UNIDADE DIDÁTICA
O COTIDIANO DA MULHER DO CAMPO: VIVÊNCIAS E EXPECTATIVAS EM
RELAÇÃO À EDUCAÇÃO
CHOPINZINHO/PR – 2013.
ANA ENIR DE ARAUJO ROCKENBACH
O COTIDIANO DA MULHER DO CAMPO: VIVÊNCIAS E EXPECTATIVAS EM
RELAÇÃO À EDUCAÇÃO
Produção Didático Pedagógica
elaborada para o Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE)
– 2013, pela professora Ana Enir de
Araújo Rockenbach, do NRE de Pato
Branco.
Orientador(a): Prof.ª Dra. Ana Maria
Rufino Gillies
Chopinzinho/PR – 2013
Ficha para Identificação da Produção Didático-Pedagógica – Professor PDE 2013
O cotidiano da mulher do campo: vivências e expectativas em relação à educação.
Autor: Ana Enir de Araújo Rockenbach
Disciplina/Área: História
Escola de implementação do projeto: Colégio Estadual do Campo João Paulo I
Município da escola: Chopinzinho
Núcleo Regional de Educação: Pato Branco
Professor orientador: Ana Maria Rufino Gillies
Instituição de ensino superior: Unicentro/Irati
Relação interdisciplinar: Sociologia
Resumo: Realizar este projeto sobre o cotidiano da
mulher do campo nos remete à uma
reflexão mais consistente sobre suas
vivências e suas expectativas relacionadas
à educação, que é o nosso foco de estudo.
O que nos incentiva a fazer este trabalho é
a nossa convivência com as mulheres do
campo e, principalmente, porque fazemos
parte deste universo rural, como
professores da escola do campo e filhos de
agricultores. É percebido que existe uma
preocupação constante das famílias do
campo em relação à educação dos seus
filhos. Algumas mulheres demonstram em
suas conversas e atitudes um interesse
especial na formação educacional da filha
mulher, pois desejam a elas uma vida
diferenciada da sua. Felizmente, o acesso à
escola tornou-se realidade no campo e,
consequentemente, a família vem traçando
um novo perfil de relações de gênero. É
comum perceber que a família patriarcal
não é mais a detentora absoluta do poder,
mas outro modelo de família vem se
constituindo, onde o cônjuge divide as
tarefas, participa das discussões sobre os
problemas da família e ambos participam
em comum acordo da comunidade onde
vivem.
Palavras-chave: Mulher, cotidiano, campo, educação,
gênero.
Formato do material didático: Unidade didática.
Público-alvo: Comunidade escolar, ou seja, pais, alunos e
professores.
1. Apresentação
Para realizar uma análise do contexto histórico-social sobre gênero, é
necessário visualizar uma longa trajetória sobre a sedimentação da hierarquia de
poder constituída. A concepção da palavra gênero feminino surge vinculada ao
movimento feminista norte-americano para contrapor o determinismo biológico,
com ênfase ao aspecto social das diferenças. È sabido que a palavra gênero na
maioria das vezes, é utilizada para designar a classe do feminino e não
necessariamente o termo feminista.
Devido a importância e a repercussão dos movimentos feministas,
automaticamente o termo gênero é substituído pelo termo mulher em função da
presença ativa das mulheres frente as lutas e movimentos na conquista do seu
espaço numa sociedade que sempre pertencera ao homem como detentor do
poder e senhor das decisões na sociedade e na própria família. Neste sentido, a
figura da mulher aparece como sujeito histórico e não mais com a designação
simples de gênero. Mas é preciso analisar que esta discussão sobre a identidade
de gênero é histórica, apesar das conquistas através das lutas e movimentos
sociais, a autoridade do homem ainda prevalece na sociedade moderna.
Isso demonstra que, nas relações de gênero, se faz necessário a
homogeneidade das reivindicações femininas numa luta de classe legítima
fazendo com que prevaleça a identidade feminina.
