NOVAS METODOLOGIAS DE ANÁLISE QUALITATIVA NA
AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: UMA APLICAÇÃO NA URI
ERECHIM
Adriana Troczinski Storti1;
; Sandra Maria Milbrath Vieira2;
Vania Maria Barboza3
1Doutora em Administração, bacharel em Administração Hab. Comércio Exterior,
representante docente da CPA da URI Erechim.
3Bibliotecária, especialista em Gestão Empresarial, representante funcionários na CPA
da URI Erechim.
3Psicopedagoga; especialista em Processos Interdisciplinares em Arqueologia; Graduada
em História.
[email protected]; [email protected]; [email protected]
Resumo: A autoavaliação, realizada em instituições de ensino superior, atende a
regulamentação do SINAES no Brasil, e visa, também, contribuir com os processos de
gestão e avanços da qualidade. No entanto, delinear uma metodologia que conduza os
dados ali expressos aos sujeitos ativos das ações necessárias, é sempre um desafio
próprio de cada IES. Neste trabalho, apresentam-se dois métodos/ferramentas que
estão contribuindo para este avanço, permitindo análises mais específicas sobre os
dados da autoavaliação, dirigindo-os aos diferentes gestores, e proporcionando um
acompanhamento dos planos de melhoria na sua sequência. O artigo faz uso de um
estudo de caso, com descrição destas ferramentas, e inclui falas de gestores que já
utilizam as mesmas. Conclui-se que com a aplicação destas novas metodologias, tem-se
resultados e ações mais eficazes e um acompanhamento mais próximo e integrado aos
objetivos da IES.
Palavras-Chave: Autoavaliação; ferramentas de gestão; análise.
Abstract: The self-evalutation, carried out in higher education institutions, serves the
regulation of SINAES in Brazil, and also aims to contribute to the process management
and advances in quality. However, outline a methodology that leads the data expressed
therein to active subjects of the necessary actions, it is always a challenge specific to
each manager. In this paper, we present two methods / tools that are contributing to this
advance, allowing more specific analysis of the data from self-evaluation, directing
them to different managers, and providing follow-up improvement plans as a
consequence. The article uses a case study describing these tools, and includes speeches
managers who already use them. It was concluded that with the implementation of these
new methodologies, has results and more effective action and closer monitoring and
integrated the objectives of IES.
Key-Words: Self-evaluation; management tools; analysis.
1 INTRODUÇÃO
Avaliar é um processo complexo que envolve subjetividade, crenças, teorias, desejos,
valores, implicando em desafios para a compreensão mais próxima do sentido que
realmente se quer avaliar, alicerçado, ainda, no contexto e maturidade dos sujeitos
participantes [Marinho-Araújo, Rabelo, 2015].
No ensino superior, mais do que a complexidade do conhecer e compreender,
avaliar exige o pensar e o repensar constante sobre a sua real contribuição no processo
educativo, e especificamente falando da tipologia “autoavaliação”, uma das tipologias
da Avaliação Institucional ditada pelo INEP, cabem análises permanentes da sua
eficácia no processo de aprendizado e gestão universitária.
Dentro desta perspectiva, a autoavaliação expressa no SINAES (Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior)[i], no que diz respeito aos eixos de
ensino, pesquisa e extensão; responsabilidade social; desempenho dos alunos; gestão da
instituição; corpo docente; instalações físicas e outros aspectos, objetiva que estes dados
sejam utilizados pela IES nacionais na orientação da sua eficácia institucional e
efetividade acadêmica e social. Acresça-se a isso sua utilização pelos órgãos
governamentais na orientação de políticas públicas, bem como a estudantes, familiares,
instituições acadêmicas e público em geral, para orientar suas decisões quanto à
realidade dos cursos e das instituições [INEP, 2016].
