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Page 1: Nasce primeiro bebê de proveta do Vale do Aço

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1-AC U L T U R A & V A R I E D A D E S

O primeiro

BEBÊde

proveta da região

Débora Anício

REPÓRTER

Após 35 anos do nasci-mento do primeiro bebê deproveta do mundo, na Ingla-terra, e 29 anos depois donascimento da primeira crian-ça fruto de uma fertilizaçãoin vitro no Brasil, no Paraná,finalmente o Vale do Aço teráseu primeiro bebê de prove-ta. Nesta terça-feira (04), achegada de Thereza Cristinaao mundo, filha da enfermei-ra ipatinguense DhiemeMorais, vai marcar o nasci-mento do primeiro bebê frutode uma fertilização in vitrocom todo o procedimento rea-lizado no Vale do Aço.

Depois de adiar os planosde maternidade por conta dosestudos e do trabalho, Dhieme,de 30 anos, precisou recorrer àfertilização in vitro devido aofato de seu companheiro servasectomizado. "O médicodisse que era muito difícil rever-ter a vasectomia e que o melhorcaminho era a fertilização",explicou ela, que iniciou o pro-cedimento em 2011, ainda emBelo Horizonte. "Infelizmentea primeira tentativa não deucerto e esperei mais de um anopara voltar a tentar, dessa vezem Ipatinga", contou a enfer-meira, ressaltando que se sub-meter ao procedimento em suacidade foi positivo devido àredução de custos e ao fim doslongos deslocamentos.

Apesar do nervosismo ini-cial por ter de recorrer a ummétodo de reprodução assis-tida, Dhieme conta que sem-pre esteve confiante no pro-cesso. "Eu criei muitas expec-

tativas na primeira tentativa,o que me deixou frustradaquando não deu certo. Masna segunda vez já estava maistranquila, pois conhecia oprocedimento e estava prepa-rada para a possibilidade deinsucesso", disse ela, ressal-tando a importância da famí-lia neste momento. "Algu-mas pessoas não gostam defalar sobre o tratamento, pelaexpecativa que se cria. Mascontei para minha famíliasobre a fertilização e todosme apoiaram".

Dhieme ainda conta que,apesar dos cuidados exigidospelo tratamento, a gravidezfoi tranquila. "O início doprocedimento é rígido, preci-sei tomar várias medicações,e os três primeiros meses degravidez exigem um cuidadomaior. Mas deu tudo certo etive uma gravidez muito sere-na", garantiu ela, que optoupelo repouso. "Embora essanão tenha sido uma recomen-dação médica, decidi inter-romper meu trabalho paraevitar possíveis problemas.Agora falta apenas terminarde arrumar o quartinho domeu bebê e esperar por ela".

Quem também está ansio-sa para a chegada do primei-ro bebê de proveta da regiãoé a avó da criança, IraciBraga, de 49 anos. "Fiqueipreocupada quando soubeque minha filha iria fazer afertilização. Mas ela me expli-cou tudo e eu fui às consul-tas com ela, o que me dei-xou mais tranquila", disseIraci. "Esse era o sonho davida dela. Só tenho a agra-decer a Deus e à medicinapor tornarem isso possível".

NASCE NESTA SEMANA A PRIMEIRA CRIANÇAFRUTO DE UMA FERTILIZAÇÃO IN VITRO COM TODO

O PROCEDIMENTO REALIZADO NO VALE DO AÇO

Busca por fertilização in vitro cresce na regiãoO procedimento da fertilização in vitro começou

a funcionar inteiramente em Ipatinga no mês demaio de 2012, na clínica Pró-Criar, bairro Cariru."Antes nós apenas preparávamos a paciente para otratamento em Belo Horizonte. Mas agora, comtodas as etapas da reprodução assistida feitas naregião, as pacientes não precisam mais fazer asdesgastantes e custosas viagens, o que facilita todoo processo", explicou o Dr. Mário Márcio da Paz,especialista em reprodução humana da clínica, res-saltando que a procura pelo tratamento dobrou."Nossa clínica é a única do Leste mineiro que pos-sui um laboratório equipado para fornecer todos ostratamentos de reprodução, e a única a oferecer areprodução assistida de alta complexidade que é afertilização in vitro. Por isso atraimos pessoas detodo o Vale do Aço e entorno", contou o médico,lembrando que atualmente a clínica atende de 10 a15 casos por mês.

O especialista ainda salientou que a fertilizaçãoin vitro é um processo simples. "O tratamento con-siste em estimular a mulher a produzir óvulos.Quando eles atingem um tamanho ideal, após cercade 10 dias, nós recolhemos esses óvulos do ovárioe colhemos o espermatozóide do homem para fazera fertilização", explicou. "Após injetar o espermato-zóide dentro do óvulo, o embrião formado é transfe-rido para o útero da mulher depois de três a cincodias de incubação em laboratório. O tratamento emsi dura cerca de 15 dias".

