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O Emprego Domstico: uma ocupaotipicamente feminina
Departamento Intersindical de Estat stica
e Estudos Socioeconmicos DIEESE
Secretaria Internacional do Trabalho
Brasil
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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Esta publicao foi produzida no mbito do Projeto RLA/ 03/ M52/
UKM Polticas de erradicacin de la pobreza, generacin de empleos
y promocin de la igualdad de gnero dirigidas al sector informal en
Amrica Latina, financiado pelo Department for International
Development (DFID), do Governo Britnico.
Organizao Internacional do Trabalho (OIT)Diretora do Escritrio da OIT no Brasil
Las Abramo
Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade deGnero e Raa,Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego (GRPE)
Coordenadora Nacional do GRPESolange Sanches
Oficial de ProjetoMarcia Vasconcelos
Oficial de ProjetoQuenes Gonzaga
Assistente de ProjetoAndra Snchez
Projeto de Desenvolvimento de uma Poltica Nacionalpara Eliminar a Discriminao no Emprego e na Ocupao e
Promover a Igualdade Racial no BrasilCoordenadora Nacional
Ana Cludia FarranhaOficial de ProjetoQuenes Gonzaga
Assistente de ProjetoRafaela Egg
Coordenao Executiva do GRPESecretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
Ministra Matilde Ribeiro
Secretaria Especial de Polticas para as MulheresMinistra Nilca Freire
Ministrio do Trabalho e EmpregoMinistro Luiz Marinho
Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate FomeMinistro Patrus Ananias
EdioMarcia Vasconcelos e Rafaela Egg
RevisoBia Abramo
Projeto GrficoPQAS Comunicao
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GRPE OIT
A Organizao Internacional do Trabalho (OIT)
A Organizao Internacional do Trabalho foi fundada em 1919, com o objetivode promover a justia social e, assim, contr ibuir para a paz universal e permanente.A OIT tem um a estrutu ra tr ipartite nica entre as Agncias do Sistema das NaesUnidas, na qual os representantes de empregadores e de trabalhadores tm a mesmavoz que os representantes de governos.
Ao longo dos anos, a OIT tem lanado, para adoo de seus Estados-membros,convenes e recomendaes internacionais do trabalho. Essas normas versamsobre liberdade de associao, emprego, poltica social, condies de trabalho,previdncia social, relaes industriais e admin istrao do trabalho, entre out ras.A OIT desenvolve projetos de cooperao tcnica e presta servios de assessoria,capacitao e assistncia tcnica aos seus Estados-membros.
A estrutura da OIT compreende: Conferncia Internacional do Trabalho,Conselho de Administrao e Secretaria Internacional do Trabalho. A Conferncia um frum mundial que se rene anualmente para discutir questes sociais etrabalhistas, adotar e rever normas internacionais do trabalho e estabelecer aspolticas gerais da Organizao. composta por representan tes de governos e deorganizaes de empregadores e de trabalhadores dos 178(*) Estados-membros daOIT. Esses trs constituintes esto tambm representados no Conselho deAdministrao, rgo execut ivo da OIT, que decide sobre as polticas da OIT. ASecretaria Internacional do Trabalho o rgo permanente que, sob o comandodo Diretor-Geral, constituda por diversos departamentos, setores e por extensarede de escritrios instalados em m ais de 40 pases, mantm contato com governose representaes de empregadores e de trabalhador es e marca a presena da OITem todo o mundo do trabalho.
Publicaes da OIT
A Secretaria Internacional do Trabalho tambm in stncia de pesquisa e editorada OIT. Seu Departamento de Publicaes produz e distribui material sobre asprincipais tendncias sociais e econmicas. Publica estudos sobre polticas equestes que afetam o trabalho no mundo, obras de referncia, guias tcnicos,livros de pesquisa e monografias, repertrios de recomendaes prticas sobrediversos temas (por exemplo, segurana e sade no trabalho), e manuais detreinamento para trabalhadores. tambm editora da Revista Internacional doTrabalho em ingls, francs e espanhol, que publica resultados de pesquisasoriginais, perspectivas sobre novos temas e resenhas de livros.
O Escritrio da OIT no Brasil edita seus prprios livros e out ras publicaes, bemcomo traduz para o portugus algumas publicaes da Secretaria Internacional
do Trabalho.
As publicaes da OIT podem ser obtidas no Escritrio da OIT no Brasil: Setorde Embaixadas Nor te, lote 35, Braslia - DF, 70800-400, tel (61) 2106-4600, ou nasede da Secretaria Internacional do Trabalho: CH-1211, Genebra 22, Sua.Catlogos e listas de novas publicaes esto disponveis nos endereos acima oupor e-mail: [email protected]
Visite nossa pgina na Internet: www.oitbrasil.org.br
(*) Atualizado em maro de 2006.
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O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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ndice
Prlogo
Apresentao
Introduo
I. O Emprego Domstico
II. O Emprego Domstico: Uma Alternativa OcupacionalFeminina
III. Caractersticas da Contratao das TrabalhadorasDomsticas
IV. Condies de Trabalho e Perfis das Empregadas DomsticasMensalistas com e sem Carteira de Trabalho Assinada4.1 Condies de trabalho
4.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras Mensalistas
V. Condies de Trabalho e Perfil das TrabalhadorasDomsticas Diaristas5.1 Condies de trabalho
5.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras Diaristas
VI. Condies de Trabalho e Perfis das Empregadas DomsticasNegras e No-Negras6.1 Condies de trabalho
6.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras negras e
no-negras
VII. Sntese dos Principais ResultadosVIII. Referncias Bibliogrficas
7
9
11
15
19
23
2727
32
3737
41
4444
46
4951
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Ao longo da ltima dcada, o debate sobre os temas da igualdade de
gnero e raa, da superao da pobreza e da gerao de emprego e trabalhodecente tm adquirido grande destaque nas agendas de organizaes
governamentais, de trabalhadores, de empregadores, organizaes no-
governamentais e de organismos internacionais, evidenciando em diversos
mbitos a necessidade e o desafio de estabelecer um novo acordo entre
prioridades econmicas e sociais.
Para a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho a
via fundamental para a superao da pobreza e da excluso social. E no
qualquer trabalho, mas sim um Trabalho Decente, entendido como uma
ocupao produtiva adequadamente remunerada, exercida em condiesde liberdade, eqidade, segurana e que seja capaz de garantir uma vida digna.
Nos ltimos anos, tem se fortalecido a compreenso de que a pobreza
e a excluso social possuem diferentes dimenses e que se tornam mais
dramticas quando considerados os padres de desigualdade presentes em
cada sociedade. Ao mesmo tempo, aumenta o reconhecimento de que as
condies e causas da pobreza so diferentes para mulheres e homens, negros
e brancos e que as dimenses de gnero e raa so fatores que determinam,
em grande parte, as possibilidades de acesso ao emprego, assim como as
condies em que ele exercido.
A Declarao dos Direitos e Princpios Fundamentais no Trabalho
e a Agenda do Trabalho Decente da OIT tm, na promoo da igualdade
Prlogo
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GRPE OIT
de oportunidades e na eliminao de todas as formas de discriminao,
alguns de seus elementos centrais. Visando contribuir para a consolidao
desses princpios, a OIT desenvolve mundialmente o Programa de
Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gnero, Erradicao da
Pobreza e Gerao de Emprego GPE. Na Amrica Latina, o Programa
GPE implementado em nove pases: Argentina, Bolvia, Equador, Chile,Honduras, Nicargua, Paraguai, Peru e Uruguai.
No Brasil, o Programa foi ampliado para incorporar tambm a
dimenso racial, devido importncia desse fator na determinao da
situao de pobreza e na definio dos padres de emprego e desigualdade
social no pas, passando a denominar-se Programa de Fortalecimento Institucional
para a Igualdade de Gnero e Raa, Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego
(GRPE). O Programa GRPE desenvolvido em estreita colaborao com o
Projeto Desenvolvimento de uma poltica nacional para a eliminao da discriminao
no emprego e na ocupao e promoo da igualdade racial no Brasil (Projeto
Igualdade Racial).
As atividades do Programa GRPE e do Projeto Igualdade Racial so
desenvolvidas a partir da concepo de que as desigualdades de gnero e
raa so eixos estruturantes das desigualdades e dos padres de excluso
social no Brasil. Levam em conta, ainda, que a desigualdade e a discriminao
de gnero e raa no so fenmenos que esto relacionados a grupos
especficos da sociedade, mas maioria da populao. O esforo pela
eliminao das desigualdades sociais no Brasil passa necessariamente pelo
enfrentamento das desigualdades e discriminaes de gnero e raa.
A Srie Cadernos GRPEse insere no conjunto de atividades e aesdesenvolvidas no mbito do Programa GRPE e do Projeto Igualdade Racial
e tem como principal objetivo contribuir para a ampliao da base de
conhecimento sobre a articulao entre gnero, raa, pobreza e emprego.
Busca estimular o debate sobre temas fundamentais na abordagem das
questes referentes ao emprego e pobreza como a negociao coletiva, a
informalidade, o trabalho domstico, o trabalho a domiclio, as dimenses
e caractersticas da pobreza no pas sempre articulados com as dimenses
de gnero e raa. Dessa forma, esta Sriepretende contribuir para fomentar
iniciativas criativas e inovadoras e, principalmente, para consolidar efortalecer tanto as estratgias sindicais e empresariais como as polticas
pblicas capazes de promover, a um s tempo, a erradicao da pobreza, a
gerao de emprego e trabalho decente e a igualdade de gnero e raa no
Brasil.
