UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINOPÓLIS - FUNEDI
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR E PESQUISA - INESP
A Formação Religiosa na Rede Municipal de Ensino:
Estudo da Realidade de Divinópolis
.
José Eustáquio CruzMaria Madalena chaves
Marcelo Antônio do Amaral SirineuMaria Regina Menezes
Neiva Aparecida ResendeRobson José Silva
Rodrigo Rodrigues Ferreira
Divinópolis2012
José Eustáquio CruzMaria Madalena chaves
Marcelo Antônio do Amaral SirineuMaria Regina Menezes
Neiva Aparecida ResendeRobson José Silva
Rodrigo Rodrigues Ferreira
A Formação Religiosa na Rede Municipal de Ensino: Estudo da Realidade de Divinópolis
Projeto de monografia do curso de Pós-graduação em Ciências da Religião.
Professora: Márcia Helena Batista Costa
Divinópolis2012
Sumário
RESUMO.....................................................................................................................................2
2. PROBLEMATIZAÇÃO...........................................................................................................2
3. OBJETIVOS............................................................................................................................3
3.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................................3
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................3
4. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................4
4.1 A TRAJETÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL..................................................5
4.2 O ENSINO RELIGIOSO EM DIVINÓPOLIS.....................................................................14
5. MARCO TEÓRICO...............................................................................................................18
6. METODOLOGIA..................................................................................................................18
7. CRONOGRAMA...................................................................................................................19
8. REFERÊNCIAS.....................................................................................................................19
RESUMO
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“O Ensino Religioso constitui-se disciplina curricular na Secretaria Municipal
de Ensino de Divinópolis que passa por um momento singular na efetivação de
diretrizes pedagógicas. É de grande significância compreender os aspectos históricos
dessa disciplina no currículo escolar, os conceitos e sua base epistemológica; além de
saber como são interpretadas as legislações acerca dessa disciplina no município e o seu
estado atual, no que diz a respeito às propostas político-pedagógicas desenvolvidas nas
escolas.”
Palavras-chave: ensino religioso – educação – professores
2. PROBLEMATIZAÇÃO
Tendo como marco teórico a Lei de Diretrizes e Bases da Educação acerca do
Ensino Religioso e o artigo 11 do Acordo Brasil - Santa Sé: o ensino religioso no
Brasil1, levantam-se as seguintes indagações:
- Como é estruturado o Ensino Religioso na Rede Municipal de Ensino de
Divinópolis?
- O que diferencia o Ensino Religioso na Rede Municipal antes e após a LDB?
- Existem referenciais teóricos para o Ensino Religioso na Rede Municipal de
Divinópolis?
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
1 BALDISSERI, Lorenzo – Diplomacia Pontifícia: Acordo Brasil – Santa Sé: Intervenções, Ltr, 2011 p.142-151.
3
Conhecer e avaliar a estrutura do ensino religioso desenvolvido nas escolas da
Rede Municipal de Ensino, tendo como parâmetros: os referenciais teóricos em que esta
disciplina se fundamenta, a sua integração com outros conteúdos da estrutura curricular,
a formação (inicial e continuada) dos professores regentes dessa disciplina e a
repercussão do ensino religioso no processo ensino-aprendizagem implantado nas
escolas.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Utilizar como parâmetro de análise as orientações presentes na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação relativas à formação proposta para o
Ensino Religioso.
Entender como a Secretaria Municipal de Educação interpreta as
orientações da LDB e como operacionaliza a formação religiosa nas
escolas da Rede Municipal.
Realizar levantamento das escolas onde o ensino religioso consta da
estrutura curricular, a formação do professor responsável, o referencial
teórico e os recursos didáticos normalmente utilizados.
Selecionar escolas como referência para análise da integração disciplinar
e para avaliação dos resultados no processo de ensino-aprendizagem.
4. JUSTIFICATIVA
Muito se tem discutido sobre o Ensino Religioso nas escolas, mas nota-se ainda
certo desconhecimento sobre a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, número
9394 de 20 de dezembro de 1996, artigo 33, e a mudança da redação pela lei 9475 de 22
de julho de 1997, que legisla estabelecendo:
Art. 33 – O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das
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escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.§1º - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para habilitação e admissão dos professores.§2º - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas para a definição do ensino religioso.
Essa lei tende a deixar em aberto diversos pontos a serem analisados, definidos
e regulamentados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Ensino, uma vez que a
LDB, 1996, definiu que cada estado deve criar normas para o Ensino Religioso. Aqui
deve-se levar em consideração que as diversas unidades de ensino possuem seu Projeto
Político Pedagógico o qual, em sua elaboração, considera a realidade sócio-política do
meio comunitário onde está assentada a escola, o que aumenta ainda mais as possíveis
variações de diretrizes. Observa-se, pois, que a falta de uma regulamentação ou diretriz
nacional possibilita uma variação de entendimentos e metodologias para as diversas
unidades de ensino, podendo ocasionar dificuldades no direcionamento de abordagens
que atendam aos diversos credos religiosos existentes. Assim, os questionamentos ora
levantados neste trabalho são: Como a lei está sendo interpretada e aplicada no âmbito
da rede municipal em Divinópolis? Como as estruturas curriculares são organizadas nas
unidades escolares? Quais são os profissionais responsáveis pelo ensino religioso e
como é feita sua formação continuada? Que fonte teórica fundamenta o ensino religioso
e que recursos didáticos são utilizados em sala de aula? Como a comunidade escolar
avalia o ensino religioso na escola?