Muito procurado por mulheres em torno dos 35anos, a clínica trabalha com o limite de idade de 42anos. "Após os 34 anos a mulher perde 70% doestoque de óvulos, o que reduz muito sua fertilida-de. Nós impomos o limite de 42 anos para fazer afertilização com óvulos próprios porque é muito difí-cil obter sucesso após essa idade", justificou o médi-co. "Mas é preciso lembrar que tudo depende dasaúde da mulher".

De acordo com o Dr. Mário Márcio, vários tiposde pessoas procuram o tratamento hoje em dia."Tem mulheres que vem sozinhas, outras acompa-nhadas dos parceiros e também já atendemoscasais homoafetivos", contou ele, lembrando que achance de sucesso da fertilização in vitro varia emtorno de 50%. "Esse número pode parecer pouco,mas não é. A fertilidade do ser humano é em tornode 20%, ou seja, se tivermos 100 casais no auge dafertilidade, por volta dos 20 anos de idade, apenas20 casais vão conseguir engravidar por mês. Emapenas uma tentativa de fertilização in vitro conse-guimos ser duas ou três vezes mais eficientes que anatureza", avaliou o médico.

CUSTOSO custo da fertlização in vitro varia de R$ 8 mil

a R$ 15 mil. "Os medicamentos são caros, mas ocusto varia de caso para caso, dependendo doproblema do homem e da mulher", explicou o Dr.Mário Márcio.

Como uma forma de tentar popularizar o trata-mento, a clínica Pró-Criar oferece o Pro-Fiv, progra-ma que oferece descontos a pessoas de baixarenda. "Aclínica conta com diversos parceiros paratentar diminuir ao máximo os custos para quem não

pode arcar com o procedimento. As pessoas inte-ressadas devem passar por uma triagem para terseu tratamento subsidiado", disse Mário Márcio.

LADO EMOCIONALSegundo o médico de Ipatinga, a fertilização in

vitro surgiu para corrigir problemas masculinos."Antes de existir este tratamento, o homem comuma quantidade mínima de espermatozóides eraestéril. Hoje ele precisa apenas de alguns esperma-tozóides, que podem ser recolhidos de maneira sim-ples ou através de punção, para ser pai", explicou oespecialista.

O médico responsável pelo tratamento no Valedo Aço lembrou que não há limites de tentativas nafertilização in vitro. "Se a primeira tentativa não dercerto é possível repetir o tratamento. Caso seja pro-duzido muitos óvulos ou embriões, não é precisorepetir todo o procedimento desde o seu início. Se apaciente optar por congelar os embriões elespodem ser descongelados e utilizados em umanova tentativa de fertilização".

Márcio Márcio ainda destacou que o grandeempecilho para o tratamento é o lado emocional."As expectativas dos pacientes são muito grandes eisso faz com que o tratamento fique cansativo. Porisso a clínica oferece acompanhamento psicológicoaos pacientes, pois sabemos que o lado emocionalinfluencia muito no processo".

TRATAMENTO SIMPLESO procedimento começa com o diagnóstico da

situação do casal. "Muitas vezes o problema podeser simples e resolvido com outros tipos de trata-mento ou apenas com uma conversa durante a con-sulta. Mas se for estabelecida a causa do problemae a fertilização in vitro for o melhor caminho, apaciente inicia o procedimento com uso de medica-mentos", explicou o especialista. "O processo durade 10 a 12 dias, período em que o ovário é estimu-lado. Depois de dois dias os óvulos são recolhidos efertilizados com o espermatozóide do parceiro. Apósesta etapa o embrião fica em cultivo no laboratóriopor três ou cinco dias para depois ser transferidopara o corpo da mulher".

Após a confirmação da gravidez, a paciente pre-cisa ser acompanhada de perto pela equipe respon-sável pela reprodução assistida nos três primeirosmeses. "Esse é o período crítico que requer umasérie de cuidados especiais, com uso de medica-mentos que o pré-natalista não está habituado. Maspassada esta fase, a mulher é encaminhada paraseu ginecologista e segue com uma gravidez nor-mal como qualquer outra", assegurou Mário Márcio.

O especialista ainda reforça a simplicidade dotratamento para a mulher. "O procedimento não émuito invasivo. Apaciente precisa apenas tomar osmedicamentos e vir à clínica acompanhar o cresci-mento dos óvulos com os ultrassons. Acomplexida-de está para o laboratório, que precisa de equipa-mento e pessoal de ponta, o que envolve muitoscustos", pontuou o médico. "Um óvulo mede 300vezes menos que a cabeça de um alfinete, e ape-nas um microscópio altamente potente é capaz defazer essa visualização".

A ENFERMEIRA Dhieme Morais prepara o quartinho para a chegadade sua primeira filha

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