Com esta perspectiva, instrumentos diversos de autoavaliação são desenvolvidos
por Instituições de ensino superior no Brasil, tendo perspectivas e modelos teóricos
distintos em sua construção e aplicação, atendendo as normativas do INEP e, em
especial, da CONAES em seu documento “Orientações gerais para o Roteiro de
autoavaliação das instituições” (BRASIL, 2004). Esse processo de autoavaliação deve
ser coordenado pela CPA (Comissão Própria de Avaliação) de cada IES, que segundo a
Lei 10.861, que tem entre suas atribuições, a condução dos processos de avaliação
internos da instituição, de sistematização e de prestação das informações, avaliar estes
dados e conduzir às melhorias necessárias.
Com respeito à terceira etapa do processo de autoavaliação, apontado neste
documento, há a “Consolidação”, que refere-se à importância da elaboração, divulgação
e análise de um relatório final deste processo, integrando também um balanço crítico do
processo avaliativo e de seus resultados em termos da melhoria da qualidade da
instituição [BRASIL, 2004].
Portanto, percebe-se que o processo autoavaliativo dá autonomia e respeito às
especificidades institucionais, dentro de uma perspectiva de que se tenham instrumentos
que avaliem elementos considerados básicos (Lei 10.861 e Roteiro da CONAES
apresentam estes elementos), mas pregam que haja um uso efetivo dos resultados,
identificando fragilidades e elementos positivos, contribuindo para a tomada de decisão,
conforme apontado:
A avaliação interna ou autoavaliação tem como principais objetivos produzir
conhecimentos, pôr em questão os sentidos do conjunto de atividades e
finalidades cumpridas pela instituição, identificar as causas dos seus
problemas e deficiências, aumentar a consciência pedagógica e capacidade
profissional do corpo docente e técnico-administrativo, fortalecer as relações
de cooperação entre os diversos atores institucionais, tornar mais efetiva a
vinculação da instituição com a comunidade, julgar acerca da relevância
científica e social de suas atividades e produtos, além de prestar contas à
sociedade. Identificando fragilidades e as potencialidades da instituição nas
dez dimensões previstas em lei, a autoavaliação é um importante instrumento
para a tomada de decisão e dele resultará um relatório abrangente e
detalhado, contendo análises, críticas e sugestões [BRASIL, 2004].i
No entanto, pergunta-se: quais as melhores e mais eficazes formas de interpretar
esses dados da autoavaliação oriundos de vários segmentos participantes, que com sua
diferente percepção e subjetividade? Como aproximar-se dessa gama de sugestões que,
a partir de instrumentos mais abertos, permitem ao sujeito participante da autoavaliação,
opinar, elogiar, criticar e apontar elementos aos cursos, infraestrutura, docentes e
processo de ensino-aprendizagem, e, ainda, como melhor conduzir estes dados aos
gestores responsáveis e que podem melhorar cada vez este processo educativo? E esses
gestores, após receberem esses dados analíticos, como poderão conduzir suas reflexões
sobre atividades e processos empregados, gerando avanços também qualitativos em suas
instâncias dentro do ensino universitário?
Estas questões conduziram debates internos também dentro da URI –
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Erechim, que
juntamente com a CPA desta Instituição e deste Câmpus, apresentam aqui duas
ferramentas, tratadas neste artigo como “metodologias”, que atualmente contribuem
com a qualidade das análises dos dados oriundos das autoavaliações e o
acompanhamento dos processos de melhoria e consolidação de pontos fortes junto ao
seu corpo gestor.
Apresentar essas ferramentas e sua aplicação nesta Universidade é objetivo deste
artigo, que procura também esboçar sobre principais conceitos de avaliação e sua
relação com a gestão na seção 2, aspectos metodológicos da construção deste artigo na
seção seguinte, apresentando os resultados, especificamente sobre o uso destas
ferramentas na quarta parte, e finalizando na seção 5.
Almeja-se que este artigo, suas indagações e alternativas de métodos qualitativos
venha a contribuir para junto do processo da cultura avaliativa nas IES, especialmente
com a descrição de ferramentas e ao processo de gestão que transcende a coleta de
dados na autoavaliação, e que mostra-se eficaz na aplicação em uma Universidade
gaúcha, podendo servir também, para outras IES que vivenciam o mesmo desafio.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sobre o ato de avaliar e suas tipologias
Em uma perspectiva educativa, pode-se resumir a ação de avaliar como atividade que
visa alcançar um nível de melhor qualidade [Ribeiro, 2015]. Comparando a essência do
termo avaliar entre alguns autores que dialogam com avaliações universitárias, pôde-se
perceber que alguns aproximam o verbo da necessidade da dinâmica, da relação com a
gestão, da subjetividade e complexidade intrínsecas, conforme o quadro desenvolvido
procura mostrar.