As questões direcionarão a proposta de pesquisa, sendo necessário o
entendimento do processo sobre a formação escolar e o ensino religioso no Brasil.
4.1 A TRAJETÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Um ponto polêmico e que merece destaque são as discussões e posições que
alguns estados assumiram após o Acordo Brasil – Santa Sé, bem como algumas
notícias e pareceres da opinião pública e do Núncio Apostólico sobre o ensino religioso
no Brasil.
O ensino religioso no Brasil teve, durante muitos anos, uma via de mão única,
uma vez que, desde a descoberta, passando pela colonização e durante o Império, a
5
atividade de educação religiosa escolar era desenvolvida pelos jesuitas vindos de
Portugal para a catequização dos índios, e, posteriormente, por professores que
deveriam ter uma qualificação evangelizadora, seguindo as orientações religiosas
determinadas pela Igreja Católica. Segundo Marilac Oleniki, “o professor assumia
funções e atividades de diversas ordens: catequista, apaziguador, disciplinador,
orientador espiritual...” (OLENIKI, 2003, p. 9).
O regime de Padroado, que fora implantado no Brasil, vigorou até 1890 quando
da proclamação da república. Nesse período, o Ensino Religioso dava ênfase a conteúdo
doutrinário católico, uma vez que a Religião Católica Apostólica Romana era a oficial
do Brasil. A Constituição Política do Império do Brasil em seu artigo 5º tem a seguinte
redação: “A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do
Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou
particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de Templo.”
(CONSTITUIÇÃO de 1824 Art. 5º)
A partir da proclamação da república as discussões sobre escola leiga, ensino
laico, laicização do ensino público toma grandes proporções nos meios jurídicos e entre
educadores (FIGUEIREDO, 1994, p. 64-68).
Na Constituição da República, de 24 de fevereiro de 1891, em seu artigo 72,
parágrafo 6º, consta a seguinte definição: “Será leigo o ensino ministrado nos
estabelecimentos públicos.”
De acordo com Figueiredo (1994), Rui Barbosa, que fora o autor do decreto
que culminou com a separação Estado-Igreja na primeira constituição da república,
explicou deste modo a sua posição:
“Desde 1876 que eu escrevia e pregava contra o consórcio da Igreja com o estado; mas nunca o fiz em nome da irreligião; sempre em nome da liberdade. Ora, liberdade e religião são sócias, não inimigas. Não há religião sem liberdade. Não há liberdade sem religião”. (FIGUEIREDO, 1994, p. 66).
A partir destes primeiros passos até chegarmos à situação atual, foi um longo
caminho e com muitas discussões e lutas, pois a ideia que se tem, ainda hoje, de Ensino
Religioso é de “ensinar uma religião específica, doutrinária”, o que, em suma, se
caracterizaria como catequese.
A polêmica em torno do tema envolveu legislações sobre o ensino religioso no
país, gerando discussões e debates, inclusive nos meios de comunicação de massa.
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Torna-se importante fazer um paralelo entre o ensino religioso confessional e não
confessional e como são estruturados os conteúdos dessa disciplina.
Em 1930, no início da era Vargas, foi criado o Ministério da Educação e saúde
Pública, e em 1931 através do decreto 19941 de 30 de abril de 1931o Ensino Religioso
foi reintroduzido nas escolas públicas do país, em caráter facultativo:
Dispõe sobre a instrução religiosa nos cursos primário, secundário e normal
O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasildecreta:
Art. 1º Fica facultado, nos estabelecimentos de instrução primária, secundária e normal, o ensino da religião.
Art. 2º Da assistência às aulas de religião haverá dispensa para os alunos cujos pais ou tutores, no ato da matrícula, a requererem.
Art. 3º Para que o ensino religioso seja ministrado nos estabelecimentos oficiais de ensino é necessário que um grupo de, pelo menos, vinte alunos se proponha a recebê-lo.
Art. 4º A organização dos programas do ensino religioso e a escolha dos livros de texto ficam a cargo dos ministros do respectivo culto, cujas comunicações, a este respeito, serão transmitidas às autoridades escolares interessadas."
Art. 5º A inspeção e vigilância do ensino religioso pertencem ao Estado, no que respeita a disciplina escolar, e às autoridades religiosas, no que se refere à doutrina e à moral dos professores.
Art. 6º Os professores de instrução religiosa serão designados pelas autoridades do culto a que se referir o ensino ministrado.