Nas diversas leituras da história das mulheres nas suas relações de
gênero, é preciso ter em mente a complexidade da trajetória das lutas e dos
movimentos femininos. Desde os tempos mais remotos da história, a identidade
deste gênero tem sido imprecisa, com algumas denominações pejorativas e
machistas, tais como herege, bruxa, sexo frágil e, outras vezes, rainhas ou
divindades. Observa-se que não existiu uma identidade única para caracterizar a<
mulher. Em cada período da história da humanidade, criou-se uma simbologia
para velar a identidade feminina. É como se o termo mulher tivesse outra
conotação, mas nunca vista como sujeito da história.
O mundo vive agora, 2013, a era do conhecimento, da informação e do
respeito às diversidades. Apesar de todo o aparato das leis, documentos e artigos,
para garantir direitos iguais para as mulheres, a cultura do machismo ainda está
impregnada na concepção do pensamento humano e o casamento ou a união
instável ainda são a garantia e a seguridade que amparam esses direitos fazendo
com que o casamento seja de fato uma sociedade igualitária tanto para o homem
quanto para a mulher e não simplesmente uma relação de parentesco onde o
vínculo matrimonial define as relações e ao mesmo tempo delega funções as
quais o cônjuge deve cumprir perante a sociedade. Desta forma se estabelecem
condições desiguais, onde a regra para as mulheres é a efetivação do papel de
esposa, dona de casa e mãe.
Nesta perspectiva, fica claro que a instituição social do casamento define a
mulher para o papel maternal, surgindo assim a construção do estereótipo “toda a
mulher é mãe”. Essa afirmativa é questionável, naturalmente. Não se pode negar
que o corpo feminino é o reprodutor; no entanto, possuir os órgãos reprodutivos e
ter vocação de ser mãe são duas coisas bem distintas. Mas a cultura da mulher
procriadora é milenar e o casamento, nesta conjuntura, é o ato que consuma este
fato.
Em sentido contrário, já é possível observar o prelúdio de um novo tempo.
As mulheres mais jovens vem alterando este comportamento maternal, ou seja, a
mulher moderna não sente-se obrigada a desempenhar o papel de mãe, mas
dividir esta tarefa com o esposo ou companheiro. Existe a preocupação com a
idealização do casamento e os filhos, cada vez mais posta em questão. Por outro
lado, hoje, o sexo pode ser desvinculado da função reprodutiva e transformar-se
em realização de prazer. Esse conflito de gerações entre mães e filhas é visível
nas discussões incentivadas pela escola do campo. As mulheres jovens desejam
construir uma vida diferente. Sonham com um futuro melhor, frequentam a escola
assiduamente, admitem coabitar o mesmo teto com um homem antes do
casamento, opinam e expõem suas ideias. É claro que não se pode generalizar
esta realidade. Muitas seguem o padrão de vida da família conservadora e vivem
uma certa ambiguidade sobre namoro, sexo, casamento e sobre o próprio trabalho
reprodutivo feminino.
Joana Maria Pedro (1994) destaca que pesquisas inovadoras tem apontado
as tensões sociais nas quais as relações entre as classes, os sexos, as etnias
determinam os lugares sociais das mulheres e constroem as exclusões ao recorrer
a mitos e estereótipos presentes na cultura ocidental. É percebido que estas
tensões têm causado muito mal estar nas relações de conflitos de qualquer
natureza, especialmente entre aqueles denominados inferiores como é aqui o caso
da mulher, pertencente, outrossim, a uma categoria heterogênea marcada
historicamente por mitos e estereótipos, tornando-se senso comum a ideia de que
lhe cabe um espaço inferior, determinado ao longo da história.
A trajetória das lutas dos movimentos travados, seja do movimento
feminista, seja da mulher do campo, ou ainda das representantes do MST, vem
sendo caracterizadas por um desconforto em relação à imposição machista na
hierarquia de gênero, que sempre delegou à subordinação a mulher, como se a
sujeição fosse obrigatória. Nestas relações de conflito, a única verdade é a luta
pela visibilidade da mulher enquanto sujeito da história, pela valorização do
trabalho desempenhado pela categoria, seja ele na terra ou em qualquer outro
seguimento e também a luta para garantia de direitos civis.