CONCEITO AUTORES
Atribuir valor a algo/coisa, sendo uma operação mental Silva (apud Garcia, 2001)
Apreciar, analisar, atribuindo valor por avaliadores, calcular, estimar Ferreira (1995)
Ato dinâmico, essencialmente político, expressando concepções do homem Sordi (apud Fenili, 2002)
Juízo de qualidades sobre dados, com vistas a uma decisão Luckesi (apud Fenili, 2002)
Serve para guiar tomadores de decisão, orientando-os quanto a continuidade,
correções ou suspensão de políticas ou programas
Unicef (1990 apud Costa e
Castanhar, 2003)
Devem subsidiar decisões [...]. Precisam ser ágeis, presentes e
continuamente contribuir com os objetivos ou realinhamento destes
Pena Firme (apud Garcia,
2001)
Quadro 1 – Autores e conceitos sobre o que envolve avaliar
Fonte: As autoras, com base em Silva e Silva (2008)
Encontra-se na literatura diferentes tipos de avaliação, muitas vezes divergentes.
Dias Sobrinho (2003 apud Ribeiro, 2015) afirma que há avaliações que podem ser
classificadas em dois grupos: as que almejam aferição e controle, com formato mais
objetivo, influenciada pelo positivismo, privilegiando tratamento estatístico, análise
quantitativa; e as que buscam desenvolvimento, que observam os processos, sendo
geralmente de caráter mais subjetivo, cujo método compreensivo-fenomenológico é
adotado, a partir de opiniões das percepções dos sujeitos avaliados.
Podem ser, segundo Cotta (2001 apud Silva e Silva, 2008) externas, internas,
mistas e participativas, considerando onde é realizada e quem participa; ou ainda,
segundo Cavalcanti (2004) e Cohen e Franco (1993 apud Silva; Silva, 2008) ex-ante, ex-
post, formativa ou de processo, ou ainda, de monitoramento, isto considerando sua
natureza no momento da realização.
Ambos podem, segundo Ribeiro (2015), ser parte de um modelo educativo, cujo
objetivo é aprimorar a qualidade do trabalho de uma instituição, ou ser parte de um
modelo mais regulatório, com objetivos de cumprir regras de funcionamento do sistema
de educação, buscando níveis de qualidade.
Contera (2000 apud Ribeiro, 2015) também apresenta modelos de avaliação da
qualidade da educação superior, e cita quatro grandes categorizações, tendo como
variáveis a presença em maior ou menor grau do estado; e o olhar sobre como se avalia
a qualidade. Neste sentido, as avaliações denominadas por ele como “democráticas”,
incluem as avaliações onde a presença do estado é menor, envolvem a participação da
instituição e utilizam indicadores de qualidade definidos pelas instituições, sendo este
modelo base para a discussão neste artigo.
2.2 A autoavaliação segundo conceitos educacionais
Segundo Cardoso, Santos e Figueiredo (2002, p. 3 apud Maba e Marinho, 2012, p.456),
a autoavaliação é “é um ciclo, entendido sistemático e regular, de revisão das atividades
e resultados da organização em relação a um modelo de excelência, culminando em
ações melhor planejadas”.