Art. 7º Os horários escolares deverão ser organizados de modo que permitam os alunos o cumprimento exato de seus deveres religiosos.
Art. 8º A instrução religiosa deverá ser ministrada de maneira a não prejudicar o horário das aulas das demais matérias do curso.Art. 9º Não é permitido aos professores de outras disciplinas impugnar os ensinamentos religiosos ou, de qualquer outro modo, ofender os direitos de consciência dos alunos que lhes são confiados.
Art. 10. Qualquer dúvida que possa surgir a respeito da interpretação deste decreto deverá ser resolvida de comum acordo entre as autoridades civís e religiosas, afim de dar à consciência da família todas as garantias de autenticidade e segurança do ensino religioso ministrado nas escolas oficiais.
Art. 11. O Governo poderá, por simples aviso do Ministério da Educação e Saúde Pública, suspender o ensino religioso nos estabelecimentos oficiais de instrução quando assim o exigirem os interesses da ordem pública e a disciplina escolar.
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Na constituição de 1934, o ensino religioso no Brasil está inserido no currículo
escolar do ensino fundamental, com a promulgação da nova Constituição Brasileira, que
em seu artigo 153 definiu:
“O ensino religioso será de frequência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno, manifestada pelos pais ou reponsáveis, e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais.”
A constituição de 1934 foi a primeira a declarar, em seu artigo 150:
“ Compete à União: ‘a) fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do país’;”
De 1937 a 1945, durante o Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas, o
então ministro Gustavo Capanema introduziu reformas no ensino por meio de decretos
lei, de 1942 a 1946 foram as chamadas Leis Orgânicas do Ensino.
Em 18 de setembro de 1946, foi promugada a nova constituição, passando a
vigorar, em seu artigo 168, parágrafo V a seguinte redação:
“o ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matricula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo representante legal ou responsável;”.
Em 1961 é promulgada a primeira LDB, Lei de Diretrizes e Bases, é a LDB
4024/61, que tem em seu artigo 97 a seguinte redação:
“O ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa, e será ministrado sem ônus para os poderes públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável.
§ 1º A formação de classe para o ensino religioso independe de número mínimo de alunos.
§ 2º O registro dos professores de ensino religioso será realizado perante a autoridade religiosa respectiva.”
A Constituição de 1967, a sexta constituição do Brasil e a quinta da república,
já com os militares no governo, fruto do Golpe de Estado em 1964, busca dar
legitimidade ao novo governo. Os militares buscavam respaldo jurídico ao novo sistema
de governo brasileiro que era feito através de decretos lei e posteriormente pelos “atos
institucionais” (JÚNIOR, 2010) e no que se refere ao Ensino Religioso diz: “IV - o
ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas oficiais de grau primário e médio.”
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Em 1969, ainda sob a ditadura militar foi promulgada a emenda constitucional
número 1 de 17 de outubro de 1969, com a seguinte redação:
“Artigo 176 – A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dado no lar e na escola.§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas:V – o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio;”
Em 1971 foi promulgada a LDB 5692/71, a segunda LDB do Brasil, com a
seguinte forma:
“ Art. 7º Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de lº e 2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n. 369, de 12 de setembro de 1969.Parágrafo único: O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º graus".”
Na Constituição Federal de 1988 o art. 210 apresenta o seguinte conteúdo:
“§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino.”
Em 20 de dezembro de 1996 é editada a LDB 9394/96 que deu a definição a
seguir:
“Art. 33 O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter:I – confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II – interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.”
E em 22 de julho de 1997, através da promulgação da lei 9475/97 o artigo 33
sofre alteração passando a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para habilitação e admissão dos professores.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.”
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A primeira redação impunha que o ensino religioso fosse ministrado sem ônus
para os cofres públicos. A partir de 1997 a união assume todos os deveres institucionais
no que tange ao ensino religioso no Brasil (BALDISSERI, 2011 p.143-144).
Em relação à proposta de ensino religioso atualmente estabelecida, os estados
do Rio de Janeiro, da Bahia, de São Paulo, do Paraná e de Minas Gerais legislaram
sobre a matéria. Segundo Baldisseri, o modelo adotado pelo Rio de Janeiro é sem
dúvida o mais privilegiado por ser um ensino religioso confessional pluralista em que os
professores são credenciados pela autoridade religiosa competente e estabelecidos os
conteúdos a serem ministrados também por essas mesmas autoridades. No ato da
matrícula, os responsáveis, ou os próprios alunos a partir de 16 anos, respeitando à
diversidade cultural e religiosa e refutando quaisquer formas de proselitismo, devem
expressar, se desejarem, que seus filhos ou tutelados frequentem as aulas de Ensino
Religioso. Fica autorizado ao Poder Executivo abrir concurso público específico para
essa disciplina. O autor cita que logo no começo três “credos”: católicos, Judeus e
Evangélicos se credenciaram com a intenção de oferecerem aulas e apresentarem os
professores e o material didático concernente a sua doutrina. Posteriormente sendo
publicadas no Diário Oficial do Estado com as vagas assim distribuidas: 342 para
“credo católico”, 132 para o “credo evangélico” e 26 vagas para “outros credos”.
