
Ainda sobre o assunto, conclui Martins102 que:
Retirar-se do agente o benefício que auferiu com o crime,
além de privá-lo da vantagem, diminui seu patrimônio e
desestimula a reiteração. Isso é resultado da constatação
da que a atividade criminosa não ocasiona lucro, além de
enfraquecer seu poder econômico, servindo até para
desconstituir uma eventual estrutura já existente para o
cometimento dos ilícitos.
Assim, a destinação de tais bens e valores, são
preferencialmente ao lesado ou ao terceiro de boa-fé103.
3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas3.1.3 Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas
O art. 5º da CRFB/88, no seu inciso XLVI, alínea d, prevê
a “prestação social alternativa”.
Está previsto no art. 46 do CP104, a prestação de
serviços à comunidade.
Art. 46Art. 46Art. 46Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas é aplicável às condenações superiores a
seis meses de privação da liberdade.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
condenado.
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários
ou estatais.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas
conforme as aptidões do condenado, devendo ser
102 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternaPenas AlternaPenas AlternaPenas Alternativastivastivastivas. p. 135 103 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 270 104 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 75
53
cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada
normal de trabalho.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado
ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor
tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa
de liberdade fixada.
Prestação de serviço à comunidade ou a entidades
públicas nada mais é que a realização de tarefas gratuitas em hospitais,
entidades assistenciais ou programas comunitários. Tais tarefas serão
desempenhadas conforme a aptidão do condenado, que prefere
submeter-se a essa sanção a afrontar a pena privativa de liberdade.
Aduz Bitencourt105 sobre o assunto:
A doutrina tem conceituado a prestação de serviços à
comunidade como o “dever de prestar determinada
quantidade de horas de trabalho não remunerado e útil
para a comunidade durante o tempo livre, em benefício de
pessoas necessitadas ou para fins comunitários”. Assemelha-
se a esse conceito a definição do direito brasileiro, para o
qual a prestação de serviços à comunidade consiste na
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários
ou estatais.
Martins106, acerca do assunto, ensina que:
A mudança ocorrida na prestação de serviços à
comunidade, respeita a alguns detalhes: somente é passível
de aplicação quando a pena concretizada atingir
somatório superior a 6 (seis) meses de privação da
liberdade, observando-se a ampliação das entidades
105 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 133 106 MARTINS, Jorge Henrique Schaefer. Penas AlternativasPenas AlternativasPenas AlternativasPenas Alternativas. p. 142
54
beneficiadas, sendo considerada a natureza do delito
cometido.
3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos3.1.4 Interdição temporária de direitos
A previsão legal da interdição temporária de direitos
está elencada no art. 47 do CP.
Art. 47Art. 47Art. 47Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade
pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício
que dependam de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir
veículo;
IV - proibição de freqüentar determinados lugares.
A interdição temporária de direitos constitui numa
incapacidade temporária para o exercício de determinada atividade,
podendo ser proibição do exercício do cargo, função ou atividade
pública, bem como de mandato eletivo, proibição do exercício de
profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de
licença ou autorização do poder público e suspensão de autorização ou
de habilitação para dirigir veículo.
Ensina Bitencourt107 acerca do assunto:
Esta, ao contrário das outras – que são genéricas –, é
específica e aplica-se a determinados crimes. É também de
grande alcance preventivo especial: ao afastar do tráfego
motoristas negligentes e ao impedir que o sentenciado
107 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 142
55
continue a exercer a atividade no desempenho da qual
mostrou-se irresponsável ou perigoso, estará impedindo que
se oportunizem as condições que poderiam, naturalmente,
levar à reincidência. Por outro lado, é a única sanção que
restringe efetivamente a capacidade jurídica do
condenado, justificando, inclusive, a sua denominação.
Aduz ainda Bitencourt108 que:
Das modalidades alternativas esta é, sem duvida nenhuma,
a que maior impacto causa na população, que recebe,
com certo gosto, a efetividade da Justiça Penal. E, ao
mesmo tempo, pela gravidade das conseqüências
financeiras que produz, é de grande potencial preventivo
geral, inibindo abusos e desrespeitos aos deveres funcionais
e profissionais, próprios de cada atividade. A interdição
temporária de direitos, especialmente as duas primeiras
modalidades (art. 47, I e II, do CP), tem, de fato, grande
reflexo econômico. Ao proibir que o sentenciado realize sua
tarefa laboral, naturalmente remunerada, reduzirá
sensivelmente os seus rendimentos.
Assim também entende Pimentel109 que, “atinge fundo
os interesses econômicos do condenado, sem acarretar os males
representados pelo recolhimento à prisão por curto prazo”.
