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Page 1: O Caboclo E A InformáTica

O Caboclo e a Informática

1De uns tempos pra cá vejo uma coisa esquisita Uns rapazes ajeitados e umas moças bonitas Andam falando sozinhos dão risada fazem “fita”e que está acontecendo contando , ninguém acredita. 2Depois de muito observarO que está havendo agoraResolvi me informarA quem pudesse explicarO mundo tranqüilo de outroraE essa pessoa falouQue é o tal computadorA grande invenção da história 3Estas coisas que o senhor vêNão são estranhas, pode acreditarElas não falam sozinhasDo outro lado da linha Tem alguém a lhes escutarCompram vendem até namoramSem precisar se encontrarMesmo os grandes negócios são feitos por celular 4Ela explicou que as coisas Acontecem como magiaBasta dar um “tal de clik”Nas máquinas de hoje em diaVocê fala lá no JapãoCom seu irmão ou sua tiaToda esta facilidade Isso é a tecnologia. 5Inda fiquei matutandoEsse moço endoidouEle está fazendo um “deus“Desse tal computadorE depois esse tal de clikIsso ta meio suspeito, sei nãoEu nem tenho parente no Japão.

6Outra coisa muito suspeitaGrande invenção da históriaSujeito esquisito,Parece que não tem memóriaE o rádio, a televisão,O navio e o aviãoPois ele não sabe então Que não são coisas de agora? 7Ele se esquece dos inventosDa terra do céu e do marDe todo tempo e trabalhoDo homem, pra inventarImagine se Santos Dumont Montado no 14 BisEsperasse o tal do clikPra fazer ele voar? 8Foi preciso muito esforçoPesquisar, trabalharDesenvolver a ciênciaSob o sol ou sob o luarNão ficar buscando atalhoSentar na frente da máquina Pra copiar e colar. 9Estas coisas eu escuteiE comecei a observarPrincipalmente os mais jovensNão querem saber de pensarPra quê, se tá tudo prontoNão tem mais o que inventarSe eu tenho tudo à mãoComputador, internet, celular? 10Alguns quase nem saemPra bater papo, namorarFazem isso on lineNão precisa se preocuparFazem isso falando sozinho Na rua por celular.

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11Estão deixando de lado As boas coisas da vidaA busca constante do outroPra poder se completarPois ninguém é uma ilhaSe ficarmos isoladosOs problemas tendo a aumentar. 12O contato com o outroÉ uma coisa sem igualTer amigos, passear na praçaQue era muito naturalVirou coisa do passadoDizem que a moda agora É o sexo virtual. 13A informática tomou contaDe todo comércio do lugarO funcionário olha é pra máquinaNão dá nem pra papiáBusca numa tal de telaTudo que eu fui perguntarAquelas máquinas esquisitas Sabem de tudo informar. 14No mercado eu não entendoComo ela faz pra acertarEu entro pra fazer comprasEla não sai do lugarMas quando eu chego pertoNem precisa perguntarEssa maquina bisbilhoteiraJá sabe o tanto que eu vou ter que pagar.15No banco ainda é piorNem sei se posso explicarEles enfiam um trem na máquinaE vai nuns botão apertarAí ela cospe dinheiroPra pessoa que ta láAcho que é o fim do mundoNão sei nem o que pensar.

16Me lembrei quando meninoUma história que ouvi contarDe uma árvore que dava dinheiroComecei imaginarPlantar umas moedinhasPra elas poder aumentarEu com uma máquina dessasNem ia mais trabalhar. 17Comecei pensar na escola Como está nesse momento Com tanta informação Jogada como que pelo ventoEla deve parar pra pensarNo mal que pode causarSe não souber aproveitar Pra produzir conhecimento. 18Resolvi então visitar A escola lá da vilaPra poder observarComo é lá, no dia- a- diaVer como estão convivendoCom tanta tecnologiaPois todo canto que se vaiUsam a máquina como magia. 19Vi que até aqui na vila Já tinha computadorLigado na internetPara aluno e professorMuitos viviam clicando, Digitando, conectandoMas alguns, principalmente os mais velhos, tinham verdadeiro pavor.Assim segue a rotina Quase todos a conectarSempre tinha alguém Pra elogiar ou criticarPorém, o importante é entenderQue tudo que se faça na escola Seja para aprender ou para ensinar.