Na Bahia foi aprovada a Lei n.7945, de teor semelhannte à do Rio de Janeiro,
com pequenas diferenças como por exemplo a inclusão dos “afrodescendentes”.
Em São Paulo, segundo Baldisseri (2011, p. 148), o ensino confessional pode
ser ministrado apenas fora da grade de disciplinas e de maneira voluntária, sem ônus
para o Estado, vetado em 2008, emergindo o art.210, §1º da Constituição da República
que institui a obrigatoriedade de se constituir nos horários normais de aulas das escolas
públicas.
Já o ensino não confessional integra a carga horária curricular de 5ª à 8ª série
do ensino básico, e a definição dos conteúdos da disciplina de Ensino Religioso é de
responsabilidade das denominações religiosas existentes reunidas em entidade civil,
podendo ser habilitados para o exercício do magistério dessa disciplina os licenciados
em História, Ciências Sociais ou Filosofia, excluindo os licenciados em Teologia ou
Ciências Religiosas.
No estado do Paraná é regulamentada pela Deliberação nº 1/2006 do Conselho
Estadual de Educação “o ensino religioso é componente curricular e deverá receber o
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mesmo tratamento que as demais disciplinas”, porém fica a disposição pela qual não
poderá ser de caráter confessional
“[...] terá como objeto o estudo das diferentes manifestações do sagrado no coletivo; seu objetivo é analisar e compreender o sagrado como o cerne da experiência religiosa do quotidiano que nos contextualiza no universo cultural [...] favorecendo a análise, a avaliação e a classificação das diferentes manifestações religiosas”. (BALDISSERI, p.142-149)
Em Minas Gerais, o Programa para o Ensino Fundamental (5ª a 8ª Série) de
Ensino Religioso volume IV, da Secretaria de Estado da Educação (1997, p. 20-21),
estabelece alguns ítens com avanços para a melhoria da qualidade do Ensino Religioso
nas escolas da rede pública e de sua efetivação como elemento normal do sistema
escolar:
a) Desencadeamento de um processo participativo, em vista da sua reorganização, em nível fundamental e médio, sustentado pelo diálogo entre Entidades Religiosas e diferentes setores da Administração do Ensino em Minas Gerais;
b) As portaria nº 528/91, nº 09/94, publicada no “Minas Gerais” de 3 de julho de 1991, nº 06, de 15 de maio de 1996, instituem uma Comissão de Ensino Religioso, em nível de Secretaria de Estado da Educação de MG, integrada por representantes de setores da educação, representantes de entidades religiosas, com a finalidade de estabelecer diretrizes para o Ensino Religioso nas escolas da rede estadual;
c) As resoluções nº 6998/92, publicada no “Minas Gerais” de 7 de maio de 1992, nº 7559/94, publicada no “Minas Gerais” de 23 de dezembro de 1994, e nº 7871, publicada no “Minas Gerais” de 21 de maio de 1996, estabelecem normas para organização e efetivação do Ensino Religioso nas escolas da rede pública estadual, através da definição de critérios para o credenciamento das Entidades Religiosas e dos Professores e matrícula de alunos em Ensino Religioso;
d) Portaria nº 001/94, publicada no “Minas Gerais” de 26 de janeiro de 1994; Portaria nº 08/94, publicada no “Minas Gerais” de julho de 1994, a Resolução nº 7981/97, publicada no Minas Gerais de 03 de junho de 1997, reconhecem o credenciamento das Entidades Religiosas e respectivos representantes junto à Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais;
e) O processo de elaboração, discussão e publicação de uma Proposta Curricular, incluindo os conteúdos, em linhas gerais, específicos para o Ensino Religioso em Minas Gerais, em dois instrumentos de apoio: o 1º destinado ao uso dos Regentes de ensino e de outros setores da Escola que atuam do Ciclo Básico de Alfabetização - CBA à 4ª série do ensino fundamental, divulgado em 1994; o 2º, destinado à elaboração de Currículos de Ensino Religioso pelas próprias escolas, através dos professores de Ensino Religioso, professores de outras disciplinas, especialistas de Educação, administradores, colegiados, alunos e alunas, outros setores da Escola e da própria comunidade local, destinados ao trabalho da 5ª à 8ª série do ensino fundamental, com opção para o primeiro ano do ensino médio;
f) A criação de um Curso de Pós-Graduação em Ensino Religioso ministrado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, para o
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aperfeiçoamento de especialistas de Educação e docentes envolvidos na implementação e efetivação desse conteúdo na Escola;
g) A criação e realização de um Curso de Especialização em Ensino Religioso, com 120 horas de atividades, nas respectivas Unidades Regionais de Ensino, para cumprimento das Resoluções de Ensino Religioso publicadas, em 1992, 1994 e 1996, pela SEE-MG;
h) A criação e efetivação de um Curso de Graduação em Pedagogia, com ênfase em Ensino Religioso, na Pontifícia Universidade Católica de MG, em vista do estabelecimento de um possível plano de carreira para o professor no exercício da função na referida disciplina.
i) A definição de metas prioritárias para o Ensino Religioso no Estado de Minas Gerais, até o ano 2000.
