O JOGO E SUAS IMPLICAÇÕES
PEDAGÓGICAS
SOBRE
Autor:João Batista Freire
TRADIÇÃO X CONFIRMAÇÃO CIENTÍFICA
Não reconhecimento do caráter pedagógico
do jogo
Mais teoria que prática
Para as pessoas conhecimento é apenas
aquele que a escola reconhece
ARROGÂNCIA INTELECTUAL
Brincadeiras como “escolinha” possuem
caráter formador mais forte que aulas
teóricas maçantes. O perfil malvado
expresso pelas crianças a respeito do(a)
professor(a).
REFLETINDO
“Que há de mais importante em nossa
formação para a cidadania que o espírito
crítico?”
“Pois não é a atitude crítica a que mais marca a
brincadeira de escolinha que acabamos de
descrever?”
“De que vale saber sem ser crítico do saber?”
“Que consciência se pode ter de alguma coisa
sem passá-la pelo crivo da crítica?”
A atitude crítica é fundamental na aquisição de qualquer conhecimento.
Critica a escola que não reconhece uma brincadeira como uma aprendizagem significativa para a vida. Para os adultos, é apenas diversão (menos importante).
Dificuldade em justificar a importância da atividade lúdica para as pessoas (criança/adolescente/adulto). Teoricamente os acadêmicos reconhecem, mas na prática isso não ocorre.
Se acompanharmos algum adolescente em um dia que não tivesse obrigações a fazer, logo perceberíamos que a atividade mais presente é o jogo, o qual deveríamos dar mais importância na educação.(“parece que quanto mais nova a criança, mais tempo ela dedica ao jogo).
Nota-se que muitos autores falaram sobre os jogos, mas pouco sobre o ato de jogar.
Para muitos o jogo não é tão importante como fenômeno, mas sim para funcionar como meio de ensino de disciplinas, que para serem mais legais introduzem o jogo como método pedagógico. Já no ponto de vista do autor, tudo que aprendemos aperfeiçoa as práticas. Portanto, é de fundamental importância que os professores compreendam as práticas que dizem respeito ao seu trabalho.
CITAÇÕES DE AUTORES QUE ESTUDARAM O
JOGO COMO FENÔMENO :
Colas Duflo,1999 – O jogo: de Pascal a Schiller –comenta varias obras e como exemplo transcreve afirmações de São Tomás de Aquino: “O jogo é necessário na vida humana, mas em excesso é loucura ou preguiça...momento indispensável de não trabalho”(editado). Tomás de Aquino estabelece oposição radical entre jogo e trabalho; se há um, não pode haver o outro. Na educação o jogo torna-se atividade menor, pois não corresponde a trabalho no ponto de vista da escola.
Duflo também menciona Leibniz, que diverge de Tomás de Aquino. Para Leibniz “...o jogo ensina a pensar”. O prazer lúdico do jogo motivaria o individuo à fazer coisas que não seriam feitas sem uma forte motivação.
Pascal destacava a incerteza como
componente fundamental de qualquer jogo.
Para Schiller o homem “não é totalmente
homem senão quando joga”.
Dentre as transcrições de Duflo em sua
obra, há mias manifestações de boa vontade
(exceto Pascal) que argumentos para a
compreensão do jogo.
Jean Chateau,1987 – “O jogo prepara para a vida séria”. “O jogo é um artificio pela abstração: cozinhar pedra é uma conduta mais simples do que a da cozinha real, mas nessa conduta simples vai se formando a futura cozinheira”. Chateau confere ao jogo, com esses argumentos, um caráter meramente funcional e simplista; ele receava que o jogo fosse desvalorizado, caso não cumprisse tal papel funcional.
Roger Caillois, 1990 - “O jogo e a arte nascem de um acréscimo de energia vital, de que o homem e a criança não necessitam para a satisfação de suas necessidades imediatas e que utilizam para a imitação gratuita e divertida de comportamentos reais”.
1. Não é isso mesmo que parece ocorrer durante o jogo?
2. Não é o que acontece com todos nós, eventualmente, quando fazemos alguma coisa que pode ser chamada jogo?
Para Caillois, há uma energia reservada para brincar e da o exemplo das crianças mais novas que passam horas e horas se movimentando sem mostrar cansaço. Essa energia a mais é utilizada não para fazer uma tarefa útil, mas sim algo verdadeiramente humano: a construção da cultura humana.