Las Abramo
Diretora do Escritrio da OIT no Brasil
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Apresentao
A promoo da igualdade de oportunidades e a eliminao de todas
as formas de discriminao so alguns dos elementos fundamentais daDeclarao dos Direitos e Princpios Fundamentais no Trabalho e da Agenda
de Trabalho Decente da OIT. Uma condio para que o crescimento
econmico se traduza em menos pobreza e maior bem-estar e justia social
melhorar a situao relativa de mulheres, negros e outros grupos
discriminados da sociedade e aumentar a sua possibilidade de acesso a
empregos capazes de garantir uma vida digna.
Considerando esta realidade, em 2003 a OIT passou a desenvolver
no Brasil o Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de
Gnero e Raa, Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego (GRPE),que tem como principal objetivo apoiar a incorporao das dimenses de
gnero e raa nas polticas e programas de combate pobreza e excluso
social e de gerao de emprego e renda. Com isso, pretende contribuir para
aumentar as oportunidades de mulheres e negros de se inserirem no mercado
de trabalho e melhorar a qualidade de seus empregos e atividades produtivas,
com o objetivo de reduzir a incidncia da pobreza, diminuir as desigualdades
sociais, de gnero e raa, assim como os deficits de trabalho decente
atualmente existentes no pas.
A Srie Cadernos GRPE faz parte do conjunto de aes do Programa
GRPE no Brasil, e se insere em sua estratgia de apoiar o desenvolvimento
da base de conhecimento sobre as relaes existentes entre a pobreza, o
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GRPE OIT
acesso ao emprego e as condies em que este se exerce e as dimenses de
gnero e raa.
O Programa GRPE, ao longo de seu desenvolvimento no Brasil,
vem apoiando aes especficas na rea do trabalho informal e do trabalho
domstico. A equipe tcnica do Programa tem participado ativamente da
Concertao Social sobre o Trabalho Domstico, uma iniciativa do Ministriodo Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Departamento de Qualificao.
Essa iniciativa vem sendo desenvolvida em estreito dilogo com a Secretaria
Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial (SEPPIR), a Secretaria
Especial de Polticas para as Mulheres e a Federao Nacional das
Trabalhadoras Domsticas (FENATRAD). Seu principal objetivo elaborar
e implementar o Plano Setorial de Qualificao Trabalho Domstico
Cidado, lanado em 8 de novembro de 2005. O Plano almeja implementar
um conjunto de aes integradas de qualificao social e profissional,
incluindo a elevao da escolaridade, o fortalecimento da representao
sindical e a ampliao da proteo social das trabalhadoras domsticas.
A partir desse contexto e necessidades, neste terceiro nmero so
apresentados os resultados de um estudo sobre trabalho domstico, realizado
a partir da parceria entre a OIT e o Departamento Intersindical de Estatstica
e Estudos Scioeconmicos (DIEESE). Esse estudo representa mais um
esforo de reunir informaes relevantes sobre a igualdade de gnero e raa
no mundo do trabalho no Brasil. Tendo como foco um grupo importante
de mulheres trabalhadoras negras em sua maioria revela sua situao de
acentuada desvantagem em alguns dos principais indicadores do mercado
de trabalho, tanto no que se refere aos direitos trabalhistas, aos nveis derendimento e cobertura da prividncia social.
O estudo est dividido em quatro captulos. O primeiro traa um
perfil dos trabalhadores ocupados segundo sexo e cor/ raa. O captulo 2
dedica-se a apresentar as principais caractersticas do emprego domstico
segundo a forma de sua contratao com carteira e sem carteira assinada.
O captulo 3 est focado na apresentao das principais caractersticas das
empregadas domsticas que trabalham como diaristas. O captulo 4 volta-se
para os indicadores levantados pela pesquisa para as empregadas domsticas
segundo o atributo de cor/ raa.Agradecemos ao DIEESE e a toda equipe do Escritrio da OIT no
Brasil que colaborou para tornar possvel a concretizao desse trabalho
Ana Cludia Farranha, Marcia Vasconcelos, Andra Sanchez, Rafaela Egg,
Quenes Gonzaga e Joslia Oliveira e a todos os parceiros governamentais,
das organizaes sindicais e empresariais que vm apoiando as iniciativas
do Programa GRPE no Brasil.
Solange Sanches
Coordenadora Nacional
Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gnero
e Raa, Erradicao da Pobreza e Gerao de Emprego
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A categoria trabalho domstico, neste texto, deve ser entendida
como sinn imo de emprego domstico, aquele realizado por uma/ umtrabalhadora/ or no mbito de um domiclio que no seja o de sua
unidade familiar. Esta/ e trabalhadora/ trabalhador se responsabiliza
pelos chamados afazeres domsticos, cujas atividades correspondem
geralmente guarda e aos cuidados pessoais de crianas, limpeza dos
domiclios, cuidados com as roupas familiares, preparo de alimentos,
entre outras.
Do ponto de vista contratual, o emprego domstico se caracteriza
pela interao entre um comprador e um vendedor de fora de trabalho,
para a realizao de servios, por meio de uma relao mercantil, atravsde contrataes formalizadas ou no formalizadas.
Dessas caractersticas do emprego domstico resultam processos
de trabalho que apresentam pouca conformidade quanto durao e
composio da jornada, ao ritmo e in tensidade do trabalho, s formas
de pagamento, ao padro das relaes de trabalho mediado por relaes
interpessoais, aos tipos de atividades a serem desempenhadas, entre
outras. Alm dessas caractersticas, evidenciam-se outras, decorrentes
de tipos de contratao como diaristas e mensalistas.
No Brasil, o intenso processo migratrio do campo para as
cidades, e dessas para as metrpoles, ocorrido especialmente a partir
dos anos 50, resultou numa grande oferta de fora de trabalho
Introduo
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GRPE OIT
masculina e feminina nos centros urbanos, sem que a economia gerasse
postos de trabalhos de qualidade em quantidade suficiente para fazer
frente a esse movimento. Na fase de crescimento econmico (at os anos
60), verificou-se uma relativa incorporao da fora de trabalho, que
resultou na ampliao do segmento de renda mdia. Observou-se ao
mesmo tempo um forte processo de concentrao e desigualdade derenda, o que possibilitou a ampliao do mercado de trabalho do
emprego domstico nesse perodo.
Nas dcadas seguintes, especialmente na de 90, observam-se taxas
de crescimento econmico inexpressivas. Os resultados foram a
intensificao do desemprego e o aprofundamento da desigualdade
distributiva.
Frente a esse quadro macroeconmico restritivo, de desigualdade
distributiva, de piora na oferta de empregos formais e de qualidade para
o conjunto da populao, uma parte significativa da fora de trabalho
encontra alternativas de sobrevivncia nos segmentos de servios, entre
os quais o domstico, que desponta como alternativa s trabalhadoras
cujas famlias tm baixo poder aquisitivo. Para compor a renda familiar,
elas se lanam nesse segmento do mercado de trabalho. Em muitos casos,
combinam uma dupla jornada: no seu prprio lar e no de outrem.
Paralelamente a essas determinaes macroeconmicas, uma
mudana ocorrida na prpria composio do mercado de trabalho vem
reforar a importncia do emprego domstico na nossa sociedade.
Especialmente nas dcadas de 70 e 80, ocorre uma entrada macia de
mulheres no mercado de trabalho brasileiro. Ao sair de seus lares paradesempenhar funes profissionais, parte das mulheres deixou de poder
realizar certas tarefas e afazeres domsticos, que na sociedade brasileira
so consideradas como tipicamente femininas. Houve assim a
necessidade de contratao de profissionais para a execuo desses
servios.
Segundo o Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), empregado
domstico aquele maior de 16 anos que presta servios de natureza
contnua (freqente, constante) e de finalidade no-lucrativa pessoa
ou famlia, no mbito residencial. Essa ocupao diferencia-se peloseu carter no-econmico de atividade, exercida no mbito residencial
do empregador. Nesses termos, para o MTE integram a categoria os
seguintes trabalhadores: cozinheiro, governanta, bab, lavadeira,
faxineiro, vigia, motorista particular, jardineiro, acompanhante de
idosos, entre outros. O caseiro tambm considerado empregado
domstico quando o stio ou local onde exerce a atividade no tem
finalidade lucrativa.
A atividade, desenvolvida no mbito dos domiclios, tambm
limita as relaes com outros membros de sua categoria profissional. A
relao com o empregador fortemente interpessoal e familiar, o que
descaracteriza profissionalmente a ocupao. Alm disso, trata-se de um
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emprego de baixa sindicalizao e de acesso limitado aos direitos
trabalhistas plenos, mesmo para quem tem carteira de trabalho assinada,
com recolhimento opcional do Fundo de Garantia por Tempo de Servio
(FGTS), ou pagamento da multa rescisria1.
No Brasil, em 2004, 6,5 milhes de pessoas identificaram-se como
trabalhadores domsticos. Desses, 6 milhes eram mulheres, o quecorrespondeu a 93,3% do total de ocupados, conforme os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD). Apenas 25%
dessas mulheres tinham carteira de trabalho assinada. As outras 75%
declararam no possuir vnculo formal de trabalho.
Os dados da PNAD indicaram tambm que 18% do total de
mulheres ocupadas no Brasil desempenhavam o trabalho domstico.
Nos mercados metropolitanos, segundo a Pesquisa de Emprego e
Desemprego (PED), essa proporo se elevava para 20%, revelando a
importncia dessa ocupao tanto para a dinmica das regies quanto
para a insero feminina no mercado de trabalho.