Nesta rivalidade de luta pelo espaço, em sua dimensão de região simbólica,
entre ambos os sexos, as mulheres sempre alcançaram êxito em movimentos
reivindicatórios quando os propósitos não foram por mudanças radicais que as
favorecessem exclusivamente, mas para defender causas em prol de interesses
de camadas mais amplas, como, por exemplo, contra a ditadura, a favor da
anistia política, pela criação dos conselhos municipais, sem falar dos movimentos
sufragistas e outros, a maioria tendo como pano de fundo a política. As mulheres
trabalham exaustivamente na organização e em todas as tarefas de mobilização
de massas. No entanto, por razões religiosas, temas relativos à sexualidade e aos
direitos reprodutivos ficam inteiramente marginalizadas. É preciso discernir entre
as lutas legítimas dos interesses das mulheres e os interesses políticos que
reproduzem a figura masculina como defensor legal das causas sociais e da
igualdade de gênero como contempla a Constituição Brasileira no Capítulo I, dos
Direitos e Deveres Individuais e Coletivo (1988, Artº 5,Pag 5 parágrafo I).
Neste contexto é relevante analisar o antagonismo entre o universo do
homem do campo e o universo da mulher do campo. O espaço dos homens é o da
esfera pública: o bar, o futebol, as reuniões do sindicato e associações, a
comercialização dos produtos e ainda a tarefa de ser o chefe da família. O espaço
da mulher é o espaço da terra, dos trabalhos domésticos, dos cuidados a com a
horta e ainda a responsabilidade no cuidado das crianças. Não estão excluídas
dos acontecimentos comunitários, públicos, embora, em alguns momentos, se
afastem dos mesmos em função da chegada dos filhos.
É preciso diferenciar a importância do trabalho cultural que a mulher
desempenha nesse contexto. Além do trabalho agrícola na produção de alimento,
existem outras atividades, como grupos de trabalhos artesanais, as associações
do clube de mães, os cursos de culinária, os encontros de jovens do campo,
enfim, outras práticas culturais.
A conduta machista se reproduz, na grande maioria das vezes, a partir de
atitudes adotadas pela própria mulher na educação dos filhos. É delegada para as
meninas a função de organizar a casa e de exercer os afazeres domésticos. Para
os meninos, as tarefas exigidas são geralmente aquelas como cabendo ao pai
desempenhar, ou seja, o trabalho externo da casa, na lida com o gado, o trabalho
na lavoura e outros. Dessa forma, automaticamente, a cultura da família patriarcal
permanece como tradição nas famílias do campo.
Contraditório a este formato de família patriarcal, outro perfil de estrutura
familiar vem surgindo no campo e no trabalho com a terra. Hoje a divisão das
tarefas na lida no campo é fato concretizado. Apesar do homem ainda prevalecer
como produtor rural, a mulher desenvolve sua atividade de agronegócio paralela
as atividades agrícolas.
Por outro lado, há uma generalização quando se fala no homem do campo,
como se formassem uma categoria homogênea, de forma que os afazeres
domésticos atribuídos às mulheres não são caracterizados nesta conjuntura como
sendo trabalho do campo, fazendo com que, apesar dos vários papeis relevantes
que ela exerce, continua na condição de subalternidade.
Mulher
A mão que afaga
É a mesma mão
Que trabalha
Que planta semente
Que colhe o grão
A mão que abençoa
É a mesma mão
Que tira o leite
Que enverga o chão
A mão que ora
É a mesma mão
Que enfeita a casa
E que faz o pão
A mão que acarinha
É a mesma mão
Que lava a roupa
E seca o chão
A mão que se enfeita
É a mesma mão
Que aponta o caminho
Pra onde caminhar
É a mão de Maria
Da mulher brasileira
Faceira, trabalhadeira
Sempre companheira
Mas, estrangeira
Ao nosso olhar.
(Ana Enir de Araujo Rockenbach, 2013)
Nossa homenagem a esse gênero tem como fio condutor, na sua essência,
o desejo de promover o respeito à mulher como sujeito histórico e visualizada
como ser humano nas suas especificidades.
2. Material Didático
2.1 Unidade Temática
Conteúdos:
→ Aspectos culturais: Dados históricos e diferença de gêneros.
→ Aspectos emocionais: Auto conhecimento, relacionamento intrapessoal,
autoestima, relacionamento interpessoal, resiliência, papéis na família e na
sociedade, espiritualidade e lazer.