A autoavaliação pode estar delineada em conceitos formativos distintos, que
Gatti (2006, p. 322 apud Maba e Marinho, 2012) classificam como “modelos”. Estes
não são excludentes entre si, mas há que se ressalvar que apenas os dois últimos
atendem as novas perspectivas da avaliação institucional:
• Modelos descritivos – Coleta de dados que caracterizam a instituição mediante
aplicação de questionários, cujas respostas permitem traçar um perfil sobre várias
variáveis;
• Modelos descritivo-analíticos – Comparam ou cruzam variáveis derivadas dos
processos internos e dos produtos;
• Modelos reflexivo-interpretativos – Partem de uma base descritiva e analítica,
“avançam interpretações, traduzindo significados e relevâncias”, o que lhes permite
agregar formas diversificadas de coleta de dados como entrevistas, observação, grupos
focais, entre outros, respeitando a diversidade institucional;
• Modelos reflexivo-participativos – Possuem apoio em premissas e formas de
coleta da avaliação participativa, envolvendo “situação de reflexão sobre as formas e os
processos de desenvolvimento das diversas atividades institucionais”, além dos “vários
segmentos participantes em diálogos reflexivo-interpretativos das representações e
significados dessas ações e seus impactos percebido ou possível”ii.
Maba e Marinho (2012) apontam a autoavaliação como um processo
multifacetário, envolvendo questões de ordem teórica, profissional, atitudinal, valorativa
e contextual, sociocultural e política. Portanto, segundo estes, a construção de
indicadores de qualidade é objeto-processo dinâmico, onde a qualidade da educação, é
permeada por um juízo de valor.
Para as Universidades, a autoavaliação deve contribuir no avanço da sua
qualidade, contribuindo para que as mesmas se posicionem de forma competitiva no
mercado, desde que haja disposição dos dirigentes em torná-la eficaz [Marback Neto,
2007, p. 20 apud Maba e Marinho, 2012].
A autoavaliação institucional não se constitui apenas em um instrumento de
recolhimento de informações a ser apresentado a instâncias superiores. Ela representa
uma ferramenta imprescindível ao trabalho do gestor, pois monitora a qualidade do
desempenho institucional promovendo o planejamento consciente com base no
diagnóstico sobre os pontos críticos que merecem prioridade. Esse planejamento acaba
por legitimar o processo de avaliação interna ao demonstrar para os segmentos
envolvidos que os mesmos estão contribuindo para o desenvolvimento institucional,
através da consideração de suas participações [Galdino, 2011].
Ainda, segundo este autor, a autoavaliação conduz a instituição a uma autocrítica
e (re)define seus caminhos com vistas à (trans)formação e melhora contínua da sua
realidade, associada à sua missão. A gestão institucional afirma sua eficiência, eficácia e
efetividade ao colaborar para o desenvolvimento pleno do processo de autoavaliação e
aliar ao seu planejamento os indicativos do mesmo na busca da excelência, revelando o
grau de correspondência entre as metas institucionais e os resultados alcançados.
A autoavaliação institucional é um processo dinâmico, contínuo e colaborativo,
cujo resultado permite uma visão ampliada ao gestor sobre a realidade institucional,
levando-o à orientação de sua equipe para um planejamento mais consciente.
Com a autoavaliação, segundo Eyng (2004), muitas decisões institucionais
podem se pautar nos resultados da avaliação e a organização tende a estar mais apta para
aprender a avançar qualitativamente, direcionando-se para o aperfeiçoamento,
crescimento e superação. O processo de reflexão sobre a avaliação é uma poderosa
ferramenta de aperfeiçoamento e avanço da universidade e de democratização e avanço
da sociedade, pois permite refletir, ainda, sobre a formação do profissional cidadão.
2.3 Importância da gestão da informação e suas ferramentas
As organizações estão cada vez mais valorizando as diferentes ferramentas de gestão,
que possibilitam acompanhar desempenho e alcançar diferenciais competitivos,
oferecendo informações precisas e que permitem antecipar-se aos acontecimentos
futuros, tornando a tomada de decisão mais efetiva.
Alguns dos motivos que conduzem às organizações a pensar e adotar sistemas de
informação são a busca de suporte de seus processos operacionais, o suporte para a
tomada de decisão de seus gerentes e funcionários e ainda o suporte em suas estratégias
em busca de vantagem competitiva [O’Brien, 2006].
Para Laudon e Laudon (2007), um sistema de informação (que faz parte do
conceito maior que é gestão da informação), pode ser explicado como um conjunto de
componentes que processam, coletam, armazenam e transmitem informações com
objetivo de ajudar na tomada de decisão e na análise de problemas, assim obtendo uma
vantagem estratégica.