1 O funcionamento da atividade domstica como relao de trabalho no regulado pela Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT), mas
sim por uma legislao especfica, desde 1972. Os trabalhadores domsticos no tm direito ao Fundo de Garan tia por Tempo de Servios(FGTS), seguro-desemprego, estabilidade provisria no emprego (gestante), salrio-famlia, horas extras, adicional noturno, jornada detrabalho de 44 horas semanais e outras garantias trabalhistas.
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Na PED, classificam-se como empregados domsticos os indivduos
que trabalham em casa de famlia, contratados para realizar serviosdomsticos, inclusive jardinagem, segurana, conduo de veculos. Tanto
podem ser mensalistas, diaristas ou receber s em espcie ou em benefcios.
O primeiro caso refere-se ao empregado que recebe salrio mensal; o segundo,
pessoa que trabalha em casa de uma ou mais famlias recebendo
remunerao por dia; o ltimo agrega o indivduo que realiza trabalhos
domsticos em casa de uma famlia e tem como pagamento por seus servios
apenas alimentao, alojamento, vestimenta ou outro tipo de remunerao
em espcie ou benefcio.
Ao examinar a posio dos ocupados no mercado de trabalho, aPED trata o emprego domstico como uma ocupao especfica,
distinguindo-a da do assalariado tpico. Entende-se por assalariados quem
tm vnculo empregatcio caracterizado pela legislao trabalhista vigente,
com ou sem carteira de trabalho assinada. Sua jornada de trabalho prefixada
pelo empregador e sua remunerao normalmente fixa. Por suas
especificidades, o emprego domstico classificado como um caso particular
de categoria de trabalho assalariado.
No conjunto das regies metropolitanas investigado pela PED, as
propores de trabalhadores domsticos na parcela da populao ocupada
no apresentam grandes diferenas. Varia entre 9% e 10%. A menor proporo
observada na regio metropolitana de Porto Alegre (6,9%) (tabela 1).
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Nessas regies, a forma de insero ocupacional predominante o
assalariamento, que, em geral, absorve em torno de 60% dos trabalhadores
ocupados. Em seguida, aparece o trabalho autnomo, cuja proporo varia
entre 14,7% (Distrito Federal) e 25,3% (Recife). O emprego domstico figura
como uma das alternativas ocupacionais mais importantes nos espaos de
trabalho metropolitanos.
TABELA 1Distribuio dos ocupados por posio na ocupaoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) Empregador, trabalhador familiar e outras ocupaes
Posio na ocupao Distrito Federal e regies metr opolitanas
Belo Hor izon te Dist rit o Feder al Porto Alegr e Recife Salvador So Pau lo
Ocupados 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Assalariados 63,0 67,8 65,3 57,9 60,3 62,3
Autnomos 20,6 14,7 18,2 25,3 23,3 21,6
Empregos Domsticos 9,3 10,1 6,9 8,8 9,9 8,8
Outros1 7,1 7,4 9,6 8,1 6,5 7,4
Segundo as informaes da pesquisa, nas regies analisadas, mais
de 93% do total de empregados domsticos so mulheres. A menor presena
foi detectada em Salvador e Recife (93,0% e 93,2% respectivamente) (tabela 2).
TABELA 2Proporo dos ocupados e das ocupadas no emprego domsticosegundo sexoRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2004
Fonte: Convnio DIEESE/SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de Emprego
e Desemprego
Elaborao: DIEESE
Nota: 1) A amostra no comporta desagregao para a categoria
Regies metropolitanas e Dist rito Federal Est imat iva total(em mil pessoas) Total Homens Mulheres
Belo Horizonte 177 100,0 4,4 95,6
Distrito Federal 94 100,0 5,6 94,4
Porto Alegre 100 100,0 (1) 96,6
Recife 102 100,0 6,8 93,2
Salvador 122 100,0 7,0 93,0
So Paulo 703 100,0 4,8 95,2
(em %)
(em %)
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Os rendimentos mdios dos empregados domsticos so os menores
pagos no mercado de trabalho, quando comparados aos dos assalariados em
geral e ao dos autnomos. Em Recife, Salvador e Belo Horizonte, o
rendimento mdio percebido foi inferior ao salrio mnimo (R$ 300). Em
So Paulo, regio onde o custo de vida mais alto, foi apurado o maior
rendimento mdio: R$ 383,00. Em seguida vem Porto Alegre, com R$ 352,00, e o Distrito Federal, com R$ 321,00 (tabela 3).
TABELA 3Rendimento mdio real dos ocupados por posio na ocupaoRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESE
Nota: 1) Empregador, trabalhador familiar e outras ocupaes.Obs.: a) Exclusive os assalariados e os empregados domsticos assalariados que no tiveramremunerao no ms, os trabalhadores familiares sem remunerao salarial e os
trabalhadores que ganharam exclusivamente em espcie ou benefcio;b) Inflatores utilizados: IPCA/ BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/
IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/ SP
Posio na Ocupao Distrito Federal e regies metropolitanas
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Ocupados 781 1.266 877 561 701 1.043
Assalariados 822 1.452 901 643 803 1.108
Autnomos 596 666 697 361 436 726
Empregos Domsticos 291 321 352 228 222 383
Outros1 2.078 2.353 1.579 1.303 1.863 2.962
O salrio mnimo tende a ser uma referncia para a determinao
da remunerao do trabalho domstico. Entre 1998 e 2004, sua trajetria
diferenciou-se da apresentada pela renda mdia do conjunto dos ocupados,
pois o salrio mnimo teve sucessivos aumentos reais. Nesse perodo, assistiu-
se a uma expressiva reduo da renda mdia do trabalho dos ocupados, emtodas as regies. Para os trabalhadores domsticos, porm, essa reduo no
se fez sentir com a mesma intensidade. Pelo contrrio, chegou mesmo a
haver ligeiro crescimento real da renda mdia do emprego domstico em
Salvador e em Belo Horizonte. Apenas em So Paulo, onde se encontram os
maiores salrios da categoria, seu valor acompanhou a diminuio observada
para a mdia dos ocupados (tabela 4).
(em r eais de maio de 2005)
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TABELA 4Rendimento mdio real dos ocupados e dos empregadosdomsticosRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 1998 e 2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESEObs.: a) Exclusive os empregados domsticos assalariados que no tiveram remunerao no
ms, os trabalhadores familiares sem remunerao salarial e os trabalhadores queganharam exclusivamente em espcie ou benefcio;
b) Inflatores utilizados: IPCA/ BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/SP
Total de ocu pados e em pregados dom sticos 1998 2004 Variao r elativa (2004/ 1998) (%)
Belo HorizonteTotal de ocupados 925 776 -16,1
Empregados domsticos 294 298 1,4
Distrito Federal
Total de ocupados 1.547 1.258 -18,7
Empregados domsticos 347 319 -8,1
Porto Alegre
Total de ocupados 1.071 898 -16,2
Empregados domsticos 398 359 -9,8
RecifeTotal de ocupados 775 549 -29,2
Empregados domsticos 232 227 -2,2
Salvador
Total de ocupados 851 709 -16,7
Empregados domsticos 216 223 3,2
So Paulo
Total de ocupados 1.492 1.050 -29,6
Empregados domsticos 543 380 -30,0
(em reais de maio de 2005)
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
19
Uma vez que mais de 93% do total de empregados domsticos so
mulheres, a anlise apresentada neste trabalho refere-se unicamente sempregadas domsticas. O contingente masculino, pouco presente neste
segmento do mercado de trabalho, foi excludo.
Em todas as regies analisadas, o emprego domstico caracteriza-se
por ser tipicamente feminino. No conjunto das regies, cerca de um quinto
das mulheres encontrava no emprego domstico uma alternativa de trabalho.
A exceo ficava com Porto Alegre, onde a participao era de 15,4%. No
caso das trabalhadoras negras, essa presena era maior. As taxas apresentam
variaes de 22% a 32%, conforme a regio (grfico 1).
Porto Alegre tem a menor taxa (15,4%) referente ao total de mulheresocupadas como empregadas domsticas. O Distrito Federal registra a maior
porcentagem: 20,2%. No DF detectou-se ainda a maior renda mdia familiar.
O mercado de trabalho local tambm absorve parcela expressiva do
contingente feminino em postos de trabalho no setor pblico. Tudo isso faz
com que exista maior demanda para o trabalho de domsticas. Em Porto
Alegre, por sua vez, as taxas de desemprego so menores e os indicadores de
mercado de trabalho mais favorveis. Com isso, o percentual de mulheres
empregadas como domsticas menor, o que sugere a existncia de outros
espaos para o trabalho feminino em outros setores da economia.
II. O Emprego Domstico: Uma Alternat ivaOcupacional Feminina
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20
GRPE OIT
GRFICO 1Proporo das empregadas domsticas em relaoao total das mulheres ocupadas segundo corRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESE
O emprego domstico tem sido uma alternativa de trabalho maior
para as mulheres negras. Comparativamente, em todas as regies, a proporode mulheres negras ocupadas nessa atividade superou, em mdia, em 10
pontos percentuais a de mulheres no-negras. Em Porto Alegre, 32,1% das
negras da capital gacha eram domsticas no binio 2003-2004, enquanto
o percentual de no-negras ficou em 13,3%. A diferena de 18,8 pontos
percentuais. Salvador chama a ateno pelo fato de a taxa de participao
da mulher negra no emprego domstico superar em trs vezes a da mulher
branca (grfico 1).