→ Aspectos sociais e ambientais: Qualidade de vida, alimentação saudável,
saúde, meio ambiente (sustentabilidade econômica-social e ambiental) cidadania,
sindicalismo, sucessão familiar e direitos da mulher.
→ Aspectos profissionais: Motivação, empreendedorismo, educação continuada.
Objetivos
→ Oportunizar momentos de discussão sobre os problemas que afligem as
relações interpessoais na família, bem como trocar experiências, no intuito de
melhorar a convivência.
→ Construir junto com as mulheres uma postura diferenciada frente aos desafios
pessoais, sociais e profissionais, desenvolvendo comportamentos mais adequados
e proativos nas esferas humanas, sociais e econômicas.
→ Realizar dinâmicas em grupo, reunindo pais, mães, filhos e professores para
fortalecer os laços de amizade, convivência e solidariedade.
Atividade Nº 1
Aspectos Culturais: Dados culturais e diferença de gênero
Comentário Introdutório
A luta pela libertação das mulheres foi um fator
fundamental desde os anos 1970 no mundo. É
condições de vida e contra todas as formas de
discriminação e exploração, que constitui uma arma
de luta para que as novas gerações entendam as
conquistas atuais como fruto de resistência,
dedicação e sacrifício pessoal das gerações que
antecederam.
(Movimento Popular de Mulheres do Paraná, 1988)
Objetivo
Despertar a curiosidade do grupo sobre a trajetória de luta das mulheres,
especialmente as lutas da mulher do campo nas suas relações sociais.
Desenvolvimento das Atividades
Palestra com abordagem sobre dados históricos e diferença de gênero com
um profissional do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Para Refletir
No Brasil, o período de formação dos movimentos das mulheres do campo
está atrelado ao contexto da abertura política, com início na segunda metade da
década de 1970 e consolidado a partir dos anos de 1980.
Sugestão: momento de discussão e interação com o grupo fazendo uma reflexão
sobre a importância das atividades desempenhadas pelas mulheres e as
conquistas efetivadas ao longo do tempo.
A mulher sempre esteve nos bastidores ao longo da história. Poucas vezes
ocupou o lugar de destaque, quase sempre através de muita luta nas relações de
poder, apesar de casos esporádicos onde o poder da sedução foi fator
fundamental nas suas conquistas, como Mata Hari e Cleópatra.
Geralmente as grandes guerreiras estiveram no anonimato, não por vontade
própria, mas pela conjuntura de uma sociedade machista onde imperou o poder do
homem. Não se trata de procurar diminuir, deslocar ou subjugar os homens, mas
apenas reclamar o direito de ser amadas e tratadas com igualdade.
O século XX foi um período de grandes
conquistas para a mulher: lutou pelos direitos de
votar, opinar, frequentar universidade, trabalhar,
ter igualdade de oportunidades, ganhar salários
semelhantes aos dos homens quando exercendo
as mesmas funções. Quando a sociedade
masculina deu espaço, avançou, transformou-se,
sem alarde, na maior força da sociedade.
Conquistou importantes postos de trabalho,
tornou-se maior número do que os homens em
muitos cursos universitários, brilhou na ciência e
desenvolveu inúmeras novas habilidades em
quase todas as áreas.
(CURRY, Augusto. A Ditadura da Beleza e a
Revolução das Mulheres. 2ª Edição. São Paulo:
Editora Sextante 2005.
Dinâmica de Grupo
CORRIDA DE OBSTÁCULOS
Objetivo: Estimular a persistência.
Materiais: Quaisquer objetos que sirvam como obstáculo.
Procedimento: Escolher duas pessoas que não a conheçam. Distribuir obstáculos
de várias espécies, livros, vasos, jarras, garrafas, almofadas pela "pista". Os
participantes devem ser exercitados (não correr) ao longo da pista, tratando de
desviar os obstáculos. Depois seus olhos devem ser vendados e, um por vez,
percorrer o mesmo caminho. Enquanto alguns procuram animá-los, aconselhando-
os como pisar, outros vão tirando do caminho todos os obstáculos. No final,
acrescentar uma bacia com água, ou algum outro objeto para assustá-los.