Entre esses componentes, é necessário que se distinga dado e informação. Dado
é qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma
compreensão de determinado fato ou situação. Informação é o dado trabalhado que
permite ao executivo tomar decisões [Marques, 2013].
Já a função de um software como sistema de informação é manipular
informações, processando, armazenando, distribuindo informação com a finalidade de
facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório em
uma organização [Laudon e Laudon, 1999].
Tachizawa (2006) apontam que em instituições de ensino, as informações
também são caracterizadas como um recurso estratégico, podendo ser utilizadas para a
solução dos problemas decisórios e, são identificadas, de forma segregada daquelas
informações de caráter operacional.
Nesse sentido, as tecnologias avançadas de informação, ou seja, os sistemas de
informações computadorizados são elementos indispensáveis às organizações no atual
ambiente competitivo global. Utilizando-se de novos recursos tecnológicos, ou seja, os
hardwares disponíveis e agregando bons sistemas de informações, as instituições podem
conhecer mais sobre seus processos, suas rotinas, seus erros, reformulando-os de forma
mais ágil [Cornella, 1994], e com acompanhamento dos seus gestores.
Algumas ferramentas de gestão de informações utilizadas por universidades
foram apontadas por Rosa (2007). Entre elas, Enterprise Resources Planning (ERP),
On-Line Analytical Processing (OLAP), Data Warehouse (DW) e Data Mining (DMn).
Cabe destacar, ainda, que o mercado oferece opções de software livre, e que em
alguns casos, estes são úteis também. No entanto, segundo Rosa (2007), mesmo com
custos relativamente mais baixos são ponderados antes de sua aquisição, pois podem
apresentar algumas desvantagens como: ausência de um responsável legal, usabilidade
difícil e dificuldades de trabalhar as especificidades da organização.
Conclui-se que em qualquer organização do atual contexto, os dados organizados
de forma que permitam agilidade e eficiência a tomada de decisão são processos
necessários, e os softwares e sistemas de informação com tipologias distintas têm
contribuído para o alcance destes objetivos.
3 METODOLOGIA DESTE ARTIGO
Este artigo está sendo desenhado a partir de conceitos legais e bibliográficos sobre as
temáticas discutidas, utilizando-se também da tipologia “estudo de caso”, abordagem
qualitativa pela descrição das ferramentas que são objeto de explicitação e pelas
características dos dados resultantes destas aplicações, com foco na autoavaliação na
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Erechim.
A escolha desta Universidade e Câmpus para este estudo de caso deve-se ao fato
das autoras atuarem nesta Instituição e CPA, contribuindo para o real acompanhamento
dos processos e desenvolvimento deste artigo.
Sobre a descrição das ferramentas e novas metodologias apresentadas no corpo
dos resultados, estas se referem à aplicações internas, e incluem o uso do software
Sphinx versão léxica, e o software CPA online, desenvolvido pela própria Universidade,
conforme apontado naquela seção. Portanto, o termo “metodologia” utilizado desde o
título deste artigo, limita-se às ferramentas e procedimentos adotados na URI Erechim,
considerando processos nacionais de autoavaliação de IES brasileiras.
Cabe salientar ainda que nos resultados apresentados, há partes de opiniões
emitidas por um membro diretivo em nível estratégico do Câmpus, assim como dados
de fala de um coordenador de curso de graduação, ambos escolhidos aleatoriamente
entre a população total de sujeitos assim categorizados (três diretores em nível
estratégico) e 25 Coordenadores de Cursos de graduação, deste Câmpus.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 A autoavaliação na URI
A Avaliação Institucional vem sendo desenvolvida na URI desde 2004, atendendo as
orientações do SINAES. No entanto, a gênese das ações da Avaliação na URI
antecedem tal sistema e remetem à implantação do Programa de Avaliação Institucional
das Universidades Brasileiras (PAIUB), em 1993.
