Movimentação de carga e seus riscos associados: breves comentários
Antonio Fernando Navarro
Inúmeros são dos riscos decorrentes da movimentação de cargas. Nas indústrias, cada vez mais
empregando processos de modularização em seus processos produtivos, muitas vezes os riscos não
são percebidos com a precisão adequada, razão pela qual apresentamos estes breves comentários à
respeito, sob a forma de uma entrevista:
1. Quais são os fatores de riscos que podem surgir durante a movimentação das cargas?
Os riscos dependem de vários fatores como, por exemplo:
a) Dimensões da carga transportada;
b) Peso da carga transportada;
c) Capacidade e dimensões do veículo de transporte;
d) Grau de manipulação da carga durante o transporte;
e) Acondicionamento da carga;
f) Trajeto percorrido pelo veículo transportador;
g) Capacidade de suporte do piso por onde transitará a carga e o veículo;
h) Forma de posicionamento da carga, se em local definitivo ou não;
i) Obstruções que possam representar obstáculos nas passagens, como desníveis de piso,
existência de fios elétricos, projeção de construções, existência de outras cargas depositadas
no caminho, entre outras.
2. Como pode ser elaborada a análise de riscos?
A análise de riscos pode e deve ser elaborada através de um plano de rigging, apoiado em uma lista
de verificação, a qual contemple cada um dos riscos elencados acima. Para cada um dos riscos
devem ser avaliadas as conseqüências e as alternativas mais acessíveis. É bom ressaltar que uma
solução adotada para uma carga de 50ton não necessariamente deve ser a mesma de uma carga de
5.000ton. Um guindaste sob pneu que tem mais mobilidade e é largamente empregado para cargas
abaixo de 100ton não deve ser adotado para cargas maiores. Quando a capacidade de suportação do
solo é baixa pode-se: fracionar a carga (o que é custoso e demorado), estivar o caminho por onde
trafegará o equipamento ou empregar equipamentos com base de contato com o solo maiores, como
a substituição de pneus para lagartas.
3. Existe alguma ferramenta de análise decisória para definir-se qual a melhor proposta
em termos de segurança no transporte?
Sim. A primeira e mais importante é a da análise do histórico de ocorrências de acidentes com
carregamentos semelhantes. Afora essa, pode-se desenvolver métodos de série de riscos e série de
eventos, modelos de análise de decisão, que levem em consideração aspectos como: gravidade,
urgência e tendência, entre outros métodos. O importante, todavia, é que essas considerações se
dêem por ocasião da montagem do canteiro de obras. Se as cargas vierem de fabricantes externos, a
avaliação deve contemplar aspectos como altura útil de viadutos e passarelas, capacidade de suporte
da pista de rolamento, horários de liberação de trânsito, entre outros aspectos tão ou mais
importantes.
4. Que tipo de acidentes/sinistros pode ocorrer?
Nessa área os acidentes podem ser devidos a vários problemas, como o rompimento de pontos de
pega, ou de cabos de suportação e seus acessórios, impacto com objetos fixos ou móveis e outros.
As conseqüências são inevitavelmente o dano às cargas transportadas.
5. Quais são os modais de transporte?
As cargas podem ser transportadas manualmente, através de equipamentos simples sobre rodas
(carrinhos) ou trilhos (vagonetes), através de embarcações, sobre rodas ou lagartas em rodovias,
pavimentadas ou não, através de canais, rios ou mares ou aereamente.
Carga transportada por carreta em rodovia.
Difícil transporte de carga empregando simultaneamente duas carretas.
Movimentação de carga empregando veículo especial
Movimentação de carga utilizando dollies independentes
Transporte de carga especial sobre carretas com pneus
Transporte de embarcações sobre balsa.
Veículo sobre lagartas para a movimentação do ônibus espacial.
Transporte de módulos de fábricas, em skids.
Movimentação de cargas em estaleiro.
Movimentação de cargas especiais.
Transporte de plataforma semi-submersível em navio especial.
Movimentação de carga de delicada geometria sobre veículo apoiado em trilhos ferroviários.
Acidente provocado pelo rompimento de um cabo com a queda da carga sobre uma tubovia
Tombamento de guindaste durante içamento de carga por quebra de patola.
Queda da carga pela característica da mesma, pela deposição na caçamba do caminhão e pelas
irregularidades do terreno
Tombamento de guindaste porque o solo cedeu sob uma das patolas.
6. Que tipo de inspeção pode ser feita para se evitar acidentes?
As inspeções podem ser visuais, do ambiente, equipamentos, carga e seu acondicionamento,
empregando-se check lists, podem se dar com análise laboratorial de itens importantes na
movimentação, como soldas, acessórios, cabos de aço, entre outros.
Defeitos nos cabos de aço - cabo com alma saltada
Cargas sendo movimentadas em polias
examinar a parte do cabo que
passa sobre a polia para
verificar:
existência de arames partidos;
sinais de desgaste;
indícios de corrosão.
� verificar sinais de deformação
� verificar o diâmetro do cabo.
� verificar a existência de falhas de enrolamento que causem deformações e
desgaste, que podem ser graves nas posições de desvio transversal.
� verificar deformações causadas pelo alívio repentino de tensão.
CERTO
ERRADO
ERRADO
Posicionamento dos grampos de fixação
Emendas com grampos
ERRADO
CERTO
Eficiência dos olhais
COM CLIPS80 %
TRANÇADO A MÃO70 %
Tipo de defeito – Dobra devido ao mau estado de
conservação do cabo de aço
Tipo de defeito – Gaiola de Passarinho
Tipo de defeito – Destrançamento de Perna do cabo
Tipo de defeito – Redução do diâmetro do cabo
Aplicação de manilhas de carga no içamento de cargas
Risco da manilha soltar-se Ângulo onde a manilha não é confiável
Inspeção em ganchosDESGASTE E TRINCAS
DESGASTE, TRINCAS E DEFORMAÇÕES
TRINCAS TRAVA E MOLA
Acidente devido a mau acondicionamento da carga
e a cintas que não fixavam a carga como um todo
Deslocamento de veículo sobre terreno com baixa capacidade de suporte
Emprego de guindastes para a movimentação de cargas
Içamentos com múltiplos guindastes