Atividade Nº2
Aspectos Emocionais: Auto conhecimento, relacionamento interpessoal e
autoestima.
Comentário Introdutório
“Os sujeitos do campo tem direito à uma educação pensada, desde o seu
lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades
humanas e sociais”. (Antenor Martins de Lima Filho, Coordenação de Educação
do Campo, 2006, pag. 09.)
Não se pode falar em sujeito do campo, sem destacar a importância da
figura da mulher campesina. A história, por muitos séculos, negou à mulher seu
direito à cidadania, apesar das lutas e resistências; o universo do campo nem
sequer permitia a visibilidade da mulher como sujeito ativo e participativo na
comunidade onde vive, relegando-a ao anonimato. São recentes a luta e os
movimentos dessas mulheres nas reivindicações de seus direitos civis e sociais.
Nesta luta pela igualdade e cidadania, a mulher do campo vem se
redescobrindo como ser humano, como mulher, e vem buscando se reconhecer
como sujeito da história. Como, por muito tempo, o exercício da educação era
exclusivo aos homens, enquanto para as mulheres cabiam as tarefas domésticas e
da lavoura, é justamente na educação como processo transformador de sua
condição individual e coletiva, que elas depositam todas as suas expectativas.
Objetivo
Oportunizar à mulher do campo um momento de interação e descontração
onde ela possa se auto conhecer através de músicas e brincadeiras.
Desenvolvimento das Atividades
Uma palestra com um profissional sobre os temas acima citados. Em
seguida, momentos de discussão com o grupo, onde todos possam participar de
maneira espontânea.
Sugestão: Lançar a seguinte frase: “Eu sou uma pessoa importante”. Fazer
questionamentos: Por que? Como? Onde?
Dinâmica de Grupo
PARA QUEM VOCÊ TIRA O CHAPÉU?
Objetivo: Estimular a autoestima
Materiais: um chapéu e um espelho. O espelho deve ser colado no fundo do
chapéu.
Procedimento: O animador escolhe uma pessoa do grupo e pergunta se ela tira o
chapéu para a pessoa que vê no chapéu e o porquê, sem dizer o nome da pessoa.
Pode ser feito em qualquer tamanho de grupo e o animador deve fingir que trocou
a foto do chapéu antes de chamar o próximo participante.
Contribuição enviada pela usuária do Blogger Andressa Carneiro - Vitória de Santo
Antão PE - dentista
Fonte: http://www.cdof.com.br/recrea18.htm#2
Atividade Nº 3
Aspectos Emocionais: Papéis na família e na sociedade, espiritualidade e
lazer.
Comentário Introdutório
Para fazer um comentário sobre a mulher na família e na sociedade, é
necessário visualizar um passado arcaico em relação à função da mulher
naqueles contextos. Na história do Brasil, principalmente, eram nitidamente
divididas as tarefas femininas e masculinas. O que pode-se dizer é que, de certa
forma, perduram ainda hoje algumas divisões de trabalho. Acredita-se que seja
uma forma de inferiorizar o trabalho feminino, uma vez que é comprovada a
diferença de salários.
Quanto ao trabalho na família, é importante problematizar a questão das
atividades domésticas, geralmente determinadas como cabendo às mulheres,
como se cuidar da casa fosse uma vocação natural para elas, além de lhe serem
atribuídas ainda a função de fomentar a afetividade e a espiritualidade na prole.
Objetivo
Promover a troca de informação entre as mulheres para deixá-las à vontade
e falar de seus familiares, costumes, tradições e lazer na comunidade onde vivem.
Desenvolvimento das Atividades
Palestra sobre os temas discutidos.
Sugestão: Fazer a leitura do poema; Mulher acima citado, em seguida fazer uma
discussão sobre a importância da função da mulher na família.
Dinâmica de Grupo
SOLIDARIEDADE É A GENTE QUE FAZ
Objetivo: conscientizar-se da importância da solidariedade na convivência social.
Material: revistas, jornais, papel ofício, cola, fita crepe, hidrocor, papel metro.
Desenvolvimento:
1) Formar subgrupos.
2) Distribuir material aos subgrupos.
3) Cada subgrupo deve montar, com o material recebido, um painel no qual
apresente situações de solidariedade, em oposição a situações individualistas,
dando um título sugestivo para o trabalho.