A avaliação na instituição ocorre semestralmente, abrangendo os diferentes
segmentos da comunidade acadêmica que participam do processo respondendo os
instrumentos on-line, diversificados, com constantes avanços tecnológicos para o
acesso, tendo questões objetivas e sugestões em campo descritivo. No primeiro
semestre, professores e acadêmicos avaliam as disciplinas do período anterior.
No segundo semestre, participam da avaliação os acadêmicos da graduação e da
pós-graduação, professores, coordenadores, funcionários técnico-administrativos e
comunidade externa. Os gestores e a comunidade externam participam da autoavaliação
a cada dois anos, mas em anos distintos. Portanto, pode-se afirmar que a autoavaliação
na URI tem caráter interno e externo e ex-post, já que foca em ações que já ocorreram,
mas com abertura para sugestões em nível futuro.
Para consolidar a avaliação na IE são realizadas, a cada ano, cinco etapas:
Sensibilização e Mobilização da Comunidade Acadêmica e Externa; Diagnóstico
Institucional; Avaliação Institucional Interna e Externa; Análise; e Divulgação dos
Resultados, dentro do que prevê o PAIURI – Programa de Autoavaliação da URI.
Em 2015, a CPA passou a categorização em palavras-chave as sugestões
apontadas pelos participantes. Esta compilação, era então passada para um documento
estilo quadro, onde por curso e disciplina, se verificava a incidência das palavras-chave,
e isto veio a contribuir com a compreensão dos gestores de forma mais rápida e
sistêmica. No entanto, este processo é bastante lento, exigindo organização dos dados
em tabelas por cursos e disciplinas, o que então levou a pensar em novas metodologias e
ferramentas que pudessem vir a auxiliar.
4.2 A análise avançada com utilização do software – Sphinx léxica
Considerando a importância e a boa aceitação das análises apontadas na seção
anterior, compilando além dos dados quantitativos, os qualitativos (campo sugestões)
em palavras-chave, e a necessidade de avançar em termos de diferentes análises em
menor tempo, passou-se a utilizar a ferramenta software Sphinx versão léxica, fornecida
pela empresa Sphinx.
Desta forma, a partir do recebimento dos dados brutos da autoavaliação,
coletados e armazenados na Reitoria, e considerando a flexibilidade de cada unidade, a
CPA da URI Erechim faz a leitura individualizada de cada sugestão e já aloca às opções
na parte inferior da mesma tela (as palavras-chave). Estas, são compiladas e permitem
cruzamentos diversos, como dados de alunos com professores em uma mesma
disciplina/curso, cruzamento de dados em vários períodos (o que permite verificar se
houveram mudanças ou não com o decorrer do tempo em disciplinas/cursos), gerar
gráficos, além de segmentar por tipos de participantes (Figura 1), e produzir relatórios
de qualidade, que unificados ou não, dão condições de uma melhor gestão aos gestores
de nível estratégico no Câmpus, aos Coordenadores de área, de Cursos, Professores,
Setores e órgãos de apoio envolvidos. A Figura 2 mostra um exemplo de tela de análise
por disciplina, com incidência das palavras-chave.
Figura 1 – Compilação em palavras-chave dos dadas da autoavaliação, por segmento participante
Figura 2 – Visualização da análise da autoavaliação por disciplina
Face a esta visualização analítica dos dados, a CPA as dirige para quem entende
que compete estes apontamentos, sugestões, complementações e reforços de aspectos
positivos, solicitando planos de melhoria, e acompanha o andamento desses, via outra
ferramenta/metodologia, objeto da próxima seção.
4.3 O acompanhamento via nova metodologia – o Software CPA online
Os relatórios analíticos e gráficos gerados pelo software Sphinx são socializados com a
Direção do Câmpus e todos demais envolvidos já citados, juntamente com o
direcionamento das palavras-chave aos que de alguma foram precisam planejar
melhorias ou reforçar aspectos positivos, dentro do seu âmbito de competência.
