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PROJUDI - Processo: 0035585-70.2015.8.16.0001 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Marcia Eveline Mialik Marena 14/12/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial Página 3 EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO FORO CENTRAL DA REGIÃO DE CURITIBA PARANÁ. ERIKA MIALIK MARENA, brasileira, convivente, Delegada de Polícia Federal, matrícula nº. 10.491 e portador da Carteira de Identidade xxxxx expedida pela SSP/PR, inscrita no CPF sob o n. xxxxxxx, residente e domiciliada à rua xxxxxxx nesta cidade, CEP 80xxxxxx, por intermédio de sua procuradora ao final subscrita, com endereço para os fins do art. 39, I, do CPC na Rua Silveira Peixoto, 950, conj. 82, Batel, CEP 80240-120, nesta cidade, vem propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em desfavor de O Estado de S. Paulo S.A., situado na Av. Engenheiro Caetano Álvares, 55, Bairro do Limão, CEP 02598-900, São Paulo SP, inscrito no CNPJ sob nº., de agora em diante designado "ESTADÃO”, o que faz com fulcro nos pontos de fato e de Direito doravante articulados. I CONSIDERAÇÕES INICIAIS. 1. No dia 13 de novembro de 2014 o jornal ora Requerido publicou uma matéria de cunho difamatório e injurioso contra a Autora, expondo sua privacidade e colocando em dúvida sua seriedade de caráter enquanto Delegada de Polícia Federal atuante no Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato. 2. A matéria que ora se guerreia foi publicada no Caderno de Política, na página 8, do Jornal O Estado de São Paulo, conforme ata notarial em anexo (doc.02), além de ter sido, como ainda o é, veiculada na internet, submetendo continuamente, desde sua publicação, a Autora a julgamentos e constrangimentos dado o seu conteúdo (pág. 286V em diante da Ata do doc. 02). 3. A nota intitulada “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede” demonstra que o periódico teve acesso ao conteúdo restrito de uma página em rede social da Autora, o qual foi usado para propagar a falsa informação de que a Autora e outros colegas, que também atuam no Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato, articularam elogios em favor do então candidato do PSDB Aécio Neves e lançaram ataques ao ex presidente Lula, à então candidata Dilma Roussef, bem como ao partido do PT como um todo. De forma vil, a matéria lança lado a lado assertivas tais como que o PT é um partido investigado pela Lava Jato e os delegados da Operação Lava Jato M2 ASSESSORIA JURÍDICA MÁRCIA EVELINE MIALIK MARENA OAB/PR 43.740 Avenida Sete de Setembro, 4881, 8º andar, cj 82, esquina com Silveira Peixoto, 950 Curitiba Paraná (41) 3328-1456 Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSG7 8Y6VU FZA9G U7ZAK

Ação da Delegada Érika contra O Estado de S. Paulo (inicial)

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14/12/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO FORO

CENTRAL DA REGIÃO DE CURITIBA – PARANÁ.

ERIKA MIALIK MARENA, brasileira, convivente, Delegada de Polícia Federal, matrícula nº.

10.491 e portador da Carteira de Identidade xxxxx expedida pela SSP/PR, inscrita no CPF sob o n.

xxxxxxx, residente e domiciliada à rua xxxxxxx nesta cidade, CEP 80xxxxxx, por intermédio de

sua procuradora ao final subscrita, com endereço para os fins do art. 39, I, do CPC na Rua Silveira

Peixoto, 950, conj. 82, Batel, CEP 80240-120, nesta cidade, vem propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em desfavor de O Estado de S. Paulo S.A., situado na Av. Engenheiro Caetano Álvares, 55, Bairro

do Limão, CEP 02598-900, São Paulo – SP, inscrito no CNPJ sob nº., de agora em diante

designado "ESTADÃO”, o que faz com fulcro nos pontos de fato e de Direito doravante

articulados.

I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

1. No dia 13 de novembro de 2014 o jornal ora Requerido publicou uma matéria de cunho

difamatório e injurioso contra a Autora, expondo sua privacidade e colocando em dúvida sua

seriedade de caráter enquanto Delegada de Polícia Federal atuante no Grupo de Trabalho da

Operação Lava Jato.

2. A matéria que ora se guerreia foi publicada no Caderno de Política, na página 8, do Jornal O

Estado de São Paulo, conforme ata notarial em anexo (doc.02), além de ter sido, como ainda o é,

veiculada na internet, submetendo continuamente, desde sua publicação, a Autora a julgamentos e

constrangimentos dado o seu conteúdo (pág. 286V em diante da Ata do doc. 02).