A maior parte das mulheres que trabalha como empregada domstica
estava na faixa de 25 a 39 anos de idade em todas as regies analisadas. O
percentual oscilou entre 35,8% (Porto Alegre) e 46,3% (Recife). Os nmeros
revelam que a atividade inclui um contingente significativo de mulheres em
idade de maior capacidade produtiva e no apenas as mais velhas ou que
recentemente ingressaram no mercado de trabalho. Foi observada, ainda,
uma proporo equivalente a 18,4% de mulheres com 40 a 49 anos no
Distrito Federal, percentual que se elevou para 30,1% em Porto Alegre. Em
todas as regies, mais de 63% das mulheres no emprego domstico tinham
entre 25 e 49 anos. Na capital gacha, foi verificado o maior percentual de
mulheres com 50 anos ou mais trabalhando na ocupao: 22,8%. A menor
proporo de domsticas nessa faixa etria, 8,6%, foi observada no Distrito
Federal (grfico 2).
(em %)
19,6
24,7
12,3
20,2
24,3
12,3
15,413,3
19,1
22,3
11,6
19,822,1
6,2
19,0
29,5
13,1
32,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Mulheres Mulheres negras Mulheres no negras
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
21
GRFICO 2Distribuio das empregadas domsticas segundo faixa etriaRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e Desemprego(em reais de maio de 2005)Elaborao: DIEESEObs.: A amostra no permitiu desagregao para a categoria de 10 a 17 anos para PortoAlegre
Cabe destacar que o emprego domstico serve de porta de entradaa muitas jovens para o mercado de trabalho. Em quase todas as regies, h
crianas e adolescentes de 10 a 17 anos nessa tarefa. A proporo de crianas
e adolescentes que trabalhavam como domsticas oscilou entre 2,7% e 3,9%
nas regies pesquisadas. Alm disso, o emprego domstico abrigou mais de
20% de jovens de 18 a 24 anos em Salvador e no Distrito Federal. Em Porto
Alegre foi encontrado o menor percentual: 9,6%.
Em sua maioria, as trabalhadoras que exercem atividades relacionadas
ao emprego domstico tm baixa escolaridade. Mais de 75% tinham, no
mximo, o ensino fundamental completo (at oito anos de estudo). A maior
concentrao (mais da metade) tinha o nvel fundamental incompleto, fato
observado em todas as regies. Distrito Federal (24,2%) e Salvador (22,7%)
destacam-se entre as regies onde foram encontradas empregadas domsticas
com escolaridade mais elevada e com os maiores percentuais de trabalhadoras
com instruo superior ao fundamental completo (grfico 3). A anlise do
nvel de escolaridade das trabalhadoras domsticas revelou que essa atividade
era a principal fonte de emprego das mulheres que tinham opes limitadas
de insero no mercado de trabalho. Para elas, eram reservadas atividades
que constituam extenso do trabalho realizado no interior dos seus prprios
domiclios, uma vez que, culturalmente, o trabalho domstico uma
responsabilidade da mulher, definida como dona-de-casa.
(em %)
2,9
18,1
39,8
24,4
14,9
3,2
24,3
45,4
18,4
8,6
9,6
35,8
30,1
22,8
2,7
13,6
46,3
23,6
13,8
3,9
21,4
44,4
19,6
10,7
2,9
12,2
42,3
25,8
16,7
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Belo
Horizonte
Distrito
Federal
Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
10 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 49 anos 50 anos e mais
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GRPE OIT
GRFICO 3Distribuio das empregadas domsticas segundo escolaridadeRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) Inclui os alfabetizados sem escolaridadeObs.: Para o nvel superior, a amostra no comportou a desagregao
(em %)
4,8
63,3
12,8
6,2
12,7
4,5
56,1
15,2
8,8
15,2
3,1
64,7
16,7
5,4
9,6
14,2
61,0
9,9
5,3
9,5
8,6
57,2
11,5
9,0
13,7
7,8
61,3
14,1
5,4
10,9
0%
20 %
40 %
60 %
80 %
100%
Belo Horizonte Distrito
Federal
Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Compl
Ensino Mdio Incompleto Ensino Mdio Completo
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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As domsticas eram contratadas, majoritariamente, como mensalistas
nas regies investigadas. A parcela que trabalhava como diaristaera bemmenos relevante e, em geral, no alcanava um quarto dessas trabalhadoras.
Entre as regies pesquisadas, a contratao com pagamento mensal era maior
em Salvador (86,9%) e no Distrito Federal (80,7%), enquanto a maior
proporo de diaristas foi verificada em Porto Alegre (27,3%).
O registro do contrato na carteira de trabalho era mais freqente
em Porto Alegre (44,8%) e Belo Horizonte (42,1%). Nas demais regies, a
contratao de mensalista margem da legalidade apareceu com mais
intensidade. Destacam-se Salvador, onde 56,3% das empregadas domsticas
eram mensalistas sem carteira de trabalho assinada, e Recife, com 48,2%(Grfico 4).
III. Caracterst icas da Contratao dasTrabalhadores Domsticas
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24
GRPE OIT
GRFICO 4Distribuio das empregadas domsticas segundo formas decontrataoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESE
Distrito Federal
34,2%
46,5%
19,3%
Porto Alegre
27,3% 27,9%
44,8%
Recife
21,5%
48,2%
30,4%
Salvador
30,7%
13,1%
56,3%
So Paulo
23,8%
31,7%
44,4%
Belo Horizonte
33,5%
24,4%
42,1%
Mensalista com carteira de trabalho assinada
Mensalista sem carteira de trabalho assinada
Diarista
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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Menos da metade das empregadas domsticas em todas as regies
contribua para a previdncia social. Em Porto Alegre, verificou-se a maior
proporo de domsticas que pagavam o INSS (49,4%), e, em Recife, a
menor (32,9%). A no-contribuio previdncia tem conseqncias para
essas mulheres. Uma delas o fato de que a aposentadoria por tempo de
servio atrasada ou impossibilitada, o que faz com que permaneam maistempo no mercado de trabalho. Alm disso, agrega-se insegurana prpria
da atividade a excluso aos direitos previdencirios mais urgentes como
licena-maternidade, auxlio-doena, entre outros (grfico 5).
GRFICO 5Proporo das empregadas domsticas que contribuempara a Previdncia socialRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESE
46,0
35,6
49,4
32,9
33,1
35,8
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
As longas jornadas de trabalho configuram-se como um dos
problemas dessa ocupao, contribuindo para isso a dificuldade do controle
e de fiscalizao desse tipo de atividade. O nmero de horas semanais
trabalhadas pelas empregadas domsticas apresenta grande disparidade
regional. A pesquisa apurou que as regies metropolitanas do Recife e de
Salvador se caracterizaram por ter as jornadas mdias mais extensas, 47 e 43
respectivamente. Por outro lado, no Sudeste e no Sul o tempo de trabalho
semanal mdio das empregadas domsticas foi menor, como ocorreu em
Porto Alegre (36 horas), So Paulo (37 horas) e Belo Horizonte (38 horas).
Tambm, regionalmente, houve grande diferena na proporo de
empregadas domsticas que trabalharam (ou no) alm da jornada legal de
44 horas semanais. Nas localidades analisadas do Nordeste, mais da metade
(em%)
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GRPE OIT
das empregadas trabalharam alm das 44 horas: Recife (61,4%), Salvador
(57,9%). J em Porto Alegre, 45,2% das empregadas fizeram jornada entre
20 e 40 horas e 28,2%, mais de 44 horas (tabela 5).
TABELA 5
Distribuio das empregadas domsticas segundo classes dehoras trabalhadasRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESE
Regies
metropolitanas e
Distrito Federal
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Jornada mdia
semanal
(em horas)
38
41
36
47
43
37
Classes de horas
Total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
At 20 horas
18,6
13,6
22,1
15,7
13,7
23,2
Mais de 20 a
40 horas
38,3
30,1
45,2
20,1
24,5
40,1
Mais de 40 a
44 horas
2,9
12,4
4,5
2,8
3,9
2,9
Mais de 44 horas
40,3
43,8
28,2
61,4
57,9
33,8
(em %)
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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4.1 Condies de trabalho
Em todas as regies analisadas, o percentual de empregadas
domsticas mensalistas ou seja, que trabalham durante todo o ms apenas
para um empregador trs vezes maior que o de diaristas, isto , mulheres
que podem estar, a cada dia, trabalhando em uma residncia diferente ou
de forma intermitente em uma unidade familiar.
O trabalho como mensalista, porm, no garante registro na carteira
de trabalho, como j foi assinalado anteriormente. Em Porto Alegre e Belo
Horizonte foram detectadas as maiores taxas de formalizao do emprego
domstico. Nas demais regies, as empregadas domsticas mensalistas, emsua maioria, no possuam carteira de trabalho assinada (grfico 4).
Considerando o total de empregadas domsticas mensalistas,
verificou-se, em todas as regies metropolitanas, que a maior parcela estava
h mais de dois anos no mesmo emprego. O Distrito Federal registrou a
menor proporo (32,7%) e Porto Alegre a maior (46,8%). Expressivo foi,
tambm, o montante das empregadas que estavam, no mximo, at seis
meses no emprego: 35,4% do total de mensalistas no Distrito Federal e
33,0% em Salvador.