Para isto, visando acompanhar a efetividade destes Planos de Melhoria, foi
delineado pela CPA deste Câmpus, um software de acompanhamento para que junto as
estes diversos Planos de Melhoria fosse possível receber os mesmos e ter um controle,
cadastrando-os quanto à sua natureza, seus responsáveis, de qual indicador de
melhoria/período de autoavaliação se refere. Ainda, o software permite que a CPA faça
um direcionamento deste aos Eixos do SINAES, ao PDI da Universidade e ao Plano de
Gestão da URI, podendo assim, a qualquer momento, oferecer informações sobre o real
atendimento a estes, acompanhamento também solicitado em legislações para o ensino
superior.
Desta forma, Direções do Câmpus, Coordenações de áreas e Cursos, setores de
apoio, Núcleos e Comitês aos quais os apontamentos são dirigidos, desenvolvem seus
planos de melhoria, que são cadastrados no software “CPA online” (Figura 3) que pode
também ser visto por cada um desses via login e senha próprios.
Para cada Plano de Melhoria cadastrado tem um tempo determinado para sua
efetivação. À medida que as ações desencadeadas pelos Planos de Melhoria são
concretizadas, cada gestor encaminha à CPA os comprovantes das mesmas, que também
ficam arquivados.
Figura 3 – Parte da tela de cadastro de Plano de Melhoria no software “CPA online”
4.4 Os resultados efetivos da utilização destas novas metodologias na URI Erechim
A seguir, apresentam-se dois depoimentos de gestores, um em nível estratégico e um em
nível de coordenação de curso de graduação, sobre a sua percepção destas novas
metodologias/ferramentas implantadas na URI Erechim.
Em ambas citações, percebe-se que os benefícios trazidos pelas ferramentas
discutidas neste artigo resultaram em análises mais específicas e possibilitaram dirigir
estratégias mais assertivas, de forma inovadora e que já apresentam melhorias na
qualidade das atividades desenvolvidas na Instituição.
- “A metodologia e os novos instrumentos utilizados facilitaram o ajuste de estratégias para a
qualificação do ensino-aprendizagem, bem como facilitaram a inovação no acompanhamento didático-
pedagógico de todos os profissionais envolvidos nos cursos superiores de nossa IEs.”(Gestor).
- "A avaliação institucional é de extrema importância para que universidade e cursos possam tomar
ações que visam melhorar ainda mais a qualidade do ensino na instituição. Estes dados revelam a
percepção de nossos públicos (alunos, professores, funcionários e comunidade), e quando analisados
com a ajuda de softwares, nos permitem ter dimensões que nos auxiliem no planejamento de ações
voltadas a uma excelência." (Coordenador de Curso).
5 CONCLUSÃO
Entende-se que estas duas novas metodologias/ferramentas de análise qualitativa
empregadas, pelo trabalho já realizado e opiniões já expressadas, têm contribuído para o
avanço da efetividade das melhorias na qualidade no ensino superior na URI Erechim, a
partir dos dados da autoavaliação. Entende-se ainda que este artigo alcançou seus
objetivos ao discutir ferramentas que, desenvolvidas, ajudam a interpretar e dirigir ações
de melhoria quando oriundos do processo de autoavaliação institucional.
Atende ao modelo reflexivo-participativo de autoavaliação, quando consegue,
com apoio destas metodologias, aproximar os dados analíticos de quem se incube de
alguma forma a repensar o ensino na Universidade, seja ele gestor diretor, coordenador,
professor, setor de apoio, até o discente.
A CPA valoriza sua ação efetiva de não apenas oferecer ou organizar a
autoavaliação, mas sim de conhecer, analisar, refletir e conduzir às ações necessárias, às
especificidades dos dados deste importante processo avaliativo na educação superior.
Atende, portanto, aos ditames da CONAES, quando explicita-se que a autoavaliação
deve ser um processo cíclico, criativo e renovador de análise, interpretação e síntese das
dimensões que definem a Instituição.
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i Nesta citação, a palavra “autoavaliação” foi apresentada literalmente, como na fonte da CONAES, 2004,
não considerando a mudança ortográfica da língua portuguesa que define o termo como “autoavaliação”,
citada desta forma em outras partes deste artigo.
ii Alterou-se os textos originais dos autores citados, mas manteve-se os destaques em aspas originais
visando conduzir os apontamentos destacados ao leitor final deste artigo.