3. A nota intitulada “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede” demonstra

que o periódico teve acesso ao conteúdo restrito de uma página em rede social da Autora, o qual

foi usado para propagar a falsa informação de que a Autora e outros colegas, que também atuam

no Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato, articularam elogios em favor do então candidato do

PSDB Aécio Neves e lançaram ataques ao ex presidente Lula, à então candidata Dilma Roussef,

bem como ao partido do PT como um todo. De forma vil, a matéria lança lado a lado assertivas tais

como que o PT é um partido investigado pela Lava Jato e os delegados da Operação Lava Jato

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publicaram conteúdo anti PT, induzindo assim à conclusão de que a operação é fruto de uma

empreitada pessoal destes contra aqueles.

4. Na versão impressa, a reportagem segue entrevistando juristas acerca de “vazamento de

informações” cometidos por servidores públicos, como se fosse isso que tivesse sido mostrado

naquele espaço do periódico. Ora, quando muito este apenas se restringiu a documentar ilegalmente

que alguns servidores, em ambientes privados, compartilharam notícias públicas.

A. quebra da privacidade da Autora aqui alegada restou confessa na matéria do Estadão, na qual o

jornal admite que a construção do artigo se deu com base na grave profanação ao art. 5º, inc. X,

restando consignada nos seguintes termos: “Em manifestações feitas em perfis fechados no

Facebook aos quais o Estado teve acesso”. (grifo nosso)

6. Ora, o acesso ao qual o Estadão se refere não foi dado pela Autora, muito menos por nenhum de

seus colegas hostilizados na matéria. Todos os comentários usados pelo jornal foram feitos em um

grupo fechado, tendo sido totalmente descontextualizados na publicação do Estadão, e não se

sabendo ainda que métodos o jornal utilizou para acessá-los uma vez que em nenhum

momento foi conteúdo público.

7. Além da violação do conteúdo privado, causa estranheza o fato de que a matéria do jornal citado,

onde a malsinada nota foi publicada, elegeu apenas um compartilhamento Autora, quedando-se

silente em relação aos demais conteúdos da timeline deste, considerando que teve acesso a tudo ali

produzido. No entanto, selecionou tão apenas aquilo que pudesse ser enquadrado, forçosamente, ao

título da matéria. Veja-se a exemplo a seguinte referência a Autora:

A delegada Erika Mialik Marena, em cuja delegacia, a de Repressão a Crimes Financeiros e

Desvios de Recursos Público do Paraná, estão os principais inquéritos da operação, manifestou-se

em uma notícia sobre o depoimento do ex-diretor da Petrobrás à Justiça Federal. “Dispara a

venda de fraldas em Brasília”, comentou a delegada, que usa o codinome “Herycka Herycka” no

Facebook.

8. Nos causa tremendo espanto que o Estadão tenha exposto a Autora por uma afirmação que em

nenhum mundo apresenta correlação com “Exaltar Aécio e atacar o PT”. É pouco crível que um

jornal do porte do Estadão não saiba que Brasília é o ponto de concentração do pluripartidarismo

brasileiro e não apenas do PT. Menos crível ainda é que o jornal não apenas tenha cometido a

invasão ao espaço privado da Autora, mas que ainda tenha escolhido expor o codinome que esta

usava para preservar sua identidade. Tanto a clareza da manifestação quanto o uso do codinome são

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explícitos em sua finalidade o que torna completamente incompreensível o motivo de tamanha

exposição.

9. É inconcebível a atitude invasiva, leviana e ilícita do Estadão que claramente objetivou a

divulgação do nome da Autora de forma a ligá-la capciosamente a um desvio grave de conduta, o

qual inclusive caracteriza tipo penal, tudo para trazer dúvidas sobre a integridade do trabalho da

Autora na Polícia Federal, e mais importante, como membra da Força Tarefa da Operação Lava

Jato. Ao expor a vida pessoal da Autora à opinião pública, submeteu a mesma a toda sorte de

inconveniente, não sendo aceitável que possa haver qualquer motivação lícita por trás desta

exposição.

11. A verdade é que, a partir de um único comentário jocoso, genérico e privado, o jornal atribuiu à

Autora a falsa difusão de propaganda política em favor do candidato da oposição, e com

associações forçadas e exposição de conteúdo privado, quis fazer crer que a Autora não só odiava

o PT como deixava isso influir em seu trabalho.