As mensalistas com e sem carteira de trabalho assinada, quando
observadas separadamente, apresentavam diferenas expressivas no tempo
de permanncia no emprego que mantinham no momento da pesquisa. No
IV. Condies de Trabalho e Perf is dasEmpregadas Domsticas Mensalistas come Sem Carteira de Trabalho Assinada
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28
GRPE OIT
caso das primeiras, com carteira de trabalho assinada, mais da metade
trabalhava havia mais de dois anos no mesmo emprego, fato constatado em
todas as regies metropolitanas. Entre as sem carteira assinada, verificou-se
situao inversa. Quase metade estava no trabalho havia, no mximo, seis
meses. Uma parcela inferior a 29% trabalhava havia mais de dois anos no
emprego (tabela 6).O tempo de trabalho pode ser visto como uma varivel importante
na construo da relao entre empregador e empregado. A durao pode
indicar a superao das dificuldades impostas pelo espao domstico como
local de trabalho. A formalizao contratual representaria um indicador de
maior confiana e menos precariedade.
TABELA 6Distribuio das empregadas domsticas mensalistas por formas
de contratao segundo tempo de permanncia no emprego atualRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESE
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Belo Horizonte Distrito Federal
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
27,6
12,3
46,7
Mais de6 a 12meses
15,0
13,9
16,3
Mais de1 a 2anos
15,8
19,0
11,9
Mais de2 anos
41,6
54,8
25,1
Forma deContratao
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
35,4
15,0
50,4
Mais de6 a 12meses
15,6
15,5
15,7
Mais de1 a 2anos
16,3
19,4
14,0
Mais de2 anos
32,7
50,1
19,8
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Recife Salvador
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
30,6
10,7
43,2
Mais de6 a 12meses
13,9
12,2
15,0
Mais de1 a 2anos
15,1
18,1
13,3
Mais de2 anos
40,4
59,0
28,5
Forma deContratao
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
33,0
10,5
45,3
Mais de6 a 12meses
14,4
11,8
15,8
Mais de1 a 2anos
14,9
16,9
13,8
Mais de2 anos
37,7
60,8
25,2
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Porto Alegre So Paulo
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
25,7
14,3
43,8
Mais de6 a 12meses
13,3
11,6
16,1
Mais de1 a 2anos
14,2
15,3
12,6
Mais de2 anos
46,8
58,8
27,5
Forma deContratao
Total
100,0100,0100,0
At 6meses
29,7
10,3
43,4
Mais de6 a 12meses
13,3
10,9
15,0
Mais de1 a 2anos
15,5
16,2
15,0
Mais de2 anos
41,5
62,6
26,6
(em %)
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
29
A carteira assinada garante a essas trabalhadoras o acesso a direitos
e benefcios trabalhistas. Em todas as regies, mais de 97% das mensalistas
com carteira assinada contribuam para previdncia. J entre as trabalhadoras
sem carteira, a proporo observada de contribuintes para a previdncia foi
muito pequena. Apenas em So Paulo e em Belo Horizonte registraram-se
ndices prximos a 5,5% do total.As jornadas de trabalho cumpridas pelas empregadas domsticas
mensalistas com e sem carteira so muito maiores do que as das diaristas.
Entre as mensalistas do Nordeste, a jornada semanal mdia chegou a 47
horas em Salvador, e a 54 horas em Recife. No Distrito Federal, a mdia
semanal tambm superou em duas horas as 44 horas determinadas por lei.
A jornada mdia semanal foi inferior em Porto Alegre (41 horas), So Paulo
(42 horas) e Belo Horizonte (44 horas).
A formalizao do contrato de trabalho parece estar associada a
jornadas mais extensas. Jornadas longas acontecem mais entre as que dormem
no emprego 2, o que expe a dificuldade de fiscalizao do trabalho domstico.
Em todas as regies analisadas, a jornada mdia semanal das mensalistas
com carteira de trabalho assinada superou a das sem carteira. A maior
distncia aconteceu em So Paulo: as com carteira trabalharam, em mdia,
sete horas a mais que as sem carteira (grfico 6).
2 Conforme estudo da CONLACTRAHO
GRFICO 6Horas semanais mdias de trabalho das empregadas domsticas
mensalistas segundo forma de contrataoRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESE
46 4742
4651
57
4144
39 39
45
52
0
10
20
30
40
50
60
Belo Horizonte Distrito
Federal
Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Mensalistas com carteira Mensalistas sem carteira
(em horas semanais)
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GRPE OIT
A anlise da jornada de trabalho por grupo de horas trabalhadas
evidencia a proporo de empregadas domsticas que realizam servios alm
da jornada legal. Isso indica que esse tipo de ocupao se caracteriza por
extensas jornadas, em especial para as mulheres com carteira de trabalho
assinada.
Mais da metade das trabalhadoras mensalistas com carteira detrabalho assinada realizou jornadas acima das 44 horas legais, exceo de
Porto Alegre (36,9%), onde a maioria (51,1%) trabalhou entre 20 e 40 horas.
As mensalistas com contrato formal de trabalho fizeram mais de 44 horas
semanais nas regies do Nordeste: 77,6% em Salvador e 85,2% em Recife.
Para as que no possuam carteira de trabalho assinada, as regies
registraram percentuais bastante diferenciados. Em Recife, 70,3% dessas
empregadas trabalharam acima de 44 horas semanais. Em Salvador, o
percentual foi bem menor: 58,8%. Em So Paulo, 43,0% das mensalistas
sem carteira fizeram entre 20 e 40 horas semanais e 36,8%, alm das 44
horas. Em Porto Alegre, houve o maior percentual entre as que cumpriram
de 20 a 40 horas (46,3%) e, no Distrito Federal, registrou-se o maior nmero
das que trabalharam mais de 44 horas (50,8%). Em Belo Horizonte, a situao
foi semelhante: 41,1% trabalharam entre 20 e 40 horas e 44,2%, mais de 44
horas (tabela 7).
TABELA 7Distribuio das empregadas domsticas mensalistas por formasde contratao segundo classe de horas trabalhadasRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESENota: 1) A amostra no comporta desagregao para esta categoria
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
SalvadorSo Paulo
Classes de horas
Total At 20 horasMais de 20a 40 horas
Mais de 40a 44 horas
Mais de 44horas
Regies metr opolitanase Distrito Federal
100,0100,0100,0100,0
100,0100,0
Mensalista com carteira
1
1
5,21
11
36,6
24,0
51,1
10,6
16,042,4
1
20,1
6,81
1
4,5
57,2
55,1
36,9
85,2
77,649,8
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
100,0100,0100,0100,0100,0100,0
Mensalista sem carteira
11,91
15,0
5,6
9,9
17,1
41,1
31,3
46,3
20,9
27,4
43,0
1
12,01
1
1
3,0
44,2
50,8
34,0
70,3
58,8
36,8
(em %)
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
31
O rendimento mdio real das domsticas mensalistas com carteira
sempre superior ao das sem carteira. No Distrito Federal onde as
empregadas sem carteira tm salrio 23,1% menor que as com carteira e
em Porto Alegre com percentual de diferena de 24,6% - foram verificadas
as menores distncias entre as remuneraes mdias das mensalistas com e
sem carteira. So Paulo, apesar de ser a regio que paga os maiores salriosmdios para mensalistas com e sem carteira assinada (R$ 506 e R$ 314
respectivamente) foi onde se observou a maior diferena: -37,9% (tabela 8).
TABELA 8Rendimento mdio real mensal das empregadas domsticasmensalistas por forma de contrataoRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e DesempregoElaborao: DIEESEObs.: a) Exclusive as empregadas domsticas assalariadas que no tiveram remunerao no ms;
b) Inflatores utilizados: IPCA/ BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/ SP
Regies metropolitanas e Distrito Federal
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Rendimento m dio real
Com Cart eira (A)
359
376
406
292
284
506
Sem Carteira (B)
244
289
306
204
195
314
-32,0
-23,1
-24,6
-30,1
-31,3
-37,9
Diferena
B/A (%)
Desconsiderando-se as jornadas, os rendimentos mdios por hora
revelaram que as diferenas entre as mensalistas com e sem carteira de
trabalho assinada variaram entre -17,9% (Porto Alegre) e -26,8% (So Paulo)
(tabela 9).
(em r eais de maio de 2005)
8/2/2019 O emprego domstico
32/52
32
GRPE OIT
TABELA 9Rendimento mdio real por hora das empregadas domsticasmensalistas por forma de contrataoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e DesempregoElaborao: DIEESE
Obs.: a) Devido ao arredondamento, os valores da diferena esto aproximados;b) Exclusive as empregadas domsticas assalariadas que no tiveram remunerao no ms;
c) Inflatores utilizados: IPCA/ BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/SP
Regies metropolitanas e Distrito FederalBelo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Rendimento mdio real por hora
Com CarteiraA1,82
1,87
2,26
1,20
1,30
2,57
Sem CarteiraB1,39
1,53
1,83
0,92
1,01
1,88
-23,7
-17,9
-18,8
-23,4
-22,2
-26,8
Diferena
B/A(%)
4.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras mensalistas
Quando se leva em conta o atributo cor e se analisa cada regio
separadamente, percebe-se que entre as mensalistas negras, as propores
daquelas com e sem carteira de trabalho assinada foram semelhantes s das
no-negras. Apenas em So Paulo e em Porto Alegre o percentual de negras
com carteira em relao ao total de negras ocupadas na categoria foi
ligeiramente superior ao de no-negras (tabela 10).