Por sua vez, Maggio110 se mostra mais objetivo quanto
ao assunto:
Consiste na proibição do exercício de profissão ou
atividade, a suspensão de habilitação para dirigir veículos
ou a proibição de freqüentar determinados lugares.
108 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 142 109 PIMENTEL, Manoel Pedro, O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. O crime e a pena na atualidade. p. 171. 110 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192
56
3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana3.1.5 Limitação de Fim de semana
Dispõe o art. 48 do CP111 acerca da limitação de fim
de semana.
Art. 48.Art. 48.Art. 48.Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5
(cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser
ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas.
Segundo o entendimento de Mirabete112:
Em sua essência, foi essa pena criada para o fracionamento
da pena privativa de liberdade de curta duração, de tal
forma que a sanção fosse cumprida apenas nos fins de
semana. Em termos da lei pátria, porém, como deve ter “a
mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída”, a limitação do fim de semana corresponderá
apenas a dois dias de cada semana do prazo estipulado
para a pena privativa de liberdade aplicada inicialmente
pelo juiz na sentença condenatória.
Conceitua Bitencourt113:
Com a finalidade de fracionar as penas privativas de
liberdade de curta duração, além das razões já expostas, a
Reforma Penal Brasileira de 1984 instituiu a limitação de fim
de semana, que consiste na obrigação de o condenado
permanecer aos sábados e domingos, por cinco horas
diárias, em “casa de albergado” ou em estabelecimento
adequado, de modo a permitir que a sanção penal seja
cumprida em dias normalmente dedicados ao descanso,
111 Código Penal Brasileiro. p. 76 112 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 275 113 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 150
57
sem prejudicar as atividades laborais do condenado, bem
como a sua relação sociofamiliar.
As vantagens dessa pena é a permanência do
condenado junto à sua família, ocorrendo o seu afastamento apenas nos
dias dedicados ao repouso semanal, a possibilidade de reflexão sobre o
ato cometido, a permanência do condenado em seu trabalho, não
trazendo assim dificuldades materiais para a sua família, o não contato
com condenados mais perigosos, o abrandamento da rejeição social.
Maggio114, ao citar Maximilianus Füher, mostra-se
divergente ao entendimento que trata a limitação de final de semana
como pena restritiva de direito, uma vez que entende ser esta, pena
privativa de liberdade.
A rigor, a limitação de fim de semana deveria ser
classificada como pena privativa de liberdade, e não
restritiva de direitos, pois atinge a liberdade do indivíduo em
períodos determinados, da mesma forma como a reclusão
e a detenção em regime aberto. (FÜHER, Maximilianus
Cláudio Américo e Maximiliano Roberto Ernesto. ResumoResumoResumoResumo de de de de
Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. Parte Geral. São Paulo: Editora Malheiros, 15ª
ed., 1999, p. 102).
Caracteriza-se a limitação de final de semana como
pena restritiva de liberdade, pois o apenado tem limitada a sua liberdade
de ir e vir.
3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBST3.2 FATORES LIMITADORES À SUBSTITUIÇÃOITUIÇÃOITUIÇÃOITUIÇÃO
Para que a substituição da pena privativa de liberdade
se dê por restritivas de direitos, há de se respeitar fatores que limitem tal
substituição, estando estes elencados no art. 44 do CP115.
114 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 192 115 Código Penal Brasileiro. p. 74
58
Art. 44Art. 44Art. 44Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a
substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior,
a medida seja socialmente recomendável e a reincidência
não se tenha operado em virtude da prática do mesmo
crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de
liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se
59
for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva
anterior.
Conforme afirma Bitencourt116 acerca do assunto:
A aplicação da pena restritiva de direitos em substituição à
pena privativa de liberdade está condicionada a
determinados pressupostos (ou requisitos) – uns objetivos,
outros subjetivos – que devem estar presentes
simultaneamente.
Ensina Maggio117 que:
De acordo com o art. 44 do CP, as penas restritivas de
direitos são substitutivas, ou seja, não se aplicam por si, de
imediato, mas apenas em substituição às penas privativas
de liberdade, nos casos enumerados em lei.
[...]
Assim, a pessoa condenada à pena privativa de liberdade,
que preencher tais requisitos poderá ter sua pena
substituída por uma restritiva de direitos.