12. Fica mais que evidente que o objetivo da matéria foi colocar em questionamento a ética

profissional dos delegados do Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato, bem como acusá-los de

direcionar as investigações, ou seja, o jornal acusa a Autora de ter cometido o crime de

prevaricação por divulgar informações sigilosas, e de, agindo em conjunto com seus outros

colegas de profissão, o fazê-lo por simpatia ao PSDB e aversão ao PT.

13. A reportagem em momento algum demonstra de que forma a Autora teria direcionado alguma

investigação a partir da constatação, feita pelo Réu, de que aquela seria simpática ao partido da

oposição. Ainda assim a matéria conduz o leitor a esta conclusão, a partir de uma ilação forçada

de que seus trabalhos estavam eivados de vício por ter a Autora se pautado pelas suas crenças,

tendo a matéria inclusive de forma ardilosa indicado qual seria essa crença.

14. Não por menos que as reações à época da matéria foram as mais acaloradas, o jornalista Luiz

Geraldo Mazza chegou a afirmar em seu programa na rádio CBN local que funcionários públicos

não deveriam exprimir o que pensam, deveriam optar por postura mais discreta na vida. Ora que

grande equívoco, a uma que a Constituição não exclui do direito do art. 5º. IX, que trata sobre

liberdade de expressão, os funcionários públicos, logo lhes é dado o direito à liberdade de

convicção pessoal, caso contrário eliminaremos liberdades fundamentais, como a de pensamento

e de opinião, virtudes sagradas da existência humana. E a duas, a Autora não externalizou o que

quer que seja de convicção íntima político-partidária em uma coletiva de imprensa sobre

alguma das fases da Lava Jato, muito menos as colocou em seus ofícios, mas tão somente

compartilhou algumas reportagens em ambiente PRIVADO E FECHADO, o qual foi invadido

pelo jornal O Estadão e exposto nacionalmente para toda a sociedade.

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15. A grande maioria das manifestações seguiram foram voltadas ao massacre dos Delegados,

como se vê dos comentários postados da própria página da matéria. Poucos foram os que viram que

as inserções alusivas à Autora foram ali lançadas com objetivos duvidosos que não podem ser

explicados à luz do razoável, senão pelo fato de que o jornal conscientemente quis prejudicar

a imagem da Autora, por vontade própria ou sob o mando de alguém, fato é que o Estadão

usou de seu espaço para atacar os delegados do Grupo de Trabalho da operação Lava Jato.

16. É isto que o jornal quis fazer. É isto que imprimiu. E é justamente isto que denigre a imagem

de toda uma Operação, como se os seus Delegados fossem parciais e estivessem direcionando as

investigações.

17. A Autora foi atacado no seu mais íntimo sentimento de fidelidade e profissionalismo em que

pautou suas ações durante toda a sua jornada na instituição que serve, a Polícia Federal do Estado

do Paraná.

18. Diz a nota que “em época de eleição” os delegados fizeram esse ataque e manifestaram o apoio,

como se a Autora em nenhum outro momento tivesse compartilhado conteúdo político naquele

ambiente privado, como se todo o conteúdo tivesse a tendência alegada no título. Ora, a fim de

saber se uma pessoa tem uma tendência partidária específica, o periódico, caso tivesse permissão

de acesso, teria que ter analisado toda a timeline da Autora e dos demais colegas, para saber se

tinham uma postura crítica a diversos tipos de notícia que envolviam corrupção, e se faziam odes a

determinada agremiação política.

19. Da simples análise dos comentários postos no próprio site do Estadão, vê-se a degradação da

reputação da Autora e de seus colegas. Um dos comentários no site exprime bem o sentimento que

a matéria trouxe ao público, diz o leitor: “A PF tida como instituição de confiança perde a

credibilidade com esses maus funcionários”. (doc. 03)

20. Sem dúvida, a atitude do Estadão fomentou exatamente esse tipo de sentimento, de que a

Autora seria um má funcionária, pois uma vez que matéria manipula informações e expõe

conteúdo privado, incontestavelmente fere a imagem e o decoro da Autora perante as pessoas que

se relacionam profissionalmente com este, bem como perante toda a sociedade.

21. As acusações e as insinuações desferidas causaram intensa vergonha e descrédito à

Autora.