Forma de contrataoMensalista
Com carteira
Sem Carteira
Belo Horizonte
Negra100,0
55,4
44,6
No-negra100,0
55,8
44,2
Distrito Federal
Negra100,0
42,6
57,4
No-negra100,0
41,7
58,3
Porto Alegre
Negra100,0
66,3
33,7
No-negra100,0
59,4
40,6
Forma de contratao
Mensalista
Com carteira
Sem Carteira
Recife
Negra
100,0
38,9
61,1
No-negra
100,0
39,6
61,5
Salvador
Negra
100,0
35,4
64,6
No-negra
100,0
(1)
66,1
So Paulo
Negra
100,0
42,7
57,3
No-negra
100,0
39,4
59,6
TABELA 10Proporo das empregadas domsticas mensalistascom carteira e sem carteira de t rabalho assinada segundo corRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESENota: (1) A amostra no comportou desagregao para esta categoria
(em reais de maio de 2005)
(em %)
8/2/2019 O emprego domstico
33/52
CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
33
Por faixa etria, foram verificadas algumas peculiaridades entre as
mensalistas segundo a forma de contratao. Entre as com carteira de
trabalho assinada, houve maior concentrao na faixa dos 25 a 39 anos em
todas as regies analisadas, exceto Porto Alegre, onde o percentual entre as
mulheres dessa faixa (36,9%) foi semelhante ao daquelas entre 40 a 49 anos
(32,4%). A parcela de jovens entre 18 e 24 anos variou entre 7,9% (PortoAlegre) at 23,3% (Distrito Federal).
Em relao contratao fora dos padres legais, houve uma
distribuio mais homognea entre todas as idades. Verificou-se um
contingente expressivo de meninas de 10 a 17 anos nessa ocupao, que
oscilou entre 5,1% (Recife) e 7,0% (Belo Horizonte) em todas as regies,
exceto Porto Alegre. Ressalte-se que a legislao probe a contratao de
menores. J a parcela de trabalhadoras entre 25 e 39 anos sem carteira
assinada foi relativamente menor do que a com carteira. Em Belo Horizonte,
Porto Alegre e So Paulo, o percentual de domsticas com mais de 50 anos,
sem registro em carteira, foi superior ao verificado entre as com carteira
(grfico 7).
A anlise da distribuio da atividade domstica segundo a idade
mostra que a formalizao da atividade domstica est atrelada ao fato de as
trabalhadoras jovens participarem menos nessa atividade. Como
conseqncia, verifica-se o aumento da influncia das mulheres maduras.
Sabe-se que as trabalhadoras muito jovens tm maior tolerncia ao trabalho
informal pelo fato de estarem entrando no mercado de trabalho. As mulheres
mais velhas, ao contrrio, permanecem mais tempo no emprego e buscam
maior segurana atravs da contratao formal.
8/2/2019 O emprego domstico
34/52
34
GRPE OIT
Sem carteira de trabalho assinada
7,0
26,2
34,1
18,1
14,6
6,3
32,1
41,7
13,9
15,7
30,2
24,1
24,9
5,1
18,1
43,9
21,1
11,9
6,2
26,4
42,6
15,5
9,3
5,6
15,8
39,0
23,2
16,4
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Belo
Horizonte
Distrito
Federal
Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
10 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 49 anos 50 anos e mais
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESEObs.: A amostra no comportou desagregao para:
a) categoria 50 anos e mais com e sem carteira no DFb) categoria 10 a 17 anos, sem carteira em Porto Alegre
c) categoria 10 a 17 anos com carteira em todas as RM
A proporo de mensalistas analfabetas, com e sem carteira de trabalho
assinada, foi semelhante na regio do Recife e de So Paulo. Entre as mensalistas
com carteira, o percentual de mulheres com o ensino fundamental incompleto
superou o de mensalistas sem carteira nas regies de Belo Horizonte, Distrito Federal,
Porto Alegre e So Paulo. Mais da metade das empregadas mensalistas, com e sem
carteira, possua esse nvel de escolaridade. No se pode afirmar, contudo, que o
nvel de escolaridade influi no tipo de contratao, uma vez que no houve um
padro definido entre as regies. Pode-se dizer apenas que esse segmento do mercado
de trabalho se caracteriza por abrigar mulheres com baixa escolaridade, uma vezque
mais da metade delas no concluiu o ensino fundamental (grfico 8).
GRFICO 7Distribuio das empregadas domsticas mensalistassegundo forma de contratao e faixa etriaRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
17,2
45,6
25,1
11,5
23,3
50,8
17,9
7,9
36,9
32,4
22,6
9,9
51,0
26,7
12,1
17,0
48,0
23,4
11,1
11,6
48,2
26,1
13,9
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 49 anos 50 anos e mais
(em %)Com carteira de trabalho assinada
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
35
GRFICO 8Distribuio das empregadas domsticas mensalistassegundo forma de contratao e escolaridadeRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Com carteira de trabalho assinada
62,1
13,9
5,2
14,6
55,6
14,8
9,0
16,6
64,9
18,9
4,7
8,6
13,2
59,6
11,7
9,6
56,3
12,4
15,3
7,3
62,4
14,4
11,6
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Completo
Ensino Mdio Incompleto Ensino Mdio Completo
Sem carteira de trabalho assinada
58,8
12,9
9,1
14,3
54,0
15,9
9,4
16,1
59,6
16,0
12,5
13,3
61,7
8,5
5,6
10,7
8,5
56,5
11,1
10,0
13,7
7,7
58,4
14,5
7,2
11,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto (1) Ensino Fundamental Completo
Ensino Mdio Incompleto Ensino Mdio Completo
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) Inclui os alfabetizados sem escolaridadeObs.: a) A amostra no comportou desagregao para as analfabetas com carteira de Belo
Horizonte, Distrito Federal, Porto Alegre e Salvador e para o ensino mdio incompleto dascom carteira do Recife, Salvador e So Paulo;
b) A amostra no comportou desagregao para as analfabetas sem carteira de BeloHorizonte, Distrito Federal e Porto Alegre e para o ensino mdio incompleto das sem
carteira de Porto Alegre;c) Entre as mensalistas com e sem carteira foi possvel desagregao da amostra para oensino superior
(em %)
8/2/2019 O emprego domstico
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36
GRPE OIT
8/2/2019 O emprego domstico
37/52
CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
37
5.1 Condies de trabalho
A parcela de empregadas domsticas diaristas no total das mulheres
ocupadas variou entre 2,6% (Salvador) e 4,8% (Belo Horizonte) nas seis
regies metropolitanas analisadas.
No total das mulheres ocupadas no emprego domstico, a proporo
de diaristas variou entre as regies. A menor participao foi encontrada
em Salvador (13,1%) e a maior em Porto Alegre, 27,3% (grfico 4).
Por no ter um vnculo formal de contratao, grande parte das
diaristas no contribuiu para a previdncia social. Do total de diaristas, o
maior percentual de contribuio, 11,9%, foi verificado em Porto Alegre,seguido de Belo Horizonte, 8,8%, e So Paulo, 7,1%. Nas demais regies, os
dados no foram relevantes. Grande parte destas mulheres no ter acesso
aposentadoria e, provavelmente, ficar mais tempo no mercado de trabalho
nessa atividade.
Mais de 40% das diaristas de Belo Horizonte, Distrito Federal, Porto
Alegre e So Paulo estava havia mais de dois anos no trabalho no momento
da pesquisa, parcela superior a observada entre as mensalistas sem registro
em carteira, embora menor que a das mensalistas com carteira assinada.
Essa estabilidade relativamente maior da diarista em relao mensalista
sem carteira est, possivelmente, associada a sua forma de trabalho, que lhe
permite prestar servio em vrias residncias e, portanto, garantir menor
V. Condies de Trabalho e Perfil dasEmpregadas Domsticas Diaristas
8/2/2019 O emprego domstico
38/52
38
GRPE OIT
descontinuidade de perodos sem trabalho. Nas regies do Nordeste, cerca
de 30% das diaristas estavam h, no mximo, seis meses no trabalho e pouco
mais de 37%, h mais de dois anos na mesma residncia (tabela 11).
TABELA 11Proporo de empregadas domsticas diaristassegundo tempo de permanncia no trabalho atualRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Regies Metropolitanase Distrito Federal Total At 6 meses Mais de 6 a 12 meses Mais de 1 a 2 an os Mais de 2 an os
Belo Horizonte 100,0 28,1 16,1 11,8 44,0
Distrito Federal 100,0 29,5 1 1 42,4Porto Alegre 100,0 24,3 15,4 13,4 46,9
Recife 100,0 34,4 14,7 13,4 37,5
Salvador 100,0 31,5 1 1 37,2
So Paulo 100,0 32,6 13,1 13,8 40,6
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) A amostra no comportou desagregao para as categorias
Por outro lado, cabe considerar que as diaristas no trabalharam
todos os dias teis da semana. A jornada mdia delas no ultrapassou 22
horas semanais, valor registrado no Distrito Federal. Em todas as regies
analisadas, a mdia foi muito parecida, variando entre 20 e 21 horas semanais.
Esse valor foi verificado at mesmo nas regies do Nordeste, onde asmensalistas trabalharam em mdia, cerca de 50 horas semanais (grfico 9).
GRFICO 9Jornada semanal mdia de trabalho das empregadasdomsticas segundo forma de contrataoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
4642
51
46
4144
52
45
21 22 21 21 20 20
57
47
3939
0
10
20
30
40
50
60
70
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Mensalista com carteira Mensalistas sem carteira Diarista
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e DesempregoElaborao: DIEESE
(em %)
(em horas semanais)
8/2/2019 O emprego domstico
39/52
CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
39
A baixa jornada mdia de trabalho das diaristas pode ser explicada.