Caillois afirma sobre a importância do jogo como fenômeno e não sua funcionalidade.
“A finalidade do jogo é o próprio jogo”.
Gilles Brougère, 1998 – Excessivamente cauteloso, preocupa-se com a visibilidade da aprendizagem. Onde aprendizagem é o produto final de um processo de instruções.
Huizinga, 1999 – “é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve”. O jogo não é exclusividade dos humanos, os animais também jogam. Huizinga fala do homem cultural e não do biológico. Em sua obra acaba por confundir os leitores em algumas passagens: “o contrário de seriedade é jogo; todavia o conceito de jogo vai além, podendo até incluir a seriedade”.
Freire- O jogo pode sim incluir a seriedade.
Buytendijk, 1974 – A oposição entre trabalho e o jogo, a qual cria maior dificuldade de introduzir o jogo nas escolas, onde o jogo transgride regras disciplinares e conturba a ordem habitual da instituição. Chama a atenção do caráter pático do jogo, ou seja, oposto a seriedade.
Gadamer, 1993 – Caráter motivacional do jogo pode servir como via para aprender conteúdos difíceis (Ex: matemática, química ou física).
DETALHES CIRCUNSCRITOS AO ÂMBITO
EDUCACIONAL
Características:
Não esquecer coisas aprendidas
Prazer funcional da ação, a repetição de
habilidades que já foram dominadas.
O prazer contido no ato de repetir as
coordenações adquiridas garante guardar na
memória.
Manter aprendizagem
Importância da prática da coordenação adquirida e a evolução da espécie, o corpo humano se desenvolveu para pudéssemos nos locomover até nossas necessidades, caso não haja movimento algum, ocorre a atrofia.
Aperfeiçoar a aprendizagem
Conforme a criança vai praticando tal coordenação mais aperfeiçoa-a. Sempre buscando a beleza.
1. “Afinal, que há de mais pedagógico que o exercício da beleza?”
Os novos desafios
Entende-se que após chegar a um nível alto, em questão de habilidade, sempre há um desafio para chegar num patamar maior e isso instiga a vontade da criança, pois será recompensada com muito prazer. A criança se sente mais forte e segura para cada vez mais aperfeiçoar sua técnica.
A educação do símbolo
Freire tenta mostrar que os seres humanos são diferenciados de outras espécies não por possuir habilidades sensoriais e motoras (ouvir, falar, cheirar, tocar,saborear), mas sim por podermos interiorizar essas habilidades, ou seja, conseguimos trazer para dentro de nós essas experiências vividas. E faz a pergunta: “E que recursos utilizamos para conseguir tal proeza?”
Ao citar Sartre, que tenta mostrar o caráter subjetivo do jogo, conseguimos entender que o jogo é uma das formas mais comuns de interiorizar nossas experiências.
Jogar para criar
A criatividade é suprimida no ambiente escolar. O prazer em aprender as disciplinas não existe devido a suas regras impostas, ou seja, a criatividade depende da liberdade que as crianças têm para encontrar soluções originais. Não é apenas o jogo que pode contribuir para formar inteligências criativas, mas é muito importante.
Jogar para se descobrir
Modelos que seguimos para nos formar são muito importantes, mas só atingimos a realização máxima quando o modelo se torna nós mesmos. E segundo Piaget, “O jogo é uma atividade que se distingue das outras pela polarização na direção do próprio sujeito; é mais assimilação que acomodação”. Trata-se de educar o sujeito para que possa ser ele mesmo.
O jogo-trabalho
1. Modo quase exclusivo como o jogo é aceitonas escolas
2. Simples motivador de aprendizagem de outras disciplinas
3. Freinet – Trabalho como referência de orientação para a vida.Como adequar o modo de ser da criança à orientação para o trabalho.
COMPREENDENDO O JOGO
I. Inicialmente o jogo é apenas sensório-
motor
II. Jogo simbólico
Para Piaget:
“Se uma criança cresce corporalmente – isto é,
se sua estatura aumenta - , a menos que
ocorra algum acidente, alguma doença,
todo o resto também cresce”.
CONCLUSÃO
Na leitura do texo, podemos compreender
como o jogo é importante para a formação
de uma pessoa, desde a infância até a vida
adulta.
Conseguimos perceber como a escola
resiste em aceitar o seu caráter pedagógico.
O que seria da vida sem o jogo?