22. As implicações foram muitas. A Autora e seus colegas foram trucidados pela opinião pública,

suas reputações foram mais que abaladas, apesar de até então serem conhecidos pela seriedade com

que sempre atuaram em suas vidas profissionais, com histórico irrepreensível como servidores

públicos, todos tendo atuado em dezenas de investigações de casos de corrupção envolvendo

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investigados das mais diversas matizes partidárias. Chamou-se uma atenção negativa para os

Delegados, que até então só estavam preocupados em conduzir bem os trabalhos daquilo que é a

maior Operação Policial do país. Diversas montagens com fotos foram feitas em razão da matéria

do Estadão, veja-se a exemplo a falsa capa da Veja (doc. 04), a partir da qual todos ficaram sendo

conhecidos como “Delegados Aecistas”.

23. Toda essa exposição também criou um enorme desgaste em seu trabalho, levando a Autora a

responder uma sindicância, cuja instauração foi requerida pelo próprio Ministro da Justiça, e

cuja divulgação se alastrou por todos os meios de comunicação, indo parar inclusive na primeira

página do Estadão (p. 285V da Ata do doc. 02), no dia seguinte à publicação da matéria.

24. Diga-se a propósito que referida sindicância concluiu não ter havido falha disciplinar na

conduta da Autora e de seus colegas, tendo estes realizados manifestações privadas, entre

amigos, e cujo conteúdo não foi dado acesso ao Jornal aqui Réu. Constou ainda do relatório da

sindicância que:

É nítido observar que o teor das reportagens induz o leitor a erro e de quem não conhece

legislação penal e processual penal no país. Como é possível levar um veículo de informação a

escrever que “policiais ajudaram ainda a divulgar notícias sobre o depoimento de Paulo Roberto

Costa”, conforme fls 08, ora não há nenhum sentido.(doc. 05)

25. Resumidamente é o que se tem, manifestações PRIVADAS sobre as quais não foi concedido

acesso ao Estadão, que as usou da forma mais sem sentido possível. Não por menos que à época da

matéria os Procuradores da República no Paraná, integrantes da força tarefa da Operação Lava Jato

e conhecedores da postura profissional dos Delegados acharam mais que necessário manifestar

apoio à Autora e seus colegas, no seguinte sentido:

“Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos

políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos

procedimentos processuais em andamento. A exploração pública desses comentários carece de

qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse

público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio

nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária.”(grifo nosso)

26. Como se vê, a comoção foi generalizada. Não por menos, as marcas ficaram, a Autora não pode

mais utilizar qualquer rede social que seus amigos e familiares usem para se comunicar, pois há o

medo, profundo e palpitante, de que veículos como o Estadão possam estar de algum forma espúria

buscando obter acesso à sua vida privada para deturpar qualquer coisa postada ou comentada.

Aliás, de forma geral, em ambientes privados a Autora não se sente confortável em comentar

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assuntos de seu interesse, temendo que tudo possa ser subvertido e acabar como manchete de

jornal.

27. Além das consequências sociais a Autora enfrentou diversas consequências físicas, tais como

insônia, ansiedade, perda de apetite, taquicardia e indisposição para atividades com seus entes

familiares, o que acabou resultando inclusive na mudança de rotina de toda sua família,

constantemente abordada em razão da matéria.

28. Com todo exposto, a Autora possui legitimidade para ingressar em juízo e buscar tutela

jurisdicional, pleiteando indenização em razão de ofensa à sua honra objetiva, subjetiva, sua moral

e a credibilidade de suas ações. É flagrante a constatação de que a obra do Réu promoveu o

constrangimento, a humilhação pública e de que abalou a imagem da força tarefa da Operação Lava

Jato como um todo, e em específico o direito à honra e imagem da Autora.

Em síntese, são os fatos.

II - DO DIREITO

27. O bem jurídico afrontado pelo ato ilícito do réu é a honra, tutelada por várias determinações

legais. O art. 5º, inciso X, da Constituição Federal estabelece que são invioláveis a intimidade, a

vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano

material ou moral decorrente de sua violação. O direito à indenização mencionado na Constituição

nos leva ainda aos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil. Sendo a honra um atributo inerente à

personalidade, os arts. 12 e 17 do Código Civil que resguarda os Direitos da Personalidade são

aplicáveis ao caso, nos seguintes termos:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar

perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações

que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

29. A matéria jornalística aqui guerreada trouxe referências desabonatórias e injustas à Autora, seu

nome foi exposto ao desprezo público nos termos do Art. 17 do Código Civil, além de ter sofrido

enorme violação ao seu direito à privacidade, tais fatos, provocadores que são de prejuízo à

moralidade, ensejam a busca pela indenização prevista na legislação acima.