Aduz Mirabete118 que:
Em primeiro lugar, como pressuposto objetivo, o juiz só
poderá proceder à substituição se a pena privativa de
liberdade aplicada inicialmente, pó crime doloso, não for
superior a quatro anos, com exceção da pena de
prestação de serviços à comunidade ou entidades
públicas, em que ela só é admitida quando a condenação
for superior a seis meses (art. 46, caput). Tratando-se, porém
de condenação igual ou inferior a um ano, por crime doloso
ou culposo, permite-se a substituição por pena de multa. No
caso de crime culposo, permite-se a substituição por pena
116 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 81 117 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 193 118 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 277
60
restritiva de direito qualquer que seja a quantidade da pena
aplicada.
[...]
Um segundo requisito objetivo foi inserido pela nova lei, ao
proibir a substituição da pena quando se trata de crime
praticado com violência ou grave ameaça à pessoa,
qualquer que seja a quantidade da pena privativa de
liberdade imposta (art. 44, I).
Portanto, o não cumprimento dos fatores elencados
acima, restará, ao apenado, a perda do benefício, retornando assim a
uma pena privativa de liberdade, onde trata da matéria de conversão.
3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO3.3 CONVERSÃO
A conversão dispõe acerca do não cumprimento dos
requisitos previstos nas penas restritivas de direito.
Sua previsão legal está disposta no art. 44, §§ 4º e 5º,
do CP119:
Art. 44.Art. 44.Art. 44.Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando:
[...]
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado
da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de
liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
119 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 74
61
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se
for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva
anterior.
Maggio120 ensina:
A conversão é um incidente da execução. A pena restritiva
de direitos converte-se em pena privativa de liberdade
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição
imposta (CP, art. 44, § 4º, primeira parte).
Conceitua Bitencourt121 que:
A finalidade da conversão, em outras palavras, é garantir o
êxito das penas substitutivas. Na verdade, a busca de
alternativas à pena privativa de liberdade de curta
duração, na tentativa de proteger o direito individual do
infrator, evitando, dentro do possível, os efeitos criminógenos
da prisão, não autoriza que se descure ou simplesmente se
ignore a defesa social. Ao adotar-se a política de penas
alternativas à privativa de liberdade, como corolário de um
direito penal mínimo e garantista, que pretende evitar a
“dessocialização” do condenado, não se pode deixar sem
remédio a hipótese do condenado que, beneficiado pela
conversa, vier, posteriormente, demonstrar eventual
incompatibilidade com a pena substituída, com graves
prejuízos à defesa social e aos fins da pena.
Quanto à conversão, Mirabete122 aduz da seguinte
forma:
Não aquinhoado inicialmente com a substituição da pena
privativa de liberdade pela restritiva de direitos, o
sentenciado poderá obtê-la durante a execução por meio
da conversão, instituto criado pela lei de Execução Penal. A
conversão somente poderá ser efetuada, porém, quando
120 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 193 121 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. pNovas Penas Alternativas. p. 167 122 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 281
62
for aplicada pena privativa de liberdade não superior a dois
anos (art. 180 da LEP).
Vale observar que, se o descumprimento da restrição
for devidamente justificado, não ocorrerá a conversão da pena restritiva
pela privativa de liberdade.
3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA3.4 PENA DE MULTA
Conceitua Mirabete123:
Aponta-se como maior vantagem da pena pecuária, em
confronto com a pena privativa de liberdade, não ser
levado o criminoso à prisão por prazo de curta duração,
privando-o do convívio com a família e de suas ocupações,
mesmo porque não seria suficiente para recuperação do
sentenciado e apenas o corromperia e o aviltaria. Assinala-
se, também, que a pena de multa não acarreta despesas
ao Estado e que é útil no contra-impulso ao crime nas
hipóteses de crimes praticados por cupidez, já que ele
atinge o núcleo da motivação do ato criminoso.
Ensina Maggio124 que:
A multa penal pode ser cominada como pena única, como
pena cumulativa (ou multa), como pena alternativa (ou
multa), e também em caráter substitutivo. A pena de multa
como substitutiva da privativa de liberdade, esta prevista no
art. 60, § 2º, do CP, sendo que, a pena privativa de
liberdade aplicada, não superior a seis meses, pode ser
substituída pela multa, não sendo o réu reincidente e com
os méritos previstos no art. 44, inciso III, do CP (culpabilidade,
antecedentes, conduta social, personalidade bem como os
motivos e circunstâncias).
Quanto às modalidades de cálculo da multa ensina
Maggio125 da seguinte forma:
123 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito PenalManuel de Direito Penal. p. 284 124 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 194
63
O cálculo da multa se da em duas etapas, ou,
excepcionalmente, em três.
Num primeiro momento, o juiz deve determinar a
quantidade de dias-multa. O mínimo é de 10 e o máximo é
de 360 dias-multa (CP, art. 49, caput).