4) Apresentação dos painéis, seguida de discussão sobre os pontos que mais
chamarem a atenção do grupo.
5) Plenário - discutir as seguintes questões:
- Qual a importância da solidariedade na sociedade contemporânea?
- De que iniciativa solidária você já participou?
- Que pessoas e organizações são exemplos de solidariedade no bairro, na
escola, na sociedade?
6) Fechamento: o facilitador ressalta para o grupo o valor da solidariedade para o
enfrentamento de questões como fome, educação, saúde, emprego etc.
Fonte: “Aprendendo a ser e a conviver”, Fundação Odebrecht, Editora FTD.
Atividade Nº4
Aspectos Sociais e Ambientais: Qualidade de vida, alimentação saudável e
saúde.
Comentário Introdutório
Qualidade de vida é um tema complexo e falar sobre ele requer a presença
de um profissional especializado. É necessário ter a compreensão do ser total
envolvendo alimentação adequada, prática de esporte, lazer e ambiente propício a
um bom desenvolvimento psicológico, entre outros fatores. Também é importante
fazer uma leitura do contexto social e econômico, conhecer os hábitos alimentares
e destacar a importância de acompanhamento médico periodicamente, com vistas
à prevenção do câncer de útero, câncer de mama e da osteoporose etc.
Objetivo
Oferecer às mulheres uma oportunidade de esclarecer as dúvidas,
questionamentos e mitos sobre a saúde da mulher.
Desenvolvimento das Atividades
Palestra sobre o tema com um profissional.
Sugestão: Oportunizar um momento para o grupo sanar dúvidas, através de
atividades como escrever perguntas em um papel sem se identificar, para que o
profissional possa fazer os devidos esclarecimentos.
Dinâmica de Grupo
PESCARIA DE CEGO
Objetivo: Refletir sobre a variedade na alimentação.
Materiais: Barbante, frutas e doces.
Procedimento: Estica-se na sala ou no pátio um barbante. No barbante penduram-
se bombons ou alguma fruta, à altura da boca das pessoas que participam da
brincadeira. Escolhem-se dois os três participantes que são conduzidos diante dos
bombons ou das frutas, para tomar conhecimento da situação. A seguir, seus
olhos são vendados e, com os braços cruzados nas costas, deverão procurar
apanhar com a boca os bombons ou as frutas. Neste momento fazer uma reflexão
sobre a importância da variedade de alimentos para uma alimentação saudável.
Atividade Nº 5
Aspectos Sociais e Ambientais: Meio ambiente, sustentabilidade econômica-
social e ambiental.
Comentário Introdutório
“O campo é lugar de vida, onde as pessoas
podem morar, trabalhar e estudar com
dignidade de quem tem o seu lugar, a sua
identidade cultural. O campo não é só
lugar de produção agropecuária e
agroindustrial, de latifúndio e de grilagem
de terras. O campo é o espaço e território
dos camponeses e dos quilombolas. É no
campo que estão as florestas, onde vivem
diversas nações indígenas. Por tudo isso,
o campo é lugar de vida e, sobretudo, de
educação”.
(Fernandes, 2004: 137)
É impossível trabalhar sobre a questão do meio ambiente e
sustentabilidade sem fazer uma reflexão sobre o universo do campo e,
principalmente, falar da mulher do campo e não mencionar este cotidiano bucólico
mas com todas as complexidades que fazem o enredo da vida no campo.
A referência sobre a mulher do campo neste contexto é justa e necessária
até mesmo para ressarcir uma dívida histórica que a sociedade tem em relação à
mulher. Por muitas décadas, a força do campo estava pautada na figura do
agricultor e tinha o homem como referência. Hoje é sabido que a agricultora
participa ativamente da política agrícola, é responsável por boa parte da economia
doméstica com suas atividades paralelas à agricultura, como por exemplo, pela
produção de leite, queijo, hortaliças, galinhas poedeiras e outras. O cenário do
campo se transformou. Atualmente fala-se em famílias do campo e não somente o
homem do campo.
Objetivo
Promover um momento de estudo sobre a importância do campo na
economia mundial e um esclarecimento sobre aspectos do meio ambiente, como a
reserva legal e sustentabilidade.