30. Provado foi que houve abusiva intervenção no direito personalístico da Autora, pelo qual não

visou o Réu ao objetivo jornalístico referente a um evento de interesse geral, pois não trouxe

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nenhuma informação plausível, mas unicamente o desejo de expor gratuitamente a Autora e

seus colegas.

31. Por isso os danos morais são decorrentes da própria violação ao direito da personalidade, que

está comprovado in re ipsa e é perfeitamente apto a gerar o direito/dever de indenizar.

32. A publicação de conteúdo duvidoso, que levantou suspeitas infundadas contra o caráter da

Autora e o levou ao constrangimento público, ocasionou a lesividade ao aspecto moral do

Requerente. Isso porque os olhos da sociedade veem a cena em sua crueza e grande parte não

percebe o equívoco cometido, como se vê dos comentários postos na página da matéria, estes dão a

ideia do porquê este episódio marcou psicologicamente as vítimas, os delegados da Força Tarefa da

Operação Lava Jato. Por isso eles deverão ter ao menos o direito de buscar a atenuação da lesão

através de indenização.

33. A verdade é que atos lesivos como este afetam a personalidade de qualquer indivíduo, sua

honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, causando-lhe mal-estar e até

mesmo uma indisposição de natureza espiritual. Dessa maneira a reparação, em tais casos, reside

no pagamento de uma soma pecuniária, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da

sua dor íntima, e ainda procura compensar os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação

ilícita do agente causador.

34. Segundo Silvio de Salvo Venosa, para fins de indenização se a divulgação atingiu a honra, a

boa fama ou a respeitabilidade da pessoa envolvida e se a manifestação teve finalidades comerciais,

aflora diretamente o dever de indenizar. 1

35. Para mais, é de todos sabido que alguns setores da imprensa vêm agindo mal, avocando para si

uma liberdade que nenhuma lei assegura, lastreada apenas no poder que julgam portar.

36. Assim, todo mal infligido ao estado ideal das pessoas em decorrência desse tipo de atitude,

resultando em mal-estar, desgostos, aflições, interrompendo seu equilíbrio psíquico, constitui causa

mais que suficiente para a obrigação de reparar o dano moral.

37. O dano moral no caso encontra-se demonstrado, tendo em vista, entre outros fatores, a própria

publicidade dada à violação à privacidade da Autora, e a reação de reprovação imediata,

junto a sociedade em que vive, inclusive no campo profissional. Na verdade, ainda que não se

tivesse demonstrado o dano, este existe tão-somente pela ofensa da violação à privacidade e

cominado com a disposição tendenciosa e inverídica da matéria, e dela o dano é presumido, sendo

bastante para justificar a indenização.

1 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo. Editora Atlas. 2007. p. 175

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38. Dessa forma, a indenização pecuniária em razão de dano moral apresenta-se como um lenitivo

que atenua, em parte, as consequências do prejuízo sofrido, superando o déficit acarretado pelo

dano.

39. Estão presentes neste caso, todos os pressupostos exigidos por lei para que exista a

responsabilidade civil e a indenização, ou seja, o dano, a culpa da Autora do dano (Estadão) e

a relação de causalidade entre o fato e o mesmo dano. Aliás, diga-se a propósito, o grau de

culpa do Estadão é profundo. Primeiro o jornal viola a privacidade da Autora, para depois

usar o conteúdo de forma distorcida, considerando que a forma foi distorcida para colocar

em questionamento a conduta ética e moral da Autora, ou seja, degradou-a para depois então

rebaixá-la.

40. Por isso a apuração do “quantum” da condenação a ser arbitrada deve compulsar algumas

determinantes, entre elas o prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa, o poderio

econômico do ofensor e a fragilidade do ofendido sem forças para se opor. Para Aguiar Dias2,

“o arbitramento é o critério por excelência para indenizar o dano moral” Para Fabrício Matielo “A

indenização, quando patente o ataque ilegal à honra, deve ser ampla e com dupla função de

composição, quais sejam, o alcance dos meios de reequilíbrio e punição do agente do ilícito através

da desmotivação e prevenção, evitando novas incursões na esfera jurídica alheia.”