Apesar do menor nmero de horas em atividade por semana, o ritmo de
trabalho dessas mulheres tende a ser, em geral, mais intenso que o das
mensalistas. Mais de 55% das diaristas trabalharam at 20 horas semanais.
Esse percentual subiu para 60% em So Paulo e nas regies do Nordeste.
Entre 31% e 38% das diaristas trabalharam entre 20 e 40 horas por semana.Na capital paulista, apenas 6,2% das diaristas realizaram jornadas acima de
44 horas semanais (grfico 10).
GRFICO 10Distribuio das empregadas domsticas diaristassegundo classe de horas trabalhadasRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESEObs.: A amostra no comportou desagregao para mais de 44 horas em Belo Horizonte,
Distrito Federal, Porto Alegre, Recife e Salvador e para 40 a 44 horas em todas as regiesanalisadas
O rendimento mdio mensal das diaristas foi o menor observado
entre as empregadas domsticas, uma vez que suas jornadas semanais foram
inferiores s das demais. Os maiores valores pagos aconteceram em So
Paulo (R$ 296) e Porto Alegre (R$ 292). Em Recife, ocorreu o menor
rendimento mdio (R$ 145). Comparado ao salrio mnimo de R$ 3003, o
rendimento das diaristas prximo a esse piso apenas em So Paulo e Porto
Alegre. No Distrito Federal, as diaristas receberam, em mdia, 83,7% do
salrio mnimo; em Belo Horizonte, 71,3%; e, em Salvador e no Recife,
48,3%, ou seja, menos de meio salrio mnimo (tabela 12).
3 Os rendimentos mensais mdios tiveram seu valor real atualizado para maio de 2005, sendo comparados com o salrio mn imo vigente apartir de 01/ 05/ 2005.
(em %)
57,4
37,2
55,0
38,0
57,9
34,2
61,0
32,4
60,9
31,9
62,0
31,2
6,2
0 %
10 %
20 %
30 %
40 %
50 %
60 %
70 %
80 %
90 %
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
At 20 horas De 20 a 40 horas Mais de 44 horas
8/2/2019 O emprego domstico
40/52
40
GRPE OIT
1,391,53
1,83
0,921,01
1,881,821,87
2,26
1,201,30
2,572,38
2,67
3,25
1,61 1,69
3,46
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Mensalista sem carteira Mensalista com carteira Diarista
TABELA 12Rendimento mdio real das diaristas e proporo do salrio mnimoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESE
Obs.: a) Exclusive as empregadas domsticas assalariadas que no tiveram remunerao no ms;b) Inflatores utilizados: IPCA/BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/
IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/SP
Regies metropolitanas e Distrito Federal Diaristas Salrio mnimo Proporo (%)
Belo Horizonte 214 300 71,3Distrito Federal 251 300 83,7
Porto Alegre 292 300 97,3
Recife 145 300 48,3
Salvador 145 300 48,3
So Paulo 296 300 98,7
Apesar de obterem menores rendimentos mdios por ms, as
diaristas ganham mais, quando se analisa o rendimento por hora. O maior
rendimento mdio por hora, pago em So Paulo, foi de R$ 3, 46, ou 34,6%
maior que o das mensalistas com carteira e 84,0% maior que o das sem
carteira. Entre as regies, a maior diferena entre o rendimento mdio por
hora das mensalistas com vnculo formal e das diaristas foi observada em
Porto Alegre: 43,8%. Na comparao com as que trabalham sem carteira, a
maior distncia entre as remuneraes mdias por hora ocorreu na Grande
So Paulo (grfico 11).
GRFICO 11Rendimento mdio real por hora das trabalhadoras domsticassegundo forma de contrat aoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESE
Obs.: a) Exclusive as empregadas domsticas assalariadas que no tiveram remunerao no ms;b) Inflatores utilizados: IPCA/BH/ IPEAD; INPC-DF/ IBGE; IPC-IEPE/ RS; INPC-RMR/IBGE/ PE; IPC-SEI/ BA; ICV-DIEESE/ SP
(em reais de maio de 2005)
(em reais de maio de 2005)
8/2/2019 O emprego domstico
41/52
CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
41
5.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras diaristas
Em So Paulo, Recife e Porto Alegre, h mais diaristas no-negras
do que entre as negras. No Distrito Federal e em Belo Horizonte, o resultado
foi o oposto, com maior representao de diaristas entre as trabalhadoras
negras. Em Salvador, as diaristas negras perfazem 13,1% do total dedomsticas negras. Para as no-negras, no se pode inferir nenhum resultado
relevante, o que indica que esta ocupao foi predominantemente
desempenhada pelas mulheres negras (grfico 13).
GRFICO 13Proporo das diaristas negras e no-negrassobre o total de trabalhadoras domsticasRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
24,7
20,2
24,3
21,1
13,1
23,1
22,8
16,3
27,8
21,6
24,4
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Negras No Negras
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESEObs.: A amostra no comportou desagregao para as diaristas no-negras em Salvador
Por faixa etria, percebeu-se que a atividade de diarista no era muito
presente entre as trabalhadoras jovens. O nmero de diaristas de 10 a 17
anos, assim como o de jovens de 18 a 24 anos, no apresentou participao
relevante nos resultados da pesquisa. Grande parte das empregadas
domsticas diaristas tinha entre 25 e 39 anos, com variao de 37,7% (Belo
Horizonte) a 44,9% (Recife). Outra parcela expressiva foi observada na faixa
etria de 40 e 49 anos, que variou de 25,0% no Recife a 32,8% em Porto
Alegre. Em todas as regies, exceto em Salvador, cerca de 20% das diaristas
tinham mais de 50 anos (grfico 14).
(em %)
8/2/2019 O emprego domstico
42/52
42
GRPE OIT
Em mdia, a escolarizao das diaristas foi semelhante verificada
entre todas as trabalhadoras do segmento do trabalho domstico. Grandeparte delas no concluiu o ensino fundamental. Recife mostrou-se a regio
com a menor proporo de diaristas com o ensino fundamental incompleto,
61,4%, e tambm apresentou uma parcela expressiva de trabalhadoras
analfabetas, 17,5%. Em So Paulo, 8,9% das diaristas eram analfabetas e
65,2% no terminaram o ensino fundamental. Entre as que concluram o
ensino fundamental, o percentual variou entre 10,5% (Recife) e 13,6% (Porto
Alegre). Apenas em So Paulo (8,7%) e na capital gacha (8,3%) detectou-
se um nmero relevante de diaristas com o ensino mdio completo (grfico 15).
GRFICO 14Distribuio das empregadas domsticas diaristas segundo faixaetriaRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
37,7
31,9
21,0
45,0
29,9
17,3
39,8
32,8
20,9
44,9
25,0
20,8
43,8
28,1
40,7
30,5
21,1
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
25 a 39 anos 40 a 49 anos 50 anos e mais
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa de
Emprego e DesempregoElaborao: DIEESEObs.: A amostra no comportou desagregao para 50 anos ou mais em Salvador, e para
10 a 24 anos, em todas as regies
(em %)
8/2/2019 O emprego domstico
43/52
CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
43
GRFICO 15Distribuio das empregadas domsticas diaristas segundoescolaridadeRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
71,9
10,7
62,1
69,6
13,6
8,3
17,5
61,4
10,5
62,1
8,9
65,2
12,9
8,7
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto (1)
Ensino Fundamental Completo Ensino Mdio Completo
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESE.Nota: 1) Inclui os alfabetizados sem escolaridadeObs.: a) A amostra no comportou desagregao para as analfabetas de Belo Horizonte,
Distrito Federal, Porto Alegre e Salvador. Tambm no houve desagregao para aquelas
que concluram o ensino fundamental no Distrito Federal e em Salvador. No houvedesagregao para aquelas com o ensino mdio completo em Belo Horizonte, no DistritoFederal, Recife e Salvador;b) Entre as diaristas no foi possvel a desagregao da amostra para o ensino superior
(em %)
8/2/2019 O emprego domstico
44/52
44
GRPE OIT
6.1 Condies de trabalho
A anlise comparativa entre mulheres ocupadas no segmento do
mercado de trabalho do emprego domstico, quando se considera o atributo
cor e raa, evidencia que a proporo de ocupadas negras que trabalham
como domsticas supera a de no-negras. Em Porto Alegre e So Paulo, a
parcela de ocupadas negras que trabalha como mensalista atingiu 24,3% e
22,7%, respectivamente. Entre as no-negras, o percentual foi inferior a
11% em todas as regies analisadas. Como diaristas, as maiores parcelas
tambm foram verificadas para as mulheres negras em Porto Alegre e em
So Paulo, com participao de 7,8% e 6,8%, respectivamente. Para astrabalhadoras no-negras, esta forma de trabalho representou apenas 3,7%
e 3,2%, nestas regies.
Destaca-se que, em Salvador, o emprego domstico mensalista
(19,2%) tem sido alternativa de trabalho mais freqente para as negras
baianas. Alm disso, 2,9% destas so diaristas. Entre as ocupadas no-negras,
5,6% eram mensalistas.
No houve diferenas expressivas entre a jornada das domsticas
negras e no-negras. As diaristas no-negras do Distrito Federal trabalharam
trs horas a mais do que as negras. Por sua vez, as negras sem registro em
carteira no Distrito Federal e em So Paulo trabalharam duas horas a mais
na semana, em mdia. Dessa forma, no se pode fazer nenhuma correlao
VI. Condies de Trabalho e Perfisdas Empregadas DomsticasNegras e No-negras
8/2/2019 O emprego domstico
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
45
especial entre cor e jornada de trabalho com base nos resultados da pesquisa
(tabela 13).