Considera-se fundamental também os artigos da Lei n. 15.434 de 5 de janeiro
de 2005 que dispóe sobfre o Ensino Religioso na Rede Pública Estadual de Ensino:
Art. 1º O ensino religioso, disciplina da área deconhecimento da educação religiosa e parte integrante da formaçãobásica do cidadão e da educação de jovens e adultos, é componentecurricular de todas as séries ou todos os anos dos ciclos doensino fundamental.Parágrafo único. O ensino religioso, de matrículafacultativa, respeitará a diversidade cultural e religiosa, sendovedadas quaisquer formas de proselitismo e de abordagens decaráter confessional.
Art. 2º O ensino religioso será ministrado de forma a incluiraspectos da religiosidade em geral, da religiosidade brasileira eregional, da fenomenologia da religião, da antropologia cultural efilosófica e da formação ética.Parágrafo único. Cabe ao órgão competente do Sistema Estadualde Ensino estabelecer as diretrizes curriculares para o ensinoreligioso, ouvidas entidade civil constituída pelas diferentesdenominações religiosas, cultos e filosofias de vida e entidadeslegais que representem educadores, pais e alunos.
Art. 3º (Vetado).
Art. 4º O ensino religioso será ministrado dentro do horárionormal das escolas da rede pública e sua carga horária integraráas oitocentas horas mínimas previstas para o ano letivo.Parágrafo único. Ao aluno que não optar pelo ensino religiososerão oferecidos, nos mesmos turno e horário, conteúdos eatividades de formação para a cidadania, incluídos na programaçãocurricular da escola.
Art. 5º O exercício da docência do ensino religioso na redepública estadual de ensino fica reservado a profissional queatenda a um dos seguintes requisitos:I - conclusão de curso superior de licenciatura plena emensino religioso, ciências da religião ou educação religiosa;II - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou delicenciatura curta autorizado e reconhecido pelo órgão competente,em qualquer área do conhecimento, cuja grade curricular incluaconteúdo relativo a ciências da religião, metodologia e filosofiado ensino religioso ou educação religiosa, com carga horária
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mínima de quinhentas horas;III - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou delicenciatura curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido decurso de pós-graduação lato-sensu em ensino religioso ou ciênciasda religião, com carga horária mínima de trezentas e sessentahoras, oferecido até a data de publicação desta Lei;IV - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou delicenciatura curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido decurso de metodologia e filosofia do ensino religioso oferecido atéa data de publicação desta Lei por entidade credenciada ereconhecida pela Secretaria de Estado da Educação.§ 1º Fica assegurada isonomia de tratamento entre osprofessores de ensino religioso e os demais professores da redepública estadual de ensino.§ 2º É garantido ao profissional que satisfizer requisitodefinido em inciso do caput deste artigo o direito de participarde concurso público para docência de ensino religioso na redepública estadual de ensino.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Destacam-se aspectos considerados relevantes no processo que intereferem no
debate, nas tomadas de decisão e nos encaminhamentos relativos à formação religiosa
nas escolas.
A Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, em 1997, publicou em
seu Programa para o Ensino Fundamental da 5ª à 8ª série, o volume IV sobre o Ensino
Religioso, elaborado por uma Comissão constituída conforme Portaria nº 06, publicada
no Minas Gerais de 15/05/1996, composta por representantes de várias denominações
religiosa e entidades civis, além da participação de educandos e educadores da rede
estadual de MG das escolas de ensino fundamental, assim como representantes das
Superintendências Regionais de Ensino e Entidades Religiosas de diversas localidades
mineiras.
Afonso Maria Ligório Soares, em entrevista para a Revista de Estudos da
Religião (REVER, set 2009, p 1-18), discute aspectos relevantes a serem considerados
para o ensino religioso, quanto ao ensino confessional, a laicidade e a
transconfessionalidade; a formação docente dos profissionais que se encarregam de
ministrar essa disciplina nas escolas públicas; o terreno epistemológico em questão; os
modelos explicativos do Ensino Religioso; as sugestões programáticas e as
transposições didáticas de uma de suas subdisciplinas.