42. Maria Helena Diniz3 também ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal

“constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à diminuição de seu patrimônio, pela

indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral e

intelectual) não poderá ser violada impunemente”, e a função satisfatória ou compensatória, pois

“como o dano moral constitui um menoscabo a interesses jurídicos extrapatrimoniais, provocando

sentimentos que não têm preço, a reparação pecuniária visa a proporcionar ao prejudicado

uma satisfação que atenue a ofensa causada”. Alguns Autores falam ainda da vedação ao

enriquecimento injustificado da parte, quanto a isto, considerando os rendimentos da Autora como

Delegado Federal temos que o valor indenizatório requisitado não é suficiente para caracterizar

enriquecimento de qualquer sorte.

43. Além disto, a jurisprudência é uníssona quanto ao dever de indenizar nos casos de abuso da

liberdade de informação:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RS - ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. GRS Nº

2 DIAS, Aguiar. Da Responsabilidade Civil, vol. II, p. 354. 3 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 1: teoria geral do direito civil. De acordo com o novo Código

Civil – São Paulo: Saraiva.

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Página 11

70032849705 2009/Cível APELAÇÃO CÍVEL. Responsabilidade civil.

Indenização. Reportagem publicada pelo demandado com conteúdo

ofensivo à honra e moral da demandante. Informação inverídica.

ABUSO DA LIBERDADE DE INFORMAÇÃO. DANOS MORAIS

CARACTERIZADOS. Sentença mantida. 1. Tendo o demandado

veiculado em seu jornal matéria ofensiva, causando abalo à honra e

moral da demandante, justa e legal a condenação daquele ao

pagamento de indenização por danos morais, eis que violados os

direitos de personalidade da parte Autoraa. APELO DESPROVIDO.

UNÂNIME. Apelação Cível Quinta Câmara Cível Nº 70032849705

Comarca de São Gabriel CORREIO GABRIELENSE APELANTE

ANA CRISTINA SAMARTIN RIBEIRO.

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS - REPORTAGEM PUBLICADA PELA IMPRENSA LOCAL -

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - DANO

MORAL CONFIGURADO - OFENSA À HONRA DO APELADO -

EXCESSO NO EXERCÍCIO DO DIREITO DE INFORMAR -

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DEVIDA - SENTENÇA

MANTIDA - RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E

IMPROVIDO (MAIORIA). O exercício do direito de informar

encontra limites no respeito aos direitos da personalidade. Da forma

como foi escrita a notícia não se verificou o simples exercício da

liberdade de informar, pois houve negligência ao veicular

informações sem comprovar tais fatos e assumindo o risco de que

tais afirmações pudessem causar danos ao apelado. O fato de o

apelado ser pessoa pública o sujeita a críticas, mas não Autoraiza o

abuso. (TJPR ND-2.957.599 Rel. Conv. Luiz Mateus de Lima, DJPR

01/02/2006).

45. A parte ré deveria ter agido com cautela antes de veicular a reportagem, uma vez que o direito

à imprensa deve ser exercido não apenas com isenção, mas, acima, de tudo, com

responsabilidade. E o descumprimento de tais deveres acarreta, decerto, a responsabilidade por

eventuais danos.

46. O exercício do direito de informar encontra limites no respeito aos direitos da

personalidade. Da forma como foi escrita a notícia não se verifica o simples exercício da

liberdade de informar, pois o jornalista agiu com negligência ao veicular informações com

base em uma violação de privacidade, e ainda sem comprovar o que se alegava em seu título e

em suas conclusões escusas, consequentemente assumindo o risco de que tais informações

pudessem causar danos à Autora.

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A orientação do STJ corrobora a aplicada em sede Estadual:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO

MORAL. MATÉRIA JORNALÍSTICA. EXTRAPOLAÇÃO DO

DIREITO DE INFORMAR. OFENSA À HONRA CONFIGURADA.

REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ.

CONDENAÇÃO À PUBLICAÇÃO INTEGRAL DA SENTENÇA. LEI

DE IMPRENSA. NÃO RECEPÇÃO. STF. ADPF Nº 130/DF.

OBRIGAÇÃO DE FAZER INSUBSISTENTE. AUSÊNCIA DE

PREVISÃO LEGAL OU CONSTITUCIONAL. DIREITO

CONSTITUCIONAL DE RESPOSTA. DISTINÇÃO.