Desenvolvimento das Atividades
Palestra com um profissional competente para falar sobre o tema.
Dinâmica de Grupo
PALAVRAS NO GRITO
O nome já indica que esta dinâmica é bem movimentada.
Objetivo: Formar todas as novas palavras possíveis a partir das letras que
compõem uma dada palavra.
Materiais: Pincel atômico e folhas.
Procedimento: Dois times recebem as mesmas letras, uma letra em cada folha ,
bem grande. Podem ser riscadas com pincel atômico, uma cor para cada time.
Cada pessoa fica com uma letra. Aproveite uma palavra da ocasião, como
ANIVERSÁRIO, por exemplo. Primeiro o líder grita palavras curtas. Cada equipe
escolhe um capitão para pôr sua palavra em ordem. Cada lado procura ser o
primeiro a formar a palavra corretamente, cada um segurando sua letra na altura
do peito. Em ANIVERSÁRIO há: VERSO, AVIÁRIO, NARRA, RAIVA, ARES,
SEARA, VARRE, ANOS, VIRÁ, INVERNO, VEIAS, SINO, RISO, RAIOS, etc. No
final, pronunciar a palavra que leva todas as letras (há palavras que têm mais
possibilidade que outras), ou usar mais de uma palavra: AÇÃO DE GRAÇAS.
Alguém pode servir de marcador de tempo, olhando quantos segundos cada time
leva; ou pode-se apenas dar um ponto ao que terminou primeiro cada vez. Nesta
dinâmica pode-se usar também a palavra “agroindústria”, que é um termo
contemporâneo na vida dos campesinos.
Atividade Nº 6
Aspectos Sociais e Ambientais: Cidadania e sindicalismo.
Comentário Introdutório
A palavra “cidadania” é carregada de significados e simbologia. Basta um
olhar nos acontecimentos da história para perceber que a luta pela cidadania
permeia os principais acontecimentos históricos ao longo dos séculos. Desde o
século XVII é sabido que muitas mulheres baseavam-se nas ideias iluministas
para reivindicar direitos para a emancipação feminina. Mas a intensificação da luta
das mulheres na história do Brasil aparece a partir da década de 1970 com a
Organização dos Movimentos Populares, que coincide com o período da ditadura
militar, quando os objetivos eram a contra a repressão, pelo direito da oposição e
pelo desejo da liberdade. A partir de então, outros fatos ocorreram para que a
mulher contemporânea conquistasse seu espaço, revelando-se tão competitiva
quanto o homem no mercado de trabalho.
A mulher do campo não foge à regra; tem superado muitas barreiras. São
visíveis as mudanças no cenário rural causadas pela contribuição feminina, com
uma nova dinâmica de trabalho, dando impulso ao agronegócio que coloca a
economia da família do campo como uma grande força para a economia nacional.
Esta sempre foi a luta da mulher para conquistar seu espaço e ser
respeitada como cidadã e gozar dignamente de seus direitos.
Objetivo
Oportunizar momentos de informação sobre as mulheres fizeram o mesmo
caminho que suas mães, repetindo os mesmos hábitos, costumes e a mesma
cultura de submissão, com o vídeo “Vida Maria” (http://videolog.tv/717870).
Desenvolvimento das Atividades
Palestra com informação sobre a busca da cidadania, com um profissional
qualificado.
Atividade Nº 7
Aspectos Sociais e Ambientais
Comentário Introdutório
Para falar sobre sindicalismo, é necessário fazer uma análise sobre as
associações de sindicatos conhecidas. A grande maioria das famílias do campo
pertence à algum sindicato e faz parte de associações, cooperativas, igrejas etc.
Sugestão: Fazer com que o grupo de mulheres coloque suas experiências de
sindicalismo e associações para que possa fluir a troca de informações e o
entrosamento entre o grupo.