Na entrevista o autor defende que o Ensino Religioso deve ser embasado nos
Fundamentos das Ciências da Religião e deve-se investir no apoio aos docentes, através
de uma formação específica fazendo um trajeto panorâmico nas suas subdisciplinas-
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Antropologia da Religião; A história das Religiões, a Sociologia da Religião e a
Psicologia da Religião, e sugere ainda uma sequência programática para o Ensino
Religioso. Primeiramente o conceito de religião, posteriormente na aproximação
científica do fenômeno religioso a fim de conhecer seu objeto. Em seguida os aspectos
epistemológicos (conhecer o seu sentido), sobre o tipo ou modelo de “ciência” que
estuda a religião. Soares (2009) apresenta três modelos de Ensino Religioso, o
Catequético, o Teológico e o da Ciências da Religião, no qual ele defende como mais
coerente a serem fundamentadas e estabelecidas as metodologias para o Ensino
Religioso. Explicita tambem o papel da Filosofia da Religião numa perspectiva de
transposição da Ciências da Religião para o ER ou seja uma transposição didática do
“saber ensinar” para os “objetos de ensino”; em síntese, caberia à filosofia, a introdução,
a sistematização e o método para se compreender as dimensões da ciência
(conhecimentos experimentais/científicos-imanentes) e a fé (mundo do sentido-
transcendente).
O autor defende a contribuição específica etico-normativa da disciplina, de
caráter não confessional e nem teológica, através da filosofia da Religião, por entendê-la
como mediadora entre os sistemas de significação (fé) e sistemas de eficácia
(ciência/tecnologia), submetendo-os ao controle da razão, beneficiando a formação
ético-critica dos estudantes.
“Tanto a escola confessional, quanto a escola laica que se tornou porta-voz da ciência materialista, são dogmáticas, porque tradicionalmente, a escola tem sido o lugar das verdades prontas e da imposição de conhecimentos fechados. Trata-se, pois, de permitir a discussão na escola, abrindo ao educando acesso a todas as formas de interpretação da realidade. Os dois perigos a serem evitados aí é o do dogmatismo e o do relativismo. O primeiro, doutrina dentro de uma determinada ideologia, seja religiosa ou anti-religiosa; o relativismo faz proselitismo da ideia de que nada tem valor intrínseco e, portanto, não há possibilidade de convicções (INCONTRI,2004).
4.2 O ENSINO RELIGIOSO EM DIVINÓPOLIS
Em Divinópolis as dificuldades com o Ensino Religioso não foram e nem são
diferentes das encontradas nas outras regiões e municípios do Brasil, destacando-se, no
entanto, a forte presença religiosa na origem e desenvolvimento da cidade.
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A orígem da cidade de Divinópolis está ligada à religião, como podemos
observar desde a chegada a estas paragens, de seu fundador, Manoel Fernandes
Teixeira, o Candidés, que em 1770 doava à Arquidiocese de Mariana terras para que
fosse criado um curato. No local, Manoel Fernandes já construíra uma capela em honra
ao Divino Espírito Santo (Batista, 2002, p. 20) iniciando aí a influência da Igreja
Católica, constata-se também pelo atual nome, escolhido em 1912, quando da
emancipação política, Divinópolis, “Cidade do Divino”. Lázaro Barreto destaca no
Brasão da cidade a imagem formada pela pomba simbolizando o Divino Espírito Santo
(BARRETO, 1992, p. 5).
Ao longo de sua história, Divinópolis teve a ação de vários padres católicos
como por exemplo o Padre Matias Lobato que muito trabalhou pela emancipação
política; destaca-se a presença dos padres franciscanos a partir de 1924 quando a Igreja
atuou com firmeza na produção de material em que combatia os grupos laicizantes
(BATISTA, 2002, p. 15-20).
Com o passar dos tempos adeptos de outras religiões e pensadores aportaram
em Divinópolis, como os protestantes, espíritas, os maçons, comunistas; o que acabou
criando divisões e debates acalorados no município.
Em 1918 ocorre a inauguração de um Grupo Escolar. A Igreja Católica
promove a entronização do Cristo na escola e no paço municipal, o que gerou protestos
encabeçados por Pedro Xavier Gontijo, que exercia a função de inspetor escolar, e
apelou para a lei federal, artigo 72 da Constituição (BATISTA, 2002, p. 24) e que pode
ser considerado como o primeiro protesto, local, pelo uso de espaço público como
privilégio a uma religião, no caso a Igreja Católica, esquecendo-se que o estado é laico.
Pedro X. Gontijo demonstrou toda a sua indignação tendo comparecido a Belo
Horizonte acompanhado de uma comissão para apresentar o seu protesto pelo ocorrido
diretamente no palácio de governo (GONTIJO, 1995, p. 36).
Foi a chegada da estrada de ferro, em fins do século XIX, que proporcionou as
grandes mudanças na cidade. Trabalhadores vindos de várias partes do estado;
diferentes modos de vida, diferentes profissões, novas visões, diferentes modos de falar,
de pensar e, também, diferentes religiões. A partir deste momento dá-se adeus à vida
rural, cosmopolita e saúda-se a era da industrialização. A predominância católica estava
comprometida, agora é a diversidade religiosa (CORGOSINHO, 2003, p. 62-70).