1. Consoante a jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior, os

direitos à informação e à livre manifestação do pensamento, apesar de

merecedores de relevante proteção constitucional, não possuem caráter

absoluto, encontrando limites em outros direitos e garantias

constitucionais não menos essenciais à concretização da dignidade da

pessoa humana, tais como o direito à honra, à intimidade, à privacidade e

à imagem.

2. No desempenho da nobre função jornalística, o veículo de

comunicação não pode descuidar de seu compromisso ético com a

veracidade dos fatos narrados e, menos ainda, assumir postura

injuriosa ou difamatória com o simples propósito de macular a

honra de terceiros.

3. A desconstituição das conclusões a que chegou o Tribunal de origem -

no tocante ao conteúdo ofensivo da matéria jornalística publicada na

revista VEJA com o título "Sequestro Fajuto" e à responsabilidade da

editora ré pelo dever de indenizar os danos morais dessa publicação

resultantes - ensejaria incursão no acervo fático-probatório da causa, o

que, como consabido, não se coaduna com a via do recurso especial, a

teor do que dispõe a Súmula nº 7/STJ.

4. A partir do julgamento definitivo da ADPF nº 130/DF, pelo Supremo

Tribunal Federal, restou reconhecida a não recepção da Lei nº

5.250/1967 (Lei de Imprensa) pela Constituição Federal de 1988 e, com

isso, a inaplicabilidade do art. 75 daquele diploma legal, que estabelecia

que a sentença cível (ou criminal), transitada em julgado, deveria ser

publicada, a pedido do interessado e por determinação da Autoraidade

competente, em jornal, periódico ou através de órgão de radiodifusão de

real circulação, ou expressão, às expensas da parte vencida ou

condenada.

5. É assente na jurisprudência da Segunda Seção que o direito de impor

ao ofensor o ônus de publicar integralmente a decisão judicial

condenatória proferida em seu desfavor, que não se confunde com o

direito constitucional de resposta, não encontra fundamento direto na

legislação vigente e tampouco na Constituição Federal, não sendo

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abrangido também pelo princípio da reparação integral do dano,

norteador da legislação civil brasileira. Precedentes.

6. Recurso especial parcialmente provido.

47. Diante de todo o exposto, o direito da Autora é evidente, visto que foi demonstrado o dano

moral, a culpa e a negligência dos requeridos, e consequentemente a obrigação indenizatória.

48. A teoria da responsabilidade civil no direito brasileiro já sacramentou a ideia de que todo ato

lesivo aos interesses de terceiros, praticados com culpa ou dolo, resulta no indiscutível dever de

indenizar. Não obstante, os réus possuem capacidade econômica para pagamento da

indenização pretendida, abalaram a honra e imagem da Autora com base em reportagem

tendenciosa e que violou a privacidade da Autora, expondo o mesmo nacionalmente através

do jornal impresso e de seu portal de internet. A atitude foi tão grave que ressaltamos, a

Autora respondeu sindicância instaurada a pedido do Ministro da Justiça.

49. Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da reparação, vez que não

existem critérios determinados e fixos para a quantificação do dano moral, a reparação do dano há

deve ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o cometimento do ilícito e

recomponha o dano à honra suportado pela Autora.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer que V. Exa. digne-se de:

Liminarmente, sem a oitiva da parte contrária, seja o réu intimado, para que, imediatamente

retire da internet a reportagem de conteúdo vexatório à Autora, requer ainda seja deferida a

liminar acima com a fixação de multa diária em caso de descumprimento da ordem judicial.

Julgar procedente a presente demanda, condenando o requerido ao pagamento de verba

indenizatória ao requerente, estipulada no valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais) a título

de danos morais de acordo com a repercussão do fato, a situação econômica das partes e os

prejuízos suportados.

A citação do Requerido, no endereço indicado, para que, querendo, conteste a presente peça

exordial, sob pena de sofrer os efeitos da revelia e a consequente confissão acerca da

matéria de fato e de direito apresentada pelos requerentes.

A intimação das testemunhas abaixo arroladas.

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A condenação do requerido ao pagamento das custas

processuais e honorários advocatícios e demais

cominações legais.

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito

admitidos, especialmente pela prova testemunhal, depoimento

pessoal, prova pericial, documental e tudo mais que for em

direito permitido.

Dá à causa o valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais). Termos em que. Pede e aguarda Deferimento. Curitiba, 11 de dezembro de 2015. Márcia Eveline Mialik Marena OAB PR 43.740

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