TABELA 13Diferena da jornada semanal mdia das empregadasdomsticas negras e no-negras, por forma de contrataoRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. Pesquisa de Empregoe Desemprego (PED)Elaborao: DIEESE
Nota: 1) A amostra no comportou desagregao para as categorias.
Regio metropolitana e
Distrito FederalBelo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Empregada domstica
Mensalista
Total0
-1
1
-1
0
1
Com carteira0
-1
-1
-1
1
0
Sem carteira1
2
0
-2
1
2
Diarista0
-3
1
0
1
0
Os dados do rendimento mdio por hora (ou seja, descontada a
jornada de trabalho) indicaram um padro bastante semelhante quando
analisados regio por regio. Observam-se pequenas variaes positivas em
favor das trabalhadoras no-negras, independentemente do tipo de contrato.
As maiores diferenas entre os rendimentos mdios por hora das
empregadas domsticas no-negras e negras foram de 4,7% em Porto Alegre
e 3,3%, em So Paulo. Ainda em So Paulo, as domsticas mensalistas sem
carteira no-negras receberam 9,0% a mais do que as negras e no Distrito
Federal 8,3% (tabela 14).
(em horas semanais)
8/2/2019 O emprego domstico
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46
GRPE OIT
TABELA 14Rendimento mdio hora das empregadas domsticasnegras e no-negras, por posio na ocupaoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) A amostra no comportou desagregao para as categorias
Empregada domstica
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Diarista
Belo HorizonteEmpregodomstico
Negras (A)
1,75
1,64
1,82
1,38
2,35
No-negras (B)
1,79
1,68
1,83
1,431
DiferenaB/A (%)
2,1
2,7
0,8
3,31
Distrito Federal
Negras (A)
1,77
1,67
1,87
1,49
2,61
No-negras (B)
1,78
1,71
1,81
1,611
DiferenaB/A (%)
0,4
2,9
-3,4
8,31
Empregada domstica
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Diarista
Porto Alegre
Empregodomstico
Negras (A)
2,23
2,06
2,261
1
No-negras (B)
2,33
2,11
2,28
1,86
3,27
DiferenaB/A (%)
4,7
2,5
0,81
1
Recife
Negras (A)
1,08
1,03
1,19
0,93
1,59
No-negras (B)
1,10
1,051
1
1
DiferenaB/A (%)
20,
0,71
1
1
Empregada domstica
Mensalista
Com carteira
Sem carteira
Diarista
SalvadorEmprego
domstico Negras (A)
1,18
1,13
1,30
1,01
1,69
No-negras (B)
1
1
1
1
1
DiferenaB/A (%)
1
1
1
1
1
So Paulo
Negras (A)
2,34
2,19
2,54
1,80
3,47
No-negras (B)
2,41
2,27
2,61
1,97
3,45
DiferenaB/A (%)
3,3
4,0
2,4
9,0
-0,7
6.2 Caractersticas pessoais das trabalhadoras negras e
no-negras
No se registraram diferenas marcantes das propores mdias por
faixa etria entre as trabalhadoras negras e no-negras que atuam no emprego
domstico. Cerca de dois teros do total das trabalhadoras, portanto a grande
maioria, tm idade entre 25 e 49 anos. Em So Paulo, a parcela de no-
negras com idade de 40 anos ou mais no emprego domstico (44,8%) foi
superior participao das trabalhadoras negras (40,7%). Isto tambm
(em reais de maio de 2005)
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CADERNO GRPE [3]
O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
47
ocorreu em Belo Horizonte: 40,6% das trabalhadoras domsticas no-negras
tinham 40 anos ou mais, enquanto entre as negras, 38,8% estavam nessa
faixa etria. Chama ateno o registro de que a maioria das trabalhadoras
com 50 anos ou mais se encontra em Porto Alegre, tanto brancas como no-
brancas, superando um quinto do total das observaes (tabela 15).
TABELA 15Proporo das empregadas domsticas negras e no-negrassegundo faixa etriaRegies metropolit anas e Dist rit o Federal 2003-2004
Idade e Cor Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recife Salvador So Paulo
Negras 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
10 a 17 anos 3,0 1 1 2,7 3,9 2,9
18 a 24 anos 18,2 24,4 8,7 13,8 21,4 12,9
25 a 39 anos 40,0 45,2 33,0 46,0 44,5 43,4
40 a 49 anos 24,2 18,4 31,5 23,5 19,6 25,4
50 anos ou mais 14,6 8,6 25,2 14,0 10,6 15,3
No-negras 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
10 a 17 anos 1 1 1 1 1 2,9
18 a 24 anos 17,6 23,9 9,9 12,4 1 11,3
25 a 39 anos 39,4 46,2 36,7 47,4 1 41,0
40 a 49 anos 25,0 18,0 29,7 24,4 1 26,3
50 anos ou mais 15,61
22,1 13,01
18,5
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e Desemprego
Elaborao: DIEESENota: 1) A amostra no comportou desagregao para as categorias
A anlise por escolaridade revela que as empregadas domsticas no-
negras tinham um nvel ligeiramente superior ao das mulheres negras. O
percentual de negras com o ensino fundamental incompleto superou o de
no-negras, exceto em algumas categorias e regies.
Em Porto Alegre, a parcela de empregadas domsticas no-negras
que no terminou o ensino fundamental foi superior de negras. A mesma
situao se repetiu com as mensalistas de carteira de trabalho assinada. Em
Recife, a proporo de diaristas no-negras com o fundamental incompleto
foi maior que de negras. Em So Paulo, o mesmo aconteceu com as
mensalistas de carteira assinada. Percebe-se nessa situao a dificuldade de
acesso dos negros ao banco escolar (tabela 16).
(em %)
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Regio metropolitana eDistrito Federal
Belo Horizonte
Distrito Federal
Porto Alegre
Recife
Salvador
So Paulo
Empregada dom sticaMensalista
Total
63,9
61,6
56,4
54,7
64,5
64,7
61,2
60,357,3
1
62,2
60,1
Com carteira
62,7
60,2
55,8
54,7
62,4
65,9
60,4
56,257,0
1
61,7
63,3
Sem carteira
59,2
57,5
54,5
52,0
64,5
58,3
61,8
61,456,5
1
60,5
55,9
Diarista
72,3
70,5
61,91
69,8
69,1
60,9
64,061,4
1
66,1
64,1
Cor
Negra
No-negra
Negra
No-negra
Negra
No-negra
Negra
No-negraNegra
No-negra
Negra
No-negra
TABELA 16Proporo das empregadas domsticas negras e no-negras como ensino fundamental incompleto segundo posio na ocupaoRegies metropolit anas e Distri to Federal 2003-2004
Fonte: Convnio DIEESE/ SEADE, MTE/ FAT e entidades regionais. PED - Pesquisa deEmprego e DesempregoElaborao: DIEESE
Nota: 1) A amostra no comportou desagregao para as categorias
(em %)
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O EmpregoDomstico: umaocupaotipicamentefeminina
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VII. Sntese dos Principais Resultados
?O emprego domstico aparece como alternativa de ocupao
significativa para as mulheres. Representa cerca de 10% dos postosde trabalho na maioria das regies pesquisadas. Essa funo
ocupada predominantemente por mulheres, cuja presena atinge
expressivas taxas de, no mnimo, 93%.
?H maior proporo de trabalhadoras negras ocupadas no emprego
domstico, superior a 20% em todas as regies analisadas. Para as
no-negras, esse percentual foi inferior a 15%.
?Mais de 35% das trabalhadoras domsticas tm idade entre 25 e 39 anos.
?O grau de instruo das trabalhadoras geralmente baixo. Em torno
de 60% no completou o ensino fundamental (menos de oito anosde estudo). Em Recife observou-se o maior percentual de analfabetas
(14,2% das trabalhadoras domsticas).
?Entre as trabalhadoras domsticas, 72% so mensalistas nas regies
analisadas. Uma parcela expressiva no tem carteira assinada. Em
Salvador, so 57%. Uma proporo menor trabalha como diarista
(menos de 28%).
?O tempo de permanncia mdio de mais de dois anos no emprego
foi mais freqente para as mensalistas com carteira de trabalho
assinada. Para as sem carteira, houve maior concentrao no perodo
de at seis meses.
?Um pouco mais da metade das ocupadas no emprego domstico
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no contribui para a previdncia social. Isso pode significar que
uma parcela considervel no ter acesso aposentadoria e
provavelmente ficar mais tempo no mercado de trabalho. Quase a
totalidade das que tm carteira de trabalho assinada faz o recolhimento da
contribuio (ndice superior a 97% em todas as regies).
?
Em Recife, a jornada mdia semanal das empregadas domsticas superior estabelecida legalmente, sendo inferior nas demais regies
metropolitanas. As mensalistas com carteira de trabalho assinada
tm, em mdia, jornadas mais extensas do que as sem carteira, e
superam a jornada mdia legal em algumas regies. Isso pode ser
em parte explicado pelo fato de muitas dormirem no local de
trabalho.
?As diaristas trabalham, em sua maioria, at 20 horas por semana, o
que no explicita o intenso ritmo de trabalho dessas mulheres.
?Mais da metade das mensalistas das regies do Nordeste e do Distrito
Federal faz jornadas semanais superiores a 44 horas.
?O rendimento mdio real mensal dos empregados domsticos
homens e mulheres , na mdia, 60% inferior ao dos assalariados e
ao dos autnomos. No Distrito Federal, a proporo sobe para 78%.
?O rendimento mdio real mensal percebido pelas men