15
Percebe-se pelo percurso histórico exposto que existe um ambiente diverso na
cidade pelas múltiplas manifestações de credos religiosos, fato favorável a abordagens
instigantes e que pode tornar a escola um ambiente propício para o desenvolvimento de
análises e investigações interessantes sobre o tema no atual quadro de implantanção do
ensino religioso.
Durante muitos anos, desde a época dos grupos escolares, até o ano de 2005, o
ensino religioso em Divinópolis esteve ligado às orientações da Secretaria de Estado de
Educação (SEEMG) através da Secretaria Regional da Educação (SRE).
Em 1999, a Secretaria Municipal de Educação de Divinópolis (SEMED) criou
o Centro de Referência dos Profissionais de Educação “Professor Onésimo Sepulveda” (
CRPE), que passou a ser responsável pelo desenvolvimento da formação continuada dos
educadores da rede municipal de ensino.
Em setembro de 2005, a Secretaria Municipal de Educação, por meio do
CRPE, assumiu a formação dos professores responsáveis pelo Ensino Religioso da rede
municipal, tendo como fundamentação teórica os volumes III e IV, do Programa para o
Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, que tratam
do Ensino Religioso. O grupo de professores, em número de 30 a 35, se reuniam
mensalmente para a formação continuada.
No início de 2006, o grupo fez um estudo da fonte teórica, divididos em dois
eixos: o Vol.III, da 1ª à 4ª série, e o Vol. IV, da 5ª à 8ª série (Programa para o Ensino
Fundamental da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais). Como resultado
desse estudo, foram elaborados os eixos teóricos para o Ensino Religioso da rede
municipal de ensino, tanto para o Fundamental I (1º ao 4º ano), como para o
Fundamental II (5º ao 9º ano). Desses professores em formação continuada do Ensino
Religioso das escolas municipais, apenas cerca de 20% tinham a garantia de
continuidade na regência da disciplina nos anos vindouros, os 80% restantes flutuavam
entre as disciplinas de sua formação inicial em Ciências Humanas e as aulas que
poderiam vir a caber-lhes como complemento de sua carga horária por exigência de lei.
Os investimentos na formação dos professores, nestes moldes, prosseguiu até o ano de
2008, ocorrendo uma interrupção em 2009 até meados de 2010.
No dia 18/06/2010 foi realizada uma reunião com os professores de Ensino
Religioso com o objetivo de retomar as formações continuadas, sendo relatado que “os
professores demonstravam uma angústia muito grande em relação a condução e o papel
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do professor de Ensino Religioso”2. No dia 27 de outubro de 2010, o CRPE realizou
um encontro dos professores de ensino religioso da Rede Municipal de Ensino a fim de
levantar as demandas e traçar um plano de formação, dando continuidade ao processo
que havia sido paralisado durante o ano de 2009. Nessa ocasião foram levantadas as
demandas para a formação através de dinâmicas que privilegiavam a participação livre e
democrática dos professores.
Ao longo do ano de 2011 foram realizados três encontros, onde os professores
mais experientes, eleitos pelos pares, apresentaram atividades pedagógicas com temas
elencados anteriormente, evidenciando metodologias a serem aplicadas ao público dos
anos iniciais, de 1º ao 5º ano de escolaridade.
Para o ano de 2012, consta um planejamento do CRPE de utilizar trabalhos
como o desenvolvido em 2011 e elaborar um referencial teórico para a Rede Municipal,
bem como programar um estudo do PCNER3 e outras produções existentes e
atualizadas. Há também uma proposição de se criar um grupo de estudos permanente
para os professores de ensino religioso com realização de encontros mensais.
O espaço do Fórum Municipal de Educação é uma outra possibilidade que
desponta para a discussão do Ensino Religioso. Instituído em dezembro de 2010, no II
Congresso Municipal de Educação de Divinópolis, a comissão tem a função de
acompanhar e avaliar o desenvolvimento dos processos educativos no Sistema
Municipal de Educação, além de contribuir com a preparação para a realização, num
prazo máximo de dois anos, do III Congresso Municipal de Educação.
Em seu blog, a Comissão publicou a seguinte proposição e encaminhamentos:
“PROPOSIÇÃO 4* A quinta área de conhecimento, de acordo com a já citada resolução, é o Ensino Religioso (facultativo para o/a educando/a). Faz-se necessário discutir diferentes modalidades e possibilidades de oferta dessa área de conhecimento nas escolas municipais.O QUE FAZER: a questão do ensino religioso será discutida tal qual o disposto em relação ao item anterior. Considerando que o ensino religioso deve constar do currículo do ensino fundamental, mas não necessariamente como disciplina, faz-se necessário que se realizem estudos acerca das possibilidades de oferta do ensino religioso.QUEM: SEMED, unidades educacionaisQUANDO: a partir de outubro de 2011.”