O segundo passo é determinar o valor de cada dia-multa
que, no mínimo, deve ser de um trigésimo do salário mínimo
e não pode ser superior a cinco vezes este salário (CP, art.
49, § 1º).
Nesses dois primeiros momentos, deve o juiz atender
principalmente à situação econômica do réu (CP, art. 60).
Deve, então, conhecer os rendimentos, os investimentos e o
patrimônio do condenado, antes de fixar o quantum da
multa.
O terceiro momento pode acontecer caso a situação
econômica do réu, de tão avantajada, torne a multa
ineficaz, embora aplicada no máximo (5 vezes o salário
mínimo, vezes 360 dias multa). Neste caso, o juiz pode
aumentar o valor da multa em ate o triplo (CP, art. 60, § 1º).
Conforme dispõe o art. 49 do CP126:
Art. 49Art. 49Art. 49Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo
penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada
em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo,
de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não
podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco)
vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da
execução, pelos índices de correção monetária. 125 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Direito Penal Direito Penal Direito Penal Direito Penal –––– Parte Geral Parte Geral Parte Geral Parte Geral. p. 194 126 Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro.Código Penal Brasileiro. p. 76
64
65
CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS
Certamente o presente trabalho, teve como objetivo
mostrar através de doutrinas, jurisprudências colacionadas e legislações
nacionais que o delito é um fato social, que nasce no seio da
comunidade e só pode ser controlado pela ação conjunta do governo e
da sociedade, sob a forma do Estado Democrático de Direito.
A população carcerária hoje no Brasil é de
aproximadamente 250 mil indivíduos, sofrendo ainda o sistema carcerário
de um déficit superior a 63 mil vagas. Cada um destes detentos representa
para os cofres públicos o equivalente a R$ 15.000,00 por ano, dez vezes
mais do que os gastos anuais com dez estudantes da rede pública de
ensino.
De fato, o índice de reincidência supera os 80 por
cento, as condições do encarceramento são sub-humanas, cerceando
assim o desenvolvimento do caráter e a recuperação do preso.
As penas restritivas de direito, conhecidas como penas
alternativas, destina-se àquele que pouco perigo traduz para a
sociedade, seja pelo seu grau de culpabilidade, pelos seus antecedentes,
pela sua conduta social e personalidade.
A intervenção da Justiça Criminal tem por objetivo
prevenir o delito, promover a segregação punitiva do infrator, constituindo
a última reação do Estado em face da criminalidade. Por isso, é forçoso
reconhecer a importância da aplicação de penas alternativas e da
reinserção do infrator na sociedade, sem se esquecer da reparação do
dano causado à vítima.
As alternativas penais representam, um dos meios mais
eficazes de prevenir a reincidência criminal, devido ao seu caráter
educativo e socialmente útil, pois enseja que o infrator, cumprindo sua
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pena em "liberdade", seja monitorado pelo Estado e pela comunidade,
facilitando grandiosamente a sua reintegração à sociedade.
A presente monografia foi dividida em três capítulos;
no primeiro capítulo tratou-se da evolução histórica das penas através do
tempo, sua evolução no ordenamento jurídico brasileiro bem como seus
princípios fundamentais; no segundo capítulo abordou-se a razão e
origem das penas alternativas; e no terceiro e último capítulo iniciou-se um
estudo geral acerca das penas alternativas, suas modalidades e requisitos.
A pesquisa teve como base três problemas, os quais
tiveram suas hipóteses:
1º Problema: Tem-se a possibilidade de recuperação
do apenado aplicando-se pena diferenciada da pena de reclusão? Sim.
1ª Hipótese: As penas alternativas são benéficas ao
apenado, uma vez que este não se submeterá ao recolhimento prisional;
Confirmada.
2º Problema: O sistema prisional brasileiro tem
condições de recuperar o apenado? Sim.
2ª Hipótese: A pena alternativa é benéfica não só
para o apenado, como para sociedade, pelo fato do detentor do
benefício não recolher-se a prisão juntamente com criminosos de maior
periculosidade, evitando assim o seu corrompimento; Confirmada.
3º Problema: Existe problemas na conversão da
pena restritiva de liberdade em pena alternativa, pelo não cumprimento
das condições estabelecidas no benefício? Sim.
3ª Hipótese: O não cumprimento dos requisitos
impostos às penas alternativas implicará na perda do benefício e na
conversão por pena privativa de liberdade. Confirmada.
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Através da presente pesquisa, e das considerações
finais, restaram comprovadas, em sua totalidades, as hipóteses levantadas
no início desta.
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