Desenvolvimento das Atividades
Para falar sobre sindicalismo de fato, haverá uma fala com um profissional
do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Atividade Nº 8
Aspectos Sociais e Ambientais: Sucessão familiar e direitos da mulher
Comentário Introdutório
A perpetuação de uma cultura familiar, é um tema que gera muita reflexão e
uma análise cuidadosa sobre as mudanças ocorridas na sociedade e os fatores
que influenciaram tais mudanças, e consequentemente o perfil da família sofre
modificações em função de uma nova estrutura social ocorrida a partir do
surgimento do capitalismo e o crescimento econômico, sendo estes responsáveis
pelo novo formato da família onde as divisões de tarefas passam a ser
compartilhadas. Muito lentamente, a mulher foi ocupando um lugar nas fábricas e,
gradativamente, o poder patriarcal foi dando origem a uma nova estruturação
familiar, onde a mulher passa a fazer parte do mercado de trabalho e contribui
com o orçamento doméstico. Em outra perspectiva, pode-se analisar ainda o fato
de o pai passar o comando dos trabalhos e das economias da família para o filho
homem.
Sugestão: aqui cabe uma discussão espontânea sobre a estrutura das famílias do
campo e aos direitos que cabem à mulher.
Desenvolvimento das Atividades
Palestra sobre os temas sucessão e direito familiar com um profissional
qualificado do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Atividade Nº 9
Motivação e empreendedorismo
Comentário Introdutório
Para trabalhar sobre o tema, as atividades seguem um formato diferenciado:
Primeiramente, os filhos farão uma apresentação de Artes Cênicas com o título
“Vozes do Campo” (Ana Enir de Araujo Rockenbach). Esta apresentação retrata o
novo perfil da família do campo. É uma amostragem da família nuclear com a
participação efetiva da mulher e dos filhos na cultura do agronegócio. Em seguida,
alguns depoimentos sobre a constituição da família tradicional antiga onde a voz
principal era do homem. Esta apresentação tem como objetivo mostrar a força da
mulher do campo. É uma forma de homenagear estas mulheres, mostrando a
trajetória do gênero na história de suas famílias, seus sonhos, suas expectativas e
principalmente sua contribuição na comunidade onde vivem.
Junto a este momento cultural para validar o empreendedorismo da mulher
camponesa, haverá uma confraternização com a exposição de trabalhos
artesanais, pratos típicos das famílias e um momento de lazer para descontrair o
grupo. Por fim, haverá a contribuição de um profissional do Senar (Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural) falando sobre empreendedorismo. Este órgão
está articulado junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Para comprovar a participação das mulheres do campo nos encontros ofertados
no espaço escolar do Colégio Estadual do Campo João Paulo I, segue em anexo
um questionário que deverá ser preenchido pelas mesmas.
Atividades
1. Nome
2. Data de nascimento
3. Endereço
4. Filiação
5. Grau de escolaridade
6. Como você se sente como mulher atuando no campo?
7. Você acha que o seu trabalho faz a diferença para melhorar a vida no campo?
8. Se você pudesse escolher outra profissão, no que você gostaria de trabalhar?
9. Você está satisfeita realizando trabalho no campo?
10. O que você deseja para seus filhos?
11. Você acredita que a educação pode melhorar a vida das famílias do campo?
Por quê?
Metodologia
O presente material será trabalhado com as mulheres campo que pertencem
ao Núcleo de Ensino do Bugre. Fazem parte deste núcleo de ensino doze
pequenas comunidades em torno.
A escola é a principal referência de encontro destas comunidades e o local
onde acontecem muitas atividades extracurriculares, como reuniões, momentos de
lazer e confraternizações, por exemplo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. História e Cidadania. 3ª Edição. São Paulo:
Contexto. 2005.
FREIRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos: Decadência do Patriarcado Rural e Urbano.
15ª Edição. São Paulo: Global. 2004.
VELLASCO, Juan de Andrade. As Seduções da Ordem: Violência, Criminalidade e
Administração da Justiça. MG, séc. XIX. Bauru, Edus, ANPOCS. 2004.
Constituição 1988. Art. 5º, Parágrafo 5º.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (SEED). Cadernos Temáticos: Educação do
Campo. Curitiba. 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (SEED). Diretrizes Curriculares da Educação
do Campo. Curitiba. 2006.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (SEED). Superintendência da Educação.
Coordenação da Educação do Campo. II Caderno Temático da Educação do Campo.
Curitiba. 2009. Pág. 193.