2 Relatório em anexo.
3 Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Religioso/Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. – São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
17
Pudemos notar que existem materiais didáticos que podem ser utilizados pelos
educadores da área de Ensino Religioso, tanto no que tange aos fornecidos pela SRE –
MG quanto aos desenvolvidos nos encontros de formação continuada ministrados pelo
CRPE desde o ano de 2005, porém se faz necessário realizar uma investigação mais
aprofundada sobre o tema uma vez que se nota uma insatisfação por parte do corpo
docente quanto ao sistema adotado pelo município.
A falta de um referencial teórico, de materiais didático-pedagógicos específicos
da rede de ensino municipal, a inexistênciacia, nas escolas, de um Projeto Político
Pedagógico ou até mesmo no que se refere à valorização do profissional de ensino
religioso podem estar influenciando a insatisfação. O fato de não possuirem uma
formação específica para desenvolverem a função pode ser um fator de geração de
insegurança4”. Muita coisa há de se fazer, sendo que uma delas se refere à compreensão
dos próprios educadores e da comunidade escolar acerca da legislação, da importante
participação das diversas manifestações religiosas no processo democrático e, faz-se
necessário uma comunicação mais efetiva com toda a comunidade escolar para situá-la
da mudança do Ensino Religioso confessional e proselitista de antes da LDB, e da
necessidade de uma participação mais efetiva na construção de propostas que garantam
uma educação plural e diversificada; organização de seminários que congreguem todos
esses atores para que se construa uma proposta local que atenda as peculiaridades e
observando-se as características histórico-sociais dos divinopolitanos.
5. MARCO TEÓRICO
Devido às peculiaridades do tema, a proposta de pesquisa descrita se
fundamentará em discussões, estudos, registros e relatos acerca do tema.
A motivação para o estudo se deu em função da retomada dos Encontros de
Formação Continuada dos Professores de Ensino Religioso (ER) do Município de
Divinópolis em 2011. Considerou-se pertinente o aprofundamento investigativo do
4 Apontamentos de observação participativa em encontros da Formação Continuada para Professores de Ensino Religioso, 2010-2011.
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tema, como proposta de estudo monográfico para o curso de especialização em Ciências
da Religião.
Na perspectiva de oferecer contrapontos e outros “olhares” foi considerada a
proposta que Soares apresenta sobre as Ciências da religião pautando o Ensino
Religioso, em oposição à PROPOSTA confessional de BALDISSERI.
Os mais recentes referenciais teóricos adotados pelo Estado de Minas Gerais
foram considerados buscando traçar aspectos importantes de referência histórica, social
e curricular adotada até então pelo estado, através do Conteúdo Básico Comum - CBC e
do Programa para o Ensino Fundamental - Ensino Religioso (vols. III e IV do Programa
para o Ensino Fundamental da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais).
Para compreender históricamente os processos legais que regulamentam o ER
no Brail foi realizado um pequeno histórico das legislações nacionais desde 1934 até
1997.
6. METODOLOGIA
A pesquisa exige estudo documental das legislações no âmbito federal, desde a
Constituição Federal de 1934; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 e suas
alterações/1997; bem como as resoluções nacionais. Os desdobramentos estaduais mais
detalhadamente de Minas Gerais. Diante do quadro em que foram estabelecidas as
legislações estaduais, foi consultada a obra de Baldisseri (2011), que discorre sobre o
importante acordo Brasil – Santa Sé e oferece um olhar sobre as interpretações e
aplicações dessas legislações no intuito de apresentar a “visão” da Igreja Católica, por
parte do referido autor, sobre as formas adotadas pelos estados brasileiros que
legislaram sobre o ER nas escolas públicas.
Importantes também são as decisões publicadas pelos Fóruns Permanentes e
Congressos Municipais bem como as informações obtidas em Encontros de Formação
Continuada através de observação participante no decorrer do ano de 2011.
Na intenção de obter informações locais sobre o Ensino Religioso foram
extraídas informações do Blog do Fórum Municipal de Educação de Divinópolis, MG,
relatórios de encontros com os professores de Ensino Religioso e através de observação
participativa nos encontros de Formação dos Professores de Ensino Religioso em 2010
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e 2011, e com o intuito de documentar as opiniões dos professores, serão feitas
entrevistas com professores de Ensino Religioso de Divinópolis, sendo profissionais que
tenham participado do antes e do após LDB/1997 na Rede Municipal de Ensino. Para
conhecer a atuação do estado junto à disciplina de ER, será feita uma entrevista com a
Analista Educacional da SRE, que acompanha o ER da Rede Estadual de Divinópolis e
Região.
7. CRONOGRAMA
Revisão bibliográfica Outubro a dezembro de 2011
Pesquisa de campo (Entrevistas) Janeiro de 2012
Análise dos dados e elaboração do trabalho Fevereiro e março de 2012
Entrega da monografia Abril de 2012
8. REFERÊNCIAS
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BRASIL. Emenda Constitucional número 1 (de 17 de outubro de 1969)Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc_anterior1988/emc01-69.htmAcesso em: 12 fev. 2012
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases LDB 4024/61 Disponível em: http://wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/LDB%204024-61.pdfAcesso em: 05 fev. 2012
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